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HIDRÁULICA
Colaboração: Micha
chael Lopes Honscha
PELOTAS - RS
AGOSTO - 2015
ÍNDICE
UNIDADE 1 – ENGENHARIA HIDRÁULICA.................................................................................... 6
1.1 Introdução ............................................................................................................................. 6
1.2 Evolução da Hidráulica ......................................................................................................... 7
1.3 Panorama e escopo atual na área de Engenharia Civil ...................................................... 8
1.4 O curso de Hidráulica na UFPel ......................................................................................... 10
UNIDADE 2 – ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS SOB REGIME PERMANENTE .... 12
2.1 Conceitos ............................................................................................................................ 12
2.1.1 Condutos forçados ......................................................................................................... 12
2.1.2 Número de Reynolds...................................................................................................... 12
2.1.3 Viscosidade .................................................................................................................... 13
2.1.4 Rugosidade interna das paredes dos condutos .............................................................. 14
2.2 Regimes de escoamento de acordo com o número de Reynolds (Rey) ......................... 14
2.3 Perda de Carga.................................................................................................................... 16
2.3.1 Conceito ......................................................................................................................... 16
2.3.2 Classificação .................................................................................................................. 16
2.3.3 Perda de carga contínua em condutos de seção constante em regime permanente e
uniforme e escoamento incompressível .................................................................................. 17
2.3.4 Perda de carga acidental ............................................................................................... 25
2.4 Conduto com uma tomada intermediária .......................................................................... 34
2.5 Conduto com distribuição em marcha ou condutos com distribuição em percurso ou
condutos com serviço em trânsito .......................................................................................... 36
2.6 Condutos equivalentes ....................................................................................................... 44
2.6.1 Condutos em série ......................................................................................................... 44
2.6.2 Condutos em paralelo .................................................................................................... 46
2.7 Sifões ................................................................................................................................... 52
2.7.1 Funcionamento .............................................................................................................. 52
2.7.2 Condições de Funcionamento ........................................................................................ 53
2.7.3 Exercício de Aplicação ................................................................................................... 56
2.8 Reservatórios de Compensação ou Reservatório de Sobras .......................................... 60
2.9 Exercícios de Fixação ......................................................................................................... 64
UNIDADE 3 – BOMBAS HIDRÁULICAS ....................................................................................... 69
3.1 Introdução ........................................................................................................................... 69
3.2 Bombas hidráulicas ............................................................................................................ 69
3.2.1 Classificação das bombas hidráulicas ............................................................................ 70
3.3 Bombas................................................................................................................................ 70
3.3.1 Órgãos principais de uma bomba ................................................................................... 70
3.3.2 Classificação das Bombas ............................................................................................. 71
3.4 Altura Manométrica da Instalação ..................................................................................... 75
3.4.1 Primeira Expressão da Altura Manométrica (Hm) ............................................................ 75
3.4.2 Segunda Expressão da Altura Manométrica (Hm) ........................................................... 76
3.5 Escolha da Bomba e Potência Necessária ao seu Funcionamento ................................ 77
3.5.1 Vazão a ser recalcada (Q).............................................................................................. 77
3.5.2 Altura Manométrica de Instalação (Hm) .......................................................................... 77
2
3.5.3 Cálculo dos Diâmetros de Sucção e de Recalque .......................................................... 77
3.5.4 Potência Necessária ao Funcionamento da Bomba (Pot) .............................................. 79
3.5.5 Potência Instalada ou Potência do Motor (N) ................................................................. 80
3.6 Peças Especiais numa Instalação Típica de Bomba ........................................................ 80
3.6.1 Na linha de sucção ......................................................................................................... 80
3.6.2 Na linha de recalque ...................................................................................................... 81
3.7 Semelhança entre Bombas ................................................................................................ 83
3.7.1 Conceitos ....................................................................................................................... 83
3.7.2 Funcionamento de Bombas Semelhantes ...................................................................... 84
3.7.3 Velocidade Específica ou Coeficiente de Rotação Unitária (ns) ...................................... 85
3.8 Curvas Características das Bombas ................................................................................. 87
3.8.1 Caso de Bombas Centrífugas para n = cte ..................................................................... 87
3.8.2 Caso de Bombas Axiais para n = cte.............................................................................. 88
3.8.3 Caso de Bombas Diagonais ou Mistas para n = cte ....................................................... 88
3.8.4 Algumas conclusões tiradas das curvas características das Bombas Centrífugas e Axiais
................................................................................................................................................ 89
3.9 Curvas Características do Sistema ou da Tubulação ...................................................... 90
3.9.1 Tubulação Única (Curva Típica) ..................................................................................... 90
3.10 Estudo conjunto das curvas características da Bomba e do Sistema .......................... 92
3.11 Variação das Curvas Características das Bombas......................................................... 93
3.12 Variação da Rotação do Rotor (D = cte) .......................................................................... 94
3.13 Variação do Diâmetro do Rotor (n = cte) ......................................................................... 96
3.14 Associação de Bombas .................................................................................................... 97
3.14.1 Introdução .................................................................................................................... 97
3.14.2 Associação em Paralelo ............................................................................................... 97
3.14.3 Associação em Série.................................................................................................... 99
3.15 Rendimento Total ou Rendimento da Associação (η ηt) ................................................. 101
3.16 Cavitação – Altura de Instalação da Bomba ................................................................. 104
3.16.1 Introdução .................................................................................................................. 104
3.16.2 Pressão de Vapor....................................................................................................... 105
3.16.3 Ocorrência da Cavitação ............................................................................................ 105
3.16.4 Altura Máxima de Sucção das Bombas ...................................................................... 107
3.16.5 NPSH disponível na instalação e NPSH requerido pela bomba ................................. 110
3.16.6 Medidas destinadas a dificultar o aparecimento da cavitação pelo usuário ................ 112
UNIDADE 4 – ESCOAMENTO EM CANAIS SOB REGIME PERMANENTE E UNIFORME ........ 113
4.1 Conceito ............................................................................................................................ 113
4.2 Elementos geométricos da seção do canal .................................................................... 113
4.2.1 Seção transversal ........................................................................................................ 113
4.2.2 Seção longitudinal ........................................................................................................ 114
4.3 Classificação dos escoamentos ...................................................................................... 114
4.3.1 Em relação ao tempo (t) ............................................................................................... 114
4.3.2 Em relação ao espaço (L), para um mesmo tempo (t) .................................................. 115
4.3.3 Em relação ao número de Froude (Fr) .......................................................................... 115
4.3.4 Exemplos de regime de escoamento ........................................................................... 117
4.4 Escoamento em regime fluvial permanente e uniforme ................................................. 118
3
4.5 Equações utilizadas no dimensionamento de canais operando em regime permanente
e uniforme ............................................................................................................................... 120
4.5.1 Equações para o cálculo das seções transversais usuais ............................................ 121
4.5.2 Seções de máxima eficiência ....................................................................................... 122
4.6 Velocidades médias (V) aconselháveis e inclinações admissíveis para os taludes dos
canais ...................................................................................................................................... 124
4.7 Folga dos canais ............................................................................................................... 126
4.8 Velocidade máxima e vazão máxima em canais circulares ........................................... 127
4.9 Diagrama para canais circulares funcionando parcialmente cheios ............................ 130
4.9.1 Relação entre uma área molhada qualquer (A) e a área molhada a seção plena ou a
seção cheia (A0) .................................................................................................................... 130
4.9.2 Relação entre um raio hidráulico qualquer (R) e o raio hidráulico a seção plena (R0) .. 131
4.9.3 Relação entre uma velocidade qualquer (V) e a velocidade a seção plena (V0) ........... 131
4.9.4 Relação entre uma vazão qualquer (Q) e a vazão a seção plena (Q0) ......................... 131
4.9.5 Relação entre um perímetro molhado qualquer (P) e o perímetro molhado a seção plena
(P0)........................................................................................................................................ 131
4.10 Dimensionamento das seções dos canais .................................................................... 132
4.10.1 Seções circulares ....................................................................................................... 132
4.10.2 Seções trapezoidais e retangulares ........................................................................... 134
4.10.3 Seções triangulares.................................................................................................... 136
4.11 Exercícios de Aplicação ................................................................................................. 136
4.11.1 Quando se conhece as dimensões do canal .............................................................. 136
4.11.2 Quando se deseja conhecer as dimensões do canal.................................................. 140
4.12 Exercícios de Fixação ..................................................................................................... 146
UNIDADE 5 – VERTEDORES ...................................................................................................... 149
5.1 Conceito ............................................................................................................................ 149
5.2 Partes constituintes .......................................................................................................... 149
5.3 Classificação ..................................................................................................................... 149
5.3.1 Quanto à forma: ........................................................................................................... 149
5.3.2 Quanto à espessura (natureza) da parede (e) .............................................................. 149
5.3.3 Quanto ao comprimento da soleira (L) ......................................................................... 150
5.3.4 Quanto à inclinação da face de montante .................................................................... 151
5.3.5 Quanto à relação entre o nível da água a jusante (P’) e a altura do vertedor (P):......... 151
5.4 Equação geral da vazão para vertedores de parede delgada, descarga livre,
independentemente da forma geométrica ............................................................................ 152
5.4.1 Vertedor retangular de parede delgada em condições de descarga livre ..................... 155
5.4.2 Vertedor triangular de parede delgada em condições de descarga livre....................... 157
5.4.3 Vertedor trapezoidal de parede delgada em condições de descarga livre .................... 159
5.4.4 Vertedor retangular de parede espessa ....................................................................... 160
5.5 Instalação do vertedor e medida da carga hidráulica (H)............................................... 162
5.6 Exercícios de Fixação ....................................................................................................... 163
UNIDADE 6 – ORIFÍCIOS E BOCAIS EM PAREDES DE RESERVATÓRIOS............................. 166
6.1 Orifícios ............................................................................................................................. 166
6.1.1 Conceito ....................................................................................................................... 166
4
6.1.2 Finalidade .................................................................................................................... 166
6.1.3 Classificação ................................................................................................................ 166
6.1.4 Fórmula para cálculo da vazão .................................................................................... 170
6.2 Bocais ou Tubos Curtos ................................................................................................... 177
6.2.1 Conceito ....................................................................................................................... 177
6.2.2 Finalidade .................................................................................................................... 177
6.2.3 Classificação ................................................................................................................ 177
6.2.4 Fórmula para cálculo da vazão .................................................................................... 179
6.2.5 Escoamento com nível variável (esvaziamento de reservatórios de seção constante) . 181
6.2.6 Perda de carga em orifícios e bocais ........................................................................... 184
6.2.7 Determinação da velocidade real (V) usando o processo das coordenadas cartesianas
.............................................................................................................................................. 185
6.3 Exercícios de Fixação ....................................................................................................... 190
Apêndice 1. Condutos Forçados ............................................................................................... 194
Apêndice 2. Deduções das equações para o cálculo das grandezas geométricas das seções
dos canais ................................................................................................................................... 205
Apêndice 3. Condutos Livres: tabelas e figuras ....................................................................... 218
Apêndice 4. Vertedores, Orifícios e Bocais .............................................................................. 226
5
UNIDADE 1 – ENGENHARIA HIDRÁULICA
1.1 Introdução
Teoricamente, o termo “hidráulica” advém do grego hydor (água) e aulos (tubo, condução)
significando condução de água. Por definição, hidráulica é o estudo do equilíbrio e comportamento
da água e de outros líquidos, quer em repouso, quer em movimento.
Dessa forma, a Hidráulica se divide em Hidrostática, que estuda as condições de equilíbrio
dos líquidos em repouso, e Hidrodinâmica, que trata dos líquidos em movimento.
Quanto à aplicação dos conceitos, a hidráulica pode ser dividida em:
De acordo com Azevedo Netto et al. (1998), as áreas de atuação da Hidráulica Aplicada ou
Hidrotécnica são:
I) Urbana:
a. Sistemas de abastecimento de água;
b. Sistema de esgotamento sanitário;
c. Sistemas de drenagem pluvial;
d. Canais;
II) Agrícola:
a. Sistemas de drenagem;
b. Sistema de irrigação;
c. Sistemas de água potável e esgotos;
III) Instalações prediais:
a. Industriais;
b. Comerciais;
c. Residenciais;
d. Públicas;
IV) Lazer e paisagismo
V) Estradas (drenagem)
6
VI) Controle de Enchentes e Inundações;
VII) Geração de energia
VIII) Navegação e obras marítimas e fluviais
7
Assim, tendo em vista a necessidade absoluta da água, a história da Hidráulica remonta ao
início das primeiras sociedades urbanas organizadas, quando tornou-se necessário efetuar-se a
compatibilização da sua oferta e demanda. Na Mesopotâmia, por exemplo, existiam canais de
irrigação construídos na planície situada entre os rios Tigre e Eufrates e, em Nipur (Babilônia),
existiam coletores de esgoto desde 3750 a.C.
Importantes empreendimentos de irrigação também foram executados no Egito, 25 séculos
a.C., sob a orientação de Uni. Durante a XII dinastia, realizaram-se importantes obras hidráulicas,
inclusive o lago artificial Méris, destinado a regularizar as águas do baixo Nilo. O primeiro sistema
público de abastecimento de água de que se tem notícia, o arqueduto de Jerwan, foi construído na
Assíria, 691 a.C. Alguns princípios de Hidrostática foram enunciados por Arquimedes (287 – 212
a.C), no seu “Tratado Sobre Corpos Flutuantes”, 250 a.C.
No século XVI, a atenção dos filósofos voltou-se para os problemas encontrados nos
projetos de chafarizes e fontes monumentais, tão em moda na Itália. Assim foi que Leonardo da
Vinci (1452 – 1519) apercebeu-se da importância das observações nesse setor. Um novo tratado
publicado em 1586 por Simon Stevin (1548 – 1620), e as contribuições de Galileu Galilei (1564 –
1642), Evangelista Torricelli (1608 – 1647) e Daniel Bernoulli (1700 – 1783) constituíram a base
para o novo ramo científico.
Apenas do século XIX, com o desenvolvimento da produção de tubos de ferro fundido,
capazes de resistir a pressões internas relativamente elevadas, com o crescimento das cidades e a
importância cada vez maior dos serviços de abastecimento de água e, ainda, em consequência do
emprego de novas máquinas hidráulicas, é que a Hidráulica teve um progresso rápido e acentuado
(AZEVEDO et al., 1998).
O processamento de dados com o auxílio de computadores, além de abreviar cálculos, tem
contribuído na solução de problemas técnico-econômicos para o projeto e implantação de obras
hidráulicas, e propiciado a montagem de modelos de simulação que permitem prever e analisar
fenômenos dinâmicos até então impraticáveis de se proceder, ou feitos com tão significativas
simplificações, que comprometiam a confiabilidade (AZEVEDO et al., 1998).
8
desempenha um papel fundam
mental em diversas modalidades de enge
genharia, integrando-se
também em diversos outros camp
mpos profissionais.
Dentro do campo de trab
abalho do Engenheiro Civil, a Hidráulica enc
ncontra-se presente em
praticamente todos os tipos de
e empreendimentos que possuem a água como
co agente principal,
como, por exemplo, sistemas hi
hidráulicos de geração de energia, obras de infraestrutura, entre
outros.
Como exemplo de grand
nde empreendimento de geração de ener
ergia elétrica, a Usina
Hidrelétrica de Itaipu, localizada
a no
n Rio Paraná, no trecho de fronteira entre
re o Brasil e o Paraguai,
rca de 12.000 m3s-1 e equipada com 18 turb
com vazão média diária de cerc rbinas com capacidade
nominal de 12.870 MW, gerou 98.
98.287 GWh no ano de 2012 (Figura 1).
Figura 1. Usin
sina hidrelétrica de Itaipu – Fonte: Itaipu Binaciona
nal.
9
As obras de infraestruturas, tais como bueiros e pontes, além de portos, hidrovias e eclusas,
são empreendimentos importantes na área de Transportes, que necessitam dos conhecimentos de
Hidráulica.
11
UNIDADE 2 – ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS SOB REGIME
PERMANENTE
2.1 Conceitos
São aqueles nos quais o fluido escoa com uma pressão diferente da pressão atmosférica,
podendo ser maior, como em instalações de linhas de recalque, ou menor, como em instalações de
linhas de sucção, ambas pertencentes a projetos de instalações de bombeamento.
Os condutos forçados são geralmente circulares e de seção constante (L ≥ 4000D).
Fi = m a (1)
∂
V
Fv = Aµ (2)
∂y
Fv
=T (3)
A
em que:
Fi = força de inércia;
Fv = força de viscosidade dinâmica, F;
T = tensão de cisalhamento ou deformação, F.L-2;
µ = viscosidade absoluta, que é função da coesão entre as moléculas de fluido, M.L-1.T-1;
[µ] = ML-1T -1 = Fv ∂Z
=
F L
2 -1
= FL- 2 T (4)
A ∂V L LT
12
ρVD VD
Re y = = = L2 T -1 (8)
µ ν
µ
ν= (9)
ρ
em que:
ν = viscosidade cinemática, L-2.T-1;
ρ = massa específica, M.L-3;
L = comprimento característico, que pode ser o diâmetro (D) da tubulação ou o raio
hidráulico (Rh) no caso de outras formas geométricas.
2.1.3 Viscosidade
V
NEWTON ⇒ FV ∝ A
Y
V
FV = µA
Y
V dV
=
Y dY
∂
V
FV = µA
∂
Y
Como V é dado em função de outras grandezas além de Y, é mais exato do ponto de vista
conceitual usar derivadas parciais.
13
2.1.4 Rugosidade interna das paredes dos condutos
Sendo:
ε
Rugosidade relativa : relação entre ε e D.
D
Para o caso de seções retas circulares, Rey ≥ 4000. A força de inércia predomina sobre a
força de viscosidade.
c) Zona de transição ou zona crítica: região em que a perda de carga não pode ser determinada
com segurança. O regime de escoamento não é bem
definido (2000 < Rey < 4000).
14
Escoamento permanente: constância das características do escoamento no tempo, em uma
seção definida. Aquele em que as grandezas físicas de interesse não variam, com o decorrer do
tempo, em um ponto previamente escolhido, do fluido.
∂V ∂ρ ∂P
= 0; = 0; =0 (10)
∂t ∂t ∂t
Escoamento uniforme: quando não há mudança na magnitude e direção das grandezas físicas de
interesse ao longo do escoamento para um determinado tempo.
∂
V
=0 (11)
∂t
E = L2 T -2 = LT -1 = C (15)
ρ
Fi ρL4 T - 2 ρL2 T - 2
M= = = (16)
FE EL2 E
V2 V V
M= = = (17)
E E C
ρ ρ
em que:
P = pressão (kgf.m-2);
V = a velocidade média de escoamento (m.s-1); e
C = velocidade do som no fluido (celeridade), sendo C = 1425 m.s-1, quando o fluido é a
água e C = 340 m.s-1, quando o fluido é o ar.
15
Para M ≤ 0,3 (o que significa uma variação de 2% na densidade), o escoamento pode ser
considerado incompressível.
2.3.1 Conceito
2.3.2 Classificação
Na prática as tubulações não são constituídas apenas por tubos retilíneos e de mesmo
diâmetro. Há também as pecas especiais como: curvas, joelhos ou cotovelos, registros, válvulas,
reduções, ampliações etc, responsáveis por novas perdas.
As perdas se classificam em:
a) Perda de carga contínua ou distribuída ou perda por atrito (hf): ocasionada pela resistência
oferecida ao escoamento do fluido ao longo da tubulação. A experiência demonstra que ela é
diretamente proporcional ao comprimento da tubulação de diâmetro constante.
b) Perda de carga acidental ou localizada ou singular (ha): ocorre todas as vezes que houver
mudança no valor da velocidade e/ou direção da velocidade (módulo e direção da velocidade).
ht = hf + ha (18)
16
2.3.3 Perda de carga contínua em condutos de seção constante em regime permanente e
uniforme e escoamento incompressível
Existem muitas fórmulas para o calculo da perda de carga contínua. Neste curso serão
abordadas apenas as mais difundidas, ou seja:
a) Fórmula racional ou universal;
b) Fórmula de Hazan – Willians;
c) Fórmula de Flamant;
d) Fórmula de Fair – Whipple – Hisiao;
e) Fórmula para tubos de PVC;
f) Fórmula de Darcy – Weisbach.
A fórmula racional ou universal (Equação 19) pode ser utilizada para qualquer tipo de fluido
e é valida para qualquer regime de escoamento, sendo laminar ou turbulento.
L V2
hf = f (19)
D 2g
em que:
hf = perda de carga contínua (L);
f = fator de atrito;
L = comprimento retilíneo de tubulação (L);
D = diâmetro da tubulação (L);
V = velocidade de escoamento (L.T-1); e
g = aceleração da gravidade (L.T-2)
hf 1 V2
=J=f (20)
L D 2g
em que:
17
J = perda de carga unitária (L.L-1), ou seja, a perda de carga que ocorre em um metro de
tubulação.
Por exemplo: para o valor de perda de carga unitária (J) igual a 0,0052 m.m-1 significa que
em um metro de tubulação ocorreu uma perda de carga (hf) de 0,0052 m.
A perda de carga unitária pode ser definida como a tangente do ângulo de inclinação da
linha piezométrica, quando a tubulação for horizontal e de seção constante, como mostra a Figura
3.
hf
tgθ = =J (21)
L
A maior dificuldade no uso da fórmula universal para o cálculo da perda de carga consiste
no conhecimento do valor do coeficiente de atrito f.
18
32,5D
β= (22)
Re y f
em que:
β = espessura da película laminar.
Nota-se que quanto maior o valor do número de Reynolds (Rey), menor é a espessura da
película laminar.
Relacionando-se o valor de β com a rugosidade absoluta (ε) pode-se dizer que: se β for
suficiente para cobrir as asperezas ε, o escoamento é dito turbulento de parede lisa (Figura 4); se
β for da ordem de grandeza de ε, o escoamento passa a ser chamado de turbulento de parede
intermediária ou turbulento de transição (Figura 5); e caso β seja menor que ε, o escoamento é
dito turbulento de parede rugosa ou francamente turbulento (Figura 6).
