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Tradução e

Interpretação
nos Estudos
Surdos
Prof.ª Reginaldo Aparecido Silva
Prof. Warley Martins dos Santos

Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022

Elaboração:
Prof.ª Reginaldo Aparecido Silva
Prof. Warley Martins dos Santos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

S586t
Silva, Reginaldo Aparecido
Tradução e interpretação nos estudos surdos. / Reginaldo Aparecido Silva;
Warley Martins dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
298 p.; il.
ISBN 978-65-5663-760-0
ISBN Digital 978-65-5663-761-7
1. Comunidade surda. – Brasil I. Santos, Warley Martins dos. II. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 370

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico!

Seja bem-vindo ao Livro Didático Economia Colaborativa!

Sabemos que a economia é uma ciência que tem por objetivo administrar, de
forma eficiente, os recursos que estão cada vez mais escassos, sabemos ainda que esta
ciência está inserida constantemente em nosso dia a dia e, nesse sentido, é fundamental
termos conhecimentos para compreendê-la de forma significativa.

Neste livro, faremos uma abordagem geral sobre a nova tendência da economia,
que chamamos de economia colaborativa. Esse novo fenômeno da economia traz
consigo particularidades significativas que levarão você a entender melhor os motivos
pelos quais essa estrutura de negócios está sendo ampliada de forma exponencial.
Para isso, este material foi dividido em três unidades, visando uma estrutura didática
organizada e com conexão entre os conteúdos para um melhor aproveitamento de seu
estudo. Portanto, apresentaremos de forma sucinta o que você encontrará nas unidades
deste livro.

Na Unidade 1, abordaremos os conceitos iniciais que levarão você a entender


o que é a economia colaborativa, partindo de uma evolução histórica do consumismo
até as vantagens proporcionadas pela economia colaborativa. Ainda nesta unidade,
você será levado a conhecer os diferenciais competitivos de empresas que utilizam a
economia colaborativa dentro do mercado, além de compreender como as redes sociais
podem potencializar e alavancar a economia colaborativa. Você verá que o engajamento
social na proposição de inovação é essencial nesta nova estrutura de mercado e, ainda,
quais benefícios a economia colaborativa apresenta ao consumidor.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a implantação da economia colaborativa


em algumas empresas nacionais, apresentando o modelo de economia colaborativa
comparado ao modelo de economia tradicional, além de evidenciar a revolução das
relações de trabalhos e os desafios da economia colaborativa dentro de empresas
tradicionais que desejam alterar suas formas e metodologias de trabalho. Abordaremos
as novas formas de negócios e as inovações em um cenário promissor juntamente com
a experiência de outros usuários da economia colaborativa.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a economia descentralizada e o grande


diferencial entre ela e as economias tradicionais, evidenciando a comparação entre as
empresas tradicionais e as que já atuam com a economia descentralizada e o poder
das startups na atualidade. Além disso, evidenciaremos o capitalismo consciente,
mostrando a preocupação com o meio ambiente e as relações mantidas com
sociedades que estão inseridas no meio da pobreza extrema. Em reflexo a esse cenário,
evidenciaremos as blockchain e criptomoedas utilizadas como alternativas inseridas em
uma estrutura baseada na economia colaborativa mostrando o impacto das blockchain
e das criptomoedas na economia. Por fim, apresentaremos o culto da colaboração, pilar
da economia colaborativa evidenciando a gestão horizontal e a redução da burocracia,
a colaboração entre empresas e pessoas.

Esperamos que você tenha excelentes estudos e que este material lhe traga
muitas informações para que você as transforme em conhecimentos significativos!

Prof. Aislan da Silva Nunes


GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.

ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS.............................. 1

TÓPICO 1 - HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO


EM LÍNGUA DE SINAIS E LÍNGUAS ORAIS .........................................................3
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 QUESTÕES GERAIS SOBRE AS LÍNGUAS...........................................................................4
3 AS MODALIDADES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DAS LÍNGUAS......................................5
4 AS MODALIDADES DE USO DAS LÍNGUAS.........................................................................6
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 13

TÓPICO 2 - OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS TRANSLATIVOS........................................... 15


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 15
2 HISTÓRIA DA TRADUÇÃO: UM BREVE RELATO............................................................... 15
3 OS TIPOS DE TRADUÇÃO.................................................................................................. 17
3.1 TRADUÇÃO INTRALINGUAL................................................................................................................17
3.2 TRADUÇÃO INTERLINGUAL.............................................................................................................. 18
3.3 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA..........................................................................................................22
4 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO........................................................................................... 24
5 OS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO..................................................................................27
6 OS DIFERENTES TIPOS DE INTERPRETAÇÃO................................................................. 30
6.1 INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA E CONSECUTIVA ........................................................................30
6.1.1 Interpretação Consecutiva........................................................................................................31
6.1.2 Interpretação Simultânea........................................................................................................32
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 39

TÓPICO 3 - OS ESTUDOS SURDOS...................................................................................... 41


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 41
2 ESPECIFICIDADES E O CONCEITO SURDO..................................................................... 43
3 OS ESTUDOS SURDOS E A COMUNIDADE SURDA.......................................................... 45
4 PROTAGONISMO CONTEMPORÂNEO.............................................................................. 49
LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................................................73
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 83

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 85

UNIDADE 2 - O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS............... 93

TÓPICO 1 - O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR; O TRADUTOR E O TRADUZIR..................95


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................95
2 TRADUZIR OU INTERPRETAR?.........................................................................................96
3 O TRABALHO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COM LÍNGUAS
DE MODALIDADES DIFERENTES....................................................................................105
4 ESPECIFICIDADES DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS SINALIZADAS .......................108
4.1 ESPECIFICIDADES NO ATO INTERPRETATIVO ............................................................................108
4.1.1 Linearidade versus Simultaneidade.....................................................................................108
4.1.2 Code-blending..........................................................................................................................109
4.1.3 Lagtime.......................................................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 1.........................................................................................................111
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 112

TÓPICO 2 - A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO PROCESSO..................................... 115


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115
2 OS ESTUDOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO................................................................ 116
3 COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA (CT)................................................................................. 119
4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO.........................................................122
5 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO...........................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 127
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................128

TÓPICO 3 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL TILSPTILSP.................................. 131


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 131
2 ESFERA EDUCACIONAL, JURÍDICA E MIDIÁTICA..........................................................133
2.1 ESFERA EDUCACIONAL....................................................................................................................134
2.2 ESFERA JURÍDICA............................................................................................................................. 136
2.3 ESFERA MIDIÁTICA............................................................................................................................138
3 ATRIBUIÇÕES DISTINTAS: RESPONSABILIDADES EQUIVALENTES............................146
4 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL TILSP................................................................. 147
5 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS...................................................................................152
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................156
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................164
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................166

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................168

UNIDADE 3 —LEGISLAÇÕES CONTRIBUINTES À ÁREA DE TRADUÇÃO,


INTERPRETAÇÃO E GUIA-INTERPRETAÇÃO....................................................... 177

TÓPICO 1 — LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL


TRADUTOR INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE........................................... 179
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 179
2 LEGISLAÇÕES VIGENTES À FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL TILS E GILSP.................180
2.1 CONTRATEMPOS NA LEGISLAÇÃO..................................................................................................181
2.2 ANÁLISE PORMENORIZADA............................................................................................................184
3 QUESTÕES ÉTICAS RELACIONADAS AO TILSP.............................................................190
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................194
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................196

TÓPICO 2 - A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS:


(IN)FORMAÇÃO E PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS..................................... 197
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 197
2 FORMAÇÃO PRÁTICA X STATUS PROFISSIONAL.......................................................... 197
2.1 INGRESSO PRECIPITADO E A IN-FORMAÇÃO ARTIFICIAL ...................................................... 200
3 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS................................................................. 202
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 211
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................212
TÓPICO 3 - TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS: DICIONARIZAR-SE
OU CONTEXTUALIZAR-SE..............................................................................215
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................215
2 ARCABOUÇO LEXICAL....................................................................................................215
3 MINIGLOSSÁRIO BÁSICO............................................................................................... 223
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 260
RESUMO DO TÓPICO 3....................................................................................................... 270
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 271

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 274
UNIDADE 1 -

TRADUÇÃO E
INTERPRETAÇÃO NOS
ESTUDOS SURDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Distinguir o que é tradução e interpretação;

• Rever os tipos de tradução e seus respectivos usos;

• Identificar o que são os Estudos Surdos e a sua relevância na contemporaneidade;

• Reconhecer as especificidades da Comunidade Surda;

• Conhecer os protagonistas Surdos contemporâneos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de
cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e
aprendizado dos conteúdos apresentados.

TÓPICO 1 – HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO EM LÍNGUA DE


SINAIS E LÍNGUAS ORAIS

TÓPICO 2 – OS TIPOS DE TRADUÇÃO

TÓPICO 3 – OS ESTUDOS SURDOS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -

HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA


INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO
EM LÍNGUA DE SINAIS E
LÍNGUAS ORAIS

1 INTRODUÇÃO

Apenas o ser humano usa a linguagem verbal, algo que nos torna singulares
no planeta Terra, essa capacidade especial de conversar é vista, pelos cientistas, como
uma das principais partes do processo de evolução desse ser, por isso as pessoas se
interessam, há muito tempo, pelas origens da linguagem verbal.

É através da língua, uma das mais complexas características que nos tornam
humanos, esse código complexo de comunicação começa a ser usado por volta de
500 a 400 mil anos atrás para atender diversas necessidades biológicas das quais
não discutiremos nesse momento, porém não existe consenso entre os antropólogos
ou linguistas acerca de quando e como teria surgido a linguagem nos seres humanos
(ou em seus ancestrais). As estimativas variam consideravelmente, sendo que alguns
cientistas apontam para a existência de linguagem há 2 milhões de anos, enquanto
outros preferem localizá-la há quarenta mil anos. Logo após o desenvolvimento da
linguagem verbal, sua prática, precisou ser sistematizada através de um código de
comunicação, isto é, uma língua.

Podemos entender a língua como qualquer código desenvolvido naturalmente


pelo ser humano, de forma não premeditada, como resultado da facilidade inata para a
linguagem possuída pelo intelecto humano. Essas línguas podem ser tanto orais, como
o Português, ou de sinais, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Neste tópico, refletiremos sobre as questões gerais sobre as línguas, mas não
adentraremos em questões linguísticas da estrutura de seu funcionamento, mas sim de
sua expressão natural e em um segundo momento trataremos sobre a prática da língua
observando suas formas de produção e recepção de acordo com os tipos existentes
atualmente.

3
2 QUESTÕES GERAIS SOBRE AS LÍNGUAS
Já antes de Cristo, os filósofos gregos sofistas buscavam definir o ser humano
como “um animal racional” e “social”. Tais teóricos consideram o ser humano como
um animal racional ou um animal social. Seus esforços visavam defini-lo de maneira
excepcional como um animal que fala, é a língua que caracteriza e diferencia esse ser
dos demais assim como a racionalidade, que esse carrega, bem como a sociabilidade e
com o comportamento fundamental que se fundamentam na linguagem.

Não sabemos ao certo em que momento preciso o ser humano inicia o uso
de um sistema de comunicação para ilustrar sua linguagem, o que podemos assentir
é a origem da multiplicidade linguística existente no mundo. Diversos teóricos como
Seligmann-Silva (1998), Rodrigues (2000), Derridá (2002) e Vasconcellos e Bartholamei
(2009) recorrem à passagem da Torre de Babel para buscar entendimento sobre a
diversidade linguística existente no mundo de hoje.

Nos escritos sagrados, há cerca de 2420 anos a.C., o livro de Gênesis,


inspirado por Deus e escrito por Moisés, traduzido posteriormente para
o grego na versão Septuaginta, podemos ler que todas as pessoas
falavam a mesma língua na referida época, quando os descendentes
de Noé decidiram construir uma torre em formato de templo, a Torre
de Babel. Deus, então, interveio nesse plano, confundindo as línguas
para que o povo não se entendesse e a construção fosse dada por
encerrada (SANTOS, 2016, p. 19).

NOTA
Septuaginta  é o nome da versão da  Bíblia hebraica  traduzida em
etapas para o  grego koiné, entre o século I a.C. e o século III a.C.,
em Alexandria, por 72 rabinos, sendo escolhidos 6 de cada uma das
tribos de Israel, essa versão também foi conhecida como Versão dos
Setenta. FONTE: <https://goo.gl/zbHSuJ>. Acesso em: 21 abr. 2021.

Até os dias atuais, diferentes povos e até mesmo povos que coabitam o mesmo
território geográfico utilizam diferentes sistemas de comunicação aprimorados com o
passar do tempo a partir do uso social e individual desse sistema a qual chamamos de
língua.

Ao buscarmos no dicionário, uma língua pode ter diferentes definições, 13 no


total segundo o dicionário Michaelis, das quais duas podemos selecionar duas principais,
a primeira o órgão muscular e a segunda um código de comunicação que coloca a
linguagem em prática.

4
Em linhas gerais podemos conceituar a língua como um instrumento complexo
de comunicação composto por unidades segmentadas que quando juntas e combinadas,
possibilitam que um determinado grupo de usuários consiga produzir estruturas simples
e complexas objetivando estabelecer duas ações: comunicar e compreender.

Claro que essa não é a única definição, pois se observamos a perspectiva analítica
sobre este conceito temos: (1) códigos majoritariamente orais das quais se originam
as línguas orais; (2) fenômenos que ocorrem dentro de uma determinada comunidade
ou cultura, estando a ela intrinsecamente ligados; (3) está ao alcance de qualquer ser
humano e assimilados intuitivamente por todos da mais tenra idade podendo também
ser aprendido formalmente fora do ambiente familiar; e (4) apresenta em constante
mutação aleatória e incontrolável sendo de tempos em tempos padronizadas por
dicionários.

Ao dividirmos as línguas podemos agrupá-las de duas formas: quanto ao seu


modo de produção e recepção, bem como suas modalidades de uso, nas sessões
seguintes detalharemos estas questões.

3 AS MODALIDADES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DAS


LÍNGUAS
Um dos primeiros aspectos que nos chamam a atenção é que as línguas possuem
meios de produção e de recepção dos elementos que a compõe, estas características
podem ser englobadas naquilo que chamamos de modalidade, pois “[...] a modalidade
de uma língua pode ser definida como sendo os sistemas físicos ou biológicos de
transmissão por meio dos quais sua fonética se realiza” (MCBURNEY, 2004, p. 351 –
tradução RODRIGUES, 2018, p. 304).

Assim, com base no disposto acima entendemos que existam diferentes


modalidades de produções e recepções para diferentes tipos de língua, a saber: orais e
de sinais. Quando observamos nosso par linguístico de trabalho podemos observar que
“para as línguas orais a produção conta com o sistema vocal e a percepção depende do
sistema auditivo”, já as “línguas de sinais, por outro lado, dependem do sistema gestual
para a produção e do sistema visual para a percepção”. (MCBURNEY, 2004, p. 351,
traduzido por RODRIGUES, 2018, p. 2).

Propomos que estudem primeiramente a língua portuguesa, ela é uma língua


vocal, ou seja, se expressa por meio da passagem de ar pelas pregas vocais produzindo
assim o som a ser articulado na composição de uma palavra. Ainda pode ser considerada
uma língua falada pois pelo senso comum associamos a produção da voz à produção da
fala, ou seja, sua emissão se dá por sinais acústicos. Já sua recepção se dá pela audição
com a captação da onda sonora pelo pavilhão auditivo, sendo conduzido para o ouvido
médio e interno até ser interpretado pelo cérebro. Por isso a língua portuguesa possui
modalidade vocal-auditiva.
5
Agora passaremos à Língua de sinais brasileira, no caso a Libras, ela é uma língua
gestual, ou seja, é articulada a partir da movimentação do corpo de maneira a formar
uma unidade, associada a ela temos o adjetivo de ser sinalizada, isto é, a movimentação
do corpo produz sua unidade mínima de sentido completo que é nominado de sinal. Por
sua vez, a percepção desse tipo de língua se dá a partir da visão, em que as informações
são captadas pela luz que atravessa a córnea e chega à íris, que regula a quantidade
de luz recebida por meio de uma abertura chamada pupila, assim ela é transferida
para a retina que converte essa luz em impulsos nervosos que são transformados em
percepção visual pelo nosso cérebro, portanto, a Libras possui uma modalidade gestual-
visual ou gestovisual ou visuoespacial.

4 AS MODALIDADES DE USO DAS LÍNGUAS


Assim como as modalidades de produção e recepção das línguas, elas ainda
possuem diferentes formas de serem utilizadas pelo ser humano, ou seja, diferentes
modalidades de uso como vemos em Marcuschi (1997, p. 126), “estes usos podem se
dar de três formas: de maneira oral pela fala, de maneira escrita pelo letramento e de
maneira tátil pela percepção da pele”. Cabe ainda ressaltar que segundo Andrade (2011,
p. 50), “essas modalidades não são antagônicas em si, porém se alternam de acordo
com a necessidade do usuário quanto ao tipo de texto que o mesmo precisa produzir
em determinado momento cotidiano”.

Ao observamos a primeira modalidade, a oral, ela se dá a partir da fala, fala esta


que é ancorada na produção textual-discursiva oral, ou seja, não necessita de nenhuma
tecnologia além do órgão fonador, para línguas vocais-auditivas, ou da movimentação
corporal, para línguas gestuais visuais. Cabe ainda ressaltar que tal produção é
espontânea e efervescente, ou seja, não deixa registro em suporte algum a não ser que
seja gravada por um processo tecnológico à parte da sua produção. Andrade (2011, p.
51), ainda destaca algumas características interessantes sobre a fala:

(1) necessidade da interação face a face (os interlocutores


estão nos mesmos espaços físico e tempo); (2) planejamento
simultâneo ou quase simultâneo à execução, ao passo que você
fala automaticamente ela é materializada; (3) acesso imediato à
reação do ouvinte a partir da recepção da fala e; (4) possibilidade
de redirecionar o texto, posteriormente, uma mudança de assunto
repentina.

Podemos ainda ressaltar que a fala enquanto modalidade de uso da língua é


observável em ambas as nossas línguas de trabalho, independente da modalidade de
produção e recepção da língua, ou seja, é possível falar em português ou em Libras pois
na primeira temos a emissão de sinais acústicos e percepção auditiva e na segunda
sinais gestuais com percepção visual articulando assim a oralidade.

6
Já a modalidade escrita é uma tecnologia de representação abstrata pois não
dá conta de representar todos os fenômenos existentes na oralidade como a prosódia,
gesto e olhar (ANDRADE, 2011, p. 21), “dessa forma apresenta elementos inerentes à
mesma e que estão ausentes na oralidade a partir de sinais gráficos convencionados por
uma normativa”. Cabe ressaltar de igual forma que o letramento enquanto modalidade
de uso da língua é observável, novamente, em nossas línguas de trabalho, independente
da modalidade de produção e recepção da língua, ou seja, é possível escrever em
português ou em Libras a partir de sinais gráficos percebidos pela visão em ambas as
línguas, articulando assim o letramento. Vejamos os exemplos:

As línguas vocais auditivas dispõem de um sistema de escrita de signos


segmentados em grafemas (riscos) que representam fonemas (sons), tal sistema é
o alfabeto, todavia seu surgimento é impossível de ser datado. Na língua portuguesa
temos o alfabeto românico, ou também conhecido latino composto de 26 letras sendo
5 grafemas para vogais e 21 grafemas para consoantes.

FIGURA 1 - ALFABETO LATINO UTILIZADO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

A B C D E F G H I J K L M
N O P Q R S T U V W X Y Z

FONTE: Os autores

Em uma língua gestual-visual em sua modalidade escrita a possibilidade se dá a


partir da escrita de sinais (ES) que no Brasil possui três diferentes sistemas de notação, a
saber: Escrita de Língua de Sinais (ELiS) desenvolvido pela professora Mariângela Estelita
em 1997 e aprimorado em 2008, utilizado em pequena escala na Universidade Federal
de Goiás (UFG); o segundo sistema brasileiro é o Sistema de Escrita para Libras (SEL)
desenvolvido pela professora Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira na Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); o terceiro é o SignWritting, sistema internacional
de notações de línguas gestuais-visuais desenvolvido a partir das notações de Valerie
Sutton que foram descobertas por pesquisadores da Língua de Sinais Dinamarquesa da
Universidade de Copenhagen.

7
FIGURA 2 - RELAÇÃO DE MODALIDADE DA LÍNGUA COM A MODALIDADE DE USO DA LÍNGUA

FONTE: Rodrigues (2018, p. 9)

A terceira modalidade é trazida por Rodrigues (2018) em caráter inédito, se trata


da modalidade de uso tátil que pode ser percebida tanto em línguas de modalidade
vocal-auditiva quanto gestual-visual; vamos detalhar essa questão para você. Quando
estamos falando de línguas vocais auditivas, lembre-se elas são produzidas pelo
aparelho fonador, mas nessa modalidade elas são percebidas pelo tato, geralmente por
pessoas surdocegas, cegas ou com baixa visão, já que esse é o sentido sensorial mais
comumente utilizado por estas pessoas como vemos em Vilela (2020).

Para percepção da modalidade oral de uso de uma língua vocal-auditiva temos


o Tadoma ou leitura labial tátil, que segundo Vilela (2020, p. 110)

se trata de uma leitura orofacial a partir do tato sendo realizada a partir


do posicionamento do dedo polegar na bochecha, dedo indicador no
canto da boca e o dedo médio na outra bochecha ficando os outros
dedos dispostos no maxilar e garganta do interlocutor fazendo com
que este usuário perceba os elementos da articulação da modalidade
oral de uma língua vocal-auditiva.

Já uma língua gestual-visual é percebida na modalidade oral a partir da


articulação do que chamamos de Língua de Sinais Tátil, que é:

um sistema não alfabético que corresponde a Libras utilizada pelos


surdos do Brasil. Dessa forma, surdocego [usuários naturais desta
modalidade podem continuar utilizando] a língua de sinais [...] nessa
nova condição (VILELA, 2020, p. 102).

8
DICA
Você pode ver como este método funciona assistindo ao vídeo “Febrapils
Entrevista: Surdocega Sofia Indalecio, que usa Tadoma para se comunicar”
no canal da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais
Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais. Vídeo
disponível em: https://youtu.be/Bmoc6zTLBp8.

FIGURA 3 - FORMA DE PERCEPÇÃO DO TADOMA

FONTE: <https://bit.ly/3dX4N2k>. Acesso em: 28 abr. 2021

FIGURA 4 - FORMA DE PRODUÇÃO (HOMEM) E RECEPÇÃO (MULHER) DA LIBRAS TÁTIL

FONTE: <https://bit.ly/3nt1OBW>. Acesso em: 28 abr. 2021

DICA
Você pode ver como a Libras tátil funciona assistindo ao vídeo “Hélio
Fonseca e Regiane Pereira - Casa do Pai surdocego”. Vídeo disponível em:
https://youtu.be/A3U0EWH1XuU.

9
Já a percepção da modalidade escrita tátil de uso de uma língua vocal-auditiva
temos o Braille, código criado por Louis Braille composto por um conjunto de 6 pontos
em relevo que codificam toda a língua portuguesa a partir de um padrão específico para
cada letra do alfabeto latino. No Brasil o sistema é utilizado por pessoas cegas e com
baixa visão para a leitura de textos finalizados em impressoras Braille ou produzidos
diretamente a partir de máquinas de escrita manual Braille. Já as pessoas surdocegas
podem de igual forma utilizar o sistema Braille, porém esse ainda pode variar em um
outro sistema tátil o Braille digital que é “realizado na mão da pessoa surdocega (os
dedos indicador e médio) [ou] de seu interlocutor” em que “os dedos indicador e médio
são comparados a celas braille e cada falange dos dedos representa a marcação dos
pontos em relevo” (VILELA, 2020, p. 105-06).

FIGURA 5 - SISTEMA BRAILLE

FONTE: <https://bit.ly/2PAQE1G>. Acesso em: 28 abr. 2021

FIGURA 6 - EXEMPLO DO BRAILLE DIGITAL

FONTE: <https://bit.ly/2SbS4AA>. Acesso em: 28 abr. 2021

10
DICA
Para aprofundar mais o seu conhecimento, leia os livros que abordam
sobre os três diferentes sistemas de notação, a saber: 1. Escrita de
Língua de Sinais (EliS) sistema brasileiro de escrita das línguas de sinais; 2.
Sistema de Escrita para Libras (SEL); e, 3. SignWriting, sistema internacional
de notações de línguas gestuais-visuais. E o Livro sobre a educação de
surdocegos e a sua escrita.

BARRETO, M.; BARROS, M. E. CORREIA, I. C. VILELA, E. G.


BARRETO, R. ELiS-sistema A evolução da Educação de
Escrita de sinais brasileiro de escrita da língua Surdocegos:
sem mistérios. escrita das de sinais no Brasil. Perspectivas e
Belo Horizonte: línguas de João Pessoa: Ideia, Memórias. Editora
edição do autor, sinais. Penso 2019. Disponível Appris, 2020.
2012. Editora, 2015. em: https://bit.
ly/3xSYPYu. Acesso
em: 28 abr. 2021.

11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Aprendemos que as línguas sugiram de maneira natural para sanar uma necessidade
de estabelecer comunicação, elas se comportam como códigos complexos que
quando organizados formam sentenças que transmitem o pensamento de um ser
para o outro.

• As línguas podem ser agrupadas em pelo menos dois tipos, quando observado seu
modo de produção e recepção, as línguas vocais e as línguas gestuais.

• Quanto à modalidade podemos classificar as línguas de acordo com a forma como


elas são expressas e recebidas por outro ser, a língua portuguesa é categorizada
como uma língua vocal-auditiva, pois é produzida pela passagem do ar nas pregas
vocais e percebida pela audição. Já a Libras é produzida por movimentos corporais
e percebida pela visão, tornando-a de modalidade gestual-visual.

• Quanto ao uso, essas também podem ser categorizadas, mas dessa vez em três.
A primeira é a modalidade escrita que vale tanto para o português quando para a
Libras a partir do sistema de Escrita de Sinais, que no Brasil é o SignWriting. Já a
segunda modalidade é a oral em ambas as línguas. A terceira é a tátil, mescla em si
tanto a modalidade oral, quanto a escrita para cegos e surdocegos que necessitam
deste terceiro sentido para percepção das informações.

• O ser humano em sua plenitude comunicativa adapta suas necessidades


comunicacionais de acordo com a ausência da audição como sentido neurossensorial,
por isso, foram desenvolvidos alguns sistemas para o registro da modalidade escrita
da língua de sinais, a partir do já citado SW, a ELis e o SEL. Na ausência da visão e da
audição, outras possibilidades foram desenvolvidas para o registro da modalidade
de uso escrita da língua como o Braille e para a modalidade oral de uso o Tadoma e
a Libras Tátil.

12
AUTOATIVIDADE
1 Uma língua possui diferentes modalidades, a saber a modalidade de produção e
recepção de uma língua, bem como a forma com que essa língua é utilizada. Nesse
sentido, quais as contribuições você poderia elencar, para a formação do profissional
Tradutor/Intérprete de Libras-português, de se estudar este conteúdo?

2 Com base nesse estudo, entendemos que existem diferentes modalidades de


produções e recepções para diferentes tipos de língua. Quais são elas?

3 Como observado, o estudo das modalidades de produção e recepção de uma


língua é muito importante para um intérprete ou tradutor-intérprete, pois, a partir
desses estudos podemos entender de maneira mais clara os efeitos de modalidade
existentes na tradução no par Libras/Português. Sobre as modalidades de produção
e recepção da língua assinale as alternativas verdadeiras:

I- A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial em vista que sua produção


é dada a partir de movimentos corporais e a sua reflexão através dos estímulos
visuais.
II- O português é uma língua vocal auditiva sua modalidade de produção é a partir da
produção vocal e sua percepção a partir do sistema auditivo.
III- A Língua brasileira de sinais pode ser utilizada em sua modalidade para pessoas
surdocegas.
IV- O Braille é a única possibilidade de registro da modalidade escrita tátil da língua
portuguesa.

Com base nas assertivas acima, considere:

a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.


b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.
c) ( ) Nenhuma das alternativas

4 Por muito tempo as pessoas com deficiência e a Comunidade Surda, rotuladas como
anormais, sofreram opressão da sociedade. Por conta disso foram proibidos de ter
seus direitos básicos principalmente o da educação. Mas, além dessa exclusão, o que
mais foi negado aos sujeitos surdos? Com base no que você aprendeu, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Foi negada a liberdade de produzir suas próprias histórias, pois não tinham
“voz” e equipamentos de registros para relatar suas angústias, experiências e
conquistas.

13
b) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias histórias e desafios, pois não
tinham “voz” para relatar suas angústias, experiências e conquistas.
c) ( ) Foi negada a liberdade de sinalizar em língua de sinais e contar as suas próprias
histórias e desafios, pois não tinham outros surdos para relatar suas angústias,
experiências e conquistas.
d) ( ) Foi negada a liberdade de contar as suas próprias produções, relatando suas
histórias e desafios, pois não tinham “voz” das mãos para relatar suas angústias,
experiências e conquistas.

5 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos
em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização
cultural e linguística. Que área é essa?

I- Os saberes da comunidade surda indígena do Amazonas e suas literaturas.


II- A valorização do patrimônio cultural do povo indígena e sua língua de sinais por
meio de projetos de produção literária.
III- A pesquisa e produção, tendo como protagonismo artefatos culturais do povo surdo
terena relatados por uma personagem surda.
IV- A acessibilidade em forma de história sinalizada e fotonovela gravadas na
comunidade indígena.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Todas as sentenças estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas a sentença III está correta.

14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS
TRANSLATIVOS

1 INTRODUÇÃO
Ao passo que as pessoas diferenciavam suas línguas com o passar do tempo,
atividades translativas, isto é, passagem de textos escritos ou orais entre línguas
precisavam ser utilizadas para que diferentes povos pudessem estabelecer comunicação.
Esses processos translativos são a tradução e a interpretação. A tradução, por ter uma
característica de registro, ao passo em que ela está sendo realizada ficou registrada nos
anais da história. Por sua vez, a interpretação, que não goza de mesma sorte, já que não há
necessidade de registro para ser realizada, teve sua história perdida nas areias do tempo.

Ao passo que entendemos como essas duas atividades são realizadas podemos
caracterizá-las, tipificá-las e dessecá-las quanto ao seu funcionamento. Neste tópico
trabalharemos com um breve relato da história da tradução, em que estudaremos as
mudanças que os conceitos de tradução e de interpretação sofreram com o tempo
buscando descrevê-los quanto a sua prática.

2 HISTÓRIA DA TRADUÇÃO: UM BREVE RELATO


Por mais que você provavelmente já tenha estudado esse conteúdo em outra
disciplina, se faz necessário refletir sobre a pergunta que não quer calar: o que é Tradução?
Essa pergunta pode ser pensada como uma variável matemática, pois dependendo do
autor, essa assume diferentes valores, os quais dependem da época, da prática e das
visões sociais. Assim, para respondê-la precisamos “levar em conta uma dimensão
histórica” (OUSTINOFF, 2011, p. 8). Se fizermos essa mesma pergunta fora do meio
acadêmico, buscando uma resposta calcada no senso comum, é possível que tenhamos
como resposta que a tradução é “transferência de informações de uma língua para outra”.
Além disso, é possível que as pessoas relacionem a tradução à escrita, destacando o fato
de que para se traduzir é necessário o uso da escrita.

A escrita, base do senso comum para a tradução, pode ser considerada como “um
procedimento do qual atualmente nos servimos para imobilizar, isto é, fixar a linguagem
articulada”. Todavia, ela não pode ser reduzida a apenas um instrumento, já que ela tem a
função de “guarda, [...] isto é, realiza o pensamento que até então permanece em estado
de possibilidade” (HIGOUNET, 2003, p. 9), pois nossos antepassados tinham acesso
apenas à cultura oral, ou seja, a cultura era passada de geração a geração através de
transmissão de informações a partir da oralidade. Em determinado momento, os símbolos

15
que permitiram que essa oralidade pudesse ser gravada e reproduzida foram aos poucos
consolidando-se como um sistema gráfico e se transformando até chegar aos sistemas
de escrita que possuímos atualmente.

Então, para entendermos os seus diferentes tipos, o primeiro ponto a abordarmos


é como o conceito da tradução foi e vem sendo entendido através dos tempos. Há uma
proposta de Steiner (2005) que considera, sobretudo, a forma como a atividade tradutória
é conceituada, praticada e teorizada em uma linha temporal para sua organização
histórico-temporal.

Em sua visão, Steiner (2005), o primeiro período estaria voltado às discussões


para a forma com que se deveria, como geralmente, realizar a tradução, ora como uma
tradução palavra-por-palavra, isto é, para cada palavra na língua fonte a substituição por
sua equivalente na língua alvo ora como tradução de sentido, em que o que importava era
o seu conteúdo e não a forma como esse texto estava escrito. Nesse primeiro, chamado
de Período Clássico da Tradução, o que estava em discussão era a tradução realizada por
um “orador” e não por um intérprete como conhecemos atualmente.

Quando Cícero trata o tradutor como orador, ele tem por pretensão dizer que,
nesta função, o profissional necessitava utilizar “os mesmos pensamentos e suas formas,
bem como suas figuras, com palavras adequadas ao nosso costume” (CÍCERO, 1996, p.
38-40; V, 14; VII, 23 apud FURLAN, 1996. p. 17), ou seja, aplicar a tradução palavra-por-
palavra. Portanto, as traduções não eram realizadas por uma vertente voltada ao que
entendemos por tradução de sentidos na função de intérprete e a tradução enquanto
“orador”, já que esse tinha como função “traduzir palavra por palavra (verbum pro verbo,
em latim), reproduzindo-as inclusive no mesmo número […] em que se encontravam no
original” (FURLAN, 1996, p. 17). Acreditamos, ainda que durante este período foi a primeira
vez que a palavra “intérprete” tenha sido empregada em relação ao processo de tradução.

No segundo período da tradução, elencado por Steiner (2005), temos a tradução


sendo mais teorizada através da hermenêutica, que se trata da disciplina que tem por
objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, entendida como a “investigação
do que significa ‘compreender’ um fragmento de linguagem oral ou escrita e a tentativa
de diagnosticar esse processo em termos de um modelo geral do significado” (STEINER,
2005, p. 260). Ainda nesse período, o contraste entre teoria e prática continua em foco
na forma como se fazia a tradução, pois os profissionais da época pensavam a teoria (da
tradução) a partir da sua prática, isto é, uma teoria empírica o famoso “é fazendo que se
aprende”, criando, em diversos casos, uma receita de tradução que era prescrita para os
novos profissionais que estavam em processo de aprendizagem.

Já no terceiro período, em meados do século XX, surgiram as primeiras máquinas


de traduzir, como a Enigma por exemplo, ou seja, ferramentas mecânicas que realizariam a
tradução de maneira automática, sem a interferência humana, se valendo da consolidada
de tradução palavra-por-palavra, numa ação de substituir as palavras de textos escritos
em uma língua por palavras de uma outra língua.

16
Com isso, a tradução demonstrou imensa afinidade com a Linguística já que até
então bastava substituir palavras, gerando o que foi chamado por Jakobson, de “Aspectos
Linguísticos da Tradução”. Esses estudos entendiam a tradução como mera atividade de
substituição linguística, em que o objetivo era substituir palavras de uma língua pelas de
outra com base em algum traço de sinonímia.

DICA
Enigma foi uma máquina eletromecânica de criptografia com rotores.
Utilizada tanto para criptografar como para descriptografar códigos de
guerra, foi usada de várias formas na Europa a partir dos anos 1920.
Sugerimos assistir ao filme “O jogo da Imitação” para entender mais sobre
a máquina.

3 OS TIPOS DE TRADUÇÃO
Roman Osipovich Jakobson (em russo: Роман Осипович Якобсон) foi um
pensador russo e é considerado um dos mais importantes linguistas do século XX e
um pioneiro da análise estrutural da linguagem, da poesia e da arte. Em seus estudos o
pesquisador buscou decompor os processos da tradução e de que forma ela acontece,
assim surgem os três principais tipos de tradução na publicação “Aspectos Linguísticos
da Tradução” em 1959.

3.1 TRADUÇÃO INTRALINGUAL


Tradução Intralingual ou reformulação é o tipo de tradução mais comum que
existe, pois desde quando aprendemos uma língua utilizamos esse tipo de tradução,
que se comporta com a reformulação de um texto dentro da mesma língua em que
esse texto está escrito se valendo do princípio da sinonímia, isto é, a relação que se
estabelece entre palavras de sentidos semelhantes. Para exemplificar quando lemos
um texto utilizado no contexto jurídico, mesmo estando escrito em português, as
vezes podemos não entender o que ali está escrito, pois está em um nível de registro
muito alto, agora se um advogado nos explicar o que está escrito, ele está fazendo
uma tradução intralingual, ou seja, uma reformulação de um texto em português para o
próprio português.

Outro exemplo, é quando uma mesma obra, um best-seller, é reescrita com


a finalidade de atingir vários públicos de idades distintas, assim observamos também
uma prática de tradução intralingual. Dentre muitas obras, uma das mais conhecidas é
a “Quem mexeu no meu queijo?” de Spencer Johnson (Figura 7).

17
FIGURA 7 – LIVROS “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÕES EM PORTUGUÊS

FONTE: <https://amzn.to/3yHYiZh>. Acesso em: 9 ago. 2021

FIGURA 8 – LIVROS “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÕES EM ESPANHOL E INGLÊS

FONTE: <https://amzn.to/3CEAiZt>. Acesso em: 9 ago. 2021

3.2 TRADUÇÃO INTERLINGUAL


O segundo tipo é o que conhecemos por tradução propriamente dita, isto é, a
tradução interlingual, ou seja, um texto em uma determinada língua sendo traduzido
para uma outra língua diferente da língua em que o texto está escrito. No nosso caso a
tradução que acontece entre a Libras e o Português é uma tradução interlingual, pois
são línguas diferentes que se divergem quanto ao sistema linguístico, estilo e realidade
extralinguística.

Esse tipo de tradução é bem mais comum na contemporaneidade, principalmente


pelo advento da globalização. Os recursos tecnológicos, bem como os de informação
geral, proporcionam conhecimento à sociedade como um todo. Assim, com vistas às
mais diversas literaturas existentes, podemos ter uma mesma obra traduzida para

18
diversos idiomas. A título de exemplo, temos as Escrituras Sagradas, que são a biblioteca
mais traduzida de todos os tempos; e “atualmente, ela  está disponível inteira ou em
parte em mais de 3 mil idiomas” (JW.ORG, s. d).

Há muitas outras obras que foram traduzidas em centenas de idiomas e que


também são best-sellers, e algumas até para a língua de sinais, como no caso do gênero
literário nonsense “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas”, conhecido em sua
forma abreviada “Alice no País das Maravilhas” do autor Charles Lutwidge Dodgson, sob o
pseudônimo de Lewis Carroll (WIKIPÉDIA, s. d; MATOS, 2017).

NOTA
O termo nonsense em suas traduções, refere-se a: “sem sentido”,
“contrassenso” ou “absurdo”. É uma expressão da língua inglesa que
caracteriza algo sem sentido, sem lógica ou coerência. Esse termo aparece
nas obras de autores como Edward Lear e Lewis Carroll. Esse último, ao usar
o termo “nonsense” vem provocar o surrealismo e também o dadaísmo, um
movimento artístico da denominada vanguarda nos tempos modernos,
que teve início em 1916, em Zurique, Suíça, no período da Primeira Guerra
Mundial (BARRENTO, 1990; WIKIPÉDIA, s. d).

FIGURA 9 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM INGLÊS

FONTE: <https://amzn.to/3AMqM4X>. Acesso em: 11 ago. 2021

19
FIGURA 10 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM RUSSO

FONTE: <https://bit.ly/2VEfhgt>; <https://amzn.to/3CEqcry>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 11 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM FRANCÊS

FONTE: <https://amzn.to/3iB9wJl>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 12 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM PORTUGUÊS

FONTE: <https://amzn.to/3xDpSWj>. Acesso em: 11 ago. 2021

20
FIGURA 13 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÃO EM LIBRAS

FONTE: <https://bit.ly/3t1GQMU>. Acesso em: 11 ago. 2021

Além das inúmeras traduções e da diversidade gráfica da obra de Lewis Carroll


(Figuras 9 a 13), há outras que também tiveram grandes tiragens ao longo dos anos, nos
mais diversos idiomas, e mais comercializados da história (LEITE, 2015; Figuras 14 e 15).
E não muito menos importante, muitas também foram traduzidas intersemioticamente,
a tradução da obra de arte verbal em obra de arte não-verbal, no caso de filmes, curtas
ou longa metragens. Isso é o que você verá no próximo subtópico.

FIGURA 14 – O PEQUENO PRÍNCIPE - OBRA TRADUZIDA EM DIFERENTES IDIOMAS

FONTE: <https://amzn.to/3iDF55y>; <https://bit.ly/2VJz1iX>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 15 – O PEQUENO PRÍNCIPE - OBRA TRADUZIDA EM DIFERENTES IDIOMAS

FONTE: <https://amzn.to/37Ceuj0>; <https://bit.ly/3CFQnhl>. Acesso em: 11 ago. 2021

21
3.3 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
O terceiro tipo é a tradução intersemiótica, também conhecida como
transmutação. É necessário frisarmos aqui que, ela não tem relação direta com a língua,
mas sim com os sistemas em que a linguagem é dividida, isto é, o sistema verbal,
que compreende às palavras de uma determinada língua que pode ser utilizada em
modalidade oral ou escrita e o sistema não verbal que utiliza qualquer elemento visual/
auditivo para comunicação, por exemplo, você já deve ter sabido que um livro ou outro,
que alcança o patamar de best-seller, isto é, um sucesso de vendas que se torna uma
produção cinematográfica. Quando você transforma um livro em um filme você tem uma
tradução intersemiótica.

NOTA
As obras mencionadas anteriormente também tiveram suas produções
no formato de filmes em vários idiomas, formatos e artes gráficas. Para
conhecer as outras obras e as diferentes artes gráficas de “Alice no País
das Maravilhas”, acesse o link: https://bit.ly/3k2HN47.

FIGURA 16 – FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÃO EM INGLÊS

FONTE: <https://bit.ly/3CGWAtJ>. Acesso em: 11 ago. 2021

22
FIGURA 17 – FILME ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – VERSÕES EM PORTUGUÊS

FONTE: <https://bit.ly/3jJ4JFf>; <https://bit.ly/3yEt5WJ>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 18 – FILME “O PEQUENO PRÍNCIPE” – VERSÕES EM PORTUGUÊS

FONTE: <https://bit.ly/3yFQCqw>; <https://bit.ly/3fV2xcD>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 19 – FILME “QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?” – VERSÃO EM PORTUGUÊS

FONTE: <https://bit.ly/2V3ebup>. Acesso em: 11 ago. 2021

23
Cabe ressaltar ainda que, ao passo que Jakobson categorizava a tradução
em seus diversos tipos, tal organização visava atender aos Estudos Linguísticos da
tradução, ou seja, sua observação levou em consideração apenas aspectos linguísticos
relacionados a troca ou não de informações entre diferentes línguas, ou seja, o estudo
do processo de realização dessas traduções foi renegado para estudos posteriores uma
vez que o texto final produzido por um tradução não recebia a mesma atenção das
pesquisas naquele momento.

4 OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO
Nos anos 1970, a tradução ainda é conceituada e abordada no campo dos
Estudos Linguísticos, como vimos em Jakobson (1959) anteriormente, com ênfase
nas semelhanças e diferenças entre as línguas e no modo como se deve realizar a
transferência de material linguístico e textual. Nesse contexto, vemos que a tradução,
nesse tempo, é tratada como sendo a mera transferência de sistemas verbais e
não-verbais (BASSNETT, 2003) de comunicação. Assim, de modo geral, a tradução
é entendida como uma ação humana, mecânica, visando não somente, e apenas, a
substituição de material linguístico, mas, sim e, o estabelecimento da comunicação
entre falantes de diferentes línguas.

Nessa mesma época outro grande pesquisador surge, James Holmes


(1972) apresentou em um congresso um trabalho intitulado The Name and Nature
of Translations Studies (o nome e a natureza dos Estudos da Tradução, em tradução
nossa), que fora publicado posteriormente, em 1988 como vemos em Vasconcellos e
Bartholamei Júnior, (2009). O objetivo desse trabalho era estabelecer a separação do
que ele nomeou como Estudos da Tradução dos Estudos Linguísticos, tal separação
se justifica no conceito de tradução proposto pelo autor que ia muito além de apenas
substituir palavras, mas sim um complexo processo que envolve muito mais do que um
par linguístico.

Por definição, Holmes entende que os Estudos da Tradução (ET) abarcam “toda
e qualquer atividade de translação de material linguístico de uma língua para outra”
(RODRIGUES; BEER, 2015, p. 20). Nesse sentido, os ET seriam abrangentes englobando
o fenômeno da tradução e do traduzir e da interpretação e do interpretar de maneira
completa pois os:

Estudos de Tradução é uma disciplina acadêmica que estuda a


teoria e prática da tradução. É, por natureza, um campo multilíngue
e interdisciplinar de estudos, visto que estabelece relações com a
linguística, os estudos culturais, a filosofia, as ciências da informação
entre outros. (DE TORO, 2007, p. 9 – tradução nossa).

24
NOTA
O conceito de translação é entendido como todo e qualquer processo de
transferência de informação linguística-textual entre línguas sem marcar
se esse processo seria de tradução ou interpretação, como encontramos
em Pöchhacker (2009).

Difundida na década de 1970, contemporânea a Holmes temos Vázquez-Ayora


(1977, p. 221), que afirma que:

[…] o processo tradutório consiste em analisar a expressão textual da


língua original […] e equivalentes na língua de chegada e, finalmente,
transformar estas estruturas da língua de chegada em expressões
estilisticamente apropriadas.

Contemporânea a esses autores, temos House (1977/1981, p. 72) que define


a tradução como “[…] substituição de um texto na língua de partida por um texto
pragmática e semanticamente equivalente na língua de chegada”. Nessa perspectiva,
a tradução como uma atividade que envolve textos a partir de sua relação semântica e
pragmática, vai além da mera substituição de palavras ditas equivalentes (RODRIGUES,
2018, p. 287).

Na década de 1980, Delisle (1980, p. 91-92) faz uma definição interessante, em


suas palavras:

[...] a atividade tradutora se define, pois, como a operação que


consiste em determinar o significado dos signos linguísticos em
função de um ‘querer dizer’ concretizado em uma mensagem e em,
posteriormente, restituir integralmente essa mensagem por meio dos
signos de outra língua.

Nessa definição, observamos que o traduzir envolve a construção de sentidos
nos textos. A tradução é uma operação com mensagens, com aquilo que o texto quer
dizer, com o objetivo de que os textos na outra língua possam conter a mensagem da
língua original. Assim, o que conduz a tradução é a mensagem e não a forma do texto
apenas.

Visando ao aperfeiçoamento deste campo disciplinar, inaugurado na literatura


por Holmes (1972), Williams e Chesterman (2002) nos apresentam um mapeamento de
áreas de pesquisa, publicado em The Map. Williams e Chesterman incorporam à sua
proposta de áreas de pesquisa dos ET algumas das mudanças vivenciadas pelo campo
na segunda metade do século XX, por exemplo, a tradução multimídia, que faz interface
com esta pesquisa. Vejamos um esquema apresentando essas áreas de pesquisa:

25
FIGURA 21 - MAPEAMENTO DOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO, SEGUNDO WILLIAMS E CHESTERMAN (2002)

FONTE: Santos (2020, p. 32)

No mapa de Williams e Chesterman (2002), observamos a indicação de doze


subáreas de pesquisa dos ET: (1) Tradução e análise textual; (2) Avaliação e controle de
qualidade da tradução; (3) Tradução de gêneros do discurso; (4) Tradução multimídia;
(5) Tradução e tecnologia; (6) História da Tradução; (7) Tradução e Ética; (8) Terminologia
e Glossários; (9) Interpretação; (10) Processo Tradutório; (11) Formação de Tradutores; e
(12) Tradução como profissão. Cabe salientar que na área referente às pesquisas sobre
Interpretação, “os autores agrupam os diferentes tipos de interpretação em tópicos;
um deles – Tipos Especiais de Interpretação – refere-se à interpretação de línguas de
sinais e interpretação para surdos” (VASCONCELLOS, 2010, p. 129). Esse mapeamento
evidencia formas mais contemporâneas de se observar e, consequentemente,
pesquisar o fenômeno tradutório em suas multifacetadas manifestações e já apresenta
textualmente a interpretação envolvendo línguas de sinais.

Outro “mapeamento” bem atual, na verdade uma organização de (sub)áreas de


publicação, foi realizado mundialmente pela conhecida Editora Saint Jerome Publishing.
Segundo Vasconcellos (2010, p. 129), a Saint Jerome é a “mais impor­tante editora de obras
vinculadas aos Estudos da Tradução no mun­do ocidental”. A organização sistemática
das publicações, nas palavras de Vasconcelos (2010, p. 129-130) e de Rodrigues (2013,
p. 21-22), seriam realizadas a partir das seguintes subáreas:

(1) Tradução Audiovisual e Multimídia; (2) Tradução Bíblica e de


textos religiosos; (3) Bibliografias; (4) Interpretação em contextos
comunitários e de prestação de serviços; (5) Interpretação
Simultânea e de Conferências; (6) Estudos Contrastivos e
Comparados; (7) Estudos baseados em Corpus; (8) Interpretação
Legal e Jurídica; (9) Avaliação e controle de qualidade; (10) História

26
da Tradução e Interpretação; (11) Estudos Interculturais; (12) Estudos
da Interpretação; (13) Tradução Literária; (14) Tradução Automática e
auxiliada pelo computador; (15) Trabalhos em categorias múltiplas;
(16) Estudos do processo tradutório; (17) Metodologia de Pesquisa;
(18) Interpretação em Língua de Sinais; (19) Tradução técnica e
especializada; (20) Terminologia e Lexicografia; (21) Tradução e
gênero; (22) Tradução e ensino de língua; (23) Tradução e Política;
(24) Tradução e indústria de prestação de serviços linguísticos; (25)
Políticas de Tradução; (26) Teoria da Tradução; e (27) Formação de
Tradutores e Intérpretes.

De modo geral, o que temos com essas diferentes visões e tentativas de


sistematização do campo dos Estudos da Tradução (ET) é que as pesquisas realizadas
nessa área são diversas e inclusive interdisciplinares. Além disso, é possível ver que
novas (sub)áreas mais especializadas vão se consolidando e encontrando espaço,
como ocorre com os processos tradutórios/interpretativos envolvendo línguas de
sinais. Embora essas sistematizações coloquem em destaque apenas a interpretação
de línguas de sinais, vale notar que nos últimos anos, a tradução de línguas de sinais
também tem crescido e se tornado campo de trabalho e foco de pesquisas.

5 OS ESTUDOS DA INTERPRETAÇÃO
Assim como a tradução, a interpretação pode ser observada de diferentes
perspectivas, em múltiplos contextos, em processos diferenciados e em suas diversas
modalidades. De modo geral, pode-se considerar que o campo disciplinar dos Estudos
da Interpretação (EI) seria “duas décadas mais jovem do que a área de Estudos da
Tradução” (QUENTAL et al, 2017, p. 1). Isso não quer dizer que a atividade interpretativa
seja mais recente que a tradutória ou que as pesquisas sobre a interpretação não
existiam concomitantemente às pesquisas sobre a tradução.

Segundo Carneiro (2017), Daniel Gile provavelmente foi um dos primeiros a


utilizar a nomenclatura Interpretation Studies ou Interpreting Studies. Ele teria usado
esse termo em seu discurso de abertura do Congresso de Estudos da Tradução na
Universidade de Viena, em 1992. Posteriormente, em 1993, o mesmo termo foi utilizado
em Salevsky (1993) em uma publicação intitulada de The Distinctive Nature of Interpreting
Studies que nos oferece uma explanação geral das questões que são abordadas dentro
desta área de estudo. Para ele:

em cada subárea dos Estudos da Tradução (aqui usada como um


hiperônimo para Estudos de Tradução e Interpretação), existe a
formulação de uma teoria centrada nos conceitos, estruturas e
problemas metodológicos [relacionados à interpretação]. [Pois,]
(1) fornece uma definição de interpretação, (2) as estruturas
[relacionadas aos] Estudos da Interpretação (EI) de acordo com
teorias gerais, especiais e particulares para domínios teóricos e
aplicados e (3) enfatiza o problema da validade das investigações
experimentais como um dos principais questão metodológica no EI”
(SALEVSKY, 1993, p. 1, tradução nossa).

27
Como podemos observar, o conceito de interpretação destaca-se nos anos
1990, a partir das discussões traçadas em âmbito internacional no contexto europeu.
Por mais que entendamos que a interpretação surge no mundo antes da tradução,
tendo em vista a já citada passagem da Torre de Babel na seção anterior, partimos da
premissa de que como o texto registrado possui mais durabilidade, exatamente pelo
seu registro físico, já que a evanescência da fala, característica da interpretação, não
possui naturalmente registro palpável. Assim, a tradução, antes dos recentes avanços
tecnológicos, ocupou mais o foco central das pesquisas.

Em consonância com o apresentado acima, Carneiro (2017, p. 1) acredita que


a busca pela afirmação de um campo disciplinar autônomo para a interpretação se
deu com a publicação de comentários e observações sobre a prática dos intérpretes
que atuavam no contexto de conferência discutindo “modelos teóricos e empíricos,
metodologias e paradigmas”.

Embora a localização da interpretação no campo dos ET seja ambígua,


no sentido de ser posta como uma subárea ou (sub)disciplina, nos
últimos anos, tivemos a reivindicação, por parte dos teóricos da
interpretação, de um campo disciplinar específico com o mesmo
reconhecimento e status dos ET (RODRIGUES; BEER, 2015, p. 21).

Os EI enfocam, entre outros, o processo cognitivo dos intérpretes durante a


interpretação e a formação de novos profissionais. Para Pöchhacker (2016, p. 41), algumas
questões, tais como: “como fazer?” e “o que compõe o processo interpretativo?” fazem
parte da área, já que buscam esclarecer “de que forma” a interpretação é realizada e/ou
possa ser ensinada.

