Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Publicação Científica
www.1bdaaaae.eb.mil.br
1bdaaaae@cmse.eb.mil.br
CEP: 21615-000
www.esacosaae.eb.mil.br
divdoutesacosaae@gmail.com
CONSELHO EDITORIAL
COMISSÃO EDITORIAL
PROJETO GRÁFICO
CDD 358.1 3
Figura 001: GUEPARD
Fonte: Comunicação Social da EsACosAAe, 2022.
Sumário
Editorial 6
Doutrina de emprego da Artilharia de Campanha na Defesa do Litoral: possibilidades e
limitações atuais da artilharia brasileira e visão prospectiva
6
DOUTRINA DE EMPREGO DA ARTILHARIA DE
CAMPANHA NA DEFESA DO LITORAL:
POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES ATUAIS DA
ARTILHARIA BRASILEIRA E VISÃO
PROSPECTIVA
Maj Art QEMA RODRIGO BIZERRA CALADO1
No âmbito do Exército Brasileiro, apresentar as atuais possibilidades e
desde o ano de 2005, a Artilharia Divisionária limitações da Artilharia de Campanha do
da 1ª Divisão de Exército, sediada na cidade Exército Brasileiro em relação à Defesa do
de Niterói-RJ, é detentora das atribuições de Litoral, bem como uma visão prospectiva do
formulação e desenvolvimento da doutrina de seu preparo e emprego. Uma vez
emprego da Artilharia na Defesa do Litoral e confrontadas as condições atuais da
de hidrovias interiores, somando esforços Artilharia para essa tarefa com as
com a Escola de Artilharia de Costa e características da moderna ameaça naval, é
Antiaérea nesse tema de importância possível elaborar uma visão prospectiva
crescente para a Defesa Nacional. Nesse estruturada em dois possíveis cenários
sentido, o presente artigo tem por objetivo futuros, a fim de que se possa concluir sobre
o que se pode esperar do emprego nas somando esforços desde então. Dessa forma,
condições atuais e o que se deve enfatizar no respeitadas as condicionantes operativas,
preparo para as condições futuras. Este artigo logísticas e administrativas, isso representou
foi elaborado com base em palestra proferida para a Força Terrestre não mais manter
pelo autor no dia 12 de agosto de 2021, por Organizações Militares exclusivamente
ocasião do II Seminário “A Força Terrestre dedicadas às tarefas de Defesa do Litoral,
nas Operações de Defesa do Litoral”, mas sim um modelo de emprego dual, no
organizado pela EsACosAAe. qual as Organizações Militares de Artilharia
de Campanha pudessem ser alocadas para se
1. INTRODUÇÃO contrapor a uma eventual ameaça naval.
No ano de 2007, a EsACosAAe
A evolução recente da Artilharia de promoveu uma Jornada de Estudos sobre
Costa no Brasil tem como marco temporal de esse tema, tendo sido identificada a
grande relevância o ano de 2005. Naquele necessidade de Sistemas de Aeronaves
momento, o Estado-Maior do Exército Remotamente Pilotadas (SARP) que
consolidou a opção estratégica de centralizar pudessem ser empregados com eficácia para
os meios da Artilharia de Mísseis e Foguetes a busca de alvos, juntamente com sensores de
e, em consequência, desativar seu último detecção e vigilância. Ademais, foi
grupo de Artilharia de Costa (SENA, 2018, p. verificada a importância e conveniência do
23). A Portaria nº 092-EME formalizou, à desenvolvimento de Centros de Operações
época, a transferência das atribuições de de Artilharia contra alvos navais.
formulação e desenvolvimento da doutrina de Em 2013, por ocasião do Simpósio
emprego da Artilharia na Defesa do Litoral e de Defesa do Litoral, conduzido pela mesma
de Hidrovias Interiores para o Comando da Escola, na Colina Longa, foi reconhecido que
Artilharia Divisionária da Primeira Divisão a Artilharia de Campanha, no estado da arte,
de Exército (AD/1). Cabe ressaltar que o não era capaz de prestar o apoio às operações
ensino e a pesquisa relacionados à Defesa do de Defesa do Litoral. Havia, portanto, a
Litoral foram preservados, sob a guarda da necessidade de aquisição de sistemas de
Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea mísseis antinavio, baseados em plataformas
(EsACosAAe), com quem a AD/1 vem terrestres. Foi proposto que a atualização dos
8
1ªBda AAAe - EsACosAAe
estudos continuasse a ser realizada pela sobre os alvos navais. Da mesma forma, a
EsACosAAe e pela AD/1, de modo a se flexibilidade de emprego se dá em função do
construir um banco de dados útil sobre o alcance do material empregado.
assunto.
Uma breve análise desses 2.2 LIMITAÇÕES ATUAIS DA
antecedentes permite inferir que, à luz dos ARTILHARIA DE CAMPANHA
Fatores Geradores de Capacidade, a Defesa BRASILEIRA
do Litoral no âmbito da Força Terrestre São citadas como limitações da
encontra-se significativamente limitada. Artilharia de Campanha, segundo o Manual
Enquanto os fatores Doutrina, Educação e de Campanha Artilharia de Campanha nas
Pessoal vem sendo minimamente Operações:
preservados pelo trabalho das Organizações
2.4.3 LIMITAÇÕES ESPECÍFICAS DA
Militares citadas, os fatores Infraestrutura, ARTILHARIA DE CAMPANHA:
a) reduzida capacidade de autodefesa
Material, Organização e Adestramento antiaérea, podendo tornar-se vulnerável à
permanecem fortemente impactados. ação aérea do inimigo, particularmente
durante os deslocamentos;
b) limitada capacidade de transporte de
munição;
2. DESENVOLVIMENTO c) redução do apoio de fogo, durante as
mudanças de posição;
d) eficiência reduzida, quando forçada a
engajar-se no combate aproximado; e
2.1 POSSIBILIDADES ATUAIS DA e) limitada capacidade de se furtar em face
dos modernos meios de busca de alvos,
ARTILHARIA DE CAMPANHA obrigando a constantes mudanças de
posição. (BRASIL, 2019, p. 2-3).
BRASILEIRA
Segundo o Manual de Campanha Quando considerada a Artilharia de
Fogos (BRASIL, 2015, p. 2-5), são Mísseis e Foguetes, verificam-se,
características dos sistemas de Apoio de adicionalmente, as seguintes limitações
Fogo: a operação sob quaisquer condições de específicas:
ambiente, a precisão, a flexibilidade de
b) dificuldade de manutenção do sigilo de
emprego, a aplicação conjunta, a integração e sua posição após o tiro, devido aos efeitos
de clarão, poeira, fumaça, ruído e
a coordenação do espaço aéreo sobrejacente. emissões no espectro eletromagnético;
(...)
Tais possibilidades devem ser consideradas e) dependência de um apoio logístico
especializado, principalmente, quanto ao
em conjunto com algumas particularidades suprimento de classe V (munições) e na
da Defesa do Litoral. A precisão dos fogos é manutenção a partir do 3º escalão, o que
dificulta a descentralização do comando
mais efetiva sobre os alvos terrestres do que das unidades de tiro (ibid. p. 2-8).
9
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Dessa forma, conforme apontado por Litoral para dissuadir ou mesmo se contrapor
SENA (2018, p. 46) os meios de Artilharia a ações dessa natureza.
constituem um alvo compensador e, ao A necessidade de conter as ameaças
mesmo tempo, vulnerável à ação inimiga, o vindas do mar vem suscitando, a partir da
que demanda medidas para a mitigação dos década de 2000, um expressivo
riscos decorrentes. desenvolvimento de sistemas de armas
dedicados negar o uso do mar. Isso poderia
2.3 A MODERNA AMEAÇA NAVAL ser atingido neutralizando-se, desde um
Conforme apontado por CAMPOS longo alcance e com elevada precisão,
(2019, p. 30-33), algumas das principais vetores hostis que pudessem se aproximar,
marinhas do mundo atual buscam seja pelo ar ou pela superfície, de um ponto
continuamente soluções que favoreçam a ou área sensível a defender. Tais sistemas
capacidade de combater em águas rasas ou ensejaram uma doutrina de emprego
litorâneas. O autor cita como exemplo o particular, propagada desde a Ásia a diversas
conceito de Litoral Combat Ship (LCS), partes do mundo, que se convencionou
desenvolvido nos Estados Unidos da América chamar de anti-acesso e negação de área
desde 2001. Dentre as características mais (A2/AD, do inglês anti-access/area denial),
marcantes desse conceito, pode-se apontar a como descrito por MORAIS JÚNIOR (2019,
expressiva rapidez e manobrabilidade, p. 14-17). Na década de 2010, em
associada a estruturas furtivas a radares. contraponto a essa tendência, alguns autores
Acrescentam-se a esse modelo as vantagens como ROWDEN et al (2015) defenderam
proporcionadas por modernos sistemas de uma concepção de emprego diferenciada para
Comunicações e Guerra Eletrônica, bem o Poder Naval: o conceito de Letalidade
como variados sistemas de armas que podem Distribuída. Sob essa nova concepção,
proporcionar um eficiente apoio de fogo ao belonaves dotadas de potentes armamentos e
assalto anfíbio. É notório, portanto, que recursos de Comunicações e GE de alto
alguns dos mais expressivos avanços em desempenho poderiam atuar em um
Pesquisa e Desenvolvimento, voltados à dispositivo mais disperso e ofensivo, de
modernização ou construção das belonaves modo a incutir no defensor a incerteza sobre
da atualidade direcionam-se à tarefa básica o local do ataque. Isso forçaria a
do Poder Naval de projetar poder sobre terra, desconcentrar os meios de defesa e anular a
o que eleva a importância da Defesa do vantagem dos meios A2/AD. Como resultado
10
1ªBda AAAe - EsACosAAe
é possível que a moderna ameaça naval presente estudo, a Defesa da Costa e das
imponha nos próximos anos, de forma cada Hidrovias Interiores. Sob esse enfoque, serão
vez mais contundente, o desafio de defender abordados a seguir dois possíveis cenários. O
vastas faixas litorâneas com meios limitados. primeiro deles considera a continuidade do
É possível constatar, portanto, que desenvolvimento das capacidades da
as evoluções recentes das marinhas mais Artilharia de Campanha e o emprego desses
avançadas da atualidade, tanto em termos meios de forma dual, ou seja, tanto para
materiais como em novas estratégias de tarefas típicas de Artilharia de Campanha nas
emprego, tendem a acentuar as características operações terrestres como para as tarefas de
do Poder Naval, quais sejam: a Mobilidade, a Defesa do Litoral, com o mínimo de
Permanência, a Flexibilidade e a alterações entre si. Num segundo cenário,
Versatilidade. Tais características, quando vislumbra-se a possibilidade do
em comparação com com algumas limitações desenvolvimento de capacidades específicas
da Artilharia de Campanha, como a reduzida para esse fim, por meio da aquisição de
mobilidade terrestre e as dificuldades de armamento anti-navio e ativação das
suprimento e manutenção do sigilo, resultam estruturas necessárias para o emprego desses
em considerável desvantagem para os meios meios.