Figura 5. Detalhe da parede de rugosidade intermediária (ε/6 <β < 4ε) de uma tubulação. Sendo f = f2 (Rey,
ε/D).
19
Figura 6. Detalhe da parede rugosa ( β ≤ 4ε) de uma tubulação. Sendo f = f3 (ε/D).
É interessante ter em mente que β decresce com o aumento do valor de Rey. Por isso, um
tubo pode-se comportar como liso para um fluido e rugoso para outro.
Ainda para um mesmo fluido, um tubo pode se comportar como liso nas baixas velocidades
e rugoso nas altas velocidades.
2.3.3.1.2 Determinação do coeficiente de atrito (f) da fórmula universal para condutos comerciais
Figura 7. Gráfico de valores do coeficiente de atrito (f) em função do número de Reynolds (Rey) e da
rugosidade relativa (Ɛ/D).
20
No gráfico apresentado na Figura 7 pode-se identificar três regiões distintas:
64
f= (23)
Re y
Região II, III, IV: regiões de escoamento turbulento (Rey ≥ 4000), sendo o valor de f calculado por:
1 ε/D 2,51
= −2 log +
(24)
f 3,71 Re y f
A equação (24) foi obtida por Colebrook e White através da aplicação da teoria da
turbulência e comprovada por experimentação.
Região II: região de escoamento turbulento de parede lisa, em que f = f(Rey) e independente de
ε/D. Portanto pode-se usar na expressão de Colebrook e White, desprezando-se o primeiro termo
entre parênteses. Desta forma:
1 2,51
= -2 log = −2 log 2,51 + 2 log(Re y f )
f Re y f
1
= 2 log(Re y f ) − 0,8 (25a)
f
ε
Região III: região de escoamento turbulento de parede intermediária, em que f = f(Re y, ) . Para
D
esta situação, a fórmula de Colebrook e White representada na equação (24) deve ser utilizada e é
ε
válida para 14 < Re y f < 200.
D
21
Região IV: região de escoamento de parede rugosa ou de escoamento francamente turbulento em
que f = f(ε/D) e independente de Rey. Portanto pode-se usar a expressão de Colebrook e White
(equação 24), desprezando-se o segundo termo entre parênteses. Com efeito:
1 ε/D ε
= -2 log( ) = - 2log + 2 log 3,71
f 3,71 D
1 ε
= - 2log + 1,1387 (25b)
f D
1,825
LQ
h f = 10,646. 4,87 . (26)
D C
em que:
hf = perda de carga contínua, m;
L = comprimento retilíneo de tubulação, m;
D = diâmetro, m;
Q = vazão, m3 s-1; e
22
C = coeficiente de Hazen-Willians, que depende da natureza (material e estado de
conservação) das paredes dos tubos e está intimamente relacionado com ε/D e
independente de Rey para D ≥ 50 mm (Tabela 1D do Apêndice 1).
L
h f = 6,11.b. 4, 75
.Q1,75 (27)
D
em que:
hf = perda de carga contínua, m;
L = comprimento retilíneo de tubulação, m;
D = diâmetro, m;
Q = vazão, m3 s-1;
b = coeficiente de Flamant.
23
2.3.3.4 Fórmulas de Fair-Whipple-Hisiao (recomendadas pela ABNT)
As fórmulas indicadas pela ABNT são apresentadas a seguir de acordo com o tipo de
material do tubo.
2.3.3.4.1 Para tubos de aço ou ferro galvanizado conduzindo água em condições normais (20°C)
em que:
Q = vazão, m3s-1;
D = diâmetro, m; e
J = perda de carga unitária, m.m-1;
24
A equação (31) é usada para água à temperatura ambiente.
L V2
hf = f (33)
D 2g
em que:
f = coeficiente de atrito tabelado para tubos de concreto, ferro fundido e aço de diâmetros
acima de 13 mm (1/2”), conduzindo água fria.
25
Se a velocidade for menor que 1 m.s-1 e o número de peças for pequeno, as perdas
acidentais podem ser desprezadas. Também podem ser desprezadas quando o comprimento for
maior ou igual a 4000 vezes o seu diâmetro. No caso de trabalhos de pesquisa, elas devem ser
sempre consideradas.
26
2.3.4.2 Método dos diâmetros equivalentes
Nesse caso, o comprimento virtual (LV) de casa peça especial é calculado a partir da
equação (34).
LV = n.D (34)
em que:
n = número de diâmetros tabelado em função do tipo de peca especial (Tabela 1F do
Apêndice 1), adimensional; e
D = diâmetro da peça especial, m.
A perda de carga acidental é novamente calculada por uma das fórmulas de perda de carga
contínua.
Exercícios de Aplicação
1. A tubulação da figura abaixo é de PVC e tem diâmetro de 200 mm. Determinar a vazão,
adotando f = 0,024.
Solução:
27
P0 V0 2 P V 2
+ + Z 0 = 4 + 4 + Z 4 + h f ( 0- 4 ) + h a ( 0- 4 )
γ 2g γ 2g
V4 2 L V V4 2
0 + 0 + 30,5 = 0 + + 21,0 + f
2g D 2g
V4 2 L
9,5 = (1 + f V )
2g D
Desta forma:
V4 2 140,5
9,5 = (1 + 0,024 )
2g 0,200
V4 = 3,23 m.s-1
πD 2 π0,2 2
Q= V= .3,23 = 0,102 m3s-1= 102 L.s-1
4 4
28
2
Vth
30,5 = + 21
2g
πD 2 π0,2 2
Q th = Vth = .13,65
4 4
29
P0 V0 2 P V2
+ + Z 0 = 4 + 1 + Z1 + h f (0-1)
γ 2g γ 2g
0 + 0 + H = 0 + 0 + 0 + h f ( 0-1)
H = h f (0-1)
1 / 0,54
4.0,25
J = = 1,39.10 -3 m.m-1
0,355.π.120.0,6 2,63
Considerando obstrução:
1 / 0,54
4.0,18
J = = 7,56.10 -4 m.m-1
0,355.π.120.0,6 2,63
30
OBS:
• o estudante deverá fazer este problema usando as demais fórmulas para avaliar a diferença
nos resultados; e
• a energia disponível (H) passou de 1,807 m para 0,983 m.
3. Uma canalização de tubos de ferro fundido novo (ε = 0,26 mm) com diâmetro de 250 mm é
alimentada por um reservatório cujo nível da água situa-se na cota de 1920 m. Calcular a vazão
e a pressão no ponto E de cota 1750 m, distante 1500 m do reservatório, sabendo-se que a
descarga se faz livremente na cota 1720 m. Use a fórmula Universal e de Hazen-Willians.
Dados:
L1 = 1500 m
L2 = 1000 m
D = 0,250 m
f = 0,03
Q=?
PE = ?
L = L1 + L2
Solução:
P0 V0 2 P1 V12
+ + z0 = + + z1 + h f (0−1)
γ 2g γ 2g
V2 L V2
0 + 0 + 1920 = 0 + + 1720 + f
2g D 2g
V 2 2500.0,03
200 = 1 +
2g 0,250
31
V2
200 = (301)
2g
200.2.9,81
V2 = ⇒ V = 3,61 m / s
301
Desta forma:
π D2 π x 0,25 2
Q= V= x 3,61
4 4
Q = 0,177 m3s-1 = 177 L.s-1
P0 V0 2 PE VE 2
+ + z0 = + + z E + h f ( 0− E )
γ 2g γ 2g
PE
= 49,78 m.c.a
γ
V2
200 = + h f (0 − 1) (35)
2g
Do Apêndice 1: C = 130
32
V = 0,355 x 130 x 0,250,63 J0,54
1
V 0,54 V1,852
J= ≅
0,355 x 130 x 0,25 0,63 240
2500 V1,852
hf = J L = = 10,43 V1,852 (36)
240
V2
200 = + 10,43 V1,852 (37)
2g
V2
Fazendo a primeira aproximação = 0 encontra-se V = 4,93 m.s-1, que substituída na
2g
equação (37), fica:
Adotando V = 4,92 m.s-1, e substituindo novamente na equação (37), tem-se 200 ≅ 200,80
então a igualdade foi atingida.
π x 0,25 2
Q= x 4,92 = 0,241 m3.s-1 = 441 L.s-1
4
33
2.4 Conduto com uma tomada intermediária
Se q = 0, ou seja, para a situação em que não há sangria, a perda de carga total seria
(desprezando as perdas acidentais e V2/2g na saída):
L V2
hf = f
D 2g
4Q
V=
π D2
Logo:
L 16 Q 2 Q2 Q2
hf = =K L=K (L1 + L 2 ) (39)
D2g π 2 D 4 D5 D5
em que:
16 f
K=
π 2 . 2g
34
No entanto, para q ≠ 0, tem-se:
(Q a + q )2
h f1 = K L1 (40)
D5
Qa 2
h f2 = K L2 (41)
D5
Q2 (Q a + q )2 Qa 2
K (L1 + L 2 ) = K L1 + k L2
D5 D5 D5
2q L1 L1
Qa 2 + Qa + q 2 − Q2 = 0
L1 + L 2 L1 + L 2
2 q L1 4 q 2 L1 2 L
− + − 4 q2 1 + 4 Q2
L1 + L 2 L2 L
Qa =
2
2
2 q L1 2 2 L1 L
Qa = − + q + Q2 − q2 1
2L 2 L L
2
L L L
Q a = −q 1 + q 2 1 + Q 2 − q 2 1 (42)
L L L
35
2.5 Conduto com distribuição em marcha ou condutos com distribuição em percurso
ou condutos com serviço em trânsito
Seja o conduto indicado na Figura 10, no qual o escoamento se faz com vazão variável e
diâmetro da tubulação constante. Consideremos um trecho de comprimento elementar dx, distante
x da seção inicial. Nesse comprimento elementar dx, pode-se considerar a vazão constante, de
forma que a perda de carga elementar (em dx) pode ser calculada por:
2
dx V 2 dx 16 Q ( x )
d hf = f =f = K Q ( x ) 2 dx (43)
D 2g D π 2 D 2 2g
É bom salientar que a vazão (Q) é constante no trecho elementar dx, mas é uma função de
x, logo, Q = f(x), ao longo do comprimento da tubulação (L).
L
h f = K ∫ Q 2 ( x ) dx (44)
0
36
Na prática o que se faz é admitir uma distribuição de vazão linear ao longo do conduto, ou
seja: a vazão qm se distribui uniformemente em cada metro linear do tubo.
Observando a Figura 10, temos no trecho elementar dx:
Q(x) = QM – qm x (45)
ou
Q(x) = QJ + (L – x) qm (46)
QM − Q j = q mL (47)
L L
hf = k ∫
0
(QM – qmX)2 dx = K ∫ (QM2 – 2 QM qmX + qm2x2) dx
0
L
x2 3
2 x
2
h f = K QM x − 2 QM qm + qm
2 3
0
2
2 L
2 2
hf = K QM L − QM qm L + qm
3
L2
h f = K L Q M 2 − Q M q m L + q m 2 (48)
3
2 L2 2 L
2
Se substituirmos qm por qm , o erro relativo (e) será:
3 4
e = qm 2L
2
− qm 2L
2
= qm
( 2
2 4L − 3L
2
) = q m 2 L2
3 3 12 12
37
em compensação transformamos a expressão dentro do colchete em um trinômio quadrado
perfeito. Então:
2
2 L L
2
2
hf = K L QM − QM qm L + qm = K L Q M − q m (49)
4 2
OBS.:
q m 2 L2 q m 2 L2
• quando se faz = está se introduzindo uma diminuição em hf; e
3 4
• quando se admite qm constante ao longo da tubulação está se introduzindo um acréscimo
em hf, ou seja, uma observação “compensa” a outra.
2 2
Q − QJ 2 QM − QM + QJ
hf = K L QM − M =KL
2 2
2
Q + QJ
hf = K L M (50)
2
QM + QJ
Fazendo: = Qf
2
em que:
Qf = vazão fictícia, m3s-1.
E ainda:
16 f 8f
K= =
2 5
π 2g D π g D5
2
38
16 L 8f L
hf = f Qf 2 = Qf 2
2 5 2 5
π .2g D π .g D
Tudo se passa como se a tubulação transportasse uma vazão constante (Qf), que é a média
aritmética das vazões de montante e jusante. Basta, portanto nesse tipo de problema, trabalhar
com Qf e qualquer uma das fórmulas de perda de carga contínua já vistas para escoamento
permanente.
39
Exercícios de Aplicação:
Solução:
P1 V12 PB VB 2
+ + z1 = + + z B + h f (1 − B)
γ 2g γ 2g
VB 2
0 + 0 + 320 = 55 + + 260 + h f (1 − B)
2g
VB2
Sendo desprezível, tem-se:
2g
h f (1 − B) = 5 m.c.a.
Diâmetro do trecho AB
40
h f (1 − B) = 5 m.c.a
h 5
h f (1 B) = J1 L1 J1 = f = m.m-1
L1 850
0,54
5
V1 = 0,355 C D10,63 J10,54 = 0,355 x 100 x D10,63
850
0,54
π D12 π D12 5
Q1 = V1 = 0,355 x 100 x D10,63
4 4 850
0,54
π 5
0,025 = x 0,355 x 100 x D12,63
4 850
∴ D1 = (1,44 x 10 2 )2,64
1
2,63 2
D1 = 1,44 x 10
D1 ≅ 0,200m ≅ 200mm
V 2
2
V
Como V1 = 0,80 L.s , logo, B =0,032 m, isto significa que B pode ser desprezado.
-1
2g 2g
Diâmetro do trecho EF
PE VE 2 P V 2
+ + z E = 2 + 2 + z 2 + h f ( E 2)
γ 2g γ 2g
VE 2 V 2
= 2 =0
2g 2g
57 + 0 + 250 = 0 + 0 + 300 + h f ( E − 2)
h f ( E − 2) = 7 m
Q3 = 0,005 m3 s-1
41
h f ( E − 2) 7
J3 = = m.m-1
L3 815
π
Q3 = 0,355 C D 3 2,63 J 3 0,54 = 0,005
4
4 x 0,005
D 3 2,63 = = 2,342 x 10 −3
0,54
7
π x 0,355 x 100 x
815
D3 ≅ 0,100 m ≅ 100 mm
Diâmetro do trecho BE
PB VB 2 PE VE 2
+ + zB = + + z E + h f (B − E)
γ 2g γ 2g
VB 2 V 2
= E =0
2g 2g
55 + 260 = 57 + 250 + h f ( B − E )
h f ( B − E ) = 8 m.c.a.
Q M + Q J Q1 + Q 3 25 + 5
Qf = = = = 15 l L.s-1 = 0,015 m3 s-1
2 2 2
h f (B - E) 8
J2 = = m.m-1
L2 870
0,54
π 8
Q f = 0,015 = x 0,355 x 100 x D 2 2,63 x
4 870
D2 ≅ 0,150 m ≅ 150 mm
42
b) O trecho de uma tubulação com serviço em trânsito mede 100 m. A vazão fictícia é 4 L.s-1.
Solução:
L = 100 m
Qf = 4 L.s-1
QJ = 3 L.s-1
qm = ?
QM + QJ
Qf =
2
QM = QJ + qm L
QM + 3
4= ⇒ QM = 5 L.s-1
2
5 = 3 + 100 qm
2
qm = qm = 0,02 L.s-1.m-1
100
43
2.6 Condutos equivalentes
Um conduto é equivalente
nte a outro ou a outros quando transporta a mesma vazão, com a
mesma perda de carga total.
Devem-se considerar dois
is casos:
Figu
igura 11. Esquema de condutos em série.
Desprezando-se as perda
rdas de carga acidentais, a linha de carga piezométrica
p pode ser
representada como apresentado
do na Figura 11. Desta forma, quanto menor
nor o diâmetro, maior a
perda de carga (para uma mesma
ma Q) e maior também a inclinação da linha piezométrica.
pi
O problema consiste em
m substituir a tubulação na Figura 11 por uma
um equivalente, de um
único diâmetro, ou seja:
44
Figura 12. Esquema de conduto equivalente.
Utilizando-se da fórmula universal de perda de carga, pode-se escrever:
L1 V12 L1 16 Q 2 16 Q 2 L L
h f1 = f1 = f1 = f1 1 = K f1 1 (51)
4 2 5
D1 2g D1 π D1 2g π . 2q D1
2
D15
L2
h f2 = K f 2 (52)
D 25
L3
h f3 K f 3 (53)
5
D3
L
hf = K f (54)
D5
Sendo que:
h f = h f1 + h f 2 + h f 3 (55)
L L1 L2 L3
Kf = K f1 + K f2 + K f3
5
D D15 D2 5
D 35
ou generalizando:
L L1 L2 L3 Ln
f = f1 + f2 + f3 + ... + f n (56)
D5 D15 D 25 D 35 Dn 5
45
L L1 L2 Ln
= + + ... + (57)
C1,85 D 4,87 C11,85 D14,87 C 21,85 D 2 4,87 C n 1,85 D n 4,87
L V2 L 16 Q 2 L Q2
hf = f =f = K1f
D 2g D π 2 D 4 2g D5
h D5 hf D5
Q2 = f ⇒ Q= (58)
L K1f K1 fL
hf D15
Q1 = (59)
K1 f1 D1
hf D 25
Q2 = (60)
K2 f2 D2
Como:
Q = Q1 + Q2 (61)
46
Substituindo as equações (58), (59), (60) em (61), tem-se:
D5 D15 D 25
= + (62)
fL f1 L1 f2 L2
Exercício de Aplicação:
a) Na figura a seguir pA = 7,4 kgf.m-2 e para todos os tubos f = 0,03. Qual a pressão em B,
desprezando-se as perdas localizadas ou acidentais?
Solução:
-1 -1
Q = 500 L.s D, L, Q = 500 L.s
f=0,03
A B
47
Tubulação substitutiva das duas anteriores
D5 D15 D 25
= +
f L f1 L1 f2 L2
f = f1 f2
D5 0,300 5 0,500 5
= + = 8,245 x 10–3
L 600 475
D5 = 6,8 x 10–5 L
Nesse caso devemos admitir um valor ou para L ou para D; admitindo para D = 400 mm
(poderia ser outro valor), vem:
L =150 m
150 4 2.0,5 2
h f = 0,03 = 9,08 m
0,400 π 2 0,400 4 2g
pB = 64,92 m
Se admitíssemos:
D = 500 mm
L ~ 460 m
460 4 2 0,500 2
h f = 0,03
0,500 π 2 0,5 4 x 2g
hf = 9,1 m
pB = pA – h f A − B = 64,90 m
48
b) Sendo de 1,20 m.s-1 a velocidade no trecho de comprimento L1 do sistema de tubulações da
figura a seguir, determinar a diferença de nível H (C = 120).
Como: C = C1 = C2
49
Para os trechos L4 e L5:
L
=2 L = 1220 m para D = 0,450 m
610
H = hf = J L
Para L1:
50
1,20 = 0,355 x 120 x 0,2000,63 J10,54
J1 = 8,8 x 10–3 m.m-1
Para L2:
h f 2 = h f1 = J2 L2
2,684
J2 = = 8,8 x 10–3 m.m-1
305
π x 0,2 2 π x 0,3 2
Q= x 1,20 + x 1,549
4 4
Q = 0,147 m3/s
4Q 4 x 0,147
V= = = 0,925 m.s-1
2 2
πD π x 0,45
H ≅ 5,90 m
51
2.7 Sifões
Sifões são condutos forçados em que parte da tubulação se acha situada acima do nível da
água do reservatório (acima do plano de carga efetivo) que os alimentam, de modo que o líquido é
elevado acima daquele nível e depois é descarregado em ponto mais baixo que o mesmo (do que
o nível).
2.7.1 Funcionamento
Para o sifão entrar em funcionamento, deve estar escorvado, ou seja: todo o ar existente
deve ser eliminado. Isto se faz enchendo o mesmo com o líquido a ser sifonado, por exemplo. Uma
vez escorvado o sifão, a pressão atmosférica faz o líquido subir no ramo ascendente (já que a
pressão aí é menor do que Patm); assim se estabelece um regime permanente de escoamento.
Em que:
52
• A – Boca de entrada;
• C – Boca de saída;
• B – Vértice;
• Coroamento – curva superior a B;
• Crista – curva inferior a B;
• AB – ramo ascendente (L1);
• BC – ramo descendente (L2).
Observação: naquelas seções onde se faz referência à pressão de vaporização (PV) do líquido,
trabalha-se com as pressões na equação de Bernoulli (ou da energia) em valores absolutos, tendo
em vista que a PV é tabelada em valores absolutos.
São estabelecidas pela equação da energia e despreza-se ha. Aqui aplica-se o conceito de
pressão absoluta.
1a condição:
Aplicando-se a equação da energia entre (0) e (C) com referência em C, tem-se (para fazer
referência a H):
2 2
P 0 + v 0 + = PC + v C + z + h
z0
γ 2g γ 2g C f(0−C)
2
Patm + 0 + H = Patm + v + 0 + h
γ γ 2g f (0−C)
(
v = 2g H − hf (0−C) )
Isto leva à conclusão de que, devendo a velocidade ser positiva, H deverá ser maior que
zero (e necessariamente maior que hf) devendo estar portanto a boca de saída abaixo do plano de
carga piezométrico.
O esquema seguinte exemplifica a primeira condição de funcionamento.
53
a
Figura 15. 1 condição de funcionamento.
2a condição:
Aplicando-se a equação da energia entre (0) e (B); com referência no plano de carga efetivo
(para fazer referência à H1).
2 2
P0 + v 0 + = PB + vB + +
z0 zB hf (0−B)
γ 2g γ 2g
ab 2
Patm + 0 + 0 = PB + v + +
H1 hf(0−B)
γ γ 2g
2 ab
v = Patm − PB + +
H1 hf(0−B)
2g γ γ
ab
v = 2g Patm − PB + H1 + hf (0−B)
γ γ
ab
Patm − PB + H + h >0
γ γ 1 f(0−B)
54
ab
Patm > PB + H + h
γ γ 1 f (0−B)
ab
H1 < Patm − PB + hf(0−B)
γ γ
Patm γ = 10,33mca ,
H1 < 10,33 mca − hf (0−B) .