Como dito anteriormente, aprendemos a falar muito antes de aprendermos


a escrever. Sendo assim, pode-se afirmar que a interpretação surge como atividade
humana muito antes da tradução, pois “interpretar é uma antiga prática humana”
(PÖCHHACKER, 2016, p. 41, tradução nossa) corroborando, mais uma vez, o apresentado
por Derrida (2002) sobre a antiguidade da diversidade linguística expressa com o
simbolismo da Torre de Babel.

Uma das contribuições dos EI são as pesquisas que visam definir o conceito
de interpretação, inclusive, diferenciando-o do de tradução. A interpretação tem sido
definida como tradução oral, a qual visa ao estabelecimento da comunicação entre
falantes de diferentes línguas numa situação e/ ou contexto específico (PAGURA, 2003,
p. 210).

Se considerarmos a antiguidade dos processos, podemos afirmar que os


processos interpretativos são bem mais antigos que os tradutórios. Entretanto, se
considerarmos o registro histórico dessas atividades, temos que a tradução possui
mais registros históricos e mais antigos, por seu caráter escrito, que a interpretação
caracterizada pela oralidade. Shuttleworth e Cowie (1997) afirmam que “a história da

28
interpretação não é bem documentada, embora seja geralmente aceito que, como
atividade [a interpretação é] mais antiga que a tradução escrita” (SHUTTLEWORTH;
COWIE, 1997, p. 83, tradução nossa).

Embora consideremos que a interpretação também pode ser definida como um


“[...] processos interpretativo e comunicativo que consiste na reformulação de um texto
com os meios de outra língua e que se desenvolve em um contexto social e com uma
finalidade determinada” (ALBIR, 2005, p. 41), é importante destacar alguns aspectos
singulares que vão diferenciar a tradução, propriamente dita, da interpretação.

Vejamos alguns desses aspectos gerais supracitados, que podem nos ajudar a
entender a conceituação da interpretação, ainda que nem sempre estejam presentes:
(1) a interpretação envolve um texto oral que está sendo produzido em fluxo contínuo,
sem registro fixo ou seja após sua produção o texto imediatamente se desfaz; (2) o modo
de produção ou de execução da atividade é em contato direto com o destinatário da
interpretação, podendo este estar presente fisicamente ou por mediação de tecnologia;
(3) as etapas relacionadas ao processo de interpretação podem até contar com uma
preparação prévia, porém, mesmo com esta preparação, a realização será imediata; (4)
as características do produto final da interpretação que não depende necessariamente
de registro. Sabemos que estas não são todas as características que envolvem
esta atividade tão complexa, mas é um entendimento pertinente dos aspectos de
singularizam essa atividade em relação à tradução.

Se formos comparar a prática da tradução com a prática da interpretação,


observando suas características de realização temos:

QUADRO 1 - OBSERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À TRADUÇÃO E À INTERPRETAÇÃO

PROCESSOS
TRADUÇÃO INTERPRETAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
Priorização daquelas
Priorização daquelas
Competência necessárias para lidar
necessárias para lidar com a
e habilidades com a modalidade escrita:
modalidade oral: habilidades
linguísticas habilidades de leitura e de
de escuta e de fala.
escrita.
O profissional define o O autor do discurso impõe
Ritmo de trabalho seu ritmo de acordo com seu ritmo ao profissional que
pressão do tempo. precisa se ajustar a ele.

O texto está em fluxo


O texto está disponível
constante e, na maioria dos
em um suporte (físico ou
Apresentação do casos, não pode ser visto
virtual), pode ser relido e o
texto fonte novamente ou repetido,
profissional pode revê-lo o
mesmo que o profissional
quanto for necessário.
necessite.

29
O trabalho pode ser É quase impossível
Modo de realização
pausado ou organizado interromper, protelar ou
do trabalho
em etapas. fragmentar o trabalho.
Há pouco ou nenhum apoio
O apoio externo pode ser
externo, basicamente
Apoio externo buscado em glossários,
recorre-se à memória ou,
(materiais e outros em dicionários, em
imediatamente, ao colega de
recursos) colegas e em outras
trabalho, ainda que de forma
traduções.
limitada.
O texto pode ser
Possibilidade de completamente revisado Não há como realizar
correção antes da e, se for necessário, nenhuma alteração sem que o
entrega do texto alvo realizar ajustes e público a veja.
alterações.
Contexto limitado
Aspectos situacionais Contexto múltiplo, desde o
centrado no espaço de
da atividade intrassocial até o internacional.
trabalho do tradutor.
Indispensáveis,
Dispensável, pode ocorrer com
ferramentas e materiais
Uso da tecnologia nada mais do que o próprio
para a escrita são
corpo.
essenciais.
Indireto, mínimo ou
inexistente, muitas Direto, significativo e efetivo,
Contato com o vezes com um grande muitas vezes com o público
cliente/ público intervalo de tempo entre o presente no momento da
processo de tradução e a interpretação.
entrega do produto.

FONTE: Rodrigues (2018, p. 303-304)

6 OS DIFERENTES TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

6.1 INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA E CONSECUTIVA


A partir de agora, você verá como essas interpretações, simultânea e consecutiva,
se dão na prática e a especificidade de cada uma. Como exposto por Cavallo (2019, p.
13):

No século XX, foram documentados os primeiros usos oficiais da


interpretação chamada “de conferências”, sobretudo em suas
formas mais tradicionais, isto é, consecutiva e simultânea. Enquanto
a interpretação consecutiva passou a ser adotada a partir de 1919
(Conferência de Paz de Paris), a simultânea foi inaugurada durante
uma conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em
Genebra, em 1927 (PHELAN, 2001, p. 2). Porém, devido a dificuldades

30
técnicas, essa última modalidade se difundiu de forma oficial
somente após sua utilização no decorrer do julgamento dos oficiais
nazistas em Nuremberg, entre novembro de 1945 e outubro de 1946.

Assim, temos duas modalidades tradicionais de interpretação, as quais são


extremamente importantes saber, conhecer e entendê-las, mas há outros tipos que,
somadas a essas, enriquecem o domínio e a prática do profissional, e assim como uma
caixa de ferramentas, no momento de atuação, o profissional consegue escolher qual
ou quais serão úteis para o trabalho de qualidade. Limitaremos aqui apenas às duas
modalidades de interpretação: simultânea e consecutiva.

DICA
Para saber sobre outras modalidades de interpretação, veja Cavallo
(2019), Seção 2 - Modalidade da Interpretação.
CAVALLO, P. Reelaboração de um modelo de competência do
intérprete de conferências. Disponível em: http://hdl.handle.
net/10183/204527. Acesso em: 12 maio. 2021.

6.1.1 Interpretação Consecutiva


Conforme Setton (2010) a interpretação consecutiva era o modelo tradicional
de tradução antes da chegada dos equipamentos tecnológicos e das técnicas de
interpretação simultânea a partir de meados do século XX. A esse ofício, à época, em que
era necessário definir de forma mais complexa os assuntos e as questões internacionais
discutidas, o método informal de tradução frase por frase era inadequado, pois os
palestrantes preferiram falar por vários minutos em um tempo.

A partir dessa inadequação, os intérpretes desenvolveram uma técnica de


"estendido" consecutivo, a qual usavam notas - talvez únicas para interpretar -
baseadas em alguns princípios gerais de abreviatura, simbolização e layout, adaptados
individualmente em diferentes tipos de discurso por cada intérprete. Esta técnica é hoje
amplamente usada em reuniões internacionais menores, conferências de imprensa e
privadas, além de reuniões diplomáticas ou de negócios (SETTON, 2010).

Assim, diferentemente da simultânea, a interpretação consecutiva consiste na


disposição de tempo ampliado, dando ao profissional condições cognitivas e de consulta
a outros materiais como base e sustentação às negociações terminológicas do discurso
e às adequações e equivalências necessárias. Ainda que disponha de tempo para esse
ofício, a duração de uma reunião e/ou material se estende, o que pode, por parte do
contratante, por exemplo, solicitar ao profissional contratado um relatório completo,
preciso, claro e renderização fluente com o mínimo de hesitação, redundância ou
consulta (SETTON, 2010).

31
Esse tipo de interpretação é pouco utilizado pelos TILSP tendo em vista que
nosso par linguístico não interfere, quando estão em processo de produção um no outro.

A interpretação consecutiva é um dos tipos de tradução mais utilizados em


contextos em que se tem línguas orais, pois por utilizarem a mesma modalidade de
produção e recepção, ambas não podem ser produzidas e recebidas ao mesmo tempo,
assim são necessários turnos de fala, alternando língua fonte e em um segundo
momento a língua alvo. Esse modo de interpretação toma aproximadamente o dobro do
tempo da tradução simultânea, e não permite uma fluência natural em uma demanda
interpretativa. Por outro lado, possui uma precisão maior do que a interpretação
simultânea, além de não necessitar de equipamentos especiais, mas apenas dos
recursos naturais de articulação de uma língua. Não menos importante, o esforço
cognitivo dispensado nesta modalidade é menor que na modalidade simultânea, a qual
veremos, brevemente, a partir de agora.

6.1.2 Interpretação Simultânea


Este tipo de interpretação é o mais utilizado por nós TILSP em vários contextos
de atuação tendo em vista que nosso par linguístico não se sobrepõe. Ela corresponde “a
tradução oral espontânea e simultânea de um texto oral à medida que este é produzido”
(ALBIR, 2016, p. 70, tradução SANTOS, 2020, p. 38). O primeiro registro deste tipo de
interpretação surge nos Julgamentos de Nuremberg pós segunda guerra mundial. Tendo
em vista que nossas línguas de trabalho são produzidas por diferentes articuladores
naturais, isto é, possuem diferentes modalidades de produção e recepção, tal fator
torna este tipo de interpretação o mais comum e possível no par Libras-Português.

Utilizada em grandes eventos, basicamente, esta modalidade envolve um


espaço físico no qual palestrantes e o público-alvo se encontram para um evento e se
posicionam em duas vias de comunicação.

A primeira se dá quando um palestrante está discursando na língua oral, ou seja,


em nosso caso, falando ao microfone em língua portuguesa (LP) e ao mesmo tempo
o profissional tradutor-intérprete do par linguístico língua de sinais/língua portuguesa
(TILSP) está posicionado ao seu lado, ou no mesmo espaço físico – no palco por exemplo
– em um espaço reservado, em um ponto fixo, realizando a interpretação simultânea,
ouvindo o discurso e ao mesmo tempo interpretando, presencialmente, para a língua de
sinais (LS) (figuras 22 e 23) sem o uso de equipamentos, a título de exemplo, uma cabine
(figuras 24 e 25), usada por intérpretes de Línguas Orais - ILOs (NOGUEIRA, 2016).

a interpretação simultânea, não usa, na maioria dos casos,


equipamentos especiais, salvo em casos de grandes eventos, nos
quais a imagem do intérprete é veiculada em telões ou em casos
vocalização/verbalização (interpretação da LS para o Português),
nos quais são usados os equipamentos de som, quando necessário
(RODRIGUES, 2013, p. 39).

32
ATENÇÃO
Na literatura encontramos duas siglas, TILS e TILSP, que, embora
se assemelhem, podem se confundir em seus conceitos. Assim,
basicamente TILS refere-se a área de pesquisa em que o profissional
atua, isto é, Tradução e Interpretação de Línguas Sinalizadas, em que
o processo acontece de/entre/para línguas sinalizadas. Por outro lado,
TILSP, é o profissional que atua entre o par linguístico Libras-português,
isto é, um par linguístico específico dentre os mais diversos pares que
envolvem uma língua sinalizada e uma língua vocalizada.

FIGURA 22 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA PRESENCIAL

FONTE: <https://bit.ly/2SI2rMQ>. Acesso em: 10 maio. 2021

FIGURA 23 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA PRESENCIAL

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

33
FIGURA 24 - CABINE DE INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA

FONTE: <https://bit.ly/3i0vgyB>. Acesso em: 10 maio. 2021

FIGURA 25 - CABINE DE INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA

FONTE: <https://bit.ly/3p2KxjM>. Acesso em: 10 mai. 2021

DICA
O filme apresenta uma profissional intérprete, Silvia Broome (Nicole
Kidman), que atua na ONU e que se encontra em uma “saia justa”
quando ouve uma ameaça de morte, enunciada num raro dialeto que
apenas ela e uma restrita minoria de pessoas conseguem compreender,
a um chefe de Estado ao mais alto nível da organização. A partir disso,
tenta a todo o custo desmascarar a trama. Sob proteção, passa a ser
vítima ou suspeita no envolvimento da ameaça.

A esses equipamentos, Nogueira (2016) explica que são utilizados com o


objetivo de ter uma recepção adequada das vozes, do idioma que irá interpretar, já que
a cabine é à prova de som e não sobrepõem outras vozes. Nesse ato, o profissional em
isolamento, está munido de outros equipamentos como microfones, receptores sem fio
e fones de ouvido.

34
A segunda via de interpretação, é o inverso da primeira. Ela ocorre quando o
palestrante é uma pessoa Surda e o seu discurso será realizado integralmente na LS.
Desta forma, o profissional TILS fará ao mesmo tempo a interpretação direta, ou seja,
a interpretação da LS para a LP. Esta via de interpretação é bem temida por muitos
profissionais, visto que nem sempre ambos, TILSP e o surdo, se conhecem; geralmente
isso ocorre por questões de regionalismo e variação linguística. Portanto, vale lembrar
que, ainda que se ouça em alguns casos, o profissional não fará a verbalização
ou vocalização e muito menos a voz da pessoa Surda. Ele traduzirá de um idioma
visuoespacial, a LS, para o idioma oral auditivo, a LP.

FIGURA 26 - INTERPRETAÇÃO DIRETA

FONTE: <https://bit.ly/3wDmeeS>. Acesso em: 10 maio. 2021

FIGURA 27 - INTERPRETAÇÃO DIRETA

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

Nessas duas vias, temos outros espaços físicos – muito mais utilizados no
período de distanciamento social por conta da COVID-19 – o espaço virtual de atuação
(Figuras 28 e 29). Vale lembrar que, essas vias de interpretação podem ser realizadas
tanto por pessoas Surdas como não-surdas desde que compreendam fluentemente as
línguas que estão sendo mediadas virtualmente, isso também se aplica no espaço em
que eventos são realizados presencialmente.

35
FIGURA 28 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA VIRTUAL

FONTE: Os autores

FIGURA 29 - INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA VIRTUAL

FONTE: Os autores

FIGURA 31 - INTERPRETAÇÃO JURÍDICA SIMULTÂNEA VIRTUAL

FONTE: <https://bit.ly/3g5xVFc>. Acesso em: 11 ago. 2021

[...] é uma habilidade cognitiva complexa usada para servir de


comunicação entre falantes de diferentes contextos linguísticos e
culturais. Implica a transposição oral da mensagem de um idioma
de origem, a língua-fonte, para um idioma de destino, a língua-alvo,
enquanto a mensagem está sendo entregue. O intérprete, portanto,
deve ouvir o locutor e produzir, ao mesmo tempo, sua própria fala
(RUSSO, 2010, p. 333).

36
A atuação nesta via de interpretação exige do profissional um trabalho cognitivo
bem complexo. A competência é um aspecto importante, pois permite que o profissional
realize a operação necessária para concluir com êxito o processo de tradução, já que
ela faz parte do conhecimento básico e das habilidades necessárias para se comunicar
(ALBIR, 2010).

Ainda que algumas poucas empresas/instituições, no Brasil, disponibilizem do


atendimento na modalidade virtual de vídeo, quando não há um profissional presencial,
para atender a pessoa Surda, ainda sim, este trabalho se torna complexo. No período
de pandemia, este atendimento se tornou mais emergente, e assim, para facilitar a
comunicação em uma necessidade imediata de modo eficaz e acessível, fforam criadas
diretrizes para vídeo remoto de interpretação (VRI) – para atuação desse profissional –
para atender a demanda emergente do ofício, nos mais variados contextos, inclusive na
esfera jurídica, como, por exemplo, nos Estados Unidos (Figura 31).

As habilidades e competências desse profissional não são precipitadas. Antes


de atuar nesse contexto, recebem um treinamento de como lançar mão das diretrizes,
do uso dos equipamentos de VRI bem como de outras ferramentas que os auxiliam
durante o evento e manter a confidencialidade virtual. E o mais importante é que todos,
sem exceção, “devem ser aprovados pelo Conselho Judicial e se encontrar na Lista de
Mestre de Intérpretes Judiciais do conselho estando assim vinculados pelos mesmos
padrões profissionais e de ética daqueles que atuam presencialmente” (JUDICIAL
COUNCIL OF CALIFORNIA, 2012, p. 7, tradução nossa).

37
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Aprendemos que durante a história da tradução essa atividade foi conceituada de


diversas formas, desde uma atividade empírica pouco refletida até uma atividade
altamente cognitiva realizada em um processo complexo que pode ser aprendida.

• Temos basicamente três tipos diferentes de tradução, que pode ser realizada entre
línguas diferentes (interlingual), dentro da mesma língua (intralingual) e entre
diferentes sistemas de linguagem, isto é, o verbal e o não-verbal (intersemiótica).

• Para estudar tal fenômeno Holmes (1972) propõe a separação dos Estudos da
Tradução, da então linguística, sendo a primeira agora como uma área independente
que busca identificar e mapear diferentes formas de tradução.

• A interpretação, uma das subáreas dos Estudos da Tradução, começa a ser estudada
e em 1990 estabelece uma área de pesquisa nova independente dos estudos da
tradução, em que podemos observar de mais perto a atividade interpretativa.

• Ainda que as interpretações, simultânea e consecutiva, se assemelham, elas


são diferentes em suas execuções, pois uma não dispõe de tempo para consulta
e a outra possibilita ao profissional lançar mão de recursos didáticos, físicos e/
ou virtuais, para que o trabalho tenha base terminológica e lexicográfica com as
adequações e equivalências necessárias e relevantes ao discurso.

• Podemos tipificar os modos de realização da interpretação, que para o escopo deste


livro, se resume em simultânea, ou seja, a produção do texto traduzido ao passo que
o texto original é produzido em fluxo e a interpretação consecutiva, que é realizada
em turnos de fala divididos entre o intérprete e o orador.

38
AUTOATIVIDADE
1 Sabendo que a interpretação é um subtipo da tradução, podemos observar que
ambos os processos buscam levar um texto de uma língua para a outra. Faça um
resumo das diferenças entre esses dois processos.

2 Tendo em vista que nossas línguas de trabalho possuem diferentes modalidades de


produção e recepção, a qual fator pode-se crer ser o primordial para que os TILSP
prefiram atuar na interpretação simultânea e não na consecutiva?

3 Quando lemos nas literaturas alguns termos, muito das vezes é necessário saber
em que contexto esse se encontra. Ao lermos a palavra Surdo com a grafia em “S”
maiúsculo, ela traz referência e um sentido. De acordo com o que você aprendeu na
Disciplina, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Refere-se a pessoa surda que luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e
culturais.
( ) Engloba uma categoria de alteridade, que envolve a mulher/o homem surda/o em
suas diferentes peculiaridades.
( ) As peculiaridades sistemáticas são: faixa etária, raça, classe, religiosa e posição
geográfica, financeira e política.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - V
b) ( ) F - V - V
c) ( ) V - V - F
d) ( ) V - F - F

4 Você aprendeu que os Estudos Surdos tiveram início na década de 1970. A partir de
lá, o povo surdo, começou a se empoderar reivindicando seus direitos. No entanto,
por outra razão nasce os Estudos Surdos. Com base no que você estudou, esse
nascimento se deu de que forma? Analise as questões abaixo e escolha a alternativa
CORRETA:

39
a) ( ) Como pertencentes de uma maioria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela capacidade, a motivação, a ação e as produções interculturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a
influência clínica e ouvintista.
b) ( ) Como pertencentes de uma minoria extralinguística, ao invés de um grupo de
pessoas ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções culturais,
não deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a ser
criados, e a Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos
nascem sem a influência excludente ouvintista.
c) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela incapacidade, a motivação, a ação e as produções culturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem sem a
influência clínica e ouvintista.
d) ( ) Como pertencentes de uma minoria linguística, ao invés de um grupo de pessoas
ligadas pela incapacidade, a motivação a ação e as produções culturais, não
deixaram o povo surdo se calar. Trabalhos significativos começam a surgir, e a
Cultura Surda começa então a ser difundida e os Estudos Surdos nascem com
opressão, mas se desligam da influência clínica e ouvintista.

5 O profissional TILSP atua em duas ou mais línguas diferentes. Tendo em vista que
essas línguas de trabalho possuem diferentes modalidades de produção e recepção,
a qual fator pode-se crer ser o primordial para que esse profissional prefira atuar na
interpretação simultânea e não na consecutiva?

40
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
OS ESTUDOS SURDOS
1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo o povo surdo e não menos importante, de modo geral, todos os
diferentes, todos os “anormais”, foram oprimidos pela sociedade. Foram excluídos de seus
direitos básicos, por exemplo, a educação. Foram, e ainda são rotulados, educacional e
socialmente como um grupo inferior e deficiente, por membros da sociedade que se
encontram engessados no passado excludente, opressor, normalizador e filantrópico,
além da visão reduzida, ignorando tudo o que diz respeito à evolução dos estudos do
povo surdo, da sua cultura e alteridade e da singularidade linguística de sua educação.

Embora a Comunidade Surda seja composta de pessoas surdas e não-surdas, há


também a Comunidade surdocega que tem se mobilizado para ter uma representatividade
mais significativa na sociedade. Sobre esta, apresentamos brevemente sobre o seu
status na Região ibero-Latina-Americana.

Na América Latina e no Caribe, já existem profissionais com bacharelado em


guia interpretação de nível universitário reconhecido pala Universidade Especializada
das Américas. Outros países como México, Chile e Equador, o guia-intérprete ainda é
empírico e ainda não são reconhecidos e não há Associações como há aqui no Brasil
(LEBRE, 2021). No Peru, em seu Catálogo Nacional de Capacitação, existe um programa
de estudos de guia-intérpretes para pessoas com surdocegueira. Na Colômbia, os guia-
intérpretes são reconhecidos por Lei, ainda que haja profissionais empíricos; no ano de
1997, quando houve um grande encontro no país, alguns desses receberam formação.

Diferentemente do Brasil, em Portugal e na Espanha já existe regulamentação


do profissional. Na Espanha, a ONCE (Organização Nacional de Cegos da Espanha)
desenvolve um trabalho já há muito tempo de formação. Infelizmente a dificuldade
de regulamentação em toda a região ibero-Latina-Americana ainda é muito tardia, as
reivindicações são árduas. Ainda que haja um reconhecimento, esse é ignorado; apesar
de existir uma Lei, ela não é seguida (BRASIL, 2020).

41
NOTA
Mesmo que haja legislações, municipais e estaduais que instituem
ações educativas e um Projeto de Lei que institui o Dia Nacional
da Pessoa Surdocega (BRASIL, 2019; BRASIL, 2020), neste texto,
ao mencionarmos “povo surdo”, incluímos também as pessoas
surdocegas, pois, além de não serem menos importantes, dependem
também para a comunicação entre os pares do profissional Tradutor e
Intérprete e do Guia-intérprete de Língua de Sinais/Língua portuguesa
– na modalidade de grande complexidade na mediação comunicativa
(BRASIL, 2000; 2010; LEBRE, 2021).

Além de terem sido excluídos dos sistemas de ensino, não puderam contar as
suas próprias histórias e desafios, pois não tinham “voz” para relatar suas angústias,
experiências e conquistas. Suas histórias foram roubadas e contadas, não como
exatamente eram e são, mas como eram vistas a partir das imagens produzidas por
aqueles que os controlavam (SILVA, 2019). O sentido aqui empregado por “não ter voz”
significa o não ter direito de se posicionar, a proibição de se defender, o bloqueio rígido
de se retratar, a inviabilidade empregada - ainda mais com a restrição de uso da língua
de sinais para se expressar.

Diante os fatos, tiveram que lutar por muitos anos para serem reconhecidos
como humanos capazes e com potencialidades para realizar quaisquer ofícios, desde
que lhes oportunize e lhes deem acessibilidade. Em plena celeuma contemporânea,
o trabalho em conjunto dessa minoria linguística, o povo surdo vem com grande
empoderamento para reconquistar o seu espaço de direito na sociedade. Os Surdos
como a(u)tores e protagonistas trazem consigo suas reais vozes, o seu real eu, e não os
seus “eus” inventados por outros não surdos, como menciona Silva (2019).

DICA
Surdo: a grafia em ‘S’ maiúsculo refere-se ao sujeito surdo, a pessoa que
luta pelos seus direitos políticos, linguísticos e culturais, ou seja, que faz
parte da Comunidade Surda [...] engloba uma categoria de alteridade, que
envolve a mulher/o homem surda/o em suas diferentes peculiaridades:
etária, de raça, de classe, religiosa, de posição geográfica etc. (SILVA, 2019,
p. 70).

42
Eles são referências e têm propriedade de falar sobre a pessoa com surdez, sua
cultura, suas alteridades e especificidades. De suas reais experiências socioculturais,
somadas ao significativo modo de comunicação por meio da Língua de Sinais, do
movimento e da resistência frente ao ouvintismo, surge então os Estudos Surdos!

NOTA
Ouvintismo: Termo academicamente designado a estudar o surdo
‘do ponto de vista da deficiência, da clinicalização e da necessidade
de normalização [...] deriva de uma proximidade particular que se dá
entre ouvintes e surdos, na qual o ouvinte sempre está em posição
de superioridade [...] de poder, de dominação em graus variados,
em que predomina a hegemonia por meio do discurso do saber’
[...] ‘conjunto de representações dos ouvintes, a partir do qual o
surdo é obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte [...]
é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as percepções
do ser deficiente, do não ser ouvinte; percepções que legitimam as
práticas terapêuticas habituais’ [...] e por consequência adicional, a
indiferença, a opressão e a exclusão (SILVA, 2019, p. 24).

2 ESPECIFICIDADES E O CONCEITO SURDO


O que são os Estudos Surdos?

Não é um estudo, e muito menos uma novidade, que descreve o povo surdo,
como eles são, o que fazem ou deixam de fazer, em que moram ou não moram. Ainda
que em território brasileiro esses estudos tenham começado, amadurecido no início
do século XXI e vem se intensificando, foram constituídos a partir de alguns cursos
na década de 1970 para oferecer seus primeiros programas de diplomação no início
dos anos 1980 na Universidade de Boston e Universidade Estadual da Califórnia em
Northridge. Outras Universidades, desde então, iniciaram suas ofertas de graduação,
lato senso e stricto senso nesses Estudos, e por sua vez

[...] um número crescente de programas de concessão de grau em


Estudos Surdos, conferências nacionais e internacionais, revistas e
jornais, e um crescente corpo de pesquisas e publicações continuam
a lançar luz sobre as implicações únicas linguísticas, culturais e
epistemológicas da formação de uma variedade de Surdos da raça
humana (BAUMAN; MURRAY, 2014, p. 68).

43
Para compreendermos mais o que são, é necessário rever brevemente os
Estudos Culturais. Embasado na pesquisa da professora surda Strobel (2008), nos
Estudos Culturais, é possível perceber as lutas políticas de diversos grupos, procurando
perceber os diferentes olhares de muitas manifestações culturais, principalmente
aqueles que enfatizam resistências presentes nos povos surdos às práticas ouvintistas,
não é uma disciplina específica, mas a interdisciplinaridade visa os estudos de aspectos
culturais da sociedade.

Assim podemos compreender o que são os Estudos Surdos.

São “as teorias pesquisadas no ‘Ser Surdo’, representação como sujeitos


linguísticos e culturais diferentes, pertencimento ao povo surdo” (STROBEL, 2008, p. 19).

Se constituem enquanto um programa de pesquisa em educação,


onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a
arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas, localizadas
e entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento
político (SKLIAR, 2010, p. 5).

São “definidos como um espaço de investigações que avança em contato com


as teorias que os impulsionam [...] nos remetem a questão do lugar teórico em que se
situam” (PERLIN; STROBEL, 2009, p. 25-26).

O espaço aberto aos sujeitos surdos na academia propiciou um movimento


que vem expandindo-se. Esse movimento chama atenção à participação desses, de
modo que façam parte com efetividade do processo de produção de conhecimento
(QUADROS, 2006).

Nos Estudos Surdos, compõem-se de pesquisadores, informantes surdos que


estão “desconstruindo e construindo saberes”, se constituindo identitariamente como
sujeitos Surdos. De suas pesquisas, as conquistas tomam espaço com seus relatos
mais vívidos, pois são registrados, produzidos por eles mesmos; os superviventes desse
sistema opressor. Como menciona Quadros (2006, p. 10)

(...) esses autores desconstruíram mitos, saberes e pensares [...]


passaram a olhar o outro surdo noutra dimensão, a partir da diferença,
tendo a própria pesquisa como provocadora das desconstruções e
construções de outros saberes [...] pesquisadores que começaram
a refletir sobre muitas das questões que estão sendo debatidas e
trazidas para a sociedade no contexto das políticas educacionais e
linguísticas no campo dos Estudos Surdos.

44
Nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam o Surdo, a pessoa
com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e que esteja em
sofrimento. O conceito de surdez não tem espaço para o conceito da deficiência auditiva,
conceito este bem disseminado no contexto médico, mas bem repelido nos Estudos
Surdos. Porém, abre espaço para o sujeito que não é diferente, mas é singular em sua
diferença, não é deficiente, é usuário da Língua de Sinais, é militante, é protagonista
(SILVA, 2019).

DICA
Para mais detalhes sobre o conceito de “supervivente”, leia os livros
Orrú (2017). “O re-inventar da inclusão: os desafios da diferença no
processo de ensinar e aprender”, ou, Orrú (2021) “A Inclusão menor e
o paradigma da distorção” (SILVA, 2019, p. 23).

3 OS ESTUDOS SURDOS E A COMUNIDADE SURDA


Esse advento dos sujeitos Surdos em suas produções desmantela as
negligências ocorridas em suas histórias. Já não temem o ouvintismo e se empoderam,
em todo o território nacional, reivindicando seus direitos e a valorização do Ser Surdo.

Como representantes da diferença cultural protagonizam pesquisas e facilitam,


ao serem expostos, um espaço democrático que respeita suas identidades e alteridades,
que os legitima como grupo linguístico, minoritário em números, porém culturalmente
desmedido em suas produções significativamente relevantes. Não mais se “definem-
se os surdos como linguisticamente pobres, intelectualmente primitivos e concretos,
socialmente isolados e psicologicamente imaturos e agressivos” (SKLIAR, 2012, p. 115).
Assim, expressa a pesquisadora surda, Karin Strobel, que “os povos surdos estão cada
vez mais motivados pela valorização de suas ‘diferenças’ e assim respiram com mais
orgulho e riqueza das suas condições culturais!” (STROBEL, 2008, p. 39-40).

Os Estudos Surdos na atualidade, também estão engajados na Cultura Indígena.


Pesquisas sobre o sujeito Surdo nesse contexto, sobre os Surdos indígenas, rompem a
barreira da opressão sociolinguística de outrora e sua língua de sinais é apresentada com
ricas e significativas recordações ímpares. Nesse contexto, há produções acadêmicas
e literárias, e outras no prelo, que contribuem ainda mais para o protagonismo do
Surdo indígena. Esses sujeitos apresentam recordações inventariadas ocularmente e
reproduzidas gestualmente de geração em geração.

45
NOTA
O termo gestual aqui utilizado refere-se à modalidade da língua de sinais, ou
seja, língua gestual-visual/espaço-visual (FERREIRA, 2010).

Ao se verem “como pertencentes a uma minoria linguística ao invés de um grupo


de pessoas ligadas pela incapacidade” e motivados por ações e produções culturais,
não deixaram se calar novamente, trabalhos significativos começam a surgir, e a Cultura
Surda começa então a ser difundida nascendo aí os Estudos Surdos, sem influência
clínica e muito menos ouvintista (BAUMAN; MURRAY, 2014, p. 68).

Pesquisadores, surdos e não surdos, promovem essa acessibilidade por meio


de registros escritos e gráficos que valorizam a língua de sinais, a comunicação gesto
visual, dos índios surdos no Mato Grosso do Sul e da “Língua de Sinais utilizada pelos
índios surdos Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica” (VILHALVA, 2012, p. 33). Essa
decorrência visa valorizar as “línguas de minorias como patrimônio histórico e cultural
da humanidade, em especial, [...] a língua terena sinalizada...” (CEZAR; SOUZA; PONNIK,
2020, p. 347).

Para não perder essas identidades culturais e assegurá-las como patrimônio


histórico-cultural da humanidade e não permitir a sua extinção, seja pelo encolhimento
desse povo como minoria da minoria, ou pelo risco eminente de morte causado pela
crise mundial sanitária com a Pandemia – COVID-19, a acessibilidade ocorre também
em forma de história em quadrinhos sinalizada (HQ). A título de exemplo, temos a
recém-lançada HQ, em 2021. Literatura essa que apresenta a história do povo terena
por meio de uma personagem surda indígena e que relata a sua vivência, a reprodução
de artefatos culturais e fatos ocorridos pelo povo terena, difundidos via documentos e
sabedoria dos anciãos indígenas terena (CEZAR; SOUZA; PONNICK, 2020).

46
NOTA
Aqui o termo “ancião”, em latim antianus, refere-se a pessoa respeitada,
aquela de idade mais avançada, os avós da comunidade, que passa
informações de geração em geração.

COVID-19:
nome oficial da doença causada pelo novo
coronavírus também conhecida como Sars-
Cov-2 em razão do Sars-Cov-1 (ou apenas Sars),
nome dado a epidemia na China em 2002, por
ser consideradas ‘irmãs’. Em inglês, Sars-Cov-2
significa: ‘severe acute respiratory syndrome
coronavirus 2’, em tradução livre: Síndrome
Respiratória Aguda Grave do Coronaviurs 2
(CEZAR; SOUZA; PONNICK, 2020, p. 348).

FIGURA 31 – HQ SINALIZADA SOL: A PAJÉ SURDA

FONTE: <https://bit.ly/3u2N92R>. Acesso em: 18 fev. 2021

FIGURA 32 – LIVRO: ÍNDIOS SURDOS: MAPEAMENTO DAS LÍNGUAS DE SINAIS NO MATO GROSSO DO SUL

FONTE: <http://bit.ly/3jjhaH3>. Acesso em: 18 fev. 2021

47
FIGURA 33 – LIVRO: EPISTEMOLOGIAS DOS ESTUDOS SURDOS - LÍNGUA, CULTURA E EDUCAÇÃO SOB O
SIGNO DA DIVERSIDADE CULTURAL

FONTE: <http://bit.ly/38A6L5V>. Acesso em: 18 fev. 2021

FIGURA 34 – LIVRO: AS LÍNGUAS DE SINAIS INDÍGENAS EM CONTEXTOS INTERCULTURAIS

FONTE: <https://bit.ly/32gx3q3>. Acesso em: 18 fev. 2021

A partir dessas produções, tendo como protagonista o Surdo em suas exclusivas


expressões, esses

Estudos Surdos [...] compreendem a surdez como uma construção


histórica e social, entendendo a cultura surda como espaço no qual
as identidades surdas são constituídas e reconhecendo que elas são
efeito de pertencimento cultural do povo surdo (COSTA, 2020, p. 96).

As informações significativas no uso de sua língua matriz, reforça a produção


de ensino-aprendizagem dentro do contexto intercultural (GOMES, 2020, p. 130) e não
deixa extinguir-se pelo fato de não haver quem as registre e as valorize.

48
4 PROTAGONISMO CONTEMPORÂNEO
O reconhecimento desses estudos vai além do simples achismo ou pressupostos,
estereótipos criados pelo povo não surdo, com limitações literárias e de pesquisa.
Reconhecer e respeitar as diferenças torna-se fundamental para que a liberdade de
expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda que a exclusão coexista
na globalização dos povos bem como suas culturas na contemporaneidade (GOMES,
2020, p. 132). Além disso, saber e reconhecer que o povo surdo – protagonistas surdos –
fizeram e fazem parte de muitos contextos históricos da humanidade, seja na invenção
científica - que contribui beneficamente até hoje - seja na Arte, na Astronomia, no
Cinema, na Música, na Política, enche-nos de orgulho e muito mais a eles, com grandes
modelos de que a luta continua, mesmo com grandes desafios de acessibilidade,
comunicativo e linguístico.

Reconhecer essas celebridades – protagonistas em grandes pesquisas,


idealizações e descobertas – é respeitar suas singularidades e potencialidades, e não
negar a sua identidade surda; e muito menos filantropar ou creditar como coitados que
chegaram a esse patamar por ajuda beneficente de alguém ou de “alguéns”. Há de se
considerar que muitas dessas celebridades se sobressaíram porque aprenderam a falar
e ler os lábios, e isso, na sociedade normalizadora, faz total diferença na representação
social, porém, suas identidades surdas são mascaradas. Como menciona Strobel (2007,
p. 27):

[...] quanto mais insistem em colocar ‘máscaras’ nas suas identidades


e quanto mais manifestações de que para os surdos é importante
falar para serem aceitos na sociedade, mais eles ficam nas próprias
sombras, com medos, angústias e ansiedades. As opressões das
práticas ouvintistas são comuns na história passada e presente para
o povo surdo.

FIGURA 35 – PESQUISADORA KARIN STROBEL

FONTE: <https://bit.ly/3ejvQp3>. Acesso em: 18 fev. 2021

49
FIGURA 37 – LIVRO ESTUDOS SURDOS II

FONTE: <https://bit.ly/3eNQRXT>. Acesso em: 18 fev. 2021

DICA
Quer ampliar suas pesquisas?
Leia o livro e compreenda mais sobre os/as
“Heróis/Heroínas Surdos/As Brasileiros/As:
busca de significados na comunidade surda
gaúcha” A pesquisa e as provocações desta
obra “adicionam a questão sobre os efeitos
que provocam, na comunidade surda e
nos espaços educacionais, a definição e
a identificação dos heróis surdos” além
de “reconhecer as lutas por significados,
mas também por constituir novos atores
políticos [...] contribui para que a sociedade
em geral adote outros conhecimentos que
a enriqueçam no seu conjunto” (RANGEL;
KLEIN, 2020).
Disponível em: https://bit.ly/2NJtNj7. Acesso
em: 12 fev. 2021

Muitos ainda desconhecem esses personagens que foram e são camuflados,


e que são (des)conhecidos. No entanto, foram, brevemente alguns, reapresentados na
produção dos Estudos Surdos, pela pesquisadora e professora, doutora Karin Strobel
(STROBEL, 2007; MOURA, 2020, p. 206) e que agora apresentamos a você, não na
totalidade, mas de modo ampliado, outros alguns, dessas celebridades surdas no
Quadro 2 a seguir.

50
QUADRO 2 – CELEBRIDADES SURDAS ESTRANGEIRAS E NACIONAIS

Jonathan Swift Ludwig van Beethoven

FONTE: <https://bit.ly/3vmJJs6>. Acesso em:


FONTE: <https://bit.ly/3u8Oq8D>. Acesso em: 28 fev. 2021
28 fev. 2021

Compositor alemão, do período de transição entre


Foi autor, escritor anglo-irlandês, poeta e clérigo. o  Classicismo  e o Romantismo. Considerado um
Tornou-se reitor da Catedral de São Patrício, dos pilares da  música ocidental, permanece até
em Dublin. Considerado pela  Encyclopædia hoje como um dos compositores mais respeitados
Britannica  o principal satirista inglês. Conhecido e mais influentes de todos os tempos. Por volta dos
por famosas obras dentre elas  “As Viagens de 26 anos foi diagnosticada a sua perda auditiva e 20
Gulliver”. anos depois já estava completamente surdo.

FONTE: <https://bit.ly/3u8Oq8D>; <https://bit. FONTE: <https://bit.ly/3vmJJs6>; <https://bit.


ly/2QGCdtm>. Acesso em: 28 fev. 2021 ly/3t7T05E>. Acesso em: 28 fev. 2021

Slava Raškaj Laura Dewey Bridgman

FONTE: <https://bit.ly/3e5anjv>. Acesso em:


22 fev. 2021 FONTE: <https://bit.ly/3xz1ne6>. Acesso em:
28 fev. 2021

Artista plástica croata. Surda desde o nascimento, Contraiu escarlatina aos dois anos de idade, o que
devido às dificuldades de comunicação, se se a fez perder os sentidos da audição, visão, olfato
afastou aos poucos das pessoas, depois que seu e paladar. Mesmo com esses déficits conseguiu,
talento foi notado. Até os quinze anos, morou em de forma rudimentar, se comunicar por gestos
uma instituição para crianças surdas em Viena, com sua família. Estudou na Escola Perkins para
Áustria. Artista independente teve seu próprio Cegos, em 1837 e foi professora de Anne Sullivan.
ateliê, em uma sala de antigo necrotério, onde Ao final de sua educação formal, em 1850, já havia
provavelmente pintou seu autorretrato. Devido à aprendido história, literatura, matemática e filosofia.
depressão crônica, agressão e outros sintomas Foi conhecida como a primeira mulher  surdocega
psicológicos, foi internada em 1902 e morreu em 29 estado-unidense, a estudar a língua inglesa, cerca
de março de 1906. de 50 anos antes de Helen Keller.

FONTE: <https://bit.ly/3e5anjv>. Acesso em: 22 fev. FONTE: <https://bit.ly/3xCpmc8>. Acesso em: 28


2021 fev. 2021

51
Goya E. Huet

FONTE: <https://bit.ly/3u4iulW>. Acesso em: 5 FONTE: <https://bit.ly/3e9rJeP>. Acesso em:


mar. 2021 25 abr. 2021

Francisco José de Goya y Lucientes foi um dos E. Huet, surdo francês que criou as primeiras
maiores mestres da pintura espanhola. Aos 46 instituições oficiais de ensino para surdos no Brasil
anos, contraiu uma doença séria e desconhecida, e no México. Pioneiro na influência às línguas de
transmitida por um amigo, numa viagem a sinais nesses dois importantes países da América
Andaluzia em  1792. Ficou temporariamente Latina. Fundou em 1856, com o apoio de D. Pedro
paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. II, o Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES/RJ.
FONTE: <https://bit.ly/3u4iulW>. Acesso em: 5 de
mar. 2021 FONTE: <https://bit.ly/3e9rJeP>. Acesso em: 25
abr. 2021

Gastão de Orléans, Conde d’Edu Henrietta Swan Leavitt

FONTE: <https://bit.ly/3t2Hw3m>. Acesso em:


22 fev. 2021

Luís Filipe Maria Fernando Gastão (Louis FONTE: <https://bit.ly/2PyHJh2>. Acesso em:
Philippe Marie Ferdinand Gaston). Foi um 28 abr. 2021
nobre  francês, tendo sido  conde d'Eu. Era neto
do rei  Luís Filipe I de França. Tornou-se  príncipe
imperial consorte do Brasil. “Nada consta sobre Foi uma  astrônoma  estado-unidense  famosa por
sua surdez” nas bibliotecas, mas ela é confirmada seu trabalho sobre  estrelas variáveis. “Descobriu
no livro biográfico da Princesa Isabel “Isabel, a a Lei do período-luminosidade que permite
Redentora dos Escravos”, de Robert Daibert Junior descobrir a distância de uma estrela baseada na
(2004). luminosidade”.

FONTE: <https://bit.ly/3t2Hw3m>. Acesso em: 22 FONTE: <https://youtu.be/a9KQSl-BPrA>. Acesso


fev. 2021 em: 28 abr. 2021

52
Thomas Edson Oliver Heaviside

FONTE: <https://bit.ly/2QKI40F>. Acesso em:


22 fev. 2021

FONTE: <https://bit.ly/3xLwa7m>. Acesso em: Matemático  e  engenheiro eletricista  inglês. Como


22 fev. 2021 físico, previu a existência da ionosfera, camada
eletricamente condutora na atmosfera superior
Thomas Alva Edson. De outras dezenas, que reflete as ondas de rádio, permitindo ser
uma de suas invenções foi a lâmpada elétrica transmitidas entre continentes. Possivelmente,
incandescente. “Acredita-se que a causa principal uma doença infantil deixou-o surdo, o que fez,
de sua surdez tenha sido uma crise de febre anos mais tarde se isolar e viver solitariamente os
escarlate (escarlatina) durante a infância”. últimos 25 anos de sua vida.

FONTE: <https://bit.ly/3xLwa7m>. Acesso em: 22 FONTE: <https://bit.ly/2QKI40F>; <https://bit.


fev. 2021 ly/3u6pKNU>. Acesso em: 22 fev. 2021

Douglas Tilden Alice von Battenberg

FONTE: <https://bit.ly/3nvZZUS>. Acesso em:


22 fev. 2021

FONTE: <https://bit.ly/3xwTyFI>. Acesso em: 5 Victoria Alice Elisabeth Julie Marie von
de mar. 2021 Battenberg, conhecida como Princesa Alice von
Battenberg. Mãe do Duque de Edimburgo (Príncipe
Philip, morto em 09 de abril de 2021). Preocupada
Foi um escultor americano. Ficou surdo, vítima com a pronúncia, foi percebido por sua mãe o
de um surto de escarlatina, aos 4 anos de atraso e a demora para aprender a falar. Após
idade. Esculpiu muitas estátuas que estão hoje consulta, foi diagnosticada com surdez congênita.
localizadas em São Francisco, Berkeley e na área Aprendeu a ler lábios, e com a ajuda da princesa
da baía de São Francisco. Vitória, aprendeu a escrever em inglês e alemão.

FONTE: <https://bit.ly/3xApsRL>. Acesso em: 5 de FONTE: <https://bit.ly/3nvZZUS>. Acesso em: 22


mar. 2021 fev. 2021

53
Helen Keller Konstantin Tsiolkovski

FONTE: <https://bit.ly/332XDmU>. Acesso em:


28 fev. 2021 FONTE: <https://bit.ly/3aPXuYs>. Acesso em:
28 fev. 2021
Helen Adams Keller. Escritora,  conferencis-
ta e ativista social norte-americana. Foi a primeira Konstantin Eduardovich Tsiolkovski. Cientista con-
pessoa surdocega da história a conquistar um ba- siderado como sendo um dos pais fundadores do
charelado. Ficou surdocega aos 18 meses de ida- foguetismo e pioneiro na  teoria astronáutica mo-
de devido a uma doença diagnosticada na época derna.Tornou-se parcialmente surdo aos 10 anos
como "febre cerebral" que possivelmente tenha de idade vítima da escarlatina. Por causa da surdez
sido  escarlatina  ou  meningite. Foi aluna de  Laura não foi aceito nas escolas elementais, tornando-se
Bridgman, e de Anne Sullivan. assim autodidata.

FONTE: <https://bit.ly/3eGofj7>. Acesso em: 28 fev. FONTE: <https://bit.ly/3aPXuYs>. Acesso em: 28


2021 fev. 2021

Annie Jump Cannon Robert Grant Aitken

FONTE: <https://bit.ly/3vytQP8>. Acesso em:


5 mar. 2021

FONTE: <https://bit.ly/2PALym1>. Acesso em:


Astrônoma  estadunidense, cujo trabalho 5 mar. 2021
de catalogação foi fundamental para a
atual  classificação estelar. Desenvolveu
o Esquema de Classificação de Harvard, que foi a Foi instrutor de matemática e mediu posições
primeira tentativa de organizar e classificar estrelas e órbitas computadas para cometas e satélites
baseadas em suas temperaturas e tipos espectrais. naturais de planetas. Ingressou na Sociedade
Alguns atribuem, sem saber exatamente a causa, Astronômica do Pacífico em 1894, e cinco anos
a sua quase total perda auditiva à escarlatina, que depois foi eleito presidente dessa instituição. Era
deve ter ocorrido entre a infância e a idade adulta. parcialmente surdo e usava aparelho auditivo.

FONTE: <https://bit.ly/3vytQP8>. Acesso em: 5 mar. FONTE: <https://bit.ly/3u9p9v1>. Acesso em: 5 mar.
2021 2021

54
Olaf Hassel Howard Hughes

FONTE: <https://bit.ly/332XDmU>. Acesso em:


28 fev. 2021

FONTE: <https://bit.ly/2S5TNqY>. Acesso em: Howard Robard Hughes Jr.  Foi um aviador,
28 fev. 2021 engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de
cinema, diretor cinematográfico  norte-americano,
Foi um astrônomo amador norueguês. Descobriu o e um dos homens mais ricos do mundo. Ficou
cometa Jurlov-Achmarof-Hassel em abril de 1939 famoso ao quebrar o recorde mundial de
e da nova V446 Herculis em 7 de março de 1960. velocidade em um avião, construir aviões, produzir
Sua surdez foi descoberta quando tinha 1 ano de o filme Hell's Angels e por se tornar dono de uma
idade. Estudou na escola para surdos “Christiania das maiores empresas aéreas norte-americana,
Public School for the Deaf” onde aprendeu a ser a  TWA. Aos quatro anos, devido a otosclerose
um designer. hereditária, já havia herdado a surdez parcial.

FONTE: <https://bit.ly/3sZl6jr>. Acesso em: 28 fev. FONTE: <https://bit.ly/3u4WvuV>. Acesso em: 28


2021 fev. 2021

Francisco Goulão Lou Ferrigno

FONTE: <https://bit.ly/3vokhSQ>. Acesso em:


22 fev. 2021

Louis Jude Ferrigno. Ícone da comunidade surda,


FONTE: <https://bit.ly/3t44gQG>. Acesso em: ator e fisiculturista, mundialmente conhecido pela
22 fev. 2021 sua atuação no filme "O incrível Hulk". Descobriu a
surdez aos 3 anos de idade. Após seu nascimento,
devido a uma infecção no ouvido mal tratada,
Francisco Goulão. Professor e artista plástico perdeu 80% da audição. Aprendeu a ler lábios
português. sozinho.

FONTE: <https://bit.ly/3vlDODE>. Acesso em: 22 FONTE: <https://bit.ly/3t6sr0G>. Acesso em: 22 fev.


fev. 2021 2021

55
Ronald Reagan Bill Clinton

FONTE: <https://bit.ly/3xzCAX8>. Acesso em:


28 fev. 2021
FONTE: <https://bit.ly/3e3Q3iw>. Acesso em:
Ronald Wilson Reagan. Foi ator e político norte- 22 fev. 2021
americano, o 40º  presidente dos Estados Unidos.
Aos 19 anos de idade, seu problema auditivo
começou a surgir devido a um disparo de arma William Jefferson Blythe III. Político e ex-Presidente
de fogo perto de sua orelha direita, enquanto dos Estados Unidos da  América. Há anos já
atuava em um filme. Em 1983, Reagan, com 72 reclamava sobre a sua perda auditiva. E a descobriu
anos, começou a usar o aparelho auditivo, feito em seus exames médicos anuais. Por orientação,
sob medida e tecnologicamente avançado em seu começou a fazer uso de aparelho auditivo. A causa
ouvido direito, depois de ter maior dificuldade em vem das horas de exposição ao alto som, da banda
ouvir sons agudos. em que era membro, na sua juventude.

FONTE: <https://nyti.ms/2RbDDMa>. Acesso em: FONTE: <https://lat.ms/3vnmJZU>. Acesso em: 22


28 fev. 2021 fev. 2021

Peter Townshend Paul Stanley

FONTE: <https://amzn.to/3gPuwvM>. Acesso


em: 22 fev. 2021

Stanley Bert Eisen é o  guitarrista,  vocalista,


FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: compositor, fundador e líder do grupo Kiss. Nasceu
29 abr. 2021 com uma microtia de nível 3, uma deformidade
congênita da cartilagem do ouvido externo, e
ocorre em aproximadamente 1 em cada 8.000
Peter Dennis Blandford Townshend. Guitarrista, a 10.000 nascimentos. Em 2013 disse: “estou
cantor, compositor e escritor britânico. Conhecido praticamente surdo do meu lado direito, pois não
por ser membro da banda  rock  The Who. Devido há acesso para o som entrar [...] tenho um aparelho
à exposição frequente ao volume alto e, fones de auditivo implantado há anos [...] tem sido um
ouvido, tem surdez parcial e tinitus. ajuste contínuo para mim, pois meu cérebro nunca
processou o som vindo do meu lado direito”.
FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 28
abr. 2021 FONTE: <https://bit.ly/32ZkHTJ>. Acesso em: 22
fev. 2021

56
Bono Vox Robert Redford

FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:


29 abr. 2021 29 abr. 2021

Paul David Hewson. Líder da banda irlandesa U2. Robert Redford Jr. Ator duas vezes vencedor
Sofre há muitos anos de tinnitus, um “zumbido” do Oscar. Sofreu perda auditiva após contrair uma
que geralmente é associado à perda auditiva, infecção no ouvido durante uma acrobacia com
dentre as causas, a exposição a ruídos extremos. água.

FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29 FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29


abr. 2021 abr. 2021

William Shatner Holly Hunter

FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: FONTE: <https://bit.ly/3eGyLqB>. Acesso em:


29 abr. 2021 29 abr. 2021

Premiado ator canadense e vencedor de prêmios Atriz  norte-americana. Ganhou o Oscar, o BAFTA,
como Emmy e Globo de Ouro. Após um acidente no o Globo de Ouro e o prêmio de melhor atriz no
estúdio gravação, lida com o zumbido nos ouvidos. Festival de Cinema de Cannes pela atuação no
Usa um aparelho especial que auxilia o cérebro a filme “O Piano”. Tem perda auditiva severa no
desviar a atenção do zumbido. É defensor ferrenho ouvido esquerdo.
da American Tinnitus Association.
FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em: 28
FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29 abr. 2021
abr. 2021

57
Amy Ecklund Deanne Bray-Kotsur

FONTE: <https://bit.ly/2ScYZJQ>. Acesso em:


22 fev. 2021
FONTE: <https://bit.ly/2Sdo33o>. Acesso em:
22 fev. 2021 Deanne Bray-Kotsur. Conhecida como a primeira
pessoa surda a estrelar um papel na televisão no
Atriz conhecida pelos seus trabalhos em "The filme “The Binge: Sue Thomas, F.B.Eye”, um drama
Accusation" e “Abigail” em "The Guiding Light" cuja inspirado na história real de uma agente surda que
personagem basea-se em sua vida real. Perdeu a trabalha para o F.B.I. Cresceu com o pai solteiro,
capacidade auditiva aos 6 anos, faz leitura labial e que não era fluente na Língua de Sinais Americana
é usuária da Língua de Sinas Americana (ASL). A (ASL), mas tinha contato com uma família surda
partir do ano de 1999 recebeu o implante coclear o em sua vizinhança, que a expôs à comunidade
que lhe permitiu a ouvir novamente. surda e sua cultura.

