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Além do Cotidiano
tópicos sobre narrativa, roteiros e mundos virtuais
Tipos de Finais
Escolhendo como terminar sua obra.
Por Sandro Massarani
Um escritor deve dar igual importância aos três atos de sua história
(início, meio e ᕘm), mas não há como discordar de que muitas vezes um
ótimo ᕘnal consegue redimir uma narrativa medíocre e um ᕘnal mal
formulado pode acabar enfraquecendo uma ótima obra. Logo, para
muitos, a última impressão é a que ᕘca e um autor deve saber trabalhar
bem com essa ideia. O ᕘnal de uma obra deve representar o maior
obstáculo enfrentado pelo personagem principal. É a sua maior batalha,
seja ela interior ou exterior, e formará o clímax da obra.
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descritos. Portanto, caso você não queira saber esses ᕘnais, basta não ler
a parte dos exemplos que acompanha a explicação de cada tipo de ᕘnal.
FINAL UTÓPICO
Exemplos:
FINAL POSITIVO
Exemplos:
FINAL NEGATIVO
Bem, esse tipo de ᕘnal é aquele que você mal consegue levantar da
cadeira ao concluir a obra de tanta depressão. O personagem principal
simplesmente não consegue seu objetivo e geralmente tem um destino
trágico. O positivo contido na narrativa não é suᕘciente para equilibrar
nossos sentimentos. Ao contrário do que possa parecer, Hollywood está
cheia de ᕘnais negativos, incluindo inúmeros vencedores de Oscar.
Exemplos:
The Amazing Spider-Man 121 - A Noite que Gwen Stacy Morreu (Gerry Conway,
Gil Kane, John Romita, 1973) - Para quem só conhece o Homem-Aranha
dos ᕘlmes, saiba que sua vida nos quadrinhos é mil vezes pior. Nessa
trágica história, Gwen Stacy, a namorada de Peter Parker (o nosso herói), é
atirada de uma ponte pelo mortal Duende Verde. O Homem-Aranha ainda
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lança sua teia para resgatar a amada mas ela acaba perdendo a vida. Até
hoje persiste a dúvida se ela morreu do choque da queda ou quando a
teia grudou nas suas costas provocando forte impacto. No primeiro ᕘlme,
a Gwen Stacy é substituída por Mary Jane e a morte não acontece. Apesar
do Duende ter morrido acidentalmente no duelo ᕘnal, a perda é
irreparável e, como muitas das histórias do Homem-Aranha, o ᕘm é
depressivo.
FINAL BALANCEADO
Exemplos:
Thelma & Louise (Ridley Scott, 1991) - Sem dúvida um dos melhores ᕘlmes
dos últimos 30 anos, narra a história de duas amigas que resolvem fazer
uma pequena viagem para fugir do cotidiano. Os problemas graves
começam quando em uma noitada no bar, uma amiga mata um homem
que tentava abusar sexualmente da outra. Elas se desesperam e fogem,
iniciando uma corrida contra a polícia com o objetivo de chegar ao
México. No ᕘm, cercadas pela lei, resolvem jogar o carro do topo da
montanha em direção a morte. De início podemos achar que se trata de
um Final Negativo. Porém, ao longo do ᕘlme, as amigas realizam uma
jornada de descobertas em relação ao sentido da vida, se envolvendo em
aventuras e tendo excelentes momentos. A imagem ᕘnal do ᕘlme não
mostra o carro se chocando nas montanhas, mas sim congela a tela com
o carro no meio do ar, como se a vida durasse para sempre. Nos créditos
ᕘnais vemos uma montagem de fotos que mostra momentos de alegria
das amigas. Foi uma jornada (quest) que acabou em morte, mas nos
mostrou como a vida pode ser intensamente vivida, e que é melhor, pelo
menos para alguns, morrer livre do que viver preso.
Cartas de Iwo Jima (Clint Eastwood, 2006) - Pela primeira vez um ᕘlme
ocidental tenta mostrar a Segunda Guerra pela visão dos japoneses,
retratando a famosa batalha na ilha de Iwo Jima contra os EUA no Oceano
Pacíᕘco. O ᕘlme é tenso, destacando o conᕰito entre a honra japonesa de
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FINAL INCONCLUSIVO
Esse tipo de ᕘnal sempre vai provocar polêmica, e para ser válido requer
muita habilidade dos envolvidos na obra, principalmente do escritor e do
diretor, no caso de um ᕘlme. A audiência está acostumada com ᕘnais
fechados, que estabelecem um ponto ᕘnal nas dúvidas levantadas na
narrativa. Portanto, a obra, para ter um Final Inconclusivo, deve ser
construída com atenção especial em certos detalhes, evitando o
estabelecimento de objetivos pessoais muito fortes. Quanto mais a obra
focar no objetivo de um personagem, mais a audiência desejará uma
conclusão deᕘnitiva, ᕘcando mais complicado para o Final Inconclusivo ter
sucesso.
Exemplos:
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FINAL SURPREENDENTE
Sabe aquele ᕘnal que você ᕘca parado, meio com cara de quem não
entendeu nada, pois tudo aconteceu muito rápido? E aquele ᕘnal onde de
repente surge um personagem que não havia aparecido anteriormente e
participa decisivamente do destino protagonista? Esses são os chamados
Finais Supreendentes. Na verdade, os Finais Surpreendentes seriam uma
espécie de subtipo, pois um Final Supreendente pode ser utópico,
positivo, negativo, balanceado ou inconclusivo. Um Final Surpreendente
não existe sem a companhia de um outro tipo.
Exemplos:
Estrada para a Perdição (Sam Mendes, 2002) - Michael Sullivan Jr. está
curioso para saber sobre o trabalho do pai e acaba descobrindo que o
mesmo é um soldado da máᕘa ao presenciá-lo cometer um crime junto
com comparsas. O menino promete silêncio, mas a máᕘa executa sua
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CONCLUSÃO
Logicamente que essa classiᕘcação que eu ᕘz não pode ser tratada como
deᕘnitiva. Ela deve ser apenas um guia. Um exercício interessante seria
tentar identiᕘcar os tipos de ᕘnais das obras que você assistir ou ler, e
pensar em outros ᕘnais alternativos, seguindo a classiᕘcação. Esse é um
bom exercício que vai aumentar o seu conhecimento.
Porém, qual é o melhor tipo de ᕘnal? Bem, isso vai depender do contexto
e do tom da obra. É praticamente impossível um ᕘnal que agrade a todos,
mas o que devemos ter no ᕘm é aquela sensação de que o ᕘnal escrito é
crível, possível e respeita a obra e a audiência em si. Nenhum escritor tem
a obrigação de escrever um ᕘnal pensando em agradar o maior número
de pessoas, e na verdade isso seria trair sua própria criatividade. Finais
que chocam só para conseguir alguma polêmica e ᕘnais "diferentes"
colocados só para provocar discussões não são boas saídas. O escritor
tem é que ser honesto e o ᕘnal tem que ser condizente com a narrativa
mostrada.
Bons estudos!
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