Este seria o máximo valor de H1; entretanto, raramente atinge 6m (para a água) porque
acima desse valor a pressão no vértice favorece o desprendimento de bolhas de ar e vapor que se
acumulam no ápice (ponto de menor pressão) dificultando ou interrompendo o funcionamento do
ab
sifão. Aliado a isso, ainda deve-se ter em mente que Patm < 10,33mca . Na realidade PB deve ser
γ λ
maior ou igual a pressão de vapor do líquido na temperatura de escoamento (Tabela 1H do
Apêndice 1).
ab
O máximo valor de H1 é atingido quando PB = Pv , à temperatura de escoamento do líquido.
γ γ
3a condição:
Aplicando a equação da energia entre (B) e (C) com referência em C e trabalhando com o
conceito de pressão absoluta, tem-se:
2 2
PB + vB + = PC + v C + +
zB z C hf (B−C)
γ 2g γ 2g
Considerando vB = v C = v :
ab 2 2
PB + v + H = Patm + v + 0 + h
γ 2g 2 γ 2g f (B−C)
55
ab
H2 = Patm + hf (B−C) − PB
γ γ
Se:
ab
• PB = 0 (vácuo perfeito); e
γ
H2 = 10,33 + hf (B−C)
ab
Na prática H2 não ultrapassa 8 a 9 m já que PB ≥ P V do líquido e Patm < 10,33mca .
γ γ γ
a) O N.A. de um reservatório deve ser regulado por uma bateria de sifões que deverá
descarregar 111 m3/s. Cada sifão tem D = 1,10m e CQ = 0,64. Se o desnível entre a água no
reservatório e a boca de saída for de 7,5m, quantos sifões deverão ser usados?
Solução:
56
Obs.: não foi dada a perda de carga mas foi dado CQ para corrigi-la.
v th = 12,13m s
sendo:
πD 2
2 3
Q = 0,64 * 1,1 * 12,13 = 7,37 m
4 s
111
número de sifões = n = ≈ 15 sifões
7,37
57
Solução:
L1 = 5 m
D = 350 mm
f = 0,02
v = 5 m/s
L2 = 20 m
2 2 2 2
P1 + v1 = P2 + v 2 + h +1,4 v + f. L . v
γ 2g γ 2g 2g D 2g
2 2 2 2
P1 + v1 = P2 + v 2 + h +1,4 v + 0,02. 5 . v
γ 2g γ 2g 2g 0,35 2g
2
Patm = PV + h + 2,685 v
γ γ 2g
58
Como:
Tem-se:
25
8,2 = 1,255 + h + 2,685.
2g
h = 3,52 m
2 2
P 2 + v 2 + z = P3 + v 3 + z + h
γ 2g 2 γ 2g 3 f(2−3)
P2 + z = z + h
γ 2 3 f(2−3)
P2 Patm
+ + z 2 = Patm + z 3 + hf (2−3)
γ γ γ
ab
P2 + z = Patm + z + h
γ 2 3
γ f (2−3)
ab
fazendo P2 = P V (para obtenção do máximo valor de H):
γ γ
P V + z = Patm + z + h
γ 2 3
γ f (2−3)
L2 v 2
( )
1,255 + h + H = 8,20 + 0 + f
D 2g
20 52
1,255 + 3,52 + H = 8,20 + 0,02
0,35 2.9,81
H = 4,88 m
59
2.8 Reservatórios de Compensação ou Reservatório de Sobras
Em certas horas do dia o consumo de água no meio urbano pode crescer a tal ponto até
alcançar de duas ou mais vezes o consumo médio diário. Para atender as horas de máxima
demanda, o diâmetro R1A ser determinado em função dessas condições. Todavia essa solução
não é econômica, pois o trecho R1A, geralmente longo, teria diâmetro muito grande e na maior
parte do dia a solicitação é pequena. Utilizando o reservatório de sobras, pode ser calculado um
diâmetro menor no trecho R1A tendo em vista que nas horas de menor consumo, R1 contribui com
R2 e nas horas de maior consumo R2 contribui juntamente com R1 para atender a maior demanda.
Em geral, o reservatório R2 é pequeno e o trecho de tubulação R2A também é curto e de diâmetro
pequeno, o que torna mais econômico o investimento.
Este sistema também é muito utilizado para solucionar problemas de crescimento
populacional acima do previsto.
Outra vantagem que pode ser acrescentada é o seu funcionamento automático.
Sejam dois reservatórios, R1 (principal) e R2 (sobras) interligados entre si, cujos níveis,
mantidos constantes, tem uma diferença de cotas h.
As situações possíveis são as seguintes, desprezando-se as perdas de carga acidentais e
as variações de energia cinética:
60
• Não existe solicitação em A:
h
J= (aplicação da eq. da energia entre (1) e (2))
L1 + L 2
0,2
16f Q2
D = 2
π 2g h
(
L1 + L 2
) (usando a fórmula universal)
0,5
π 2 2g 5 h
Q = D (usando a fórmula universal)
16f L1 + L 2
• Existe solicitação em A:
Então Qn > 0 e a linha piezométrica deixará de ser representada por MBN porque a pressão
agora será menor no ponto A.
A medida que a vazão solicitada for aumentando, a pressão irá caindo em A. Ainda assim o
reservatório de sobras continuará recebendo água de R1, embora com vazões menores, até que a
pressão em A seja igual a AC e a linha piezométrica, MCN. Nessa situação, o reservatório de
sobras não recebe água de R1, então a perda de carga (J1), e a vazão solicitada (Qn = Q1) serão
dadas por:
h
J1 = (desprezando a carga cinética em A, considerando-se que seja pequena)
L1
0,5
π 2 .2g 5 h
Q1 = .D . (usando a fórmula universal)
16f L1
Daí para a frente, se a vazão solicitada for maior que Q1, a pressão em A será menor que
AC e a linha piezométrica ficará abaixo da MCN (digamos MEN). Para situações como estas é que
funciona o reservatório de sobras, contribuindo com o reservatório principal na alimentação da rede
de distribuição de água.
61
A perda de carga (J) e a vazão solicitada (Qn), serão dados por (chamando AE = y), com a
aplicação da equação da energia entre R1 e A e, após, entre R2 e A, com referência em A. Assim,
as equações geradas são:
P1 v12 P v2
+ + z1 = A + A + z A + hf (1−A) (64)
γ 2g γ 2g
P2 v 22 PA v 2A
+ +z = + +z +h (65)
γ 2g 2 γ 2g A f(2−A)
como:
z1 = h + EC + y
PA
=y
γ
zA = 0
z 2 = EC + y
P1 P2
= =0
γ γ
v12 v 22
= =0
2g 2g
v 2A
≅ 0 (para efeito de simplificação e, por ser pequeno), tem-se, substituindo estes valores
2g
em (64) e (65):
h + EC + y = y + h h
f (1−A) f(1−A) = h + EC
⇒
EC + y = y + hf (2−A) hf (2−A) = EC
h + EC EC
j(1−A) = e j(2−A) =
L1 L2
1 1
2g.π 2 h + EC 2 2g.π 2 5 EC 2
Qn = .D5 . + .D . ou
16f L1 16f L 2
1 1 1
2g.π 2 5 2 h + EC 2 EC 2
Qn = .D . +
16f L1 L 2
62
Note que:
a) h + EC = Cota de R1 – cota de E
EC = Cota de R2 – cota de E
b) A vazão máxima na derivação se obtém quando a pressão em A for nula, sendo as linhas
piezométricas: MA e NA. Todavia, é recomendável que a pressão em A seja de pelo menos
5 mca para evitar eventuais entradas de ar e poluentes na junção em A.
63
2.9 Exercícios de Fixação
1) Determine o diâmetro de uma adutora, por gravidade, de 850 m de comprimento, ligando dois
reservatórios mantidos em níveis constantes, com diferença de cotas de 17,5 m, para transportar
uma vazão de água (Ʋ = 1,01 x 10-6 m2/s) de 30 L/s. Material da tubulação, aço galvanizado com
costura novo, Ɛ = 0,15 mm.
2) Em uma adutora de 150 mm de diâmetro, em aço soldado novo Ɛ = 0,10 mm, enterrada, está
ocorrendo um vazamento. Um ensaio de campo para levantamento de vazão e pressão foi feito em
dois pontos, A e B, distanciados em 500 m. No ponto A, a cota piezométrica é de 657,58 m e a
vazão, de 38,88 L/s, e no ponto B, 643,43 m e 31,81 L/s. A que distância do ponto A deverá estar
localizado o vazamento? Repita o cálculo usando a fórmula de Hazen-Willians.
3) A ligação entre dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, é feita por duas tubulações
em paralelo. A primeira com 1500 m de comprimento, 300 mm de diâmetro, com fator de atrito f =
0,032, transporta uma vazão de 0,056 m3/s de água. Determine a vazão transportada pela segunda
tubulação, com 3000 m de comprimento, 600 mm de diâmetro, e fator de atrito f = 0,024.
4) Dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, são interligados em linha reta através de uma
tubulação de 10 m de comprimento e diâmetro D = 50 mm, de PVC rígido, como mostra o esquema
da figura abaixo. Admitindo que a única perda de carga localizada seja devido à presença de um
registro de gaveta parcialmente fechado, cujo comprimento equivalente é Le = 20,0 m, e usando a
equação de Hazen-Willians, adotando C = 145, determine a vazão na canalização supondo que o
registro esteja colocado no ponto A.
64
5) Em um ensaio de perda de carga de uma luva de redução de 2” x 1 ½”, o comprimento
equivalente da peça, em relação ao tubo de menor diâmetro (1 ½”), foi determinado igual a 0,38 m.
Assumindo, por simplificação, que o coeficiente de atrito f para os dois tubos seja o mesmo,
determine o comprimento equivalente da luva em relação ao diâmetro de montante (2”).
6) Sabendo-se que as cargas de pressão disponíveis em A e B são iguais e que a diferença entre
as cargas de pressão em A e D é igual a 0,9 mca, determine o comprimento equivalente do registro
colocado na tubulação de diâmetro único, assentada com uma inclinação de 2° em relação a
horizontal, conforme a figura abaixo.
7) Um sistema de distribuição de água é feito por uma adutora com um trecho de 1500 m de
comprimento e 150 mm de diâmetro, seguido por outro trecho de 900 m de comprimento e 100 mm
de diâmetro, ambos com o mesmo fator de atrito f = 0,028. A vazão total que entra no sistema é
0,025 m3/s e toda água é distribuída com uma taxa uniforme por unidade de comprimento q (vazão
de distribuição unitária) nos dois trechos, de modo que a vazão na extremidade de jusante seja
nula. Determine a perda de carga total na adutora, desprezando as perdas localizadas ao longo da
adutora.
8) Por uma tubulação de 27” de diâmetro e 1500 m de comprimento, passa uma vazão de 0,28
m3/s de água. Em uma determinada seção, a tubulação divide-se em dois trechos iguais de 18” de
diâmetro, 3000 m de comprimento, descarregando livremente na atmosfera. Em um destes trechos,
toda a vazão que entra na extremidade de montante é distribuída ao longo da tubulação, com uma
vazão por unidade de comprimento uniforme e, no outro, metade da vazão que entra é distribuída
uniformemente ao longo do trecho. Adotando para todas as tubulações um fator de atrito f = 0,024
e supondo que todo o sistema está em um plano horizontal, determine a diferença de carga entre
as seções de entrada e a saída. Despreze as perdas singulares.
65
9) O sistema de distribuição de água mostrado na figura abaixo tem todas as tubulações do mesmo
material. A vazão total que sai do reservatório I é de 20 L/s. Entre os pontos B e C, existe uma
distribuição em marcha com vazão por metro linear uniforme e igual a q = 0,01 L/(s.m). Assumindo
um fator de atrito constante para todas as tubulações f = 0,020 e desprezando as perdas
localizadas e a carga cinética, determine:
a) a cota piezométrica no ponto B;
b) a carga de pressão disponível no ponto C, se a cota geométrica desse ponto é de 576,00 m;
c) a vazão na tubulação de 4” de diâmetro.
10) No sistema de abastecimento de água mostrado na figura abaixo, todas as tubulações têm fator
de atrito f = 0,021 e, no ponto B, há uma derivação de 5,0 L/s. Desprezando as perdas de carga
localizadas e as cargas cinéticas, determine a carga de pressão disponível no ponto A e as vazões
nos trechos em paralelo.
66
11) Um reservatório alimenta uma tubulação de 200 mm de diâmetro e 300 m de comprimento, a
qual se divide em duas tubulações de 150 mm de diâmetro e 150 m de comprimento, como
apresentado na figura abaixo. Ambos os trechos estão totalmente abertos para a atmosfera nas
suas extremidades. O trecho BD possui saídas uniformemente distribuídas ao longo de seu
comprimento, de maneira que metade da água que entra é descarregada ao longo de seu
comprimento. As extremidades dos dois trechos estão na mesma cota geométrica e 15 m abaixo
do nível d’água do reservatório. Calcule a vazão em cada trecho adotando f = 0,024, desprezando
as perdas localizadas e a carga cinética nas tubulações.
67
Gabarito:
1) D = 0,15 mm
2) a) x = 355 m b) x = 275 m
3) Q = 0,258 m3/s
4) Q = 4,37 L/s
5) Le = 1,60 m
6) Le = 25,79 m
7) ht = 19,61 m
8) ∆H = 4,35 m
9) a) C.PB = 586,42 m; b) PC/γ = 5,52 mca; c) Q4” = 5,2 L/s
10) PA/γ = 21,20 mca; Q6” = 8,12 L/s; Q8” = 16,88 L/s
11) QAB = 0,076 m3/s; QBC = 0,033 m3/s; QBD = 0,043 m3/s
68
UNIDADE 3 – BOMBAS HIDRÁULICAS
3.1 Introdução
Máquina é a designação dada a tudo aquilo capaz de transformar energia. A máquina pode
absorver energia numa forma e restituí-la em outra (por exemplo: o motor elétrico é uma máquina,
porque absorve energia elétrica e restitui energia mecânica) ou absorver energia em uma forma e
restituí-la na mesma forma (por exemplo: um torno mecânico absorve energia mecânica e restitui
energia mecânica). As máquinas podem ser agrupadas em máquinas de fluido, elétricas e de
ferramentas. As primeiras são capazes de promover intercâmbio entre a energia do fluido e a
energia mecânica; elas se classificam em máquinas hidráulicas e térmicas. Nas primeiras, o fluido
utilizado para promover o intercâmbio de energia não varia sensivelmente de peso específico ao
atravessá-las, sendo, portanto, o escoamento através delas considerado como praticamente
incompressível. As bombas hidráulicas, as turbinas hidráulicas e os ventiladores são exemplos de
máquinas hidráulicas (no caso do ventilador, o escoamento do ar pode ser tratado como
incompressível, visto que a diferença de entrada e a saída do ar nessa máquina é menor ou igual a
um metro de coluna de água).
As máquinas térmicas caracterizam-se por uma variação sensível no peso específico do
fluido que as atravessa. As turbinas a vapor d’água e os compressores de ar são exemplos
clássicos desses tipos de máquinas.
As máquinas hidráulicas classificam-se em motoras (ou motrizes) e geradoras (ou
geratrizes). As motoras transformam energia hidráulica (recebida do fluido) em energia mecânica e
as geradoras, energia mecânica em energia hidráulica. São exemplos de máquinas hidráulicas
motoras as turbinas hidráulicas e as rodas d’água, e de máquinas hidráulicas geradoras as bombas
hidráulicas e os ventiladores.
P1 v12 P v2
+ + z1 + Hm = 2 + 2 + z 2 e (66)
γ 2g γ 2g
P2 − P1 v 22 − v12
Hm =
γ
+
2g
( )
+ z 2 − z1 , (67)
69
em que:
Hm = energia fornecida ao fluido, na saída (altura manométrica da bomba);
P2 − P1
= energia de pressão ou energia estática;
γ
v 22 − v12
= energia cinética ou dinâmica; e
2g
(z2 – z1) = energia potencial.
3.3 Bombas
São máquinas que fornecem energia ao fluido, através do rotor, na forma cinética.
• Rotor: órgão móvel que fornece energia ao fluido. É responsável pela formação de
depressão no seu centro, para aspirar o fluido, e de sobrepressão na periferia, para recalcá-
lo (Figura 16).
• Difusor: canal de seção crescente, no sentido do escoamento, que recebe o fluido vindo do
rotor e o encaminha à tubulação de recalque, para transformar energia cinética em energia
de pressão (Figura 16).
70
3.3.2 Classificação das Bombas
71
Figura 19. Rotor de bomba diagonal.
• Bombas de Sucção Simples ou de Entrada Unilateral: a entrada do líquido dá-se por meio
de uma única boca de sucção (Figura 20).
• Bombas de Dupla Sucção ou de Entrada Bilateral: a entrada do líquido dá-se por duas
bocas de sucção, paralelamente ao eixo de rotação. Esta montagem equivale a dois rotores
simples montados em paralelo (Figura 21).
72
grandes dimensões para suportar a carga axial sobre o eixo. É muito usado nas bombas de
descargas médias.
73
• Bomba de Eixo Vertical: é usada na extração de água de poços profundos (Figura 24).
Figura 25. Tipos de rotor: (a) aberto, (b) fechado e (c) semifechado
74
• Rotor fechado: usado no
o bombeamento de líquidos limpos. Contém
m discos dianteiros com
as palhetas fixas em am
mbos. Evita a recirculação de água (retorno
rno da água à boca de
sucção).
• Rotor semifechado: contém
tém apenas um disco, onde são afixadas as palhetas.
pa
Pe v e2 Ps v 2s
+ + z +H = + +z (68)
γ 2g e m γ 2g s
Ps − Pe v s2 − v e2
Hm = + + zs − ze (69)
γ 2g
75
Ps − Pe M− V
= (70)
γ γ
Observação: Nas bombas de sucção positiva, como na Figura 26, a pressão no ponto (e) é
negativa; já no caso das bombas afogadas ou de sucção negativa, o valor da pressão pode ser
negativo ou positivo.
A equação da energia aplicada entre os pontos (1) e (2) da Figura 26, fornece, com
referência em (1):
P1 v12 P v2
+ + z1 + Hm = 2 + 2 + z 2 + ht(1−2) (74)
γ 2g γ 2g
P2 − P1 v 22 − v12
Hm = + + HG + ht(1−2) (75)
γ 2g
em que:
ht(1-2) = ht é a perda de carga total,
P2 − P1
≅ 0 - reservatórios sujeitos à pressão atmosférica e (76)
γ
v 22 − v12 v 2
≈ - perda da saída. (77)
2g 2g
76
Hm = HG + ht(1−2) , (78)
Basicamente, a seleção de uma bomba para determinada situação é função da vazão a ser
recalcada (Q) e da altura manométrica da instalação (Hm).
DR = K Q (79)
em que:
DR em m e Q em m3/s; e
K = 0,8 a 1,3 (valor comum K = 1)
O valor de K está também relacionado com a velocidade, ou seja:
77
2
4Q 4 DR
v= = (80)
π DR2 π DR2 k 2
4 1
v= (m/s) (81)
π k2
0,25
T
DR = 1,3 Q (82)
24
sendo:
DR em m e Q em m3/s; e
T = jornada de trabalho da instalação, h/dia.
Observações importantes:
78
Figura 27. Representação
o gráfica
g dos custos envolvidos em um sistema de
e bombeamento.
• Além das fórmulas vistass para o cálculo dos diâmetros, pode-se adot
otar ainda o critério das
chamadas velocidades eco
econômicas, cujos limites são:
4Q
DS = e (83)
π .v S
4Q
DR = (84)
π .vR
γ Q Hm
Pot = (cv) ou (85)
75 η
79
0,735 γ Q Hm
Pot = (kW) (86)
75 η
sendo η o rendimento da bomba.
O motor que aciona a bomba deverá trabalhar sempre com uma folga, ou margem de
segurança, a qual evitará que ele venha, por razão qualquer, operar com sobrecarga. Portanto,
recomenda-se que a potência necessária ao funcionamento da bomba (Pot) seja acrescida de uma
folga, conforme especificação do Quadro 1 (para motores elétricos).
até 2 cv 50%
de 2 a 5 cv 30%
de 5 a 10 cv 20%
de 10 a 20 cv 15%
acima de 20 cv 10%
a) Válvula de Pé e Crivo:
80
Instalada na extremidade inferior da tubulação de sucção, a válvula de pé e crivo é
unidirecional, isto é, só permite a passagem do líquido no sentido ascendente. Com o desligamento
do motor de acionamento da bomba, esta válvula mantém a carcaça (corpo da bomba) e a
tubulação de sucção cheias de líquido recalcado, impedindo o seu retorno ao reservatório de
sucção ou captação. Nessas circunstâncias, diz-se que a válvula de pé e crivo mantém a bomba
escorvada (carcaça e tubulação de sucção cheias do líquido a ser bombeado). Outra finalidade
desta válvula é a de impedir a entrada de partículas sólidas ou de corpos estranhos como folhas,
galhos etc. A válvula deve estar mergulhada a uma altura mínima (h), (para evitar a formação de
vértices e a entrada de ar) dada pela equação:
b) Curva de 90o:
c) Redução Excêntrica:
a) Ampliação Concêntrica
b) Válvula de Retenção
i) impedir que o peso da coluna de água de recalque seja sustentado pela bomba, o que
poderia desalinhá-la ou provocar vazamentos;
81
ii) impedir que, com o defeit
feito da válvula de pé e estando a saída da
a tubulação
t de recalque
afogada (no fundo do reservatório
res superior), haja o refluxo do líquid
uido, fazendo a bomba
funcionar como turbina, o que lhe provocaria danos; e
iii) possibilitar, por meio de um dispositivo chamado by-pass, a escorva da bomba.
d) Válvula de Gaveta
i) regular a vazão; e
ii) permitir reparos na válvula
ula de retenção.