FONTE: <https://cbsn.ws/3vnNttg>. Acesso em: 22 FONTE: <https://bit.ly/2Px8JNW>. Acesso em: 22


fev. 2021 fev. 2021

Whoopi Goldberg Jane Lynch

FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em:


29 abr. 2021

FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: Atriz,  dubladora,  escritora,  cantora  e  comedian-


29 abr. 2021 te americana. Conhecida pelo seu papel na série
musical “Glee”. É surda de um ouvido devido a da-
nos nos nervos. Há especulações que sua surdez
Caryn Elaine Johnson. Atriz, apresentadora, tenha sido causada por uma febre alta quando
comediante e vencedora do Oscar pela atuação criança. Descobriu aos sete anos quando brinca-
no filme “Ghost”. Usa aparelhos auditivos nos dois va com o seu irmão, que alternava o rádio entre
ouvidos. Segundo ela, acredita que foi causado por um ouvido e outro. Disse que não podia fazer isso,
ouvir música alta quando era jovem. pois só conseguia ouvir apenas de um lado.

FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29 FONTE: <https://bit.ly/3u6qEKw>; <https://bit.


abr. 2021 ly/3u9xyhW>. Acesso em: 28 abr. 2021

58
Jodie Foster Marlee Matlin

FONTE: <https://bit.ly/3xDePxp>. Acesso em:


28 fev. 2021

Marlee Beth Matlin. Atriz  norte-americana e


membra da Associação Nacional dos Surdos
FONTE: <https://bit.ly/3u9xyhW>. Acesso em: (National Association of the Deaf). Única atriz surda
29 abr. 2021 a ganhar o Óscar de melhor atriz como protagonista.
Ganhou o Globo de Ouro em decorrência de seus
trabalhos na televisão e cinema. Foi a personagem
Alicia Christian "Jodie" Foster. Atriz, diretora e Sarah Norman em “Filhos do Silêncio”. É surda
produtora de cinema norte-americana. Tem perda desde os 18 meses de idade, adquiriu a habilidade
auditiva e usa aparelhos. da fala.

FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 28 FONTE: <https://bit.ly/3xDePxp>; <https://bit.


abr. 2021 ly/3t5gg4q>. Acesso em: 28 fev. 2021

Heather Whitestone McCallum Anthony Natale

FONTE: <https://bit.ly/3gPDGZc>. Acesso em:


22 fev. 2021

Surda profunda desde os dezoito meses de idade.


Com um súbito aumento de febre, sua surdez FONTE: <https://bit.ly/3aVw43o>. Acesso em:
foi causada pelo vírus Haemophilus influenzae, 15 mar. 2021
causador da meningite. E há a suspeita, segundo
seus médicos, que a meningite foi contraída Ator americano atuou em muitos filmes e programas
simultaneamente devido a uma infecção sangüínea de televisão e no teatro. No filme “Opus Mr. Holland
grave. Tornou-se a primeira Miss América com (1995)”, interpretou Coltrane “Coll” Holland na idade
deficiência em 17 de setembro de 1994. de 15 anos, filho do professor Holland.

FONTE: <https://bit.ly/2SdrSFM>. Acesso em: 22 FONTE: <https://bit.ly/3aVw43o>. Acesso em 18


fev. 2021 mar. 2021

59
Howie Seago Jeff Bravin

FONTE: <https://bit.ly/3nDI0vK>. Acesso em: FONTE: <https://bit.ly/3tc3MI2>. Acesso em:


15 mar. 2021 15 mar. 2021

Diretor e ator de teatro, e ator de televisão. É Membro atuante e engajado na comunidade surda.
membro da companhia do Oregon Shakespeare Diretor executivo da The American School for the
Festival, em Ashland, Oregon, desde 2009. É o Deaf (ASD). A mais antiga escola integral para
primeiro ator surdo a se apresentar na história do surdos dos Estados Unidos, fundada em 1817, em
festival. Na família paterna havia problemas de Hartford, Connecticut. Foi o protagonista do filme
audição. Nasceu surdo e tem quatro irmãos, dois que levava o nome do personagem, Jonas, em “E
deles, um com surdez e outro com perda auditiva. seu nome é Jonas”.

FONTE: <https://bit.ly/3nDI0vK>. Acesso em: 15 FONTE: <https://bit.ly/3tc3MI2>. Acesso em: 28 fev.


mar. 2021 2021

Russell Harvard Matt Hamill

FONTE: <https://bit.ly/3xDevio>. Acesso em:


29 abr. 2021 FONTE: <https://bit.ly/2Rgjy7q>. Acesso em:
29 abr. 2021

Russell Wayne Harvard. Ator americano. Matthew S. Hamill. Atleta estadunidense lutador


Estreou no cinema em “There Will Be Blood”. Foi de MMA e Wrestling (luta olímpica/profissional).
protagonista no filme biográfico “The Hammer”, É tema de um filme lançado com o título "The
interpretando o lutador surdo Matt Hamill. Filho Hammer", interpretado pelo também ator surdo,
surdo de família surda de terceira geração. Devido Russel Harvard, apresentando seu ingresso
à sua capacidade de fala e audição residual, capaz no Wrestling. Surdo de nascença, para não ser
de ouvir alguns sons com o uso de um aparelho tratado como diferente das outras crianças, e
auditivo, se identifica como surdo e considera a por insistência da mãe e do avô, aprendeu a ler,
língua de sinais americana sua primeira língua. escrever e a falar.

FONTE: <https://bit.ly/3xDevio>. Acesso em: 29 abr. FONTE: <https://glo.bo/3aSTjep>. Acesso em: 29


2021 abr. 2021

60
Rob Lowe Halle Berry

FONTE: <https://bit.ly/2QMFo2B>. Acesso em: FONTE: <https://bit.ly/3t7JvmW>. Acesso em:


28 abr. 2021 29 abr. 2021

Ator de cimena. Na infância adquiriu a surdez por Maria Halle Berry. Atriz  tenha perda auditiva
conta de um vírus, é surdo unilateral do ouvido de 80% no ouvido esquerdo após ser vítima de
direito. violência doméstica.

FONTE: <https://bit.ly/3gQllLu>. Acesso em: 29 abr. FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29


2021 abr. 2021

Lauren Ridloff Derrick Coleman

FONTE: <https://bit.ly/3aTbOPK>. Acesso em:


15 mar. 2021

Atris e ex-professora americana. É mais conhecida


como uma ex-Miss América Surdos (2000 –
2002, como  Lauren Teruel). Atuou em como
Sarah Norman em  “Children ou a Lesser God“, FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em:
como Connie na  série “The Walking Dead” e 29 abr. 2021
recentemente, 2021, é escalada como a heroína
Makkari no filme, de super-heróis, “Eternals” do
Universo Cinematográfico da Marvel. Somente O primeiro jogador surdo de basquete americano.
descobriu sua surdez com dois anos de idade, Foi diagnosticado com perda auditiva aos 3 anos
pois seus pais achavam que tinha um atraso no de idade; usa aparelhos auditivos além da fazer
desenvolvimento da fala. leitura labial, principalmente durante o jogo.

FONTE: <https://bit.ly/3e88OkA>. Acesso em: 23 FONTE: <https://bit.ly/3vrpXvB>. Acesso em: 29


abr. 2021 abr. 2021

61
Millie Bobby Brown Millie Simmonds

FONTE: <https://bit.ly/2PHeKrB>. Acesso em:


15 mar. 2021
FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em:
29 abr. 2021
Millicent "Millie" Simmonds. Atriz americana.
Estrela mirim da aclamada série "Stranger Things". Surda desde os onze meses de idade, já atuou
Atriz, cantora e a mais nova a ser nomeada como em filmes e como reconhecimento, foi nomeada
Embaixadora da UNICEFÉ parcialmente surda, ao  “Critics' Choice Movie Awards” de 2019  na
devido a evolução da perda auditiva que teve após categoria de melhor atriz jovem. Está no elenco do
o seu nascimento. filme “Um Lugar Silencioso” (2018).

FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29 FONTE: <https://bit.ly/3nGEb9m>. Acesso em: 28


abr. 2021 mar. 2021

Nyle DiMarco Emmanuelle Laborit

FONTE: <https://imdb.to/3tbq50s>. Acesso


em: 15 mar. 2021 FONTE: <https://bit.ly/3aQEbhE>. Acesso em:
5 mar. 2021
Modelo americano, ator e surdo ativista. Em 2015,
foi o primeiro surdo do “America's Next Top Model” Autora do livro autobiográfico “O grito da gaivota”.
Ciclo 22 da CW. Em 2016 venceu a 22ª temporada da Venceu o  prémio Molière  da revelação teatral,
competição de dança “Dancing with the Stars”. Sua sendo a atriz surda pioneira a receber tal premiação.
língua matriz é a Língua de Sinais Amerciana (ASL) Tornou-se ainda a embaixatriz da Língua de Sinais
e usa fluentemente o inglês escrito, além de fazer Francesa. Só aos 7 anos de idade que veio a
leitura labial. conhecer a língua de sinais francesa.

FONTE: <https://bit.ly/338hyBc>; <https://imdb. FONTE: <https://bit.ly/3eFX34a>. Acesso em: 5


to/3tbq50s>. Acesso em: 15 mar. 2021 mar. 2021

62
Brenda Costa Maria Otávia Cordazzo

FONTE: <https://bit.ly/3e4JcoJ>. Acesso em:


5 mar. 2021

Brenda Costa. Modelo  brasileira e ex-nadadora. FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em:


Autora do livro autobiográfico “Bela do Silêncio”. 29 abr. 2021
Mesmo sendo surda  de nascença, consegue se
comunicar pela fala com os não surdos, devido
às aulas de terapia da fala desde os dois anos de Atriz catarinense tem perda severa da audição;
idade. Em 2007 submeteu-se à cirurgia de implante faz leitura labial para atuar e consegue escutar via
coclear. aparelho auditivo.

FONTE: <https://bit.ly/3e0GoZU>. Acesso em: 5 FONTE: <https://glo.bo/3t8b8fI>. Acesso em: 29


mar. 2021 abr. 2021

Vanessa Lima Vidal “João Avião”

FONTE: <https://bit.ly/3fFWQPU>. Acesso em:


22 abr. 2021
João Paulo Marinho, mais conhecido como João
Avião, é pioneiro na profissão no Brasil. Nasceu
em Maceió/AL e somente aos dois anos de idade
FONTE: <https://bit.ly/2RjWdSl>. Acesso em:
os pais descobriram a surdez. A causa foi em
18 abr. 2021
decorrência de rubéola contraída pela mãe durante
a gestação. Foi oralizado, por escolha da família,
Vanessa Lima Vidal. É Modelo e foi a segunda devido ao receio de exclusão e sofrimento no
colocada no  Miss Brasil 2008  e a primeira período escolar. Atualmente reside em Nova York.
candidata com surdez a concorrer ao título de Miss Fez Curso de Piloto e é formado em Ciências da
Brasil. Autora do Livro autobiográfico “A Verdadeira Computação. Segue reivindicando seus direitos de
Beleza”. poder pilotar aviões comerciais.

FONTE: <https://bit.ly/3vDA3cD>. Acesso em: 18 FONTE: <https://bit.ly/3g5ahYT>. Acesso em: 22


abr. 2021 abr. 2021

FONTE: Os autores

63
DICA
Para quem ainda não assistiu, “Crisálida”
é a primeira série brasileira de ficção, em
Libras e português, e está disponível na
Netflix no Brasil e em Portugal.

No Brasil, há centenas de protagonistas atores e autores, youtubers, militantes


e professores Surdos (MONTEIRO, 2018). Esses são referências e a representatividade
dos Estudos Surdos no Brasil. Suas produções encontram-se acessíveis e ao alcance do
público. Muitas dessas encontramos nas literaturas impressas e digitais e nos canais do
Youtube. A lista não finda por aqui. Nos faltaria espaço para apresentar todos. Esses são
os que representam o povo surdo em sua singularidade linguística, artística e cultural
em território brasileiro e internacional. Abrimos um parêntese nesse final para abranger
a diversidade surda em nosso contexto.

Assim como em outros países, há também no Brasil aqueles surdos que


ouvem, ou seja, surdos que lançaram mão de recursos tecnológicos auditivos, e fazem
o uso do Implante Coclear (I.C). Ainda que alguns optem por não usar a Libras e/ou
não se identificarem com ela, são também protagonistas de suas histórias, vivências e
experiências, as quais revelam suas singularidades e que merecem o nosso respeito.
Das centenas apresentamos alguns:

FIGURA 37 – SURDOS BRASILEIROS

64
1. Alexandre Bet da Rosa Cardoso <https://bit.ly/3gVTDNk> 7. Carlos Júnior <https://bit.ly/3nHFWCQ>
2. Ana Regina Souza e Campello <https://bit.ly/3eMux0P> 8. Clarissa Guerretta <https://bit.ly/3gSuzH2>
3. Andrei Borges <https://bit.ly/3xK1Z0G> 9. Cleiton César <https://bit.ly/3ebeaf7>
4. Angela Eiko Okumura <https://bit.ly/2QLmHfP> 10. Cristiane Esteves <https://bit.ly/3vxpIz9>
5. Antônio Campos de Abreu <https://bit.ly/2QPfVFJ> 11. Everaldo Ferreira <https://bit.ly/3nGZbwt>
6. Bruno Straforini <https://bit.ly/3eTEs4O> 12. Fábio de Sá <https://bit.ly/3ue3v94>

FONTE: Os autores FONTE: Os autores

FIGURA 38 – SURDOS BRASILEIROS

13. Flaviane Reis <https://bit.ly/33acr3a> 19. Karin Strobel <https://bit.ly/3h0zcif>


14. Gabriel Isaac <https://bit.ly/2QERz1D> 20. Karol Clorado <https://bit.ly/336t53E>
15. Germano Dutra: <https://bit.ly/337CRmj> 21. Kitana Dreams <https://bit.ly/3ubXY2R>
16. Gladis Perlin: <https://bit.ly/3gS4UhH> 22. Larissa Jorge <https://bit.ly/336t53E>
17. Heloise Gripp <https://bit.ly/3gWdCeP> 23. Leo Castilho <https://bit.ly/3vzKdev>
18. João Gabriel <https://bit.ly/2QEWH5T> 24. Leo Viturinno <https://bit.ly/336t53E>

FONTE: Os autores FONTE: Os autores. Acesso em: 18 fev. 2021

FIGURA 39 – SURDOS BRASILEIROS

65
25. Lucas Ramon <https://bit.ly/2PNees8> 31. Neivaldo Zovico <https://bit.ly/3ubzVkA>
26. Maisa Silva <https://bit.ly/3tiz28E> 32. Nelson Pimenta <https://bit.ly/3takqrF>
27. Marianne Rossi Stumpf <https://bit.ly/3nGYu6z> 33. Patrícia Rezende <https://bit.ly/3aUeGMm>
28. Miriam Royer <https://bit.ly/2QOd93F> 34. Paulo Bulhões <https://bit.ly/339ZRkK>
29. Nathalia da Silva <https://bit.ly/3xIfQVa> 35. Peterson Henrique <https://bit.ly/3xFXd3Y>
30. Nayara Rodrigues da Silva <https://bit.ly/3nEyoRs> 36. Priscila Gaspar <https://bit.ly/3gQuVOq>

FONTE: Os autores FONTE: Os autores

FIGURA 40 – SURDOS BRASILEIROS

37. Rimar Segala <https://bit.ly/2QFHQbp> 43. Silvia Andreis-Witkoski <https://bit.ly/2QFDD7D>


38. Roberto Castejon <https://bit.ly/336t53E> 44. Sueli Ramalho Segala <https://bit.ly/2RmcwOw>
39. Rodrigo Custódio <https://bit.ly/3xPaOGz> 45. Sylvia Lia <https://bit.ly/3nHFHaU>
40. Rosani Suzin <https://bit.ly/2QPfRWv> 46. Tainá Borges <https://bit.ly/3aV9gRt>
41. Sandro Pereira <https://bit.ly/3ue3v94> 47. Valdo Nóbrega <https://bit.ly/33aLjRE>
42. Shirley Vilhalva <https://bit.ly/3aScqoU> 48. Vanessa Vidal <https://bit.ly/2RjWdSl>

FONTE: Os autores FONTE: Os autores

Com tantas personalidades que (des)conhecemos, vale a pena refletir em


quantas outras mais são (des)conhecidas ao redor do mundo. Por estarmos em um
período na história em que os direitos humanos estão sendo levados em conta, pelo
menos em algumas partes do mundo, quantos outros protagonistas surdos foram ou
ainda estão ocultos, mascarados na sociedade em que vivem? Como percebemos no
Quadro 2, o perfil ocidental e europeu predomina, mas, e nos outros continentes, não há
personalidades surdas que tiveram algum papel importante na história? Será que ainda
estão encarcerados na filosofia oralista, normalizadora e opressora?

A isso, sujeitos Surdos de diferentes classes sociais, conhecidos ou não, são


vistos em algum momento, em algum evento social, reservando-se da sua condição
auditiva. Podemos atribuir isso, de certa forma, que muito tem a ver com a classe social,
o padrão de vida, e as relações sociais em que este sujeito se encontra e é exposto. Para

66
alguns, a vulnerabilidade, conforme retrata a história, pode ser um dos fatores que os
coibiram ou ainda coíbe, e que os impossibilita de ter a garantia de voz na sociedade em
que vivem (SILVA, 2019; LANE, 1992).

Ainda que o povo surdo tenha sofrido com barbáries, punições e castigos
severos, pelo fato de querer apenas se comunicar em sua língua, são modelos heroicos
para outros surdos a continuarem o uso de seu idioma, de se reconhecerem e orgulharem
do Ser Surdo e desmistificar estereótipos criados pela sociedade, independentemente
do que venha acontecer. O movimento surdo nunca parou, mesmo às escondidas, na
inclusão menor, alimenta(va)m o desejo de terem uma identidade e uma cultura própria,
sem desistir, conseguiram chegar aonde estão, e continuam no avanço de grandes
conquistas; tendo recentemente mais reconhecimento e sendo valorizados pela lente
da diversidade humana sem intervenções clínicas da normalização e reabilitação
(BAUMAN; MURRAY, 2014; LANE, 1992).

DICA
A Coleção Estudos Surdos – Série Pesquisa, foi produzida entre os
anos de 2006 e 2009, organizada pelas professoras Ronice Müller
de Quadros (Vol. I, II, III e IV), Gladis Perlin (Vol. II) e Marianne Rossi
Stumpf (Vol. IV). É uma coleção que deve fazer parte do nosso acervo
de leitura e pesquisa. Quer saber mais sobre ela e obter os livros
gratuitamente? Acesse: https://bit.ly/3eNQRXT.

67
DICA
Para conhecer mais sobre a Inclusão Menor, que diz respeito às lutas
“nos bastidores” daqueles que lutam pelos direitos de acessibilidade
e inclusão, recomendamos a leitura dos livros da professora Silvia
Ester Orrú, doutora em Educação e pesquisadora dos estudos
tendo a diferença como valor humano: a coexistência da inclusão/
exclusão na contemporaneidade; mecanismos de exclusão na escola
e sociedade; processos dialógicos inovadores e inclusivos para uma
educação democrática; inclusão e diferença no contexto escolar e
universitário; direitos humanos; direitos das mulheres; inclusão,
diferença e direitos sociais na América Latina. Indicamos esses dois
fantásticos livros para você não somente ler, mas para compreender
as lutas que ocorrem desde outrora.

< ORRÚ, Sílvia Ester. O


re-inventar da inclu-
são: os desafios da di-
ferença no processo de
ensinar e aprender. Pe-
trópolis, RJ: Vozes, 2017.

> ORRÚ, Sílvia Ester. A


Inclusão menor e o
paradigma da distor-
ção. Petrópolis, RJ: Vo-
zes, 2021.
FONTE: <https://bit.ly/3vKIkfw>. Acesso em: 18 fev. 2021

O protagonismo surdo desde então tem se consolidado cada vez mais. O


movimento surdo se encontra na marcha modificadora, derrubando paradigmas e
desmistificando estereótipos. O povo surdo tem se desenvolvido, e em grande potência,
não somente academicamente, mas nas diversas esferas em que desejam atuar, tendo
ou não acessibilidade, a qual é garantido o seu direito (BRASIL, 2000; 2002; 2005;
2015). Seu ingresso no ensino superior é uma prova que evidencia “claramente suas
resistências para se manter nesse espaço” (SILVA, 2019, p. 64).

Até 2016, um total de mais de 148 Surdos tem se dedicado na formação superior,
e como mestres e doutores, estão ativos em diversos campos, especialmente na área da
linguística, com o foco nas línguas de sinais bem como, mais recentemente, nas línguas
de sinais indígenas. Destarte, significativamente, os Estudos Surdos impulsionam
riquíssimas pesquisas, pesquisas de protagonistas surdos que não dependem de outrem
para narrar suas vivências (SILVA, 2019, p. 64; MONTEIRO, 2018; GOMES; VILHALVA, 2021;
GOMES, 2020).

Há no Brasil legislações que elevam as reivindicações das pessoas surdas


quanto ao seu acesso na educação bem como à acessibilidade comunicacional. Essas
ocorrem com mais ênfase, principalmente após o início do Século XXI, impulsionando
todo um movimento e empoderamento do povo surdo.
68
ESTUDOS FUTUROS
As Legislações brasileiras devem fazer parte do nosso estudo e
contribuir para o avanço da educação de qualidade da Comunidade
Surda. Por serem “delicadas”, deve se estabelecer um estudo minucioso
e de análises para que sejam cumpridas e/ou venham a estabelecer as
disposições já sancionadas. Você vai revisitar as Políticas Públicas que
fazem parte do arcabouço legislativo no território brasileiro e aprender
mais sobre algumas básicas e importantes na Unidade III.

Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Lei da Acessibilidade.


Disponível em: https://bit.ly/3yUWk8v. Acesso em: 5 fev. 2021.

Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Reconhecimento da Libras.


Disponível em: https://bit.ly/3uFfKux. Acesso em: 5 fev. 2021.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei


10.436 (Lei da Libras).
Disponível em: https://bit.ly/3yTCvyi. Acesso em: 5 fev. 2021.

Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão


de Tradutor e Intérprete de Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 mai. 2021.

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão (LBI).


Disponível em: https://bit.ly/3fHA3Dy. Acesso em: 5 fev. 2021.

DICA
Quer ampliar suas pesquisas?

No link a seguir, você encontrará o Livro Educação de surdos


em debate das professoras pesquisadoras Silvia Andreis-Witkoski
e Marta Rejane Proença Filietaz. Nele há um artigo intitulado
“Estudos surdos no século 21: “Deaf-gain” e o futuro da diversidade
humana” de H-Dirksen L. Bauman e Joseph J. Murray.

Disponível em: http://bit.ly/3umm4s5.

Chegamos até aqui elevando os Estudos Surdos em sua mais relevante atuação,
no que diz respeito à educação e do movimento sociocultural que avança com todo
vigor. Porém, há de se dizer que, há uma ameaça que ronda esse terreno: as novas
tecnologias.

69
Como declaram Bauman e Murray (2014, p. 75), “novas tecnologias de
normalização estão sendo aplicadas a pessoas surdas”, mesmo que haja intercâmbios
de entendimento e compreensividade por parte do povo surdo, “procedimentos não
são aceitos ou recomendados pela Comunidade Surda por encará-los como meios
normalizadores e hostis contra os surdos” (SILVA, 2019, p. 48).

No cenário atual, familiares de sujeitos surdos, após o diagnóstico da


surdez, têm percebido – diferentemente de outras décadas – assim
como os próprios sujeitos têm entendido as escolhas que as famílias
têm feito, que o uso do IC concomitante à LS possibilita a adaptação
simétrica e coesa entre esses dois universos e mais tarde poderão
fazer suas escolhas: se irão apenas “ouvir” com a prótese eletrônica,
se farão uso da LS como meio de comunicação ou se utilizarão ambas
as possibilidades (SILVA, 2019, p. 49).

Com base nos autores e na história, o povo surdo já passou por diversos
enfrentamentos.

Considerando que os primeiros 30 anos de Estudos Surdos poderiam


ser resumidos pelo esforço para redefinir a identidade surda a partir
da patologia para a identidade cultural, o futuro dos Estudos Surdos
enfrenta as consequências reais de biopoder (BAUMAN e MURRAY,
2014, p. 72).

Nesse século, os avanços tecnológicos levam o povo surdo mais uma vez
superviverem ao poder ouvintista controlador dos corpos surdos; e agora mais
organizados com avanços que dão a opção às famílias evitar conceberem bebês surdos
(BAUMAN; MURRAY, 2014; SILVA, 2019).

É importante esclarecer que, quaisquer apontamentos não têm a intenção de


propor, defender ou contrariar as decisões tomadas.

Independentemente das decisões que são tomadas, oportunizar


formas de comunicação, sejam elas pelo uso ou não do IC, somadas
ou não à LS ou outras tecnologias, é extremamente necessário
para que a indiferença e a exclusão do outro não ocorram, pois a
inclusão não admite rótulos por diagnósticos e nem pelas escolhas
que foram feitas pelo sujeito. A essas escolhas deve prevalecer – não
a tolerância, a concordância e nem o aceitar – apenas o respeito às
suas preferências que lhes pareçam satisfatórias. E por que não às
suas especificidades ímpares de sujeito pertencente à uma minoria
linguística (SILVA, 2019, p. 50).

Assim, sem acirrar discussões mais profundas e sem contextos, o que fugiria
do objetivo desse Tópico, há de se concordar com Garcia (2018, p. 22) sobre tais
possibilidades e procedimentos, ele diz que “é preciso duvidar das certezas clínicas
assim como, muitas pessoas, duvidam da necessidade da formação e fortalecimento
da comunidade surda e do uso e direito a LIBRAS”.

70
Devido a esses procedimentos e as abordagens educacionais que não
empregam a língua de sinais, subentende-se que a não exposição desta, precocemente
às crianças surdas de modo natural, está diminuindo. Assim, esse impacto, causado
pelos procedimentos tecnológicos, é negativo, proeminente e irreversível, conforme
aponta Johnston (2004).

Ainda que Johnston apresente este impacto que influencia negativamente


sobre a comunidade surda, é importante, assim como Silva (2019) nos apresentou que
as escolhas devem prevalecer respeitosamente às preferências, Bauman e Murray
(2014, p. 74) reforçam “que o implante em si não é a ameaça, mas sim os métodos de
ensino que foram projetados para crianças com implantes cocleares”.

Para finalizarmos este Tópico, é importante sabermos que os Estudos Surdos,


ainda que púbere, bem novo para nós residentes brasileiros, é de longa data discutidos e
vai além do imediatismo confrontado pelo povo surdo, desempenham um fundamental
papel na vida dos sujeitos Surdos em todas as áreas em que propõem atuar. Aos que
se aproximam do povo surdo, devem entender que seu protagonismo está avançando
e consolidando suas reivindicações, essas que foram por um longo período coibidas, e
que agora, assim como flechas nas mãos de um arqueiro habilidoso, alveja o alvo com
precisão.

INTERESSANTE
Acesse o Canal Libras em Prática no Youtube e veja o Projeto
“Literaturas do Universo Surdo de A à Z”.

O Projeto é composto de uma série de dezenas de vídeos, em


que são apresentadas, em ordem alfabética, “todas” as literaturas,
nacionais e estrangeiras, com títulos que trazem assuntos desse
universo. Há a possibilidade de encontrar títulos gratuitos para
download. Disponível em: https://bit.ly/3seTual.

71
Transitar nesse espaço, conhecer e presenciar, in loco, o protagonismo surdo,
e de modo remoto – se inclui aqui o período pandêmico – nos permite entender suas
inúmeras produções e com elas mergulhar mais ainda em suas histórias de identidades,
experiências, posturas e tramas socioculturais registradas na linha do tempo da
história. Somadas às literaturas, também por eles produzidas, nos inspiram a contribuir
significativamente, como pesquisadores, mediadores educacionais e profissionais
tradutores-intérpretes das línguas envolvidas, à sua vanguarda contemporânea,
diligente e sem regresso.

Portanto, no/para os Estudos Surdos, compete-nos a aprofundar nos estudos,


de nossa língua materna – nesse caso a língua portuguesa no Brasil – e nos estudos
de tradução. Estar a par dos conceitos, das competências e habilidades tradutórias,
e não somente nos manter na base mediana sem contexto e superficial, é atestar o
apoio qualitativo e responsável ao povo surdo. Ao contrário, a imobilidade nos estudos
e como consequência a inaptidão, não será possível elevar a qualidade do trabalho que
realizar-se-á no contexto em que os protagonistas estarão presentes. É emergente
empenharmos nesses estudos, pois, ao colaborarmos no seu desenvolvimento, no
avanço da Comunidade Surda, estaremos em plena evidência nas ações desse campo,
de modo significativo e positivo, ancorados à prática proficiente, ou de modo negativo,
indo de encontro com a proposta do povo surdo.

72
LEITURA
COMPLEMENTAR
INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA INTERMODAL: SOBREPOSIÇÃO, PERFORMANCE
CORPORAL-VISUAL E DIRECIONALIDADE INVERSA

Carlos Henrique Rodrigues

1 INTRODUÇÃO

As discussões acerca da modalidade das línguas de sinais e de seus efeitos têm


se constituído como um aspecto central aos estudos que têm como foco a identificação,
a descrição e a compreensão do impacto da modalidade sobre as línguas. Investiga-se
de que maneira os modos de produção e de recepção das línguas podem influenciar
ou não suas características estruturais. Hoje, essas pesquisas são um campo profícuo
para a investigação tanto das restrições e das possibilidades características de cada
modalidade de língua quanto para o escrutínio daquelas propriedades que, por não
estarem submissas à modalidade, constituem-se como universais linguísticos.

O fato de somente as pesquisas das línguas de sinais poderem evidenciar quais


seriam aquelas características e propriedades dependentes ou não da modalidade de
língua tem feito com que os Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais se apresentem,
cada vez mais, como um promissor campo de pesquisas. Nesse sentido, é possível
inferir que as afirmações e descobertas que não consideram a modalidade de língua
podem, inclusive, estar deixando de vislumbrar elementos centrais do funcionamento
da língua, de sua interface, de sua estrutura, de suas propriedades etc.

Nos campos dos Estudos da Tradução e dos Estudos da Interpretação não é


diferente. A questão da modalidade de língua tem trazido à tona aspectos singulares
aos processos tradutórios e interpretativos intermodais1. Os efeitos de modalidade
na tradução e na interpretação envolvendo línguas gestuais-visuais é uma temática
recente que tem instigado diversos teóricos desses campos disciplinares, os quais
passaram a incluir em seus programas as pesquisas sobre a tradução e/ou sobre a
interpretação de/para línguas de sinais.

Considerando essa importância que os efeitos de modalidade têm logrado no


campo da Linguística, apresentaremos sucintamente o tema da diferença de modalidade
entre línguas orais e de sinais e, em seguida, faremos uma reflexão sobre as implicações
da modalidade gestual-visual para os processos tradutórios e interpretativos, assim
como sobre a especificidade que o tema da intermodalidade traz ao campo dos Estudos
da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais no que tange à formação de seus
profissionais.

73
¹Neste texto, utilizamos o termo intermodal (entre línguas de duas modalidades
distintas) em oposição ao termo intramodal (entre línguas de mesma modalidade).
Entretanto, existem autores que utilizam os termos bimodal em oposição a unimodal
(NICODEMUS, EMMOREY, 2013; NAPIER, LEESON, 2015) e bilíngue unimodal em oposição
a bilíngue bimodal (SAWBEY, NICODEMUS, 2011).

2 LÍNGUA E MODALIDADE

A conclusão de que tanto o sinal quanto a fala são veículos para


a linguagem é uma das descobertas empíricas mais cruciais das
últimas décadas de pesquisa em qualquer área da linguística. Isso
é crucial, pois altera nossa própria definição do que é língua. (MEIER,
2004, p. 4, tradução nossa).

É evidente que a utilização de uma língua depende de sua expressão por


sistemas de produção e de sua percepção por sistemas de recepção. Esses sistemas
físicos ou biológicos, por meio dos quais as línguas se realizam, constituem o que
entendemos ser a modalidade. Nesse sentido, como afirma McBurney:

[...] a modalidade de uma língua pode ser definida como sendo os


sistemas físicos ou biológicos de transmissão por meio dos quais
a fonética de uma língua se realiza. Existem sistemas diferentes
de produção e percepção. Para as línguas orais a produção conta
com o sistema vocal e a percepção depende do sistema auditivo.
[…] Línguas de sinais, por outro lado, dependem do sistema gestual
para a produção e do sistema visual para a percepção. (2004, p. 351,
tradução nossa).

A produção/articulação das línguas de modalidade vocal-auditiva se realiza


através de um conjunto de órgãos que compõem o aparelho fonador. Na produção
da fala vocal-auditiva temos a ação ativa ou não de diferentes partes, basicamente
internas ao corpo, tais como pulmões, brônquios, traqueia, diafragma, laringe (na qual
se localizam as pregas vocais), faringe, língua, palatos, fossas nasais, dentes, lábios etc.
A articulação das línguas vocais-auditivas, por se realizar de maneira interna ao corpo,
é quase totalmente invisível. Durante a fonação, percebemos visivelmente a olho nu
apenas os lábios e parte dos dentes e da língua.

Por outro lado, as línguas de sinais realizam-se de maneira externa ao corpo


por meio de seu movimento no espaço. O sinal gestual-visual envolve a articulação de
diferentes partes do corpo, as quais constituem a língua, basicamente a cabeça, o tronco
e os braços. Nesse sentido, temos a combinação de diversos movimentos corporais, os
quais envolvem: (I) expressões faciais, marcadas por ações dos olhos, sobrancelhas e
boca; (II) movimentos de braços, com destaque para as formas e movimentos das mãos,
pulsos e dedos; e (III) movimentos de tronco e cabeça, dentre outros.

74
QUADRO 1 – Diferenças entre línguas orais e de sinais

LÍNGUAS ORAIS LÍNGUAS DE SINAIS

Produção interna ao corpo Produção externa ao corpo


Articuladores bem menores que os Articuladores muito maiores que osdas
das línguas de sinais línguas orais
Articulação praticamente invisível Articulação visível
Vinculadas diretamente à respiração Não vinculadas ou pouco vinculadasà
Braços e mãos disponíveis durante a respiração
produção da língua Trato vocal disponível durante aprodução da
Consolidam-se em sinais acústicos língua
Demandam uma largura de banda Consolidam-se em sinais gestuais
(bandwidth) menor Demandam uma largura de banda
Têm como meio basicamente o (bandwidth) maior
tempo, sendo unidimensionais Têm como meio a junção tempo-espaço,
Dependem de recepção auditiva sendo multidimensionais
(dependência da propagação de Dependem de recepção visual (dependência
sons) da disponibilidade deluz)
Mais antigas e de longo interesse da Mais jovens e de recente interesse da
Linguística Linguística

FONTE: Os autores

Podemos afirmar, portanto, que a linguagem, enquanto capacidade humana,


manifesta-se por meio da língua em duas modalidades distintas: a modalidade
vocal-auditiva e a modalidade gestual-visual (STOKOE, 1960; KLIMA, BELLUGI, 1979;
BRITO, 1995; MEIER, COMIER, QUINTO-POZOS, 2004; QUADROS, KARNOPP, 2004). Ao
contrário do que já se acreditou e defendeu, os sons não são elementos cruciais para
o desenvolvimento da linguagem ou para a língua. Dito de outro modo, a linguagem
humana não está restrita à modalidade vocal-auditiva como acreditavam importantes
linguistas, tais como Charles Hockett2 (1960). Enfim, como já apontamos acima, “[…]
existem pelo menos duas modalidades de língua, a modalidade vocal-auditiva das
línguas orais e a modalidade gestual-visual das línguas de sinais” (MEIER, 2004, p. 1,
tradução nossa).

2
Charles Hockett apresentou um conjunto de treze características definidoras
da linguagem humana. Para ele a primeira dessas características e a mais óbvia, da qual
decorrem algumas outras, seria o canal vocal-auditivo.

3 EFEITOS DA MODALIDADE DE LÍNGUA

Ao incluirmos as línguas de sinais no programa (de pesquisa) da


linguística, a variável da modalidade é inserida e podemos ter a
esperança de fazer a distinção entre as propriedades essenciais da
língua e os efeitos de modalidade. (COSTELLO, 2015, p. 2).

75
Se em um primeiro momento os linguistas concentraram seus esforços em
identificar e apresentar o que há de comum entre as línguas orais e as de sinais, no intuito
de comprovar o status linguístico das últimas, atualmente percebemos a ampliação de
pesquisas voltadas à diferença intrínseca às línguas de sinais, à sua especificidade em
relação às orais e à diferença entre as próprias línguas de sinais, inclusive, no intuito de
trazer contribuições do estudo dessas línguas à Linguística.

Atualmente, enquanto alguns estudiosos destacam que a diferença de


modalidade entre as línguas orais e as de sinais é um fator central na compreensão
dessas línguas, outros reafirmam que as similaridades são mais importantes já que
evidenciariam universais linguísticos demonstrando, portanto, que certas propriedades
linguísticas estão para além da modalidade de língua. De qualquer maneira, independente
do objetivo e do enfoque de cada pesquisador, é fato que o estudo das línguas de
sinais tem contribuído significativamente com o aperfeiçoamento e com o avanço da
linguística e de suas áreas afins, ao apresentar outro modo de produção e percepção da
língua com seus efeitos e não efeitos.

O primeiro ponto importante em relação à questão dos efeitos de modalidade


é a identificação daqueles aspectos inerentes à linguagem humana que transcendem
a modalidade, ou seja, que por não estarem submissos a ela mantêm-se independente
da modalidade de língua. Nesse sentido, é possível identificar propriedades, tais como
a dualidade ou dupla articulação, a produtividade, o caráter discreto, a estruturação
sintática, o funcionamento do processamento linguístico, a lateralização cerebral,
o processo de aquisição da linguagem etc. Essas características estão para além da
modalidade.

Entendendo que existem qualidades independentes da modalidade e, por sua


vez, intrínsecas à linguagem humana, é importante que se conheçam os reais efeitos
que a modalidade teria sobre a língua. Ao realizar uma reflexão sobre esses possíveis
efeitos da diferença de modalidade, a partir de uma breve revisão de estudos clássicos
das línguas de sinais, Quadros explica que:

alguns estudos têm se ocupado no sentido de identificar e analisar os


efeitos da modalidade da língua na estrutura linguística. As evidências
têm sido identificadas como consequências das diferenças nos
níveis de interface articulatório-perceptual. Algumas investigações
têm ainda levantado algumas hipóteses quanto à (sic) possíveis
diferenças no nível da interface conceptual implicando em uma
semântica enriquecida em função de propriedades visuais-espaciais
(2006, p. 171-2).

Os efeitos da modalidade estão relacionados diretamente às características


fonéticas da língua. Enquanto nas línguas orais os fonemas correspondem às unidades
sonoras, nas línguas de sinais eles correspondem às formas das mãos, aos pontos de
articulação e aos movimentos, por exemplo. O fato de as línguas de sinais realizarem-se
por meio dos movimentos do corpo no espaço (mais especificamente da parte superior

76
do corpo, da cintura para cima), ou seja, de o corpo constituir-se em língua, permite
que algumas características se destaquem: a simultaneidade, a iconicidade, a sintaxe
espacial, a visibilidade necessária do falante, a possibilidade de uso concomitante da
modalidade vocal-auditiva, dentre outras.

As propriedades gestuais, espaciais e visuais inerentes às línguas de sinais


contribuem para a sinteticidade dessas línguas e oferecem, portanto, a possibilidade
de exploração da simultaneidade na produção de sinais e sentenças, de uso
estruturado do espaço para as relações sintáticas, de economia pelo não emprego de
preposições, conjunções e artigos e de ampliação da densidade dos sinais. De acordo
com Hohenberger, Happ e Leuninger, “a possibilidade de codificação simultânea de
informação linguística aumenta a densidade de informação dos sinais. Eles podem ser
compostos por diversos morfemas realizados ao mesmo tempo” (2004, p. 138).

Verifica-se, então, que as línguas de sinais possuem especificidades decorrentes


da modalidade em sua estruturação fonológica e morfológica, em sua organização
sintática que explora o espaço, em seu sistema pronominal e em sua concordância
verbal (STOKOE, 1960; KLIMA; BELLUGI, 1979; BRITO, 1995; MEIER; COMIER; QUINTO-
POZOS, 2004; QUADROS; KARNOPP, 2004).

4 TRADUÇÃO, INTERPRETAÇÃO E MODALIDADE DE LÍNGUA

Os efeitos de modalidade sobre as línguas de sinais também impactam os


processos tradutórios e interpretativos que envolvem essas línguas (PADDEN, 2000;
QUADROS; SOUZA, 2008; WURM, 2010; RODRIGUES, 2013; SEGALA; QUADROS, 2015).
Embora as características intrínsecas à tradução e à interpretação de línguas orais
sejam partilhadas pelos processos tradutórios e interpretativos que envolvem línguas
de sinais, esses processos possuem suas especificidades. Ao refletir sobre o incipiente
campo dos Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais, Rodrigues e
Beer afirmam que:

as línguas de sinais marcam a tradução e a interpretação, assim


como o traduzir e o interpretar, com a questão da modalidade
gesto-visual. Além disso, a intensificação da presença de tradutores
e de intérpretes de sinais em diversas esferas sociais, desde as
intrassociais até as internacionais, assim como a ampliação dos
pesquisadores interessados em investigar os processos tradutórios
e interpretativos de/para/entre línguas de sinais, oferecem diversas
contribuições e desafios aos ET [Estudos da Tradução] e aos EI
[Estudos da Interpretação] do século XXI. (2015, p. 42).

Considerando a questão da modalidade de língua aplicada à tradução e à


interpretação, temos como delinear dois tipos de processos: os intramodais e os
intermodais. Os processos intramodais são aqueles que ocorrem entre línguas de
uma mesma modalidade, seja entre duas línguas orais ou entre duas línguas de sinais
(Português-Inglês, Francês-Espanhol, ASL-Libras, BSL-LSF etc.). Já os processos
intermodais são aqueles que se realizam entre uma língua oral e outra de sinais (Inglês-

77
ASL, Francês-Libras, LSF-Inglês, Português-Libras etc.), os quais são o foco de nossa
reflexão neste texto.

É importante reiterar que os processos tradutórios e interpretativos que


envolvem línguas de sinais diferenciam-se daqueles processos que envolvem apenas
línguas orais. Essa diferenciação pode ser analisada a partir da perspectiva dos efeitos
de modalidade da língua sobre a tradução e sobre a interpretação. Além disso, o processo
interpretativo intermodal, por diversas razões, é bem mais comum e, consequentemente,
mais investigado que o processo tradutório intermodal.

Primeiramente, temos que levar em conta que as línguas de sinais são jovens,
se comparadas às línguas orais, e que, por sua vez, seu reconhecimento e estudo pela
Linguística são muito recentes. Como línguas jovens, elas ainda não possuem um
sistema de escrita de uso efetivo e com significativa circulação social. Outro aspecto
importante é o fato de que a necessidade de inclusão das pessoas surdas por meio de
seu acesso aos bens e serviços sociais básicos, por exemplo, fez com que a interpretação
se destacasse como essencial e prioritária, ganhando assim grande visibilidade.

Esses fatos, unidos à questão da modalidade gestual-visual, fizeram com que os


processos tradutórios intermodais para a língua de sinais, dependentes da performance
corporal do tradutor registrada em vídeo, se tornassem um fenômeno bem mais recente
que a interpretação intermodal, que pode ser realizada sem apoio de nenhum recurso
tecnológico. Assim, como apontou Wurm, é possível verificar que “devido à possibilidade
de se trabalhar com TFs [textos fonte] registrados e de se gravar e regravar os TAs [textos
alvo] com tempo potencialmente ilimitado e sem os participantes primários, a noção de
tradução de língua de sinais vem ganhando destaque” (2010, p. 20, tradução nossa).

Hoje, com os avanços tecnológicos e o fácil acesso aos recursos de registro,


edição e veiculação de materiais em vídeo, as traduções para a língua de sinais têm
crescido bastante, bem como a circulação de materiais originalmente produzidos em
língua de sinais com legenda e/ou dublagem em língua oral. De acordo com Napier e
Leeson:

a tradução de língua de sinais proporciona oportunidades para que


os intérpretes surdos e ouvintes trabalhem e as práticas emergentes
incluem traduções de conteúdo de site, instrumentos de avaliação
educacional, ferramentas de avaliação psiquiátrica, folhetos
informativos, relatórios de conferências e livros infantis (2015, p. 380,
tradução nossa).

É importante destacar que a tradução de línguas de sinais pode envolver a

78
escrita, mas o que tem sido mais comum é o registro em vídeo do corpo do tradutor
como língua. Isso faz com que os tradutores intermodais surdos e ouvintes, que
têm seu texto alvo em língua de sinais, sejam sempre visíveis ao seu público e que,
muitas vezes, sejam vistos como o único autor do texto. Além disso, no processo de
interpretação intermodal que tem como texto alvo a língua de sinais ocorre o mesmo, já
que os intérpretes de sinais precisam estar visíveis diante do público.

A interpretação intermodal que tem como língua alvo a língua de sinais será o
foco de nossa reflexão a seguir. Contudo, é indispensável reconhecer que no caso da
interpretação intermodal da língua de sinais para a língua oral também teremos efeitos
de modalidade, os quais podem se distinguir dos demais efeitos por terem o texto alvo
em língua oral falada.

5 A MODALIDADENA INTERPRETAÇÃO PARA A LÍNGUA DE SINAIS

[…] eu analiso a interpretação simultânea de língua de sinais com


foco em duas dimensões: interpretação entre línguas de distintas
modalidades e interpretação entre duas diferentes línguas. Como
discuto, há uma interação entre ambas: algumas vezes, a tarefa é
orientada pela modalidade e, outras vezes, pela estrutura. Quando
os intérpretes de língua de sinais interpretam, essas duas dimensões
se unem de maneiras interessantes e […] oferecem meios para
se compreender a interpretação simultânea entre línguas orais
(PADDEN, 2000, p. 170).

Nesta parte, nosso foco restringe-se à interpretação simultânea intermodal da


língua oral para a de sinais (i.e. o processo de sinalização), mais especificamente a três
temas referentes aos possíveis efeitos de modalidade: (I) a possibilidade da sobreposição
de línguas durante o processo interpretativo (code-blending); (II) a performance
corporal-visual requerida do profissional na interpretação da língua oral para a de sinais;
e (III) a preponderância da atuação dos intérpretes na direcionalidade inversa, ou seja,
na interpretação da língua oral (L1) para a de sinais (L2).

Entendemos, assim como diversos teóricos, que a interpretação corresponde


a uma forma de tradução oral humana realizada em um contexto comunicativo
compartilhado com pouca ou nenhuma possibilidade de uso de apoio externo. Portanto,
o processo interpretativo é “uma forma de Tradução em que a versão inicial e final em
outra língua é produzida com base no tempo de oferecimento de um enunciado na
língua fonte” (PÖCHHACKER, 2004, p. 11, grifos dos autores).

Em seu modo simultâneo, a interpretação caracteriza-se pela percepção da fala


ou da sinalização na língua fonte simultaneamente à produção da fala ou da sinalização
na língua alvo, sendo que há, muitas vezes, a premência de se iniciar o processo
interpretativo antes de o enunciado na língua fonte estar completo. Considerando isso,
definimos a interpretação simultânea intermodal como a realização, sob pressão de
tempo, da translação da enunciação de um discurso de uma língua para outra e de

79
uma modalidade para outra, sendo que o texto alvo deve ser oferecido obrigatória e
imediatamente em sua versão final, ou seja, em sua primeira e única produção, segundo
o tempo de oferecimento do texto fonte.

FONTE: RODRIGUES, C. H. Interpretação simultânea intermodal: sobreposição, performance corporal-visu-


al e direcionalidade inversa. Revista Da Anpoll, v. 1, n. 44, 111–129, 2018. Disponível em: https://doi.
org/10.18309/anp.v1i44.1146. Acesso em: 15 mar. 2021.

80
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A Comunidade Surda foi e ainda tem sido rotulada, educacional e socialmente


como um grupo inferior e deficiente, por membros da sociedade que se encontram
engessados no passado excludente, opressor, normalizador e filantrópico, além da
visão reduzida, ignorando tudo o que diz respeito à evolução dos estudos do povo
surdo, da sua cultura e alteridade e da singularidade linguística de sua educação.

• Entendemos que em plena celeuma contemporânea, a essa minoria linguística, o


povo surdo vem com grande empoderamento para reconquistar o seu espaço de
direito na sociedade.

• Aprendemos que, ainda que em território brasileiro os Estudos Surdos tenham


começado, amadurecido no início do século XXI e tem se intensificando, eles foram
constituídos na década de 1970 por meio da oferta de cursos e programas de
diplomação.

• Destacamos que os Estudos Surdos, se constituem em um programa de pesquisa


em educação, em que as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a
história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas, localizadas e
entendidas a partir da diferença, a partir de seu reconhecimento político.

• É importante saber que nesses estudos não há espaço para rótulos que interpretam
o Surdo, a pessoa com surdez, como alguém deficiente ou com alguma síndrome e
que esteja em sofrimento. Que o conceito de surdez não tem espaço para o conceito
da deficiência auditiva, conceito este bem disseminado no contexto médico, mas
bem repelido nos Estudos Surdos.

• Consideramos que os Estudos Surdos na atualidade também estão engajados na


Cultura Indígena, nas pesquisas sobre o sujeito Surdo nesse contexto. Isso rompe
a barreira da opressão sociolinguística e sua língua de sinais é apresentada com
ricos e significativos registros, por meio de produções acadêmicas e literárias que
contribuem e contribuirão ainda mais para o protagonismo do Surdo indígena.

• Compreendemos que o reconhecimento desses estudos vai além do simples


achismo ou pressupostos, estereótipos criados pelo povo não surdo, com limitações
literárias e de pesquisa.

81
• A importância de reconhecer e respeitar as diferenças se torna fundamental para
que a liberdade de expressão linguística tenha seu patamar de inclusão, ainda
que a exclusão coexista na globalização dos povos bem como suas culturas na
contemporaneidade.

• O movimento surdo nunca parou, mesmo às escondidas, na inclusão menor,


alimenta(va)m o desejo de terem uma identidade e uma cultura própria, sem desistir,
conseguiram chegar aonde estão, e continuam no avanço de grandes conquistas.

• Os Estudos Surdos, ainda que seja novo para nós aqui no Brasil, vem de longa
sendo discutido e vai além do imediatismo confrontado pelo povo surdo além de
desempenhar um fundamental papel na vida dos sujeitos Surdos em todas as áreas
em que propõem atuar.

82
AUTOATIVIDADE
1 Vimos que os Estudos Surdos tiveram seu início há bastante tempo e desde então as
discussões estão pautadas em:

I- Narrar a história do povo surdo por meio dos registros literários alocados apenas
nas escolas municipais.
II- Somente ofertar Cursos acadêmicos para os surdos de modo que possam conseguir
ter uma formação superior.
III- A partir da década de 1970 muitos programas de diplomação começaram a difundir
esses estudos.
IV- Na constituição de pesquisas em que as identidades, as línguas, os projetos
educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas,
e tendo os próprios surdos como protagonistas.

Assinale as alternativas corretas:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Apenas a sentença II e III está correta.

2 Durante seus estudos, você observou que os Estudos Surdos também estão ativos
em outra área apresentando outras realidades e fomentando a sua valorização
cultural e linguística. Que área é essa?

I- Os saberes da comunidade surda indígena apenas do Amazonas e suas literaturas.


II- A valorização do patrimônio cultural do povo indígena e sua língua de sinais por
meio de projetos de produção literária.
III- A pesquisa e produção, tendo como protagonismo artefatos culturais do povo surdo
terena relatados por uma personagem surda.
IV- A acessibilidade em forma de história sinalizada e fotonovela gravadas na
comunidade indígena.

Assinale as alternativas corretas:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Apenas a sentença III está correta.

83
3 Como observado, o estudo das modalidades de produção e recepção de uma
língua é muito importante para um intérprete ou tradutor-intérprete, pois, a partir
desses estudos podemos entender de maneira mais clara os efeitos de modalidade
existentes na tradução no par Libras/Português. Sobre as modalidades de produção
e recepção da língua, analise as sentenças a seguir.

I. A Libras é uma língua de modalidade visual-espacial em vista que sua produção


é dada a partir de movimentos corporais e a sua reflexão através dos estímulos
visuais.
II. O português é uma língua vocal auditiva sua modalidade de produção é a partir da
produção vocal e sua percepção a partir do sistema auditivo.
III. A Língua brasileira de sinais pode ser utilizada em sua modalidade para pessoas
surdocegas.
IV. O Braille é a única possibilidade de registro da modalidade escrita tátil da língua
portuguesa.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Apenas a assertiva I está correta.


b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.
c) ( ) Apenas a assertiva III e IV estão corretas.
d) ( ) Nenhuma das alternativas.

4 Durante seus estudos, conseguiu compreender o que são e para que serve os Estudos
Surdos? Descreva com suas palavras, com base no que aprendeu, o que são e para
que servem.

5 Quais dos protagonistas surdos que viu neste estudo você já conhecia? Descreva
brevemente sobre ele(s).

84
REFERÊNCIAS
ALBIR, A. H. A aquisição da competência tradutória: aspectos teóricos e didá-
ticos. In: PAGANO, A.; MAGALHÃES, C.; ALVES, F. Competência em tradução:
Cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG. 2005.

ALBIR, A. H. Traducción y traductología. Cátedra, 2016.

ANDRADE, M. L. C. V. de O. Língua: modalidade oral/escrita. In: Universidade


Estadual Paulista. Prograd. Caderno de Formação: Formação de Professores
Didática Geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, v. 11, 2011. Disponível em: ht-
tps://bit.ly/3DBq4Zn. Acesso em: 13 out. 2021.