de Apoio de Fogo terrestres, principalmente 2.4.1 Cenário Nr 1: desenvolvimento das
no contexto brasileiro, dada a dimensão do capacidades da Artilharia de Campanha
litoral a defender, superior a sete mil para o emprego dual.
quilômetros de extensão. Põe-se, dessa Considerando-se esse primeiro
forma, para o planejador do componente cenário, os meios disponíveis para a Defesa
terrestre da Defesa do Litoral, o desafio de do Litoral seriam os mesmos que a Artilharia
reverter essa assimetria. de Campanha já desenvolve, por meio dos
diversos Programas Estratégicos do Exército
2.4 CENÁRIOS FUTUROS PARA A em curso. Assim, um eventual planejamento
ARTILHARIA NA DEFESA DO incluiria os meios de busca de alvos, os
LITORAL Grupos de Mísseis e Foguetes e os Grupos de
Uma visão de futuro se faz Artilharia de Campanha dotados de obuseiros
necessária para o papel da Artilharia de autopropusados ou autorrebocados, com
Campanha na Defesa do Litoral, calibre 155mm.
considerando-se por extensão, para efeitos do Os meios de Busca e Aquisição de alvos são
11
1ªBda AAAe - EsACosAAe
12
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Quadro-resumo do Cenário Nr 1: desenvolvimento das capacidades da Artilharia de Campanha para o emprego dual
Fonte: o autor
13
1ªBda AAAe - EsACosAAe
OPORTUNIDADES DESAFIOS
14
1ªBda AAAe - EsACosAAe
15
1ªBda AAAe - EsACosAAe
em todos os seus aspectos é de fundamental Costa. Monografia, 56f. Rio de Janeiro: Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército, 2012.
importância para que a Força Terrestre some
às demais Componentes da Defesa esforços ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E
ANTIAÉREA. Jornada de Estudo de Defesa do
compatíveis com a dimensão dos desafios da Litoral. Ata Nr 01/2007. 7f. Rio de Janeiro:
atualidade e dos tempos futuros. EsACosAAe, 2007.
16
1ªBda AAAe - EsACosAAe
grande capacidade de manobra, aptidão para advindas das operações de natureza anfíbia,
procedimentos furtivos em relação à captação tudo à luz do Programa Estratégico
de radares, além de variado arsenal de supracitado.
armamentos e munições de que são dotadas.
2. A ameaça naval
Diante desse cenário, cresce de importância o
estabelecimento de uma efetiva doutrina de O término da Segunda Guerra
defesa do litoral, associada ao Sistema Mundial proporcionou um considerável
ASTROS II (Artillery Saturation Rocket desenvolvimento da ameaça naval,
System), particularmente após os incrementos especialmente em relação à capacidade de
advindos do Programa Estratégico do manobra, autonomia e velocidade de
Exército ASTROS 2020. deslocamento das belonaves. Essa realidade
Mundialmente reconhecido como um recrudesceu ainda mais após a Guerra Fria,
dos melhores meios de saturação de área da ocasião em que o vetor naval, de uma
atualidade, a versão moderna do Sistema maneira geral, aumentou significativamente a
ASTROS combina elevado poder de fogo, eficiência de seus armamentos, e
alto grau de letalidade e de precisão sobre consequentemente, seu poder dissuasório
alvos em profundidade. As capacidades (BRASIL, 1998).
operacionais e tecnológicas incorporadas Nesse contexto, serão ressaltadas, no
pelo Sistema permitem o engajamento de presente Artigo, em função do grau de
embarcações em diferentes fases de uma ameaça que representam, as operações
operação anfíbia, o que faz das Baterias de anfíbias. Essas se referem ao ataque lançado
Mísseis e Foguetes um nobre meio para a do mar por força naval e por Força-Tarefa
defesa do litoral. Anfíbia (ForTarAnf) sobre o litoral
Desse modo, espera-se que tais meios adversário, defendido ou não, cujos
destinados à defesa do litoral agreguem principais propósitos são a conquista de
novas possibilidades à doutrina vigente de posição para lançamento de ofensiva
proteção das águas jurisdicionais brasileiras e terrestre, a instalação de base naval ou a
dos recursos naturais nelas contidos. negação do uso de uma área terrestre ao
Diante disso, decorre a inimigo (BRASIL, 1998).
imprescindibilidade de se analisar as novas Ainda, as referidas operações necessitam
perspectivas voltadas para a doutrina de fundamentalmente de superioridade aérea
defesa do litoral brasileiro, contra ameaças local e de controle efetivo da área marítima,
18
1ªBda AAAe - EsACosAAe
por meio de eficiente apoio de fogo naval e tropa dos navios de transporte de tropa
(NTrT) para as embarcações de
aéreo, até a conquista da cabeça-de-praia,
desembarque (ED). O transbordo é um
tudo a fim de reduzir ou anular a resistência momento crítico porque a tropa está
imposta pela defesa terrestre. vulnerável, sem proteção e os navios e
Por essas razões, dentre todas as embarcações permanecem parados por
muito tempo (BRASIL, 2014, p.2-7).
operações da Guerra Naval que o inimigo
pode realizar, as operações anfíbias são as
que mais exigem um eficiente dispositivo de 2.1 Perspectivas da nova batalha naval
defesa que contenha a participação da força
terrestre e, em particular, de sua artilharia Segundo Junior (2019), o Teatro de
(BRASIL, 2014). Operações vem passando por uma série de
O desenvolvimento de uma operação mudanças em todas as suas áreas e
anfíbia apresenta dois momentos marcantes, dimensões, nas duas últimas décadas. Nesse
que são a travessia e o assalto. A travessia é contexto, tratando especificamente do
caracterizada pelo movimento de uma Força- ambiente marítimo, a indústria naval, dentre
Tarefa Anfíbia desde os pontos de embarque inúmeros projetos, busca fomentar a
até os pontos ou áreas previstos dentro da evolução da miniaturização de belonaves,
Área de Desembarque. O assalto, por sua vez, conservando as mesmas capacidades que, até
corresponde ao período entre a chegada do então, só eram encontradas em navios de
Corpo Principal da Força-Tarefa Anfíbia à grande porte.
Área de Desembarque e o término da Atuando na vanguarda dessa vertente
operação anfíbia, compreendendo o de defesa, os EUA desenvolvem, desde 2001,
Movimento Navio-para-Terra (MNT), as um novo tipo de navio multifunção, voltado
ações de reconhecimento e as ações em terra para a guerra no litoral, chamado Litoral
(BRASIL, 1994). Combat Ship (LCS), ou navio de combate no
19
1ªBda AAAe - EsACosAAe
externa furtiva a radares; utilização de sonar anfíbias, motivo pelo qual a doutrina e os
de elevada efetividade na guerra submarina e meios de defesa do litoral brasileiro buscam
de radar de alta capacidade de detecção de adequar-se a essa realidade, em termos de
minas navais e de navios de superfície; além geração das capacidades de defesa
de moderno sistema de comunicações, por atualmente requeridas e, consequentemente,
meio de voz e de dados. de um maior poder de combate.
O seu variado sistema de armas é
composto por um canhão multifunção de 57
mm de calibre, com elevada cadência de 220
tiros por minuto, por um sistema de lançador
de mísseis de alta precisão, além de torpedos
MK-50, imunes à detecção por radar e de
metralhadoras calibre .50. A belonave possui,
ainda, um sistema antiaéreo de baixa altura
RAM (Rolling Airframe Missile), guiado por
feixe infravermelho e por rádio, destinado a
neutralizar mísseis de cruzeiro e aeronaves de
asa fixa e rotativa.
Uma importante peculiaridade da
USS Freedom se relaciona à sua capacidade Figura 01 – USS Freedom
Fonte: http://www.seaforces.org/usnships/lcs/LCS-1_
de manobra e propulsão. Tal capacidade é DAT/LCS-1-USS-Freedo-pic168.jpg
obtida devido ao fato de o navio não possuir
hélices convencionais, sendo a impulsão feita 3. A defesa do litoral brasileiro
por jatos de água vetoráveis lateralmente,
favorecendo a velocidade e a capacidade de A defesa das águas jurisdicionais
manobra, essenciais, por exemplo, para a brasileiras é uma missão voltada diretamente
aproximação do litoral, em apoio a uma para a soberania do território nacional, cuja
operação anfíbia. responsabilidade é compartilhada entre as
Desse modo, percebe-se que as três Forças Singulares, as quais atuam de
evoluções tecnológicas e operacionais forma integrada, complementando suas
promovidas por forças navais como a dos possibilidades.
EUA favorecem, entre outras, as operações No tocante à Força Terrestre e, de
20
1ªBda AAAe - EsACosAAe
acordo com Brasil (2014), o principal papel da Na etapa seguinte, durante o assalto
artilharia na defesa do litoral é o emprego eficaz de anfíbio, a artilharia integra o plano de barreiras
todos os seus sistemas de armas disponíveis para da Força Terrestre que participa da defesa do
engajar os vetores navais inimigos de acordo com litoral com fogos à frente dos obstáculos.
as suas características de emprego e como parte de A finalidade do apoio de fogo, nesse
uma força sob um comando conjunto. momento, é destruir as formações de ataque da
O emprego da artilharia na defesa do Força de Desembarque, desde a transposição
litoral preconiza que os mísseis e foguetes da linha de partida até as ações em terra, além
sejam utilizados, desde o mais longe possível,
de barrar e repelir o assalto, limitando a
em uma primeira etapa, contra embarcações
penetração na cabeça de praia dos meios de
em aproximação, por ocasião da tomada do
combate e de seus apoios. Admite-se ainda,
dispositivo para início do desembarque. Esses
nessa fase, a realização de fogos dos diversos
fogos visam retardar, desorganizar e, se
materiais de artilharia, desde que observados o
possível, neutralizar a aproximação do
alcance mínimo e as distâncias de segurança
inimigo, saturando a área de reunião.
Em uma segunda etapa, por ocasião do em relação às tropas em defesa.
transbordo e do início do Movimento Navio-para- Por ocasião da quarta e última etapa, a
Terra, a artilharia deve realizar uma intensificação qual corresponde à fase dos contra-ataques, as
de fogos, pois se trata do momento mais crítico para tarefas da artilharia visam destruir o inimigo no
a operação anfíbia. Essas concentrações são interior da cabeça de praia e interditar as vias
normalmente lançadas sobre as primeiras vagas que de aproximação de reforços.
iniciam o deslocamento para a linha de partida.
Conduzidas geralmente pela artilharia de mísseis e
foguetes, elas têm como objetivo desorganizar o
dispositivo da tropa atacante.