F
Figura 28. Instalação típica de bomba.
82
3.7 Semelhança entre Bombas
3.7.1 Conceitos
a) Modelo:
b) Protótipo:
Objeto nas suas dimensões reais. Pode constituir-se no próprio modelo. É o primeiro tipo.
c) Semelhança Geométrica:
Haverá semelhança geométrica entre duas bombas quando a relação entre suas dimensões
lineares homólogas for constante, ou seja (Figura 29):
d1 b2 d2
= = = cte (88)
d'1 b'2 d'2
83
3.7.2 Funcionamento de Bombas Semelhantes
3
Q1 Q1 n1 D1
Q2
a) = ∴ = (89)
n1 D13 n2 D32 Q2 n2 D2
Q1 n1
= (90)
Q2 n2
∆P1 ∆P2
b) = (91)
ρ1 n D 2
1
2
1
ρ2 n22 D22
Sendo ∆P = ρ g Hm , tem-se:
ρ1 g Hm ρ2 g Hm n D
2 2
Hm
1
= 2
∴ 1
= 1 1 (92)
ρ1 n12 D12 ρ2 n22 D22 Hm
2
n2 D2
n
2
Hm
1
= 1 (93)
Hm
2
n2
3 5
Pot1 Pot 2 Pot1 ρ1 n1 D
c) = ∴ = 1 (94)
ρ1 n13 D15 ρ2 n32 D52 Pot 2 ρ2 n2 D2
3
Pot1 n1
= (95)
Pot 2 n2
84
3.7.3 Velocidade Específica ou Coeficiente de Rotação Unitária (ns)
É a rotação na qual a bomba-modelo deverá operar para elevar a vazão de 1 m3/s à altura
manométrica de 1 m, com o máximo rendimento.
A velocidade específica define a geometria ou o tipo de rotor da bomba (classifica as
bombas quanto à trajetória da partícula do fluido dentro do rotor).
Assim sendo:
Protótipo Modelo
Qp = Q Qm = 1 m3/s
Hp = Hm Hm = 1 m
np = n nm = ns
ηp = η ηm = η
3
Q1 n1 D1
= e (96)
Q2 n2 D2
n D
2 2
Hm
1
= 1 1 , (97)
Hm
2
n2 D2
3
Q n D1
= e (98)
1 ns D2
2 2
Hm n D
= 1 (99)
1 ns D2
1
n3D
Q =
1
1
3
e (100)
ns D2
85
n D1
H1m2 = (101)
ns D2
Q−1/2 n Hm−3/4
= ∴ ns = n (103)
Hm−3/4 ns Q−1/2
ou
Q1/2 n Q
ns = n 3/4
∴ ns = 3/4 (104)
Hm Hm
em que:
n = rpm;
Q = m3/s;
Hm = m.
Observação: a definição de ns é válida para uma bomba de simples sucção e unicelular (um
estágio). Para um número ni de sucções e um de estágios ne, a fórmula fica assim escrita:
86
n Q / ni
ns = 3/4
(105)
H
m
ne
i) Hm = f(Q);
ii) Pot = f(Q); e
iii) η = f(Q).
87
Observação: o aspecto das curvas Hm = f(Q) e Pot = f(Q) refere-se apenas à região de rendimento
aceitável (η ≥ 40%).
88
3.8.4 Algumas conclusões tirad
adas das curvas características das Bomba
bas Centrífugas e
Axiais
89
A solução para corrigir o erro cometido é operar a válvula de gaveta até que Q1 seja igual a
Q0. Isto faz com que H2 tenda a H1 e Pot2 a Pot1, aliviando, desta forma, a sobrecarga no motor
iv) O contrário do que foi discutido no item anterior ocorre no caso de bombas axiais.
Hm = HG + ht (78)
Em que
ht = hf + ha (106)
em que:
hf = perda de carga contínua; e
ha = perda de carga acidental.
As perdas de carga acidentais podem ser incluídas nas perdas de cargas distribuídas,
desde que se use o método dos comprimentos equivalentes. Então, com a equação de Darcy-
Weisbach:
Le 16Q2
ht = f = KQ2 (107)
D π 2 2g D4
em que:
Le = comprimento real da canalização mais o comprimento correspondente às peças
especiais ou tabeladas; e
16 f Le
K= , (108)
π 2 2g D5
sendo K uma característica do sistema ou da tubulação e o coeficiente de atrito.
90
Se o cálculo da perda de carga for realizado com a equação de Hazen-Willians, tem-se:
4Q
V = 0,355 C D0,63 J0,54 ou = 0,355 C D0,63 J0,54 (109)
πD 2
de onde se obtêm:
1,852
4Q
J= (110)
0,355 π C D
2,63
1,852
4Q
ht = J Le = Le (111)
0,355 π C D
2,63
1,852
4Q
ht = Le Q1,852 = K 'Q1,852 (112)
0,355 π C D
2,63
em que:
1,852
4Q
K ' = Le ;e (113)
0,355 π C D
2,63
C = coeficiente de Hazen-Willians.
Então:
Hm = hG + KQ2 (114)
Hm = Hg + K 'Q1,852 (115)
91
Quando representadas graficamente,
g as equações 114 e 115 têm
êm o seguinte aspecto
(Figura 34).
92
3.11 Variação das Curvas Características das Bombas
Observação: os recursos (i) e (ii) são muito utilizados na prática (diminuição no valor da rotação ou
do diâmetro), para evitar sobrecarga no motor.
93
3.12 Variação da Rotação do Rotor (D = cte)
n
2
Hm
1
= 1 (93)
Hm
2
n2
3
Pot1 n1
= (95)
Pot 2 n2
94
A velocidade periférica (V1) da polia da bomba pode ser calculada por:
W1 d1
V1 = (116)
2
em que:
W 1 = velocidade angular da polia da bomba; e
d1 = diâmetro da polia da bomba.
em que:
W 2 = velocidade angular da polia do motor; e
d2 = diâmetro da polia do motor.
As velocidades angulares relacionam-se com as rotações de acordo com as equações:
W1 = 2 π n1 (rd/min), (118)
W2 = 2 π n2 (rd/min), (119)
Já que V1 = V2, após substituir as equações 118 e 119 nas equações 116 e 117,
respectivamente, obtém-se:
n1 d1 = n2 d2 (120)
Q
2
Hm Hm Hm
1
= 1 ou 1
= 2
= cte (121)
Hm
2
Q2 Q12 Q22
95
A equação 121, chamada de parábola de isoeficiência, é usada para se obterem pontos
homólogos.
2
Q1 D1
= (122)
Q2 D 2
Q1 D1
= (123)
Q2 D2
segundo J. Karassik (equação experimental).
Q
2
Hm Hm Hm
1
= 1 ∴ 2
1
= 2
2
= cte (121)
Hm
2
Q2 Q1
Q 2
3
Pot1 D1
= (124)
Pot 2 D2
equação experimental.
Observações:
a) O corte no rotor da bomba afasta a hipótese de semelhança geométrica entre o rotor
original e o usinado. Daí o fato de as expressões Q = f(D), Hm = f(D) e Pot = f(D) não terem
obedecido à lei de semelhança geométrica, como no item 3.7.2; elas foram obtidas
experimentalmente.
b) A fim de admitir que a vazão varia diretamente com o diâmetro, Stepanoff introduz a
seguinte correção (Quadro 4) para bombas centrífugas):
96
Quadro 4. Correção de Stepanoff para a equação de J. Karassik.
Relação Calculada
Se, por exemplo, D2 for igual a 200 mm e a relação calculada (D1/D2) igual 0,80, o Quadro 4
fornecerá, para a relação necessária:
D1
= 0,83 ∴ D1 = 166 mm (diâmetro do rotor usinado).
D2
3.14.1 Introdução
97
Uma bomba de dupla suc
ucção possui dois rotores em paralelo, em que
q vazões se somam
para a mesma altura manométrica
rica (é um caso particular de associação em pa
paralelo).
A interseção entre a curva
rva característica da associação e a curva car
aracterística do sistema
indica o ponto de trabalho da asso
ssociação em paralelo.
Seja o esquema de uma associação
a em paralelo (Figura 39).
As curvas característicass d
das bombas B1 e B2 estão apresentadas na Figura 40, bem como
a curva característica do sistema
ma (Curva da tubulação) e da associação das
da bombas (1 + 2) em
paralelo.
Na Figura 40, P1 e P2 são os pontos de trabalho das bombass B1 e B2, funcionando
isoladamente, e P3, o ponto de trabalho
tra da associação em paralelo.
A Figura 40 permite tirarr a
as seguintes conclusões:
98
Figura 40.
4 Associação de duas bombas em paralelo.
99
Figura 41. Esquema
Es da associação de duas bombas em série
rie.
100
As curvas características
as das bombas B1 e B2 estão apresentadas
as na Figura 42, assim
como a curva característica do ssistema (Curva da tubulação) e da associaç
iação das bombas (1+2)
em série.
Na Figura 42, P0 é o po
ponto de trabalho da bomba B1 funcionando
o isoladamente e P3, o
ponto de trabalho da associação
o em
e série.
Na associação em série,
ie, a altura manométrica de cada bomba é obtida projetando-se,
verticalmente, o ponto P3 até en
encontrar a curva característica de cada bomba.
bo Assim, a altura
manométrica da bomba B2 (da associação)
as é Hm2’ e da bomba B1, Hm1’.
101
O ponto P1 de funcionamento da bomba B1 na associação é Q1, H e η1 e a potência
solicitada pela bomba é:
γ Q1 H
Pot1 = (125)
75 η1
Como:
Q = Q1 + Q2 + Q3 (129)
e
Pot = Pot1 + Pot2 + Pot3 (130)
tem-se, substituindo as equações 125, 126, 127, 128 e 129 na equação 130,
γ Q1 H γ Q2 H γ Q3 H γ (Q1 + Q2 + Q3 ) H
+ + = (131)
75 η1 75 η2 75 η3 75 ηt
102
n
n Qi ∑ Qi
∑ = i=1
(133)
i=1 ηi ηt
Considere-se a associação
ção de duas bombas em série, conforme a Figu
igura 44.
Figura
ra 44. Associação de duas bombas em série.
103
O ponto P2 de funcionamento da bomba B2 na associação é Q, H2, η2, sendo a potência
solicitada por essa bomba dada por:
γ Q H2
Pot 2 = (135)
75 η2
Já que:
H = H1 + H2 (137)
e
Pot = Pot1 + Pot2 (138)
γ Q1 H1 γ Q2 H2 γ Q (H1 + H2 )
+ = (139)
75 η1 75 η2 75 ηt
que se simplifica em
H1 H2 H1 + H2
+ = (140)
η1 η2 ηt
Generalizando, para um número (n) qualquer das bombas associadas em série, tem-se:
n
n Hi ∑ Hi
∑ = i=1
(141)
i=1 ηi ηt
3.16.1 Introdução
104
Na ebulição, um líquido “ferve”
“f quando a sua temperatura aumenta,
a, com a pressão sendo
mantida constante. Sob condições
ões normais de pressão (760 mmHg), a água
a ferve
fe a 100oC.
Na cavitação, um líquido
o “ferve” quando a sua pressão diminui, com
m a temperatura sendo
tura de 20oC a água “ferve” à pressão absolu
mantida constante. À temperatur oluta de 0,24 m.c.a. ou
17,4 mmHg. A pressão com que
e o líquido começa a “ferver” chama-se pressã
ssão de vapor ou tensão
de vapor. A tensão de vapor é função
fun da temperatura (diminui com a diminuiç
ição da temperatura).
Ao atingir a pressão de va
vapor, o líquido libera bolhas de ar (bolhas de ar), dentro das quais
se vaporiza.
Observação: A palavra “ferver”” está
e associada à liberação de bolhas de vapo
por d’água.
F
Figura 45. Curva de pressão de vapor.
105
a) se a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba for menorr ou
o igual à pressão de
vapor e se estender a toda
tod a seção do escoamento, poderá formar
ar uma bolha de vapor
capaz de interromper o es
escoamento;
b) se esta pressão for localiz
alizada a alguns pontos da entrada da bomba
ba, as bolhas de vapor
liberadas serão levadas,, p
pelo escoamento, para regiões de altas pres
essões (região de saída
do rotor). Por ser a press
ssão externa maior que a pressão interna,, ocorre
o a implosão das
bolhas (colapso das bolh
olhas), responsável pelos seguintes efeitoss distintos
d da cavitação
(ocorrem simultaneamente
nte esses efeitos):
• químico – com as implosõ
sões das bolhas são liberados íons livres de oxigênio
ox que atacam as
superfícies metálicas (corr
orrosão química dessas superfícies);
• mecânico – quando a bolha
bo atingir a região de alta pressão seu diâmetro
di será reduzido
(inicia-se o processo de
e ccondensação da bolha), sendo a água circu
ircundante acelerada no
sentido centrípeto. Com o desaparecimento da bolha (condensação d
da bolha), as partículas
de água aceleradas choca
cam-se, cortando umas o fluxo das outras. Iss
Isso provoca o chamado
golpe de aríete e, com ele, uma sobrepressão que se propaga
a em sentido contrário,
golpeando com violência
ia as paredes mais próximas do rotor e da carcaça,
ca danificando-as
(Figura 46).
Figura 46.
4 Efeito mecânico da cavitação em bombas.
106
3.16.4 Altura Máxima de Sucção
ão das Bombas
Po v o2 P v2
+ + z o = 1 + 1 + z1 + ht(o−1) (142)
γ 2g γ 2g
Figu
gura 47. Destaque para a altura de sucção.
Patm v o2 Pab v 2
+ + o = 1 + 1 + Hs + ht(o−1) (142a)
γ 2g γ 2g
em que:
Patm = pressão atmosférica
ica; e
P1ab = pressão absoluta à entrada da bomba.
Explicitando Hs na equaçã
ção 142a, chega-se a:
107
Se possível desprezar as perdas de carga e a variação da energia cinética, a equação
poderia ser escrita como:
Patm − P1ab
Hs = (144)
γ
10330 − 0
Hs = = 10,33 m.c.a. (valor teórico)
1000
Essa seria a altura de sucção máxima (teórica) com que poderia ser instalada uma bomba
comum (bomba sem dispositivos especiais que permitem elevar o valor de Hs).
Na prática, não são desprezíveis as perdas de carga (e, às vezes, a variação de energia
cinética), P1ab ≥ PV, Patm < 1 atm e T > 4 oC. Tudo isso faz com que a Hs seja menor do que o valor
teórico, podendo-se adotar (na prática) Hs ≤ 5 m para instalações usuais. Para a situação em que a
temperatura do líquido é alta (caso de caldeiras, por exemplo) e a altitude é elevada (o que implica
em pressão atmosférica baixa), o valor de Hs pode chegar a valores negativos, significando que a
bomba deve trabalhar afogada.
Retomando a equação 143, pode-se escrever, fazendo P1ab = PV (pressão do vapor), em
que Hs = Hsmáx:
Patm − PV v o2 − v12
Hsmáx ≤ + − ht(o−1) (145)
γ 2g
Nota-se, por esta equação, que PV, v1 e ht agem desfavoravelmente quanto à altura de
sucção, ou seja: quanto maiores, menor deverá ser a altura de sucção. Os valores de v1 e ht
poderão ser reduzidos, utilizando-se tubulações de sucção com diâmetros grandes (maior do que o
diâmetro de recalque). O valor de PV poderá ser reduzido, operando-se com líquidos a baixa
temperatura.
108
Na equação 145, Patm e PV são tabelados conforme Tabela 1H do Apêndice 1. Na falta de
tabela, a pressão atmosférica poderá ser calculada por:
Patm
= 10,33 − 0,0012 A (146)
γ
sendo A a altitude em metros.
Na equação 145 levou-se em conta apenas a perda de carga (ht) existente até a entrada da
bomba. Considerando que as bolsas de vapor serão levadas para a saída do rotor, deve-se
adicionar à referida equação a perda de carga ∆H*, que leva em conta a perda entre a entrada da
bomba e a saída do rotor (porque é na saída que ocorre o colapso das bolhas). Essa perda, ∆H*,
não é calculada pelas equações usuais de perda de carga.
v12
O termo ∆H* tem capital importância no cálculo de Hsmáx. Juntamente com , constitui as
2g
grandezas relacionadas com a bomba.
em que:
σ = coeficiente de cavitação da bomba ou coeficiente de Thoma, adimensional.
Por terem maior ns, as bombas axiais são mais sujeitas à cavitação (ns está definido na
equação 104).
109
3.16.5 NPSH disponível na instalação e NPSH requerido pela bomba
O NPSH (net positive suction head) é uma sigla americana, para a qual não se conseguiu
tradução satisfatória para o português. Tentou-se traduzi-la para APLS (altura positiva líquida de
sucção), ficando sem o devido sentido físico. Continua, portanto, sendo conhecida tecnicamente
como NPSH, ou seja, a altura que limita a altura de sucção da bomba.
Retomando a equação:
Patm − PV v o2 − v12
Hsmáx ≤ + − h1 − ∆H * (147)
γ 2g
e separando, para o primeiro membro, as grandezas que dependem das condições locais da
instalação (condições ambientais), e, para o segundo, as grandezas relacionadas com a bomba,
v 2o
tem-se, desprezando (por ser muito pequeno):
2g
Patm PV v12
Hsmáx − + + ht ≤ −∆H * − ∴ (150)
γ γ 2g
Patm P v2
− Hsmáx + V + ht ≥ ∆H * + 1 (151)
γ γ 2g
sendo
Patm P
− Hsmáx + V + ht = NPSHd (152)
γ γ
v12
∆H * + = NPSHr (153)
2g
Para que a bomba trabalhe sem cavitar, deve ser atendida a condição:
110
Figura 48
48. Representação gráfica do NPSHr e NPSHd.
Observações:
• Em lugar da curva
rva (Q, NPSHr), alguns fabricantes apresenta
ntam a curva (Q, Hsmáx)
para bombas oper
erando com água fria ao nível do mar, dev
evendo-se corrigi-la em
condições diferente
ntes;
v12
• é uma parcela
ela de energia responsável pela entrada do
o líquido
l na bomba, daí
2g
fazer parte do NPS
PSHr;
• O sinal (-) deverá
erá ser usado para Hsmáx na equação, quan
uando a bomba estiver
afogada.
• Na prática, o NP
PSHd deverá ser maior que o NPSHr em pelo menos 15% (
NPSHd ≥ 1,15 NPS
SHr ).
111
3.16.6 Medidas destinadas a dificultar o aparecimento da cavitação pelo usuário
112
UNIDADE 4 – ESCOAMENTO EM CANAIS SOB REGIME PERMANENTE E
UNIFORME
4.1 Conceito
Canais são condutos no qual a água escoa apresentando superfície sujeita à pressão
atmosférica.
4.2.1.1 Profundidade de escoamento (y): é a distância vertical entre o ponto mais baixo da seção
e a superfície livre. No regime de escoamento uniforme, y = yn (profundidade normal) e no regime
de escoamento crítico, y = yc (profundidade crítica).
4.2.1.2 Seção molhada (A): é toda seção perpendicular molhada pela água.
4.2.1.3 Perímetro molhado (P): é o comprimento da linha de contorno molhada pela água.
4.2.1.4 Raio hidráulico (R): é a relação entre a área molhada e o perímetro molhado.
4.2.1.5 Profundidade média ou profundidade hidráulica (ym): é a relação entre a área molhada
(A) e a largura da superfície líquida (B).
4.2.1.6 Talude (z): é a tangente do ângulo (α) de inclinação das paredes do canal.
113
4.2.2 Seção longitudinal
4.2.2.1 Declividade de fundo (I): é a tangente do ângulo de inclinação do fundo do canal (I = tgθ).
∂V ∂p ∂ρ
=0 ; =0 ; =0
∂t ∂t ∂t
∂V ∂p ∂ρ
≠0 ; ≠0 ; ≠0
∂t ∂t ∂t
114
4.3.2 Em relação ao espaço (L), para um mesmo tempo (t)
∂V
=0
∂L
dV
≠0
dL
O número de Froude (Fr) expressa à raiz quadrada da relação existente entre as forças de
inércia e de gravidade, podendo ser escrito como:
V
Fr = (adimensional)
gy m
sendo:
V - a velocidade média de escoamento.
115
c. Regime de escoamento fluvial ou subcrítico ou lento ou tranquilo (F): ocorre para Fr
< 1 e y > yc, sendo V < Vc e I < Ic.
Na Figura 51 estão apresentados os regimes de escoamento em relação ao número de
Froude, sendo SC a Seção de Controle.
116
O controle artificial ocorre sempre associado a uma situação na qual a profundidade do
fluxo é condicionada por uma situação distinta da ocorrência do regime crítico, seja através de um
dispositivo artificial de controle de vazão ou através do nível d’água de um corpo de água. Assim, a
ocorrência de um controle artificial pode ser associada ao nível de um reservatório, um curso
d’água, ou uma estrutura hidráulica, como uma comporta, por exemplo.
O controle de canal ocorre quando a profundidade de escoamento é determinada pelas
características de atrito ao longo do canal, ou seja, quando houver a ocorrência do escoamento
uniforme.
As seções de controle desempenham papel extremamente importante na análise e nos
cálculos hidráulicos para determinação do perfil do nível d’água. Esta importância é devida tanto ao
fato de conhecermos a profundidade de escoamento na seção como também pela sua implicação
com o regime de escoamento, condicionando as características do fluxo. De fato, as seções de
controle constituem-se nos pontos de início para o cálculo e o traçado dos perfis de linha d’água.