BAUMAN, H. D. L.; MURRAY, J. J. Estudos surdos no século 21: “Deaf-gain” e


o futuro da diversidade humana. In: ANDREIS-WITKOSKI, S.; FILIETAZ, M. R. P.
(org.). Educação de surdos em debate. Curitiba: Ed. UTFPR, 2014. Disponível
em: http://bit.ly/3umm4s5. Acesso em: 12 fev. 2021.

BARRENTO, J. Nova Edição da Poesia de Almada Negreiros. In: Colóquio:


Letras, Edições 117-118. Fundação Calouste Gulbenkian, 1990. Disponível em:
https://bit.ly/3fWJe2u. Acesso em: 11 ago. 2021.

BASSNETT, S. Estudo de Tradução. Tradução de Vivina de Campus Figueire-


do, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei


nº 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua brasileira de sinais –
Libras. Brasília, Presidência da República, Casa Civil, 2005. Disponível em:
https://bit.ly/3sZmogx.htm. Acesso em: 5 fev. 2021.

BRASIL. Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020. Institui a Política


Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
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92
UNIDADE 2 —

O PROFISSIONAL
TRADUTOR E INTÉRPRETE
DE LÍNGUA DE SINAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Entender as funções básicas do profissional tradutor e do intérprete;

• Reconhecer a importância do trabalho do profissional tradutor e intérprete e suas


especificidades;

• Conhecer as especificidades da interpretação de Línguas de Sinais;

• Aprender como se dá a atuação do profissional tradutor e intérprete em suas áreas


de atuação;

• Compreender a importância das distintas atribuições do profissional tradutor e


intérprete;

• Identificar como o Código de Ética orienta a atuação do profissional tradutor e


intérprete independente da esfera de atuação.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três super tópicos. Durante seus estudos ou no final de
cada unidade, você encontrará atividades que contribuirão para seu conhecimento e
aprendizado dos conteúdos apresentados.

TÓPICO 1 – O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR, O TRADUTOR E O TRADUZIR


TÓPICO 2 – A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO PROCESSO
TÓPICO 3 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL TILSP

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

93
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

94
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
O INTÉRPRETE E O INTERPRETAR; O
TRADUTOR E O TRADUZIR

1 INTRODUÇÃO
A todos os envolvidos em algum tipo de ofício, deve-se ter em mente uma
base funcional e profissional consistente que o leve à excelência no trabalho. Essa
excelência está longe de ser a perfeita, sem erros, mas uma excelência de compreensão
e responsabilidades do/no processo em que estará inserido e/ou mediando. Quando
falamos de idiomas, essa excelência tem início às condições de poder atuar em dois
mundos linguísticos e distintos, no nosso caso, a Língua de Sinais e a Língua portuguesa.

É de extrema importância, para quem atua ou atuará nessa esfera, ter


consolidada as funções básicas do profissional tradutor-intérprete, não as funções
equivocadas de filantropia, pedagógica ou do papel deste profissional na área em que
atua, mas as funções de conhecimento técnico à prática comum do ofício (BRASIL,
2005; 2010; SANTA CATARINA, 2013). Conhecer o básico, não quer dizer que deva ser
simplório, superficial, mas que deva ser básico como um pilar norteador para um bom
trabalho em exigência da demanda em que atuará.

Desempenhar funções sem conhecê-las, não tendo a base necessária, é


impossível mediar com qualidade dois idiomas com estruturas diferentes, públicos
distintos e múltiplos contextos. Conhecer os tipos de execuções nos momentos
tradutórios e interpretativos é essencial. Suas funções podem ser confundidas devido
às semelhanças e diferenças significativas.

Prezado aluno, neste tópico você irá aprender quais são as funções básicas
do tradutor e do intérprete, como se dá o trabalho de tradução e interpretação com
língua de modalidades distintas, as especificidades das línguas de sinais em seus atos
interpretativos.

95
FIGURA 1 – TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS

FONTE: <https://bit.ly/3lZW6bV>. Acesso em: 10 ago. 2021

FIGURA 2 – TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUAS ORAIS

FONTE: <https://bit.ly/3yH55SY>. Acesso em: 10 ago. 2021

IMPORTANTE
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436
(Lei da Libras). Disponível em: https://bit.ly/3yTCvyi. Acesso em: 5 fev. 2021
Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de
Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021

2 TRADUZIR OU INTERPRETAR?
Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência
linguística entre línguas diferenciadas, a todo tempo estamos fazendo essa atividade
inclusive na nossa própria língua, quando precisamos reformular o que estamos dizendo
para alguém que não nos entende. Então, qual seria a diferença entre essas duas formas
de transferência linguística? Isso que vamos discutir nessa seção.

96
FIGURA 3 – TRADUÇÃO DE LÍNGUAS

FONTE: <https://bit.ly/2VQgAsU>. Acesso em: 10 ago. 2021

Todavia se faz necessário visitar, primeiramente, o que os dicionários trazem


sobre esse verbete com um olhar inteiramente voltado ao vocábulo e não ao conceito
científico. No Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tido como um dos mais
completos atualmente, encontramos a seguinte entrada: “1. Versão de uma língua para
outra [...]; 2. Obra traduzida; 3. Transposição de uma mensagem de uma forma gráfica
para outra [...]; 4. Explicação do significado de algo; 5. Processo pelo qual se converte
uma linguagem em outra” (HOUAISS, 2001, p. 1863).

Tendo por certo culturalmente bem como pelo senso comum, a tradução é
tratada em Houaiss como o movimento de mensagens gráficas, ou seja, escritas de
uma língua para outra, entretanto não aborda a questão de forma mais aprofundada.
No Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, que é um dicionário da língua
portuguesa publicado no Brasil e em outros países, inclusive em outras línguas, pela
editora Melhoramentos, a tradução é tratada da seguinte forma:

[...] 1. Transladar, verter de uma língua para outra [...]; 2. Interpretar:


Traduzir uma atitude, uma reação; 3. Demonstrar, explicar, manifestar,
revelar [...]; 4. Conhecer-se, demonstrar-se, manifestar-se [...]; 5.
Traduziu em escritas as manifestações da sua inteligência. Traduzir
em vulgar: transladar, verter de língua estrangeira para língua
materna (MICHAELIS, 2000, s. p.).

FIGURA 4 – TRADUÇÃO DE IDIOMAS

FONTE: <https://bit.ly/3ADa87D>. Acesso em: 10 ago. 2021

97
Percebe-se que aqui o conceito de tradução é trazido de uma forma ampla pela
primeira definição como simples versão de uma língua para outra de qualquer texto, não
especificando a modalidade – se escrita ou oral. As outras definições pouco evidenciam
a complexidade do conceito. Por sua vez, a entrada para tradução no Dicionário Aurélio,
utilizado em larga escala em nosso país, encontramos os seguintes dizeres: “do lat.
traducere, “conduzir além”, “transferir”; 1. transpor, transladar de uma língua para outra;
2. revelar, explicar, manifestar, explanar [...]; 4. transladar de uma língua para outra;
verter [...]” (FERREIRA, 2010, p. 1972).

FIGURA 5 – TRABALHO DE TRADUÇÃO DE DOCUMENTOS

FONTE: <https://bit.ly/3iMLvPX>. Acesso em: 10 ago. 2021

Podemos observar que se trata de uma definição um pouco mais enxuta. Nela
encontramos que a tradução se trata de um ato de transferir, que pouco contribui para o
entendimento do processo envolvido nesta atividade. A definição trazida pelo Dicionário
Aurélio, tal qual as outras encontradas no Houaiss e Michaelis, não nos dão pistas
de como esse conceito é aplicado na prática. Todavia, no Dicionário informal online,
encontramos uma pequena pista que nos leva a iniciar uma reflexão, pois para ele a
tradução é transformar uma palavra/frase/texto de uma linguagem para outra, nota-se
que aqui já se começa a ter noção que a tradução parte de um texto escrito, mesmo
estando esta definição bem precária.

Há muito tempo este conceito de tradução vem sendo estudado por diversos
teóricos. Iniciamos a discussão deste conceito por Jakobson (1959) que realizou seu
trabalho, versando sobre o conceito de tradução com base em teorias linguísticas
vigentes até os dias de hoje. Para ele, a tradução trata da troca de signos verbais
em uma língua por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou até
mesmo em um sistema de signos não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras
palavras, signos e símbolos (AUBERT, 1994). Ainda em seu trabalho, Jakobson cunhou
três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de signos
na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de
signos não-verbais.

98
FIGURA 6 – TRADUÇÃO INTRALINGUAL

FONTE: <https://bit.ly/3iKV8yg>. Acesso em: 10 ago. 2021

FIGURA 7 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL

FONTE: <encurtador.com.br/cnxAH>. Acesso em: 10 ago. 2021

FIGURA 8 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL

FONTE: <https://bit.ly/2VW7UBx>. Acesso em: 10 ago. 2021

99
FIGURA 9 – TRADUÇÃO INTERLINGUAL – PORTUGUÊS PARA LIBRAS

FONTE: <https://amzn.to/3CJEKpU>; <https://bit.ly/3iKQLn8>. Acesso em: 10 ago. 2021

FIGURA 10 – TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA – CHAPELEIRO MALUCO

FONTE: <https://bit.ly/3CI7LCa>; <https://bit.ly/3jPcQjJ>; <https://bit.ly/3lWsI6D>; <https://bit.ly/3yIt9oF>.


Acesso em: 10 ago. 2021

Já nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos
como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. Nesse
contexto, surge a tradução como uma transferência de signos comunicativos verbais
e não-verbais que podiam ser levados de uma língua para outra em busca de uma
comunicação efetiva (BASSNETT, 2003). Em conformidade com seu contemporâneo
Jakobson (1959), a tradução é tida como uma ação humana básica para estabelecer
comunicação com usuários de outras línguas.

Catford (1980) nos versa, de forma ampla, que a tradução é exercida quando
temos uma substituição de material textual e equivalente, de uma língua para outra,
sendo este conceito aplicado em uma operação que se realiza naturalmente entre
línguas distintas.

Em seu trabalho intitulado “A Tradução Vivida”, Paulo Rónai, tradutor húngaro-


brasileiro, dá continuidade às três tipologias de tradução trazidas por Jakobson (1959) - a
tradução interlingual, intralingual e intersemiótica. Sendo a tradução interlingual o objetivo
da investigação desse trabalho, nos ateremos ao que o autor versa sobre ele. A tradução

100
interlingual é muitas vezes pensada, no senso comum, como uma atividade mecânica
realizada pelo tradutor de substituição das palavras, uma a uma, pelas equivalentes em
outra língua (RÓNAI, 1981). Na realidade, porém, as palavras e até mesmo as frases estão
sujeitas a ambiguidades, e seu sentido depende das outras palavras e frases associadas
a elas, o que faz da tradução uma atividade seletiva, reflexiva e complexa.

DICA
Para aprofundar nos seus estudos e ampliar seus
conhecimentos no universo tradutório, recomendamos
a leitura do livro do autor Paulo Rónai.

O livro “A tradução vivida” é composto de vários


trabalhos sobre tradução, rico em exemplos e
assuntos práticos.

Disponível em: https://amzn.to/3agmBCO. Acesso em:


12 mai. 2021

Contemporâneo de Rónai, Arrojo (1986) utiliza a expressão “a ciência da


tradução”, claramente entendida como Estudos da Tradução, em que o processo de
tradução é compreendido como um mero transporte de significados, assim como define
Rónai anos antes, que deveriam se tornar objetivos através de um método de tradução.
Nessa concepção, “o texto original deveria ser visto como um objeto estável, com ideias
e pressupostos absolutamente claros” (ARROJO, 1986, p. 12). Sendo assim, a tarefa de
traduzir seria apenas a de transportar o significado supostamente ligado ao original,
sem inferir nele.

Passando por Pagura (2010), observamos que o conceito de tradução está


atrelado ao produto e não ao meio em que as palavras serão levadas de uma língua para
outra, sendo que o tradutor, trabalhando com palavras escritas, terá como TA palavras
escritas de igual forma.

Em 2004, um novo estudo, sobre os procedimentos de tradução, a autora


Barbosa (2004) nos traz um novo olhar da tradução, como uma atividade humana
realizada através de estratégias mentais, empregadas na tarefa de transferir significados
de um código linguístico para outro.

Por fim Lee-Jahnke et al. (2013) concebe que a tradução como uma operação
interlinguística na qual é necessário interpretar o sentido de um determinado texto de
partida, texto fonte (TF), produzindo um novo texto, texto alvo (TA) e estabelecendo em
nível de palavras uma relação de equivalência. Assim, demonstra-se que o processo

101
tradutório não se completa apenas com o auxílio de um bom dicionário (ALVES et al.,
2014), mas sim com um conjunto complexo de saberes que permite ao tradutor analisar
e atribuir palavras, em línguas diferentes, que possuam relação de equivalência.

Nota-se neste breve e retrospecto histórico de autores, que o conceito de


tradução foi se aprimorando com o tempo para suprir demandas que iam emergindo
com a práxis do TILSP. Outrora, o conceito de tradução estava embebido da linguística
e impunha de forma dura aos profissionais a ideia de que tudo que estava no TF deveria
estar ipsis verbis no TA.

NOTA
A expressão em latim ipsis verbis significa “com as mesmas palavras” (DICIO,
s. d.).

Passaremos agora ao que os autores trazem sobre a interpretação e como


esse conceito, pensado para as línguas orais, é tão evidenciado nas línguas de sinais.
Todavia, assim como fizemos na seção anterior com a tradução, se faz necessário
visitar primeiramente o que os dicionários nos dizem sobre a interpretação. Novamente,
consultando o Houaiss, o conceito de interpretação é tratado como “ato ou efeito
de interpretar”, sem muitos detalhes, por sua vez o Dicionário Michaelis, nos traz
esta conceituação: “sf (lat interpretatione) 1. Ato ou efeito de interpretar. 2. Modo de
interpretar. 3. Tradução, versão. 4. Explicação. 5. Modo como atores desempenham os
seus papéis numa composição dramática” (MICHAELIS, 2000, s. p.).

Ao ler essa entrada no dicionário, percebemos que as definições, assim como


as encontradas para a tradução no mesmo dicionário, são generalistas e redundantes, e
nenhuma delas evidencia o processo pelo qual se perfaz a interpretação. Porém, se nota
na terceira definição que o conceito de interpretação pode ser tradução ou versão. Já
na quinta definição, encontramos uma aplicação para a palavra interpretação na linha
das belas artes.

No senso comum, a interpretação é uma atividade de mediação linguística


que consiste em transmitir um discurso de tipo oral em outra língua, oral ou de sinais,
resultando em discurso equivalente a uma língua diferente, quer de tipo oral, quer de
língua de sinais.

Assim como a tradução, a interpretação também vem sendo pesquisada com


o passar dos anos e ganhou um novo status, o de área de pesquisa, como os então
denominados Estudos da Interpretação (EI) que surgiram no final da década de 90 em
âmbito internacional a partir da fala de Daniel Gile em Viena no ano de 1992. Todavia,
para esse trabalho foram escolhidos alguns autores, a partir dessa mesma data, em
cujos trabalhos podemos encontrar a definição desse conceito.

102
Por sua vez, Ferreira (2010) descreve que o ato interpretativo é manifestado
pela substituição, de forma simultânea ou consecutiva, da faixa oral do TF para um novo
TA por palavras equivalentes, demonstrando assim uma simplificação muito grande do
conceito.

Pagura (2010) versa que a interpretação, enquanto intermediação linguística


oral entre falantes de idiomas diferentes, existe há milhares de anos corroborando com
a passagem bíblica da Torre de Babel sendo, certamente, anterior à tradução escrita,
uma vez que a escrita é posterior à linguagem oral.

Para Pöchhacker et al. (2010, p. 62), “outro pressuposto básico é que a


interpretação é uma forma de tradução, no seu sentido amplo, pois ao longo da maior
parte da história, a interpretação era simplesmente interpretação, havendo pouca
necessidade de subcategorizações”.

Em Rodrigues (2013), encontramos alguns aspectos que fazem da tradução um


processo diferenciado da interpretação. Para ele, a interpretação constitui uma tradução
humana em tempo real, em que as condições de produção de um TA estão diretamente
ligadas ao fator tempo que, nesse caso, é escasso, já que a modalidade é simultânea.
O desafio está na distinção das intenções enunciativas atrelada ao processamento das
informações a serem interpretadas e às questões interculturais impostas pelo público
ao qual se destina essa interpretação.

Nota-se, que o conceito de interpretação não é trabalhado de forma ampla pelos


autores, como o de tradução já demonstrado acima. Supõe-se que pelo surgimento
dos EI nos anos 90, a tradução e a interpretação, com características tão distintas, se
somam no decorrer do processo para produzir um produto midiático.

Durante a revisão bibliográfica do referencial teórico deste trabalho, encontrou-


se diversos autores que tratam tanto a tradução quanto a interpretação como processos
que se interpenetram por possuírem a mesma função e o mesmo objetivo (SANTOS,
2020).

Apesar de o fenômeno da tradução ser posterior ao da interpretação na linha


histórica da humanidade e de existirem distinções que podem ser observadas entre
esses dois conceitos, diversos autores defendem em seus trabalhos a hipótese de que
esses conceitos se interpenetram. Rodrigues (2013) afirma que são diferentes e similares
ao mesmo tempo, o que torna complexa a questão da diferenciação. Nicoloso (2016)
também considera a tradução e a interpretação como áreas próximas, porém distintas.
Em ambos os trabalhos observamos a distinção desses conceitos, demonstrando que é
na diferença entre eles que notamos sua proximidade.

Entende-se que:

103
O propósito principal tanto da tradução quanto da interpretação é
fazer com que uma mensagem expressa em determinado idioma
seja transposta para outro, a fim de ser compreendida por uma
comunidade que não fale o idioma em que essa mensagem foi
originalmente concebida (PAGURA, 2003, p. 223).

Observa-se que ambos os processos versam com o objetivo de transmitir uma


mensagem expressa em texto oral, porém uma distinção entre estes se faz necessária,
mesmo quando Bianchini (2015), assim como alguns estudiosos, nos afirmam que não
há, no entanto, como distanciar a interpretação totalmente da tradução, pois ambas as
profissões têm muito em comum.

Conclui-se, em consonância com Magalhães Jr. (2007) que, em meio


ao processo, as ações de traduzir e/ou interpretar se complementam – uma irá
necessariamente sempre precisar da outra. Visando nomear este processo híbrido de
tradução e interpretação, Silvério et al. (2012) propõe que ele seja conceituado como
tradução-interpretação, que será utilizada também neste trabalho, por se entender que:

[...] o domínio do texto oral e do texto escrito pressupõe diferentes


habilidades, sendo que o intérprete precisa não somente conhecer
a língua, mas dominar as sutilezas, nuances e especificidades da
expressão oral das línguas em que atua, ainda que não domine bem
a escrita dessas línguas (SILVÉRIO et al. 2012, p. 2).

Para ser intérprete, o conhecimento do texto oral e do texto escrito é de


profunda necessidade pois, ao transportar essas mensagens, esse conhecimento dita
as escolhas lexicais realizadas pelo profissional.

Associando essa distinção dos conceitos de tradução e de interpretação,


aplicados aos mapeamentos de Willians e Chesterman (2002) e da Editora Saint Jerome
(2008, apud VASCONCELLOS, 2008; NICOLOSO, 2015), à ideia de que tradução e
interpretação são atividades gêmeas (NICOLOSO, 2015).

DICA
Filme “Un Traductor” (Um Tradutor). Um professor
de literatura russa, é obrigado a trabalhar na
Universidade de Havana como tradutor, entre
médicos e crianças, vítimas do desastre nuclear
de Chernobyl, enviadas até Cuba para tratamento
médico do acidente nuclear.

FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uIx3e8. Acesso


em: 17 maio. 2021

104
3 O TRABALHO DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COM
LÍNGUAS DE MODALIDADES DIFERENTES
Muitos TILSP têm grandes dificuldades para iniciar sua profissão, dadas as
diferenças existentes entre essas duas línguas. Primeiramente, a Libras é uma língua
de modalidade visuoespacial e a Língua Portuguesa (LP), oral-auditiva. Por modalidade
de uma língua entende-se os sistemas físicos ou biológicos de transmissão por meio
dos quais a fonética de uma língua se realiza (MCBURNEY, 2004 apud RODRIGUES,
2013). Essas questões linguísticas geram um grande desafio para o profissional quando
precisa verter textos, orais e escritos, de uma língua para outra. Outras discrepâncias e
similaridades foram notadas por Quadros (2004), são elas:

QUADRO 1 – DISCREPÂNCIAS E SIMILARIDADES

Libras LP
Possui a modalidade visual-espacial, Articula-se de forma oral, em que as
organizando suas relações no espaço de informações são emitidas por voz, e
sinalização. recepcionadas pela audição.
Baseada em experiências visuais,
captadas pela visão do usuário e Baseia-se exclusivamente no som.
interações culturais.

Sintaxe especializada. Sintaxe linear.

Estrutura tópico-comentário como


Evita este tipo de estruturação.
estruturação primordial.
A língua de sinais utiliza a estrutura de Este processo não é comum na língua
foco através de repetições sistemáticas. portuguesa.
A língua de sinais utiliza as referências
anafóricas através de pontos Ambiguidades são possíveis
estabelecidos no espaço que exclui tranquilamente.
ambiguidades.

A língua de sinais não tem marcação de O gênero é marcado a ponto de ser


gênero. redundante em todas as palavras.

Fator não é considerado como


Valor gramatical às expressões faciais. relevante na língua portuguesa, apesar
de poder ser substituído pela prosódia.
Escrita ainda não definida. Escrita alfabética.

FONTE: Adaptado de Quadro (2004)

105
Para o profissional vencer essa discrepância e similaridades, ele deve investir em
apreender sobre as características inerentes a essas línguas. Todavia, as discrepâncias
e similaridades demonstram que a diferença dessas modalidades linguísticas causa
efeitos de modalidade, como nos define Rodrigues (2013, p. 43), completando que “[...]
são muitas as similaridades entre as línguas orais e as de sinais, as quais demonstram
que as propriedades do sistema linguístico não estão reduzidas à modalidade da língua,
mas a transcendem”.

Um problema que o TILSP pode enfrentar é a desconsideração destas diferenças


linguísticas implícitas em suas línguas de trabalho. A questão mais crítica na tradução e
interpretação entre essas duas línguas, está diretamente relacionada à falta de atenção
dada às diferenças linguísticas envolvidas neste ato, como nos mostra Quadros (2004).

DICA
Filme “The Terminal” (O Terminal). Viktor Navorski
(Tom Hanks) cidadão europeu, sem saber inglês,
viaja à Nova York, Estados Unidos, para realizar
um sonho. Durante a viagem, seu país sofre um
golpe de estado, e ao chegar no aeroporto, seu
passaporte é invalidado, impedindo-o de entrar
nos Estados Unidos e de retornar ao seu país de
origem devido ao fechamento das fronteiras. Sem
comunicação naquele país consegue com enorme
dificuldade entender o que ocorre nos noticiários.
Eis aí a falta de um tradutor-intérprete para mediar
a situação.

FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uFgW0X.


Acesso em: 17 maio. 2021

Graças a essas discrepâncias linguísticas, o processo tradutório requer uma


série de estratégias cognitivas que auxiliam o profissional TILSP a realizá-lo de forma
satisfatória e sirvam de apoio ao processo. Com esse intento Alves (2014) e Pagano
(2014) nos apresentam os subsídios externos e internos. Pagano (2014) nos conta que
a consulta de textos paralelos na língua para qual se traduz é apenas uma estratégia a
fim de garantir uma tradução bem-sucedida, porém ainda são escassos os materiais de
leitura que abordam especificamente as estratégias de busca de subsídios externos no
ato tradutório. Todavia, pelo fato de a Libras ainda não possuir um sistema definido de
escrita tampouco um arrazoado mínimo de publicações nesse sistema, faz com que os
subsídios externos se baseiam em corpos de vídeos em plataformas como YouTube e
até mesmo nos próprios usuários da língua, com o objetivo de se buscar mais elementos
que facilitem o processo tradutório.

106
Por sua vez, Alves (2014) demonstra que outra estratégia é a busca de
subsídios internos tais como o conhecimento enciclopédico, ou seja, por meio de
nosso conhecimento de mundo, incluindo nossa bagagem cultural e o conhecimento
procedimental que nos ensina a utilizar o conhecimento que já adquirimos. Quando
aplicamos esse pressuposto observamos uma necessidade de fazer com que o TILSP
atuante nesse contexto desenvolva sua competência referencial (QUADROS, 2004) a
fim de dominar os conteúdos que permeiam o contexto.

Para investigar os processos envolvidos na tradução e interpretação de forma


mais profícua, Rodrigues (2002) apresenta uma nova linha de pesquisa nos ET, os
Estudos Processuais, visando a pesquisa dos processos tradutórios.

[...] A abordagem processual nos estudos em tradução surgiu


originariamente na Alemanha, mais especificamente na metade dos
anos oitenta através dos nomes Hans P. Krings, Frank G. Königs, Hans
H. Hönig e Paul Kußmaul. De uma forma geral, pode ser constatado
que o interesse na investigação do processo da tradução [...]
(RODRIGUES, 2002, p. 24).

Estando essa área mapeada em Willians e Chesterman (2002) como a subárea


(10) Processo Tradutório, e na Saint Jerome (2008, apud VASCONCELLOS, 2008;
NICOLOSO, 2015) como a subárea (16) Estudos do Processo Tradutório, o surgimento
da área de pesquisa dos Estudos Processuais, nos anos 80, pode ser justificado nas
palavras de Rodrigues (2002) pela falta de trabalhos na literatura existente sobre os
modelos empíricos do processo de tradução e o papel que o Tradutor-Intérprete assume
no ato tradutório. Todos esses fatores somados culminaram no surgimento dos Estudos
Processuais para que estes pontos específicos fossem contemplados.

Sabemos que são diversas as contribuições dos Estudos processuais, utilizados


nas experiências linguísticas e tradutórias que os profissionais Tradutores-Intérpretes
acumulam no exercício da profissão, influenciando significativamente a forma com que
estes profissionais atuam (RODRIGUES, 2002).

Diversos são os elementos específicos envolvidos no processo de interpretação


entre línguas de diferentes modalidades (RODRIGUES, 2013). Nesse sentido, estes
elementos específicos foram classificados pelo mesmo autor como efeitos da modalidade
da interpretação.

Apresentamos um estudo empírico-experimental que teve como objetivo refletir


sobre algumas características processuais relacionadas ao desempenho cognitivo dos
TILSP quando submetidos ao processo tradutório de um texto em LP para outro em LS.

107
4 ESPECIFICIDADES DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
SINALIZADAS
Como observado na Unidade 1, o par linguístico em que trabalhamos possui
modalidades de produção e de usos diferentes, sendo assim surgem especificidades no
ato interpretativo que são inerentes a essa divergência de modalidade, são os chamados
efeitos de modalidade. Tal temática tem chamado a atenção de diversos pesquisadores
a partir dos Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas Sinalizadas (ETILS) como
vemos em Padden (2000), Quadros e Souza (2008), Wurm (2010), Rodrigues, (2013),
Quadros e Segala (2015).

4.1 ESPECIFICIDADES NO ATO INTERPRETATIVO


As particularidades das modalidades interpretativas é o que coloca o
profissional tradutor intérprete em grandes desafios. Não há um padrão linguístico para
todas as línguas, sejam elas orais ou sinalizadas. Em cada idioma, é possível encontrar
particularidades inerentes ao povo e/ou à região em que ele é falado. Esses pormenores
linguísticos é que dão ao idioma o conceito de língua, com organização de elementos
e estruturas que possibilitam a comunicação entre os pares, surdos-surdos, surdos-
ouvintes, ouvintes-ouvintes.

4.1.1 Linearidade versus Simultaneidade


O primeiro deles é a linearidade versus a simultaneidade às estruturas básicas de
produção das nossas línguas de trabalho; a língua portuguesa é uma língua fonética linear,
isto é, sua articulação é realizada a partir da produção de sons (fonemas) intercalados
por silêncios (respiração), se por exemplo pegarmos a palavra casa, foneticamente ela
é pronunciada/kaza/, ou seja, intercala 4 fonemas entre dois espaços de silêncio, um
antes e um depois da produção desses. Já a Libras possui uma articulação simultânea,
isto é, seus elementos básicos são produzidos ao mesmo tempo, pois se pegarmos o
sinal da palavra casa, nele podemos observar, sendo articulados ao mesmo tempo, a
configuração de mão, ponto de articulação e orientação de mãos. Assim, em espaço
curto de tempo se produz muito mais sinais do que palavras (QUADROS; KARNOPP,
2004; QUADROS, 2019; SILVA, 2021; SANTOS, 2021).

Tendo em vista suas articulações sendo realizadas de maneira diferentes é


possível existir uma alternância de códigos linguísticos por um único usuário causando
assim um code-switching, que acontece quando um interlocutor alterna entre
diferentes línguas, ou variedades linguísticas de um mesmo idioma, no contexto de um
único discurso. Segundo Weinreich (1953) em meados das décadas 1940 e 1950, muitos

108
estudiosos consideravam a alternância de códigos como sendo um uso sub-padrão da
língua. Desde os anos 1980, no entanto, a maioria dos estudiosos tendem a considerá-la
como um fenômeno normal, natural em ambientes multilíngues.

4.1.2 Code-blending
Em contraposição ao code-switching temos o code-blending que é o fenômeno
observável quando se utiliza dois códigos linguísticos distintos simultaneamente, como
por exemplo falar em português e Libras ao mesmo tempo (QUADROS; SOUZA, 2012, p.
329). No Brasil ele também é conhecido como bimodalismo, ou seja, a utilização de dois
modais diferentes para estabelecer a comunicação, porém a questão é que em pessoas
ouvintes que preponderantemente tem o português como primeira língua, isto é, a
língua que é aprendida e utilizada em casa, ao utilizarem esse efeito em simultâneo com
a Libras tendem a tornar a essa mais convergente com o português, muita das vezes
articulando a mesma como uma espécie de interferência linguística que chamamos de
Português Sinalizado, ou seja, a estruturação da língua portuguesa articulada com os
sinais da Libras.

4.1.3 Lagtime
Um terceiro efeito que podemos elencar é o lagtime. Tendo em vista que se
produz muito mais sinais do que palavras em português, você pode imaginar que para
interpretar de Libras para Português o TILSP necessita de um tempo de processamento
da informação para conseguir produzir o texto na língua de chegada, este tempo se
chama lagtime, numa interpretação simultânea ele é observável exatamente no atraso
em relação a interpretação da mensagem já produzida, numa interpretação consecutiva
ele é muito maior e permite que o intérprete se aproxime mais do texto original, ou seja,
tenha mais semelhança interpretativa (RODRIGUES, 2013).

DICA
Filme “Arrival” (A Chegada). Uma linguista, Dra.
Louise Banks (Amy Adams), especialista em seres
interplanetários, é procurada por militares para
traduzir, decifrar os sinais e desvendar, se as marcas
que foram deixadas na Terra pelos visitantes
alienígenas, representam ou não uma ameaça.
No entanto, a resposta para todas as perguntas
e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a
existência de toda a humanidade.

FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3g1uleG.


Acesso em: 17 maio. 2021

109
DICA
Filme “Babel”. Como sabemos, o termo Babel
remete-nos a uma “confusão” de línguas,
conforme vimos brevemente na Unidade I. Este
drama apresenta atores que atuam nos idiomas
inglês, espanhol, francês, língua japonesa de
sinais, japonês, berbere e árabe. Devido a tantos
idiomas, os personagens passam por situações
tensas de comunicação.

Em uma das cenas, após a esposa ser ferida


em Marrocos, o marido, ambos americanos,
é obrigado a lidar com os nativos daquele país
que não falam sua língua, não se comunicam em
inglês e não há nenhum tradutor-intérprete para
mediar o socorro.

FONTE: Disponível em: https://bit.ly/3uFgW0X.


Acesso em: 17 maio. 2021.

110
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência linguística


entre línguas diferenciadas e que a todo tempo estamos fazendo essa atividade
inclusive na nossa própria língua quando precisamos reformular o que estamos
dizendo para alguém que não nos entende.

• O conceito de tradução vem sendo estudado por diversos teóricos.

• A tradução trata da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da
mesma língua, de uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos
não-verbais, ou seja, dizer a mesma coisa com outras palavras, signos e símbolos.

• No trabalho de Jakobson (1959), foi cunhada três vertentes tradutórias, até hoje
conhecidas: a intralingual que é a troca de signos na mesma língua; a interlingual,
em línguas diferentes; e a intersemiótica, por meio de signos não-verbais.

• As especificidades da interpretação no par Libras-português, a partir dos efeitos de


modalidade que atravessam o processo tradutório, possuem diferentes modalidades
quando as nossas línguas de trabalho estão em ação, e essas colocam o profissional
TILS em grandes desafios.

• As diferentes especificidades de interpretação, quando as línguas de trabalho estão


em ação, tem suas particularidades em diferentes modalidades: a Linearidade
fonética da Língua da portuguesa, ou seja, sua articulação realizada a partir da
produção de sons versus a Simultaneidade da Libras, isto é, seus elementos básicos
produzidos ao mesmo e em curto espaço de tempo e articulados por meio dos
parâmetros linguísticos da Libras; Code-blending, fenômeno observável quando
se utiliza dois códigos linguísticos distintos simultaneamente; Lagtime, e tempo de
processamento da informação para conseguir produzir o texto na língua de chegada
com um atraso em relação a interpretação da mensagem já produzida.

• Os pormenores linguísticos que dão ao idioma o conceito de língua, são organizados


por elementos e estruturas que possibilitam a comunicação entre os pares, surdos-
surdos, surdos-ouvintes, ouvintes-ouvintes.

111
AUTOATIVIDADE
1 Uma das atividades mais antigas da humanidade é realizar transferência linguística
entre línguas diferenciadas e que a todo tempo estamos fazendo essa atividade
inclusive na nossa própria língua quando precisamos reformular o que estamos
dizendo para alguém que não nos entende. Sobre essas atividades, um famoso
Dicionário da Língua Portuguesa diz que:

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) a tradução é tratada como o movimento de mensagens gráficas, ou seja, escritas


de uma língua para outra, entretanto não aborda a questão de forma mais
aprofundada;
b) ( ) a tradução é transladar, ou seja, verter de uma língua para outra língua de sinais
ou outra qualquer que seja a língua materna;
c) ( ) a tradução é traduzir uma atitude, uma reação atípica de um grupo de pessoas,
surdas ou não surdas e/ou de diferentes nacionalidades;
d) ( ) a tradução é a manifestação e a revelação de escritas em um idioma passado
para outro desconhecido, entretanto não aborda a questão de forma mais
aprofundada.

2 Há muito tempo o conceito de tradução vem sendo estudado por diversos teóricos
e um deles é Jakobson (1959), realizou seu trabalho, versando sobre o conceito de
tradução com base em teorias linguísticas vigentes até os dias de hoje. Para ele, a
tradução trata:

Analise as sentenças a seguir:

I- Da troca de signos verbais em uma língua por outros signos da mesma língua;
II- De uma língua diferente ou até mesmo em um sistema de signos não-verbais;
III- De três vertentes tradutórias, até hoje conhecidas: a intralingual que é a troca de
signos na mesma língua; a interlingual, em línguas diferentes; e a intersemiótica,
por meio de signos não-verbais.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença III está correta.
c) ( ) Todas as sentenças estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença I e II estão corretas.

112
3 Nos anos 70, a tradução ainda era conceituada segundo os estudos linguísticos
como uma mera transferência de códigos que se limitavam à palavra ou à frase. De
acordo com essa afirmação e no que você estudou nesta Unidade, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Naquele contexto, surgiu a tradução como uma transferência de signos


comunicativos verbais e não-verbais que podiam ser levados de uma língua para
outra em busca de uma comunicação efetiva. 
( ) Em conformidade com outro linguista contemporâneo, a tradução é tida como
uma ação humana básica para estabelecer comunicação com usuários de outras
línguas.
( ) De forma ampla, que a tradução é exercida quando temos uma substituição de
recursos materiais e pouco equivalentes, de uma língua para outra língua de sinais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 De acordo com o que você estudou os efeitos de modalidade, na interpretação no


par Libras-português, viu que existem diferentes especificidades de interpretação
quando as línguas de trabalho estão em ação e têm suas particularidades em
diferentes modalidades. Sobre essas modalidades, associe os itens, utilizando o
código a seguir:

I- Linearidade
II- Simultaneidade
III- Code-switching
IV- Code-blending
V- Lagtime

( ) Propriedade da língua que permite que todos os seus articuladores, ou seja, tudo
aquilo que é necessário para sua produção seja executado ao mesmo tempo.
( ) Pempo de processamento de informação necessário para que o TILSP possa
compreender o contexto do texto que se está sendo produzido para aí sim começar
sua interpretação.
( ) Possibilidade de produção de uma língua gestual e de uma língua vocal ao mesmo
tempo pelo mesmo falante.
( ) Alternância de código linguístico necessário a um falante de línguas que possuem
a mesma modalidade de produção e recepção.
( ) Propriedade observada na produção de cada uma das unidades mínimas de uma
língua vocal quando executadas uma a uma com intervalos de silêncio entre as
produções segmentais.

113
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) II - V - IV - III - I
b) ( ) III - V - IV - II - I
c) ( ) II - IV - V - III - I
d) ( ) III - V - II - IV - I

5 Jakobson (1959) inovou ao categorizar diferentes tipos de tradução observando seu


processo, a língua de partida e de chegada, bem como o sistema linguístico a qual
os textos em questão estavam registrados. Sobre os tipos de tradução elaborados
pelo autor, e com base no que estudo nesta disciplina, associe os itens, utilizando o
código a seguir:

I- Tradução Interlingual
II- Tradução Intralingual
III- Tradução Intersemiótica

( ) Uma música em Inglês sendo traduzida para uma música em Português.


( ) Um texto em Libras escrito sendo traduzido para um texto em Libras oral.
( ) Um filme em inglês sendo traduzido para um livro em inglês.
( ) Um classificador em Libras sendo traduzido para um desenho.
( ) Um intérprete de Libras traduzindo o discurso de um surdo para um público ouvinte.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I - III - II - III – I.
b) ( ) II - III - I - I – II.
c) ( ) I - II - III - III – I.
d) ( ) II - I - I - III – II.

114
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
A TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO COMO
PROCESSO

1 INTRODUÇÃO
Quando se ouve o termo “tradução”, muitas vezes o contexto está associado
a uma relação literária ou audiovisual. Geralmente quando se aprecia o gênero
cinematográfico, muitos optam por assistir ao filme no idioma original, desejando ouvir/
ler o conteúdo na fonte. Porém, quando o mesmo termo é citado por alguém, logo, para
quem atua como profissional da área, já pressupõe que algum texto - escrito, oral ou
audiovisual - está sendo ou será estudado por outrem(ens), de modo que lançar-se-á
mão de um corpus para que o trabalho seja realizado.

FIGURA 11 – ASPECTOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3ADYU2x>. Acesso em: 13 ago. 2021

Traduzir e/ou interpretar são processos dinâmicos que demandam tempo,


saúde cognitiva, conhecimentos linguísticos e técnicos, além da interdependência de
outros pares munidos de recursos que poderão subsidiar com qualidade o trabalho final
(SILVA, 2019).

Com base nessas questões que demandam estudo cabal, sério e minucioso
processo de tradução e interpretação de idiomas distintos, é inadmissível, nos tempos
modernos, desconhecer informações relevantes sobre o idioma que irá mediar, a segunda
língua/língua alvo, das especificidades do papel do profissional tradutor e intérprete e
muito menos do idioma que tem como primeira língua (SILVA, 2018).

115
NOTA
Para saber mais sobre o termo “interdependente” e suas
aplicações na contemporaneidade, e das relações sociais de poder,
recomendamos a leitura do livro “Os estabelecidos e os outsiders:
Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena
comunidade” dos autores Elias e Scotson (2000).

2 OS ESTUDOS PROCESSUAIS DA TRADUÇÃO


A abordagem processual aplicada aos Estudos da Tradução (ET) se desenvolveu
de forma mais acadêmica a partir de 1980, todavia anterior a este período temos
Vázquez-Ayora (1977, p. 221, grifo nosso), que já afirmava que tal atividade pode ser
entendida como:

[…] o processo tradutório consiste em analisar a expressão


textual da língua original […] e equivalentes na língua de chegada e,
finalmente, transformar estas estruturas da língua de chegada em
expressões estilisticamente apropriadas.

Tal década nos traz trabalhos de suma importância para entender como a
tradução se dá enquanto um processo complexo realizado a partir de uma sucessão de
atividades até o texto pronto, que em tempos anteriores era o único a ser considerado
uma tradução propriamente dita. Destacam-se nessa época os trabalhos desenvolvidos
por Krings, (1986), Königs (1987) e Lörscher (1991). Seus trabalhos vão na contramão dos
seus antecessores que definia apenas o texto como uma tradução e não refletiam “a
realidade da tradução tal como vivenciada pelos próprios tradutores (RODRIGUES, 2002)
que acreditavam que as perspectivas teóricas existentes até agora não explicavam o
que de fato acontecia na prática.

Especificamente, a abordagem processual da tradução investiga,


amparada por métodos validados no campo da psicologia cognitiva
e psicolinguística experimental, o processamento da informação
durante o processo da tradução e, também, quais variáveis exercem
uma influência no processo da tradução (i.e., proficiência dos
tradutores, o texto a ser traduzido) (RODRIGUES, 2002, p. 24-25).

Dessa forma surge a abordagem processual da tradução, também conhecida


como Estudos Processuais da Tradução para investigar de que forma essa operação
acontece no cognitivo do intérprete pois podemos entender que ao transferir
informações linguísticas entre línguas o profissional realiza um complexo processo
mental que demanda “sofisticadas habilidades de processamento de informação”
(BELL, 1998, p. 185, tradução nossa) uma vez que a tradução/interpretação não envolva
apenas o domínio de línguas de maneira bilíngue, mas também uma série de processos
mentais que são complexos na resolução de problemas e dificuldades de tradução.

116
Nesse contexto, diversas teorias tratam sobre os processos tradutórios aos
quais são submetidas essas línguas no ato interpretativo. Em Freire (2008), encontramos
duas teorias que versam sobre o processo pelo qual o intérprete passa para realizar a
interpretação.

Partindo da interpretação simultânea, como modalidade, o autor tem por base


uma tríade de esforços para que o TILS realize sua tarefa, sendo:

FIGURA 12 – ESQUEMA DO PROCESSO INTERPRETATIVO DESENVOLVIDO POR GILE (GILE, 1995 apud FREI-
RE, 2008).

FONTE: Os autores

Existe ainda um quarto esforço, o da coordenação que, como elemento


controlador destes esforços, coloca os outros três esforços em ordem. Primeiramente
o intérprete se esforça para fazer a audição dos elementos linguísticos contidos no
discurso a ser interpretado. Posteriormente, realiza a análise deste conteúdo textual,
colocando-o de acordo com as regras linguísticas e gramaticais da LA. Em seguida se
inicia o esforço da produção, em que o material textual é produzido conforme a análise
do intérprete.

Todas essas informações, recém produzidas, ficam armazenadas por um certo


período, evidenciando assim o esforço da memória de curto prazo como vemos em Gile
(1995 apud FREIRE, 2008). Em contrapartida a todos esses processos, para que o TILS
realize seu trabalho a contento, o esforço de coordenação coloca todas as coisas em
ordem, fazendo com que o ciclo se feche e reinicie constantemente, enquanto durar a
interpretação.

Diversos são os elementos específicos envolvidos no processo de interpretação


entre línguas de diferentes modalidades (RODRIGUES, 2013). Nesse sentido, esses
elementos específicos foram classificados pelo mesmo autor como efeitos da modalidade
da interpretação.

117
Ainda em Freire (2008) encontramos a Théorie du Sens (Teoria dos Sentidos) ou,
como ele a nomeia, Teoria Interpretativa da Tradução, desenvolvida pela intérprete de
conferências e pesquisadora Danica Seleskovitch, em 1959, prosseguida por Marianne
Lederer. Para estas autoras, a interpretação se baseava em um sistema tripartite de
atuação, representado pelo diagrama abaixo:

FIGURA 13 - DIAGRAMA DO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO BASEADO EM SELESKOVITCH & LEDERER,


1989 apud FREIRE, 2008.

FONTE: Os autores

Observamos nesse processo cíclico que a interpretação é dada no momento em


que o intérprete captura o sentido linguístico do TF dado oralmente e acrescenta a ele o
conhecimento que possui para interpretá-lo, levando esse texto a uma desverbalização,
em que as palavras são trocadas por outras à escolha do profissional que, por fim,
transmite esse TA na língua desejada, já que o objetivo da interpretação é apreender
o que foi produzido em uma língua e transportar essa mesma realidade – ou sentido
– para outra língua (SELESKOVITCH; LEDERER, 1989 apud FREIRE, 2008), ou seja, o
aspecto fundamental desse modelo é que o intérprete compreende a mensagem em
termos não verbais; ou seja, a interpretação não se trata de traduzir palavras, nem de
transferência verbal, nem de diferenças entre dois idiomas.

Como observado tanto a Teoria do Modelos de Esforços de Gile quanto a Teoria


Interpretativa da Tradução de Seleskovitch apontam para um processo tripartite de
ações em que a tradução é o produto dessas atividades.

Uma das principais autoras, já nos anos 2000, ao equiparar a tradução a um


processo, foi Albir (2005, p. 41) que defendia que tal atividade consistia […] processos
interpretativo e comunicativo que consiste na reformulação de um texto com os meios
de outra língua e que se desenvolve em um contexto social e com uma finalidade
determinada”, isso é, trouxe para esse, um conceito dividido em quatro elementos, a
saber: (1) um processo interpretativo em que o profissional precisa interpretar, ou seja,
entender o que se quer dizer com o texto fonte e como se está dizendo; (2) que gera um

118
texto novo reformulado a partir de elementos linguísticos e extralinguísticos da língua
alvo; (3) se desenvolve em um contexto social que demanda acesso à informações como
educação, saúde e justiça por exemplo; (4) possui uma finalidade, quer dizer, levar ao
público destinatário informações que cumprem a um objetivo definido.

NOTA
A desverbalização compreende o processo de memorizar o sentido
do que foi dito sem supervalorizar a memorização das palavras com
que esse sentido foi expresso. Assim, torna-se menos dificultosa
e mais precisa a reprodução espontânea do sentido expresso no
discurso oral em língua estrangeira na língua materna (FREIRE,
2008, p. 152).

Cabe ainda salientarmos que Orozco e Albir (2002) definem que os estudos
relacionados a essa área são heterogêneos pois tratam sobre a didática da tradição,
competência tradutória, processo tradutório, problemas de tradução, estratégias de
tradução, protocolos verbais como instrumento de avaliação de um processo tradutórios,
assim trataremos algumas temáticas dessas nas próximas seções.

3 COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA (CT)


Vamos lembrar que o artigo 2 da Lei 12.319/2010, define que “o tradutor e
intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira
simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da
Língua Portuguesa”, mas, o que significa ser competente?

IMPORTANTE
Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a
educação especial, o atendimento educacional especializado (AEE).
Disponível em: https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.

Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão


de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.

Você já pensou qual a diferença entre um falante bilíngue, ou seja, que domina
as duas línguas de trabalho, de um intérprete? É sobre isso que vamos tratar nessa
sessão. A diferença entre esses dois indivíduos é o que chamamos de competência,

119
tal competência é aplicável para que a mensagem a ser interpretada possa ser precisa
e apropriada, permitindo que a comunicação flua naturalmente entre os usuários de
línguas diferentes.

Uma competência é, segundo Lasnier (2000)

um complexo saber como agir resultante da integração, da


mobilização e organização de uma combinação de capacidades,
habilidades (que podem ser cognitivas, afetivas, psicomotoras
ou sociais) e conhecimentos (conhecimento declarativo) [ou seja,
saber o que serão] utilizados eficientemente em situações com
características similares (apud Azevedo e Vasconcellos, 2013, p. 32).

Tal competência, em tradutores é nominada de Competência Tradutória (CT)


sendo definida como: (1) um conhecimento que vai para além de saber as duas línguas;
(2) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser estudado em diversos
níveis de conhecimento; (3) é composta de um conhecimento declarativo, ou seja,
saber conceituar, e processual, saber agir mediante a determinadas situações; (4) um
composto de conhecimentos agrupados em conhecimentos relacionados, habilidades
e atitudes; (5) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de acordo
com as situações interpretativas que emergem na prática profissional; (6) depende
de uma série de outros conhecimentos que vão desde a experiência do tradutor e o
contexto de tradução.

Alguns teóricos apresentam diversas categorias de conhecimentos que


compõem a CT, um deles é Roberts (1992 apud QUADROS, 2004, p. 73-74), que divide a
CT em aspectos que se somados, resultam na CT, são eles:

• Linguística: que é a habilidade de manipular, com excelência,


as línguas envolvidas no processo de interpretação, isto é, a
Libras e principalmente a Língua Portuguesa. Lembre-se que
os intérpretes precisam ter um excelente conhecimento de
ambas as línguas envolvidas na interpretação, demonstrando
ter habilidade para distinguir as ideias principais das ideias
secundárias e determinar os elos que determinam a coesão do
discurso, extraindo o sentido dela.
• Transferência: não é qualquer um que conhece duas línguas
que tem capacidade para transferir a mensagem de uma
língua para a outra; essa competência envolve habilidade
para compreender a articulação do significado no discurso da
língua fonte, habilidade para interpretar o significado da língua
fonte para a língua alvo (sem distorções, adições ou omissões),
habilidade para transferir uma mensagem na língua fonte para
língua alvo sem influência da língua fonte e habilidade para
transferir da língua fonte para língua alvo de forma apropriada
do ponto de vista do estilo.
• Metodológica: habilidade em usar diferentes modos de
interpretação (simultâneo, consecutivo e outros), habilidade
para escolher o modo apropriado diante das circunstâncias,
habilidade para retransmitir a interpretação, quando necessário,
habilidade para encontrar o item lexical e a terminologia

120
adequada avaliando e usando-os com bom senso, habilidade
para recordar itens lexicais e terminologias para uso no futuro.
• Na Área ou Referencial: conhecimento requerido para
compreender o conteúdo de uma mensagem que está sendo
interpretada, imagina um TILSP que atua na escola e desconhece
como uma escola funciona? Ele não vai dar conta de realizar a
sua atividade interpretativa, por isso ele precisa conhecer muito
bem o seu espaço de trabalho para conseguir efetuar uma boa
interpretação.
• Bicultural: profundo conhecimento das culturas que
subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação
tais como: conhecimento das crenças, valores, experiências e
comportamentos dos utentes da língua fonte e da língua alvo
e apreciação das diferenças entre a cultura da língua fonte e a
cultura da língua alvo.
• Técnica ou Profissional: habilidade para posicionar-se
apropriadamente para interpretar, habilidade para usar diferentes
ferramentas que fazem parte do ato interpretativo, envolve
até conhecer o local de atuação onde você vai realizar a sua
interpretação.

DICA
A presença do tradutor-intérprete de
Língua Brasileira de Sinais, em sala de aula
e em outros ambientes educacionais, é
importante para que os alunos surdos
usuários da Libras tenham acesso aos
conteúdos escolares, contribuindo para a
melhoria do atendimento e o respeito à
diversidade linguística e sociocultural dos
alunos surdos de nosso país.

Esse livro tem como objetivo apoiar e


incentivar o desenvolvimento profissional
de tradutores e intérpretes de Libras/
Língua Portuguesa.

A versão eletrônica deste livro está


disponível para download gratuito em
formato PDF.

FONTE: https://bit.ly/3yPCATe. Acesso em:


17 maio. 2021.

Observa-se que a diferenciação entre estes tipos de conhecimentos é de


fundamental importância, porém não é suficiente, pois para além de saber o que
é, é necessário também saber por que empregar os conhecimentos declarativo
e procedimental em determinada situação. Todavia, a qualificação da CT, em um

121
conhecimento especializado, traz avanços na busca de uma definição do que é uma CT,
tendo em vista que esta pressupõe uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes
organizados que são mobilizados em momentos oportunos na prática tradutória.

4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO
Como observamos anteriormente a partir da Teoria Interpretativa da Tradução
(SELESKOVITCH; LEDERER, 1989 apud FREIRE, 2008) e a Teoria do Modelo dos Esforços
da Interpretação (GILE, 1995 apud FREIRE, 2008), no ato interpretativo o TILSP necessita
tomar uma série de decisões que vão, segundo Seleskovitch, de uma desverbalização,
ou seja, a extração de sentido com a metáfora da roupa utilizada pela autora, ou ainda,
segundo Gile a audição e análise das mensagens que estão sendo produzidas no
discurso passando pela análise do que se quer dizer até a produção dessa interpretação.
Nesse ínterim, cabe ao profissional tomar decisões e fazer escolhas de quais palavras,
na língua alvo, levarão aquele sentido até o público que necessita dessa informação.

Santiago (2012) apresenta uma problemática terminológica dentro dos Estudos


Processuais da Tradução para definir o que seriam procedimentos e o que seriam
estratégias, que em suma possuem mesma função no ato tradutório, todavia precisam
ser clarificados quanto às suas definições. Segundo a autora

Pretendo apresentar aqui os procedimentos técnicos ou estratégias


de tradução/interpretação. Aqui coloco o primeiro questionamento,
já que a tarefa de um locutor está imbricada em escolhas, farei uma
escolha desde aqui consciente do termo a ser utilizado neste texto
(SANTIAGO, 2012, p. 35).

Assim como a autora, também optamos por utilizar o termo estratégia, mas
primeiramente, precisamos expor que o conceito de procedimento “está diretamente
ligado à maneira de agir, à conduta e ao comportamento, outro conceito aplicado é o
de ação ou método de realizar um trabalho de forma correta para atingir uma meta”
(SANTIAGO, 2012, p. 35), uma variação do termo é procedimento técnico que ainda
nas palavras da autora “pode assumir um sentido mais específico, pois a palavra técnico
traz consigo o sentido de algo padrão ou operacional” (SANTIAGO, 2012, p. 35) já o
conceito de estratégia, o que seja utilizado por nós, “e tende a considerar as condições
do contexto, envolvendo um processo decisório ao pensar em uma dada atividade,
e usando uma atividade formalizada para chegar a um objetivo pré-determinado”.
(SANTIAGO, 2012, p.35).