22
1ªBda AAAe - EsACosAAe
23
1ªBda AAAe - EsACosAAe
24
1ªBda AAAe - EsACosAAe
efetividade do Sistema ASTROS na Defesa nas aeronaves C-130 e KC-390, após serem
do Litoral. adotados procedimentos pré-embarque, como
desacoplamento de componentes e retirada
O estudo das características gerais do
de rodas;
Sistema ASTROS II, além de suas
- Inexistência de uma viatura diretora de
possibilidades, aponta também para as
tiro, para orientar munição disparadaté alvos
seguintes limitações, no tocante ao seu
considerados fugazes, como embarcações de
emprego em ações de defesa do litoral diante
uma ForTarAnf inimiga; e
de um assalto anfíbio:
25
1ªBda AAAe - EsACosAAe
26
1ªBda AAAe - EsACosAAe
contribuindo para a neutralização efetiva de alvos efetividade das salvas de foguete, favorecendo o
compensadores da ForTarAnf; engajamento de embarcações inimigas que se
� Introdução de sistema de navegação veicular apresentem além do horizonte para apoiar uma
baseada em GPS, integrado ao sistema inercial, operação anfíbia; e
permitindo planejamento de rotas e controle de � Adoção de maior proteção blindada e balística nas
navegação e posicionamento dos veículos, viaturas, chegando a oferecer proteção de cerca de
fomentando a maior precisão do Sistema; 90% contra impactos de projéteis do tipo 7,62 mm e
� Desenvolvimento de novos softwares e 5,56 mm, permitindo que as referidas viaturas
hardwares capazes de suportar condições estejam mais protegidas em um contexto de
climáticas adversas de operação e fornecer dados desembarque anfíbio.
precisos com extrema rapidez;
� Implantação de novo guindaste para viatura 5.2 O MTC-300 e o SS-40 G
remuniciadora AV-RMD com capacidade de 1.800 O MTC-300 é um míssil do tipo
kg, para carga do míssil tático, essencial para o superfície-superfície capaz de neutralizar ou
engajamento de embarcações a longas distâncias; destruir alvos de alto valor tático, operacional ou
� Desenvolvimento de um novo sistema de estratégico, em grande profundidade, com elevada
comunicações, baseado em equipamento radio precisão e reduzida taxa de danos colaterais
digital, favorecendo as ações de comando, controle (EPEx, 2019).
e coordenação com outras tropas e Forças Com o alcance determinado de 300 km e
Singulares que participam das ações de defesa do um grau de precisão em relação ao alvo menor ou
litoral; igual a 30 metros, o MTC–300 é considerado o
� Implementação de novas antenas e sensores para projeto mais sofisticado da família ASTROS
a viatura AV-MET que possibilitam a coleta de (JUNIOR, 2015). Utilizando um sistema de
dados meteorológicos em altitudes maiores, o que guiamento inercial por GPS, possibilita a adoção
contribui para aumentar a precisão do disparos de uma trajetória precisa até o alvo selecionado. O
contra embarcações inimigas; voo de cruzeiro do MTC-300 é realizado por
� Fabricação de viaturas com maior capacidade de trajetórias predefinidas por pontos de controle
manobra e de transposição de terrenos difíceis, (waypoints).
como vaus de cerca de 1,0 metro, o que otimiza a Além disso, o referido míssil possui em
rapidez na entrada e saída das posições de tiro, fator sua cabeça de guerra submunições, que
essencial para as ações de defesa do litoral; proporcionam importante flexibilidade de
� Desenvolvimento de novo equipamento emprego contra diferentes tipos de embarcações
rastreador de foguetes para a AV-UCF, do tipo de uma ForTarAnf, nas diversas fases de um
Fieldguard FG3, o que proporciona um assalto anfíbio. Destaca-se, ainda, o fato de que
acompanhamento mais preciso da trajetória das cada AV-LMU pode comportar e disparar dois
munições, assim como um incremento na precisão mísseis MT-300 (JUNIOR; CAIAFA, 2018).
do cálculo dos elementos de tiro e uma maior
27
1ªBda AAAe - EsACosAAe
28
1ªBda AAAe - EsACosAAe
- Perda de raio de ação das belonaves que - Obtenção de uma maior rapidez para as
executam o Movimento Navio-para-Terra, baterias de mísseis e foguetes ocuparem suas
assim como de apoio de fogo naval, uma vez posições de tiro contra um inimigo naval
estando enquadradas no alcance do míssil fugaz e também de mudarem de posição,
tático; evitando serem engajadas por navios de
apoio de fogo do oponente;
- Ampliação da área de cobertura do litoral
brasileiro, devido ao expressivo alcance - Expressiva flexibilidade de emprego
proporcionado pelo MTC-300, associado ao proporcionada pela capacidade de executar
acréscimo de meios do Sistema ASTROS, fogos de saturação de área e sobre “alvos
advindos da criação do 16º GMF; ponto’’, assim como pela possibilidade de
seleção de munições com diferentes alcances
- Possibilidade de minimizar o elevado e quantidade de submunições; e
consumo de munição, devido à nova
capacidade proporcionada pelo MTC-300 de - Aumento do poder dissuasório exercido
29
1ªBda AAAe - EsACosAAe
sobre o inimigo naval, em função das novas a fim de que suas possibilidades se
capacidades tecnológicas e operacionais complementem e se potencializem, sob o
adquiridas pelo citado Programa Estratégico, contexto de uma Operação Conjunta.
em especial, a aquisição do MTC-300 e do Dessa maneira, merecem destaque,
SS-40 G. dentre outros, o Sistema RBS-15 e o míssil
antinavio MANSUP.
Cabe ressaltar que, embora o Prg EE
No tocante ao Sistema RBS-15,
ASTROS 2020 tenha agregado um
embora não tenha sido adquirido pelas Forças
expressivo aumento na operacionalidade do
Armadas Brasileiras, salienta-se que o
Sistema, há oportunidades de melhoria a
mesmo proporciona ao seu míssil
serem observadas, dentre as quais merecem
especificidades que o torna resistente à guerra
destaque:
eletrônica inimiga, condição essa ainda a ser
- Necessidade de obtenção de um sistema
alcançada pelos MTC-300 e SS-40 G, tais
de guiamento terminal, particularmente para
como:
o MTC-300, a fim de viabilizar o
engajamento preciso sobre alvos de pequenas
- Capacidade de reprogramar e replanejar
dimensões, em deslocamento, a longa
uma rota de engajamento do alvo, ao ser
distância (AVIBRAS, 2017); e
atacado pelas ações de interferência inimiga;
- Necessidade de aquisição de um sistema
de guiamento inercial mais protegido das
- Utilização de radar de alta potência de
ações de guerra eletrônica inimiga,
emissão e agilidade de frequência,
complementando ou mesmo substituindo o
minimizando as chances de bloqueio
uso do GPS implementado no MTC-300 e no
inimigo;
SS40-G, o qual é vulnerável à interferência
por parte do inimigo naval (WERDAN,
- Reduzidas assinatura infravermelha,
2014).
seção reta radar e assinatura visual.
Além disso, após identificadas as
possibilidades e oportunidades de melhoria
do Sistema ASTROS, advindas do Prg EE Além disso, ressalta-se a existência no
ASTROS 2020, salienta-se a importância de RBS-15 de um sistema de guiamento
sua integração com outras tecnologias e terminal para o alvo, capaz de prover máxima
sistemas também voltados à defesa do litoral, precisão de engajamento sobre alvos navais.
30
1ªBda AAAe - EsACosAAe
31
1ªBda AAAe - EsACosAAe
32
1ªBda AAAe - EsACosAAe
33
1ªBda AAAe - EsACosAAe
34
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Além disso, tecnologias como Rádio coordenação do espaço aéreo (LIMA FILHO,
frequência, Radar, Jamming, Spoofing, IoT, 2020).
Deep Learning, Fusão de dados, Aprendizado
Os primeiros SARP foram testados
de máquina e Inteligência de enxames foram
pelos Estados Unidos no período da Primeira
apontadas como algumas das principais
Guerra Mundial, embora não tenham sido
tendências em tecnologias anti-SARP.
usados durante o combate (GERTLER,
Finalmente, o amplo rol de aplicações
2012). A partir de então, as aeronaves
tecnológicas com consequências comerciais
remotamente pilotadas foram utilizados
ou de interesse de Defesa possibilitadas pelas
como alvos móveis para treinamento das
tecnologias anti-SARP, desde o operacional
guarnições das armas antiaéreas (LIMA
ao estratégico, enseja o desafio de um projeto
FILHO, 2020). Somente na Guerra do Vietnã,
de Estado para robustecer o desenvolvimento
os Estados Unidos empregaram o SARP
tecnológico autóctone e assim aumentar a
AQM-34 Firebee em combate (GERTLER,
competitividade das atividades econômicas
2012).
do País, ao passo que também é fulcral para
Nos últimos cinco anos, os SARP,
salvaguardar os interesses e a segurança
muitas vezes referidos popularmente como
nacional.
drones, têm experimentado um crescimento
1. INTRODUÇÃO nos Estados Unidos e em todo o mundo
Um Sistema de Aeronaves (WANG; LIU; SONG, 2021). Em particular,
Remotamente Pilotadas (SARP) é um o número de países detentores de SARP
conjunto de meios que constituem um aumentou cerca de 58% entre 2010 e 2019
elemento de emprego de aeronaves (GETTINGER, 2019). Por estimativa da
remotamente pilotadas para o cumprimento Administração Federal da Aviação dos
de uma determinada missão (BRASIL, Estados Unidos (Federal Aviation
2014). O SARP é geralmente formado por Administration – FAA), a frota de SARP
três elementos básicos: um módulo de voo americana deve crescer de 1,25 milhão de
que corresponde à aeronave; o módulo de unidades, para cerca de 1,39 milhões de
controle do veículo remotamente pilotado, unidades até 2023 (WANG; LIU; SONG,
responsável pela operação dos sensores 2021).
embarcados; e o módulo de comando e Acredita-se que os SARP ofereçam
controle, responsável por manter o enlace como principais vantagens sobre as aeronaves
com a aeronave e com os órgãos de tripuladas fatores como: a eliminação do
36
1ªBda AAAe - EsACosAAe
38
1ªBda AAAe - EsACosAAe
divide-se como segue: a Seção 2 pormenoriza que colaborem com a área em questão. Para
a Metodologia empregada; a Seção 3, tanto, serão empregadas as bases de dados
apresenta e discute os resultados; a Seção 4 Derwent Innovation e Scopus, além de
trata de limitações do estudo, e; por fim, a refinamentos sucessivos de modo a produzir
Seção 5, apresenta as Conclusões. novos conhecimentos acerca do tema alvo.
Para a condução deste estudo,
1. METODOLOGIA
adaptou-se a metodologia de elaboração de
Pretende-se revelar o estado
mapa de rotas tecnológicas elaborada por
tecnológico atual. Para isso, por intermédio
Borschvier e da Silva (2016). Nesta
da bibliometria de patentes, da literatura
metodologia, o estudo é divido em três fases:
científica (artigos, capítulos de livros, anais
etapa pré-prospectiva; etapa prospectiva e
de congressos etc.) e de fontes ostensivas de
etapa pós-prospectiva, conforme a Figura 2.
informações atuais, buscam-se evidências
39
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Dessa forma, busca-se alocar a sua objeto já está mais próximo da possível
concretização e maturidade das tecnologias comercialização.
em estudo em quatro períodos de tempo: • Médio prazo: refere-se à análise de
patentes depositadas ou pedidos de patentes,
• Estágio atual (tempo presente):
que, apesar de demonstrarem um grau
engloba os documentos da mídia
avançado do desenvolvimento da tecnologia,
especializada; sítios de empresas,
pois já houve a concretização da patente, a
associações de classe, organizações
proteção ainda está em análise, o que faz com
governamentais e não governamentais,
que o objeto da patente esteja mais distante
relatórios de mercado, entre outros.
da comercialização.