De um ponto de vista prático pode ser citado que os conceitos relativos às seções de
controle permitem a adequada definição da relação “nível d’água (cota)/vazão”. Assim, para efetuar
medidas de vazões em cursos d’água, busca-se identificar seções de controle e, a partir das
equações do regime crítico, pode-se avaliar a vazão diretamente a partir da geometria,
prescindindo da determinação da velocidade de escoamento.
a. Água escoando por um canal longo, de seção constante com carga constante: o
escoamento é classificado como permanente e uniforme;
b. Água escoando por um canal de seção molhada constante, com carga crescente ou
decrescente: o escoamento é classificado como não permanente e uniforme;
c. Água escoando por um canal de seção crescente com carga constante: o escoamento é
classificado como permanente e não uniforme; e
d. Água escoando através de um canal de mesma seção reta, com seção molhada
constante, mesma declividade de fundo e mesma rugosidade das paredes: o escoamento é
classificado como permanente e uniforme. Canais com estas características são chamados de
canais prismáticos.
117
4.4 Escoamento em regime fluvial permanente e uniforme
∂V ∂V
=0 e =0
∂t ∂L
Figura 52. Perfil longitudinal para um escoamento supercrítico (yn < yc).
118
Figura 53. Perfil longitudinal para um escoamento subcrítico (yn > yc).
Pela ação da gravidade, nos canais de declividade fraca (Figura 53), a velocidade cresce a
partir da seção (A) para jusante e cresceria indefinidamente na ausência do atrito entre o fundo e
as paredes do canal com o líquido. O atrito, entretanto, dá origem à força de atrito ou tangencial
que se opõe ao escoamento; essa forca é proporcional ao quadrado da velocidade. É de se
esperar, portanto que a velocidade ao atingir certo valor, estabeleça um equilíbrio entre as forças
de atrito e a gravitacional; daí para frente, o escoamento é dito uniforme.
Havendo uma queda, uma mudança de seção, uma mudança de declividade (o que
provoca uma variação na velocidade) o escoamento deixa novamente de ser uniforme, passando a
não uniforme.
O estudo apresentado daqui pra frente refere-se a casos de canais operando em regime
fluvial permanente e uniforme.
119
4.5 Equações utilizadas no dimensionamento de canais operando em regime
permanente e uniforme
a) Equação de Chézy
V = C RI (155)
em que:
C – coeficiente de Chézy, e pode ser calculado pelas equações apresentadas em (b) e (c), a
seguir:
b) Equação de Bazin
87 R (156)
C=
γ+ R
c) Equação de Manning
R1 / 6 (157)
C=
n
1 2 / 3 1/ 2 (158)
V= R I
n
A 2 / 3 1/ 2 (159)
Q = AV = R I
n
120
Os coeficientes C, n e γ são grandezas dimensionais, dependendo os seus valores
numéricos do sistema de unidades adotado. As equações apresentadas anteriormente são válidas
para o sistema MKgfS, ou SI (MKS) sendo: Q em m3s-1, V em ms-1, R em m; A em m2 e I em mm-1.
A A
y n (b + zy n ) b + 2 y n z + 1
2
b + 2 zy n
P B
zy n yn
2 yn z 2 + 1
2
zy n 2 zy n
2 z +1
2
2
A
by n b + 2 yn b yn
P
D2 θD θ D θ − senθ
8
(θ - senθ ) 2 θ =rd
D sen
2 8 sen θ
2
θ =rd θ =rd θ =rd
θ =rd
πD 2 πD D yn πD
= D = 2 yn
8 2 4 2 8
121
Ainda para o canal circular:
D θ (160)
yn = 1 − cos
2 2
yn (161)
θ = 2 arccos1 − 2
D
Analisando a equação:
A
Q= R 2 / 3I1/ 2
n
122
Tabela 3. Equações para canais de máxima vazão também chamados de: canais de mínimo perímetro molhado, canais de seção econômica, canais de máxima
eficiência, canais de mínimo custo.
Raio Largura
Área molhada Perímetro Profundidade Largura de
Seção hidráulico superficial
(A) molhado (P) média (ym) fundo (b)
(R) (B)
(
yn 2 1 + z − z
2 2
) (
2 yn 2 1 + z − z2
) yn
2 yn 1 + z 2
(
yn 2 1 + z 2 − z ) (
2 yn 1 + z 2 − z )
2 2 1+ z 2
2 yn
2 yn 4 yn 2 yn yn 2 yn
2
2 yn yn
yn 2 2 yn 2 yn b=0
2 2 2
α =45°
123
4.6 Velocidades médias (V) aconselháveis e inclinações admissíveis para os taludes
dos canais
Assim, por exemplo, podem-se evitar velocidades excessivas, fazendo variar a declividade
de fundo com a formação de degraus (Figura 55a) ou construção de muros de fixação do fundo
(Figura 55b).
(a) (b)
Figura 55. Variação da declividade com a formação de degraus (a) e muros de fixação do fundo (b).
124
este inconveniente adotando formas de seção especiais (seções compostas) como às indicadas na
Figura 56.
Tabela 4. Velocidades média e máxima recomendada para canais em função a natureza das paredes.
Velocidade (ms-1)
Natureza das paredes do canal
Média Máxima
Areia muito fina 0,23 0,30
Areia solta-média 0,30 0,46
Areia grossa 0,46 0,61
Terreno arenoso comum 0,61 0,76
Terreno silt-argiloso 0,76 0,84
Terreno de aluvião 0,84 0,91
Terreno argiloso compacto 0,91 1,14
Terreno argiloso, duro, solo cascalhento 1,22 1,52
Cascalho grosso, pedregulho, piçarra 1,52 1,83
Rochas sedimentares moles-xistos 1,83 2,44
Alvenaria 2,44 3,05
Rochas compactas 3,05 4,00
Concreto 4,00 6,00
125
Outra limitação prática que deve ser levada em consideração, na definição da forma da
seção do canal, principalmente no caso das seções trapezoidais, é a inclinação das paredes
laterais. Esta inclinação depende, principalmente, da natureza das paredes, estando indicados na
Tabela 5, valores máximos aconselháveis para o caso das seções trapezoidais e triangulares.
Tabela 5. Valores máximos aconselháveis para inclinação das paredes laterais dos canais trapezoidais e
triangulares
Natureza das paredes do canal θ z = tg θ
Canais em terra sem revestimento 68,2° a 78,7° 2,5 a 5
Canais em saibro, terra porosa 63,4° 2
Cascalho roliço 60,2° 1,75
Terra compacta sem revestimento 56,3° 1,5
Terra muito compacta, paredes rochosas 51,4°. 1,25
Rocha estratificada, alvenaria de pedra bruta 26,5°. 0,5
Rocha compacta, alvenaria acabada, concreto 0° 0
126
4.8 Velocidade máxima e vazão máxima em canais circulares
1 2 / 3 1/ 2 (158)
V= R I
n
A 2 / 3 1/ 2 (159)
Q= R I
n
D senθ (162)
R= 1 −
4 θ
D2 (163)
A= (θ − senθ )
8
2/3
1 D senθ D 2 / 3 I 1 / 2 senθ
2/3
V = 1 − I 1/ 2
= 1 −
n4 θ 42 / 3 n θ
D θ
yn = 1 − cos
2 2
D 257
yn = 1 − cos
2 2
y n = 0 ,81D (para V máximo)
127
Substituindo, agora, a equação 164 e 165 em 161, vem:
2/ 3
1 D2
(θ − senθ ) D 1 − senθ
Q= I 1/ 2
n 8 4 θ
D 8 / 3 I 1 / 2 (θ − senθ )
(θ − senθ )1 − senθ
2/3 5/3
D8 / 3 I 1/ 2
Q= =
13 / 3
2 n θ 213 / 3 n θ 2/3
2θ − 3θ cos θ + senθ = 0
cuja solução é:
D θ
yn = 1 − cos
2 2
D 308
yn = 1 − cos
2 2
y n = 0,95D (para Q máximo)
Resumindo, tem-se:
128
A 2 / 3 1/ 2
Q= R I
n
I 1/ 2
Fazendo: = K , tem-se: Q = KAR 2 / 3 , sendo k uma constante e para yn = 0,95D chega-
n
se a:
yn = 0,95 m
2y
θ = 2 arccos1 − n
D
θ = 5,379rd = 308 o
D2
A= (θ − senθ )
8
A = 0 ,771 m2
θD
P= = 2,689 m
2
A
R= = 0,287 m
P
y
θ = 2 arccos1 − 2 n = 5,71rd = 327,5°
D
θD
P= = 2,855 m
2
D2
A= (θ − senθ ) = 0,781 m2
8
129
D senθ
R= 1 − = 0 ,273 m
4 θ
Nota-se que quando yn aumenta de 0,95 m para 0,98 m, a vazão diminui, passando de
0,355k para 0,329k.
Observações:
a. Nas condições se máxima vazão, o escoamento é hidraulicamente instável, podendo o canal
circular trabalhar como conduto forçado para um acréscimo de y n , o que seria desastroso no caso
de uma rede de esgoto. Por medida de segurança, aceita-se como limite prático a relação:
y n / D = 0,75 (NBR-568).
b. A vazão escoada para a relação yn = 0,82 iguala-se a vazão escoada para o canal a seção plena
(ver Figura 3A, Apêndice 3).
c. A velocidade média a plena seção é igual à velocidade média a meia seção porque o raio
hidráulico é o mesmo; em razão disto a vazão a plena seção é o dobro da vazão a meia seção, já
que a área a plena seção é o dobro da área a meia seção (Ver Figura 3A, Apêndice 3).
4.9.1 Relação entre uma área molhada qualquer (A) e a área molhada a seção plena ou a
seção cheia (A0)
D2 πD 2
A= (θ − senθ) e A0 =
8 4
y
A
=
1
(θ − senθ ) sendo θ = 2 arccos1 − 2 n
A0 2π D
130
4.9.2 Relação entre um raio hidráulico qualquer (R) e o raio hidráulico a seção plena (R0)
πD 2
D senθ 4 =D R senθ
R= 1 − e R0 = = 1−
4 θ πD 4 R0 θ
4.9.3 Relação entre uma velocidade qualquer (V) e a velocidade a seção plena (V0)
senθ
2/3 2/3 2/3
1 2 / 3 1/ 2 1 1/ 2 D 1D
V = R I = I 1 − e V0 = I 1/ 2
n n 4 θ n 4
V senθ
2/3
= 1 −
V0 θ
4.9.4 Relação entre uma vazão qualquer (Q) e a vazão a seção plena (Q0)
2/ 3
I 1 / 2 πD 2
(θ − senθ ) D 1 − senθ
2/ 3
A I 1/ 2 D2 D
Q = R2 / 3I 1/ 2 = Q0 =
n n 8 4 θ n 4 4
4.9.5 Relação entre um perímetro molhado qualquer (P) e o perímetro molhado a seção plena
(P0)
θD P θ
P= e P0 = πD =
2 P0 2π
Q R
De posse dessas relações , , etc , e variando-se a relação y n / D no intervalo de
0 R0
Q
0 ≤ y n / D ≤ 1, traçam-se gráficos que facilitam grandemente os trabalhos de cálculo dos
elementos hidráulicos dos canais de seção circular (Figura 3A, Apêndice 3).
131
4.10 Dimensionamento das seções dos canais
A 2 / 3 1/ 2
Q= R I
n
A
Sendo R = , a equação acima pode ser escrita como:
p
2/3
A A 1 A5 / 3 1 / 2
Q= I 1/ 2
= I
n P n P2/ 3
nQ A5 / 3
= .
I P2 / 3
Nesta equação válida para qualquer seção, o segundo membro depende somente da
geometria da seção do canal. Apresenta-se a seguir, a adequação da referida equação para as
seções: circulares, trapezoidais, retangulares e triangulares.
nQ A5 / 3 (164)
= 2/3
I P
D2 (165)
A= (θ − senθ )
8
θD (166)
P=
2
132
Substituindo as equações 165 e 166 em 164, vem:
5
D2
( )
3
θ − senθ
nQ 8
= 2
(167)
I θ D 3
2
nQ
=
(θ − senθ )5 / 3
D8 / 3 I 213 / 3 θ 2 / 3
y (161)
θ = 2 arccos1 − 2 n
D
nQ
consequentemente 8/ 3
, pela equação 168. Assim é possível construir parte da Figura 3B
D I
(curva 1, Apêndice 3).
Por outro lado, quando se conhece yn , além de n, Q, I e dividindo-se ambos os membros
8/ 3
da equação 167 por y n , tem-se:
nQ y
= n
−8 / 3
(θ - senθ )5 / 3 (169)
yn
8/3
I D 213 / 3 θ 2 / 3
133
Novamente, atribuindo-se valores a y n / D calcula-se θ pela equação 161. Com y n / D e
nQ
θ calcula-se 8/ 3
pela equação 169. Assim, é possível construir a outra parte da Figura 3B
yn I
(curva 2, Apêndice 3).
nQ A5 / 3 (164)
= 2/ 3
I P
A = y n (b + zy n ) e P = b + 2 yn z 2 + 1
5/ 3
5/ 3 b
yn yn + z
nQ
=
[ yn (b + zyn )]
5/ 3
= yn
I [2
b + 2 yn z + 1
2/3
]
2/3 b 2
yn + 2 z + 1
2/3
yn
5/3 5/3
b b
10 / 3
+ z + z
nQ yn
= 2/3 yn
= yn
8/3 yn
2/3 2/3
I yn b 2 b 2
+ 2 z + 1 + 2 z + 1
yn yn
5/ 3
b
+ z
nQ
= yn
8/ 3 2/3 (170)
yn I b
+ 2 z 2 + 1
yn
134
nQ
Fixando-se z e atribuindo-se valores a y n / b , pode-se calcular 8/3
pela equação 170
yn I
e deste modo construir a curva 2 da Figura 57.
Para canais retangulares, basta usar a curva construída para z = 0.
nQ A5 / 3 (164)
= 2/ 3
I P
5/3
yn
byn 1 + z
nQ
=
[yn (b + zyn )]5 / 3 = b
I [b + 2 y n z2 + 1 ]
2/3
yn 2
b1 + 2 b z + 1
2/3
5/3 5/ 3
2 yn y n y y
b b 1 + z b b10 / 3 n 1 + z n
b b
=
nQ
2/ 3
= 2/3
I yn 2/3 yn
b1 + 2 b z + 1
2
b 1 + 2 z +1
2
b
5/ 3
yn y n
1 + z
b b
=
nQ
8/ 3 2/ 3
(171)
b I yn
1 + 2 b z + 1
2
nQ
Fixando-se z e atribuindo-se valores a y n / b , pode-se calcular 8/3
pela equação 171,
b I
obtêm-se assim a Figura 58.
Para casos de canais retangulares basta usar a curva construída para z = 0.
135
4.10.3 Seções triangulares
nQ A5 / 3 (164)
= 2/3
I P
A = zy n P = 2 yn z 2 + 1
2
e
nQ
=
(zy ) 2 5/ 3
=
z5/ 3 yn
10 / 3
= yn
8/ 3 z5/ 3
(2 y ) (2 ) (2 )
n
2/ 3 2/3 2/ 3 2/ 3
I z2 +1 z2 +1 yn z2 +1
n
nQ z5/ 3
=
yn
8/3
I (2 z2 +1 )2/ 3
(172)
nQ
Atribuindo-se valores a z, pode-se calcular 8/ 3
pela equação 18, construindo-se assim
yn I
a Figura 59.
1 2 / 3 1/ 2
V= R I e Q = AV
n
R e A são tirados das Tabelas 2 (canais de seção qualquer) ou Tabela 3 (canais de seção de
máxima eficiência).
136
a. Tem-se um canal de seção trapezoidal com talude 1:1, executado em concreto não muito liso,
com declividade de 0,4%. Determinar qual a vazão capaz de escoar em regime uniforme, com uma
profundidade da água de 0,40 m e uma largura de fundo de 0,30 m.
n = 0,014 (Tabela 7)
z=1
b = 0, 30 m
yn = 0,40 m
I = 0,4% = 0,004 mm-1
Solução:
P = b + 2 y n z 2 + 1 = 1,43 m
A = y n (b + zy n ) = 0,28 m2
A
R= = 0,196 m
P
1 2 / 3 1/ 2
V= R I = 1,51 ms-1
n
Q = AV = 0,28.1,51 = 0,423 m3s-1 = 423 Ls-1 (resultado mais preciso)
y n 0,40
= = 1,33
b 0,30
Para z = 1, tem-se pela Figura 10:
nQ
8/ 3
= 1,1
b I
1,1× 0,40 8 / 3 0,004 0,5
Q= = 0,431 m3s-1= 431 Ls-1
0,014
137
Para y n / b = 1,33 e z = 1, tem-se:
nQ
= 2 ,4
b8 / 3 I
2,4.0,38 / 3.0,004 0,5
Q= = 0,437 m3s-1= 437 Ls-1
0,014
Solução:
b.1. Uso das equações (Tabela 2):
A = zy n = 0,0098 m2
2
P = 2 y n z 2 + 1 = 0 ,313 m
A
R= = 0,03131 m
P
1 2 / 3 1/ 2
V= R I = 1,01 ms-1
n
Q = A.V = 0,0098 × 1,01 = 0,010 m3s-1 = 10 Ls-1
h f = IL = 0,03 × 500 = 15 m
138
Solução:
n = 0,02
tg α = tg 45º = 1
I = 40 cmkm-1 = 0,0004 mm-1
yn = 1,50 m
b = 1,66 m
139
nQ
= 1,4
b8 / 3 I
1,4.1,58 / 3.0,0004 0,5
Q= = 4,1 m3s-1 = 4100 Ls-1
0,02
nQ
8/3
= 1,06
b I
1,06 × 1,668 / 3 × 0,0004 0,5
Q= = 4,095 m3s-1= 4095 Ls-1
0,02
d. Verificar se o canal do exercício anterior será de mínimo perímetro molhado, caso o nível da
água atinja o nível de transbordamento.
Solução:
Se o calculo do perímetro molhado (P1) feito com a equação da Tabela 2, coincidir com o
perímetro (P2) feito com a equação da Tabela 3, o canal será de mínimo custo.
( ) ( )
P2 = 2 y n 2 1 + z 2 − z = 2.2 2 1 + 1 − 1 = 7 ,31 m
140
Neste caso se conhece a vazão de projeto (Q), a declividade de fundo (I), a rugosidade das
paredes (n) e o talude das paredes do canal (z).
A solução desse tipo de problema é bastante simplificada com o uso das Figuras 3A a 3E
do Apêndice 3. Pode-se também utilizar com um grau de dificuldade maior as equações 158 e 159,
associadas as equações das Tabelas 2 e 3.
a. Supondo que o projeto do exercício c do item 4.11.1 venha a ser refeito com a vazão Q1 = 8 m3/s
e que a seção deva ser retangular, qual a sua profundidade a fim de que o canal seja de mínimo
perímetro molhado?
Solução:
nQ
8/3
= 1,3
yn I
3/ 8
0,02 × 8
yn = 0, 5
= 1,98 m
1,3 × 0,0004
nQ
8/3
= 0,2
b I
3/ 8
0,02 × 8
b = =4 m
0, 2 (0, 0004 )1/ 2
y n = 0,5 b yn = 2 m
141
A 2 / 3 1/ 2
Q= R I
n
2
2 yn yn
8= 0 ,0004 0 ,5
0 ,02 2
yn = 8
3
yn = 2 m
b. Um canal de seção triangular de mínimo perímetro molhado, revestido de tijolos rejuntados com
argamassa de cimento, tem uma descarga de 4 m3s-1. Supondo que a declividade seja de 0,0016,
calcular a altura do nível da água no canal.
Solução:
Para z = 1:
nQ
8/3
= 0,5
yn I
3/ 8 3/ 8
nQ 0,013 × 4
yn = 1/ 2
= 1/ 2
= 1,43 m
0,5 I 0,5 × 0,0016
A 2 / 3 1/ 2 yn
Q= A = yn e R =
2
R I onde:
n 2 2
2 2/3
y y
4= n n 0,0016 0,5
0,013 2 2
= 2,6 ∴ y n = 1,43 m
8/ 3
yn
142
c. Uma manilha de concreto é assentada em um declive de 0,0002 e deve transportar uma vazão
de 2,365 Ls-1 quando estiver 75% cheia. Que diâmetro deverá ser usado?
Solução:
n = 0,016 (Tabela 7)
-1
I = 0,0002 mm
Q = 2,365 m3s-1
yn/D = 0,75
nQ
= 0,28
D8 / 3 I
0, 375 0 , 375
nQ 0,016 × 2,365
D = 1/ 2
=
0 ,5
= 2,33 m
0,28 I 0,28 × 0,0002
nQ
8/ 3
= 0,6
yn I
0, 375
0,016 × 2,365
yn = 0,5
0,6 × 0,0002
y n = 1,75 m
y n / D = 0,75 ∴ D = 2,33 m
Q A
= 0 ,93 , sendo Q0 = 0 R0 I 1/2
2/3
Q0 n
2/3
A 2/3 0,93 πD 2 D
Q = 0,93 0 R0 I 1 / 2 = I 1/ 2
n n 4 4
143
0,93 3,14 8 / 3
2,365 = 5/ 3
D × 0,00020,5
0,016 4
D = 2,30 m
d. Para abastecer Belo Horizonte, a adutora do Rio das Velhas tem um trecho em canal com seção
circular, construído em concreto moldado no local, por meio de formas metálicas. Os dados deste
trecho são:
Pede-se:
a. A velocidade máxima e a vazão máxima;
b. Os valores das alturas de lâmina de água em cada etapa.