Ao observar o conceito podemos lembrar que o termo estratégia é muito utilizado


em âmbito bélico, todavia é hoje presente em muitos outros contextos científicos,
porém a autora faz uma interessante relação entre as estratégias de guerra frente às
estratégias utilizadas por TILSP, vejamos:

122
QUADRO 1 - A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ESTRATÉGIA NA GUERRA E NA TRADUÇÃO/INTERPRETAÇÃO.

Princípios
Na guerra Na tradução/Interpretação
Fundamentais
conhecer o campo da batalha; entender as condições,
Do campo de
lugares para atacar e para o contexto da tradução/
batalha
refugiar-se interpretação
o estado de suas tropas;
preparação; organização dos
as tropas devem saber que
Da concentração recursos línguísticos; a cada
estão treinadas; ficar em
das forças novo enunciado uma nova
guarda mesmo depois de uma
tradução
aparente vitória

saber o que fazer e o que não concentração dispensada na


Do ataque pode fazer; saber tirar proveito tradução; implementação de
de todas as situações procedimentos

gestão das contingências, gestão do inesperado; o


Das forças
saber o que temer ou esperar; fantasma da intraduzibilidade;
diretas e indiretas
controle do inimigo e a relação com “o outro”

FONTE: Santiago (2012, p. 36)

Tal escolha terminológica, realizada por nós, vai ao encontro com a definição de
Bordenave (1987, p. 2) e Barbosa (2004, p. 11; 2020, p. 11) que concordam que a tradução
é uma “atividade humana realizada através de estratégias mentais empregadas na
tarefa de transferir significados de um código linguístico para outro” (grifos nossos).
Quem inicia, em âmbito teórico a discussão sobre as estratégias de tradução foram Vinay
e Darbelnet (1977) que primeiramente publicaram um resumo em 1958 e expandiram a
publicação em 1977.

Claro que aqui não se cabe detalhar cada uma dessas estratégias tendo em
vista que apenas Barbosa (2020) aponta 14 diferentes, há outros autores, que vão
definir muitas outras incontáveis. No entanto, você poderá encontrar mais informações,
como leitura complementar, no livro “Libras e sua Tradução em pesquisa: interfaces,
reflexões e metodologias”, no Capítulo 5 intitulado como “A atuação de intérpretes de
língua de sinais: revisitando os códigos de conduta ética” (SANTOS, 2017, p. 92). Santos
é professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (UFSC/UFES), e
doutor em estudos da linguística, e é um dos principais divulgadores da necessidade do
desenvolvimento de estratégias por TILSP a partir de seu curso/canal denominado de
“Traduz Aí: descomplicando o processo de tradução no par Libras-português” que pode
ser encontrado no YouTube.

123
DICA
Para mais informações sobre as estratégias de
tradução, leia gratuitamente o Livro “Libras e
sua Tradução em pesquisa: interfaces, reflexões
e metodologias”, o capítulo 5 intitulado como
“A atuação de intérpretes de língua de sinais:
revisitando os códigos de conduta ética”,
acessando o link: https://bit.ly/3vvcenT.

FONTE: ALBRES, N. A. Libras e sua tradução em


pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias.
Biblioteca Universitária, UFSC. 2017. Disponível
em: https://bit.ly/3vvcenT. Acesso em: 17 maio.
2021.

DICA
Para conhecer as 14 diferentes estratégias
de tradução, apontadas por Barbosa (2020),
recomendamos a leitura do livro “Procedimentos
Técnicos da Tradução: uma nova proposta''.

FONTE: http://bit.ly/3rwuT0h. Acesso em: 17 maio.


2021.

Outra leitura importante é a do livro “Análise


textual em tradução: bases teóricas, métodos e
aplicação didática”, de Christiane Nord, que pode
ser baixado gratuitamente.

FONTE: https://bit.ly/3uOGVDo. Acesso em: 17


mai. 2021.

5 PROBLEMAS DE TRADUÇÃO
Você já presenciou algum TILSP, em atuação profissional, quando realiza o
processo de interpretação, ou até mesmo quando ele começa a gaguejar na interpretação
de Libras-português, a interpretação direta – popularmente conhecida como dar voz
ao surdo, verbalização ou vocalização – utilizando expressões como “é..... é..... é....” ou
até mesmo os vícios de linguagem como “né... então... ãn...”? Pois bem, quando isso
acontece, o processo interpretativo, realizado no cognitivo do intérprete, está travado
pois se esbarrou em um problema de tradução, mas você sabe o que é um problema de
tradução?
124
Nas palavras de Nord (2018, p. 263), “um problema de tradução é uma tarefa
de transferência objetiva (ou intersubjetiva) que todo tradutor, deve resolver durante
um processo específico de tradução”, ou seja, é naquele momento em que o TILSP se
pergunta “como traduzir isso?”

A autora ainda categoriza quatro tipos diferentes de problemas de tradução


(NORD, 2018, p. 263), são eles:

• problemas de tradução pragmáticos (PTP), que surgem do


contraste entre a situação na qual o Texto Fonte é/ou foi utilizado
e a situação para a qual o Texto Alvo é produzido (por exemplo,
a orientação ao público de um texto ou referências dêiticas de
tempo e lugar);
• problemas de tradução relacionados a convenções (PTC),
que surgem das diferenças nas convenções comportamentais
entre as culturas fonte e alvo (por exemplo, convenções de
gênero, de mensuração ou de tradução);
• problemas de tradução de ordem linguística (PTL), que
surgem de diferenças estruturais entre as línguas fonte e alvo
(por exemplo, a tradução do gerúndio do inglês para o alemão ou
das partículas modais do alemão para o português);
• problemas de tradução específicos (PTE), que surgem
de características específicas do Texto Fonte (por exemplo, a
tradução de um trocadilho).

Tendo em vista que a autora atua com línguas orais, ou seja, um processo
tradutório entre línguas vocais, cabe exemplificarmos cada um dos problemas de
tradução quando trabalhados no par Libras-português.

Quando tratamos dos problemas relacionados a PTP estamos falando de diversos


níveis de registros, ou seja, nível de formalização/informalização de um determinado
texto, também podemos identificar as questões relacionadas à tridimensionalização do
texto frente a linearidade da produção do texto em português.

Já quando observamos os PTC estão colocados na mesa questões relacionadas


aos elementos extralinguísticos ligados ao público-alvo do texto, quando, por exemplo,
estamos trabalhando com questões auditivas para com um público que é surdo. Quando
falamos sobre o “sinal de batismo” em Libras, por exemplo, temos um elemento de
divergência extralinguístico já que tal sinal é uma metonímia linguística para identificar
uma pessoa por completo, diferente do nome em português que identifica o indivíduo
sem caracterizá-lo.

Já os PTL estão relacionados às divergências linguísticas existentes entre o


texto fonte e o texto alvo no que tange questões linguísticas, uma delas que podemos
exemplificar é, por exemplo, a quantidade de palavras existentes em uma determinada
língua, ao analisarmos nosso par linguístico, a Libras possui muito menos possibilidades
linguísticas do que o português, assim o TILSP necessita encontrar os elementos
gestuais-visuais que se equivalham, mas isso nem sempre é uma tarefa fácil.

125
Por fim os PTE estão relacionados a divergências dos gêneros textuais
existentes entre nossas línguas, isto é, uma música em Libras não é a mesma coisa que
uma música em português, uma piada assume características diferentes em ambas as
línguas e no ato interpretativo o TILSP vai precisar não apenas interpretar as intenções
enunciativas, mas, sobretudo, moldar o gênero textual de acordo com a língua.

DICA
Para ampliar mais o seu conhecimento, acesse e
baixe gratuitamente e leia o Capítulo “Português
e Libras em diálogo: os procedimentos de
tradução e o campo do sentido” de Santiago
(2012) neste livro: Libras em Estudo:
tradução/interpretação. Disponível em:
https://bit.ly/2YQgJdU.

Você também poderá baixar os outros livros


desta coleção gratuitamente, acessando o
Projeto “Literaturas do Universo Surdo de A à
Z”, Letra #L - parte 2, disponível em: https://bit.
ly/3seTual.

FONTE: SANTIAGO, V. A. A. Português e Libras


em diálogo: os procedimentos de tradução
e o campo do sentido. ALBRES, N. A. Libras
em Estudo: tradução/interpretação. São
Paulo: Feneis, 2012. Disponível em: https://bit.
ly/2YQgJdU. Acesso em: 17 maio. 2021.

126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Traduzir e/ou interpretar são processos dinâmicos que demandam tempo, saúde
cognitiva, conhecimentos linguísticos e técnicos, além da interdependência de
outros pares munidos de recursos que poderão subsidiar com qualidade o trabalho
final.

• Devido a demanda de atuação e responsabilidades do profissional TILSP, é


inadmissível que este desconheça informações relevantes e as especificidades
sobre o idioma o qual irá mediar.

• Temos um conceito dividido em quatro elementos, a saber: (1) um processo


interpretativo; (2) gerador de um texto novo reformulado a partir de elementos
linguísticos e extralinguísticos da língua alvo; (3) o desenvolvimento de um contexto
social; e (4) a finalidade de levar ao público-alvo informações que estão sendo
mediadas.

• Há 6 Competências Tradutórias básicas: (1) o conhecimento que vai para além de


saber as duas línguas; (2) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser
estudado em diversos níveis de conhecimento; (3) o conhecimento declarativo, ou
seja, saber conceituar, e processual, saber agir mediante a determinadas situações;
os (4) conhecimentos agrupados em conhecimentos relacionados, habilidades e
atitudes; (5) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de
acordo com as situações interpretativas que emergem na prática profissional; e o
(6) uma gama de outros conhecimentos que vão desde a experiência do tradutor e
o contexto de tradução.

• Há outras categorias que compõem as Competências Tradutórias: a Linguística, a


de Transferência, a Metodológica, a de Área ou Referencial, a Bicultural, e a
Técnica ou Profissional.

• Ao atuar, o Tradutor e Intérprete de Libras, poderá lançar mão de uma série de


estratégias de tradução quando surgir a necessidade para tais. Ao fazer isso, ele
não compromete o processo tradutório, pois, ao realizá-las de forma satisfatória,
essas servirão como apoio garantindo assim uma tradução e/ou interpretação
bem-sucedida.

127
AUTOATIVIDADE
1 A divergência textual existente entre o nosso par linguístico se demonstra como um
problema de tradução. A qual problema está associado essa divergência como nos
demonstra Nord (2018, p. 263)?

a) ( ) problemas de tradução pragmáticos (PTP)


b) ( ) problemas de tradução relacionados a convenções (PTC)
c) ( ) problemas de tradução de ordem linguística (PTL)
d) ( ) problemas de tradução específicos (PTE)

2 Como você observou nesta disciplina, tanto a Teoria do Modelos de Esforços de


Gile quanto a Teoria Interpretativa da Tradução de Seleskovitch apontam para um
processo tripartite de ações em que a tradução é o produto dessas atividades. Albir
(2005) equiparou a tradução a um processo e defendeu que a atividade consiste no
processo interpretativo e comunicativo. Sobre a defesa de Albir (2005) quanto aos
conceitos divididos e com base no que você estudou analise as questões abaixo.

I- Processo em que o profissional precisa interpretar, ou seja, entender o que se quer


dizer com o texto fonte e como se está dizendo.
II- Processo que gera um texto novo reformulado a partir de elementos linguísticos e
extralinguísticos da língua alvo.
III- Processo que se desenvolve em um contexto social que demanda acesso às
informações como educação, saúde e justiça por exemplo.
IV- Processo que possui uma finalidade, quer dizer, levar ao público destinatário
informações que cumprem a um objetivo definido.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Apenas a assertiva I, II e IV estão corretas.


b) ( ) Somente a assertiva I, II e III estão corretas.
c) ( ) Todas as assertivas estão corretas.
d) ( ) Apenas a assertiva I, III e IV estão corretas.

3 Como você viu neste Tópico “uma competência é, segundo Lasnier (2000, p. 31), o
saber como agir complexo e resultante de uma integração, uma soma de mobilização
e organização da combinação de capacidades e de habilidades, que podem
ser cognitivas, afetivas, psicomotoras ou sociais, e de conhecimento. A isso, tal
competência é nominada de Competência Tradutória (CT) e definidas como:

De acordo com essas proposições, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para


as falsas:

128
( ) um conhecimento que vai para além de saber as duas línguas.
( ) um conhecimento que é especializado, ou seja, precisa ser estudado em diversos
níveis de conhecimento dos sujeitos surdos.
( ) é composta de um conhecimento declarativo, ou seja, saber conceituar, e
processual, saber agir mediante a determinadas situações.
( ) um sistema organizado de conhecimentos que são mobilizados de acordo com as
situações interpretativas que emergem na prática profissional.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.

4 Como apresentado por Silva e Santos (2021), Catford (1980) nos versa, de forma
ampla, que a tradução é exercida quando temos uma substituição de material textual
e equivalente, de uma língua a outra, sendo este conceito aplicado em uma operação
que se realiza naturalmente entre línguas distintas. Baseado no que você estudou
até agora e aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução intralingual, intalinguagem e


intersemiótica.
b) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e
intersemiologia.
c) ( ) As três tipologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e
intersemiótica.
d) ( ) As três apologias de tradução são: a tradução interlingual, intralingual e
intersemiótica.

5 Sabemos que são diversas as contribuições dos estudos processuais que são
utilizados nas experiências linguísticas e tradutórias, e que os profissionais TILSP/
GILSP acumulam no exercício da sua profissão sendo influenciados significativamente
na forma de como atuam. Analise as sentenças abaixo.

I- Quando se aprende a Língua de Sinais, principalmente a utilizada em casa, os


efeitos de simultaneidade tendem a ficar mais divergentes com o português.
II- As especificidades das modalidades tradutórias é o que coloca o profissional
tradutor intérprete em grande desenvolvimento.
III- Os pormenores linguísticos das modalidades é que dão à Libras o conceito de língua,
como organização de elementos estruturais possibilitadores da comunicação
surdocega.
IV- O par linguístico em que se trabalha, possui modalidades de produção e de usos
diferentes, surgindo assim especificidades no ato interpretativo denominado de
efeitos de modalidade.

129
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença IV está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

130
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL
TILSP

1 INTRODUÇÃO
Assim como em cada profissão, em cada ofício existente, há um começo de
lutas, percalços, dificuldades e grandes surpresas, além de demandas emergentes e
muito significativas. A eclosão baseada no status momentâneo daquela demanda traz
consigo um nicho de possibilidades de ingresso e permanência contínua ou temporária.
Quando nos damos conta de que, na Educação, a necessidade de recursos humanos é
emergente, logo pensamos na formação de qualidade para atender os profissionais que
atuarão neste contexto. Ainda assim, quando esses profissionais irão atuar, ou mediar,
dois idiomas distintos, duas estruturas linguísticas de modalidades diferentes e que
demandam uma formação específica ancorada em competências e habilidades básicas,
técnicas e estratégias, e não somente pedagógica, e muito menos simplória e rasa,
como já mencionamos anteriormente.

FIGURA 14 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL

FONTE: <https://shutr.bz/3iELFZh>. Acesso em: 10 ago. 2021

131
FIGURA 15 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO MÉDICO

FONTE: <https://bit.ly/3srwExz>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 16 – INTERPRETAÇÃO NO CONTEXTO JURÍDICO

FONTE: <https://bit.ly/3CK3COi>. Acesso em: 11 ago. 2021

FIGURA 17 – INTERPRETAÇÃO EM CONTEXTOS OFICIAIS

FONTE: <https://shutr.bz/3CBj5A2>. Acesso em: 10 ago. 2021

Desde o reconhecimento da Libras como meio de comunicação oficial da


comunidade surda no Brasil (BRASIL, 2002), a demanda de profissionais TILSP tem
ampliado principalmente após a regulamentação desta Lei (BRASIL, 2005) e do

132
reconhecimento dessa profissão (BRASIL, 2010). Não somente após os anos 2000 que
a demanda é emergente. Antes disso, a Comunidade Surda já se encontrava à mercê
de profissionais TILSP voluntários para atuar nos espaços em que ela se encontrava
e necessitava dos serviços de tradução e interpretação. No entanto, vale lembrar que
muitos desses trabalhos eram realizados por voluntários sem formação específica, e
muito das vezes sem as competências tradutórias e habilidades de interpretação.

O tempo passou, novas contribuições à formação deste profissional têm surgido


- ainda que não tenhamos um padrão ou um currículo organizado para a formação
específica em cada esfera - e muitas discussões, nos últimos 10 anos tem ocorrido.
Essas, de grande relevância e oriundas de eventos organizados por pesquisadores
linguísticas, tratam da necessidade da formação de qualidade desse profissional.
Para tanto, as esferas que este profissional atua, são inúmeras, porém, neste tópico
abordaremos brevemente apenas três delas: educacional, jurídica e midiática.

Além disso, prezado acadêmico, você verá quais são as atribuições distintas,
o código de ética que rege esse profissional e a problematização dos equívocos que
ocorrem durante o seu trabalho, no ato tradutório e interpretativo.

INTERESSANTE
Para saber mais sobre a história, o surgimento do profissional TILSP e o
seu processo de inserção na sociedade com o trabalho voluntário até a
sua profissionalização. Acesse e leia “A historicidade do TILS - tradutor
e intérprete de língua de sinais do anonimato ao reconhecimento”
em Araújo (2017, p. 149-163). Disponível em: https://doi.org/10.46401/
ajh.2015.v7.2664.

2 ESFERA EDUCACIONAL, JURÍDICA E MIDIÁTICA


Neste subtópico você verá como se dá a inserção do profissional TILSP nessas
esferas de atuação e emergentes em todo o território brasileiro, e porque não em
muitos outros países em que as Línguas de Sinais (LS) são reconhecidas, e muito mais
emergentes durante o período de pandemia da COVID-19 a partir de 2020.

DICA
Para saber quais os países têm suas Línguas de Sinais reconhecidas
legalmente, acesse e leia a pesquisa “O ingresso e a formação acadêmica
do sujeito surdo: singularidades, conquistas e desafios da educação
inclusiva no espaço universitário” em Silva (2019, p. 45-47) disponível
em: https://bdtd.unifal-mg.edu.br:8443/handle/tede/1453.

133
2.1 ESFERA EDUCACIONAL
Na esfera educacional, há muitas e contraditórias inserções precipitadas que
traz à tona a fragilidade do sistema e dos processos de contrato deste profissional, o
qual irá atuar em um dos campos de mais responsabilidade, principalmente no que
diz respeito ao contexto de acessibilidade na perspectiva de educação inclusiva. Como
apontam Costa e Albres (2019, p. 312), ao contratar o TILSP, há uma indefinição “nos
papéis desses profissionais ou mesmo uma inquietação quanto ao perfil profissional do
intérprete nesse contexto”.

Esses contratos, geralmente temporários, fazem menção da formação


específica que o profissional deve ter para atuar na educação. Na maioria das vezes,
o perfil profissional prescrevido nos editais de contrato é o do sujeito com formação
em licenciaturas, somadas a cursos de Libras, e não o de bacharel em tradução e
interpretação. Isso nos leva a entender que este profissional não atuará apenas como
um TILSP, mas sim como professor auxiliar e mediador de outras atividades, em outros
contextos vinculados à educação, os quais, em ambiente educativo, a instituição poderá
lhe atribuir (COSTA; ALBRES, 2019). A título de exemplo, a atuação poderá acontecer em
sala de aula inclusiva e/ou em salas de recursos, em apoio ao Atendimento Educacional
Especializado - AEE em que há alunos surdos matriculados (BRASIL, 2011).

IMPORTANTE
Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação
especial, o atendimento educacional especializado (AEE). Disponível em:
https://bit.ly/2S9LF9d. Acesso em: 6 maio. 2021.

FIGURA 18 - INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS EM SALA DE AULA

FONTE: <http://tilsmeirsp.blogspot.com/2017/03/aspectos-descritos-por-um-tils-pensados.html>. Acesso


em: 12 maio. 2021

134
Na contemporânea e reivindicada educação inclusiva, a inserção desses
profissionais vai além da prática, das funções e do campo de atuação específica do
TILSP. Ao fazerem uma análise das atribuições do TILSP nesse contexto, em que a
diversidade do ambiente educacional bem como das especificidades de cada alunado
surdo deve ser levado em conta, Albres e Rodrigues (2018, p. 34) concluíram que:

Todas as atividades vinculadas aos IE [intérprete educacional] são singulares


e dependentes do contexto da sala de aula, da necessidade de cada aluno, das
características de cada disciplina e, até mesmo, da empatia e articulação com cada
professor regente. Essas diversas atribuições dos IE evidenciam a complexidade da
atuação e reiteram, uma vez mais, a importância de uma formação adequada que
envolva aspectos linguísticos, extralinguísticos, atitudinais, tradutórios, interpretativos,
didáticos e pedagógicos.

É exatamente nessa questão, em que o profissional atuará numa gama


complexa e diversa, que nós vemos a fragilidade do sistema e da inserção precipitada
desse sujeito. Uma reflexão importante e significativamente inquietante, para além da
inserção nessa esfera, é saber que muitos ingressos dispõem de certificação superior,
em pós-graduação, que os qualifica como Especialistas na área de atuação, e muito
das vezes sem ao menos ter tido algum contato com a comunidade surda, tendo
apenas o conhecimento de suas singularidades, especificidades bem como de sua
cultura, pautado nas bases teóricas ao longo de um curso com variante entre 360 e 460
horas, e não com base experienciadas, o envolvimento linguístico, in loco, junto a essa
comunidade (SILVA, 2018).

DICA
Para mais detalhes dessa inserção precipitada e frágil, acesse e leia o artigo
“O TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Precipitada
e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada”. Disponível
em: https://bit.ly/3uPM4uM.

ESTUDOS FUTUROS
Compreender as atribuições deste profissional, independentemente de
onde ele atua, é essencial para que, do ponto de vista ético com a área de
atuação e do público-alvo que será atendido, a execução de suas atribuições
seja de qualidade e responsável (QUADROS, 2007). Falaremos mais sobre
essa inserção precipitada e frágil na Unidade 3.

135
DICA
Para conhecer mais sobre as atribuições do
Tradutor e Intérprete de Libras, acesse, baixe
gratuitamente e leia o Livro “O Tradutor e In-
térprete de Língua Brasileira de Sinais e
Língua Portuguesa” de Quadros (2007) dis-
ponível em: https://bit.ly/3abkhNd.

FONTE: QUADROS, R. M. O Tradutor intérpre-


te de língua de sinais e língua portuguesa. 2.
ed. Brasília: MEC: SEESP, 2007. Disponível em:
https://bit.ly/3abkhNd. Acesso em: 17 maio.
2021.

Outro livro importante e que também traz con-


siderações sobre as atribuições e formação do
TILSP, é o livro “Intérpretes Educacionais de
Libras: Orientações para prática profissional”
que pode ser baixado gratuitamente.

FONTE: SANTA CATARINA. Intérpretes educacio-


nais de Libras: orientações para a prática profis-
sional. Florianópolis: DIOESC, 2013. Disponível
em: https://bit.ly/3fOEpaD. Acesso em: 15 maio.
2021.

2.2 ESFERA JURÍDICA


A esfera jurídica, ou esfera pública jurídica, conforme apresenta Gonçalves
(2018, p. 143), “pode ser entendida como a fronteira entre as instituições jurídicas e a
sociedade”. Também, é uma dinâmica realidade, pois o seu corpus, ou a sua coleção de
documentos e outras especificidades a ela inerentes, se diversifica a cada novos direitos
criados e vinculações inseridas, além da remoção daqueles que foram substituídos
(DRE, s.d.). Por ser um espaço de conexão entre instituições jurídicas e sociedade
civil (GONÇALVES, 2018), entendemos que esse contexto apresenta grandes desafios
quando o aproximamos da área de atuação do profissional Tradutor e Intérprete de
Língua de Sinais.

A esta área de atuação, não há pesquisas e profissionalização, em território


brasileiro, que subsidiem a formação dos profissionais TILSP. Mas, as poucas e crescentes
produções que vêm sendo divulgadas, além das apresentações via plataformas de
vídeo nas redes sociais, mostram o quão desafiador e complexo é o trabalho do tradutor
e intérprete.

136
FIGURA 19 – INTÉRPRETES SURDOS NO TRIBUNAL

FONTE: <https://bit.ly/3sjIUQv>. Acesso em 12 maio. 2021.

FIGURA 20 – INTÉRPRETES SURDOS NO TRIBUNAL

FONTE: <https://bit.ly/3CODguw>. Acesso em: 12 maio. 2021

Os serviços que o sistema judiciário oferta, fomenta uma enorme necessidade


de planejar e implementar ações que venham a oferecer subsídios à prática da
“profissionalização de intérpretes de Libras-Português que atuam no campo jurídico”
(RECKELBERG; SANTOS, 2019, p. 3). Mesmo incipiente no Brasil, em outros países a
profissionalização desse profissional é bem mais evoluída. Pensar na promoção
profissional deste, é levá-lo à habilitação de qualidade que garanta a acessibilidade
dos surdos brasileiros nesse espaço. Implementar serviços de interpretação de Libras-
português no Judiciário brasileiro é uma realidade emergente, como apontam Santos e
Beer (2017).

[...] ressaltamos que no Brasil o campo da interpretação de Língua


Brasileira de Sinais (Libras) para o Português, e vice-versa em
contextos jurídicos é incipiente, tanto no que se refere à pesquisa
quanto à atuação propriamente dita. Tal área carece de pesquisas
que evidenciem as principais demandas, dificuldades e desafios
dos intérpretes nesse contexto específico de trabalho. Além disso,
a necessidade de formação específica para os intérpretes de Libras-

137
português que atuam no contexto jurídico é urgente, uma vez que
a comunidade surda tem cada vez mais buscado seus direitos
(SANTOS; BEER, 2017, p. 292).

INTERESSANTE
Para saber mais sobre como é complexo o trabalho do tradutor e
intérprete na esfera jurídica, além das demandas e experiências que
estes profissionais têm, acesse as “Aulas abertas sobre Tradução e
Interpretação de Libras no Contexto Jurídico Brasileiro” do Grupo de
Pesquisa LingCognit – Linguagem & Cognição: escolhas tradutórias e
interpretativas, no Youtube.

Você poderá assistir a aula “O Tradutor Juramentado como auxiliar da


Justiça no Brasil”, partes 1 e 2, acessando estes links: Parte 1: https://
youtu.be/KReEeCBWOGU; Parte 2: https://youtu.be/GqtSr0C54hg. No
canal você encontrará outros temas, como:

“O ensino prático de sinais manuais jurídicos em Libras”; “(Des)Encontros


de Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais em contextos jurídicos
e policiais”; “Uma análise do perfil de Tradutores/Intérpretes de Libras-
Português no contexto político televisivo brasileiro”; “Linguística Forense
No Brasil: desafios e oportunidades para tradução e interpretação das
línguas naturais”; “Formação e experiência do Tils no contexto político
com uso terminologias jurídicas”; “Acessibilidade Comunicacional:
tradução/interpretação no contexto jurídico”; e “Os Bastidores da
Interpretação no Judiciário”.

2.3 ESFERA MIDIÁTICA


Na esfera midiática, em alta nos dias de hoje, podemos observar que a primeira
inserção desse profissional se deu ainda em 1989, como vemos em Bianchini (2015),
uma das aparições mais remotas da inserção de TILSP, podendo não ser a primeira
no Brasil, realizando interpretação simultânea em contextos políticos foi na campanha
política do então candidato à Presidência da República, Guilherme Afif Domingos, que
teve no vídeo a companhia do TILSP Paulo Favalli.

138
FIGURA 21 - CAMPANHA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA DE GUILHERME AFIF COM JANELA DE LIBRAS
GRAVADO EM 1989 E DISPONIBILIZADO NO YOUTUBE DIA 07 DE AGOSTO DE 2011

FONTE: <https://youtu.be/IqxIu17ybM0>. Acesso em: 12 maio 2021

Já nos anos 1990, a Federação Nacional da Educação e Integração do Surdo


(FENEIS), publicou uma cartilha denominada “O que é o Intérprete de Língua de Sinais
para Pessoas Surdas” (Figura 22), publicada em 1995, que apresentou à sociedade civil
a forma como este tipo de tradução deveria ser exercida.

FIGURA 22 - CARTILHA O QUE É O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS PARA PESSOAS SURDAS?

FONTE: Adaptado de Feneis (1995) – acervo pessoal

139
FIGURA 23 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - CONSULTAS
E AVALIAÇÕES MÉDICAS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 24 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - HOSPITAIS


E CLÍNICAS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 25 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - REUNIÕES


PROFISSIONAIS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

140
FIGURA 26 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -
TREINAMENTO FORMAL

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 27 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - REUNIÕES


ESCOLARES

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 28 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - EVENTOS


RELIGIOSOS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

141
FIGURA 29 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - NO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 30 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - AUDIÊNCIAS


PÚBLICAS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

FIGURA 31 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - SHOWS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

142
FIGURA 32 - DIFERENTES CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -
TELEJORNAIS

FONTE: Adaptado de Feneis (1995)

Com o passar do tempo surgiram as legislações que buscam normatizar


a presença do TILSP em âmbito audiovisual. A primeira delas é a Lei nº 10.098/00,
conhecida como Lei da Acessibilidade, que nos seus artigos 18 e 19 pauta a necessidade
de inserção desse, veja:

Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais


intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação.
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens
adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o
uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o
direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência
auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento.

Como observado nos itens presentes na legislação a inserção desse profissional


seria, a partir de agora, uma realidade, porém o contraponto para a realização dessa
questão era a escassez de profissionais habilitados para atuar nesse tipo de demanda.
Em pouco tempo, em apenas dois anos, foi sancionada a Lei nº 10.436/02, conhecida
como a Lei da Libras, e que trouxe mais um reforço legal para a inserção do TILSP em
diferentes contextos.

Já no ano de 2004, temos então Decreto nº 5.296/04 que regulamentou as


Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas
que especifica, e a 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais
e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, respectivamente.
Nesta legislação de fato foram dados os mecanismos que fariam com que a Lei
10.098/00 pudesse ser cumprida nos limites que foram estipulados.

143
IMPORTANTE
Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000 e estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade.
Disponível em: https://bit.ly/3g6Ga3l. Acesso em: 6 maio. 2021.

Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Lei da Acessibilidade.


Disponível em: https://bit.ly/3yUWk8v. Acesso em: 5 fev. 2021.

Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Reconhecimento da Libras.


Disponível em: https://bit.ly/3uFfKux. Acesso em: 5 fev. 2021.

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão


da Pessoa com Deficiência (LBI).
Disponível em: https://bit.ly/3fHA3Dy. Acesso em: 7 maio. 2021.

ATENÇÃO
A terminologia “Pessoas Portadoras de Deficiência” (PcD), que aparece
em muitos documentos oficiais bem como nas literaturas, “tornou-
se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996” no Brasil.
Comumente utilizada nas literaturas e legislações, ainda permanecem
seus registros. Infelizmente muitos, desinformados ou não, ignoram
os novos conceitos e o ponderamento das pessoas com deficiência,
pois, elas não portam deficiência, assim, como por exemplo, um
documento ou outro objeto. Mesmo que ecoe na mídia e até mesmo
entre profissionais de educação, é muito importante atualizar nosso
vocabulário, harmonizando assim com as novas terminologias e
legislação vigente (SASSAKI, 2003; BRASIL, 2015).

FONTE: SASSAKI, R. K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão.


In: VEET VIVARTA (org.). Mídia e deficiência. Brasília: Andi, Fundação Banco
do Brasil, 2003. Disponível em: http://www.andi.org.br/publicacao/midia-
e-deficiencia. Acesso em: 7 maio. 2021.

No intuito de normatizar de que forma a acessibilidade seria instituída na


televisão, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) instituiu a Norma Brasileira
(NBR) 15.290/2005, tratando de que forma a acessibilidade em comunicação seria
veiculada na televisão. Objetivando

Estabelece[r] diretrizes gerais a serem observadas para acessibilidade


em comunicação na televisão, consideradas as diversas condições
de percepção e cognição, com ou sem a ajuda de sistema assistivo
ou outro que complemente necessidades individuais (ABNT, 2005,
p. 1).

144
Em seu item 7, encontramos as diretrizes para a Janela de Libras, sendo esta da
ordem de ¼ de largura por ½ da altura, para que o TILS exerça sua função.

FIGURA 33 - TAMANHO DA JANELA DE LIBRAS PROPOSTO PELA ABNT

FONTE: Adaptado de <http://goo.gl/z6ncL9>. Acesso em: 12 out. 2021

A Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), lança em 2009 uma cartilha, em parceria


como o Ministério da Justiça, motivada pelo não entendimento, das pessoas Surdas,
sobre a Classificação Indicativa (Figura 14), instituída pela Portaria MJ nº 1.220, de 11 de
julho de 2007, veiculada em Libras pelas emissoras de televisão.

IMPORTANTE
Portaria MJ nº 1.220, de 11 de julho de 2007, regulamenta as
disposições relativas ao processo de classificação indicativa de obras
audiovisuais destinadas à televisão e congêneres.
Disponível em: https://bit.ly/3pkgTH7. Acesso em: 7 maio. 2021.

145
FIGURA 34 - CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DETERMINADA PELO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

FONTE: <https://bit.ly/3gahirh>. Acesso em: 7 maio. 2021

Sendo a televisão uma fonte de informações, como já se apontou, que atrai


um grande público, inclusive pessoas Surdas, é premente refletir sobre técnicas
específicas de transmissão da informação para que este público possa ter acesso à
programação oferecida pelas emissoras. Apesar de as tecnologias atuais ofertarem
uma acessibilidade maior para os surdos, isso ainda não ocorre de modo totalmente
satisfatório nas emissoras de televisão brasileiras.

Sabe-se que muito ainda há o que se fazer, mas tal espaço de atuação se
demonstra como profícuo para a inserção do intérprete, o que precisa ficar claro é que
não se buscou aqui fazer um panorama sobre a inserção do TILSP em âmbito audiovisual,
para mais informações sugere-se a leitura de Nascimento (2020) e Santos (2020) que
abordam tal área de maneira mais abrangente.

3 ATRIBUIÇÕES DISTINTAS: RESPONSABILIDADES


EQUIVALENTES
A inserção de TILSP em âmbito jurídico, em território brasileiro, é uma das mais
novas conquistas dos profissionais da Tradução no par Libras-Português, já que apenas
em 2016, a partir da Resolução 230 de 22 de junho de 2016, foi possível a nomeação de
tradutor e intérprete de Libras sempre que figurar no processo de pessoa com deficiência
auditiva ou surda (BRASIL, 2016) – ressaltando a diferenciação dada pelo Decreto
5.626/05 assinado 11 anos atrás – “escolhido dentre aqueles devidamente habilitados
e aprovados em curso oficial de tradução e interpretação de Língua(gem) Brasileira de

146
Sinais ou detentores do certificado de proficiência em Tradução e Interpretação de”
Libras-português, o famigerado Prolibras, nos termos do art. 19 do referido Decreto
no ano de 2005, “o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hipótese, será
custeado pela administração dos órgãos do Judiciário” (BRASIL, 2016, Incisos IV e V;
BRASIL, 2005).

IMPORTANTE
Resolução 230, de 22 de junho de 2016, orienta a adequação das
atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares
nomeando o profissional TILSP e Guia-Intérprete - GI, devidamente
habilitado, para assegurar a acessibilidade da pessoa surda, surdocega
e/ou com deficiência auditiva, por meio das diferentes formas de
comunicação. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2301.
Acesso em: 7 maio. 2021.

DICA
“O exame Prolibras [foi] um exame de
proficiência que objetiva[va] certificar
instrutores e professores de língua de sinais
e tradutores e intérpretes de língua de sinais”.

Quer conhecer mais sobre este exame?


Acesse e baixe gratuitamente, o livro “Exame
Prolibras”.

Disponível em: https://bit.ly/3wQXMXE. Acesso


em: 9 maio. 2021.

4 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL TILSP


A Lei Federal 12.319, de 01 de setembro de 2010, nos mostra em seu art. 7º que,
“o intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos
a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial”
(BRASIL, 2010, grifo nosso). Você pode observar que grifamos a questão de valores que
são relacionados à ética, mas, o que são esses valores? De que forma eles podem ser
mensurados? Como desenvolvemos esse aspecto ético para a atuação profissional,
acredito que para começarmos nossa conversa precisamos primeiro estudar um pouco
o que é a ética.

Um dos autores consagrados no que tange a ética é Cortina (2003, p. 18), sobre
ela, afirma que: “embora a ética esteja na moda [nos dias atuais], e todo mundo fale
dela [se discute em muitos espaços], ninguém chega realmente a acreditar que ela

147
seja importante, e mesmo essencial para viver” e para ser um profissional de sucesso
pois, nenhum profissional está dispensado a aplicação de valores éticos relacionados à
prática de sua profissão, seja ela qual for. Lembre-se que a ética é uma daquelas coisas
que todo mundo diz que sabe o que são (mesmo que pelo senso comum), mas que não
são fáceis de explicar, quando alguém pergunta; mesmo assim, a todo momento em
nosso cotidiano, vai aparecer uma questão que envolve a ética, como vemos explica
Valls (1994).

IMPORTANTE
Lei nº 12.319, de 02 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão
de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 5 maio. 2021.

Vamos começar a conceitualizar, segundo o Dicionário Michaelis, a ética pode


ser definida como o

Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos
princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como
a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do
mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base
as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o
comportamento humano (s. d).

E por extensão ela também pode ser entendida como um “conjunto de princípios,
valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma
sociedade: Parece que não há mais ética na política”. Por conceituação, a Ética pode ser
entendida como “o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela perspectiva
para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos [...] é o
conjunto de seus princípios e valores que orientam a minha conduta” como vemos em
Cortella (2017, p. 102).

Num sentido menos filosófico e associado a nossa prática, podemos compreender


um pouco melhor sobre o que se trata esse conceito examinando certas condutas do
nosso dia a dia, na lida cotidiana, quando nos referimos por exemplo, ao comportamento
de alguns profissionais tais como um TILSP e até mesmo um professor.

Por mais que você pense que a Ética é um campo filosófico demais, muita das
vezes distante da nossa prática profissional, para ser estudado na formação do TILSP,
o campo de atuação dela é abrangente e sua reflexão pode ser levada para todas as
áreas humanas pois, seu principal objetivo é teorizar, explicar e defender o melhor
comportamento do ponto de vista dos valores considerados por uma sociedade como
ideais.

148
Nas palavras de Sour (2011, p. 19) “uma série de confusões podem ser associadas
ao estudo da ética, assim ele considera que existem três tipos de noções que podem
causar estas confusões”, são elas:

1. A ética possui essência descritiva, ou seja, corresponde a juízo de valores, isto é,


quem tem boa conduta pode ser considerado como uma pessoa ética. Por outro lado,
quem não condiz com as expectativas sociais pode ser considerado “sem ética”. Aqui
observamos que a ética é reduzida a uma concepção simplista se tornando um mero
adjetivo.
2. A ética é prescritivista, logo ela pode ser ensinada como um “sistema de normas
morais ou a um código de deveres” (SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões morais
que deveriam conduzir categorias sociais ou organizações passam a se chamar de
código de ética, nesse sentido de prescrição a ética e moral tornam-se sinônimo
indissociável.
3. A ética é reflexiva, nesse sentido, ela corresponde a uma teoria sistemática
aplicada como objeto de investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode
ser considerada como: filosófica, refletindo possíveis maneiras de viver e científica,
podendo estudar, observar, descrever e explicar a moralidade como um fenômeno
social.

Qual a necessidade de se estudar ética para a atuação do profissional Tradutor/


Intérprete de Libras-português? Tavares (2013, p.7) tal disciplina baliza as práticas
atribuindo a elas a qualidade de morais ou não, neste sentido estudar a ética profissional
qualifica cada vez mais a mão de obra no serviço da interpretação, isto é “estudar ética,
falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender toda a dimensão da sociedade,
da humanidade. A ética, por si só, não vai elaborar um manual de condutas, nem
tampouco elencar um rol de atitudes certas e erradas” (TAVARES, 2013 p. 9).

A ética profissional é um campo de pesquisa da Deontologia, área da filosofia


moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente
necessárias, proibidas ou permitidas. Segundo Flew (1979) a deontologia fundamenta-
se em dois conceitos: a razão prática e a liberdade, ou seja, agir por dever é o modo de
conferir à ação o valor moral. A deontologia também se refere ao conjunto de princípios
e regras de conduta, também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada
profissão, no nosso caso a de Tradutor/Intérprete de Libras. Assim, cada profissional
está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme
o Código de Ética de sua categoria profissional. Nesse caso, podemos entender a
deontologia como o conjunto codificado, por determinada categoria profissional, das
obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua
profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não
exatamente a qualidade moral, mas a correção de suas intenções e ações, em relação a
direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.

149
DICA
“Tradicionalmente ela é entendida como
um estudo ou uma reflexão, científica ou
filosófica, e eventualmente até teológica, sobre
os costumes ou sobre as ações humanas. Mas
também chamamos de ética a própria vida,
quando conforme aos costumes considerados
corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou
dos costumes, e pode ser a própria realização
de um tipo de comportamento” (VALLS, 1994,
p. 7).

Para aprofundar mais a sua leitura sobre


“Ética”, recomendamos a leitura do livro “O
que é ética?” de Álvaro L. M. Valls.

Disponível em: https://bit.ly/3ijrbFG. Acesso


em: 9 maio. 2021.

Como já observamos na disciplina de Fundamentos da Tradução e Interpretação,


“à medida em que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida enquanto língua
de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela enquanto direito linguístico”
(QUADROS, 2004, p. 13). No Brasil a primeira legislação que prescreve a presença de
TILSP para a acessibilidade comunicacional se fazer tangível foi a Lei 10.098, de 19
de dezembro de 2000, em que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências, definindo que

Art. 18º O Poder Público implementará a formação de profissionais


intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação (BRASIL, 2000).

A formação do então “Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais”, cargo


criado em 1984 constante no Plano de Cargos e Carreiras dos Técnicos-Administrativos
em Educação (PCCTAE) publicado na Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005, já estava
sendo pautada em nível federal, lembrando que o norte para essa discussão foram os
dois Encontros Nacionais de Intérpretes de Línguas Sinais, organizado pela Feneis, que
em 1988 “propiciou, pela primeira vez, o intercâmbio entre alguns intérpretes do Brasil e
a avaliação sobre a ética do profissional intérprete” (QUADROS, 2004, p. 14). Acreditamos
que a Lei 10.098/2000, foi o resultado de várias discussões provenientes do antigo site,
e já descontinuado, de intérpretes da Fenei.

150
IMPORTANTE
Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005. Estruturação do Plano de Carreira
dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, no âmbito das Instituições
Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação.
Disponível em: https://bit.ly/34LpEk1. Acesso em: 7 maio. 2021.

Não é possível, buscarmos uma linha histórica para a profissionalização do


TILSP. Observamos que essa atividade surge a partir de práticas voluntárias que aos
poucos foram se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, pois, “a
medida em que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania” (QUADROS,
2004, p. 13) os profissionais TILSP estavam de certa forma nos “bastidores” mediando a
comunicação. Alguns acreditam que somente este segundo elemento foi o responsável
pela profissionalização do TILSP, mas, não apenas isso, a organização institucional destes
profissionais também foi um fator importante para o desenvolvimento da profissão.

ATENÇÃO
A terminologia “Tradutor e Intérprete de Linguagem de Sinais”, aparece
pela primeira vez na década de 1980, porém o contexto histórico que
levou a este ser nomeado dessa forma ainda se demonstra como um
mistério, todavia, no mesmo pode ser encontrado na Lei nº 11.091, de 12
de janeiro de 2005, que “dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreira
dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PPCTAE) no âmbito das
Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação”.
Porém, a partir da Lei nº 12.319/10, que reconhece a profissão do TILSP,
a nova terminologia: “Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais -
LIBRAS”, aparece, de acordo com a Lei de Libras (BRASIL, 2002; 2005).

Fonte: <https://bit.ly/34LpEk1>. Acesso em: 7 maio. 2021.

O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir


um texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de
ideias e enunciados (SOBRAL, 2008) em línguas diferentes. Traduções em línguas de
modalidade diferentes, como a que realizamos em nossa atividade profissional, mantém
esta finalidade, se considerarmos a Língua Portuguesa, sendo esta produzida pelo
aparelho fonador e percebida pela audição e a Libras, produzida por uma combinação
de movimentações corporais e percebidas pela visão.

151
FIGURA 35 – O PROCESSO DA INTERPRETAÇÃO

FONTE: Os autores

Ao longo da história, aos poucos a prática profissional, no que se refere ao


processo de interpretação, necessitou ser aperfeiçoada. Para que isso viesse a ocorrer,
Encontros Nacionais, de 1988 e 1992, propuseram a criação de um Departamento de
Intérpretes, ainda na Feneis, que deveria se encarregar de padronizar a atuação deste
profissional.

Ainda em 1992, durante o II Encontro Nacional de Intérpretes, realizado no Rio


de Janeiro, um dos TILSP mais renomados do nosso país, apresentou uma proposta
de um Código de Ética, com base em documento semelhante ao usado nos Estados
Unidos, datado de 28 e 29 de janeiro de 1965, que estipulava questões éticas a serem
seguidas pelos profissionais intérpretes estadunidenses e assim surgem as normativas
éticas para este profissional.

Esses encontros organizados pela Feneis, não se tem registros pormenorizados


do que aconteceu, bem como das resoluções e propostas, se houveram, que foram
tomadas naqueles anos. Mas é sabido que esses foram o marco histórico que
possivelmente possibilitou e promoveu as futuras discussões, as quais, nos últimos dez
anos, puderam levar ao reconhecimento do TILSP no Brasil (BRASIL, 2010).

5 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
Buscando uma padronização no agir ético dos TILSP, a Federação Brasileira
das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de
Língua de Sinais (Febrapils), procura, segundo seu site orientar, apoiar e consolidar as
diversas associações de Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais,
nominadas de APILS, buscando, em diversas frentes, realizar um trabalho de parceria
junto com tais associações, para que se esteja em defesa dos interesses da categoria.

152
A instituição ainda, atua sob três grandes pilares, sendo: (I) a formação inicial
e continuada dos profissionais TILSP; (II) a profissionalização destes para uma atuação
à luz do código de conduta e ética como comentamos durante todo este material; e
por fim (III) o engajamento político e articulado destes para construir uma consciência
coletiva sobre a importância política da profissão. Assim sendo, “a Febrapils compreende
que os laços de parceria e proximidade com a comunidade surda são fundamentais, [...]
(para) garantir um serviço de excelência de tradução e interpretação de língua de sinais”
(FEBRAPILS, s. d).

Em sua página oficial, http://febrapils.org.br, a instituição busca defender os


interesses da categoria através da edição de diversos documentos tais como: o Código
de Conduta Ética, Guia de Contratação do serviço de TILS, documentos institucionais
como o Estatuto Social, notas técnicas, notas públicas e declarações diversas.
Gostaríamos de chamar a atenção para as notas técnicas, segundo o site do Ministério
Público do Paraná (MPPR), tais documentos, ou seja, os documentos norteadores de
uma profissão são “elaborados por técnicos especializados em determinado assunto
[...] devendo conter histórico e fundamento legal, (sempre) baseados em informações
relevantes” (MPPR, s. d; SILVA, 2020, p. 92).

A Nota Técnica 01/2017, tem por objetivo trazer parâmetros para a atuação
profissional em materiais audiovisuais televisivos e virtuais (FEBRAPILS, s. d). Tal
orientação técnica buscou orientar uma melhor utilização do serviço de tradução tendo
em vista que no ano de 2016, conforme Santos (2020), a inserção do profissional TILSP
em contextos audiovisuais é incerto, todavia a cada dois anos uma nova legislação
é sancionada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscando estabelecer a Legenda
de Libras (BIANCHINI, 2015; SANTOS, 2016; 2020). Nesse sentido diversas atuações
incompatíveis com o agir ético são observadas, e o mesmo documento orienta uma
melhor prática para este tipo de atuação.

IMPORTANTE
Nota Técnica 01/2017. Atuação do Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete de
Libras e Língua Portuguesa em Materiais Audiovisuais Televisivos e Virtuais.
Disponível em: https://bit.ly/3pkuxKa. Acesso em: 20 maio. 2021.

A Nota Técnica 02/2017, buscou complementar a nota anterior, buscando


estabelecer as normas ideais para a contratação dos serviços de interpretação de
Libras/Português, seu principal objetivo foi “sistematizar parâmetros e procedimentos
adotados para a organização de equipes de trabalhos na realização de atividades de
interpretação e guia-interpretação de Libras para a Língua Portuguesa e vice-versa”
(FEBRAPILS, 2017, p. 1). Nela podemos encontrar a definição para o que é e como são
organizadas equipes de intérpretes, de igual forma, são elencados os principais fatores

153
que contribuem para a necessidade de atuação de uma equipe de intérpretes. Outros
documentos ainda podem ser encontrados na página da instituição, sempre pautados
em levar os profissionais TILSP a um agir ético, sensato e de responsabilidade.

IMPORTANTE
Nota Técnica 02/2017. Sobre a contratação do serviço de Interpretação
de Libras/Português e Profissionais Intérpretes de Libras/Português –
Revezamento e Trabalho em Equipe.
Disponível em: https://bit.ly/3fPO9Td. Acesso em: 20 maio. 2021.

Após discutirmos todas estas questões, observamos que os Códigos de Conduta


Ética dos TILSP estão presentes no Brasil, desde 2004. Agora passados 17 anos de sua
implementação, será que alguma coisa mudou em nossa profissão?

A profissão do TILSP foi reconhecida pela Lei nº 12.319/2010, uma conquista de


toda uma categoria, bem como das associações de TILSP, que nos últimos anos foram
pensadas com o intuito de criar representatividade a esta categoria em espaços políticos
em que ela ainda não se fazia presente. Ao total, no Brasil, desde 2004, 9 associações
que representam a categoria profissional dos Tradutores Intérpretes de Libras foram
criadas, nominalmente, Santos (2017, p. 97) as cataloga dessa forma:

• Associação Catarinense de Tradutores e Intérpretes de Língua


de Sinais (ACATILS);
• Associação Gaúcha de Intérprete de Língua de Sinais (AGILS);
• Associação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores de Libras
(APILCE);
• Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua
Brasileira de Sinais do Distrito Federal e Entorno (APILDF);
• Associação dos Profissionais Intérpretes de LIBRAS do Espírito
Santo (APILES);
• Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua
Brasileira de Sinais do Rio de Janeiro (APILRJ);
• Associação dos Profissionais Intérpretes e Guias-Intérpretes da
Língua de Sinais Brasileira do Estado de São Paulo (APILSBESP);
• Associação dos Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais do
Estado de Minas Gerais (APILSEMG);
• Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-
Intérpretes de Língua de Sinais do Paraná (APTILS).

A preocupação com a conduta dos atos pessoais e profissionais, como os do


TILSP, atravessa a nossa sociedade desde há muito tempo, desde tempos imemoriais,
podemos dizer. Bakhtin, um dos maiores teóricos do século passado, entrelaçou, por
várias vezes, uma discussão filosófica com seus pares sobre a constituição de uma
prática ética, em um de seus manuscritos intitulado Filosofia do Ato (BAKHTIN, 1920-
1924, apud SOBRAL, 2008). Tal preocupação passou a ser adotada pelas associações

154
dos profissionais TILSP e unificada na Febrapils, sendo esta, uma entidade profissional
autônoma, sem fins lucrativos ou econômicos, fundada em 22 de setembro de 2008, de
duração indeterminada, com personalidade jurídica de direito privado, qualificável como
de interesse público e pertencente ao território brasileiro como encontramos no site da
instituição.

Cabe aqui salientarmos que não são todos os intérpretes que atuam no mercado
de trabalho, têm uma formação acadêmica, então muitas habilidades são desenvolvidas
de forma empírica e desorganizada, fazendo com que a edição de um Código de Ética
profissional se torne um documento norteador para boas práticas.

Aplicando este conceito à prática da interpretação, temos Gesser


(2011) que nos mostra o quão importante se faz o profissional
tradutor/intérprete reflita sobre os Preceitos Éticos que envolvem
seu ato, de forma a conduzir seu trabalho [...] na prática (SANTOS,
2017, p. 95).

Para que esta reflexão, proposta por Gesser (2011), faça sentido, você precisa
primeiramente se questionar de que forma podemos identificar que nossa prática
profissional está de acordo com os preceitos éticos estabelecidos pela nossa categoria?
“Quando pensamos sobre as nossas ações, temos mais consciência sobre nós mesmos,
isto é, sobre nossas limitações, qualidades e fraquezas” (GESSER, 2011, p. 13).

As perspectivas na contemporaneidade estão cada vez mais fortes e evidentes.


Elas estão sendo conduzidas com o objetivo de regulamentar o exercício da profissão,
dando assim mais embasamento legal, habilitação, formação, proficiência e valorização
profissional na atuação dos TILS que reivindicam – para além da tradução e interpretação
voluntária apenas – uma visibilidade coerente e digna do ofício.

DICA
Na contemporaneidade tem se falado muito sobre ética
nas mais diversas áreas: ética na política, na economia,
nas relações entre pessoas, grupos e povos.

Ainda que veementemente se ouça falar dela, muitos


se perguntam, o que seria propriamente a ética? O
que a distingue de outras ciências humanas? Ética
profissional: o que é? Como a ética vê o ser humano?

Para aprofundar mais ainda sua leitura sobre a temática


“Ética”, poderá ler também o livro “Fundamentos de
ética geral e profissional” de Marculino Camargo.

Disponível em: https://amzn.to/3ijjKhP. Acesso em: 9


maio. 2021.

155
LEITURA
COMPLEMENTAR
INTÉRPRETES DE LIBRAS-PORTUGUÊS: DIFICULDADES E DESAFIOS NO
CONTEXTO JURÍDICO

Saimon Reckelberg
Silvana Aguiar dos Santos
Introdução

Com as novas políticas de inclusão na área educacional, deu-se maior


visibilidade à figura do intérprete de Libras-português. Frente a essas novas realidades,
a educação propicia maior autonomia ao indivíduo surdo, proporcionando-lhe melhor
inserção em sociedade. Sujeitos surdos, antes à margem de alguns serviços sociais
comuns, conquistam maior autonomia e podem reivindicar seus direitos linguísticos.
As demandas dos surdos criaram espaços de trabalho para o profissional intérprete em
diferentes esferas.