• Curto prazo: envolve a análise de
• Longo prazo: inclui as publicações
patentes concedidas, que, teoricamente,
científicas que demonstram um grau inicial
demonstram um grau avançado do
do desenvolvimento da tecnologia. No
desenvolvimento da tecnologia, pois, se já
entanto, cabe ressaltar que a publicação de
houve tempo suficiente para concessão e a
artigos acompanha grande parte do ciclo de
tecnologia foi considerada patenteável, o
40
1ªBda AAAe - EsACosAAe
41
1ªBda AAAe - EsACosAAe
42
1ªBda AAAe - EsACosAAe
43
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Tabela 1 – Exemplo de dados extraídos nas análises de nível macro e meso da etapa prospectiva
44
1ªBda AAAe - EsACosAAe
45
1ªBda AAAe - EsACosAAe
46
1ªBda AAAe - EsACosAAe
47
1ªBda AAAe - EsACosAAe
48
1ªBda AAAe - EsACosAAe
como plataforma para as tecnologias do 2008). Para este estudo, foram identificadas
sistema. Além destas, 7 pedidos de patente tecnologias portadoras de futuro para a área
eram referentes a um sistema anti-SARP de defesa que foram empregadas em patentes
embarcado em veículos. concedidas, depositadas e publicações
científicas sobre tecnologias anti-SARP.
Neste estudo, consideramos as
munições lançadoras de rede como uma Ressalta-se que, apesar de ter sido
plataforma separada. Este tipo particular de realizada a análise temporal, considera-se
plataforma terrestre consiste em uma ogiva que todas elas são tecnologias emergentes,
contendo uma rede para captura no ar de sendo vislumbradas no médio/longo prazo.
SARP inimigo, que é disparada de uma As quantidades de documentos referentes aos
estação fixa no solo. Este tipo de plataforma períodos atual e de curto prazo (patentes
foi objeto de 21 pedidos de patentes e 3 concedidas), as quais foram ínfimas,
patentes concedidas. corroboram para essa interpretação.
49
1ªBda AAAe - EsACosAAe
A tecnologia de laser para detecção À diferença do que foi observado nos pedidos
ou destruição de alvos foi objeto de oito de patentes, a inteligência de enxame foi a
tecnologia com maior número de documentos
depósitos de patentes, já comentados nas (39; 10,4%), indicando que esta tecnologia
seções anteriores. pode ter uma relevância a longo prazo.
50
1ªBda AAAe - EsACosAAe
51
1ªBda AAAe - EsACosAAe
52
1ªBda AAAe - EsACosAAe
53
1ªBda AAAe - EsACosAAe
das atividades econômicas do País, ao passo review of unmanned aerial vehicle attacks and
que também é fulcral para salvaguardar os neutralization techniques. Ad Hoc Networks,
p. 102324, 2020.
interesses e a segurança nacional. Trata-se de
uma oportunidade para o Estado Brasileiro, DE NIGRI, F.; SQUEFF, F.H.S. O
que, a exemplo de China, Estados Unidos e mapeamento da infraestrutura científica e
Alemanha, pode adotar medidas para tecnológica no Brasil In: _____. Sistemas
setoriais de inovação e infraestrutura de
orquestrar ações sinérgicas em prol do
pesquisa no Brasil. Brasília, IPEA, 2016. p.
desenvolvimento acadêmico e das aplicações 15-62.
industriais, de modo a otimizar diversos
setores produtivos com resultantes ERNST, H. The use of patent data for
technological forecasting: the diffusion of
multisetoriais e econômicas favoráveis ao
CNC-technology in the machine tool industry.
país. Small Business Economics, v. 9, n. 4, p.
361-381, 1997.
REFERÊNCIAS
GERTLER, J. US unmanned aerial systems.
Washington D.C.: Congressional Research
ALENCAR, M.S.M, Estudo de Futuro Service, 2012. Disponível em: <https://
Através da Aplicação de Técnicas de apps.dtic.mil/sti/citations/ADA566235>.
Prospecção Tecnológica: O Caso da Acesso em 30 JUN 2021.
Nanotecnologia. 2008, 193f. Tese (Doutorado
em Tecnologia de Processos Químicos e GETTINGER, D. The Drone Databook. 1.
Bioquímicos, área de Gestão e Inovação ed. Washington D.C.: Center for the Study of
Tecnológica) – Escola de Química, Rio de the Drone at Bard College, 2019. Disponível
Janeiro, 2008. em: <https://dronecenter.bard.edu/files/
BORSCHIVER, S.; da SILVA, A.L.R. 2019/10/CSD-Drone-Databook-Web.pdf>.
Technology Roadmap–planejamento Acesso em 27 JUN 2021.
estratégico para alinhar mercado-produto-
GETTINGER, D. The Drone Databook. 1.
tecnologia. 1ed. Rio de Janeiro: Interciência,
2016. ed. Washington D.C.: Center for the Study of
the Drone at Bard College, 2019. Disponível
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército em: <https://dronecenter.bard.edu/files/
Brasileiro. Manual de Campanha EB20- 2019/10/CSD-Drone-Databook-Web.pdf>.
MC-10.214: Vetores Aéreos da Força Acesso em 27 JUN 2021.
Terrestre. 1. ed. Brasília, 2014a.
54
1ªBda AAAe - EsACosAAe
KANG, H. et al. Protect your sky: A survey of S curve model: the case of digital signal
counter unmanned aerial vehicle systems. processing (DSP) technologies.
IEEE Access, v. 8, p. 168671-168710, 2020. Technovation, v. 18, n. 6-7, p. 439-457, 1998.
55
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Como seria o emprego da Artilharia seu engajamento pela AAAe. Desta forma, o
Antiaérea (AAAe) alocada ao Sistema de Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro
Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) tem o grande desafio de
(SISDABRA) no combate contra Sistema de assegurar a soberania do espaço aéreo
Aeronave Remotamente Pilotada (SARP)? contra essa ameaça tão difusa e
O presente artigo busca trazer reflexões ao imprevisível. Quando se adensa o estudo,
leitor sobre este assunto tão complexo. O faz-se necessária a definição do problema a
SARP, comumente denominado de drone, ser enfrentado pela AAAe, recorrendo-se a
constitui-se em uma das principais ameaças ferramentas da Metodologia de Concepção
aéreas na atualidade. Os drones apresentam Operativa do Exército (MCOE) no Processo
baixa seção reta radar, além de serem lentos, de Planejamento e Condução das Operações
pequenos e com perfil de voo baixo, o que Terrestres (PPCOT), levando-se em
dificulta sobremaneira a sua detecção e o consideração o ambiente operacional
complexo em que vivemos, com a (MICHEL, 2019). Assim, pode-se notar que
participação de diversos atores e usuários de são diversas técnicas no combate antidrone,
drones. Somente conhecendo melhor o que sendo que a combinação de duas ou mais
será enfrentado permitirá evoluir na doutrina técnicas é o ideal, em vista da
e no emprego do combate anti SARP no complementaridade das capacidades.
Brasil, em atualização permanente com o
O Sistema de Defesa
cenário mundial.
Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA)
1. INTRODUÇÃO compreende os meios de defesa aérea e
antiaérea a fim de manter a soberania do
O SARP, comumente chamado espaço aéreo contra vetores aeroespaciais
de drone ou UAS (Unmanned Aircraft hostis, tendo como órgão central o Comando
System), representa uma das principais de Operações Aeroespaciais (COMAE). A
ameaças aéreas na atualidade. Devido às AAAe alocada ao SISDABRA é
características de terem perfil de voo baixo, representada pelas unidades e subunidades
serem lentos e de pequenas dimensões, de AAAe do Exército Brasileiro (EB), da
trazem sérias dificuldades de identificação, Força Aérea Brasileira (FAB) e da Marinha
detecção e engajamento por parte das do Brasil (MB). Quanto à AAAe do EB, ela
defesas antiaéreas (DA Ae) de Forças tem como Grande Comando de AAAe e
Armadas (FA) em diversas partes do mundo. órgão central a 1ª Brigada de Artilharia
através de radar, radiofrequência (RF), Antiaérea (Btl Mnt Sup AAAe) e pela
Eletro-ótico (EO), Infravermelho (IR), Bateria Comando (Bia C). Também são elos
no engajamento, por Interferência por RF, AAAe) orgânicas das Brigadas de Infantaria
Interferência em Sistemas Satelitais de GPS, e Cavalaria. A AAAe alocada ao
57
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Fonte: o autor.
58
1ªBda AAAe - EsACosAAe
A fim de melhor compreensão do forma mais clara o que fazer a partir dos
59
1ªBda AAAe - EsACosAAe
60
1ªBda AAAe - EsACosAAe
3 (três) a 5 (cinco).
A ANATEL realiza a
O DCEA define as normas para certificação das frequências utilizadas no
que o SARP voe no espaço aéreo brasileiro enlace de pilotagem. Desde o ano de 2017
e como “uma aeronave que não possua ocorre o cadastro dos equipamentos, por
tripulação a bordo é uma aeronave [...] Declaração de Conformidade, pois tanto
deverá seguir as normas estabelecidas pelas a aeronave quanto o controle utilizam
autoridades competentes da aviação
frequências de rádio e podem causar
nacional” (BRASIL, 2020a, p. 21). A
interferência em outros dispositivos de
solicitação do acesso ao espaço aéreo deverá
aeronaves (BRASIL,2018). É mais um
ser realizada pelo Sistema de Autorização de
Acesso ao Espaço Aéreo por Aeronaves Não ator regulador dos SARP no Brasil.
Tripuladas (SARPAS). Assim, o uso de
61
1ªBda AAAe - EsACosAAe
62
1ªBda AAAe - EsACosAAe
visual e de IR;
63
1ªBda AAAe - EsACosAAe
2018, p. 54, tradução nossa), como foi o - são utilizados em áreas urbanizadas, o que
caso do amplo uso do SARP Predator MQ-9 aumenta o risco de danos colaterais à
Drone por parte da Força Aérea dos Estados população em caso de engajamento.
Unidos da América (EUA) no Paquistão e
Desta forma, como situação
no Oriente Médio, de acordo com Peron e
desejada, a utilização militar dos SARP por
Dias (2018).
parte do inimigo/Força adversa deve ser
- podem vir de todas as direções; impedida ou neutralizada pela DA Ae, como
é demonstrado a seguir:
- apresentam baixa emissão de calor;
64
1ªBda AAAe - EsACosAAe
65
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Quadro 2- Emprego da AAAe anti SARP das Categorias 0 a 2 (Matriz de Três Colunas)Fonte:
o autor
66
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Quanto ao combate anti SARP fim de atuar como uma Unidade de Tiro
em áreas urbanizadas, deve-se levar em (UT), sob coordenação e controle dos
consideração possíveis danos colaterais à Centros de Operações Antiaéreas (COAAe).
população do local. Para tal, no Desta forma, a GE poderia atuar de forma
levantamento das linhas de ação, elas são mais respaldada, visto que a decisão do seu
verificadas pela prova de Adequabilidade, uso, em se tratando de espaço aéreo, deveria
Praticabilidade e Aceitabilidade (APA) passar pela AAAe e por conseguinte pelo
(BRASIL, 2020). Particularmente na COMAE.