Solução:
Qmáx
= 1,075
Q0
Vmáx
= 1,139
V0
πD 2
A0 = = 4,52 m2
4
D
R0 = = 0,60 m
4
144
2/ 3
A0 2 / 3 1 / 2 4 ,52 0 ,60
Q0 = R0 I = (0 ,001)0 ,5 = 8,473 m3s-1
n 0 ,012 4
Q0 4 × 8,473
V0 = = = 1,87 ms-1
A0 π × 2,4 2
nQmáx
= 0 ,33
D8 / 3 I
0,33 × 2,4 8 / 3 × 0,0011 / 2
Qmáx =
0,012
Qmáx = 8,98 m3s-1
θ = 5,379 rd (para Qmáx)
D2
A= (θ − senθ ) = 4,43 m2
8
Qmáx 8,98
Vmáx = = = 2,03 ms-1
A 4,43
Q1 3 y n1
= = 0 ,354 ; = 0 ,409 ; y n1 = 0,98 m
Q0 8,473 D
Q2 6 y n2
= = 0 ,708 ; = 0,61 ; y n2 = 1,46 m
Q0 8,473 D
Q3 9 y n3
= = 1,06 ; = 0,86 ; y n3 = 2 ,06 m
Q0 8,473 D
145
b.2. Usando a Figura 56:
nQ 0,012 × 3
1
8 / 3 1/ 2
= = 0,11
D I 2,4 8 / 30,0011 / 2
nQ2 0,012 × 6
8 / 3 1/ 2
= = 0,22
D I 2,4 8 / 30,0011 / 2
nQ 0,012 × 9
3
8 / 3 1/ 2
= = 0,33
D I 2,4 8 / 3 0,0011 / 2
y n1
= 0,4 ∴ yn1 = 0,4 × 2,40 = 0,96 m
D
y n2
= 0,6 m ∴ yn2 = 0,6 × 2,40 = 1,44 m
D
y n3
= 0,86 ∴ yn3 = 0,86 × 2,40 = 2,06 m
D
1) Um canal de drenagem, em terra com vegetação rasteira nos taludes e fundo, com taludes 2,5:1,
declividade de fundo Io = 30 cm/km, foi dimensionado para uma determinada vazão de projeto Qo,
tendo-se chegado a uma seção com largura de fundo b = 1,75 m e altura de água yo = 1,40 m.
a) Qual a vazão de projeto?
b) A seção encontrada é de mínimo perímetro molhado?
c) Se o projeto deve ser refeito para uma vazão Q1 = 6,0 m3/s e a seção é retangular, em concreto,
qual será a altura de água para uma largura de fundo igual ao dobro da anterior?
146
3) Um canal trapezoidal, em reboco de cimento não completamente liso, com inclinação dos
taludes 2:1, está sendo projetado para transportar uma vazão de 17 m3/s a uma velocidade média
de 1,20 m/s. Determine a largura de fundo, a profundidade em regime uniforme e a declividade de
fundo para a seção hidráulica de máxima eficiência.
4) Um canal trapezoidal deve transportar, em regime uniforme, uma vazão de 3,25 m3/s, com uma
declividade de fundo Io = 0,0005 m/m trabalhando na seção de mínimo perímetro molhado. A
inclinação dos taludes é de 0,5:1 e o revestimento será em alvenaria de pedra argamassada em
condições regulares. Determine a altura d’água e a largura de fundo.
5) Qual o acréscimo percentual na vazão de uma galeria circular quando a área molhada passa da
meia seção para a seção de máxima velocidade?
Determine as vazões máxima e mínima no trecho para que se verifiquem as seguintes condições
de norma:
a) Máxima lâmina d’água: y = 0,75D.
b) Mínima lâmina d’água: y = 0,20D.
c) Máxima velocidade: V = 4,0 m/s.
d) Mínima velocidade: V = 0,50 m/s.
Coeficiente de rugosidade de Manning, n = 0,013.
7) Determine a mínima declividade necessária para que um canal trapezoidal, taludes 4:1,
transporte 6 m3/s, com uma velocidade média igual a 0,60 m/s. Coeficiente de rugosidade, n =
0,025.
8) Determine a relação de vazões entre um canal trapezoidal em taludes 1:1, largura de fundo igual
a três vezes a altura d’água e um canal trapezoidal de mesmo ângulo de talude, mesma área
molhada, mesma rugosidade e declividade de fundo, trabalhando na seção de mínimo perímetro
molhado.
147
9) Demonstre que o raio hidráulico de um canal trapezoidal na seção de mínimo perímetro
molhado, para qualquer ângulo de talude, é igual à metade da altura d’água.
10) Uma galeria de águas pluviais de diâmetro D transporta uma determinada vazão com uma área
molhada tal que Rh = D/6. Nestas condições, calcule as relações V/Vp e Q/Qp.
Gabarito:
148
UNIDADE 5 – VERTEDORES
5.1 Conceito
H = carga hidráulica;
P = altura do vertedor;
B= largura da seção transversal do
curso d`água;
L = largura da crista da soleira do
vertedor.
5.3 Classificação
• Parede delgada (e < 2/3 H): a espessura (e) da parede do vertedor não é suficiente para
que sobre ela se estabeleça o paralelismo entre as linhas de corrente.
• Parede espessa (e > 2/3 H): a espessura (e) da parede do vertedor é suficiente para que
sobre ela se estabeleça o paralelismo entre as linhas de corrente.
149
Figura 58. Vista longitudinal do escoamento da água sobre a soleira do vertedor.
• Vertedor sem contração lateral (L = B): o escoamento não apresenta contração ao passar
pela soleira do vertedor, se mantendo constantes antes e depois de passar pela estrutura
hidráulica (Figuras 59a, 59b).
• Vertedor com contração lateral (L < B): nesse caso a linha de corrente se deprime ao
passar pela soleira do vertedor, podendo-se ter uma (Figuras 59c, 59d) ou duas contrações
laterais (Figuras 59e, 59f)
(b)
(a)
150
(c) (d)
(e) (f)
Figura 59. Vertedor: (a) sem cont
ntração lateral; (b) vista de cima sem contraçã
ção lateral; (c) com uma
contração lateral; d) vista de cima com
co uma contração lateral – linha de corrente dep
eprimida (lado direito); (e)
duas contrações laterais; e (f) vista d
de cima com duas contrações laterais – linha de
e corrente deprimida (lado
direito e esquerdo).
151
(a) (b)
Figura 61. (a) vertedor operado em condições de descarga livre (P > P’); e (b) vertedor afogado (P < P’).
5.4 Equação geral da vazão para vertedores de parede delgada, descarga livre,
independentemente da forma geométrica
Para obtenção da equação geral da vazão será considerado um vertedor de parede delgada
e de seção geométrica qualquer (retangular, triangular, circular etc), desde que seja regular, ou
seja, que possa ser dividida em duas partes iguais. Na Figura 62 está apresentada uma vista
longitudinal e frontal do escoamento, destacando a seção de vertedor.
As seguintes hipóteses são feitas na dedução da equação geral:
• Escoamento permanente;
• A pressão na cauda é nula (abaixo e acima da cauda tem-se Patm);
• O valor de P é suficientemente grande para se desprezar a velocidade de aproximação (V0);
• Distribuição hidrostática das pressões nas seções (0) e (1);
• Escoamento ideal entre as seções (0) e (1), isto é, ausência de atrito entre as referidas
seções e incompressibilidade do fluido (densidade constante);
• Par de eixos coordenados (x, y) passando pelo centro da soleira do vertedor, de modo a
dividi-la em duas partes iguais; e
• Seção (1) ligeiramente a jusante da crista do vertedor.
152
Figura 62. Vista longitudinal e frontal do escoamento, destacando a seção do vertedor.
2 2
P0 V0 V P1
+ + Z 0 = + 1 + Z1 (173)
γ 2g γ 2g
Para todas as situações em que o escoamento for tratado como ideal, a velocidade será
sempre ideal ou teórica (Vth), como aparece na equação (174). Pela mesma razão quando se trata
da vazão, ela também será ideal ou teórica (Qth).
Da equação (174) chega-se a:
A vazão teórica que escoa através da área elementar dA mostrada na Figura 62, é dada
por:
153
dQ th
= Vth dA (176)
2
sendo:
dA = x dy (177)
dQ th = 2 2g (H - y) x dy (179)
que integrada nos limites de zero a H, permite calcular a vazão teórica para todo vertedor, ou seja:
H
1
Q th = 2 2g ∫ x ( H − y) 2 dy (180)
0
em que x é função de y.
H
1
Q = 2 2g C Q ∫ x (H − y) 2 dy (181)
0
154
5.4.1 Vertedor retangular de parede delgada em condições de descarga livre
De acordo com a Figura 63 pode-se observar que x (metade da soleira L) é constante para
qualquer valor de y, podendo-se escrever:
L
x = f ( y) = (182)
2
H H
1 1
Q = 2 2g C Q ∫ L / 2(H − y) dy = 2 2g C Q L ∫ (H − y) 2 dy
2
(183)
0 0
Substituindo as equações (184), (185), (186) na parte que se refere a integral da equação
(183), tem-se:
H 0 H
2 3/ 2
∫(H - y)
1/ 2
dy = ∫ u 1/ 2
(-du ) = ∫ u 1 / 2 du = H (187)
0 H 0
3
155
2
Q= 2g C Q L H 3 / 2 (188)
3
que é a equação válida para vertedor retangular de parede delgada, sem contrações laterais.
O valor de CQ (coeficiente de descarga) foi estudado por vários pesquisadores como: Bazin,
Rehbock, Francis, sendo encontrado em função de H e de P na Tabela 4A do Apêndice 4.
Francis obteve, por meio de estudos experimentais, o valor de CQ para vertedor retangular
sem contração lateral igual a 0,6224. Substituindo na equação (188) o valor do CQ obtido por
Francis e g igual a 9,81 m.s-2, tem-se:
em que:
Q = vazão (m3s-1);
L = comprimento da soleira (m); e
H = altura de lamina (m).
Deve-se salientar que na equação (188), o valor da aceleração da gravidade (g) já esta
implícito no coeficiente numérico apresentado, devendo-se respeitar as unidades apresentadas
para L, H e Q.
Quando o vertedor possui contrações laterais pode-se deduzir a equação como feita para o
caso anterior. Por razões de simplicidade, Francis propôs usar a equação (189) trocando-se L por
L’, conforme apresentado na Figura 64a e b:
(a) (b)
Figura 64. Vertedor com uma (a) e duas contrações laterais (b).
156
Segundo Francis, para cada contração, o comprimento da soleira (L) deve ser reduzido em
10% da altura da lâmina vertente (H), para fins de obtenção do comprimento da soleira (L’) e
cálculo da vazão
O valor de L’ é usado na equação (189) no lugar de L, sendo o CQ o mesmo para os casos
de vertedores sem contração lateral. Logo, as equações (190) e (191), já incorporando a correção
proposta por Francis, devem ser usadas para obtenção da vazão em vertedores retangulares com
1 e 2 contrações laterais, respectivamente.
No caso de vertedor retangular de parede delgada com duas contrações laterais, pode-se
utilizar diretamente a equação proposta por Poncelet para a obtenção da vazão, não sendo
necessária a correção de Francis em função do número de contrações laterais.
Na falta de informações pode-se tomar CQ = 0,60, valor este dado por Poncelet, ficando a
fórmula para vertedores com duas contrações laterais escrita como:
157
Nesse caso, a função x = f(y) pode ser escrita como:
θ
x = y.tg (192)
2
θ
H
Q = 2 2g C Q tg
20∫ y (H − y)1 / 2 dy (193)
Fazendo:
(H - y)1/2 = u (194)
H – y = u2 ∴ H – u2 = y (195)
dy = -2udu (196)
H 0
∫
0
y (H − y)1 / 2 dy = ∫ 1/ 2
(H − u 2 ) u (−2u du ) (199)
H
H1 / 2 H1 / 2
∫ (H − u ) u du = 2 ∫ ( Hu 2 − u 4 ) du
2 2
2 (200)
0 0
H1/ 2
u3 u5 H H5/ 2
= 2 H − = 2 H3/ 2 − (201)
3 5 3 5
5 H5/ 2 3 H5/ 2 4
=2 − = H5/ 2 (202)
15 15 15
8 θ
Q= 2g C Q tg H 5 / 2 (203)
15 2
que é válida para o cálculo da vazão em vertedores triangulares isósceles.
158
O valor de CQ poderá ser encontrado em tabelas, em função de θ, H e P. Na falta de
informações pode-se adotar como valor médio CQ = 0,60.
θ
Se θ = 90o, tg = 1, e a fórmula anterior se simplifica para:
2
Q = 1,40 H5 (204)
em que:
Q = vazão (m3s-1); e
H = altura da lâmina vertente (m).
OBS.: Para pequenas vazões o vertedor triangular é mais preciso que o retangular (aumenta o
valor de H a ser lido quando comparado com o retangular), entretanto, para maiores vazões
ele passa a ser menos preciso, pois qualquer erro de leitura da altura de lâmina vertente (H)
é afetado pelo expoente 5/2.
Menos utilizado do que os vertedores retangular e triangular. Pode ser usado para medição
de vazão em canais, sendo o vertedor CIPOLLETTI o mais empregado. Esse vertedor apresenta
taludes de 1:4 (1 na horizontal para 4 na vertical) para compensar o efeito da contração lateral da
lâmina ao escoar por sobre a crista (Figura 66).
Neste caso, a equação geral (181) também pode ser usada para a dedução da equação
particular do vertedor trapezoidal. Por razões de simplicidade, a vazão pode ser calculada como a
soma das vazões que passam pelo vertedor retangular e pelos vertedores triangulares, ou seja:
159
2 8 θ
Q= 2g C Q1 L H 3 / 2 + 2g C Q 2 tg H 5 / 2 (205)
3 15 2
2 4H θ
Q= 2g C Q1 + C Q 2 tg L H 3 / 2 (206)
3 5L 2
Fazendo:
4H θ
C Q = C Q1 + C Q 2 tg (207)
5L 2
2
Q= 2g C Q L H 3 / 2 (208)
3
A espessura da parede (e) é suficiente para garantir o paralelismo entre os filetes, ou seja,
as linhas de corrente são paralelas, o que confere uma distribuição hidrostática de pressões sobre
a soleira do vertedor (Figura 67).
160
Aplicando a Equação de Bernoulli entre (0) e (1), para a linha de corrente AB, com
referência em AB, tem-se:
2 2
P0 V0 P V
+ + z 0 = 1 + 1 + z1 (210)
γ 2g γ 2g
2
V
H + 0 + 0 = h + th + 0 (211)
2g
Vth = (H − h ) 2g (212)
(
Q th = L 2g Hh 2 − h 3 )1/ 2
(214)
2
h= H (215)
3
1/ 2
2 2 2 3
Q th = L 2g H H − H (216)
3 3
1/ 2
4 8 3
Q th = L 2g H 3 − H (217)
9 27
1/ 2
12 H 3 8H 3
Q th = L 2g − (218)
27 27
1/ 2
4
Q th = L 2g H3/ 2 (219)
27
Q = 0,385.C Q 2g L H 3 / 2 (220)
161
Experiências realizadas levam à conclusão de que CQ = 0,91, podendo a expressão (220)
ser escrita como:
em que:
Q = vazão (m3s-1);
L = comprimento da soleira (m); e
H = altura da lâmina vertente (m).
OBS:
a) O ideal é calibrar o vertedor no local (quando sua instalação é definitiva) para obtenção do
coeficiente de vazão (CQ).
b) O vertedor de parede delgada é empregado exclusivamente como medidor de vazão e o de
parede espessa faz parte, geralmente, de uma estrutura hidráulica (vertedor de barragem, por
exemplo) podendo também ser usado como medidor de vazão.
Vale ressaltar que a determinação da altura da lâmina vertente (H) não é feita sobre a crista
do vertedor e sim a uma distância à montante suficiente para evitar a curvatura da superfície líquida.
Os seguintes cuidados devem ser tomados na instalação e na medida de H:
• Escolher um trecho de canal retilíneo a montante e com pelo menos 20H de comprimento
(na prática, considerar no mínimo 3 metros);
• A distância da soleira ao fundo (P) deverá ser superior a 3H (≅ 0,50 m) e da face à margem,
2
V
superior a 2H (≅ 0,30 m). Quando P ≅ 3H pode-se assumir 0 ≅ 0;
2g
• O vertedor deve ser instalado na posição vertical, devendo estar a soleira na posição
horizontal;
• Não permitir que haja qualquer escoamento lateral ou por baixo do vertedor;
• A ventilação sob a cauda deve ser mantida para assegurar o escoamento livre; e
• O valor de H deve ser medido a uma distância da soleira de 10H. Na prática, adotar a
distância de aproximadamente 1,5 m.
162
O procedimento a ser utilizado na medição de H é ilustrado nas figuras a seguir. Destacam-
se duas situações: vertedor móvel (Fig. 68a), utilizado para medições esporádicas da vazão, em
que o topo da estaca tangencia o nível da água; e vertedor fixo (Fig. 68b), utilizado para medições
frequentes da vazão, em que o topo da estaca fica em nível com a crista do vertedor.
(a) (b)
2) Você foi encarregado de construir um vertedor triangular de 90º, de paredes delgadas, para
medição de vazão do laboratório de pesquisas na sua faculdade. Sabendo que a vazão máxima a
ser medida é de 14 L/s, determine a altura mínima do vertedor, contada a partir do seu vértice, para
medir a vazão máxima necessária.
163
4) Deseja-se construir um vertedor trapezoidal (Cipolletti) para medir uma vazão de 500 L/s.
Determine a largura da soleira desse vertedor, para que a altura d’água não ultrapasse a 60 cm.
5) Um vertedor retangular de parede fina com 1,0 m de largura, sem contrações laterais, é
colocado juntamente com um vertedor triangular de 90º em uma mesma seção, de modo que o
vértice do vertedor triangular esteja 0,15 m abaixo da soleira do vertedor retangular. Determinar:
a) a carga no vertedor triangular quando as vazões em ambos os vertedores forem iguais;
b) a carga no vertedor triangular quando a diferença de vazão entre o vertedor retangular e
triangular for máxima;
Utilizar as equações de Thompson e Francis.
7) Calcule a vazão teórica pelo vertedor de parede fina mostrado na figura abaixo. A carga sobre a
soleira é de 0,15 m.
164
8) As seguintes observações foram feitas em laboratório, durante um ensaio em um vertedor
retangular de largura L = 1,50 m.
9) Se a equação básica para um vertedor retangular, de soleira fina, sem contrações laterais, for
usada para determinar a vazão por um vertedor de soleira espessa, de igual largura, qual deve ser
o coeficiente de vazão Cq naquela equação? Despreze a carga cinética de aproximação.
10) Na tentativa de evitar o efeito da contração e a depleção da veia líquida, comum nos vertedores
retangulares, pretende-se utilizar vertedores triangulares e trapezoidais. Para tornar mais
comparáveis os resultados obtidos nas várias opções disponíveis de vertedores, a carga de cálculo
será fixada em 0,5 m, a área molhada em 2 m2 e a velocidade de aproximação considerada nula.
Mantendo estes referenciais, determine as vazões dos seguintes vertedores:
OBS: Compare as vazões obtidas com a vazão do vertedor retangular.
a ) Vertedor triangular
b ) Vertedor trapezoidal com ângulo θ/2 = 45°
c ) Vertedor Cipoletti
Gabarito:
1) CQ = 0,427
2) H = 15,9 cm
3) Q = 0,698 m3/s
4) L = 0,58 m
5) a) H = 1,31 m; b) H = 0,70 m
6) Volume = 11,16 m3
7) Q = 40,23 L/s
8) K = 0,976; n = 1,47
9) Cq = 1/√3
10) a) Q = 2,00 m3/s; b) Q = 2,443 m3/s; c) Q = 2,489 m3/s; Vertedor Retangular: Q = 2,60 m3/s.
165
UNIDADE 6 – ORIFÍCIOS E BOCAIS EM PAREDES DE RESERVATÓRIOS
6.1 Orifícios
6.1.1 Conceito
6.1.2 Finalidade
6.1.3 Classificação
em que;
d = altura do orifício; e
h = altura relativa ao centro de gravidade do
orifício.
166
III) Quanto à natureza das paredes: Os orifícios podem ser considerados de:
a) Parede delgada (e < d): a veia líquida toca apenas a face interna da parede do reservatório, ou
seja, o líquido toca o perímetro da abertura segundo uma linha (Figura 70a).
b) Parede espessa (e ≥ d): a veia líquida toca quase toda a parede do reservatório (Figura 70b).
Esse caso será enquadrado no estudo dos bocais (os orifícios de parede espessa funcionam como
bocais).
(a) (b)
(a) (b)
Figura 71. Orifícios de parede vertical (a) e parede inclinada para montante (b).
167
(c) (d)
Figura 72. Orifícios de parede inclinada para jusante (a) e parede horizontal (b).
Quando a parede é horizontal e h < 3.d ocorre o chamado vórtice ou vórtes, o qual afeta o
coeficiente de descarga (CQ).
V) Quanto ao escoamento:
(a) (b)
O jato que sai do orifício sofre uma gradual contração, ficando a sua seção menor que a da
abertura, pois pela inércia das partículas, a direção do movimento não se altera bruscamente
(Figura 74).
168
(a) (b) (c) (d) (e)
Figura 74. Orifícios com contração do tipo completa [(a) e (e)] e incompleta [(b), (c) e (d)].
Seção contraída é aquela seção do orifício na qual observa-se uma mudança nas linhas de
corrente do jato d’ água ao passar pelo orifício. Diz-se que a contração é incompleta quando a
água não se aproxima livremente do orifício de todas as direções, o que ocorre quando o mesmo
não está suficientemente afastado das paredes e do fundo. A experiência mostra que, para haver
contração completa, o orifício deve estar afastado das paredes laterais e do fundo de, ao menos, 3
vezes a sua menor dimensão. Como a contração da veia líquida diminui a seção útil de
escoamento, a descarga aumenta quando a contração é incompleta.
As partículas fluidas escoam para o orifício vindas de todas as direções em trajetórias
curvilíneas. Ao atravessarem a seção do orifício continuam a se moverem em trajetórias curvilíneas
(as partículas não podem mudar bruscamente de direção, devido à inércia das partículas,
obrigando o jato a contrair-se um pouco além do orifício, onde as linhas de corrente são paralelas e
retilíneas) (Figura 75).
L = 0,5 a 1 d
AC
= C C ⇒ coeficiente de contração
A
A = área do orifício.
169
6.1.4 Fórmula para cálculo da vazão
Neste caso admite-se que todas as partículas que atravessam o orifício têm a mesma
velocidade e que os níveis da água são constantes nos dois reservatórios.