Em função da falta de direitos linguísticos assegurados pelo âmbito jurídico, por


muitos anos os surdos tiveram dificuldades de acessar os espaços jurídicos, mas hoje
reivindicam serviços de tradução e de interpretação também nesses contextos, antes
pouco explorados ou não vislumbrados como demandas necessárias de interpretação.
A inserção de tradutores e de intérpretes de Libras-português nesses setores, bem
como a capacitação desses mesmos profissionais frente a essas novas demandas, é
uma reivindicação dos surdos em todo o país.

O contexto jurídico pode apresentar várias situações em que pessoas surdas


estejam envolvidas. Fazer um boletim de ocorrência, requerer benefícios concedidos
pela assistência social, deslocar-se a um fórum local, iniciar algum processo civil em
órgãos públicos, participar como testemunha, júri ou réu em um tribunal, entre outras
situações, são exemplos de serviços e de situações que demandam tradutores ou
intérpretes de Libras-português. Santos (2016, p. 118) amplia essas considerações com
alguns outros possíveis contextos de atuação de intérpretes, ao observar que: “Mesmo
antes do processo judicial em si, os profissionais podem ser convocados para interpretar
outras situações: instrução para investigação, tomada de depoimento em delegacia,
assessoria jurídica e outros”.

Se, por um lado, o campo profissional no Brasil ainda é emergente e conta


com uma série de desafios; por outro, a pesquisa também segue os mesmos rumos.
Desse modo, pensando nos desdobramentos e nos contextos de atuação profissional,
mas também como campos que podem se tornar objetos de pesquisa nos Estudos da
Tradução, trazemos a proposta da Figura 1 a seguir para nortear essa discussão.
156
Figura 1 - O Contexto Jurídico e seus desdobramentos

FONTE: Reckelberg (2018, p. 15)

Cada vez mais a presença de surdos nesses ambientes e, consequentemente,


de intérpretes, ressalta a importância de profissionalização, de formação e de pesquisas
voltadas para a preparação desses profissionais e para sua atuação, frente às novas
demandas, de modo a realizar a interpretação com maior eficiência. É exatamente neste
ponto que reside o problema sobre o qual nos debruçamos. Quais são as dificuldades e
os desafios apontados pelos intérpretes de Libras-português que atuam nos contextos
jurídicos?

Alguns relatos informais desses profissionais revelam dificuldades com as


terminologias usadas, formalidades processuais e protocolos, os quais geram temores
e relutância na hora da atuação. Tal situação poderia ser minimizada se tivéssemos
cursos de formação e de investimento em pesquisa adequados a esses profissionais.
Russel (2002), Roberson, Russel e Shaw (2011), Fonseca (2007) e Santos (2016) são
alguns dos autores que abordam a área dos estudos da interpretação jurídica. Com base
em seus textos, pretende-se esclarecer algumas questões pertinentes à interpretação
de línguas de sinais registradas em contextos jurídicos.

Dessa forma, este artigo desenvolve-se a partir de um diálogo entre os


principais referenciais teóricos da interpretação de línguas de sinais no âmbito jurídico.
Na sequência, tratamos da construção da pesquisa pautada em uma abordagem
qualitativa e de cunho exploratório, tomando como instrumento um questionário
aplicado no primeiro semestre de 2018. Por fim, apresentamos a discussão dos dados em
que ressaltamos dois resultados principais: os contextos de atuação e as dificuldades
enfrentadas pelos intérpretes que atuam na esfera jurídica. Defendemos a ideia de que
esses resultados podem oferecer dados úteis para o planejamento e a implementação
de ações para a profissionalização de intérpretes de Libras- português que atuam no
campo jurídico, tema também resgatado nas considerações finais.

157
1. Diálogos sobre interpretação de línguas de sinais no Judiciário

Em várias partes do mundo e independentemente dos distintos sistemas


jurídicos, a atuação de intérpretes de línguas de sinais no Judiciário tem se deparado
com diferentes contextos de trabalho, tais como: tribunais, audiências, delegacias,
repartições públicas. Contudo, ainda que tais espaços ofereçam vagas no mercado
de trabalho para atuação de profissionais, nem sempre os desafios, as dificuldades e
o próprio contexto se tornam objetos de pesquisa. Consequentemente, os diálogos
teóricos oriundos de pesquisas empíricas nem sempre se apresentam na mesma
velocidade com que proliferam as oportunidades de atuação profissional. O Brasil é um
exemplo dessa disparidade entre a atuação profissional e a produção acadêmica no que
se refere à interpretação de línguas de sinais no Judiciário, pois pouquíssimos trabalhos
foram produzidos nos últimos anos, destacando-se: Santos (2016), Gianotto, Manfroi
e Marques (2017), Beer (2016), Santos e Beer (2017) e Santos e Sutton-Spence (2018).

Santos (2016) apresenta uma série de questões problemáticas que emergem


da atuação de intérpretes de Libras-português na esfera jurídica e destaca três pontos.
O primeiro deles refere-se à diversidade dos meios e dos modos como os profissionais
são encaminhados até o Judiciário. Além disso, muitos desses encaminhamentos estão
entrelaçados por relações de amizades entre o profissional da interpretação e a pessoa
surda, o que colabora para que se perpetue o desconhecimento do papel, das funções
e das atribuições de trabalho dos intérpretes de Libras-português. Um terceiro ponto
abordado por Santos (2016) trata das dificuldades com a terminologia específica da área
jurídica, enfrentada pelos profissionais da interpretação.

Todas essas observações constatadas por Santos (2016) geram impactos na


profissionalização e na institucionalização dos serviços de interpretação de Libras-
português em contextos jurídicos. Os resultados deste trabalho evidenciaram que a
prática eficaz de um modus operandi não depende exclusivamente dos intérpretes, mas
também da compreensão dos próprios operadores do direito no que tange aos direitos
linguísticos das pessoas surdas e do reconhecimento dessas pessoas que acessam o
Judiciário.

Por esse viés, os resultados apontados por Gianotto, Manfroi e Marques (2017)
contribuíram significativamente para mostrar a perspectiva das comunidades surdas
quanto ao acesso ao âmbito jurídico. Os autores apresentam o argumento dos surdos
como réus ou vítimas nos tribunais de justiça e discutem os direitos e os desafios legais
implicados nessa relação. Em um primeiro momento, os autores debatem sobre o
conceito de inclusão e as garantias legais para efetivar essa inclusão. Gianotto, Manfroi
e Marques (2017) problematizam os processos criminais no Tribunal de Justiça e no
Ministério Público, expondo, na sequência, elementos importantes no julgamento dos
surdos no âmbito processual criminalístico. Os autores destacam que:

158
O ato interrogatório representa momento ímpar para o réu e para a
vítima, notadamente, quando se tratar de um deficiente auditivo. É
quando ele pode se declarar de modo a promover sua autodefesa,
apresentando sua versão dos fatos. É claro que esse momento
representa oportunidade especial para que o magistrado possa criar
convicções acerca do interrogado. Salienta-se que o ato interrogatório,
pode resultar comprometido quando não há a presença de um
competente intérprete de LIBRAS, visto que a pessoa deficiente
auditiva não tem em princípio, condições de entender a ritualística
estabelecida. (GIANOTTO; MANFROI; MARQUES, 2017, p. 89).

Gianotto, Manfroi e Marques (2017) compartilham das reflexões apresentadas


por Santos, Santos Filho e Oliveira (2010), os quais também defendem a premissa de
um julgamento inclusivo nos tribunais de justiça, evidenciando a relevância de que os
operadores do direito reconheçam os direitos linguísticos das pessoas surdas. Para
atingir esse objetivo, os autores problematizam o significado do termo inclusão nos
tribunais de justiça, nas leis brasileiras, e apresentam reflexões sobre o julgamento das
pessoas surdas no âmbito processual criminalístico.

Ainda nessa perspectiva, o trabalho de Beer (2016) integra a discussão sobre


políticas linguísticas das comunidades surdas no ordenamento jurídico e direitos
linguísticos respaldado no aporte dos direitos fundamentais. O argumento central
defendido por Beer (2016) mostra como a Teoria dos Direitos Fundamentais “pode
ajudar a (re)pensar a questão dos direitos linguísticos, para que estes sejam capazes
de impactar e orientar a participação igualitária, ativa e plena dos surdos brasileiros na
sociedade atual” (BEER, 2016, p. 3). Todos esses trabalhos apresentados até o momento
mostram diferentes e importantes perspectivas que precisam ser consideradas na
implementação dos serviços de interpretação de Libras-português no Judiciário
brasileiro.

Inicialmente, a necessidade de uma perspectiva tríade, isto é, contendo


o ponto de vista de intérpretes de línguas de sinais, das comunidades surdas e dos
operadores do direito foi apresentada por Russel (2002). A autora canadense conduziu
uma investigação sobre intérpretes de línguas de sinais na esfera jurídica tomando
como base quatro julgamentos simulados. Tal material constituiu a espinha dorsal do
livro Interpreting in legal contexts: Consecutive and simultaneous interpretation, o
qual concorreu significativamente para a formação de intérpretes de línguas de sinais
nessa área. Santos e Beer (2017) contribuíram para a circulação dessa obra no Brasil ao
realizarem a resenha desse livro, apresentando um panorama dos temas, dos capítulos
e das principais discussões trazidas por Russel (2002).

Santos e Beer (2017, p. 289) destacaram pontos centrais na obra de Russel


(2002), dentre eles, o fato de que não somente línguas, mas modalidades diferentes
estão implicadas no processo de interpretação de línguas de sinais nos contextos
jurídicos. Talvez, a questão da modalidade (interpretação de/para línguas de sinais)
possa suscitar ainda mais questionamentos em virtude do desconhecimento, por parte
da sociedade e do Judiciário, dos métodos e soluções de trabalho usados por intérpretes

159
de línguas de sinais. Russel (2002, 2005) explica que, embora haja quem afirme que
intérpretes de línguas de sinais e intérpretes de línguas orais são muito diferentes, na
verdade, o que os diferencia é a modalidade empregada no processo de interpretação.

Em alguns casos, essas distintas modalidades podem contribuir para crenças


equivocadas sobre a atuação dos profissionais. Um exemplo disso pode ser observado
no uso da interpretação consecutiva, amplamente disseminada e recomendada como a
mais apropriada em algumas situações que ocorrem no ambiente jurídico. O mito de que
apenas os intérpretes de línguas orais estariam aptos a utilizarem o modo consecutivo
não se sustenta. Russel (2002, 2005) apresenta resultados de pesquisas realizadas
que mostram o papel e a relevância da interpretação consecutiva na formação e no
treinamento de intérpretes de línguas de sinais, bem como alguns desafios enfrentados
por programas que optam pelo ensino desse modo de interpretação.

Russel (2005) salienta que algumas dessas percepções não são exclusivas dos
consumidores dos serviços de interpretação, mas também dos próprios intérpretes que
possuem uma compreensão distorcida do uso desse modo de interpretação. Em alguns
casos, Russel (2005) discute seus dados de pesquisa com exemplos de depoimentos
dos intérpretes que relatam percepções inadequadas, tais como: não levam em
consideração a acurácia desse modo de interpretação, alegam que a interpretação
consecutiva não é um modo utilizado no mundo real, que a comunidade surda não
gosta desse tipo de interpretação, dentre outros elementos. Para Russel (2002, 2005),
tanto a comunidade surda quanto os intérpretes poderiam revisar e ressignificar o modo
de interpretação consecutivo nas práticas e nas interações realizadas, especialmente
na esfera jurídica.

Ainda que Russel (2002) tenha trabalhado com julgamentos simulados, a


interpretação consecutiva destacou-se e confirmou a eficácia para usos em tribunais,
ao evidenciar a precisão das informações interpretadas nesse âmbito. Obviamente,
nem todos os profissionais envolvidos (operadores do direito ou intérpretes de línguas
de sinais) na pesquisa de Russel (2002, 2005) concordam com o uso da interpretação
consecutiva, mas, ainda assim, tal modo se apresenta como uma importante tomada de
decisão das equipes a favor da qualidade dos serviços de interpretação de línguas de
sinais. É bastante frequente, nos discursos informais, intérpretes de Libras-português
reclamarem da falta de segurança em realizar a interpretação simultânea em contextos
que desconhecem a sinalização das pessoas surdas, especialmente se esta estiver
nervosa ou ansiosa perante alguma situação jurídica.

A realidade brasileira depara-se, de forma geral, com uma série de dificuldades


e desafios no que tange à profissionalização e, consequentemente, apresenta uma
constante demanda por formação especializada, tal como a existente em países como
Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, para mencionar alguns. A implementação dos
serviços de interpretação de Libras-português nos contextos jurídicos, por formação

160
e por profissionalização, não depende exclusivamente dos intérpretes de línguas de
sinais, mas de todos os envolvidos. Essa demanda também foi apresentada por Santos
e Beer (2017) ao concluírem a resenha do livro de Russell (2002):

[...] ressaltamos que no Brasil o campo da interpretação de Língua


Brasileira de Sinais (Libras) para o Português, e vice-versa em
contextos jurídicos é incipiente, tanto no que se refere à pesquisa
quanto à atuação propriamente dita. Tal área carece de pesquisas
que evidenciem as principais demandas, dificuldades e desafios
dos intérpretes nesse contexto específico de trabalho. Além disso,
a necessidade de formação específica para os intérpretes de Libras-
português que atuam no contexto jurídico é urgente, uma vez que a
comunidade surda tem cada vez mais buscado seus direitos (2017,
p. 292).

As considerações trazidas por Santos e Beer (2017) dialogam diretamente


com as constatações de Rodrigues (2010), que indaga: um único intérprete reuniria
as competências, conhecimentos, habilidades e estratégias necessárias ao exercício
profissional em esferas distintas? As questões trazidas por Rodrigues (2010), Santos e
Beer (2017) entre outros, evidenciam que não basta somente idealizar a formação no
plano do discurso, mas definir ações concretas que possam colaborar positivamente
com a qualidade dos serviços de interpretação de Libras-português no âmbito jurídico.
Uma das primeiras ações que consideramos importante foi conhecer as experiências,
as dificuldades e os desafios enfrentados por intérpretes de línguas de sinais que atuam
na esfera jurídica na cidade de Florianópolis. Por esse motivo, na próxima seção, será
apresentada a construção do “passo a passo” metodológico desta pesquisa.

2. Construção do método

O acesso à comunicação e às melhorias de acessibilidade comunicacional para


as pessoas surdas tem sido um discurso bastante frequente no Judiciário brasileiro.
Na maioria dos casos, a concepção que permeia a criação de leis sobre Libras na área
jurídica ainda é a da deficiência, da patologia, da surdez e, por conta disso, a necessidade
de acessibilidade é um recurso importante dentro dessa vertente. Ao abordarem a
tradução e a interpretação de línguas de sinais na esfera jurídica, Rodrigues e Santos
(2018) frisam que “é importante que se mencione que o exercício da cidadania de
diversas comunidades por meio da garantia de direitos linguísticos é uma discussão
recente no campo das Ciências Jurídicas” (2018, p. 15). Os autores também discutem
sobre as mudanças e as implicações geradas no Judiciário, quando este se propõe a
visualizar a língua como um direito linguístico, algo bastante incipiente no país.

Em Florianópolis, na região metropolitana, local de coleta dos dados desta


pesquisa, destacam-se diversos órgãos jurídicos, tais como: fóruns, tribunais e
delegacias. Contudo, não se tem registros de intérpretes de Libras no quadro de
funcionários dessas instituições. De acordo com Reckelberg (2018), ao buscar
informações sobre a atuação de intérpretes de Libras-Português nos presídios e nas
Casas de Custódia de Florianópolis, obteve-se em resposta ao Ofício No 0475/2018 os

161
seguintes dados: “dois apenados surdos na região, sendo: (1) Um apenado na Colônia
Penal Agrícola de Palhoça, que segundo relatado não se comunica pela língua brasileira
de sinais e (2) Um apenado no Complexo Penitenciário do Estado, que nunca utilizou
intérprete para se comunicar” (RECKELBERG, 2018, p. 48).

Entretanto, a raridade dos registros de intérpretes de línguas de sinais atuantes


nos fóruns, nas delegacias, nos presídios e nas Casas de Custódia de Florianópolis, não
quer dizer que a demanda não exista. Por esse motivo, a decisão metodológica neste
artigo foi investir em uma pesquisa de abordagem qualitativa, de cunho exploratório
que pudesse coletar dados mais precisos sobre a experiência dos intérpretes de Libras-
português que já atuaram nessas instâncias. Sampieri, Colado e Lucio (2012) enumeram
as características de uma pesquisa qualitativa e afirmam que ela “permite desenvolver
perguntas e hipóteses antes, durante e depois da coleta e análise dos dados” (SAMPIERI;
COLADO; LUCIO, 2012, p. 33). Os autores ainda explicam o passo a passo metodológico
para o desenho de uma pesquisa qualitativa e, de modo esquemático, sintetizam as
principais partes, a saber: ideia, formulação do problema, imersão inicial no campo,
concepção do desenho do estudo, definição da amostra inicial do estudo, coleta de
dados, análise dos dados, interpretação de resultados, elaboração do relatório de
resultados.

Assim sendo, destacamos a questão norteadora deste artigo: Quais são as


principais dificuldades e os desafios enfrentados por intérpretes de Libras-português
na prestação de serviços de interpretação ao Judiciário? Para isso, como instrumento
de coleta de dados, utilizamos um questionário, o qual foi criado com a ferramenta
Formulários Google, encontrada online.

A coleta de dados foi realizada nos meses de março e abril de 2018 e, dentre
inúmeros intérpretes, nove mostraram-se dispostos a colaborar, os quais responderam
ao questionário enviado como parte de uma pesquisa de trabalho de conclusão de
curso. O questionário continha onze perguntas abertas, justamente para incentivar
os participantes a relatarem experiências de interpretação de/para línguas de sinais
vivenciadas em tribunais, delegacias, presídios, salas de conciliação e outros. Essas
onze perguntas foram distribuídas em quatro seções, a saber: o contexto jurídico e seus
desafios, a comunidade surda, o Judiciário e a percepção do intérprete. Neste trabalho,
descrevemos e analisamos apenas os dados referentes às dificuldades e aos desafios
enfrentados pelos intérpretes de Libras-português no contexto jurídico.

3. Discussão dos dados

O modo como o intérprete de Libras-português gerencia as dificuldades e os


desafios enfrentados na prestação de serviços ao Judiciário catarinense pode ser um
passo inicial para a profissionalização desse grupo. Registrar práticas, construir rotinas
de trabalho e analisar os desafios enfrentados são atividades que podem oferecer

162
indícios concretos para intérpretes que desejam se profissionalizar nesse âmbito; afinal,
refletir sobre o fenômeno da interpretação ou, ainda, as decisões tomadas em torno
dessa prática são fundamentais para o empoderamento dessa categoria.

Na próxima seção discutimos os dados coletados, tomando como base as


respostas dos participantes da pesquisa organizadas em duas categorias, quais sejam:
o contexto de atuação de intérpretes de Libras-português e as dificuldades enfrentadas
por esses profissionais na esfera jurídica.

(Continua...)

FONTE: RECKELBERG, S.; SANTOS, S. A. dos. Intérpretes de libras-português: dificuldades e desafios no


contexto jurídico. Revista Sinalizar, [S. l.], v. 4, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rs.v4.57747.
Acesso em: 14 maio. 2021.

163
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Ainda que haja inúmeras áreas de atuação do profissional TILSP, a esfera educacional
é bem emergente e demanda uma formação de qualidade, específica e ancorada
em competências, habilidades básicas, técnicas e estratégicas para atender os
educandos com qualidade.

• Após o reconhecimento da Libras como meio de comunicação oficial a demanda


de profissionais TILSP seria um fato, e por conseguinte a sua regulamentação pelo
Decreto nº 5.626/05 ampliaria o espaço desse profissional para além do voluntariado
que anteriormente era executado na necessidade dos serviços de tradução e
interpretação.

• Nos últimos 10 anos, devido à grande e emergente demanda de profissionais TILSP,


muitos eventos têm sido organizados, por pesquisadores linguísticas, com o intuito
de discutir e fomentar a formação de qualidade deste profissional, que, das muitas
esferas existentes, que têm atuado com mais ênfase na esfera educacional, jurídica
e midiática.

• Mesmo emergente, a esfera educacional possui contradições, quando diz respeito


à contratação precipitada do profissional TILSP, e se encontra fragilizada, tendo que
seguir um padrão de exigências da formação do profissional descrito nos editais,
mas que ainda desconhece as atribuições e o perfil profissional do intérprete nesse
contexto.

• Na esfera educacional, há muitas e contraditórias inserções precipitadas que


traz à tona a fragilidade do sistema e dos processos de contrato do profissional
TILSP. Essa fragilidade pode ficar comprometida já que a área de atuação é um dos
campos de mais responsabilidade, principalmente no que diz respeito ao contexto
de acessibilidade na perspectiva de educação inclusiva.

• Na esfera jurídica, mesmo incipiente no Brasil, a promoção de formação desse


profissional também é emergente, visto que os surdos brasileiros têm reivindicado
seus direitos mais do que nunca, é necessário que haja profissionais habilitados,
que possam garantir a qualidade na mediação comunicativa além da acessibilidade,
nesse espaço.

164
• A esfera midiática, e principalmente no período pandêmico, tem estado em alta
elevando o reconhecimento da Libras, do povo surdo bem como dos profissionais
TILS. Mas tem-se um precedente, antes mesmo do reconhecimento da língua de
sinais no Brasil, desse profissional logo no fim dos anos 80, em aparições mais
remotas realizando interpretação simultânea em contextos políticos.

• A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) instituiu a Norma Brasileira


(NBR) 15.290/2005, tratando de que forma a acessibilidade em comunicação seria
veiculada na televisão por meio da janela de Libras, ampliando assim a divulgação
de informações bem como as programações para um público específico: as pessoas
Surdas.

• Com respeito ao Código de Ética, para ser um profissional de sucesso, ninguém está
isento de aplicar os valores éticos relacionados à prática de sua profissão, seja ela
qual for. E o seu campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser levada
para todas as áreas humanas com um objetivo principal: o de teorizar, explicar e
defender o melhor comportamento do ponto de vista dos valores considerados por
uma sociedade como ideais.

• Há uma série de confusões que se associam ao estudo da ética, e considera que


há três tipos de noções que podem causar estas confusões, a saber: a essência
descritiva, a que corresponde a juízo de valores; a prescritivista, a que se ensina
como um sistema de normas morais ou a um código de deveres; e a reflexiva, que
corresponde a uma teoria sistemática aplicada como objeto de investigação que
transita em por diferentes áreas.

• A ética profissional é um campo de pesquisa da Deontologia, essa é uma área


da filosofia moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são
moralmente necessárias, proibidas ou permitidas; e fundamenta-se em dois
conceitos: a razão prática e a liberdade. E se refere ao conjunto de princípios e
regras de conduta, conhecidos também como deveres inerentes a uma determinada
profissão.

• Ainda que não haja um registro pormenorizado da profissionalização do TILSP, e


que suas atividades surgiram a partir de práticas voluntárias e foram aos poucos
se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, subentende-se que os
encontros realizados naquela época, pela classe, foram os responsáveis pelo seu
reconhecimento pela Lei nº 12.319/10.

• O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir um


texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de ideias
e enunciados em línguas diferentes. E suas perspectivas, na contemporaneidade,
estão cada vez mais evidentes, estão sendo conduzidas com o objetivo de
regulamentar o exercício da profissão, dando-lhes mais embasamento legal,
habilitação, formação, proficiência e valorização profissional.

165
AUTOATIVIDADE
1 É possível observar fenômenos diferenciados na interpretação no par Libras-
português de outras interpretações, esses fenômenos são chamados de Efeitos de
modalidade. Em suas palavras como podemos conceituar e quais são estes efeitos?

2 Quando você vê uma frase em português e conhecendo os sinais em Libras


correspondentes a cada palavra dessa frase, você efetua a substituição dele
simplesmente pelo princípio de que para cada palavra se tem um sinal você está
realizando uma interferência na língua, ou seja, o Português Sinalizado, a qual efeito
de modalidade esta interferência está ligada?

a) ( ) code-switching
b) ( ) lagtime
c) ( ) code-blending
d) ( ) multimodalidade

3 Com respeito à ética, vimos que em um sentido menos filosófico e associado à prática
do profissional tradutor e intérprete, pode-se compreender melhor sobre o que se
trata o conceito examinando certas condutas do dia a dia. Ainda que se pense que
a Ética se encontra em um campo filosófico demais, e às vezes distante da prática
profissional, ainda sim o campo de atuação é abrangente e sua reflexão pode ser
levada para todas as áreas humanas. Com base no que viu e nas palavras de Sour
(2011) há uma série de confusões associadas ao estudo da ética. Ele aponta três
delas, quais são?

a) ( ) A ética de essência descritiva; a ética prescritivista; a ética reflexiva.


b) ( ) A ética de essência descritiva e ativa; a ética de prescrição profissional; a ética
refletora.
c) ( ) A ética de essencial e normalizadora; a ética de subsistência profissional; a ética
reflexiva e consciente.
d) ( ) A ética de essencialista e normalizadora; a ética de existência profissional; a ética
reflexiva e consciente.

4 Você aprendeu nesta disciplina que no senso comum, a interpretação é uma


atividade de mediação linguística que consiste em transmitir um discurso de tipo oral
em outra língua, oral ou de sinais, resultando em discurso equivalente a uma língua
diferente, quer de tipo oral, quer de língua de sinais. Essa, assim como a tradução,
possui também outro status.

166
a) ( ) A interpretação é identificada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
b) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
c) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 80, são denominados Estudos da
Interpretação (EI).
d) ( ) A interpretação é pesquisada ao longo dos anos e ganhou um novo status, o de
área de pesquisa, que a partir na década de 90, são denominados Estudos da
Interpretação (ET).

5 Você aprendeu que a tradução apresenta vários conceitos e uma ampla definição do
termo pelos dicionários, conforme vimos nos estudos. Embora haja várias definições
e estudos, há um conceito bem difundido e estudado nos dias de hoje. Com base no
que você aprendeu nesse estudo, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Jakobson conceitua a tradução como a troca de signos verbais em uma língua


por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou até mesmo em
um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a mesma sentença com
outros signos, palavras, e símbolos.
b) ( ) Jakobson e Bakhtin conceituam a tradução como a troca de signos verbais
em uma língua por outros signos da mesma língua, de uma língua diferente ou
até mesmo em um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a mesma
sentença com outros signos, palavras, e símbolos.
c) ( ) Jakobson conceitua a tradução como a troca de signos verbais em uma língua
por outros signos do mesmo idioma, de uma língua diferente ou até mesmo em
um sistema de signos verbais, que o leva a dizer a mesma coisa com outras
palavras, signos e símbolos.
d) ( ) Jakobson e Bakhtin conceituam a tradução como a mudança de signos verbais em
uma língua de sinais por outros signos da mesma língua ou de uma língua pouco
sinalizada ou até mesmo em um sistema de signos não-verbais, que o leva a dizer a
mesma sentença com outros signos, palavras, e símbolos.

167
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175
176
UNIDADE 3 —

LEGISLAÇÕES CONTRIBUINTES
À ÁREA DE TRADUÇÃO,
INTERPRETAÇÃO E GUIA-
INTERPRETAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Identificar os documentos legais que sustentam a atuação do profissional TILSP/


GILSP;

• Reconhecer que a legalidade ampara qualitativamente o trabalho de TILSP/GILSP;

• Distinguir os conceitos sobre o profissional TILSP/GILSP e suas atribuições éticas;

• Concluir que as perspectivas futuras de ingresso e atuação do TILSP/GILSP vão


além da formação básica;

• Saber que, estar dicionarizado não dá condições de atuar como um profissional


tradutor e intérprete de Língua de Sinais e não subsidia habilidades e competências
tradutórias.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL TRADUTOR


INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE
TÓPICO 2 – A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS ESTUDOS SURDOS: (IN)FORMAÇÃO E
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
TÓPICO 3 – PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

177
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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178
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A FORMAÇÃO
DO PROFISSIONAL TRADUTOR
INTÉRPRETE E GUIA-INTÉRPRETE

1 INTRODUÇÃO
Legislação. Quando se depara com este termo, se não atua na esfera jurídica, a
pessoa logo se sente perdida estando diante de uma rede de informações complexas
e que exige um conhecimento perito para entender as entrelinhas desse arcabouço. É
verdade que, quando se lê o termo, ele não finda, pois dele se deriva outras dezenas
de instrumentos legais, como: Projetos de Lei, Leis Ordinárias e Delegadas, Decretos,
Portarias, Medidas Provisórias, Estatutos, Pareceres, entre outros.

No entanto, mesmo com tantos documentos e cada um com uma finalidade, o


Brasil, possui uma Constituição Democrática – aprovada em 22 de setembro de 1988 –
uma lei fundamental, a lei suprema que tem como objetivo “assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida” (BRASIL, 1988). Ainda
que a temática nos leve a inúmeros caminhos para discussões legais, não será nesta
Unidade que iremos abordá-los e muito menos discorrer sobre todo o coletivo de leis.

Prezado acadêmico, chegamos à nossa última Unidade, em que iremos


apresentar um panorama das legislações, bem como uma revisita em sua história,
que permeiam a área de tradução, interpretação e guia-interpretação na educação de
surdos e as propostas das políticas públicas nessa área em âmbito nacional nos últimos
31 anos, e mais (ANEXO I). Além disso, a crescente demanda de cursos de formação do
TILSP e o seu trabalho nas diferentes esferas da sociedade.

No último tópico, finalizaremos com um miniglossário, um conjunto lexical básico


em Libras, sem o objetivo de dicionarizar você, e engessar o seu campo de atuação,
aprendizagem e desenvolvimento na esfera tradutória e interpretativa, isso porque
entendemos ser imprescindíveis à sua jornada nesse universo comunicativo.

IMPORTANTE
Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em: https://bit.ly/3w0tdOv. Acesso em: 25 maio. 2021.

179
2 LEGISLAÇÕES VIGENTES À FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL
TILS E GILSP
A formação de TILSP no Brasil ainda é complexa e multifacetada tendo em vista
que tal profissão, ainda hoje, 2021, apresenta caráter assistencialista, é pouco regulada
e possui uma legislação conflituosa. Nesta seção vamos refletir sobre tais legislações e
como elas influenciam para o status atual da profissão.

Nossa primeira parada se dá em 2002, a partir da Lei nº 10.436 conhecida


como a “Lei da Libras”, tal legislação, visa dispor sobre a Língua Brasileira de Sinais
e dar outras providencias. Aprovada em governo de esquerda, buscou reconhecer a
Libras como “meio legal de comunicação e expressão [...] oriundos de comunidades
de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002). A partir de tal sanção a Libras passa a ser
uma língua que precisa de uma atenção especial em instituições públicas e empresas
concessionárias de serviços públicos em âmbito educacional e de saúde buscando dar
acessibilidade comunicacional a esta comunidade.

Cabe salientar que a primeira vez que a Libras figura na legislação federal não foi
na Lei 10.436/02, mas dois anos antes na Lei nº 10.098, sancionada em 19 de dezembro
de 2000, mais precisamente no Capítulo VII, art. 18, que visa estipular a acessibilidade
nos sistemas de comunicação e sinalização implementando a “formação de intérpretes
de [...] linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de
comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação” (BRASIL, 2000, grifos nossos).

LLogo, em dois anos antes, aparece a indicação da necessidade de formação


de Tradutores/Intérpretes de Libras-português (TILSP/GILSP) e, dois anos depois, a
língua em si é demandada em serviços públicos. O mesmo governo de esquerda inicia
uma discussão com a categoria profissional visando estabelecer uma nova legislação
que contemplasse a profissão, ou o status de profissional para atender essas novas
demandas.

Assim, ainda em 2004, a Deputada Maria do Rosário (PT/RS), apresentou o


Projeto de Lei (PL) nº 4.673 em dezembro do mesmo ano visando “reconhecer a profissão
de Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências”, cabe-nos
ressaltar que os GILSP ficaram de fora do escopo do projeto. Dividido em quatro artigos
e um parágrafo único, o projeto visava em linhas gerais: (I) reconhecer o exercício da
profissão pautando sua atuação, no art. 1; (II) formação em nível superior ou de pós-
graduação (aqui entendida como hiperônimo para qualquer formação em grau acima
da graduação), no art. 2; (III) uma possível solução para quem não tinha, à época, a
formação em nível de graduação, no parágrafo único e ; (IV) conhecimentos, habilidades
e atitudes necessárias para a atuação profissional (BRASIL, 2004a).

180
A justificativa para a transformação do Projeto em Lei trouxe uma série de
argumentos para tal, desses destacamos: a. dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) identificando a presença de 5.750.809 pessoas com problemas
relacionados à surdez, cabe aqui salientar que não necessariamente essas pessoas
são surdas enquanto identidade antropológica; b. dados do Ministério da Educação e
Cultura (MEC) identificando a matrícula de 56.024 alunos surdos nos anos iniciais e finais
e 2.401 no ensino médio, desses apenas 3,6% matriculados concluíram esse processo
de educação; c. a necessidade de suprir tal demanda com uma atuação profissional.

2.1 CONTRATEMPOS NA LEGISLAÇÃO


Agora vamos aos problemas dessa legislação. Observamos que a atuação
seria mediante a formação em nível superior, todavia em 2004 tal curso não existia em
nenhuma instituição de ensino superior no Brasil, o que dificultou sua implementação
naquele momento. Ao observar o trâmite dessa legislação o relator do projeto, Deputado
Leonardo Picciani (PMDB/RJ) aprova tal legislação, no âmbito da Comissão de Trabalho,
Administração e Serviço Público (CTASP), lembrando que o profissional já vinha atuando
como mediador linguístico desde os anos 80 nas palavras do relator, fato que observamos
em Quadros (2004), assim foi encaminhado o parecer favorável à aprovação dele.

Após tal parecer o projeto recebeu nova numeração, fato comum no âmbito
político brasileiro, porém pouco explicado os motivos de tais práticas, a partir de 2005 o
Projeto assume o número de 5.127 sob a autoria do Deputado Jefferson Campos (PSB/
SP) a partir da Mesa Diretora da Câmara de Deputados Federais que foi apensado ao
projeto anterior. Cabe aqui salientar que nesse novo projeto houve algumas alterações
na sua redação, a saber:

(i) após o art. 2 foi inserido um parágrafo único que previa a


atuação do TILSP na justiça na função de Tradutor Juramentado em
depoimentos juramentados em juízo e outras questões de cunho
legal e reconhecidas pelos respectivos tribunais;
(ii) O art. 5 que se refere ao at. 3 do Projeto de Lei anterior, trazia a
obrigatoriedade do reconhecimento do Conselho de Classe para sua
atuação. Subsequente a este artigo, três incisos definiam o perfil dos
profissionais que necessitariam do registro neste conselho sendo:
Profissional Ouvinte, de nível superior; Profissional Ouvinte, de nível
médio e; Profissional surdo;
(iii) Foi acrescido ainda um parágrafo único após o art. 5 dando aos
profissionais, sem formação, um prazo de 10 anos para readequação
permitindo sua atuação desde que certificados pelo Exame Nacional
de Proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua
Portuguesa, já que recém havia sido aprovado o Decreto 5.626 em 22
de dezembro de 2005.

181
NOTA
A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada
é a tradução feita por um tradutor público, também chamado de
tradutor juramentado sendo este habilitado em um ou mais idiomas
estrangeiros e português, é nomeado e matriculado na junta comercial
do seu estado de residência após aprovação em concurso público
(ORLANDO, 2015). A função é pautada no Decreto nº 13.606, de 21 de
outubro de 1943 que foi revogado pela Medida Provisória nº 1.040, de
2021 (BRASIL, 2021).

O relator desse novo projeto novamente foi o Deputado Leonardo Picciani


(PMDB/RJ) mais uma vez encaminhou a aprovação do projeto, porém como era o final
do ano de 2006 todos os projetos foram arquivados de acordo com o artigo 105 do
Regimento Interno da Câmara que diz

Art. 105. Finda a legislatura, arquivar-se-ão todas as proposições que


no seu decurso tenham sido submetidas à deliberação da Câmara e
ainda se encontrem em tramitação, bem como as que abram crédito
suplementar, com pareceres ou sem eles, salvo as:
I - com pareceres favoráveis de todas as Comissões;
II - já aprovadas em turno único, em primeiro ou segundo turno;
III - que tenham tramitado pelo Senado, ou dele originárias;
IV - de iniciativa popular;
V - de iniciativa de outro Poder ou do Procurador-Geral da República.
Parágrafo único. A proposição poderá ser desarquivada mediante
requerimento do Autor, ou Autores, dentro dos primeiros cento e
oitenta dias da primeira sessão legislativa ordinária da legislatura
subsequente, retomando a tramitação desde o estágio em que se
encontrava (BRASIL, 1989).

Nesse momento temos a aprovação do Decreto 5.626/05 que visou regulamentar


a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
- Libras, e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Aqui começa as
divergências entre a, então futura, Lei nº 12.319/10, pois o decreto traz em seu Capítulo
V a formação do TILSP, e não cita o GILSP, aos moldes do que foi pensado no Projeto nº
4.673 do ano anterior, ou seja, a formação em nível superior a partir do agora nominado
como “curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras-português”
(BRASIL, 2005). Todavia como tal curso não existia na época foi dado um prazo de
transição de 10 anos, isto é, que se encerraria em 2015, para a implementação e oferta
desse curso nas instituições de ensino superior brasileiras. Como medida paliativa para a
contratação de TILSP, na ausência de uma política pública, Santos (2020) comenta que
foi idealizada uma avaliação por competências, das quais a mais conhecida é o Exame
Prolibras, para certificar e autorizar a atuação de profissionais em âmbito educacional.

182
Voltando ao PL da Lei dos TILSP, a Deputada Maria do Rosário (PT/RS)
solicitou o desarquivamento da matéria em 2007, e assim foi feito tendo em vista seu
desarquivamento o projeto necessitou tramitar novamente na CTASP, agora sob a
relatoria da Deputada Maria Helena (PSB/RR), novamente no final no ano, agora em 2006,
foi entregue o relatório encaminhando o referido projeto para aprovação e passando o
prazo regimental não foram apresentadas emendas ao projeto, ou seja, foi aprovado
na íntegra como estava redigido. O próximo movimento do projeto foi em 2008, com a
solicitação da retirada da pauta a pedido da relatora do PL, assim o projeto foi devolvido
à relatoria que o colocou para aprovação novamente em dezembro na comissão, tendo
seu relatório completamente aprovado no âmbito da CTASP no final de 2008.

Em 2009, logo no começo do ano, o projeto foi encaminhado para a principal


comissão da Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC),
como próxima instância de apreciação. No primeiro momento, o Deputado João Campos
(PSDB/GO) foi designado como relator da matéria, apresentando seu parecer no início
do segundo semestre de 2009. O projeto teve sua constitucionalidade, juridicidade e
técnica legislativa aprovada nos termos da CTASP, assim foi encaminhado, novamente
no final do ano, agora em 2009, para a Mesa Diretora e não foram apresentados recursos
para vetar, modificar ou emendar o projeto que ainda permanecia com o número de
5.127 de 4 anos atrás.

Seu próximo movimento foi a produção da sua redação final, ou seja, somar o
Projeto nº 4.673/2004 com o nº 5.127/2005 em um único documento que deveria ser
reencaminhado à CCJ para parecer dessa redação. Dessa vez tal função foi indicada ao
Deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS), e no dia 10 de dezembro de 2009, o Projeto
tem sua aprovação por unanimidade. Novamente o projeto foi arquivado nos termos 163
e parágrafo 4º do 164º do Regimento interno da Câmara, todavia as justificativas para
esse arquivamento não estão explícitas no histórico de tramitação da proposta.

Ao chegar no Senado, em 12 de agosto de 2010, o Projeto de Lei nº 4.673/04,


ganhou nova numeração. Para o nosso desconforto – naquele momento em que
já estava sendo registrado todos esses pormenores sobre o TILSP e dos quais agora
ampliamos para você acadêmico – o Projeto passa a ser nominado como Projeto de Lei
da Câmara nº 325/09, sendo automaticamente enviado para a Presidência da República
para sanção final. Assim no dia 01 de setembro de 2010, foi sancionada a Lei nº 12.319
que regulamentou, ou pelo menos tentou regulamentar, a profissão de Tradutores/
Intérpretes de Libras-português, deixando o GILSP de fora; cabe ainda frisar que a
legislação foi vetada parcialmente nos seus artigos 3º, 8º e 9º.

183
2.2 ANÁLISE PORMENORIZADA
Como você pode observar, essa legislação passou por diversas mãos e
apresentou, em sua redação final, muitas inconsistências quando consideramos
as legislações que lhe precederam. Partindo do pressuposto que você já conhece a
legislação, vamos focar nossa atenção para os artigos que ficaram de fora da mesma,
buscando a redação anterior e os motivos pelos quais os artigos foram vetados.

Comecemos pelo artigo 3º, que em sua redação final ficou redigido como, “Art.
3o  –  É requisito para o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete a habilitação
em curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua
Portuguesa” e o “Art. 8º - Norma específica estabelecerá a criação de Conselho Federal
e Conselhos Regionais que cuidarão da aplicação da regulamentação da profissão, em
especial da fiscalização do exercício profissional”. As razões para que este artigo fosse
vetado constam na Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010 e foram consultados
o Ministérios da Justiça e o Ministério do Trabalho e Emprego acertando que:

O projeto dispõe sobre o exercício da profissão do Tradutor e


Intérprete de Libras, considerando as necessidades da comunidade
surda e os possíveis danos decorrentes da falta de regulamentação.
Não obstante, ao impor a habilitação em curso superior específico
e a criação de conselhos profissionais, os dispositivos impedem o
exercício da atividade por profissionais de outras áreas, devidamente
formados nos termos do art. 4º da proposta, violando o art. 5º, inciso
XIII da Constituição Federal (BRASIL, 2010c).

O que observamos é que o Decreto nº 5.626/05, ao estabelecer que a formação


em nível superior era o requisito mínimo para atuação, isso deixou de fora muitos
profissionais que já atuavam no contexto educacional. Ficariam de fora da atuação a
partir da promulgação dessa legislação, como medida paliativa o exame nacional de
proficiência, conhecido como Prolibras, serviu bem para certificar e dar a chancela do
governo para com a atuação destes profissionais que não tinham, em sua maioria, o
ensino superior; por isso a formação mínima com o nível superior foi vetada na redação
final da legislação. Outro ponto importante foi a regulamentação de um conselho
profissional, que necessita de outras normatizações para que possa ser implementado
e, já que não se tem mais como mínimo o nível superior, tal instituição perde seus efeitos
tornando-se pouco útil.

O outro artigo vetado foi o 9º, que dizia que “ficam convalidados todos os efeitos
jurídicos da regulamentação profissional disciplinados pelo Decreto nº  5.626, de 22 de
dezembro de 2005” (BRASIL, 2005). A mesma mensagem de veto, supracitada, traz à
tona que o Decreto no 5.626, de 2005, não trata de ‘regulamentação profissional’ pois, seu
principal norte é regulamentar a Lei nº 10.436, de 2002, que reconhece a Libras como
meio legal de comunicação e expressão da Comunidade Surda Brasileira, e o artigo 18, da
Lei nº 10.098, de 2000, que estabelece a obrigação de o poder público cuidar da formação
de intérpretes de língua de sinais, neste sentido estes efeitos tornam-se nulos.

184
NOTA
Mensagem nº 532, de 1º de setembro de 2010. O documento pode ser
acessado em sua íntegra nesse link: https://bit.ly/3eilSCh (BRASIL, 2010c).
Acesso em: 17 jun. 2021.

DICA
O exame Prolibras (foi) um exame de
proficiência que objetiva(va) certificar
instrutores e professores de língua
de sinais e tradutores e intérpretes
de língua de sinais. Para conhecer
mais sobre esse exame, acesse, baixe
gratuitamente, e leia o livro “Exame
Prolibras” por meio do QR Code ou no
link disponível em: http://www.prolibras.
ufsc.br/livro/. Acesso em: 9 maio. 2021.

ATENÇÃO
É muito importante saber que, no Brasil, o surdo teve seu direito de
expressão sociolinguístico garantido somente no ano de 2002 quando
foi promulgada a Lei nº 10.436 reconhecendo a LS como meio legal de
comunicação e expressão no país [...], não reconhecida ainda como língua
oficial, mas exposta como tal nos Artigos 3º e 112º da LBI. Há outros países
que, mesmo tendo Comunidade Surda falantes da Língua de Sinais, o seu
reconhecimento ainda não ocorreu; assim também há outros que não a
reconhecem como meio de comunicação de seus cidadãos surdos (SILVA,
2019). Resumindo, a Libras NÃO É a segunda Língua oficial do Brasil.

DICA
Para saber mais e enriquecer seus conhecimentos, você, prezado
acadêmico, poderá ver os países que reconhecem legalmente as Línguas de
Sinais por tipo de Legislação, e os que ainda não têm, lendo as páginas 45
e 46 de Silva (2019), disponível neste link: https://bit.ly/2M6Sqph. Também,
para aprofundar ainda mais sua pesquisa, poderá ler o artigo “The Legal
Recognition of Sign Languages” (O reconhecimento legal das línguas de sinais
– tradução direta) Meulder (2015), disponível em: https://bit.ly/2VgMrTd.
Acesso em: 12 jun. 2021.

185
Como você pode observar as legislações, a respeito da profissão do Tradutor/
Intérprete de Libras-português, se contradizem, são confusas e dá pouca segurança
jurídica para a atuação do profissional. Uma importante instância, para o debate de
políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, é a Comissão de Defesa dos
Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD) com uma instância propositiva. A Deputada
Erika Kokay (PT/CE), a partir de um requerimento, sugere a criação de uma subcomissão
especial para discutir e propor regulamentação relacionadas ao exercício profissional
dos Tradutores/Intérpretes de Libras-português e guia-intérpretes, que foi aprovado na
Reunião Ordinária do dia 17 de maio de 2017. O norte desta discussão, se dá pelo fato da
profissão do TILSP que, nos termos em que está regulamentada pela Lei nº 12.319/10,
causa desvalorização e insegurança na atuação do profissional, graças aos problemas
apresentados anteriormente.

Assim é proposto o Projeto de Lei nº 9.382 de 2017, apresentado no dia 19 de


dezembro de 2017, que “dispõe sobre o exercício profissional e condições de trabalho
do profissional tradutor, guia-intérprete e Tradutores/Intérpretes de Libras-Português,
revogando a Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010” como consta na página de
tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. Desta forma, a saga dos profissionais
TILSP, começa agora (BRASIL, 2017a).

Em 2018, o projeto foi encaminhado, como de praxe, à CTASP, que trata exatamente
sobre o serviço e as profissões. Chegando lá, foi designada à relatoria da Deputada Gorete
Pereira (PR-CE) no dia 21 de maio de 2018. Cabe frisar que agora estamos em um governo
de direita, pode ser um detalhe sutil, mas com o passar do tempo você verá como esse é
um detalhe importante.

NOTA
“No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica
que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável,
natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta
posição com base no direito natural e na tradição”.
FONTE: <https://bit.ly/3jQLeMK>. Acesso em: 18 jun. 2021.

No segundo semestre de 2018, a relatoria apresentou seu parecer final


acompanhado do seu voto, apontando a relatoria que “não há dúvida de que os
profissionais de que trata a presente proposição não são apenas figuras essenciais para
que se possa efetivar a integração linguística entre surdos e ouvintes” já que não são
a única forma de acessibilidade dessas pessoas, “mas profissionais cuja atuação se
torna decisiva para que a pessoa surda e surdocega consiga ter pleno acesso aos meios
de comunicação, cultura e lazer” (BRASIL, 2019) como vemos na lei de acessibilidade
(BRASIL, 2000).

186
Notamos que, a partir do discurso da Deputada Gorete Pereira (PR-CE), a mesma
entende a importância deste Projeto de Lei, bem como suas contribuições para que as
pessoas surdas e surdocegas possam ter pleno acesso a seus direitos básicos como
cidadãos brasileiros, porém, ao citar consulta à Associação de Profissionais da Língua de
Sinais da região metropolitana do Cariri (APILSMC) e a Associação Cratense de Defesa da
Pessoa Surda (ACDPS), a relatora observou que o Projeto não contempla, a priori, os TILSP
de nível médio que já estavam contemplados pela Lei nº 12.319/10, sendo que este nível é
o que mais atua no campo profissional nos tempos atuais como vemos em (FÓRUM, 2014).

NOTA
Tramitação do projeto na Câmara dos Deputados. Toda a tramitação do
projeto pode ser acessada neste link: https://bit.ly/3bdV8kg. Acesso em:
17 jun. 2021.

A deputada ainda relata que isso lhe causou uma preocupação no fato de que,
se aprovado o texto atual, em diversas regiões de nosso país não haverá número de
profissionais suficiente para suprir as necessidades da comunidade surda, tendo em
vista que o Bacharelado em Letras-Libras, naquela época, ainda não era capilarizado no
país, existindo então apenas 9 universidades federais que ofertavam o curso. Mesmo
demonstrando essa preocupação, a Deputada aprovou o projeto anexando a este uma
emenda sobre os portadores de diploma de tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras-
Língua Portuguesa, em nível médio, já que estes estão em maior número no Brasil. Como
apresenta Brasil (2005), os diplomas são emitidos por cursos de educação profissional
reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), cursos de formação continuada
promovidos por instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC ou instituições
credenciadas por Secretarias de Educação, e cursos realizados por organizações da
sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja
convalidado por uma das instituições com carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentas)
horas/aula, ou seja, uma possível solução para a falta de profissionais em locais longe das
capitais.

NOTA
Cabe salientar que na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) o curso
é nomeado Bacharelado em Tradução e Interpretação de Libras.

187
Com o fim do ano de 2018, o projeto foi arquivado mais uma vez. Como você
pode ver anteriormente, com base no já conhecido artigo 105 do Regimento Interno, no
dia 28 de fevereiro de 2019, a Deputada Erika Kokay (PT/DF) requereu o desarquivamento
do projeto fazendo com que esse volte ao seu caminho de tramitação que até então se
mostrou longo e burocrático.

Diferente da Lei nº 12.319, com o PL nº 9.382 foram realizadas audiências públicas


em diversos estados brasileiros a partir de 2019, sendo os Deputados Lucas Vergílio
(SOLIDARI-GO) e Maurício Dziedricki (PTB-RS) requerentes de tais eventos a serem
realizados de maneira conjunta nas Comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com
Deficiência (CPD) e de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), visando
debater a relevância da aprovação do PL nº 9.382/2017a.

O Projeto de Lei nº 9.382 de 2017, chega a CTASP, e para a relatoria do mesmo,


é escolhida a Deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP). Portanto, doze dias depois,
a Deputada Erika Kokay (PT-DF) solicita urgência para a tramitação do projeto com base
no artigo 155 do Regimento Interno que versa sobre:

Art. 115. Serão escritos e despachados no prazo de cinco sessões, pelo


Presidente, ouvida a Mesa, e publicados com a respectiva decisão no
Diário da Câmara dos Deputados, os requerimentos que solicitem: I -
informação a Ministro de Estado; II - inserção, nos Anais da Câmara,
de informações, documentos ou discurso de representante de outro
Poder, quando não lidos integralmente pelo orador que a eles fez
remissão (BRASIL, 1989).

Assim, o projeto, a partir do pedido de urgência, é encaminhado diretamente


para a CCJC que o recebe, e infelizmente, em face do encerramento da sessão naquele
dia, não foi debatido.

Foi assim emitido o parecer da relatoria sob a assinatura da Deputada Professora


Marcivania (PCdoB-AP), dizendo que a Lei nº 12.319/10 “não atende às necessidades da
população surda e surdocega e não lhes garante os direitos de cidadania assegurados
pela Constituição e pela legislação infraconstitucional”, expondo assim a votação pela
aprovação do Projeto de Lei nº 9.382, de 2017.

Neste momento o projeto retorna para a CCJC, com um relatório redigido pelo
então Deputado Herculano Passos (MDB-SP), que retornou o documento quase que
imediatamente à relatora da CTASP, Deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP),
para a elaboração de um substitutivo para o Projeto de Lei, neste substitutivo foram
atrelados, relacionados sobre:

(i) A Ementa da Lei passa a ser que a mesma tem por base
“regulamentar a profissão de Tradutor, Intérprete e Guia-Intérprete
da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
(ii) No art. 1º são definidas as funções do tradutor e intérprete e do
guia-intérprete, no seu primeiro parágrafo e a atividade profissional.

188
(iii) No art. 4º são definidas as formações básicas para atuação
profissional como portadores de diploma em cursos superiores
de bacharelado em tradução e interpretação em Libras - Língua
Portuguesa ou em Letras com habilitação em tradução e
interpretação de Libras e Língua Portuguesa, oficiais ou reconhecidos
pelo Ministério da Educação; dos portadores de diploma em cursos
superiores em outras áreas que possuírem diplomas de cursos de
extensão, formação continuada ou especialização, com carga horária
mínima de 360 (trezentos e sessenta horas) e tenham sido aprovados
em exame de proficiência em tradução e interpretação em Libras -
Língua Portuguesa.
(iv) Por fim no art. 5º fica revogado que tratava sobre o Exame nacional
de proficiência.

Como você pode observar, dessa vez foi realizado um novo projeto que substituiu
o projeto original, e aqui observa-se que os principais pontos trabalhados neste novo
substitutivo geram entorno da formação do TILSP. Quando iniciamos este tópico, não
estava sendo aplicado um eufemismo, ou seja, um emprego suave de palavras para
abrandar a situação, para exemplificar a complicação que cerca a formação do TILSP e
do GILSP.