“Aceitabilidade”, deve-se verificar se a ação
antidrone cinética, com canhões e mísseis, 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
seria a melhor forma de combate. Os SARP O SARP é uma realidade cada
podem cair em locais densamente povoados, vez mais presente nos conflitos, devido ao
além do fato de as munições poderem causar seu relativo baixo custo e por não se valer de
estragos materiais devido à sua trajetória, ao piloto embarcado, em comparação com as
mesmo tempo em que podem ferir civis. aeronaves tradicionais. Conhecê-lo para
Assim, coloca-se na “balança” se é melhor enfrentá-lo torna-se primordial para
aceitável, junto à opinião pública, este tipo o cumprimento da difícil missão da DA Ae.
de enfrentamento de drones nas cidades.
Vislumbra-se a necessidade de
A GE pode ser utilizada no exercícios conjuntos envolvendo os SARP,
combate anti SARP, interferindo nos enlaces aproveitando-se o SISDABRA e o MD, visto
entre o operador e o drone, como foi o caso que as Forças ainda atuam de forma isolada
nos Jogos Olímpicos em 2016. Naquela tanto no desenvolvimento quanto no combate
ocasião, foram utilizados o interferidores anti SARP. Adicionalmente, pode-se pensar
SCE 0100-D da empresa brasileira IACIT inclusive em exercícios interagências, pois
Soluções Tecnológicas, pertencentes ao 1º são muitos os usuários de drones no espaço
Batalhão de Guerra Eletrônica (1º BGE), aéreo brasileiro, conforme verificado na
sob autorização da ANATEL (EIRIZ; pesquisa. Um protocolo conjunto e
CAMPOS, 2017). Em termos doutrinários e interagência pode ser implementado, a fim de
pensando em exercícios futuros, o BGE padronizar e compartilhar experiências sobre
poderia ceder um módulo interferidor em o tema.
controle operacional (Ct Op) da AAAe, a
67
1ªBda AAAe - EsACosAAe
68
1ªBda AAAe - EsACosAAe
69
1ªBda AAAe - EsACosAAe
O SISTEMA ANTI-SARP
71
1ªBda AAAe - EsACosAAe
72
1ªBda AAAe - EsACosAAe
73
1ªBda AAAe - EsACosAAe
74
1ªBda AAAe - EsACosAAe
75
1ªBda AAAe - EsACosAAe
zonas urbanas, pois os radares atuais foram O sensor eletro-óptico, por sua vez,
otimizados para detectar e acompanhar detecta aeronaves não-tripuladas por meio de
aeronaves maiores e mais rápidas sua assinatura visual (MICHEL, 2019;
(NARANG, 2019). NARANG, 2019). Para isso, utiliza uma
câmera que monitora seu campo de visão a
A fase da detecção contempla a
procura de SARP. Narang (2019) afirma que
utilização de diferentes tipos de sensores. O
sua efetividade é reduzida durante períodos
radar detecta a presença de SARP LSS por
de baixa visibilidade, como quando há
meio da assinatura radar. Junto com o de
neblina, além de necessitar de visada direta
radiofrequência, é um dos meios mais
para o SARP para poder detectá-lo
utilizados pelos sistemas antidrone no
(MICHEL, 2019).
mundo, havendo aproximadamente 147
produtos no mercado (MICHEL, 2019). Outro importante equipamento é o
Contudo, Narang (2019) afirma que, mesmo de infravermelho. Ele detecta o SARP por
sendo adaptado para SARP LSS, não é um meio de sua assinatura térmica. Além disso, é
meio infalível para detecção em razão da capaz de também identificar aeronaves não-
baixa assinatura radar desse tipo de aeronave tripuladas de acordo com o banco de dados de
não-tripulada. assinaturas conhecidas (MICHEL, 2019;
NARANG, 2019). Ele não costuma ser
O sensor de radiofrequência é um
empregado isoladamente, atuando em
dos mais utilizados no mundo, juntamente
conjunto com outros, de forma
com o radar, existindo aproximadamente 159
complementar, principalmente com o eletro-
produtos no mercado (MICHEL, 2019). Ele
óptico. Atualmente, cerca de 111 sistemas
opera realizando uma varredura nas
antidrone o utilizam (MICHEL, 2019).
frequências de operação dos SARP e, por
meio de algoritmos, detecta a posição das O sensor acústico detecta SARP por
aeronaves (NARANG, 2019). Possui seu meio do reconhecimento do som específico
emprego limitado em zonas urbanas em produzido pelos motores das aeronaves,
virtude das interferências eletromagnéticas captado por microfones muito sensíveis. Para
causadas pela presença de várias antenas de isso, depende de uma biblioteca de sons dos
comunicação e linhas de energia elétrica drones conhecidos, que são comparados com
(MICHEL, 2019). os detectados pelos sensores (MICHEL,
2019). Normalmente, não é usado isoladamente,
76
1ªBda AAAe - EsACosAAe
mas sim em conjunto com outros. Contudo, identificar as aeronaves por meio de sua
não é muito empregado nos sistemas seção radar, assinatura infravermelha ou
antidrone, sendo encontrado em apenas 34 outras assinaturas eletrônicas, de acordo com
dentre os cerca de 537 existentes atualmente um banco de dados de aeronaves conhecidas
(MICHEL, 2019). (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2016).
Conforme observado, os sensores
costumam ter algumas limitações no seu A aviação civil já busca soluções
emprego. Por essa razão, torna-se importante para realizar o controle do tráfego aéreo de
a utilização de mais de um tipo para superar SARP de todas as categorias, incluindo os
os óbices de cada tipo de equipamento LSS. Os Unmanned Aircraft Systems Traffic
(MICHEL, 2019; NARANG, 2019). O Management (UTM) são uma iniciativa
sistema anti-SARP AUDS é um exemplo. Ele global para o desenvolvimento de um sistema
conta com radar, sensor eletro-óptico e automatizado de gerenciamento do tráfego
infravermelho, todos atuando de forma aéreo de aeronaves não tripuladas
conjunta e complementar (INTERNATIONAL CIVIL AVIATION
(EVERYTHINGRF, 2017). ORGANIZATION, 2019). Nesse sentido,
eles podem ser utilizados pelos meios
3.2 IDENTIFICAR
antidrone para a rápida identificação
A fase da Identificação ocorre logo eletrônica dos SARP.
após a detecção de um SARP. Seu objetivo é
A identificação visual é realizada
determinar se a aeronave não tripulada
por meio de observadores treinados no
pertence à força amiga ou se é uma ameaça.
reconhecimento dos tipos de drones
Segundo Estados Unidos da América (2016),
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2016,
a identificação pode ser eletrônica, visual ou
2017; LAMPORT e SCOTTO, 2016).
por procedimentos.
Embora Michel (2019) afirme que essa forma
A identificação eletrônica é, não é muito eficiente em razão das
normalmente, o meio mais seguro e rápido de características dos SARP LSS, Diniz (2019)
estabelecer se um SARP é uma ameaça, relatou que foi largamente utilizado pelo EB
embora necessite de mais recursos durante os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio
tecnológicos para isso. Assim, um sistema de Janeiro.
antidrone deve possuir sensores capazes de
77
1ªBda AAAe - EsACosAAe
78
1ªBda AAAe - EsACosAAe
79
1ªBda AAAe - EsACosAAe
80
1ªBda AAAe - EsACosAAe
81
1ªBda AAAe - EsACosAAe
82
1ªBda AAAe - EsACosAAe
83
1ªBda AAAe - EsACosAAe
1
Curso de Formação de Sargentos – ESA 1999; Curso de Artilharia de Costa e
Antiaérea – EsACosAAe 2006; Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – EASA
2010; Sergeant Major Course – USASMA 2018 (EUA).
2. DESENVOLVIMENTO
85
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Desenvolvido e colocado em
funcionamento em 2011, pela empresa
israelense Rafael Advanced Defence Systems,
o sistema Iron Dome foi projetado com o
objetivo de proteger o país de mísseis
balísticos, mísseis de cruzeiro, foguetes,
Foguete Qassam - A (Fonte: BBC News) aeronaves, helicópteros e veículos aéreos não
tripulados. As baterias são constituídas de
mísseis interceptores, radares e sistemas de
À medida que esses foguetes se tornaram
comando que analisam os lugares que os
mais sofisticados, evoluindo em alcance e
foguetes inimigos podem atingir. Caso o
precisão, localidades importantes de Israel,
computador identifique que o foguete pode
como as cidades de Tel Aviv e Jerusalém,
atingir áreas habitadas ou infraestrutura
mesmo mais distantes da Faixa de Gaza,
estratégica, uma bateria do I-Dome é acionada
ficaram expostas a esses ataques,
86
1ªBda AAAe - EsACosAAe
para interceptar e destruir o artefato, o mais recursos, uma vez que cada míssil disparado
longe de áreas povoadas, minimizando os custa em torno de 60 mil dólares.
possíveis danos colaterais, pela queda de
estilhaços.
87
1ªBda AAAe - EsACosAAe
88
1ªBda AAAe - EsACosAAe
89
1ªBda AAAe - EsACosAAe
EUA também são aspectos retratados no de baixa altura/muito curto e curto alcance,
presente artigo. Por fim, concluiu-se sobre a como ocorre nos países considerados como
relevância da AAAe de baixa altura curto e potências bélicas no cenário internacional,
muito curto alcance ( Very Short-Range Air como os Estados Unidos da América (EUA)
Defence - VSHORAD/ Short Range Air e a Rússia. No caso da AAAe do EB,
Defense - SHORAD) para os elementos de percebe-se que há uma lacuna entre as
manobra na vanguarda das operações possibilidades das tropas brasileiras e as
terrestres, sobre a necessidade de integração capacidades dos sistemas de armas antiaéreas
entre AAAe e elemento apoiado, sobre a a serem utilizados para a sua proteção, em
mobilidade tática e a capacidade de missão de caso de emprego no TO. É o caso do sistema
superfície da AAAe que apoia os elementos de armas Bofors 40mm C/70, RBS-70 e
de manobra, e sobre as lacunas de capacidade IGLA-S.
de defesa antiaérea que serão trabalhadas Portanto, verifica-se que, numa
pelo Exército norte-americano nos próximos situação de emprego no TO ou Área de
anos. Operações (A Op), as tropas motorizadas e
1. INTRODUÇÃO mecanizadas geralmente têm maior
A Artilharia Antiaérea (AAAe) do mobilidade e proteção blindada que as
Exército Brasileiro (EB) tem experiência na frações de AAAe utilizadas para protegê-las
Defesa Antiaérea (DA Ae) de Pontos – à exceção das brigadas blindadas, as quais
Sensíveis (P Sen), desenvolvida ao longo de foram dotadas com as VBC DAAe Gepard
anos de exercícios de dupla ação entre Força 1A2 entre 2014 e 2015.