Considerando a Figura 76, aplica-se a equação de Bernoulli entre os pontos (0) e (1)
situados na linha de corrente 0-1, com plano de referência passando pelo ponto (1).
2 2
P0 V0 P V
+ + Z 0 = 1 + 1 + Z1 (222)
γ 2g γ 2g
P0 Patm
sendo: = ; V0 ≈ desprezível e V1 = Vth , tem-se:
γ γ
2
V
0 + 0 + h 0 = h 1 + th + 0 (223)
2g
2
Vth
= h 0 − h 1 ⇒ Vth = 2g (h 0 − h 1 ) (224)
2g
(velocidade teórica na seção contraída)
Na prática a velocidade real (V) na seção contraída é menor que Vth, devido às perdas
existentes (atrito externo e viscosidade - atrito interno). Chamando de Cv (coeficiente de
velocidade) a relação entre V e Vth, tem-se:
170
V
Cv = ⇒ V = C v Vth (225)
Vth
V = C V 2g (h 0 − h 1 ) (226)
(velocidade real na seção contraída)
A vazão (Q) que atravessa a seção contraída (e também o orifício), é dada por:
Q = A C V = C V A C 2g (h 0 − h 1 ) (227)
Q th = AVth (228)
em que;
Ac = área da seção contraída, L2.
AC
CC = ⇒ AC = CCA (229)
A
Q = C V C C A 2g (h 0 − h 1 ) (230)
CQ = CV . CC (231)
OBS: o valor de CQ é função da forma e diâmetro do orifício e da lâmina de água h0-h1. Na prática
pode-se adotar Cc = 0,62.
171
Substituindo (231) em (230), tem-se:
Q = CQ A 2g (h 0 − h1 ) (232)
6.1.4.2 Orifícios com escoamento livre de pequenas dimensões em paredes delgadas (contração
completa)
Q = C Q A 2g h (233)
Nesse caso não se pode mais admitir que todas as partículas possuem a mesma
velocidade, devido ao grande valor d. O estudo é feito considerando-se o grande orifício dividido
em um grande número de pequenas faixas horizontais de alturas infinitamente pequenas, onde
pode ser aplicada a equação deduzida para orifícios pequenos (Figura 77).
172
Considerando-se, portanto, um orifício de formato qualquer, a faixa elementar terá área de:
dA = x dh (234)
Q = CQ . A . Vth (236)
dQ = CQ Vth dA (237)
dQ = CQ x dh 2gh (238)
h1
Q = ∫ C Q x 2g h 1 / 2 dh
h0
h1
h1 h1 h1
2
∫xh dh = ∫ L h dh = L ∫ h 1 / 2 dh =
1/ 2 1/ 2 3/ 2 3/ 2
L (h 1 - h 0 )
h0 h0 h0
3
2 3 3
Q= LC Q 2g (h 1 2 - h 0 2 ) (240)
3
(orifício retangular de grandes dimensões)
173
OBS: Se h0 = 0, o orifício deixa de funcionar como tal e passa a ser um vertedor.
x h1 - h b
= ⇒ x = (h 1 - h )
b d d
θ
Como b = 2 d tg , tem-se:
2
θ
x = 2 d tg (h1 - h) (241)
2
θ θ 1
h1 h
Q = CQ 2g ∫ 2 tg (h 1 − h )h dh = 2C Q 2g tg ∫ (h 1 − h )h 1 / 2 dh
1/ 2
h0
2 2 h0
sendo:
∫ (h h − h 3 / 2 )dh =
h1 h1
∫ (h − h )h
2 3/ 2 2
dh =
1/ 2 1/ 2 3/ 2 5/ 2 5/2
1 1 h 1 (h 1 - h 0 ) (h 1 - h 0 )
h0 h0
3 5
tem-se:
174
θ 2
2 3
( ) (
2
)
Q = 2 CQ 2g tg h1 h13 / 2 - h 03 / 2 − h15 / 2 - h 05 / 2
5
(242)
Q th = AVth (243)
Q = AC V (244)
Q A V
= CQ = ⇒ C Q = C CC V (245)
Qth A c Vth
Quando o orifício é de contração incompleta, a vazão é calculada pela mesma fórmula que
para orifício de contração completa, ou seja:
sendo o coeficiente CQ’ (coeficiente de vazão para contração incompleta) relacionado com o
coeficiente de vazão para contração completa (CQ) pela seguinte expressão obtida
experimentalmente por Bidone:
em que: K = relação entre o perímetro da parte não contraída do orifício, para o perímetro total do
orifício.
175
Exemplo:
Calcular o coeficiente de
e vvazão para os orifícios de contração incomp
pleta, conforme figuras
apresentadas a seguir (considere
re CQ = 0,62), sendo dados b = 20 cm e d = 5 ccm.
Caso 1 Caso 2 Ca 3
Caso
Caso 1:
b+d 1 1
K= = ⇒ C Q ' = (1 + 0,15x ) 0,62 = 0,6665
665
2 (b + d) 2 2
Caso 2:
b 20
K= = = 0,4 ⇒ C Q ' = (1 + 0,15x 0,4) 0,62 = 0,6572
2 ( b + d ) 2 ( 20 + 5)
Caso 3:
2d + b 2.5 + 20
K= = = 0,6 ⇒ C Q ' = (1 + 0,15x 0,6) 0,62 = 0,6758
2 ( b + d ) 2 ( 20 + 5)
176
6.2 Bocais ou Tubos Curtos
6.2.1 Conceito
Bocais são pequenos tubos adaptados a orifícios de paredes delgadas por onde escoam os
líquidos dos reservatórios, canais etc.
6.2.2 Finalidade
Os bocais possuem a finalidade de dirigir o jato, regular e medir a vazão, sendo utilizados,
também, para a determinação do tempo de esvaziamento de reservatórios e o cálculo do alcance
de jatos.
6.2.3 Classificação
Conforme apresentado na Figura 79, os bocais cilíndricos podem ser classificados como:
• interiores ou reentrantes (interesse teórico); e
• exteriores (interesse prático).
(a) (b)
177
(a) (b)
Outras formas de bocais podem ocorrer como, por exemplo, bocais com bordas
arredondadas.
178
O bocal curto funciona como um orifício de paredes delgadas (e<D e L<D), sendo adotado o
mesmo coeficiente usado para os dois casos, isto porque a seção contraída se forma fora do bocal
curto.
A dedução da fórmula é feita do mesmo modo que para os orifícios, não sendo necessária a
sua repetição; obviamente o que muda é o valor do coeficiente de descarga, o qual deve ser
levantado experimentalmente ou por meio de tabelas. Dessa forma:
Q = C Q A 2g h (248)
sendo que CQ é funcão do comprimento (L), diametro (D) e forma do bocal. Para L = 3D,
pode-se tomar, na prática, CQ = 0,82.
OBS: para parede delgada e parede espessa, os valores de CQ são aproximadamente iguais.
Exemplo:
1) Os valores de H1 e H2
179
Dados:
CV1 = CV2 = 0,98
CC1 = CC2 = 0,61
A1 = 2 cm2
A2 = 4 cm2
Solução:
Fórmulas:
Q1 = C Q1 A 1 2g (h 0 - h 1 ) (orifício afogado)
Q 2 = C Q 2 A 2 2g H 2 (orifício livre)
Q1 = Q2
1 1
CQ1 A1 2g (h 0 - h1) 2 = CQ2 A 2 2g H 2 2
1
A1 H 2 2
=
A 2 (h 0 - h1)
Como:
h0 = h`+x
h1 = H2+x
180
1 1
A1 H2 2 H
= 2
2
=
A 2 ( h ' + x ) (H 2 + x ) (h ' - H )
2
1 2
2 H2 2 H2 1
= (5 - H ) = (2)
⇒
4 (5 - H 2 ) 2
Até agora considerou-se a carga h invariável. Se o nível da água do reservatório não for
mantido constante, h diminuirá com o decorrer do tempo e o escoamento passará a ser encarado
como não permanente. Considerando a Figura 82, e ainda:
Para um dado instante t, o orifício (ou o bocal) possui uma vazão Q sob uma carga h.
Decorrido um pequeno intervalo de tempo dt, pode-se considerar que a vazão continuará sendo a
mesma, ou seja:
181
Q = CQ A 2g h (orifícios de pequenas dimensões). (249)
Para esse mesmo intervalo de tempo dt o volume elementar (dVol) do líquido escoado,
mantida a vazão Q, será:
dvol
Q= → dvol = Q dt (250)
dt
Ainda no mesmo intervalo de tempo dt pode-se dizer que o nível da água baixará no
reservatório de dh, o que corresponde a um volume elementar de:
dvol = −S dh (252)
C Q A 2g h dt = −S dh
−S −S −1
dt = dh = h 2 dh
1 C Q 2g A (253)
C Q 2g A h 2
t=
2S h 12 − h 12
0 1 (254)
C Q 2g A
182
• CQ é função dos valores de h e d, varia com a diminuição de h;
• A partir de um certo valor h, o orifício deixará de ser considerado como “pequeno”,
passando a ser considerado como grande, e
h h
• Considera-se orificio pequeno quando d ≤ e grande quando d > .
3 3
Exemplo:
Em uma estação de tratamento de água (ETA), existem dois decantadores de 5,50 x 16,50
m de base e 3,50 m de profundidade. Para limpeza e reparos, qualquer uma dessas unidades pode
ser esvaziada por meio de uma comporta quadrada de 0,30 m de lado, instalada junto ao fundo.
Calcular a vazão inicial da comporta e determinar o tempo necessário para o esvaziamento do
decantador (CQ’ = 0,62 ⇒ coeficiente de vazão para contração incompleta).
Solução:
a) Vazão inicial:
183
b) Tempo necessário para o seu esvaziamento:
t=
2S h 12 - h 12
0 1
C Q 2g A
h 0 = h = 3,35m
h1 = 0
em que:
h1 = parcela utilizada para produzir a velocidade real.
OBS: h1 < h porque uma parcela de h foi consumida para vencer as resistências ao escoamento.
Essa parcela consumida chama-se “perda de carga”, que será representada por hf.
184
Portanto:
h − h1 = h f ou
Vth 2 V 2
− = hf
2g 2g
V2 V
2
th − 1 = h f
2g V
V V 1
= C v ⇒ th =
Vth V Cv
V2 1
− 1 = h
(perda de carga em orifícios e bocais.) (257)
C v 2
f
2g
6.2.7 Determinação da velocidade real (V) usando o processo das coordenadas cartesianas
Esta técnica constitui-se num interessante método para a determinação da velocidade real
do escoamento, e consequentemente da vazão, desde que se despreze a resistência do ar. Sabe-
se que a pressão exercida numa superfície por um líquido é normal a essa superfície.
Para o equacionamento do problema, considere-se um orifício praticado na parede inclinada
de um reservatório conforme a Figura 84 apresentada a seguir:
185
As equações da cinemática são descritas abaixo:
1
e = e 0 + V0 t − gt 2 (258)
2
V = V0 − gt (259)
em que:
e = espaço percorrido, L;
e0 = espaço inicial, L;
V = velocidade num determinado ponto, L.T-1;
V0 = velocidade inicial, L.T-1; e
t = tempo percorrido, T.
Lembrando que a posição ocupada por uma partícula assim como sua velocidade podem
ser obtidas pelas equações da cinemática, pode-se escrever para as coordenadas do ponto (1),
com o auxílio da equação (258) e considerando o movimento ascendente:
x = 0 + V0 x t − 0 ∴ x = V0 x t (direção x ) (260)
1 1
y = 0 + V0 y t − gt 2 ∴ y = V0 y t − gt 2 (direção y ) (261)
2 2
V1x = V0 x − gt
V1x = V0 x = V cos θ
V = V0 − gt
V1y = V0 y − gt = Vsenθ − gt (262)
186
x 1 x2
y = V0 y − g (264)
V0 x 2 V0 x 2
V0 y
Como = tgθ e V0 x = V cos θ , escreve-se a equação como:
V0 x
g x2
y = xtgθ -
2 V 2 cos 2 θ
2V 2 cos 2 θy - 2V 2 cos 2 θx tgθ = gx 2
V 2 (2 cos 2 θy - 2 cos 2 θx tgθ) = gx 2 (-1)
gx 2
V=
2 cos 2 θ( x tgθ - y)
x g
V= (265)
cos θ 2( x tgθ − y)
A equação (265) descreve a velocidade real na saída do bocal ou orifício em função das
coordenadas x e y:
x 1
Cv = (266)
2 cos θ h ( x tgθ − y)
Se a parede do reservatório for vertical, θ = 0 e y será sempre negativo, de tal forma que:
0
x 1
Cv = (267)
2 hy
187
Observações:
• o eixo das ordenadas y foi considerado positivo para cima e o das abscissas x para a
direita.
• as equações anteriores podem ser aplicadas a escoamentos livres em orifícios, bocais,
tubulações etc.
• se V1y for positivo, o movimento é ascendente e se V1y for negativo, o movimento é
descendente.
Exemplo
Solução:
x g
V=
cos θ 2( x tgθ - y)
3,63 9,81
V=
cos 60 0 2(3,63 tg60 0 + 0,90)
V = 6m s
188
g x2
y = xtgθ -
2 V 2 cos 2 θ
2
9,81
0 x
y = xtg 60 -
2 6 cos 600
y = 1,732x - 0,545x 2
πd 2 π(0,050) 2
Q = AV = V= 6 = 0,0118 m3s-1
4 4
c) Velocidade na posição 1:
V1x
α
V12 = V1x 2 + V1y 2
V12 = 32 + (−6,67) 2
V1 = 7,31 m s
V1y V1
189
6.3 Exercícios de Fixação
1) Na parede vertical de um reservatório de grandes dimensões (A) existe um orifício afogado (1)
que deságua em outro reservatório (B). Este, por sua vez, possui também um orifício que deságua
livremente (2).
Supondo que o regime é permanente e, sabendo que a altura h vale 5,0 m, calcule:
a) as alturas H1 e H2;
b) a vazão que escoa pelos orifícios
2) Num bocal cilíndrico externo de 2,0 cm2 de área e coeficiente de vazão de 0,85, verificou-se que
o jato sai com velocidade de 5,0m/s. Nestas condições, determinar a carga no bocal e a vazão que
escoa.
3) Um bocal cilíndrico interno, funcionando com veia descolada, tem área de 2,0 cm2, coeficiente
de velocidade de 0,98 e coeficiente de contração de 0,52, com carga de 2,0 m.
Qual seria a área de um bocal externo de Cv = 0,85 que, com a mesma carga, descarregaria a
mesma vazão?
190
parede fina, com altura P = 1,20 m e largura da soleira igual a 0,90 m. Determine a altura d’água Y
no tanque e a vazão pelo vertedor, na condição de equilíbrio. Utilize a equação de Francis.
5) Um vertedor triangular com ângulo de abertura de 90º descarrega água com uma carga de 0,15
m em um tanque, que possui no fundo três orifícios circulares de parede delgada, com 40 mm de
diâmetro. Na condição de equilíbrio, determine a vazão e a profundidade da água no tanque.
6) Um reservatório de barragem, com nível d’água na cota 545,00 m está em conexão com uma
câmara de subida de peixes, através de um orifício circular com diâmetro D1 = 0,50 m. Essa
câmara descarrega na atmosfera, por outro orifício circular de diâmetro D2 = 0,70 m, com centro na
cota 530,00 m. Após certo tempo, cria-se um regime permanente (níveis constantes). Sabendo-se
que os coeficientes de contração dos dois orifícios são iguais a Cc = 0,61 e os coeficientes de
velocidade, iguais a Cv= 0,98, calcular qual é a vazão e o nível d’água na câmara de subida de
peixes.
7) Um reservatório de seção quadrada de 1,0 m de lado possui um orifício circular de parede fina
de 2 cm2 de área, com coeficiente de velocidade Cv = 0,97 e coeficiente de contração Cc = 0,63,
situado 2,0 m acima do piso, conforme a figura abaixo. Inicialmente, com uma vazão de
191
alimentação Qe constante, o nível d’água no reservatório mantém-se estável na cota 4,0 m. Nestas
condições, determine:
a) a vazão Qe;
b) a perda de carga no orifício;
c) a distância x da vertical passando na saída do orifício até o ponto onde o jato toca o solo
(alcance do jato);
d) interrompendo-se bruscamente a alimentação, Qe = 0, no instante t = 0, determinar o tempo
necessário para o nível d’água no reservatório baixar até a cota 3,0 m.
8) Um vertedor retangular de parede fina com 1,0 m de largura, sem contrações laterais, é
colocado juntamente com um vertedor triangular de 90º em uma mesma seção, de modo que o
vértice do vertedor triangular esteja 0,15 m abaixo da soleira do vertedor retangular. Determinar:
a) a carga no vertedor triangular quando as vazões em ambos os vertedores forem iguais;
b) a carga no vertedor triangular quando a diferença de vazão entre o vertedor retangular e
triangular for máxima;
Utilizar as equações de Thompson e Francis.
10) Um reservatório de forma cônica, cuja área superior é S e a área do orifício no fundo é So, tem
coeficiente de descarga, supostamente constante, igual a Cq. Qual é o tempo necessário para seu
esvaziamento total?
192
Gabarito:
193
Apêndice 1. Condutos Forçados
194
Tabela 1A. Valores de viscosidade cinemática da água
Temperatura, Viscosidade, cinemática Temperatura, Viscosidade,
o -2 -1 o
C v, m s C cinemática v, m-2s-1
0 0,000 001 792 20 0,000 001 007
2 0,000 001 763 22 0,000 001 960
4 0,000 001 567 24 0,000 001 917
6 0,000 001 473 26 0,000 001 876
8 0,000 001 386 27 0,000 001 839
10 0,000 001 308 30 0,000 001 804
12 0,000 001 237 32 0,000 001 772
14 0,000 001 172 34 0,000 001 741
16 0,000 001 112 36 0,000 001 713
18 0,000 001 059 38 0,000 001 687
195
Tabela 1C. Valores adotados na PNB 591 da rugosidade uniforme equivalente ε (em mm) para
tubos usuais
I. TUBO DE AÇO: JUNTAS SOLDADAS E INTERERIOR CONTÍNUO ε
1.1. Grandes incrustações ou tuberculizações 2,4 a 12,0
1.2. Tuberculização geral de 1 a 3 mm 0,9 a 2,4
1.3. Pintura à brocha, com asfalto, esmalte ou betume em camada espessa 0,6
1.4. Leve enferrujamento 0,25
1.5. Revestimento obtido por imersão em asfalto quente 0,1
1.6. Revestimento com argamassa de cimento obtido por centrifugação 0,1
1.7. Tubo novo previamente alisado internamente e posterior revestimento de esmalte,
vinyl ou epoxi obtido por centrifugação 0,06
II. TUBO DE CONCRETO
2.1. Acabamento bastante rugoso: executado com formas de madeira muito rugosas:
concreto pobre com desgastes por erosão; juntas mal alinhadas 2,0
2.2. Acabamento rugoso: marcas visíveis de formas 0,5
2.3. Superfície interna alisada a desempenadeira; juntas bem feitas 0,3
2.4. Superfície obtida por centrifugação 0,33
2.5. Tubo de superfície lisa, executado com formas metálicas, acabamento médio com
juntas bem cuidadas. 0,12
2.6. Tubo de superfície interna bastante lisa, executado com formas metálicas,
acabamento esmerado, e juntas cuidadas 0,06
III. TUBO DE CIMENTO AMIANTO 0,10
I.V. TUBO DE FERRO FUNDIDO
4.1. Revestimento interno com argamassa de cimento e areia obtida por centrifugação
com ou sem proteção de tinta a base de betume 0,1
4.2. Não revestido 0,15 a 0,6
4.3. Leve enferrujado 0,30
V. TUBO DE PLÁSTICO 0,06
VI. TUBOS USADOS
6.1. Com camada de lodo inferior a 5,0 mm
6.2. Com incrustações de lodo ou de gorduras inferiores a 25 mm 6,0 a 30,0
6.3. Com material sólido arenoso depositado de forma irregular 60,0 a 30,0
NOTA:
– Valores mínimos a adotar com tubos novos (ef. item 5.8.1.9. da PNB 591):
– Para adutoras medindo mais de 1.000 m de comprimento: 2,0 vezes o valor encontrado na
tabela acima para o tubo e acabamento escolhidos.
– Para adutoras medindo menos de 1.000 m de comprimento: 1,4 vezes o valor encontrado na
tabela para o tubo e acabamento escolhidos.
196
Tabela 1D. Valores de C (fórmula de Hazen-Willians)
Material C
Aço corrugado (Chapa ondulada) 60
Aço com juntas “Lock-Bar” novas 130
Aço galvanizado (novo e em uso) 125
Aço rebitado novo 110
Aço rebitado em uso 85
Aço soldado novo 120
Aço soldado em uso 90
Aço salgado com reve. esp. novo e em uso 130
Chumbo 130
Cimento amianto 140
Cobre 130
Concreto bem acabado 130
Concreto acabamento comum 120
Ferro fundido novo 130
Ferro fundido em uso 90
Ferro fundido revestido de cimento 130
Grés cerâmico vidrado (manilha) 110
Latão 130
Madeira em aduelas 120
Tijolos condutos bem executados 100
Vidro 140
Plástico 140
197
Tabela 1E. Equivalência das perdas de cargas localizadas em metros de canalização de PVC rígido ou cobre
Saída Válvula de Retenção
Tes 90o Tes 90o Tes 90o Entrada Válvula Registro Registro Registro
Diâmetro Joelho Joelho Curva Curva Entrada de
Passagem Saída Saída de de pé e Tipo Tipo de Globo de Gaveta Ângulo
D 90o 45o 90o 45o Normal Canali-
Direta de Lado Bilateral Borda crivo Leve Pessado Aberto Aberto Aberto
zação
mm
pol.