Foi encaminhada então para a CCJC e responsabilizado o Deputado Herculano


Passos (MDB/SP) para redigir seu relatório, e para a surpresa de todos o relator votou
contra o PL alegando sua inconstitucionalização, ou seja, segundo o parlamentar a
proposta não estava em acordo com os princípios constitucionais brasileiros. Segundo
seu parecer “a liberdade profissional é a mais ampla possível, sendo inconstitucional
qualquer [proposta de] restrição desproporcional ou desarrazoada” (BRASIL, 2019), isto
é, segundo ele, QUALQUER (uma ênfase em maiúsculo) pessoa pode executar uma
profissão que necessita de conhecimentos, habilidades e atitudes específicas para ser
realizada. Nesse momento a Deputada proponente original do projeto apresentou seu
voto em separado alegando:

É indiscutível que se verificam, no caso dos tradutores, guias-


intérpretes e intérpretes de Libras – Língua Brasileira de Sinais:
a) a necessidade de grau elevado de conhecimento técnico ou
científico para o desempenho da profissão; e
b) a existência de risco potencial de dano efetivo resultante do
exercício profissional (BRASIL, 2019).

Após tal afirmação, sem comentários à parte, a tradução, interpretação e


guia-interpretação não pode ser realizada por qualquer pessoa. Em contrapartida, a
Deputada Erika Kokay (PT/DF) apresentou seu voto em separado buscando demonstrar a
importância de tal legislação a partir da “a necessidade de grau elevado de conhecimento
técnico ou científico para o desempenho da profissão; e a existência de risco potencial
de dano efetivo resultante do exercício profissional” (BRASIL, 2019, p. 2).

Ao encerrar o ano de 2019 a mesma autora encaminhou uma solicitação para


a tramitação em caráter extraordinário, todavia, ela não foi apreciada em virtude do
encerramento da sessão, ainda no dia dez do último mês do ano, foi discutida por diversos

189
deputados a matéria e assim foi aprovada em votação em turno único o inteiro teor do
Projeto de Lei. Como resultado, em 22 de dezembro de 2019 a lei foi completamente
aprovada na Câmara seguindo para o Senado, aguardando desde então, a apreciação, os
votos e aprovação dos parlamentares.

IMPORTANTE
Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010b, regula-
menta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua
Brasileira de Sinais – Libras.
Disponível em: https://bit.ly/2S9LVFd. Acesso em: 25
maio. 2021.

Prezado aluno, você também poderá assistir a


reportagem, que aborda brevemente sobre a Lei /10,
acessando este QR Code.

3 QUESTÕES ÉTICAS RELACIONADAS AO TILSP


A ética profissional é um campo de pesquisa da deontologia, área da filosofia
moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente
necessárias, proibidas ou permitidas. Segundo Flew (1979) a deontologia fundamenta-
se em dois conceitos: a razão prática e a liberdade, ou seja, agir por dever é o modo de
conferir à ação o valor moral. A deontologia também se refere ao conjunto de princípios
e regras de conduta, também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada
profissão, no nosso caso a de Tradutores/Intérpretes de Libras-português. Assim, cada
profissional está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão,
conforme o Código de Ética de sua categoria profissional. Nesse caso, podemos entender
a deontologia como o conjunto codificado, por determinada categoria profissional, das
obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua
profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não
exatamente a qualidade moral, mas a correção de suas intenções e ações, em relação a
direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.

Como apresenta Gesser (2011), os surdos, a partir da Lei da Libras, passaram


a ter direitos de acessibilidade, ainda que já tivessem, como descrito em Brasil (2000).
Também, Quadros (2004, p. 13) diz que “à medida em que a língua de sinais do país
passou a ser reconhecida enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de
acesso a ela enquanto direito linguístico”. No Brasil a primeira legislação que prescreve
a presença de TILSP para a acessibilidade comunicacional se fazer tangível foi a Lei
nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, em que estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida, e dá outras providências, definindo que

190
Art. 18º O Poder Público implementará a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de
comunicação.

Não é possível, buscarmos uma linha histórica para a profissionalização,


observamos que essa atividade surge a partir de práticas voluntárias que aos poucos
foram se aperfeiçoando e se profissionalizando ainda nos anos 80, pois, “a medida em
que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania” (QUADROS, 2004, p.
13) a demanda de profissionais crescia. Alguns acreditam que somente esse segundo
elemento foi o responsável pela profissionalização do TILSP mas, não apenas isso, a
organização institucional destes profissionais também foi um fator importante para o
desenvolvimento da profissão.

O ato de traduzir ou interpretar envolve a habilidade do profissional em produzir


um texto novo a partir de um discurso formulado, por terceiros, embebecido de
ideias e enunciados (SOBRAL, 2008) em línguas diferentes. Traduções em línguas de
modalidade diferentes, como a que realizamos em nossa atividade profissional, mantém
essa finalidade, se considerarmos a Língua Portuguesa, sendo esta produzida pelo
aparelho fonador e percebida pela audição e a Libras, produzida por uma combinação
de movimentações corporais e percebidas pela visão (SACKS, 1998).

Aos poucos esta prática profissional necessitou ser aperfeiçoada, e para isso
os Encontros Nacionais, de 1988 e 1992, propuseram a criação de um Departamento de
Intérpretes, ainda na Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS),
que deveria se encarregar de padronizar a atuação deste profissional. Em 1992, durante
o II Encontro Nacional de Intérpretes, realizado no Rio de Janeiro, um dos TILSP mais
renomados do nosso país, Ricardo Sander, apresentou uma proposta de um Código
de Ética com base em documento semelhante, usado nos Estados Unidos, datado de
28 e 29 de janeiro de 1965, que estipulava questões éticas a serem seguidas pelos
intérpretes estadunidenses e assim surgem as normativas éticas para este profissional.

Os Códigos de Ética, que aqui serão nomeados de Códigos de Conduta


Ética, como demonstra Santos (2017, p. 96), “são documentos permeados por várias
orientações para a prática ética que o profissional deve tomar como norte para balizar
sua atuação.” Não se deve tomar o Código de Conduta Ética como um documento
quadrado, engessado, imutável, preso ao tempo e que apenas contém uma série de
regras, mas, estes devem ser escritos numa tentativa de orientar as práticas daqueles
profissionais vinculados às instituições que organizaram estes documentos.

A profissão do TILSP foi reconhecida, a pouco, pela Lei nº 12.319 de 01 de


setembro de 2010, uma conquista de toda uma categoria sem dúvida, bem como das
associações de TILSP, que nos últimos anos foram pensadas com o intuito de criar
representatividade a esta categoria em espaços políticos em que tal profissão ainda não
se fazia presente.

191
O código de ética é um instrumento que orienta o profissional
intérprete na sua atuação. A sua existência justifica-se a partir do
tipo de relação que o intérprete estabelece com as partes envolvidas
na interação. O intérprete está para intermediar um processo
interativo que envolve determinadas intenções conversacionais e
discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a responsabilidade
pela veracidade e fidelidade das informações. Assim, ética deve estar
na essência desse profissional (QUADROS, 2004, p. 31).

A profissão de Tradutores/Intérpretes de Libras-português é perpassada por


diversas concepções, olhares e experiências. Os Códigos de Conduta Ética, todos
citados acima, possivelmente não comportam toda esta multiplicidade de demandas,
mas como observamos ele traz em sua redação valores que podem ser discutidos por
diferentes vertentes teóricas. Takahashi (2015, p. 37) afirma “que a competência individual
está ligada à motivação, assim como também depende das condições nas quais o
indivíduo se encontra em seu trabalho”, nesse sentido o TILSP necessita desenvolver a
competência profissional, ou seja uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes
para exercer sua atividade profissional, porém

Segundo Anderson (1983), o conhecimento [...] consiste em saber


o quê. É fácil de verbalizar, se adquire através de exposição e
seu processamento é essencial controlado. [Existe outro tipo de
conhecimento] o procedimental, [que] por sua vez, consiste em saber
como. É difícil verbalizar, se adquirido através da prática e se processa
essencialmente de maneira automática. Trata-se, pois, de dois tipos
de conhecimento adquiridos por vias distintas (ALBIR, 2005, p. 21,
apud SANTOS, 2017, p. 76, grifo nosso).

Observa-se que a diferenciação entre estes tipos de conhecimentos é importante,


porém não é suficiente, pois, para além de saber o que, e saber como é necessário, também
é necessário saber por que empregar todos estes conhecimentos em determinada
situação em que a ética é colocada em xeque.

NOTA
Sugerimos uma leitura complementar do artigo “Atuação de
intérpretes de língua de sinais: revisitando os códigos de conduta
ética” de Dos Santos (2017). Disponível no Portal do Letras-Libras da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) neste link: https://bit.
ly/2woObNS. Acesso em: 14 jun. 2021.

O cuidado com os valores éticos das pessoas é uma preocupação importante


das instituições que atualmente formam TILPS em todo território. Projetos como o
“Traduz Aí”, por exemplo, contribuem significativamente para práticas éticas a partir
do conhecimento teórico-prático que lhes é fornecido durante sua formação, estas
instituições passam a instigar os estudantes a refletirem sobre estes preceitos éticos.

192
Como podemos observar, na prática profissional, “os problemas éticos se
distinguem da moral pela sua característica genérica”, ou seja, nada relacionado em
profundidade com a aplicação de tal ciência, “enquanto a moral se caracteriza pelos
problemas da vida cotidiana” como discutimos anteriormente, observamos que “o
que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das
consequências de suas ações” (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90). Precisamos entender
que o que se espera de um profissional é que ele se comporte eticamente (VALLS, 2004;
SANTOS, 2017).

A principal função da ética, como você pode observar, é sugerir qual o melhor
comportamento que cada pessoa, grupo social ou profissional tem ou venha a ter na
sua prática social. Tal filosofia indica o que é certo ou errado, o que é bom ou mau sob
a ótica da filosofia. Porém, esse comportamento, profissional ou social, sempre partirá
do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social.
Tal ciência nos auxilia no esclarecimento e na demonstração da realidade vivenciada de
cada povo, procurando sempre elaborar diversos conceitos conforme o comportamento
correspondente de cada grupo social.

Atualmente, poucos são os trabalhos que discutem a questão do Código de


Conduta Ética do TILSP no Brasil. Por outro lado, existem vários trabalhos e livros já
publicados internacionalmente sobre as questões éticas e a atuação de TILSP, que
trabalham com diferentes pares linguísticos.

DICA
Prezado acadêmico, para saber mais sobre as questões
relacionadas à ética do profissional Tradutor/Intérprete
de Libras-Português, recomendamos que assista
a discussão sobre o trabalho do TILSP “Ética do
Intérprete”, realizada no Canal Traduz Aí!, acessando
este link: https://bit.ly/3xpRwqn ou o QR Code.

193
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Há inúmeros instrumentos legais, cada um com uma finalidade, porém em território


brasileiro, há a Constituição Democrática, a lei suprema que objetiva assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça dos cidadãos.

• A formação de TILSP no Brasil ainda é complexa e multifacetada tendo em vista que


tal profissão, ainda hoje, 2021, apresenta caráter assistencialista, é pouco regulada
e possui uma legislação conflituosa.

• Há ainda a necessidade de formação de Tradutores/Intérpretes de Libras-português


e Guias-Intérpretes de Libras-português (TILSP/GILSP) de modo emergente, visto
que a demanda de pessoas Surdas aumenta constantemente em serviços públicos.

• Ainda que cheia de conflitos, a Lei nº 12.319, após anos de tramitações, reconhece a
profissão do Intérprete da Língua Brasileira de Sinais e aguarda a sua regulamentação
pelo Projeto de Lei nº 9.382 de 2017.

• A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada é a


tradução feita por um tradutor público, também chamado de tradutor juramentado
sendo este habilitado em um ou mais idiomas estrangeiros e português.

• As legislações, a respeito da profissão do Tradutor/Intérprete de Libras-português,


se contradizem, são confusas e dá pouca segurança jurídica para a atuação do
profissional.

• Diferente da Lei nº 12.319, com o PL nº 9.382 foram realizadas audiências públicas


em diversos estados brasileiros a partir de 2019 visando debater a relevância da
aprovação do PL nº 9.382/2017.

• A ética profissional é um campo de pesquisa da deontologia, área da filosofia


moral contemporânea, segundo a qual as escolhas profissionais são moralmente
necessárias, proibidas ou permitidas. Assim, cada profissional está sujeito a uma
deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de
Ética de sua categoria profissional.

• A deontologia como o conjunto codificado, são normas estabelecidas pelos próprios


profissionais, tendo em vista não exatamente a qualidade moral, mas a correção de
suas intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações
entre a profissão e a sociedade.

194
• A atividade de atuação do TILSP surge a partir de práticas voluntárias que foram aos
poucos se aperfeiçoando e se profissionalizando na década 80. Porém, essa prática
necessitou ser aperfeiçoada a partir dos encontros promovidos naquela década.

• No Brasil, na atualidade, são poucos os trabalhos que discutem a questão do


Código de Conduta Ética do TILSP, diferentemente de outros países que já possuem
publicações abordando essas questões nas diferentes esferas de atuação e pares
linguísticos.

195
AUTOATIVIDADE
1 Baseado no que você estudou até aqui, pode observar que há várias legislações, até
mesmo conflituosas, que pautam a formação do TILSP no Brasil, neste sentido quais
são essas legislações? Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Lei 10.436 de 22 de abril de 2002; Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005.


b) ( ) Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000; Lei 13.146 de 06 de julho de 2015.
c) ( ) Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005; Lei 12.319 de 01 de setembro de 2010.
d) ( ) Decreto 13.606 de 21 de outubro de 1943; Lei 5.127 de 15 de dezembro de 2004.

2 Segundo a legislação vigente (BRASIL, 2005) “Artigo 20 - Nos próximos dez anos, a
partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino
superior por ele credenciadas para essa finalidade promoverão, anualmente, exame
nacional de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa”.
Qual o nome do principal exame relacionado a este artigo?

I- Vestibular em Letras-Libras
II- Exame Prolibras
III- Exame ToEfL
IV- Exame de Proeminência em Libras

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as sentenças I e II estão corretas.

3 A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta,


também conhecidos como deveres inerentes a uma determinada profissão, no nosso
caso a de Tradutor/Intérprete de Libras-português, segundo o texto o que é um
Código de Conduta Ética?

4 Vimos nesse estudo que não é possível, buscarmos uma linha histórica para a
profissionalização do TILSP. Observamos que a atividade de atuação deste, surgiu
a partir de práticas voluntárias que aos poucos foram se aperfeiçoando e se
profissionalizando ainda nos anos 80. Com base no que viu, disserte sobre como,
desde então o profissional TILSP vem se profissionalizando.

196
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO NOS
ESTUDOS SURDOS: (IN)FORMAÇÃO E
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS

1 INTRODUÇÃO
Vimos nas unidades anteriores que a tradução e interpretação exige de todos os
profissionais habilidades e competências para a execução do ofício. Diferentemente de
muitos conceitos, infelizmente engessados em cursos básicos presencial e/ou virtual,
em todo o território brasileiro, esse profissional – aluno aprendiz recém-chegado – não
se encontra pronto para atuar apenas com algumas horas de curso e muito menos com
uma “mala” repleta de sinais de A à Z sem contextos.

Pensar em uma formação de qualidade, faz você acadêmico, ter uma


perspectiva profissional incrível, desde que se conscientize na atuação de qualidade
no universo surdo. Vimos que nos estudos surdos, o protagonismo Surdo tem ampliado
grandemente no nosso país, assim, a sua formação dependerá de cada passo que
percorrer em busca de novas informações para ampliar e aprimorar as suas habilidades
como um bom profissional na área.

Prezado acadêmico, no Tópico 2, abordaremos algumas questões, das muitas


existentes, que envolvem a formação do TILSP nesses primeiros anos do século XXI.
Além de expor muitas políticas públicas, conforme Tabela 1, que se desenrolam ao longo
de trinta e poucos anos (Anexo I).

2 FORMAÇÃO PRÁTICA X STATUS PROFISSIONAL



É verdade, como exposto, que nos últimos anos a procura de formação continuada,
no que diz respeito à formação de TILSP/GILPS, tem gerado um movimento enorme
na promoção de cursos, devido a fatores legais, como por exemplo, a regulamentação
da Libras e o reconhecimento da profissão do Tradutor/Intérprete de Libras-português
em 2010 (BRASIL, 2005; 2010). Ainda que inúmeros cursos promovam uma formação
programada, nem sempre promovem uma formação adequada que venha a atender as
demandas emergentes da profissão. Há dezenas de cursos, com promessas milagrosas
de formação, alguns com 600 horas e conteúdo formatado em 100 aulas, por exemplo,
que dão garantia de se tornar um intérprete de língua de sinais, porém, SER um TILSP/
GILSP vai além das horas dispensadas em cursos de curta duração.

197
Assim, é muito importante, acadêmico, reconhecer que a legalidade existente
ampara qualitativamente o trabalho de TILSP/GILSP, mas deve reconhecer que há
outros pormenores que somam à legislação e que apoia o profissional. Ao se precipitar
nessa área, corre-se o risco de não estar em consonância das orientações da Febrapils,
quanto a atuação ética do TILSP/GILSP, e ser levado a um julgo pela falta de proficiência
na língua a que se propôs atuar. Muitas dessas precipitações surgem na mídia, e
alguns casos provocam até processos judiciais devido à falta de conduta e respeito à
comunidade surda, em âmbito nacional e internacional (FIGURAS 1 a 4).

FIGURA 1 - FALSO INTÉRPRETE EM MEMORIAL DE MANDELA

FONTE: <https://bit.ly/3qyTcez>. Acesso em: 9 jun. 2021

FIGURA 2 - MULHER SE PASSA POR INTÉRPRETE EM COLETIVA NOS EUA

FONTE: <https://bit.ly/35W3qMG:. Acesso em: 9 jun. 2021

198
FIGURA 3 - MULHER SE PASSA POR INTÉRPRETE EM PROPAGANDA ELEITORAL NO BRASIL

FONTE: <https://bit.ly/3A80haC>. Acesso em: 9 jun. 2021

FIGURA 4 - HOMEM SE PASSA POR INTÉRPRETE, COM BÁSICO DE LIBRAS, EM PROPAGANDA ELEITORAL NO
BRASIL

FONTE: <https://glo.bo/35VFxVv>. Acesso em: 9 jun. 2021

IMPORTANTE
SITE FEBRAPILS. Federação Brasileira das Associações dos Profissionais
Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais.
Disponível em: https://febrapils.org.br/. Acesso em: 12 jun. 2021.

199
DICA
Para fomentar o seu interesse na Formação do profissional TILSP,
recomendamos a leitura das obras: “Formação de Tradutores: por uma
pedagogia e didática da tradução no Brasil – Vol. 5”; “Formação de Tradutores:
Desafios da Sala de Aula – Vol. 9” e “Formação de Intérpretes e Tradutores:
Desenvolvimento de Competências em situações pedagógicas específicas”
Vol. 11 e 12”. Disponíveis em: https://bit.ly/3A4wdwo. Acesso em: 12 jun. 2021.

2.1 INGRESSO PRECIPITADO E A IN-FORMAÇÃO ARTIFICIAL


Sabemos que a demanda de formação do profissional intérprete, bem como do
guia-intérprete, é emergente e já ultrapassa a urgência. Não hesitamos em dizer que essa
urgência já pode chegar ao ponto crítico de rever conceitos a uma nova e consistente
classe de profissionais habilitados, fluentes e proficientes em ambas as línguas, nesse
caso a língua portuguesa e a língua brasileira de sinais.

Como vimos neste caderno, há inúmeros detalhes importantíssimos, que devem


ser considerados, pela pessoa que deseja SER um profissional intérprete de excelência.
Não a excelência de ser o melhor ou estar dotado de todo o conhecimento, pois ninguém
está neste nível, mas a excelência da responsabilidade em atuar em dois mundos
linguísticos distintos, munido de técnicas e competências tradutórias.

Ingressar na esfera de tradução não deve ser apenas pela formação acadêmica,
formação esta que cresceu grandemente nos últimos dez anos, não que anterior a esse
período não tivesse emergência. Tais formações, no que diz respeito às especializações
em língua de sinais e de Tradutores/Intérpretes de Libras-português, não subsidiam
aos formados, a base consistente e garantias de uma atuação de qualidade, ainda que
mediada por profissionais, muito das vezes, com boas qualificações. Após alguns meses
de estudo, que pode variar entre 360 ou 420 horas de curso, esse aprendiz recebe uma
certificação de especialista naquela área, porém, essa adjetivação o impulsiona a ingressar
precipitadamente nas instituições de ensino em que se encontram alunos, acadêmicos
e/ou professores surdos, para mediar a comunicação entre os dois idiomas. Muitos se
debruçam no discurso engessado de que, se não há outro, como ficará o alunado surdo

200
sem o profissional de Libras? Usando dessa prerrogativa têm a pretensão de formação
continuada no ambiente de trabalho, já que passará a atuar com mais frequência nas
duas modalidades linguísticas (SILVA, 2018).

O seu ingresso precipitado, garantido por autorizações das estâncias educacionais


bem como das autorizações de bancas avaliadoras, lhes dá a condição de se “formar” e
“informar” condicionando um período de renovação. Isso não ocorre, porque ao ingressar
no sistema educacional só poderá ser removido da função, em nossa hipótese somada às
nossas vivências, em pelo menos três casos: a auto exoneração, a reivindicação do aluno
surdo às competências básicas de tradução, do profissional TILPS/GILSP, durante as aulas,
ou mais específica e raramente, uma advertência pelo não cumprimento das orientações
recebidas anteriormente no processo de seleção (SILVA, 2018; MINAS GERAIS, 1952).

É muito importante saber que, profissionais TILSP/GILSP no âmbito educacional


estadual e/ou privado, são, em sua maioria contratados pelo período de 06 a 12 meses após
passarem por bancas avaliadoras nesses sistemas. Na esfera federal, esse profissional
tem a garantia de submissão em processos de concurso, o que lhes assegura uma
estabilidade, mas não foge das ações de exoneração, conforme Brasil (1990). Ainda que,
contratado e/ou efetivado, se a inaptidão do TILSP/GILSP na função do cargo de atuação
prevalecer, o direito da qualidade linguística à educação de surdos deve ser revisto de
modo que oportunize a acessibilidade dos sujeitos.

DICA
Para ver com mais detalhes sobre a inserção precipitada e frágil
do profissional TILSP/GILSP na educação, acesse e leia o artigo “O
TRADUTOR-INTÉRPRETE DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO: Inserção Precipitada
e a Invisibilidade nas Competências e a Formação Fragilizada” no portal
da Editora Arara Azul. Disponível em: https://bit.ly/3uPM4uM.

201
Para saber mais sobre o profissional tradutor
Outra leitura importante é a do livro
e intérprete de língua de sinais e a sua breve
“Intérpretes Educacionais de Libras:
história, recomendamos a leitura “O Tradutor
Orientações para prática profissional”, que
e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e
também pode ser baixado gratuitamente
Língua Portuguesa” que pode ser baixado
pelo link ou QR Code.
gratuitamente pelo link ou QR Code.
FONTE: <https://bit.ly/39P2j4j>. Acesso
FONTE: <https://bit.ly/3abkhNd>. Acesso em:
em: 23 maio. 2021.
23 maio. 2021.

3 PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS


A nova redação da Lei 12.319/10, trará uma série de avanços para com o exercício
profissional e as condições de trabalho do TILSP e do GILSP, pois até então estes, estão,
por muitas vezes contratados como profissionais subvalorizados e em carreiras extintas
no governo federal, já no governo estadual e municipal o que temos é a inserção
desse profissional no quadro de magistério, o que faz com que seu curso base seja a
licenciatura e não o Bacharelado como vimos nas seções anteriores.

No Brasil, em alguns contextos como o audiovisual por exemplo, Santos (2021)


nos demonstra que as demandas exclusivamente de debates políticos televisionados
já são atendidas apenas por profissionais que possuem, preponderantemente, o
Bacharelado em Letras-Libras o que não se pode afirmar em outros contextos tendo em
vista que poucos são os trabalhos que fazem tal mapeamento.

Cabe aqui então fazermos um exercício mental de análise para com a Lei atual
e sua futura redação, que no momento dessa escrita está em processo de tramitação
no Senado Federal, aguardando votação, todavia neste momento pandêmico brasileiro,
acreditamos que não se terá um desfecho tão cedo, vejamos o primeiro artigo:

202
QUADRO 1 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

Art. 1o  Esta Lei regulamenta o exercício Art. 1o  Regulamenta a profissão de
da profissão de Tradutor e Intérprete da tradutor, intérprete e guia-intérprete da
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.  Língua Brasileira de Sinais (Libras)

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Logo de início observamos que a partir da nova redação os Guias-Intérpretes


de Libras-português (GILSP) agora terão sua profissão também contemplada pela
mesma lei, fato esse que foi ignorado na antiga legislação, cabe ainda salientar, como
vemos em Vilela (2020) a profissão é antiga e ao mesmo tempo emergente enquanto
demanda profissional, tendo em vista uma série de outras legislações que dão suporte
à acessibilidade para pessoas surdocegas. Assim fica então regulamentada tanto a
profissão de TILSP que trabalhará com a modalidade de uso escrita e oral da Libras bem
como o GILSP que trabalhará com a modalidade de uso oral-tátil e escrita-tátil da Libras.
Agora vamos ao segundo artigo:

QUADRO 2 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se:


I – tradutor e intérprete: o profissional que traduz e
interpreta de uma língua de sinais para outra língua de
Art. 2º. O tradutor
sinais ou para língua oral, ou vice-versa, em quaisquer
e intérprete terá
modalidades que se apresentem; e
competência para realizar
II – Guia-intérprete: o profissional que domina, no
interpretação das 2
mínimo, uma das formas de comunicação utilizadas
(duas) línguas de maneira
pelas pessoas surdocegas.
simultânea ou consecutiva
§ 2º A atividade profissional de tradutor, intérprete e
e proficiência em tradução
guia-intérprete de Libras - Língua Portuguesa acontece
e interpretação da Libras e
em qualquer área ou situação em que pessoas surdas
da Língua Portuguesa. 
e surdocegas precisem estabelecer comunicação com
não falantes de sua língua em quaisquer contextos
possíveis” (NR).

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

O artigo 2º da antiga legislação tratava sobre a prática da tradução e da


interpretação quanto sua responsabilidade profissional em consideração à sua
competência para realizar tal atividade. Já na nova redação é definida a função do
TILSP como o profissional que trabalha com duas modalidades de translação, isto é, a

203
tradução e a interpretação em qualquer modalidade de tradução que possa aparecer.
Já no segundo parágrafo do artigo temos a função do GILSP definida para atuação em
qualquer área ou situação que seja para pessoas surdas e/ou surdocegas em múltiplos
contextos possíveis para estabelecer comunicação com os falantes e não falantes da
Libras a partir de diversas formas de comunicação utilizadas por essas pessoas, que
como Vilela (2020) nos demonstra podem ser múltiplas formas diferentes que vão
requerer do profissional diferentes competências. Vejamos o terceiro artigo:

QUADRO 3 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

VETADO
Art. 3º É requisito para o exercício da profissão
de Tradutor e Intérprete a habilitação em curso
superior de Tradução e Interpretação, com
Art. 3º É autorizado o exercício da
habilitação em Libras - Língua Portuguesa. 
profissão por aqueles que tenham
Parágrafo único. Poderão ainda exercer a
sido habilitados até a entrada em
profissão de Tradutor e Intérprete de Libras -
vigor desta Lei nos termos da
Língua Portuguesa: 
redação original do art. 4º da Lei nº
I- profissional de nível médio, com a formação
12.319, de 1º de setembro de 2010.
descrita no art. 4o, desde que obtida até 22 de
dezembro de 2015; 
II- profissional que tenha obtido a certificação
de proficiência prevista no art. 5º desta Lei.

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Uma das principais diferenciações entre as duas legislações está neste


artigo, sendo que na legislação atual o artigo 3º havia sido vetado pela escassez de
profissionais formados naquele momento, haja vista que o Letras-Libras bacharelado
estava no seu segundo ano de existência na Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), o que de certa forma se justifica o veto, porém hoje em 2021 já temos mais de
10 anos de existência do curso, assim a situação pode ser revista a partir do art. 4º da
atual legislação, porém cabe aqui salientar que todos aqueles que já atuavam como
TILSP antes desta nova legislação ser aprovada permanecerão da mesma forma como
estão agora, ou seja, não perderão seu emprego/concurso pela mudança da legislação,
uma vez que tal mudança é daqui para a frente e não retroativa como alguns pensam.
Vejamos o próximo artigo:

204
QUADRO 4 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

Art. 4º O exercício da profissão de


tradutor, intérprete e guia-intérprete é privativo
de:
Art. 4º A formação
I – (revogado);
profissional do tradutor
II – (revogado);
e intérprete de Libras -
III – (revogado);
Língua Portuguesa, em
IV – diplomado em curso de educação profissional
nível médio, deve ser
técnica de nível médio em Tradução e Interpretação em
realizada por meio de: 
Libras;
I- cursos de educação
V– diplomado em curso superior de bacharelado em
profissional reconhecidos
Tradução e Interpretação em Libras -
pelo Sistema que os
Língua Portuguesa, Letras com Habilitação em Tradução
credenciou; 
e Interpretação em Libras ou em Letras -Libras;
II- cursos de extensão
VI– diplomado em outras áreas de conhecimento,
universitária; e 
desde que possua diploma de cursos de extensão, de
III- cursos de formação
formação continuada ou de especialização, com carga
continuada promovidos
horária mínima de 360 (trezentas e sessenta) horas
por instituições de ensino
e que tenha sido aprovado em exame de proficiência
superior e instituições
em tradução e interpretação em Libras – Língua
credenciadas por
Portuguesa; ou
Secretarias de Educação. 
VII– portador de diploma em curso superior em
outras áreas de conhecimento, complementado por
Parágrafo único. A
cursos de extensão, de formação continuada ou de
formação de tradutor
especialização, com carga horária mínima de 360
e intérprete de Libras
(trezentas e sessenta) horas, desde que aprovado em
pode ser realizada por
exame de proficiência em tradução e
organizações da sociedade
interpretação em Libras - Língua Portuguesa.
civil representativas da
§ 1º (Revogado).
comunidade surda, desde
§ 2º O exame de proficiência em tradução
que o certificado seja
e interpretação em Libras - Língua Portuguesa de que
convalidado por uma das
trata o inciso IV do caput deste artigo deve ser realizado
instituições referidas no
por banca examinadora de instituições de ensino
inciso III.
superior que ofereçam os cursos de graduação em
Tradução e Interpretação em Libras - Língua Portuguesa
ou em Letras com Habilitação em Interpretação (NR).

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Na nova redação proposta, a partir do art. 4º. temos diferentes perfis formativos
que poderão atuar como TILSP e GILSP a partir de sua sanção e ao passo que demarca
a necessidade formativa a legislação estipula critérios de reconhecimento de outras

205
formações como opção ao Letras-Libras em diversos níveis que vão desde o técnico à
pós-graduação. Cabe ainda salientar que a avaliação por competências denominada de
Exame de Proficiência em Tradução e interpretação em Libras-Português, também será
uma prova que lhe dará acesso ao mercado de trabalho, todavia, por ser uma avaliação,
você pode estar acompanhado de seu certificado ou não, neste sentido o mesmo será
utilizado como critério de desempate em seleções que possam ser realizadas em âmbito
municipal, estadual e federal, todavia cabe aqui demarcar, mas não iremos entrar em
detalhe, que a carreira do TILSP em âmbito federal está extinta e ainda não existe um
exame semelhante para a função de GILSP. No artigo seguinte encontramos:

QUADRO 5 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

Art. 5º. Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União,


diretamente ou por intermédio de credenciadas,
promoverá, anualmente, exame nacional de
proficiência em Tradução e Interpretação de Libras
- Língua Portuguesa.
Parágrafo único. O exame de proficiência em Revogado na nova legislação.
Tradução e Interpretação de Libras - Língua
Portuguesa deve ser realizado por banca
examinadora de amplo conhecimento dessa
função, constituída por docentes surdos, linguistas
e tradutores e intérpretes de Libras de instituições
de educação superior.

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

O artigo 5º foi criado como medida paliativa para se ter um parâmetro de


avaliação de competência no mercado de trabalho brasileiro, haja vista que o Letras-
Libras ainda não estava com sua proposta formativa consolidada. Na nova legislação, o
artigo 4º resolve essa questão dando luz para diferentes perfis formativos que podem
ser utilizados para atuar como TILSP e GILSP, neste sentido, ele foi excluído da nova
proposta legal uma vez que não se tem a necessidade de sua presença. Vejamos o
próximo artigo:

206
QUADRO 6 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

Art. 6º É tarefa privativa dos profissionais com as


habilitações descritas nos incisos V, VI e VII do
Art. 6º São atribuições do tradutor
caput do art. 4º desta Lei:
e intérprete, no exercício de suas
I – (revogado);
competências: 
II – Traduzir e interpretar nas atividades escolares
I - Efetuar comunicação entre
e acadêmicas a partir do sexto ano do ensino
surdos e ouvintes, surdos e
fundamental;
surdos, surdos e surdos-cegos,
III – traduzir e interpretar para concursos públicos
surdos-cegos e ouvintes, por
e processos seletivos;
meio da Libras para a língua oral
IV – (revogado);
e vice-versa; 
V – Traduzir e interpretar perante autoridades
II - Interpretar, em Língua
policiais e o Poder Judiciário;
Brasileira de Sinais - Língua
VI – Traduzir e interpretar em serviços de
Portuguesa, as atividades
assistência médica e hospitalar, incluídas
didático-pedagógicas e
atividades médico-periciais;
culturais desenvolvidas nas
VII – atuar na tradução e/ou interpretação de
instituições de ensino nos níveis
atividades e materiais artístico-culturais a fim de
fundamental, médio e superior,
possibilitar acessibilidade ao público usuário da
de forma a viabilizar o acesso aos
Libras.
conteúdos curriculares; 
III - atuar nos processos seletivos
Parágrafo único. São atribuições do tradutor e
para cursos na instituição de
intérprete, no exercício de suas competências,
ensino e nos concursos públicos; 
observado o disposto no caput deste artigo:
IV - Atuar no apoio à
I – Intermediar a comunicação entre surdos e
acessibilidade aos serviços e às
ouvintes por meio da Libras para a língua oral e
atividades-fim das instituições
vice-versa;
de ensino e repartições públicas;
II – Intermediar a comunicação entre surdos e

surdos por meio da Libras para outra língua de
V - Prestar seus serviços em
sinais e vice-versa; e
depoimentos em juízo, em órgãos
III – traduzir textos escritos, orais ou sinalizados
administrativos ou policiais.
da Língua Portuguesa para a Libras e outras
línguas de sinais e vice-versa (NR).

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Aqui observamos a prática da tradução, interpretação e guia-interpretação


presentes no cotidiano profissional, isto é, tais profissionais terão que, a partir desta
nova redação de legislação traduzir, interpretar e guia-interpretar em contextos
educacionais, processos seletivos, contexto judiciário, contexto médico, em serviços
públicos e em atividades artístico-culturais, uma vez que as pessoas devem ter o direito

207
de acesso livre e comunicativo a todos os contextos que compõem o exercício da
dignidade humana. A questão que se levanta aqui é: existem TILSP e GILSP formados
no Brasil para dar atendimento a essas demandas? Cabe salientar que a formação do
GILSP em nosso país ainda é dada por cursos da sociedade civil representada uma vez
que apenas o curso de Letras-Libras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
possui uma disciplina na grade do curso que estabelece a discussão sobre a profissão
de GILSP. Vejamos o próximo artigo:

QUADRO 7 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17

Art. 7º O intérprete deve exercer sua profissão com rigor


técnico, zelando pelos valores éticos a ela inerentes,
pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e,
em especial: 
Art. 7º O intérprete deve
I- pela honestidade e discrição, protegendo o direito de
exercer sua profissão
sigilo da informação recebida; 
com rigor técnico e zelar
II- pela atuação livre de preconceito de origem, raça,
pelos valores éticos a ela
credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou
inerentes, pelo respeito à
gênero; 
pessoa humana e à cultura
III- pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que
do surdo e do surdocego,
lhe couber traduzir; 
em especial:
IV- pelas postura e conduta adequadas aos ambientes
III – pela imparcialidade e
que frequentar por causa do exercício profissional; 
fidelidade aos conteúdos
V- pela solidariedade e consciência de que o direito
que lhe couber traduzir ou
de expressão é um direito social, independentemente
interpretar;
da condição social e econômica daqueles que dele
necessitem; 
VI- pelo conhecimento das especificidades da
comunidade surda.

FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Poucas foram as modificações nesse artigo, apenas o inciso 3 teve sua redação
melhorada tendo em vista as diferentes perspectivas que abordam a imparcialidade e
a fidelidade. Santos (2017) nos demonstra essa questão ao analisar três dos principais
códigos de conduta ética do TILSP, no trabalho ele demonstra a redação de cada um
dos códigos e como tais conceitos são pautados como valores profissionais. Vejamos o
próximo artigo:

208
QUADRO 8 – COMPARATIVO DE REDAÇÕES

Lei 12.319/10 Projeto de Lei 9.382/17


Art. 8º- A duração do trabalho dos
VETADO
profissionais de que trata esta Lei será de
“Art. 8º. Norma específica
6 (seis) horas diárias ou de 30 (trinta) horas
estabelecerá a criação de Conselho
semanais.
Federal e Conselhos Regionais
Parágrafo único. O trabalho de tradução
que cuidarão da aplicação da
e interpretação superior a 1 (uma) hora de
regulamentação da profissão, em
duração deverá ser realizado em regime
especial da fiscalização do exercício
de revezamento, com, no mínimo, 2 (dois)
profissional”.
profissionais”.
FONTE: Adaptado de Brasil (2010; 2017a)

Aqui temos um mega avanço para a nossa profissão, avanço esse que trata
impactos significativos para nossa prática profissional, já que atualmente trabalhamos
em turnos de 20 a 40 horas semanais e por muita das vezes, por atuar sozinhos, nossos
esforços cognitivos e energia mental não dá conta de entregar a interpretação na
qualidade que nosso público necessita, assim nossa atuação será dada em regimes
de 30 horas semanais com revezamento de no mínimo 2 profissionais a fim de garantir
a qualidade da interpretação que decai significativamente quando esse profissional é
exposto a uma demanda interpretativa superior ao que o mesmo consegue realizar, o
que é uma situação recorrente em âmbito profissional, haja vista que se tem uma alta
demanda de trabalho e poucos são os profissionais qualificados para atender a todas.
Por fim foi adicionado um novo parágrafo único que dá aos profissionais o tempo de
transição necessário para se adequarem a esta nova legislação pois

Parágrafo único. Será permitida, pelo período de 6 (seis) anos a partir


da publicação desta Lei, a realização das atividades de que trata o
art. 6º da Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, por profissionais
com as formações previstas na redação original do art. 4º da referida
Lei, adquiridas após a publicação desta Lei (BRASIL, 2020a, p. 5).

Uma vez que temos tantos TILSP e GILSP que ainda não possuem a formação
ideal para ser um profissional no Brasil, cabe um período de transição assim como se
teve com os exames de proficiência em tradução e interpretação, uma vez que o Brasil
é um país de proporções continentais.

A partir dessa nova redação legal, temos um novo desafio, uma nova forma
de oferta de trabalho e uma valorização maior do que a que com duras penas foi
conquistada em 2010 com a sanção da Lei 12.319, quem sabe assim nossos futuros
colegas, nossos pares, que pode ser você prezado acadêmico, garantam um “lugar ao
sol” como temos atualmente? Reflexões para um futuro não tão próximo, mas de igual
forma não tão distante.

209
IMPORTANTE
BRASIL. Projeto de Lei nº 9.382, 19 de dezembro de 2017a. Dispõe
sobre o exercício profissional e condições de trabalho do profissional
tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras, revogando a Lei nº
12.319/10. Disponível em: https://bit.ly/36df31R. Acesso em: 13 jun. 2021.

DICA
Deseja ampliar mais suas reflexões a partir do que estudou até aqui?
Leia gratuitamente, o livro de Albres (2017), o capítulo 5 do Livro “Libras e sua Tradução
em pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias”, disponível em: https://bit.ly/3vvcenT, ou
pelo QR Code.

Prezado acadêmico, há centenas de leis que envolvem


a área da educação, e muitas delas com respeito à
Comunidade Surda. Há algumas leis traduzidas para a
Língua de Sinais, e isso é muito enriquecedor para você,
Surdo ou Não-Surdo. Além de poder complementar seus
conhecimentos nas legislações, amplia seu vocabulário
(de modo contextualizado) ao assistir em Libras a todas
essas. Acesse, por meio deste link: https://bit.ly/3hDHISX,
ou pelo QR Code, o Canal “PCD Legal” e aproveite.

210
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Não basta apenas obter uma titulação para atuar como um profissional TILSP/GI. É
muito importante saber que a formação de qualidade, vai além da dicionarização.
E para ter uma perspectiva profissional, você acadêmico, deve se conscientizar na
atuação de qualidade no universo surdo.

• O protagonismo Surdo tem-se ampliado grandemente no Brasil, e a sua formação,


prezado acadêmico, para atuar nesse espaço, vai depender de cada passo que
você percorrer em busca de novas informações para ampliar e aprimorar as suas
habilidades como um bom profissional na área.

• Após a regulamentação legal da Língua de Sinais no Brasil, a formação de TILSP/GI


tem ampliado o campo e a promoção de cursos nessa esfera. Mas é muito importante
saber que essa formação deve ser dirigida com qualidade, de modo a atender as
demandas emergentes da profissão, e não se debruçar em horas milagrosas que
não dão garantia de se tornar realmente um intérprete de língua de sinais.

• É de suma importante reconhecer que a legislação existente ampara qualitativamente


o trabalho de TILSP/GI, mas deve-se reconhecer que há outros pormenores que
somam à legislação e que apoia o profissional em sua atuação sem leva-lo às
precipitações que provoquem a má conduta e o desrespeito à comunidade surda,
em âmbito nacional e internacional.

• Para ser um profissional de excelência, não é ser dotado do melhor conhecimento,


e possuir de muitas horas em cursos de especialização sem prática, mas manter
excelência da responsabilidade em atuar nos dois mundos linguísticos distintos,
munido de técnicas e competências tradutórias.

• A Lei 12.319/10, que reconhece a profissão do Tradutor/Intérprete de Libras-


Português, poderá ter uma nova redação, trazendo uma série de ajustes, avanços
para o exercício profissional e as condições de trabalho do TILSP e do GILSP.

211
AUTOATIVIDADE
1 Com foi aprendido que para atuar como profissional na tradução e interpretação,
é exigido de todos habilidades e competências para uma melhor qualidade na
execução do ofício. Para isso, o sujeito deve estar antenado às demandas bem como
em sua formação continuada. Isso não deve se ater apenas em cursos básicos ou
em especializações com cargas horárias extensas sem prática. Assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Diferentemente de muitos conceitos, felizmente há cursos básicos presencial e/


ou virtual, em todo o território brasileiro, que dá condições a esse profissional –
aluno aprendiz recém-chegado – se encontrar em excelentes habilidades para
atuar, mesmo com algumas horas de curso, mas munido de léxicos de A à Z
contextualizados.
b) ( ) Diferentemente de muitos conceitos, felizmente há profissionais engessados
nos cursos básicos feitos de modo presencial e/ou virtual. Esse aluno aprendiz
veterano se encontra pronto para atuar, mesmo que tenha feito algumas horas
de curso, pois já atua na comunidade surda no contexto religioso e possui uma
“mala” repleta de sinais de A à Z contextualizados.
c) ( ) Diferentemente de muitos conceitos, infelizmente engessados em cursos
básicos presencial e/ou virtual, em todo o território brasileiro, esse profissional –
aluno aprendiz recém-chegado – não se encontra pronto para atuar apenas com
algumas horas de curso e muito menos com uma “mala” repleta de sinais de A à
Z sem contextos.
d) ( ) Diferentemente de muitos conceitos, infelizmente engessados em cursos
básicos presencial e/ou virtual, em todo o território brasileiro, esse profissional
– aluno veterano – não se encontra pronto para atuar apenas com algumas
horas de curso e muito menos com uma “mala” repleta de sinais de A à Z sem
contextos.

2 Vimos que nos estudos surdos, o protagonismo Surdo tem se ampliado grandemente
no nosso país, assim, a sua formação dependerá de cada passo que percorrer em
busca de novas informações para ampliar e aprimorar as suas habilidades como um
bom profissional na área. Com base nos estudos desta unidade, analise as sentenças
a seguir:

I- Nos últimos anos a procura de formação continuada, no que diz respeito à formação
de TILSP/GI, tem gerado um movimento enorme na promoção de cursos, devido a
fatores legais como por exemplo a regulamentação da Libras e o reconhecimento
da profissão do tradutor e intérprete de Libras em 2010.

212
II- Há dezenas de cursos bem práticos de formação, muitos com 600 horas e
conteúdos bem formatados de até 100 aulas. Esses são a melhor garantia de se
tornar um intérprete de língua de sinais, pois, além das horas serem organizadas há
bastante prática.
III- Ainda que inúmeros cursos promovam uma formação programada, nem sempre
promovem uma formação adequada que venha a atender as demandas emergentes
da profissão.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Reconhecer que a legislação existente ampara qualitativamente o trabalho de


TILSP/GI, mas que deve haver outros pormenores que, somados à legalidade, apoia
o profissional em sua atuação, é um fator importante a ser ponderado por todos
aqueles que desejam ingressar nessa esfera. Análise e classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Ao se precipitar nessa área, o profissional que não leva em conta a relevância do


trabalho, corre o risco de não estar em consonância das orientações da Febrapils,
quanto a atuação ética do TILSP/GI, e ser levado a um julgo pela falta de proficiência
na língua a que se propôs atuar.
( ) Ao se precipitar nessa área, o profissional que leva em conta a relevância do
trabalho, não corre o risco de estar quebrando uma regra ética da Febrapils, pois, no
momento de atuação não havia ninguém para atuar. Assim ele não deve ser punido
pela falta de proficiência na língua a que se propôs ajudar.
( ) Muitas das precipitações, pela falta de responsabilidade do profssional, surgem na
mídia, e alguns casos provocam até processos judiciais devido à falta de conduta e
respeito à comunidade surda, em âmbito nacional e internacional.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Sabemos que a demanda de formação do profissional intérprete, bem como do guia-


intérprete, é emergente e já ultrapassa a urgência. Não hesitamos em dizer que essa
urgência já pode chegar ao ponto crítico de rever conceitos a uma nova e consistente
classe de profissionais habilitados, fluentes e proficientes em ambas as línguas, neste

213
caso a língua portuguesa e a língua brasileira de sinais. Sendo assim, o que poderia
ser feito para amenizar esse déficit de profissionais qualificados para o mercado de
trabalho?

5 Como foi visto, a nova redação da Lei 12.319/10, trará uma série de avanços para com
o exercício profissional e as condições de trabalho do TILSP e do GILSP, pois até então
esses, estão, por muitas vezes contratados como profissionais subvalorizados e em
carreiras extintas no governo federal. Baseado no que leu e aprendeu, disserte sobre
como esses profissionais são alocados no governo estadual e municipal.

214
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS:
DICIONARIZAR-SE OU CONTEXTUALIZAR-SE

1 INTRODUÇÃO
Quero ser intérprete de língua de sinais! Essa é uma das expressões que mais
aparece nos Cursos Básicos e uma das quase 1.800.000 nos sites de busca na internet.

Devido ao status em que a Libras tomou nos últimos anos, muitas pessoas se
identificam com o idioma e desejam se tornar um TILS/GI por alguns fatores filantrópicos,
por exemplo, o da atuação na esfera religiosa. Outros, no período pandêmico da
COVID-19, foram atraídos pela “beleza” da sinalização nos eventos, Lives no contexto
musical e político, ocorridos desde então. Ainda outros, após “descobrirem” como o SER
intérprete pode ser uma carreira promissora, decidiram mergulhar nesse universo.

No entanto, como já abordado, as precipitações na área são inúmeras, pois não


levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que demandam um
conhecimento mais apurado desse profissional, desse autor que “precisa desenvolver
uma série de capacidades e habilidades, de cunho teórico e prático, tanto para entrar
e permanecer no mercado de trabalho como para fazer que sua prática específica seja
positivamente afetada por seu conhecimento” como expressa Sobral (2008, p. 93),
tanto nas conveniências e inconveniências do processo tradutório (RONAI, 2012) e não
somente estar munido de muitos léxicos, ou seja, muitos sinais aprendidos nos diversos
dicionários da Libras sem o contexto devido.

Querido aluno, neste último tópico iremos apresentar brevemente, de modo


prático e contextualizado, um miniglossário, com links dos vídeos, de alguns léxicos
apresentados neste caderno de estudos, isso porque entendemos ser imprescindíveis
a você, novato ou não, e à sua jornada nesse universo dinâmico e complexo. No
entanto, esses não se engessam nessas últimas páginas e muito menos se restringe
aos contextos até aqui abordados. Vale lembrar que, a Libras é dinâmica e, por ser um
idioma, a sua lexicografia não se fixa apenas em um contexto, há variações linguísticas,
as quais devemos tomar cuidado para não usar o mesmo léxico, ou o mesmo sinal, para
contextos distintos.

2 ARCABOUÇO LEXICAL
Estar munido de muitos sinais, ou dos léxicos da LS, não indica que a pessoa
sabe traduzir e/ou interpretar, por exemplo, um enunciado ou uma palestra. Ainda que
haja dicionários nesse idioma, o que pode ser uma base para a fluência, esses são "um

215
dos principais instrumentos de descrição, prescrição, codificação e legitimação do
modelo idealizado de uma língua correta" como expressa Bagno (2011, p. 119), mas nem
sempre será ele que vai dizer como o contexto deve ser traduzido, pois, ao utilizar esses
instrumentos corre-se o risco de não fazer um bom trabalho visto que:

os verbetes podem servir como suporte de memória, principalmente


quando o professor fluente em Libras, seja ele surdo ou ouvinte,
apresenta sinais novos em contexto de conversação. Os alunos
podem praticar os sinais aprendidos e explorar o léxico novo.
Entretanto, é importante lembrar que os dicionários contêm palavras
isoladas e não combinadas em construções frasais específicas da
língua. A tentativa de formar frases semelhantes ao português com
sinais de Libras gera equívocos gramaticais, pois Libras e português
são línguas de estruturas diferentes (SOFIATO; REILY, 2014, p. 112).

Assim também se dá com os aplicativos de LS, que não traduzem um texto,


mas geram palavras, sinais descontextualizados que podem levar o aprendiz a
equívocos linguísticos graves e uma distorção do idioma que deseja mediar. Mesmo
que a tecnologia venha estreitar o contato entre os pares, surdos e não-surdos, dando
acessibilidade e rompendo com as barreiras comunicacionais, as quais promovam uma
“autonomia, a qualidade de vida e a inclusão dos indivíduos na sociedade, de modo que
suas interações ocorram de forma mais equânime” (CORRÊA; GOMES; RIBEIRO, 2018,
p. 3), esses, a quem deseja aprender sinais soltos, assim como os dicionários físicos
e/ou digitais, se tornam um intercâmbio comunicativo informal. No entanto, para uma
proposta de tradução e/ou interpretação formal, no caso do querer SER um TILSP/GI,
são recursos que devem ser ponderados, deve-se ter cautela ao lançar mão desses
dispositivos, principalmente considerando todo o conteúdo que estudamos até agora
na Tradução e Interpretação nos Estudos Surdos.

NOTA
No Brasil os aplicativos mais conhecidos são Hand Talk e ProDeaf.
Duas empresas, até 2016, concorrentes no mercado de tradução
automática para a Língua Brasileira de Sinais. A partir dessa data,
acelerou-se as discussões de união das empresas, e, o resultado
foi a compra da ProDeaf pela HandTalk, na expectativa de levar
mais acessibilidade digital a mais organizações. FONTE: https://blog.
handtalk.me/handtalk-prodeaf/. Acesso em: 14 jun. 2021.

216
ATENÇÃO
Visto que estamos na era digital e globalização dos meios de
comunicação, é evidente, que o uso de aplicativos aumenta as
potencialidades de comunicação entre as pessoas, tendo como
prioridade a acessibilidade entre elas (BRASIL, 2000). Assim, esses
recursos ampliam o conhecimento linguístico dos surdos e não-surdos,
e lhes dão autonomia de socialização no que se refere aos idiomas
Libras e Língua portuguesa. Mas é importante saber e entender que,
ainda consiste uma fragilidade lançar mão apenas desses instrumentos
sem ter o contato efetivo com a Comunidade Surda para se manter
fluente e proficiente na Língua de Sinais, somados às outras habilidades
e competências tradutórias (CORRÊA; GOMES; RIBEIRO, 2018).

DICA
Para saber mais sobre a complexidade da língua
de sinais, sobre como a competência tradutória
é importante bem como das escolhas de
palavras, léxicos, a uma interpretação da Libras
para o português e vice-versa, recomendamos
a leitura do livro “Conceitos Abstratos:
escolhas interpretativas de Português para
Libras” da professora doutora Flávia Medeiros
Álvaro Machado. Disponível em: https://amzn.
to/3aUEyH1.

Fonte: MACHADO, F. M. A. Conceitos Abstratos:


escolhas interpretativas de português para
Libras. Curitiba: Appris, 2014. Disponível em:
https://amzn.to/3aUEyH1. Acesso em: 12 jun.
2021.

INTERESSANTE
Para saber mais sobre a complexidade de atuação do profissional TILSP no
contexto jurídico, e como esse profissional deve se sobressair quanto à falta
de lexicografia, de termos específicos, os quais nem sempre aplicativos e/ou
dicionários subsidiam, recomendamos que você assista a Aula Aberta: "Os
Bastidores da Interpretação no Judiciário" com o professor, intérprete
perito, Lucas Gonçalves Dias, no Canal do Grupo de Pesquisas LingCognit.
Disponível em: https://bit.ly/3A9Q2Cy. Acesso em: 9 jun. 2021.

FONTE: <https://bit.ly/3pmQ6K8>. Acesso em: 9 jun. 2021.

217
Como aborda Barbosa e Lacerda (2019), dicionários são materiais didáticos,
recursos importantes que apresentam um glossário extenso. Porém, quando for lançar
mão desses, a sua avaliação deve ser criteriosa, a autora diz que

é importante avaliar o dicionário em relação a alguns aspectos: léxico,


descrição do sinal, ilustração da forma do sinal, escrita de sinais, uso
de exemplos e apresentação de sinônimos. É necessário considerar
se estão apresentados de forma correta e em coerência com a
estrutura linguística da Libras (BARBOSA e LACERDA, 2019, p. 164).