Aérea e EB, exercícios de Planejamento de Sabendo dessa limitação, cabe
DA Ae de infraestrutura crítica e estratégica analisar como países considerados potências
do Território Nacional (TN), bem como bélicas utilizam a sua AAAe de muito curto
operações reais de proteção de grandes alcance para mitigar essa deficiência que
eventos, como a Copa da Confederações de porventura também ocorre na proteção de
2013, Copa do Mundo de 2014 e Jogos tropas em 1º escalão nas suas operações
Olímpicos de 2016. Esses acontecimentos de militares. Dessa forma, o principal objetivo
envergadura trouxeram grandes ganhos para deste trabalho é apontar os ensinamentos
a doutrina e preparo da AAAe brasileira. colhidos no Curso de Aperfeiçoamento de
De outro lado, a DA Ae de tropas Capitães de Artilharia Antiaérea nos EUA
em combate, especialmente aquelas em sobre a DAAe de baixa altura/muito curto
primeiro escalão, é tarefa essencial da AAAe alcance de elementos de manobra em 1º
escalão realizada com o material Avenger.
91
1ªBda AAAe - EsACosAAe
92
1ªBda AAAe - EsACosAAe
93
1ªBda AAAe - EsACosAAe
2.1.1 Ensino e uso constante do MDMP O MDMP ajuda os líderes a aplicar rigor,
O uso intensivo do MDMP é outra clareza, bom senso, lógica e conhecimento
grande lição do curso. Trata-se do principal profissional para entender situações,
processo de tomada de decisão utilizado desenvolver opções para resolver problemas
incessantemente pelos Estados-Maiores do e tomar decisões. O processo ajuda os
Exército Norte-americano. É uma comandantes e as equipes a pensar de forma
metodologia de planejamento interativa para crítica e criativa ao planejar. Em muito se
entender a situação e a missão, desenvolver assemelha ao Exame de Situação do
Linhas de Ação, e produzir um Plano ou Comandante retratado no manual EB20-
Ordem de Operações (EUA, 2016b). MC-10.211 (BRASIL, 2014b).
94
1ªBda AAAe - EsACosAAe
95
1ªBda AAAe - EsACosAAe
96
1ªBda AAAe - EsACosAAe
97
1ªBda AAAe - EsACosAAe
98
1ªBda AAAe - EsACosAAe
99
1ªBda AAAe - EsACosAAe
100
1ªBda AAAe - EsACosAAe
101
1ªBda AAAe - EsACosAAe
102
1ªBda AAAe - EsACosAAe
RCU a uma distância segura do Hum-vee. esquadras (e não apenas duas), com a esquadras a
Normalmente, o engajamento antecipado e a duas U Tir cada ao invés de três.
situação de movimento preterem a instalação da Quando possível, o Cmt Pel deve
RCU, obrigando ao Atirador disparar o quanto planejar os locais das U Tir de maneira que pelo
antes, assim que receber o sinal de que a cabeça de menos 2/3 do alcance do Stinger estejam à frente
guiamento do míssil adquiriu a ameaça aérea em do meio defendido – o desejável são 3 km. O setor
questão. de tiro dos Avengers deve ser sempre voltado para
Se a fração Avenger (Batalhão, Bateria as rotas de aproximação aéreas inimigas mais
ou Pelotão) não estiver em posição, com os prováveis. Mesmo que o Avenger podendo engajar
sensores instalados, vai gastar entre 15 e 30 alvos a 360º, o setor de tiro deve ser restrito entre
minutos para que o radar Sentinel seja instalado e 45 e 60 graus à esquerda e à direita da PTL (EUA,
esteja pronto para operação. O radar Sentinel 2018a).
transmite os dados dos vetores aéreos para a U Tir O Cmt Pel ou fração Avenger deve
por meio da EPLRS ou pelo SINCGARS (EUA, sempre seguir os princípios e fundamentos de
2018a). emprego da AAAe para garantir a máxima eficácia
Os Avengers devem ser sempre
do sistema de armas. Outra condição é que as U
empregados em operações de combate e são mais
Tir devem estar a menos de 40 km do centro nodal
eficazes quando trabalhando em pares (EUA,
mais próximo, que via de regra é a viatura de
2018a).
Mission Command orgânica do Pel. Devem
Tal premissa pode ocasionar a também ter linha de visada direta para este centro
reorganização do Pel de forma que passe a ter três nodal. (EUA, 2018a).
Figura 5 – Apresentação de slides sobre a 2ª fase do Conceito da Operação da DAAe realizada pela E/2-43 BTY.
Fontes: E 2-43 AD OPORD Brief (material produzido em sala de aula), slide 25.
103
1ªBda AAAe - EsACosAAe
104
1ªBda AAAe - EsACosAAe
105
1ªBda AAAe - EsACosAAe
em explicar como uma Brigada em 1º escalão Exército dos EUA por conta das
é estruturada e empregada e em explicar similaridades entre o referidos processos,
como ocorre a DAAe de muito curto alcance conforme se vê no manual EB20-MC-10.211.
com o material Avenger e a sua importância Isso pode ser visto positivamente no sentido
para a os elementos de manobra. de que a doutrina militar brasileira busca se
Ainda, o curso no exterior traz uma espelhar na doutrina do país considerado
abordagem diferente de como implementar o potência militar global.
processo de avaliação do ensino- Quanto aos tipos de brigadas
aprendizagem. As avaliações do ADA CCC norte-americanas, verifica-se que existem
estão voltadas para participação em sala de três distinções, a IBCT, a SBCT e ABCT.
aula e para as apresentações de tarefas Cada uma delas tem uma composição e
individuais ou trabalhos em grupo. Desse missões específicas. Verifica-se que os três
modo, infere-se que o bom rendimento nas tipos de brigadas carecem de DAAe de baixa
provas escritas depende de o instruendo ser altura/muito curto alcance, o que lhes é
influente nos trabalhos em grupo e ser garantida com a distribuição de meios de
comunicativo. Tal metodologia, apesar de AAAe Avenger.
gerar resultados mais subjetivos, possibilita o Como exemplos de qualidades, o
desenvolvimento de áreas atitudinais Avenger tem a capacidade de atirar em
importantes para o militar. movimento o que lhe confere mobilidade
Quanto aos conhecimentos tática essencial para acompanhar os
pertinentes aos oficias de carreira da linha elementos de manobra apoiados, assegurando
bélica, conclui-se que os conceitos de a obtenção de Ritmo Operativo à campanha
Mission Command e MDMP são executada. Essa qualidade do Avenger
assegura que a BCT obtenha a agressividade
extremamente importantes. Pela relevância
e a iniciativa desejadas, que não podem ser
dada ao Mission Command durante o curso,
obtidas caso o a DAAe seja realizada com o
infere-se que possui grande importância para
Patriot ou com IFPC.
o Exército dos EUA. Assim, sugere-se que o
Além disso, o Avenger também é
estudo deste conceito seja aprofundado pelos
capaz de detectar e adquirir os seus alvos por
elaboradores da doutrina militar do EB.
meio de FLIR com o auxílio do telêmetro
Em relação ao aprendizado do
laser e do rastreador automático de vídeo.
MDMP, infere-se que o método de Exame de
Pode também ser operado remotamente
Situação do EB está alinhado com o do através da RCU, o que confere maior segurança
106
1ªBda AAAe - EsACosAAe
à guarnição da U Tir. Pode ainda receber os aéreas sem o uso de radares de busca ou de
dados de alvos por meio da rede EPLRS ou tiro. Ainda, o míssil Stinger tem guiamento
do SINCGARS, o que lhe confere vantagem passivo, pela emissão de infravermelho (IR)
no ambiente operacional. da ameaça aérea. Significa que o míssil não
Ainda, o uso do sistema FAAD C3I emite sinais, tornando-o menos suscetível às
(Forwad Area Air Defense Command, interferências eletrônicas.
Control, Communications And Inteligence) O Exército dos EUA tem atuado
permite ao Avenger efetivar sua integração ao para minimizar as lacunas de capacidades
esquema de manobra do elemento apoiado. críticas por meio da reativação de Batalhões
Ambos, AAAe e tropa apoiada ampliarão sua de SHORAD, onde o Avenger assume
consciência situacional, exercendo um importante papel. Por fim, conclui-se que o
melhor gerenciamento do campo de batalha, sistema de armas Avenger apresenta
e compartilhando informações das tropas qualidades que tornam expressivo o seu uso
amigas e inimigas em tempo próximo do real. na atualidade. Sugere-se que as vantagens do
É aspecto a ser almejado pelo EB, e sugere-se Avenger sejam estudadas por ocasião da
que o preenchimento dessa lacuna seja uma aquisição de futuros sistemas de armas de
das prioridades no âmbito da AAAe baixa altura/muito curto alcance, podendo-se
brasileira. constituir em requisitos operacionais.
Com uma Bateria composta Cabe destacar, que a DA Ae deve
normalmente por dois pelotões a seis U Tir ser planejada em camadas sobrepostas, desde
cada, totalizando doze U Tir, o Avenger é o muito curto alcance até o longo alcance. É
empregado na dosagem de uma Bateria para fundamental a existência de um plano
uma BCT. Por meio de sua metralhadora FN integrado de DA Ae, evitando que os
M3P (.50 pol /12.7x99mm) aliada ao FLIR, elementos de manobra sejam atacados pelas
os Avengers aumentam consideravelmente o ameaças aéreas. Neste caso, sugere-se que a
poder de combate das Brigadas que apoiam, AAAe do EB invista primeiramente na
pois permitem visão termal diuturna e em aquisição de meios de médio e longo alcance/
condições climáticas adversas. média altura e grande altura.
Nos tempos atuais, diferentes
atuadores podem negar o uso do espectro REFERÊNCIAS
eletromagnético. O Avenger está no rol de BEARD, Gary. Maneuver Air and Missile Defense
sistemas de armas que podem operar em in multi-domain operations. Fires, Fort Sill-OK,
ambiente de sinal negado pela guerra EUA, p. 3 a 5, Set-Out 2019. Disponível em:
eletrônica ou cibernética inimiga, tendo em <http://sill-www.army.mil/ firesbulletin>. Acesso
vista a sua capacidade de operar em: 30 de setembro de 2019.
isoladamente e conseguir engajar ameaças
107
1ªBda AAAe - EsACosAAe
108
1ªBda AAAe - EsACosAAe
_____. Exército dos EUA. Field Manual 7 Ago 2019. Disponível em: <https://
3-96: Brigade Combat Team (Manual de www.popularmechanics.com/military/
Campanha 3-96: Equipe de Combate weapons/ a28636854/powerful-laser-
Brigada). Washington, DC, EUA: Quartel weapon/>. Acesso em: 29 de fevereiro de
General do Exército Norte Americano, 08 de 2020.
outubro de 2015.
TURMA 003-18 DO ADA CCC. E 2-43 AD
_______. Exército dos EUA. Field Manual OPORD Brief (apresentação de slides
6-0: Command and Staff Organization and produzida em sala de aula). Fort Sill-OK,
Operations (Manual de Campanha 6-0: EUA, 2018.
Organização e Operações do Comandante e
do Estado Maior). Washington, DC, EUA: WIGGINS JR, Vincent R. Balancing Air and
Quartel General do Exército Norte Missile Defense do Better Support Maneuver.