20 (1/2) 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 2,3 0,3 0,9 0,8 8,1 2,5 3,6 11,1 0,1 5,9
25 (3/4) 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 2,4 0,4 1,0 0,9 9,5 2,7 4,1 11,4 0,2 6,1
32 (1) 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3,1 3,1 0,5 1,2 1,3 13,3 3,8 3,8 15,0 0,3 8,4
40 (1 ¼) 2,0 1,0 0,7 0,5 4,5 4,6 4,6 0,6 1,8 1,4 15,5 4,9 7,4 22,0 0,4 10,5
50 (1 ½) 3,2 1,3 1,2 0,6 2,2 7,3 7,3 1,0 2,3 3,2 18,3 6,8 9,1 35,8 0,7 17,0
60 (2) 3,4 1,5 1,3 0,7 2,3 7,6 7,6 1,5 2,8 3,3 23,7 7,1 10,8 37,9 0,8 18,5
75 (2 ½) 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 7,8 1,6 3,3 3,3 25,0 8,2 12,5 38,0 0,9 18,0
85 (3) 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 8,0 2,0 3,7 3,7 26,8 9,3 14,2 40,0 0,9 20,0
110 (4) 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,7 8,3 2,2 4,0 3,9 28,6 10,4 15,0 42,3 1,0 22,1
140 (5) 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10,0 10,0 2,5 5,0 4,9 37,4 12,5 19,2 50,9 1,1 26,2
160 (6) 5,4 2,6 2,1 1,2 3,6 11,1 11,1 3,6 5,6 5,5 43,4 13,9 21,4 56,7 1,2 28,9
198
Tabela 1F. Perdas localizadas expressas em diâmetros de canalização retilínea
(comprimentos equivalentes)
Comprimentos expressos em
Peça
diâmetros (números de diâmetros)
Ampliação gradual 12
Cotovelo de 90o 45
Cotovelo de 45o 20
Curva de 90o 30
Curva de 45o 15
Entrada normal 17
Entrada de borda 35
Junção 30
Redução gradual e excêntrica 6 3/4 aberto = 35D
Registro de gaveta, aberto 8 1/2 aberto = 170D
Registro de globo, aberto 350 1/4 aberto = 900D
Registro de ângulo, aberto 170
Saída de canalização 35
Tê, passagem direta 20
Tê, saída de lado 50
Tê, saída bilateral 65
Válvula-de-pé e crivo 250
Válvula de retenção 100
Curvas de aço em segmentos
30o – 2 segmentos 7
45o – 2 segmentos 15
45o – 3 segmentos 10
60o – 2 segmentos 25
60o – 3 segmentos 15
90o – 2 segmentos 65
90o – 3 segmentos 25
90o – 4 segmentos 15
199
Figura 1A. Fluxograma de Podalyro para determinação da perda de carga (hf).
200
Figura 1B. Fluxograma de Podalyro para determinação da vazão (Q).
201
Figura 1C. Fluxograma de Podalyro para determinação do diâmetro (D).
202
Tabela 1G. Pressão de vapor da água em função da temperatura.
203
Tabela 1H. Pressão
Pre Atmosférica em Função da Altitude.
204
Apêndice 2. Deduções das equações para o cálculo das grandezas
geométricas das seções dos canais
205
2.1 Seções usuais
x
A = by n + 2 y n = by n + xy n
2
x
tgα = ∴ x = zy n
yn
2
A = by n + zy n
A = y n (b + zy n )
P = b + 2T
2 2 2
T 2 = x 2 + yn = z 2 yn + yn → T = yn z 2 + 1
P = b + 2 yn z 2 + 1
A y n (b + y n )
R= =
P b + 2 yn z 2 + 1
B = b + 2x
B = b + 2 zy n
206
2.1.2 Seção retangular
A = byn
P = b + 2 yn
A by n
R= =
P b + 2 yn
207
a. Área molhada (A)
2
A = zy n
2 2
P = 2 z 2 yn + yn = 2 yn z 2 + 1
A zy n
R= =
P 2 z2 +1
πD 2πr θD
= ∴P = ( θ em radiano)
P θ 2
208
2π θ π 2π θ θ - π
β= - π - = - + =
4 2 2 2 2 2
D D D θ π
yn - = senβ = sen -
2 2 2 2 2
sen(a - b ) = sena cos b - senb cos a
D D θ π π θ
yn - = sen cos - sen cos
2 2 2 2 2 2
D D θ
yn - = 0 - cos
2 2 2
D θ θ y
yn = 1 - cos ∴ 1- cos =2 n
2 2 2 D
yn θ
1- 2 = cοs
D 2
y
θ = 2 arccos1 - 2 n
D
D θ
yn = 1 − cos
2 2
209
2 2 2
D B D
= + yn −
2 2 2
2 2 2
D B D θ D
= + 1 − cos −
2 2 2 2 2
2 2
D B D D θ D 2
= + − cos −
2 2 2 2 2 2
2 2 2
D B D 2θ
= + cos
2 2 2 2
2 2
B D 2θ
= 1 − cos
2 2 2
2 2
B D 2 θ → B = D sen θ
= sen
2 2 2 2 2 2
θ
B = Dsen
2
πD 2
A= - A1
4
ΜΝ D Β D
Α3 = yn - = yn -
2 2 2 2
1 θ − D θ 1 θ θ
A3 = Dsen cos = - D 2 sen cos
2 2 2 2 4 2 2
πD 2 /4 2π
=
A2 2π − θ
D 2 2π - θ D 2 θ
A2 = = π −
4 2 4 2
D2 θ 1 2 θ θ
A1 = π - + D sen cos
4 2 4 2 2
210
πD 2 πD 2 θ 1 2 θ θ
A= − + D2 − D sen cos
4 4 8 4 2 2
D2 θ θ
A= θ − 2 sen cos
8 2 2
θ θ senθ
sen cos = (tabelas trigonométricas)
2 2 2
D2
A= (θ - senθ ) ( θ em radiano)
8
A D2
R= = (θ - senθ) 2
P 8 θD
D senθ
R = 1 -
4 θ
Neste caso basta usar as equações deduzidas para canal de seção circular, fazendo θ=π.
a. Perímetro molhado(P)
θD πD
P= =
2 2
D θ D π
yn = 1 − cos = 1 − cos
2 2 2 2
D
yn =
2
211
c. Largura da superfície (B)
θ π
B = Dsen = Dsen
2 2
B=D
d. Área molhada(A)
D2 2
A= (θ − senθ ) = D (π − senπ )
8 8
πD 2
A=
8
D senθ D senπ
R= 1 - = 1 -
4 2 4 2
D
R=
4
Observa-se que o raio hidráulico do canal semicircular é igual ao raio hidráulico do canal circular
funcionando a plena seção.
212
2.2 Seções de máxima eficiência
(1)
P = b + 2 yn z 2 + 1
A = y n (b + zy n ) (2)
A A (3)
b + zy n = ⇒b= − zyn
yn yn
(3) em (1):
A
P= − zy n + 2 y n 1 + z 2
yn
dP A
=− − z + 2 1+ z2 = 0
dy n yn 2
A
2 1+ z2 − z =
yn 2
(4)
A = yn 2 ( 2 1 + z 2 − z )
(4) em (3):
b = y n 2 1 + z 2 − z − zy n
213
(5)
b = 2 yn 1 + z 2 − z
(5) em (1):
P = 2 yn 1 + z 2 − z + 2 yn 1 + z 2
(6)
P = 2 yn 2 1 + z 2 − z
2
(
A yn 2 1 + z 2 − z y ) (7)
R= =
(
P 2 yn 2 1 + z 2 − z
→R= n
2 )
Observação: havendo a possibilidade de escolher o valor de z (z é função da natureza das paredes
do canal) para a seção de máxima eficiência, este será substituído, yn de (4) em (6):
1/ 2
A
yn =
2
2 1+ z − z
(2 1 + z )
1/ 2
A 2
P = 2
−z
2
2 1+ z − z
(
P = 2 A1/ 2 2 1 + z 2 − z ) 1/ 2
elevando ambos os membros ao quadrado
[(
P2 = 4 A 2 1 + z2 )
0, 5
− z] derivando, vem:
dP 2z
2P = 4 A − 1
2
dz 1+ z
dP 2z 1
= 2 A − 1 = 0
2
dz 1+ z P
2z
−1 = 0
1+ z2
2z = 1 + z 2
4z2 = 1+ z 2
214
1
z=
3
z = tgα α = 30°
S i = 180°(n − 2 )
S i 180°(n − 2 )
i= = = 120°
n n
3(n − 2 ) = 2n
3n − 6 = 2n
Semi-hexágono n=6
2
A = 2 yn
b = 2 yn
P = 4 yn
yn
R=
2
215
2.2.3 Seção triangular de máxima eficiência
(2)
P = 2 yn 1 + z 2
A
yn = que substituindo em (2), fornece:
z
A
P=2 1 + z2
z
P2 =
4A
( ) 1
1 + z 2 = 4 A + z
z z
dP 1
2P = 4 A1 − = 0
dz z2
z 2 = 1 → z = 1 → α = 45°
θ = 2α → θ = 90°
2
A = yn
P = 2 2 yn
yn
R=
2 2
216
2.2.4 Seção circular de máxima eficiência
θD D2
P= e A= (θ − senθ)
2 8
8A
D=
θ − senθ
8A θ 8Α 1
P= =
2 θ − senθ 2 senθ
1−
θ
dP
=0
dθ
πD πD 2
P= e A=
2 8
Deste modo pode-se observar que o canal circular de máxima eficiência trabalha a meia
seção (o canal é chamado de semicircular).
217
Apêndice 3. Condutos Livres: tabelas e figuras
218
Tabela 3A. Valores de γ para a fórmula de Bazin
Estado da parede
Natureza da parede
Perfeito Bom Regular Mau
Cimento liso 0,048 0,103 0,157 0,212
Argamassa de cimento 0,103 0,157 0,212 0,321
Aqueduto de madeira aparelhada 0,048 0,157 0,212 0,267
Aqueduto de madeira não aparelhada 0,103 0,212 0,267 0,321
Canais revestidos de concreto 0,157 0,267 0,377 0,485
Pedras brutas rejuntadas com cimento 0,430 0,594 0,870 1,142
Pedras não rejuntadas 0,870 0,142 1,303 1,419
Pedras talhadas 0,212 0,267 0,321 0,430
Paredes metálicas de seção semicircular lisa 0,103 0,157 0,212 0,321
Paredes de chapas corrugadas, em seção semicircular 0,733 0,870 1,007 1,142
Paredes de terra, canais retos e uniformes 0,430 0,594 0,733 0,870
Paredes de pedra, lisas em canais uniformes 0,870 1,142 1,308 1,419
Paredes rugosas de pedras irregulares 1,419 1,169 1,965 -
Canais de terra com grandes meandros 0,733 0,870 1,007 1,142
Canais de terra, dragados 0,870 1,007 1,142 1,308
Canais com leitos de pedras rugosas e com vegetação nas
0,870 1,142 1,419 1,690
margens de terra
Canais com fundo de terra e com pedras nas margens 1,025 1,142 1,308 1,419
Canais naturais
a) Limpos, margens retilíneas, nível máximo sem zonas mortas
0,870 1,007 1,142 1,308
profundas
b) Mesmo que a), porém com alguma vegetação e pedra 1,142 1,308 1,419 1,690
c) Com meandros, zonas mortas e região pouco profunda,
1,419 1,690 1,965 2,240
limpa
d) Mesmo que c), durante estiagem, sendo declividade e seção
1,60 1,965 2,240 2,515
menor
e) Mesmo que c), com algumas vegetações e pedras nas
1,308 1,419 1,690 1,965
margens
f) Mesmo que d) com pedras 1,965 2,24 2,515 2,780
g) Zonas de pequenas velocidades, com vegetação, ou zonas
2,240 2,78 3,340 3,880
mortas profundas
h) Zonas com muita vegetação 3,610 4,98 6,360 7,720
219
Tabela 3B. Valores de n para as equações de Manning
Estado da parede
Natureza da parede
Perfeito Bom Regular Mau
Cimento liso 0,010 0,011 0,012 0,013
Argamassa de cimento 0,011 0,012 0,013 0,015
Aqueduto de madeira aparelhada 0,010 0,012 0,013 0,014
Aqueduto de madeira não aparelhada 0,011 0,013 0,014 0,015
Canais revestidos de concreto 0,012 0,014 0,016 0,018
Pedras brutas rejuntadas com cimento 0,017 0,020 0,025 0,030
Pedras não rejuntadas 0,025 0,030 0,033 0,035
Pedras talhadas 0,013 0,014 0,015 0,017
Paredes metálicas de seção semicircular lisa 0,011 0,012 0,0275 0,030
Paredes de terra, canais retos e uniformes 0,017 0,020 0,0225 0,030
Paredes de pedra, lisas em canais uniformes 0,025 0,030 0,033 0,035
Paredes rugosas de pedras irregulares 0,035 0,040 0,045 -
Canais de terra com grandes meandros 0,0225 0,025 0,0275 0,030
Canais de terra, dragados 0,025 0,0275 0,030 0,033
Canais com leitos de pedras rugosas e com vegetação nas
0,025 0,030 0,035 0,040
margens de terra
Canais com fundo de terra e com pedras nas margens 0,028 0,030 0,033 0,035
Canais naturais
a) Limpos, margens retilíneas, nível máximo sem zonas
0,025 0,0275 0,030 0,033
mortas profundas
b) Mesmo que a), porém com alguma vegetação e pedra 0,030 0,033 0,035 0,040
c) Com meandros, zonas mortas e região pouco profunda,
0,035 0,040 0,045 0,050
limpa
d) Mesmo que c), durante estiagem, sendo declividade e
0,040 0,045 0,050 0,055
seção menor
e) Mesmo que c), com algumas vegetações e pedras nas
0,033 0,035 0,040 0,045
margens
f) Mesmo que d) com pedras 0,045 0,050 0,055 0,060
g) Zonas de pequenas velocidades, com vegetação, ou zonas
0,050 0,060 0,070 0,080
mortas profundas
h) Zonas com muita vegetação 0,075 0,100 0,125 0,150
220
Figura 3A. Elementos Hidráulicos de uma tubulação de seção circular.
Observações:
a) O máximo de Q ocorre quando yn/D = 0,95;
b) O máximo de V ocorre quando yn/D = 0,81;
c) Q a plena seção é igual a Q quando yn/D = 0,82;
d) R a meia seção (yn/D = 0,5) é igual a R a plena seção (yn/D=1);
e) Q a plena seção (yn/D = 1,0) é o dobro de Q a meia seção (yn/D=0,5);
f) V a meia seção (yn/D = 0,5) é igual a V a plena seção (yn/D = 1,0);
g) Onde R é máximo, V é máximo;
h) Onde Q é máximo, R/R0 = 1,15;
i) Onde V é máximo, R/R0 = 1,22.
221
Figura 3B. Dimensionamento de canais circulares.
Observações:
a. Relação para vazão máxima: yn/D = 0,95
b. Curva (1): relaciona yn/D com nQ/D8/3I1/2
c. Curva (2): relaciona yn/D com nQ/yn8/3I1/2
222
Figura 3C. Determinação da largura de fundo (b) para canais trapezoidais e retangulares
(z = 0)
223
Figura 3D. Determinação da profundidade (yn) para canais trapezoidais e retangulares
ret (z=0)
224
z
225
Apêndice 4. Vertedores, Orifícios e Bocais
226
Tabela 4A. Valores de C da fórmula Q = CLH3/s de vertedores retangulares em
2
C = 2g C Q paredes delgadas sem contrações laterais
3
Altura Carga H (m)
Fórmula vertedor
0,05 0,10 0,15 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50
p (m)
Bazin 0,20 2,03 2,03 2,07 2,17 2,28 2,42 2,46 2,50 2,54
Rehbock 0,20 1,86 1,89 1,98 2,13 2,44 2,88 3,23 3,55 4,02
Francis 0,20 1,81 1,84 1,90 1,95 2,02 2,13 2,16 2,18 2,22
Soc. Suiça 0,20 1,85 1,90 1,99 2,10 2,23 2,36 2,40 2,45 2,48
Bazin 0,50 1,99 1,95 1,94 1,97 2,08 2,14 2,22 2,27 2,32
Rehbock 0,50 1,83 1,82 1,88 1,93 2,04 2,12 2,21 2,28 2,39
Francis 0,50 1,82 1,81 1,87 1,91 1,99 2,02 2,05 2,06 2,10
Soc. Suiça 0,50 1,82 1,81 1,88 1,94 2,06 2,12 2,20 2,24 2,30
Bazin 1,00 1,99 1,92 1,90 1,90 1,94 2,03 2,10 2,15 2,21
Rehbock 1,00 1,83 1,79 1,84 1,86 1,91 2,00 2,08 2,13 2,20
Francis 1,00 1,82 1,79 1,85 1,86 1,89 1,95 1,99 2,02 2,04
Soc. Suiça 1,00 1,82 1,79 1,85 1,87 1,93 2,02 2,09 2,14 2,18
Bazin 1,50 1,99 1,92 1,90 1,88 1,89 1,90 1,96 2,01 2,06
Rehbock 1,50 1,82 1,78 1,84 1,85 1,86 1,88 1,94 1,99 2,03
Francis 1,50 1,81 1,78 1,86 1,86 1,87 1,87 1,91 1,94 1,97
Soc. Suiça 1,50 1,82 1,78 1,84 1,88 1,89 1,90 1,96 2,01 2,05
Bazin ∞ 2,06 1,93 1,88 1,86 1,82 1,81 1,81 1,80 1,79
Rehbock ∞ 1,88 1,80 1,80 1,80 1,79 1,79 1,79 1,78 1,78
Francis ∞ 1,84 1,84 1,84 1,84 1,84 1,84 1,84 1,84 1,84
Soc. Suiça ∞ 1,89 –1,82 1,82 1,82 1,82 1,81 1,81 1,81 1,81
Correção de Francis.
227
Tabela 4B. Valores de CQ no caso de orifício retangular em parede delgada vertical
Carga na borda Altura dos orifícios
superior do
orifício > 0,20 m 0,10 m 0,05 m 0,03 m 0,02 m 0,01 m
0,005 m – – – – – 0,705
0,010 – – – – – 0,701
0,015 – 0,593 0,612 0,632 0,660 0,697
0,020 0,572 0,596 0,615 0,634 0,659 0,694
0,030 0,578 0,600 0,620 0,638 0,659 0,688
0,040 0,582 0,603 0,623 0,640 0,658 0,683
0,050 0,585 0,605 0,625 0,640 0,658 0,679
0,060 0,587 0,607 0,627 0,640 0,657 0,676
0,070 0,588 0,609 0,628 0,639 0,656 0,673
0,080 0,589 0,610 0,629 0,638 0,656 0,670
0,090 0,591 0,610 0,629 0,637 0,655 0,668
0,100 0,592 0,611 0,630 0,637 0,654 0,666
0,120 0,593 0,612 0,630 0,636 0,653 0,663
0,140 0,595 0,613 0,630 0,635 0,651 0,660
0,160 0,596 0,613 0,631 0,634 0,650 0,658
0,180 0,597 0,615 0,630 0,634 0,649 0,657
0,200 0,598 0,615 0,630 0,633 0,648 0,655
0,250 0,599 0,616 0,630 0,632 0,646 0,653
0,300 0,600 0,616 0,629 0,632 0,644 0,650
0,400 0,602 0,617 0,628 0,631 0,642 0,647
0,500 0,603 0,617 0,628 0,630 0,640 0,644
0,600 0,604 0,617 0,627 0,630 0,638 0,642
0,700 0,605 0,616 0,627 0,629 0,637 0,640
0,800 0,605 0,616 0,627 0,629 0,636 0,637
0,900 0,605 0,615 0,626 0,628 0,634 0,635
1,00 0,605 0,615 0,626 0,628 0,633 0,632
1,10 0,604 0,614 0,625 0,627 0,631 0,629
1,20 0,604 0,614 0,624 0,626 0,628 0,626
1,30 0,603 0,613 0,622 0,624 0,625 0,622
1,40 0,603 0,612 0,621 0,622 0,622 0,618
1,50 0,602 0,611 0,620 0,620 0,619 0,615
1,60 0,602 0,611 0,618 0,618 0,617 0,613
1,70 0,602 0,610 0,616 0,616 0,615 0,612
1,80 0,601 0,609 0,615 0,615 0,614 0,612
1,90 0,601 0,608 0,614 0,613 0,612 0,612
2,00 0,601 0,607 0,613 0,612 0,612 0,611
> 3,00 0,601 0,603 0,606 0,608 0,610 0,609
228
Tabela 4C. Valores de CQ no caso de orifício circular em parede delgada vertical
Carga no centro Altura dos orifícios
dos orifícios 0,30 m 0,18 m 0,06 m 0,03 m 0,015 m 0,006 m
0,12 m – – – 0,618 0,631 –
0,15 – 0,592 0,600 0,615 0,627 –
0,18 – 0,593 0,601 0,613 0,624 0,655
0,21 0,590 0,594 0,601 0,611 0,622 0,651
0,24 0,591 0,594 0,601 0,610 0,620 0,648
0,27 0,591 0,595 0,601 0,609 0,618 0,646
0,30 0,591 0,595 0,600 0,608 0,617 0,644
0,40 0,593 0,596 0,600 0,605 0,613 0,638
0,60 0,595 0,597 0,599 0,604 0,610 0,632
0,90 0,595 0,598 0,599 0,603 0,606 0,627
1,20 0,596 0,597 0,599 0,602 0,605 0,623
1,80 0,596 0,597 0,598 0,600 0,604 0,618
2,40 0,596 0,596 0,598 0,600 0,603 0,614
3,00 0,595 0,596 0,597 0,598 0,601 0,611
6,00 0,594 0,596 0,596 0,596 0,598 0,601
30,00 0,592 0,592 0,592 0,592 0,592 0,592
229
Tabela 4D. Valores dos coeficientes médios de bocais
Casos Cc Cv Ca Observações
Veia livre
0,62 0,985 0,61
(valores médios)
Bordos arredondados
1,00 0,98 0,98 acompanhando os filetes
líquidos
230