Americano, 22 de abril de 2016b. Military Review, Fort Leavenworth-KS,
EUA, Vol. 95, nº 6, p. 55 a 63, Nov-Dez
_______. Exército dos EUA. Individual 2015. Disponível em: <https://
Student Assessment Plan (Plano de www.armyupress.army.mil/Portals/7/
Avaliação Individual do Aluno). Fort Sill- military-review/Archives/ English/
OK, EUA, 12 de julho de 2018c. MilitaryReview_20151231 _art011.pdf>.
Acesso em: 30 de setembro de 2019.
_______. Exército dos EUA. Memorandum
for the Air Defense Artillery Captain’s
Career Course (Memorando para o Curso de
Capitães de Carreira de Artilharia Antiaérea).
Fort Sill-OK, EUA, 25 de junho de 2018d.
109
1ªBda AAAe - EsACosAAe
¹Curso de Artilharia (AMAN, 2009); Artilharia de Costa e Antiaérea para Oficiais (EsACosAAe,
2012); Graduação em Engenharia Eletrônica (IME, 2017); Aperfeiçoamento Militar (EsAO,
2018); Estágio de Adaptação à VBC AAe Gepard 1 A2 (6ª Bia AAAe Ap, 2018); Chefe da Seção
de Estudos e Projetos (Pq R Mnt/3, 2018); Adjunto do Cent ro de Operações de Suprimento e
Manutenção (Pq R Mnt/3, 2019); Colaborador dos subgrupos Vtr SL e logística do GT Nova
Couraça;
111
1ªBda AAAe - EsACosAAe
112
1ªBda AAAe - EsACosAAe
2.3 – Linhas de ação para obtenção das sistemas eletrônicos do carro; entretanto,
plataformas VBC AAe e VBC AAe – MSR; parcela razoável desses sistemas permaneceu
com os componentes originais puramente
2.4 – Outras possibilidades técnicas e analógicos (CULLEN e FOSS, 1992, p. 71).
operativas;
O fato de parte dos circuitos do carro
2.5 – Outros tópicos logísticos e industriais; possuírem componentes analógicos não é
necessariamente uma desvantagem do ponto
2.6 – Considerações sobre o sistema de vista tecnológico ou técnico. Os
TORC30; problemas surgem com o tempo: capacitores
podem vazar/deteriorar, resistores e
2.1 Considerações iniciais sobre a VBC
potenciômetros oxidar, indutores sofrer
AAe Gepard 1 A2 BR
outros tipos de danos, transistores podem ter
os ganhos modificados. Sistemas digitais
2.1.1 Idade do projeto e países operadores
também são vitimados pois, em última
Conforme o próprio sítio da empresa análise, também são formados por
Krauss Maffei-Wegmann, os blindados componentes analógicos.
Gepard foram entregues à Alemanha,
Tal idade para aparelhos eletrônicos
Bélgica, Holanda e Romênia (KRAUSS,
é fulminante em termos de desempenho. As
2019). Informação notadamente
falhas, mesmo que em componentes isolados,
desatualizada, uma vez que o Brasil recebeu
acarretam desvios da precisão ou
o material há ao menos cinco anos.
comportamento esperados e seu acúmulo
113
1ªBda AAAe - EsACosAAe
114
1ªBda AAAe - EsACosAAe
geminados 35mm Oerlikon modelo KDA – Ainda, apesar de o fabricante ter previsto
exceto pela munição AHEAD, todas as outras uma integração com mísseis antiaéreos, o EB
(HE-T/HEI-T, HE/HEI, SAPHEI/SAPHEI-T, não dispõe de tal pacote. Portanto, fica
APDS/FAPDS, TP-T/TP) tem por evidente que a VBC, isoladamente, possui
característica a detonação por impacto contra uma capacidade limitada de enfrentamento
o alvo. de ameaças relativamente ao esperado para
operações no amplo espectro dos conflitos. É
A taxa de acerto em aeronaves de provável que por esse motivo a Bateria
asa fixa aumenta ao custo de rajadas maiores Gepard alemã era acompanhada por seções
o que sacrifica o estoque de munição e obriga de mísseis portáteis Stinger (CARNEIRO,
a unidade de tiro a sair de operação para 2017, p. 86), como pode ser observado no
executar o remuniciamento – operação detalhe da figura 1. Essa configuração,
apontada como ponto fraco da VBC contudo, limita a atuação dos mísseis por não
(CARNEIRO, 2017, p.130), por conta do disporem dos mesmos sensores e nível de
tempo necessário para a operação e sua automação que o Gepard.
complexidade.
115
1ªBda AAAe - EsACosAAe
característica ainda não superada das tropas estudo da equipe. Dessa forma, não se trata
blindadas sobre lagartas, portanto não será de solução global que combate o rol de itens
relevante nessa análise, assim como com deficiência. Como exemplo, verifica-se
como, em locais urbanos com restrição ou que teve bom índice de sucesso.
117
1ªBda AAAe - EsACosAAe
118
1ªBda AAAe - EsACosAAe
119
1ªBda AAAe - EsACosAAe
120
1ªBda AAAe - EsACosAAe
2.3 Linhas de ação para obtenção das 2.3.1.2 Destinação dos sistemas de radares
plataformas VBC AAe e VBC AAe – MSR
Como abordado anteriormente, a
2.3.1 Análise da linha de ação idade dos radares é uma desvantagem em
modernização da VBCCC Leopard 1 A5 termos de demanda energética, tecnologias
de supressão de lóbulos laterais e traseiro,
2.3.1.1 Destinação do chassi, motorização e desempenho de processamento, capacidade
trens de rolagem de enfrentamento de ambiente de Guerra
Eletrônica, dentre outros.
Esta opção certamente acarretará
desenvolvimento de fornecedores locais para O assunto é de tal importância e sigilo,
fornecimento de suprimento para esses que a Holanda, apesar de ter adquirido
conjuntos, modernizados ou não, para também as VBC Gepard, optou por utilizar
atender ao novo tempo de ciclo de vida outros radares, de fabricação daquela nação –
esperado para esse carro de combate. daí a designação do blindado PRTL ou
Gepard CA1 (CULLEN e FOSS, 1992, p.
70).
121
1ªBda AAAe - EsACosAAe
122
1ªBda AAAe - EsACosAAe
123
1ªBda AAAe - EsACosAAe
o detalhe que estes últimos, mais modernos, Os rádios Harris Falcon 3 RF-7800V
demandam menos energia e possuem adquiridos para o projeto Gepard podem e
tecnologia eye safe possibilitando redução devem ser reaproveitados numa atualização
significativa de procedimentos e segurança da plataforma tanto para uniformização do
para operação e manutenção. sistema de comando e controle com outros
escalões do EB, como para integração da
Quanto aos instrumentos ópticos é infraestrutura do sistema de controle e alerta,
provável que sua continuidade seja inclusive com a Força Aérea.
indesejável em vista ao suporte não
disponível, porém os equipamentos podem É possível que à época da instalação
ser integrados a um novo projeto, com na versão modernizada seja necessária apenas
redesenho dos motores elétricos para inserção a atualização do firmware desses conjuntos,
adequada na malha de controle a ser utilizada. porém não haveria necessidade de aquisição
de novos produtos.
Conforme as considerações acima,
em se optando pela consequente 2.3.2 Análise da linha de ação aquisição de
modernização do Gepard, é interessante a nova VBCCC
maior comunalização possível com outros
SMEM, nesse sentido, a utilização de Devem ser considerados aqui os
telêmetros já aplicados a outros sistemas requisitos nacionais para o apoio às brigadas
simplifica as cadeias logística e de formação blindadas uma vez que, por exemplo, nem a
de recursos humanos (seja para manutenção, família Leopard 2, nem M1 Abrams dispõe
seja para operação). de plataformas antiaéreas. Estas estão
instaladas em outras viaturas como variantes
A empresa OPTO Space & Defense é do Ozelot (LeFlaSys) e Bradley (Bradley M6
apta a trabalhar nessa seara, já sendo Linebacker).
fornecedora do governo brasileiro ou
considerar a utilização dos mesmos Portanto, deve ser avaliado,
telêmetros empregados pela Ares em seus conforme os requisitos operacionais, se a
projetos. VBC AAe será baseada no chassi da VBCCC
ou VBC Fuz, conforme os exemplos acima.
2.3.1.5 Destinação de equipamentos de Aventam-se duas possibilidades: adquirir a
comando e controle
124
1ªBda AAAe - EsACosAAe
VBC AAe da mesma família ou adquirir realidade, um Gepard com radares nativos
chassis extras de CC ou VBC Fuz para desse país (Gepard CA1).
desenvolvimento nacional próprio do
conjunto torre, ambos dependentes das 2.3.2.3 Sistema de armas e computadores
condições de negociação e requisitos do EB. de tiro
125
1ªBda AAAe - EsACosAAe
compatibilidade entre as versões sobre rodas Essa opção acarreta, além das
e sobre lagartas, uma vez que as demandas, vantagens destacadas nos dois itens
potências de trabalho, cargas elétricas, correlatos anteriores, um maior interesse da
dimensões e pesos são bastante diferentes. indústria para produção e assistência técnica
Porém, como será discutido nos tópicos de maior tiragem de componentes, bem como
subsequentes, há desenvolvimentos, simplificação logística já que se têm duas
aquisições (componentes, sistemas e plataformas diferentes que comungam de
subsistemas) compatíveis para as versões SL várias peças, facilitação e unificação dos
e SR no que tange à torre. treinamentos de operação e manutenção.
126
1ªBda AAAe - EsACosAAe
127
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Desmistificando a questão da
Figura 10: Lançadores IGLA duplos na Vtr NIMR
integração, constata-se dos exemplos reais (Turca).
abaixo (figuras de 9 a 13) as possibilidades de Fonte: KBM, 2020.
adaptação de tais mísseis portáteis em variadas
plataformas, em particular dos mísseis portáteis
que já possuímos como dotação.
128
1ªBda AAAe - EsACosAAe
129
1ªBda AAAe - EsACosAAe
130
1ªBda AAAe - EsACosAAe
busca para a Seção Antiaérea, à exemplo do Esta consideração recai sobre a herança
sistema Skyguard ou MANTIS. (figura 6) recebida da aquisição do Gepard e Leopard,
no qual observa-se uma oportunidade de
Tal gama de aplicações em diferentes melhoria em termos de gestão do ciclo de
plataformas pode ser verificada da análise do vida e atendimento de necessidades
sistema MANTIS ou Skyshield – plataformas operativas de todas as naturezas
terrestres fixas ou rebocadas, do sistema (treinamento, emprego).
Oerlikon Skyranger – plataforma veicular
(VBC AAe sobre chassi Boxer) e do 2.5.3 Casos concretos de fomento à
Millennium Naval Gun – montado sobre indústria
navio. Todos os três utilizando o mesmo
canhão e sistemas agregados da Rheinmetall. A modalidade de desenvolvimento
parcial de SMEM (possível desenvolvimento
Em caráter de integrador final, aponta- de torre completa ou do subsistema sensores,
se as empresas Avibrás, Equitron e Iveco armas, eletrônica embarcada, ou combinação
como potenciais prime contractors para os deles) é bastante comum para obtenção de
desenvolvimentos aqui elencados, tecnologias e conhecimento pela BID de
principalmente para a versão sobre rodas. forma a subsidiar o projeto de SMEM mais
complexos num próximo passo.
2.5.2 Problemática da munição
Isso pode ser observado, a título
É necessária uma ramificação do projeto ilustrativo, pelo ocorrido com a
de obtenção dessas novas plataformas para modernização Leopard 1T Volkan, na
fabricação nacional de tal insumo Turquia. A empresa Aselsan trabalhou no
fundamental para operação. desenvolvimento de um novo computador de
tiro e estabilização para os Leopard 1 A5
Citam-se a Emgepron, que atualmente
(canhão 105mm) turcos na década de 2000.
fabrica munições 40mm utilizadas nos
Em sequência, foi contratada para o
canhões Bofors; e a CBC, que fabrica
fornecimento de computador de tiro para a
munições de variados calibres, trabalhando
VBCCC Altay (canhão 120mm), da Otokar,
inclusive com desenvolvimento de munição
lançado na década de 2010 – fabricação e
30mm para provimento da UT30BR.
desenvolvimento no próprio país.
131
1ªBda AAAe - EsACosAAe
132
1ªBda AAAe - EsACosAAe
133
1ªBda AAAe - EsACosAAe
134
1ªBda AAAe - EsACosAAe
135
1ªBda AAAe - EsACosAAe
136
TC Art QEMA ALEXANDRE DUARTE DE PAIVA ¹
Cap Art CLAITON ROVIAN DUTRA²
1º Ten OCT DANIEL KEVEN SANTOS MARTINS ³
1º Ten OCT DANILO AUGUSTO GOMES SANTOS ³
1º Ten OCT DOUGLAS CHAVES REIS ³
Cap Art IURY SÁ BARROSO ⁴
1º Ten Art RAFAEL NAZARENO DE CAETANO ⁵
Este trabalho é fruto de estudos realizados no utilização conjunta. Por fim, são apresentadas as
âmbito da 3ª Bateria de Artilharia Antiaérea e, conclusões tiradas como uma possibilidade muito
principalmente, na Apreciação Doutrinária realizada no viável, corroborada no estudo de caso, mostrando-se
Exercício de Simulação Viva da Força de Prontidão da econômica, se comparada aos sistemas mecanizados de
4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada realizada em maio prateleira apresentados, e exequível, ao observar a
de 2021. Durante o desenvolvimento, são apresentadas característica mecanizada das tropas da 4ª Bda C Mec.
algumas características da VBTP MR GUARANI, do O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma
sistema de mísseis antiaéreos telecomandados RBS 70 alternativa para minimizar o déficit decorrente da
e o consequente incremento de operacionalidade para o inexistência de uma Bateria de Artilharia Antiaérea
subsistema de armas da Artilharia Antiaérea com sua Mecanizada na doutrina do Exército Brasileiro.
138
1ªBda AAAe - EsACosAAe
139
1ªBda AAAe - EsACosAAe
140
1ªBda AAAe - EsACosAAe
141
1ªBda AAAe - EsACosAAe
142
1ªBda AAAe - EsACosAAe
M240 7,62 mm (MAG) ou M2 HB QCB .50, (155mm / - 80m) com o revestimento interno
além de possui lançador de granadas 76mm. com material Spall Liner.
Pode-se verificar que a capacidade de
angulação de azimute é 360° e possui ângulos Dentre os diversos sistemas de
de elevação que variam de -20° a +60°. Sua proteção e segurança da Viatura Blindada
velocidade em elevação e azimute é 45° por Guarani, destaca-se a sua proteção antiminas
segundo. A Torre REMAX possui câmera nível 2A, capaz de suportar a explosão de
diurna e termal para o atirador, e possui uma carga de 6 quilos de explosivos sob
telêmetro laser. Esta ainda comporta um qualquer uma das rodas, além de contar com
módulo optrônico, utilizado como sistema de bancos antiminas também de nível 2 com
observação, medição de distâncias e pontaria cintos de 5 pontas presos no teto. A viatura
por meio da câmera diurna, câmera termal, ainda fornece maior altura do compartimento
telêmetro Laser e Unidade Eletrônica. de combate.
143
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Figura 1
Fonte: SAAB, 2021.
144
1ªBda AAAe - EsACosAAe
utilizado em veículos 8x8, que utiliza mísseis 4ª Bda C Mec, deveria buscar soluções para
que nunca foram utilizados pelo Exército melhor atender as características de uma
Brasileiro. No caso deste material, seriam Brigada Mecanizada, quais sejam:
necessários mais estudos e testes para mobilidade tática e estratégica, potência de
verificar a compatibilidade com a VBTP fogo, proteção blindada, ação de choque,
Guarani, que, não sendo possível, obrigaria a flexibilidade e sistema de comunicações
aquisição do sistema junto com a viatura amplo e flexível.
plataforma. Em vista disto, em março de 2021, a
2.5 ESTUDO DE CASO 3ª Bateria de Artilharia Antiaérea realizou um
Desde a primeira participação no estágio de adaptação à VBTP-MR 6x6
exercício de Simulação Viva da Força de GUARANI com o apoio do 17º R C Mec,
Prontidão da 4ª Brigada de Cavalaria localizado em Amambai–MS. Neste
Mecanizada (4ª Bda C Mec), em 2018, a episódio, uma guarnição do Míssil
tropa da 3ª Bateria de Artilharia Antiaérea (3ª Telecomandado RBS70 (Msl Tlcmd RBS70)
Bia AAAe) percebeu suas limitações em recebeu instruções gerais sobre a viatura, a
relações aos meios mecanizados da tropa utilização do compartimento da tropa, do
apoiada. Em vista deste desafio, durante o sistema de comunicações interno e externo,
ano de 2020 foram estudadas as da torre REMAX, do sistema de navegação e
possibilidades que aprimorassem a Defesa da segurança no uso da viatura,
Antiaérea (DA Ae) da 4ª Bda C Mec contra a principalmente balizamento e áreas de risco.
ameaças aéreas de baixa altura, na área de Esse primeiro contato foi essencial para
responsabilidade da GU. estabelecer as possibilidades e limitações da
A partir desse estudo, percebeu-se VBTP-MR 6x6 GUARANI em conjunto com
que a 3ª Bia AAAe, como tropa orgânica da o Míssil Telecomandado RBS70, que
atualmente é utilizado com a Viatura Marruá.
Figura 3
Fonte: Relatório de Apreciação Doutrinária 3ª Bia
AAAe (Estágio de Adaptação à VBTP Guarani).
145
1ªBda AAAe - EsACosAAe
146
1ªBda AAAe - EsACosAAe
147
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Figura 5
Fonte: Relatório de Apreciação Doutrinária 3ª Bia AAAe.
148
1ªBda AAAe - EsACosAAe
149
1ªBda AAAe - EsACosAAe
150
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Figura 010:SARP
151
Fonte: https://www.defesanet.com.br, 2022
1ªBda AAAe - EsACosAAe
152
1ªBda AAAe - EsACosAAe
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 NECESSIDADE DE DESENVOLVIMENTO
DE CAPACIDADES DA DEFESAANTIAÉREA
DEAMPLOESPECTRO
153
1ªBda AAAe - EsACosAAe
154
1ªBda AAAe - EsACosAAe
155
1ªBda AAAe - EsACosAAe
lançador M299 de dois mísseis Longbow estabilizado ótico e infravermelho MX; além
Hellfire, por um lançador universal veicular de quatro radares MHR setoriais de 90º e da
Raytheon com quatro mísseis Stinger, um previsão para instalação de um canhão de
canhão Bushmaster XM914 de 30 mm, energia dirigida.
metralhadora M240 de 7,62 mm e sistema
156
1ªBda AAAe - EsACosAAe
157
1ªBda AAAe - EsACosAAe
Módulo Interferidor
158
1ªBda AAAe - EsACosAAe
159
1ªBda AAAe - EsACosAAe
160
1ªBda AAAe - EsACosAAe
tal ação colaborou para o levantamento da limitar suas assinaturas termais e eletrônicas
Ordem de Batalha Eletrônica inimiga por por períodos de tempo prolongados e a
parte do Azerbaijão e a localização precisa da grandes distâncias.
posição de radares de vigilância e busca das
forças militares da Armênia. 2.3 O FATOR HUMANO É CRUCIAL
A camuflagem física dos armenos
A máxima “o fator humano é o
foi ineficiente. Um soldado armeno relatou:
mais decisivo em um conflito” deve sempre
“Nós não podemos nos ocultar e não
ser trazido à memória. Em última análise, a
conseguimos reagir”. Incapazes de se
capacidade militar mais requintada é tão boa
camuflar dos sensores e ataques precisos do
quanto seu manipulador. Uma força armada
inimigo, as tropas da Armênia foram
pode possuir, na teoria, os melhores sistemas
desmoralizadas. Se a camuflagem não é mais
de GE, de defesa antiaérea ou qualquer outra
o bastante, então um novo conceito de
capacidade, mas de nada adianta se os
ocultação é necessário (ANTAL, 2021).
operadores carecerem de competência
A ocultação é a habilidade de se
profissional (HO, 2021).
tornar difícil de detectar e de ser atacado.
O conflito de Nagorno-Karabakh
Refere-se a um esforço de amplo espectro
do fim de 2020 revelou numerosos exemplos
para empregar todos os meios ativos e
de como as forças armenas frequentemente se
passivos para confundir, desagregar, impedir,
mostraram taticamente ineptas e
interferir e iludir os sensores e as redes de
desorganizadas no TO. Essa evidência foi
engajamento de alvos do inimigo. Nesse
ratificada por uma fonte de informação
contexto, relaciona-se com a busca de novas
encarregada de tarefas nos sítios de mísseis
táticas, técnicas e procedimentos (TTP). No
terra-ar da Armênia:
moderno campo de batalha do atual século,
oculta-se ou morre (ANTAL, 2021).
Em uma era de elevada Durante a guerra, os Bayraktar TB-2 literalmente
voaram em círculos no entorno de três sítios de S-
proliferação de sensores e atuadores, forças 300 enquanto aguardavam por mísseis balísticos e
munições de vagueamento direcionados para
militares devem considerar novas formas de atacá-los antes de executarem uma avaliação
tática de danos e irem embora.
camuflar e dificultar a exposição de seus Surpreendentemente, as lançadoras de alguns
meios. Táticas terrestres de dispersão e daqueles sistemas não estavam nem mesmo em
modo de utilização, como se, prioritariamente,
dissimulação devem ser reaplicadas. Os não estivesse ocorrendo um conflito ali
(MITZER, OLIEMANS, 2020).
soldados devem treinar constantemente para
161
1ªBda AAAe - EsACosAAe
162
1ªBda AAAe - EsACosAAe
163
1ªBda AAAe - EsACosAAe
163
GOSTARIA DE TER UM ARTIGO DE OPINIÃO DE
AAAe OU DEF LIT EM NOSSO SITE ?
divdoutesacosaae@gmail.com.
Aponte a câmera do
seu celular para ser
redirecionado para
página OMPM ou
acesse o link abaixo:
http://www.esacosaae.eb.mil.br/observatorio-do-primeiro-minuto-ompm
Artilheiro Antiaéreo da Marinha, Exército ou Força
Aérea: se você quer publicar um artigo científico em
uma das seguintes áreas:
EsACosAAe
Berço da Artilharia de Costa e Defesa Antiaérea