Na sequência, vamos apresentar, para o seu conhecimento, alguns dos dicionários,


gratuitos ou não, disponíveis no mercado, os quais são utilizados como referências em
Cursos Básicos no território brasileiro. Partindo do primeiro, a “Iconographia dos signaes
dos surdos-mudos”, disponível gratuitamente, e que historicamente surgiu no Brasil
em 1875, pela autoria de Flausino da Gama, autor e estudante surdo do então Imperial
Instituto dos Surdos-Mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES/RJ
(SOFIATO; REILY, 2014).

FIGURA 5 - ICONOGRAPHIA DOS SIGNAES DOS SURDOS-MUDOS (1875)

FONTE: <http://bit.ly/2NL65TB>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 6 – LINGUAGEM DAS MÃOS (EUGENIO OATES) 1ª E 20ª EDIÇÕES (1969)

FONTE: <https://amzn.to/3p7ROxh>. Acesso em: 13 jun. 2021

218
FIGURA 7 – DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO BILÍNGUE VOL. I E II (2001)

FONTE: <https://amzn.to/2LvQTZX>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 8 – DICIONÁRIO DIGITAL DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

FONTE: Os autores.

FIGURA 9 – LIVRO ILUSTRADO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS VOL.1, 2 E 3 (2009-2011)

FONTE: <https://amzn.to/3y3JhAi>. Acesso em: 13 jun. 2021

219
FIGURA 10 – NOVO DEIT-LIBRAS VOL. 1 E 2 (2009)

FONTE: <https://bit.ly/2OXlEZs>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 11 – DICIONÁRIO DA LINGUA DE SINAIS DO BRASIL VOL.1, 2 E 3 (2017)

FONTE: <https://bit.ly/2Ucutk4>. Acesso em: 13 jun. 2021.

FIGURA 12 - SINALIZANDO A FÍSICA - 1. VOCABULÁRIO DE MECÂNICA

FONTE: <http://bit.ly/3t771BY>. Acesso em: 13 jun. 2021

220
FIGURA 13 - SINALIZANDO A FÍSICA - 2. VOCABULÁRIO DE ELETRICIDADE E MAGNETISMO

FONTE: <http://bit.ly/36nBYYC>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 14 - SINALIZANDO A FÍSICA - 3. VOCABULÁRIO DE TERMODINÂMICA E ÓPTICA

FONTE: <http://bit.ly/36qQ4si>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 15 - MANUAL DE LIBRAS PARA CIÊNCIAS: A CÉLULA E O CORPO HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/3cFOVBj>. Acesso em: 13 jun. 2021

221
FIGURA 16 – CARTILHA DE LIBRAS EM MEDICINA E SAÚDE

FONTE: <http://bit.ly/3bLJEHK>. Acesso em: 13 jun. 2021

FIGURA 17 – DICIONÁRIO DE CONFIGURAÇÕES DAS MÃOS EM LIBRAS

FONTE: <https://bit.ly/3acQrrv>. Acesso em: 13 jun. 2021

DICA
Se desejar conhecer outros Glossários e/ou Dicionários, nacionais e
internacionais, gratuitos para download ou não, acesse os vídeos do
Projeto “Literaturas do Universo Surdo de A à Z” partes de 2 a 5 da Letra “D”
neste endereço, ou no QR Code.

FONTE: <https://bit.ly/3seTual>. Acesso em: 13 jun. 2021

222
INTERESSANTE
Para saber mais como foram idealizados e os porquês da produção do
Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue: Língua de Sinais Brasileira, do
professor Fernando César Capovilla e sua equipe, recomendamos que você
assista a entrevista realizada no Projeto “Dialog(ando com a Biblioteca” no
Youtube, no Canal “Libras em Prática”.
Disponível neste link: https://bit.ly/2NDfXyJ. Ou no QR Code.

FONTE: <https://bit.ly/2NDfXyJ>. Acesso em: 9 jun. 2021

Como viram, muito são os dicionários disponíveis e em uma diversidade de


assuntos, ainda que direcionado à mesma comunidade. Como você, acadêmico, se vê
diante tantas informações? Já parou para pensar como esses recursos são importantes?
Já teve a oportunidade de ler algum desses dicionários? Já tem algum em casa? Se
tiver, vale a pena (re)ler as informações que precedem aos léxicos, pois os prefácios,
as introduções e posfácios, trazem muitas informações importantes que abordam o
conteúdo nas palavras do(s) próprio(s) autor(es).

3 MINIGLOSSÁRIO BÁSICO
Há uma proposta de catalogar, pesquisar, somar e difundir ainda mais a Língua
de Sinais no Brasil. Coordenado pela professora doutora Ronice Müller de Quadros e
outros colaboradores, o Projeto Corpus de Libras da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), valoriza a cultura surda no país (QUADROS, et.al. [s.d]). Esse projeto
apresenta três dispositivos de inventariar a Libras e busca apresentar os sinais utilizados
pela Comunidade Surda ao redor do Brasil. O inventário é subdivido em: 1. Catalogar
os falantes da língua de sinais em faixa etárias, divididos em três grupos, sendo: a)
19 a 29 anos; b) 30 a 50 anos; e os acima de 60 anos. Identificação, documentação,
reconhecimento e valorização da Diversidade Linguística (BRASIL, 2010); Inventário
imaterial, ou seja, levantamento das expressões visual-social-cultural e política dos
sujeitos falantes da língua de sinais; 2. Vocabulário acadêmico, nas diversas áreas do
conhecimento do ensino superior; e 3. A reunião de trabalhos antológicos, expressões
sinalizadas agrupadas em poesias, contos e histórias produzidas pelos sujeitos surdos.

223
IMPORTANTE
BRASIL. Decreto nº 7.387, de 9 de dezembro de 2010a. Institui o
Inventário Nacional da Diversidade Linguística e dá outras providências.
Disponível em: https://bit.ly/3qAs6Uk. Acesso em: 13 jun. 2021.

INTERESSANTE
Prezado acadêmico, ficou curioso em saber como é este
Corpus da Libras? Acesse o site por meio deste link: https://
corpuslibras.ufsc.br/inicio, ou pelo QR Code, e aproveite
para ampliar seu vocabulário e conhecer o Projeto.

Muitos recursos à disposição e acessíveis para consulta. Isso enriquece o seu


vocabulário e valoriza a Libras. Mas lembre-se de que, mesmo que imprescindíveis
conhecer e aprender muitos sinais, eles ainda são descontextualizados.

A partir de agora, prezado aluno, você irá aprender alguns sinais das palavras
que foram utilizadas nesse caderno de estudos. As imagens estáticas apresentam
apenas um contexto, porém, em sua descrição irá aparecer outras possibilidades –
sinônimos – de uso e expressões baseadas na polissemia da Língua portuguesa e na
variação regional. Sabe-se que na Libras há variações regionais, o que pode diferenciar
os parâmetros de um sinal para outro. Para que o Caderno de Estudos não se transforme
em um longo glossário, o que não é a proposta, você vai encontrar pelo menos duas
variações de sinais.

Também, você irá perceber outros usos, em contextos distintos, diferentemente


do que é utilizado em Cursos Básicos e/ou nos próprios dicionários. Esses, são
utilizados pela Comunidade Surda, pelos seus principais falantes da LS, o povo surdo,
a qual já estamos inseridos e compartilhamos alguns, ainda que desconhecidos e não
registrados em dicionários, mas frequentemente usado por eles, seja em contextos
formais ou informais.

Em cada imagem você verá as seguintes siglas: “C.M”, “M”, “P.A”, “O” e “ENM”. Essas
referem-se aos Parâmetros Fonológicos da Libras, Configuração de Mãos, Movimento,
Pontos de Articulação, Orientação e Expressão Corporal e/ou Facial, as Expressões Não-
Manuais. Em algum momento, os números que aparecerem na descrição das imagens,
serão baseados na tabela de Configurações de Mão de Felipe (2007, p. 28 – FIGURA 82).

224
NOTA
Sabe-se que registros de sinais por imagens estáticas, podem não ser
compreendidos devido aos parâmetros linguísticos que não aparecem
além de setas e legendas. Para uma melhor compreensão da lexicografia,
dos sinais propriamente ditos, citamos dois principais recursos: 1. vídeos
em Língua de Sinas apresentando o léxico; e 2. a escrita de sinais pelo
sistema SignWriting (SW). Por não ser o foco deste Caderno de Estudos,
as figuras, sinais do glossário abaixo, ainda que seja possível, não serão
escritas em SW. Para saber mais sobre o SW, recomendamos a leitura
do Livro Didático de “Introdução à Escrita de Sinais”.

DICA
Para mais informações sobre o sistema SignWriting, além do Livro
Didático de “Introdução à Escrita de Sinais”, recomendamos a leitura
das obras: “Escrita de Sinais sem mistérios”, “Escrita de Sinais na
Educação do Aluno Surdo” e “A Evolução da Escrita de Sinais no
Brasil”, disponível gratuitamente em: https://bit.ly/3xSYPYu.

FONTE: <https://bit.ly/3seTual>. Acesso em: 13 jun. 2021

Todas as imagens poderão ser consultadas em vídeo, juntamente com outros


sinais contextualizados em página virtual, os quais não foram possíveis registrar neste
caderno.

225
INTERESSANTE
Prezado acadêmico, as imagens que você irá encontrar
no glossário abaixo poderão ser consultadas em vídeos,
juntamente com outros sinais contextualizados, os
quais não foram possíveis registrar neste caderno de
estudos. Para ter acesso ao conteúdo, outros vídeos da
lexicografia básica da Libras, acesse o Canal “Libras em
Prática” por meio deste link: https://bit.ly/3o5oZ5J, ou
pelo QR Code, e aproveite para ampliar ainda mais o seu
vocabulário.

Portanto, faça bom uso consciente de todo o material. Reveja, revise, (re)
aprenda, mantenha-se sempre atualizado. Não engesse seu conhecimento. Mantenha
o foco na prática, somada à teoria e desenvolva-se sempre com qualidade para realizar
com habilidades e competências aquilo que se propôs a fazer: traduzir e interpretar da
Língua de Sinais para a Língua portuguesa e vice-versa.

DICA
Prezado acadêmico, para saber mais sobre os 5 Parâmetros da Libras,
você poderá consultar o Caderno de Estudos “Língua Brasileira de Sinais
– Libras” de Santos e Góes (2016), que estará em sua Grade Curricular.
Também poderá ver a explicação em Língua de Sinais, acessando o
Canal Libras em Prática “Os Parâmetros da Língua de Sinais” por meio
deste link: https://bit.ly/2UqUuMY. Acesso em: 12 jun. 2021.

NOTA
Polissemia diz respeito à variação de sentidos que uma mesma palavra
pode ter, nesse caso há relação semântica entre elas. (ULMANN, 1964
apud MARTINS; BIDARRA, 2011, p. 138). “É a propriedade da palavra
de apresentar significados distintos que só podem ser explicados
dentro de um contexto. A polissemia apresenta muitos significados
em uma só palavra cujo significado dependerá do contexto em que
a palavra está inserida (CAMPREGHER; CAMERLENGO, 2019, p. 87).

Os diferentes sinônimos, citados em cada descrição dos sinais,


foram consultados no “Dicionário de Sinônimos On-line”.
Disponível em: https://www.sinonimos.com.br/. Acesso em: 18 jun.
2021.

226
FIGURA 18 – VERBO “APRESENTAR” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este sinal (CM “64” e “14”, P.A “neutro”) se refere a:


• Mostrar algo para alguém: expor, exibir, ostentar.
• Autoidentificação: nomear-se, designar-se, denominar-se.
• Uma divulgação pública: difundir, veicular, anunciar (a este
contexto, há outro sinal comumente utilizado “avisar”; “dizer”, etc.).
• Uma manifestação: manifestar, exprimir, expressar, falar,
declarar, externar, dissertar, desenvolver, discursar.
• Colocar-se à disposição: conceder, dispor, ofertar, outorgar.

FIGURA 19 – “ARCABOUÇO”

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “62/B” e “2/S”, P.A


“neutro”, M “para cima”; (Variação 1 e 2) CM “47/garra”, P.A “neutro”)
se refere a:
• Estrutura, alicerce, eixo, capacidade, preparo, capacitação, competência,
conjunto, base.

227
FIGURA 20 – “ÁREA/ESFERA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este sinal (CM “64”, P.A “neutro”, M “circular”) se refere a:


• Extensão de espaço: espaço, região, terra, território.
• Medida da superfície: superfície, extensão, dimensão.
• Espaço definido: zona, lugar, local, parte, ponto, trecho, sítio, ambiente.
• Área de atividade/conhecimento:  campo, setor, âmbito, domínio,
esfera, ramo, plano, seção, alçada, contexto.
• Espaço aberto: pátio, recinto, átrio, adro, quintal,
eira, descampado, vazio, terreno.

FIGURA 21 – “BIMODALISMO/BIMODAL” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “64 e 28”; P.A “neutro”, M “tocar algumas vezes 28 em
64”), se refere a:
• Bimodalismo, bimodal; usar Língua de sinais e a fala ao mesmo tempo.

228
FIGURA 22 – “BRASIL”

FONTE: Os autores

Este sinal, (CM “B”, P.A “neutro”, M “de cima para baixo”), se refere a:
República Federativa do Brasil; Brasil;
• República Federativa do Brasil; Brasil;

FIGURA 23 – “BRASILEIRO/A”

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “B”, P.A “abdome/ventre”,


M “para baixo; CM “B”, P.A “neutro”, M “de cima para baixo”) se refere a:
• Natural do Brasil, oriundo, proveniente, procedente, filho do, vindo, original,
nascido no país.

229
FIGURA 24 – “CÓDIGO DE ÉTICA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “62/B”, P.A “neutro”, M


“de cima para baixo; O “palma para frente e para baixo”; CM “E”, P.A “no
tronco”, M “de cima para baixo”) se refere a:
• Filosofia de valores morais comportamentais: Moral, Princípios morais,
regras morais, ética.

FIGURA 25 – “ÉTICA” (VARIAÇÕES 2 E 3)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “E”, P.A “testa”, M “passar de um lado para o outro”; CM
“46b”, P.A “ombro”, M “passar o polegar para fora na ponta do ombro”)
se refere a:
• Filosofia de valores morais comportamentais: Moral, Princípios morais,
regras morais, ética.

230
FIGURA 26 – “COMPETÊNCIA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “B”, P.A “neutro”, M “uma mão sobre a outra”), se refere
a:
• Capacidade ou aptidão: capacidade, aptidão, habilidade, perícia,
conhecimento, know-how, saber, maestria, eficiência, nível, qualificação,
habilitação, suficiência, idoneidade, mérito, talento, erudição, sabedoria,
destreza, prática.
• Atribuição: alçada, atribuição, conta, poder, autoridade, domínio, valência,
jurisdição, função.
• Pessoa com grandes capacidades: notoriedade, sumidade, expoente,
notável, notabilidade.

FIGURA 27 – “COMUNIDADE” (VARIAÇÃO 1)”

FONTE: Os autores

231
Este termo, (CM “C”, P.A “queixo”, M “do queixo para fora circular”), se
refere a:
• Sociedade: corpo social, população, coletividade,  biocenose,  sociedade,
povo.
• Conjunto de pessoas com interesses comuns: conjunto, grupo, turma.

FIGURA 28 – “COMUNIDADE” (VARIAÇÃO 2)”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14” e “C”, P.A “neutro”, M “circular o dedo indicador”),
se refere a:
• Sociedade: corpo social, povo, população, sociedade, biocenose,
coletividade.
• Conjunto de pessoas com interesses comuns: conjunto, grupo, turma.

FIGURA 29 – “CONCEITO”

FONTE: Os autores

232
Este termo, (CM “C” e “B”, P.A “neutro”, M “breve círculo para fora”), se
refere a:
• Concepção ou ideia de algo: concepção, ideia, noção,
imagem, conceituação, abstração, substância,
essência, definição, conteúdo, caracterização, formulação.

FIGURA 30 – VERBO “CONCLUIR” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, no sentido cognitivo, (CM “44” e “45”, P.A “neutro”, M


“encontrar as mãos e fechar”), se refere a:
• Depreender como consequência de alguma coisa:
deduzir, interferir, depreender, entender, perceber, tirar,
captar, constatar, descobrir, averiguar, induzir, colher,
advertir, coligir, imaginar; concluir.

233
FIGURA 31 – VERBO “CONCLUIR” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, no sentido cognitivo, (CM “44” e “45”, P.A “neutro”, M


“encontrar as mãos e fechar”), se refere a:
• Depreender como consequência de alguma coisa: deduzir, inferir,
depreender, entender, perceber, tirar, captar, constatar, descobrir,
averiguar, induzir, colher, advertir, coligir, imaginar; concluir.

FIGURA 32 – VERBO “CONCLUIR” (VARIAÇÃO 3)

FONTE: Os autores

234
Este termo, no sentido cognitivo, (CM “49” e “64”, P.A “neutro”, M
“encontrar as mãos e fechar”), se refere a:
• Finalizar ou terminar alguma coisa:
finalizar, terminar, acabar, consumar, arrematar, findar, trancar,
cerrar, cessar, completar, ultimar, totalizar, desfechar, aprontar,
aperfeiçoar, rematar, parar, fechar, complementar, sepultar,
sepultar, interromper, encerrar.

FIGURA 33 – “CONSECUTIVA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “8a/L”, P.A “neutro”), M “virar o polegar para frente ‘2
vezes’”), se refere a:
• Consecutiva/o: conseguinte, sucessivo, sequente, subsequente,
subsecutivo, encarrilhado, posterior, ulterior, depois.

235
FIGURA 34 – VERBO “CONTEXTUALIZAR”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “48 e 49”; P.A “neutro”, M “para o lado [esquerdo ou
direito]”), se refere a:
• Descrever o contexto: descrever uma conjuntura, descrever o contexto, dar
um contexto,  apresentar o contexto,  explicar uma situação,  revelar as
circunstâncias.
• Interpretar conforme o contexto: analisar conforme o contexto, considerar
conforme o contexto, entender conforme o contexto, interpretar conforme
o contexto; contextualizar.

FIGURA 35 – VERBO “DISTINGUIR”

FONTE: Os autores

236
Este termo, no sentido cognitivo, (CM “62”, P.A “neutro”, M “alternados
frente ao corpo”, ENM “distinção de uma coisa para a outra”), se refere
a:
• Perceber a diferença entre: discernir, diferençar, diferir, identificar,
reconhecer.

FIGURA 36 – VERBO “DECORAR” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, no sentido cognitivo, (CM “44”, P.A “neutro > testa”, M “de
baixo para cima até a testa”), se refere a:
• Fixar na memória: memorizar, fixar, gravar, guardar, reter, conservar,
recapacitar.

FIGURA 37 – “DOCUMENTO”

FONTE: Os autores

237
Este termo, (CM “37a” e “62”, P.A “neutro”, M “passar uma vez na palma
para baixo”), se refere a:
• Declaração escrita que comprova algo: declaração, certidão, certificado,
título, registro, escritura, contrato, atestado, comprovativo, comprovante.
• Qualquer registro escrito: papel, escrito, impresso, manuscrito.

FIGURA 38 – VERBO “DICIONARIZAR”

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “B” e “12”, P.A “neutro”,
M “passa na palma para dentro; CM “5”, P.A “neutro”, M “meio círculo
para fora”; CM “35a” [decorar - variação 1], P.A “neutro e testa”, M
“mãos alternadas”), se refere a:
• Decorar léxicos; decorar sinais; registrar sinais na memória; dicionarizar-se;
memorizar, fixar, gravar, guardar, reter, conservar, memorar, recapacitar

238
FIGURA 39 – “EQUIVALÊNCIA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “53a”, P.A “neutro”, M “breve, tocar e separar as mãos”,
ENM “indicativo de concordar”), se refere a:
• Correspondência: correspondente, equidade, equipolência, igualdade,
paridade, proporção, isonomia.
• Imparcialidade, isenção, justiça, neutralidade.

FIGURA 40 – “EQUIVALÊNCIA” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14”, P.A “neutro”, M “breve, tocar e separar os dedos”,
ENM “indicativo de concordar”), se refere a:
• Correspondência: correspondente, equidade, equipolência, igualdade,
paridade, proporção, isonomia; combinar, tipo.
• Imparcialidade, isenção, justiça, neutralidade.

239
FIGURA 41 – “EDUCACIONAL/EDUCAÇÃO”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “47” e “42”, P.A “neutro”, M “para fora”), se refere a:
• Ensino: ensinar, instruir, instrução, disciplinar, pedagogia, educar. 
• Treinamento: adestramento, domesticação, amestramento, domação,
humanização, treinamento, treino.

FIGURA 42 – “JURÍDICO/A” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “49”, P.A “neutro”, M “alternado”), se refere a:


• Jurídico: julgar, judicial, avaliar, qualificar, calcular, pronunciar, sentenciar,
deliberar, decretar, estatuir, reputar, conjecturar, atribuir, ceder, submeter;
juiz (variação 1).

240
FIGURA 43 – “ESTRATÉGIAS”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “1/2”, “40”, P.A “neutro”, M “alternado para os lados”,
ENM “minucioso”), se refere a :
• Plano de organização: plano, tática, técnica, meio, método, sistema,
processo, procedimento, critério, planejamento, parâmetro, estratégica.
• Habilidade para fazer alguma coisa: habilidade, esperteza, talento, aptidão,
habilitação, sagacidade, perícia, engenho, engenhosidade.
• Esquema executado para atingir um objetivo: esquema, enredo, armação,
truque, manha, treta, fraude, tramoia, artimanha, manobra, armadilha,
artifício, embuste, ardil, subterfúgio.

FIGURA 44 – “FORMAÇÃO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “51a”, “2/S”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente
fechando as mãos”), se refere a:
• Ensino e Instrução: ensino, instrução, estudo, conhecimento, ensinamento,
saber, sabedoria, erudição, cultura, preparo, perícia, ilustração, ciência;
formatura, formar.

241
FIGURA 45 – “FUTURO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “54/F”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente”), se
refere a:
• Que está por vir: amanhã, horizonte, porvindouro, porvir, póstero, venturo,
vindouro; dia distante, tempo distante, algum dia.

FIGURA 46 – “FUTURO” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “53a”, P.A “neutro”, M “do troco para a frente”), se
refere a:
• Que está por vir: amanhã, porvir, póstero, venturo; um dia, daqui algum dia,
tempo próximo, daqui para a frente.

242
FIGURA 47 – “GLOSSSÁRIO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “9/G”, “5/A” e “64”, P.A “neutro”, M “de cima para baixo,
abrindo a mão”), se refere a:
• Compilação de palavras: léxicos, elucidário, vocabulário, lista de palavras,
lista de termos, logógrafo, lexicografia.

FIGURA 48 – “GUIA-INTERPRETAÇÃO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “28” e “5”, P.A “neutro”), se refere a:


• Guia-interpretação, guia-intérprete.

243
FIGURA 49 – “HISTÓRIA” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “32/V”, P.A “testa/fronte”), M “movimento para


frente”), se refere a:
• História, Anais, memória, passado, estória, ficção, narração, relato; verbo:
lembrar, recordar, memorar, reviver, recapitular, reavivar.

FIGURA 50 – VERBO “IDENTIFICAR” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “62/B”, P.A “neutro”), M “bater ambas as mãos e


separá-las”), se refere a:
• Comprovar a identificação: comprovar, constatar, detectar, verificar,
descobrir, provar, perceber, observar, achar, sentir; verbo: encontrar,
localizar.

244
FIGURA 51 – VERBO “IDENTIFICAR” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “12/D”, P.A “neutro”), M “bater ambas as mãos e


separá-las ou não”), se refere a:
• Comprovar a identificação: comprovar, constatar, detectar, verificar,
descobrir, perceber, achar, observar; verbo: encontrar, topar, recuperar,
localizar, conseguir, alcançar.

FIGURA 52 – “INTERLINGUAL”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “24”, P.A “neutro”), M “mover dedos alternadamente”,


O “palmas opostas”), se refere a:
• Interlingual: línguas diferentes, idiomas diferentes.

245
FIGURA 53 – “INTERPRETAÇÃO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “62”, P.A “neutro”), M “virar a mão deixando as palmas
para cima”), se refere a:
• Comprovar a identificação: comprovar, constatar, detectar, verificar,
descobrir, perceber, achar, observar; verbo: encontrar, topar, recuperar,
localizar, conseguir, alcançar.

FIGURA 54 – “INTRALINGUAL” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “24”, P.A “neutro”, M “movimentar os dedos, com a


palma para dentro”), se refere a:
• Intralingual, reformulação, rewording, mesmo, mesma, propriamente dito;
igual.

246
FIGURA 55 – “INTERSEMIÓTICA/O” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “64” e “34”, P.A “neutro”,
M “circular no espaço neutro, com a palma para frente”), se refere a:
• Intersemiótica, estudo semiótico, semiose.

FIGURA 56 – “LEGISLAÇÃO/LEI” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, somado de sinais compostos, (CM “62” e “8a”, P.A “neutro”,
O “palmas para fora”), se refere a:
• Normas para serem respeitadas e seguidas: lei, legislação, constituição,
código, regulamento, regimento, estatuto, legislatura, diretrizes, orientações,
determinações.

247
FIGURA 57 – “LAGTIME” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14”, P.A “neutro” mãos distanciadas [sentido de atrás/
atrasado]), se refere a:
• Lag time: tempo de atraso, estar atrás, atrasado, atraso em relação à,
intervalo de tempo, tempo de latência.

FIGURA 58 – “LÍNGUA DE SINAIS” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “64”, P.A “neutro”, M “circular, as mãos uma frente à
outra”), se refere a:
• LS: Língua de sinais, idioma sinalizado, língua espaço-visual, língua gesto-
visual

248
FIGURA 59 – “LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “64”, P.A “neutro”, M “‘fazer’ o sinal de Brasil”), se


refere a:
• Língua brasileira de sinais, Libras, LSB, língua espaço-visual, língua gesto-
visual.

FIGURA 60 – “MIDIÁTICO/A” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “8a” e “25”, P.A “neutro”, M “para o lado [direito ou
esquerdo]”), se refere a:
• Mídia: difundido, publicitado, transmitido, mediático, divulgado.

249
FIGURA 61 – “MIDIÁTICO/A” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “62”, “44” e “47”, P.A “neutro”, M “palma da mão para
fora”), se referea:
• Mídia: difundido, publicitado, transmitido, mediático, divulgado.

FIGURA 62 – “MODALIDADE” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “31” e “14”, P.A “neutro”, M “de um lado a outro”), se
refere a:
• Tipo: modalidade, categoria, variedade, variante, modelo.

250
FIGURA 63 – “MODALIDADE” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “31” e “61/62”, P.A “neutro”, M “de um lado a outro”), se
refere a:
• Tipo: modalidade, categoria, variedade, variante, modelo.

FIGURA 64 – “PROPÓSITO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14”, P.A “neutro”, M “levar a ponta do indicar até o
outro [acertar o alvo/objetivo]”), se refere a:
• Propósito se se pretende alcançar: fim, finalidade, objeto, alvo, meta, destino,
intenção, intuito, intento, tenção, escopo, fito, mira, desígnio, querer, sonho;
objetivo.

251
FIGURA 65 – VERBO “PRECIPITAR” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “64” e “1/A”, P.A “neutro”, M “elevar a mão “64” para
cima fechando em “1/A”), refere-se a:
• Verbos: precipitar, antecipar, adiantar, acelerar, despenhar, apressar,
azafamar; afobação, afoiteza, ânsia, avidez, irreflexão, aguça, urgência,
ligeireza, ligeiro, rápido, rapidez, veloz, velocidade.

FIGURA 66 – VERBO “PRECIPITAR” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “58”, P.A “nariz”, M “tocar o nariz, semicírculo para
fora”), refere-se a:
• Verbos: precipitar, afobação, afoiteza, irreflexão, abusar, desmandar,
exorbitar, exceder, extrapolar.
• Excesso: exagerar, descomedir, demasiar, excesso, overdose, ultrapassar,
insensato.
• Sem nexo: ilógico, absurdo, irracional, incoerente, incongruente,
tolo, confuso, idiota, disparatado, insensato, surreal, despropositado,
desarrazoado, infundado, incompreensível, ininteligível.
• Gíria: ir longe demais, sem noção.

252
FIGURA 67 – “PROFISSIONAL”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “1” e “7”, P.A “neutro”, M “passar “7” em círculos no
dorso “1”), se refere a:
• Relativo à profissão: ocupação, trabalho; qualificado, habilitado, hábil,
competente, conhecedor, pró, idôneo; sério, aplicado, criterioso, especialista,
perito, experto, técnico, entendido.

FIGURA 68 – “PRODUÇÃO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

253
Este termo, (CM “49”, P.A “neutro”, M “alternado, para cima – palmas
para frente – ou, para frente – palmas para baixo – conforme disposição
do receptor”), se refere a:
• Fabricar algo: fabricar, fazer, executar, elaborar, efetuar, realizar, montar,
manufaturar, produzir.
• Realizar um evento: realizar, montar, elaborar.
• Verbo produzir: produção, arranjar, arrumar, embelezar, enfeitar,
ornamentar.

FIGURA 69 – “PROTAGONISMO” (VARIAÇÕES 1 E 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “28”, “1/2”, “62/63”, P.A “neutro”, M “breve, do corpo
para fora [indicativo de ‘chegar’]), se refere a:
• Protagonista; que desempenha um papel ativo e de destaque: ator, atriz,
personagem, intérprete, agente, figura, líder, destaque, responsável, motor,
impulsionador, promotor, causador, motivador, fomentador.

FIGURA 70 – “RECEPÇÃO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

254
Este termo, (CM “28”, “1/2”, “62/63”, P.A “neutro”, M “breve, do corpo
para fora [indicativo de ‘chegar’]), se refere a:
• Verbos: obter, ter, adquirir, conseguir, alcançar, receber, apanhar, tomar,
atender, recolher, coletar, arrecadar, embolsar, herdar, adir, acatar,
obedecer, submeter-se, captar, empossar, possuir, deter, reter.
• Considerar aceitável: aceitar, admitir, considerar, abraçar, reconhecer,
adotar.
• Acolher: hospedar, acolher, recepcionar, albergar, abrigar, agasalhar.
• Tomar posse: reaver, recuperar, resgatar, readquirir, posse, portar.

FIGURA 71 – “RECEPÇÃO” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “64”, P.A “neutro”, M “breve, de fora para dentro
[indicativo de receber a sinalização/informação”]), se refere a:
• Verbos: obter, ter, adquirir, conseguir, alcançar, receber, recolher, coletar,
arrecadar, herdar, captar, deter, reter, aceitar, admitir, adotar; receber
informação, receber resposta, receber feedback.

255
FIGURA 72 – VERBO “RECONHECER” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “32”, P.A “rosto”, M “breve, semicírculo de dentro para
fora, virando a palma para cima”), se refere a:
• Certificar com legítimo (verbos): certificar, autenticar, legitimar, legalizar,
assegurar, atestar, reconhecimento; recognição, condecoração, certificação.
Certificar como verdadeiro.

FIGURA 73 – “RESPONSABILIDADE” (VARIAÇÕES 1 E 2)

FONTE: Os autores

256
Este termo, (CM “25” ou “61/62”, P.A “ombro”, ENM “indicativo de
seriedade/sério”), se refere a:
• Sensatez e seriedade na forma de agir: sensatez, seriedade, juízo,
consciência, critério, tento, retidão.
• Dever, obrigação, incumbência, encargo, tarefa, compromisso, atribuição,
comprometimento, cargo, cuidado, parte, supervisão.
• Gíria: cabeça, responsa, de palavra, carregar o peso nos ombros, ossos do
ofício.

FIGURA 74 – “SIMULTÂNEA/O” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14/1”, P.A “neutro”), M “virar as mãos juntas para
baixo e para frente”), se refere a:
• Simultâneo: junto, simultaneidade, ao mesmo tempo, síncrono, paralelo,
concomitante, coincidente, conjunto, coexistente, tautócrono, isócrono.

257
FIGURA 75 – “SURDA/SURDO”

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14/1”, P.A “ouvido > boca”, M “breve, do ouvido até o
canto da boca”), se refere a:
• Pessoa Surda: grafia em “S” maiúsculo, “a pessoa que luta pelos seus direitos
políticos, linguísticos e culturais, ou seja, que faz parte da Comunidade
Surda [...] engloba uma categoria de alteridade, que envolve a mulher/o
homem surda/o em suas diferentes peculiaridades: etária, de raça, de
classe, religiosa, de posição geográfica, etc”. (SILVA, 2019, p. 70 – nota) 22).

FIGURA 76 – VERBO “SUSTENTAR” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

258
Este termo, (CM “62/B” e “2/S”, P.A “neutro”, M “breve, levantar [como
suspender algo]”), se refere a:
• Segurar ou amparar, impedir de cair: segurar, amparar, suportar, aguentar,
apoiar, escorar, firmar, estear.
• Prover: suprir, providenciar, atender, assegurar, assistir, ajudar, auxiliar,
socorrer, alimentar, nutrir, fortalecer, revigorar.
• Transportar nas mãos: levar, carregar, transportar, portar.
• Defender: abraçar, patrocinar, apadrinhar, adotar, advogar.
• Dar força: encorajar, animar, alentar, estimular, confortar.

FIGURA 77 – “TIPO” (VARIAÇÃO 1)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “14”, P.A “neutro”, M “bater brevemente o indicador na


ponta do outro indicador”), se refere a:
• Espécie ou gênero: espécie, classe, categoria, variedade.
• Modelo ou exemplo: modelo, exemplo, exemplar, molde, protótipo,
paradigma, arquétipo.

259
FIGURA 78 – “TIPO” (VARIAÇÃO 2)

FONTE: Os autores

Este termo, (CM “61”, P.A “boca”, M “bater levemente e tirar da boca”
ENM “em contexto de pergunta, expressão de questionamento”), se
refere a:
• Espécie ou gênero: espécie, classe, categoria, qualidade, variedade, casta,
espécime.
• Modelo ou exemplo: modelo, exemplo, exemplar, molde, protótipo,
arquétipo; natureza.
• Time (qual o seu time de futebol?).
• Predileção: preferir, preferência, opção, predileção, favorito, simpatia,
propensão, queda, anteposição, inclinação.

FIGURA 79 – “TRADUÇÃO/TRADUTÓRIA”

FONTE: Os autores

260
Este termo, (CM “B” e “32/V”, P.A “neutro”, M “uma mão sobre a outra”),
se refere a:
• Passagem de uma língua para outra: versão, transposição, translação,
transladação, comento.
• Interpretação de algo: interpretação, compreensão, explicação,
esclarecimento, elucidação,
• explanação, exposição.

FIGURA 80 – “CONFIGURAÇÕES DE MÃO”

FONTE: Felipe (2007)

261
LEITURA
COMPLEMENTAR
CURSOS DE LIBRAS ON-LINE - QUALIDADE E O DESEMPENHO EM XEQUE:
DIVERGÊNCIAS NO ENSINO E (DES) RESPEITO À COMUNIDADE SURDA

Reginaldo Aparecido Silva1


Patrícia Ferreira de Souza2

1. INTRODUÇÃO

Know-how! Um termo em inglês que literalmente significa “saber como”, ou


seja, a pessoa que possui um know-how tem um objetivo de conquistar o mercado
de trabalho por apresentar conhecimentos especializados sobre algo que outros não
têm. O know-how harmoniza diretamente com algo novo, uma habilidade e eficiência
que a pessoa possui na execução de um determinado ofício. Este “pode ser adquirido
ou desenvolvido por meio da prática e aperfeiçoado pela experiência. Com o mercado
em constante modificação, é necessário sempre estar atento às novas técnicas de
sua área de atuação para aprender a aplicá-las e dispor do conhecimento exigido em
determinado contexto” (IBC, 2016).

Muitos são os que desejam fazer um curso complementar para adquirir e


aprimorar seus conhecimentos e em seguida colocar em prática seu aprendizado. Nas
últimas décadas, com a expansão da Educação Especial e o Atendimento Educacional
Especializado – AEE, tendo como base a legislação vigente (BRASIL 1994; 1999; 2000;
2003; 2005; 2011), a demanda de profissionais qualificados para atuar nestes espaços
educacionais é crescente; e devido a este crescimento, muitas são as Instituições que
apresentam cursos livres com investimento acessíveis, oportunizando aos interessados
que façam rapidamente os cursos pretendidos e recebam um certificado. Com este em
mãos terá referência e, com o conhecimento e a competência adquirida, estará apto
para competir no exigente mercado de trabalho. Entre outros objetivos, o certificado
adquirido pelo aluno tem a função de dar-lhe um “título” para apresentar em um AACC
(horas complementares na Universidade) por exemplo.

Mas, no que concerne ao título da presente pesquisa Cursos de Libras3 On-


line - qualidade e o desempenho em xeque: divergências no ensino e (des) respeito à
Comunidade Surda, inquietamos quanto a essa crescente demanda de Cursos On-line
de Libras indagando: Onde fica o respeito à Libras enquanto idioma? É realmente válido
e, está em coerência com um idioma sério a ser ensinado e aprendido pela internet? O
investimento condiz com um ensino de qualidade?

1 Professor e Tradutor-Intérprete de Libras - IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes.


2 Professora de Ciências Biológicas - IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes.
3 Sigla da Língua brasileira de sinais.

262
Ainda que o avanço tecnológico e estrutural de plataformas digitais de ensino
tenha alcançado um grande público, percebe-se que a qualidade desse ensino em muitas
Instituições tenha regredido em pleno Século XXI. Um dos exemplos a mencionar é a
Educação à Distância (EaD), e outra inquietação surge: qual a razão para uma instituição
promover um curso de baixa qualidade e valores superacessíveis? Arrecadação de
capital? Promoção da Instituição a partir do status da Libras, por esta ser interessante,
atrativa e ser uma fonte de aprendizagem que “está na moda”?

Há menção de que o curso é gratuito, mas no final cobra-se uma taxa para obter
o certificado. Um curso self-service – em que se escolhe a Carga Horária e no final se
obtém o certificado reconhecido pela instituição –, isto é uma garantia para o aprendiz
realmente conhecer, aprender e ter habilidade na Libras? Claro que no emaranhado de
cursos EaD e a grande evolução virtual, há àqueles sujeitos que apenas se interessam
exatamente pelo simples fato de ter um Certificado, e neste caso o de Libras, mas sem
conhecimento algum do idioma. Visto que muitas Instituições de Ensino têm recrutado
profissionais qualificados e certificados para o ofício, esses muitas vezes não provam
com a sua titulação – necessária para o ingresso – que realmente são habilitados e
possuem as habilidades e competências necessárias para exercer uma função, que terá
como principal atividade, a intermediação de dois idiomas: o da Língua de Sinais e o da
Língua Oral, no nosso caso o português.

1.1. O Interesse pela Libras

Atualmente, há duas certificações4 que são exigidas como pré-requisitos


básicos e necessários para atuar nesta esfera, por exemplo: o Programa Nacional para a
Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação da Libras/Língua Portuguesa
- Prolibras, e/ou a declaração de Proficiência da Banca do Centro de Capacitação de
Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez - CAS.

A distorção e o desrespeito à Libras, inicia logo no primeiro contato com o Curso


On-line. É impossível aprender um idioma nesta modalidade que o habilite ao exercício
profissional e fluente sem ao menos ter contato com um nativo, a menos que queria
apenas ser dicionarizado. Claro que os idiomas orais se tornam mais fáceis de aprender,
visto que, o sujeito ouvirá as pronúncias, além dos contatos muitas vezes com nativos,
que falem o mesmo idioma. Mas e quanto a Libras, não poderei ter contato com os
Surdos5 do Brasil todo e assim me tornar fluente? Isso é o que se espera!

4 Estas certificações básicas são aceitáveis quando um profissional não possui a titulação exigida pela
instituição contratante, estando assim em harmonia com a legislação vigente, conforme o Capítulo V de Brasil
(2005).
5 A grafia em “S” maiúsculo refere-se ao sujeito surdo, a pessoa que luta pelos seus direitos políticos,
linguísticos e culturais, ou seja, que faz parte da Comunidade Surda (FELIPE, 2007, p.33).

263
Mas, nem todos que fazem cursos básicos se infiltram na Comunidade Surda6 para
aprender. Por qual razão? Devido à limitação de entendimento do idioma, muitos têm
o receio de encontrar com um sujeito Surdo ou até mesmo não conhece nenhum para
que tenha diálogo. O que ocorre também é que aqueles que desejam aprender Libras
aprendem de modo descontextualizado, não levando a sério o que realmente é a língua
de sinais, não a reconhecendo como um idioma de gramática e estrutura complexas
(BRITO, 2001).

1.2 O que é ofertado

A metodologia dos Cursos On-line. Possuem um norte de ensino ou idealizam


seus métodos? Acompanham, faz tutoria aos cursistas ou apenas enviam-lhes vídeos
– por meio de links – para assistir e depois emitirem os certificados? Caso positivo, é
realmente realizado pelo aluno ou alguém que sabe língua de sinais quem realizou as
atividades? Independentemente de como é realizado, se pelo aluno ou por terceiros,
faz-se necessário levar a sério o aprendizado, não de gestos e sinais da Libras – como
são referenciados, mas de um idioma visuo espacial.

Os cursos on-line são embasados na Legislação e outros ordenamentos legais,


que tratam sobre os cursos livres, como por exemplo, o Decreto Presidencial nº 5.154 de
23 de julho de 2004 e as normas da Resolução CNE nº 04/99 – MEC (art. 7º, § 3º) de 7 de
outubro de 1999. Como mencionado por um site analisado

Muitos alunos precisam obter os certificados para diversas


finalidades: comprovar competências, apresentar em concursos
públicos e em provas de títulos, complementar carga horária em
universidades, escolas técnicas e profissionalizantes e muito mais.
O [curso on-line] oferece certificados reconhecidos nacionalmente
e você pode obtê-los de forma simples e prática. Na comodidade de
sua residência, você poderá realizar uma avaliação não presencial,
após o estudo do material dos cursos e garantir o seu certificado.
A partir de um questionário no modelo de verdadeiro ou falso,
alcançando nota igual ou superior a sete pontos você é aprovado.
Faça o investimento da taxa de avaliação, aguarde o período mínimo
de estudos correspondente a cada carga horária e seu certificado
será liberado automaticamente no sistema. Você pode também optar
por receber a versão impressa da certificação.

A partir deste pressuposto, iniciamos uma sistemática busca de sites de Cursos


On-line e foram analisados todos os dados explicitados em cada plataforma quanto a
qualidade de oferta destes. Diante dezenas de plataformas disponíveis e da minuciosa
investigação, esbarramos na via contrária de aprendizagem real de um idioma, bem
como da incoerente oferta e respeito ao consumidor/aluno e à Língua de Sinais
propriamente dita.

6 Ou mundo surdo. “Surdos e ouvintes unidos por uma série de afinidades e vínculos simbólicos […] concentrados
em um mesmo local ou dispersos territorialmente [...] em que as línguas de sinais, a experiência visual e
os artefatos culturais surdos são partilhados entre sujeitos Surdos (e ouvintes) que congregam interesses
comuns e projetos coletivos” (EIJI, Cultura Surda); “geralmente em Associações de surdos, Federações, igrejas
e outros” (STROBEL, 2008, p. 29-31).

264
Um exemplo a mencionar é a indisponibilidade de informações básicas e
necessárias. Os cursos são citados como totalmente gratuitos, mas, ao finalizá-lo surge
a opção para emissão do certificado, desde que o aluno pague uma taxa por isso. Até
mesmo ao aluno, se desejar um selo adicional, deixando o certificado mais apresentável
e bonito, há um valor específico para isto.

Se a finalidade do Curso, como mencionado acima por uma plataforma, é


“comprovar competências, apresentar em concursos públicos e em provas de títulos,
complementar carga horária em universidades, escolas técnicas e profissionalizantes”
este não deveria ser gratuito, pois há uma séria responsabilidade e um peso ético quando
se diz “comprovar competências”; não basta apenas garantir o certificado respondendo
a um questionário no modelo de verdadeiro ou falso – o que não comprova habilidades
e competências adquiridas – alcançando nota igual ou superior a sete pontos para ser
aprovado.

Outro exemplo é quando há incoerência do conteúdo de oferta relativo ao nível


do curso. Em um curso de nível Avançado de Libras, espera-se no mínimo que o aluno
– após ter cursado o Básico e o Intermediário –, tenha domínio e fluência na Língua de
Sinais. De modo que, agora, no Curso Avançado, poderá se expressar naturalmente em
Língua de Sinais, compreender a sinalização, conversar em Libras e traduzir (mesmo
que basicamente) um sujeito Surdo, visto que este nível de curso tem por objetivo
proporcionar a capacidade de interação com a Língua e suas nuances – aquisição
de aspectos tradutórios da Libras para o português e vice-versa. Referindo-nos à um
modelo de Curso de Inglês, o Nível Avançado é, segundo a definição de uma escola, o
seguinte:

Se você está no nível avançado, isso significa que você é capaz


de compreender um vasto número de textos longos e exigentes,
reconhecendo os seus significados implícitos. Significa também que
você consegue se expressar de forma fluente e espontânea sem
precisar procurar muito as palavras, usa o idioma de modo flexível e
eficaz para fins sociais, acadêmicos e profissionais. Pode discutir sobre
temas complexos, de forma clara e bem estruturada, manifestando o
domínio de mecanismos de organização, de articulação e de coesão
do discurso. No avançado, você consegue compreender sem esforço
praticamente tudo o que ouve ou lê, fala espontaneamente, com
exatidão, sendo capaz de distinguir finas variações de significado em
situações complexas (ESCOLA DE IDIOMAS).

Mediante esta definição, fazemos um paralelo com a Libras. Se no nível avançado


o aluno está apto para entender e compreender todas as nuances do idioma, não deveria
ser assim também na Língua brasileira de sinais? Em consonância da definição, a prática
é evidente a partir desta expressão: “(...) consegue se expressar de forma fluente e
espontânea [...] usa o idioma de modo flexível e eficaz para fins sociais, acadêmicos e
profissionais [...] manifestando o domínio de mecanismos de organização, de articulação
e de coesão do discurso”.

265
Sendo assim, qual seria a razão de um curso Avançado de Libras abarcar em
seu conteúdo programático os seguintes itens: “A criança com surdez e a descoberta da
escrita – relações entre língua materna e língua estrangeira”; “Hino Nacional Brasileiro”;
“Metodologias inclusivas para ensino de Língua Brasileira de Sinais – Libras”; “LIBRAS
em: Função Comunicativa e Função Pedagógica”; “O alfabeto em Libras”; “Expressões
facial e corporal”; “A linguagem com crianças”, entre outros?

Deste conteúdo, mencionamos e analisamos dois itens: o primeiro, “O alfabeto


em Libras”. Este faz parte de conteúdo inicial, na maioria dos casos, de cursos básicos
e não de um curso em nível avançado. O outro, “Expressões facial e corporal7”. Aprender
a fazer expressões faciais e corporais em um curso Avançado está incoerentemente e
na via contrária deste tipo de módulo, além de estar iludindo o consumidor/aluno, pois,
este exercício é parte integrante dos cinco parâmetros – que se espera ter trabalhado
teoricamente – no início de um curso básico ou início e/ou revisão de um intermediário.
Entre outras coisas, o “Hino Nacional Brasileiro” não seria uma prática, um recurso ideal
de se trabalhar em um curso de nível Avançado. Neste nível espera-se daquele que está
envolvido (ou esteve envolvido após o nível intermediário) receba subsídios – orientações
de como fazer e como atuar –, necessários para traduzir e interpretar os sujeitos Surdos
nas diferentes esferas em que estes possam se encontrar, principalmente na esfera
educacional, campo mais pleiteado na atualidade, devido ao déficit de profissionais
qualificados para este fim.

Por esta razão inquietamos e novamente indagamos: a Comunidade Surda


e a Libras enquanto idioma são respeitados nestes quesitos? O consumidor está
recebendo um ensino coerente com a oferta? Infelizmente, para os leigos, os alunos
simpatizantes com a Libras, ao se matricular nesses cursos o acham “mil maravilhas”,
pois irão aprender coisas novas, acessar as atividades na plataforma quando puderem
pagar como desejarem e assim receber um certificado. Mas, se esquecem do idioma
que é a Libras e sua real condição enquanto Língua de estrutura gramatical complexa
igualmente aos outros idiomas orais (GESSER, 2009).

Muitas são as finalidades, mas com o mesmo foco: Extensão universitária


(horas e atividades extracurriculares, horas e atividades complementares); Enriquecer
o currículo (aumentar as chances de conseguir um bom emprego); Avaliações de
empresas em processos de recrutamento e seleção (aumenta as chances de ocupar
um cargo melhor); Avaliações para promoções internas nas empresas; Gratificações
adicionais conforme plano de carreira;

7 - “Torna-se incoerente um treinamento de ‘expressões faciais’ visto que cada pessoa possui uma forma
de se expressar. As expressões faciais e corporais são naturais, únicas e, cada pessoa ao lançar mão
disso terá uma reação diferente. [...] Assim, a expressão, além de voluntária, pode ser involuntária, natural
e espontânea, de mímica facial. Certos movimentos expressivos da face como no sorrir, chorar, gritar são
inatos, não são aprendidos [...] algumas expressões faciais […] são difíceis de ser interpretadas. As vias
nervosas motoras que controlam a expressão facial [...] apresentam ‘caminhos’ voluntários e involuntários.
Quando sorrimos de forma forçada, por exemplo, utilizamos uma via que não é a mesma que quando rimos
espontaneamente” (MADEIRA & RIZZOLO, 2015) grifo nosso.

266
Concursos públicos (mediante verificação do edital); Provas de títulos (mediante
verificação do edital); e Seleções de mestrado e doutorado.

Com tantas finalidades, o propósito principal – no que diz respeito em aprender


um idioma como a Língua de sinais – não é mencionado: a conversação, o diálogo, o
contato o sujeito Surdo, com o seu mundo, a sua Cultura!

2. METODOLOGIA

A pesquisa teve seu viés no formato qualitativo de caráter analítico, tendo como
a priori inquietações e (in)formações empíricas.

Foi realizada uma pesquisa de dezenas de sites e plataformas disponíveis que


ofertam Cursos On-line de Libras. Dos disponíveis, foram selecionados apenas 20 (vinte)
cursos, visto que em sua grande maioria não havia diferença de conteúdo programático,
de metodologia de ensino, de emissão de certificados. As diferenças visíveis entre estes
se davam quanto a: imagem da plataforma (uma vez que cor diferenciava, porém, era a
mesma plataforma); o investimento e as formas de pagamento; o modelo do certificado;
o corpo docente; os parceiros e vínculos institucionais; e o endereço físico ou virtual da
instituição.

Para a análise destes, foram levados em consideração os seguintes critérios:


a consistência de dados disponíveis, coerência na oferta (temas relacionados com o
conteúdo e a programação), emissão e finalidade dos certificados e metodologias
utilizadas (contextualizada ou dicionarizada/categoria). Outros dados tais como
público-alvo, equipe docente e Coordenação também foram analisados, mesmo sendo
relevantes, não fizeram parte do objeto da pesquisa. A ferramenta utilizada para a busca
dos cursos bem como de suas análises foi a plataforma de busca Google e os descritores
para tal foram: Curso Gratuito, Curso On-line, Curso de Libras, Curso Gratuito de Libras,
Curso On-line de Libras.

Com os dados coletados de todos os cursos analisados, de modo geral, as


informações foram organizadas em gráficos qualificando-os quanto: as informações
visíveis e disponíveis (gráfico 1); o comprometimento com a Libras, a Comunidade
Surda bem como o respeito ao consumidor/aluno (gráfico 2); e as finalidades, o objetivo
principal de cada Curso conforme descrição em suas páginas (gráfico 3). Os 20 (vinte)
sites foram analisados seguindo os objetivos e critérios pretendidos, e os resultados
compilados se encontram nos gráficos abaixo:

267
Gráfico 1: Informações dos Sites. Elaborado pelos autores com base nos dados das 20
Plataformas analisadas

20 Cursos On-line de Libras


25

20 20
20
18

15

9
10
6
5
2

0
Conteúdo padrão Incoerência de oferta: Opção de Carga Opção de Certificado Totalmente Gratuito Pago
(sinais sem contexto) Tema do curso X Horária
Conteúdo

Gráfico 2: Elaborado pelos autores com base nos dados das 20 Plataformas analisadas

Gráfico 3: Elaborado pelos autores com base nos dados das 20 Plataformas analisadas

268
3. CONCLUSÕES

Muitas são as dezenas de Cursos On-line disponíveis. Devido ao grande número


deles, como mencionado, foram selecionados apenas 20 (vinte). Todos os analisados são
básicos – introdutórios a Libras, estes envolvem um conteúdo padrão de aprendizagem
tais como: sinais por categoria e dicionarizados; parâmetros linguísticos, alfabeto
manual, História do Surdo, o que é surdez e prevenção – embora alguns apresentem
como outro nível, os seus conteúdos não correspondem o anúncio. Uma das legendas
que nos chamou atenção, além de ser inconveniente, foi a seguinte:

A LIBRAS é a abreviação para Língua Brasileira de Sinais. Trata-


se de uma linguagem a ser utilizada por pessoas com deficiência
auditiva, e por aqueles que desejam estabelecer uma comunicação
eficaz com tais indivíduos. A LIBRAS possibilita a comunicação por
meio de gestos e sinais. Os cursos online com certificação que a
[Instituição] desenvolve na área de Libras privilegiam a qualificação
dos discentes quanto à importância da comunicação inclusiva
visando o atendimento das necessidades de todos em concordância
com valores éticos e morais. (grifo nosso).

Os dados em gráficos mostram que os Cursos, ainda que sejam de extensão


ou aperfeiçoamento, ou pelo simples fato de alguém dizer: “tenho um certificado de
Libras”, estão aquém das exigências de um aprendizado básico, real e consistente que
se espera de um curso presencial de Libras.

Visto que a Língua de Sinais é um idioma, o que se espera de um aluno é que


este se torne fluente após um módulo avançado, por exemplo. Nas análises, foram
encontradas incoerências nos conteúdos, tanto no ensino como na oferta publicada.
Isso nos leva a formular duas hipóteses: que os Cursos On-line visam apenas os haveres
conduzindo os alunos a obter um documento – um certificado, um “papel” – assinado
com as referências Institucionais e que na verdade não representou a Comunidade
Surda de modo sério, não levando em conta a Cultura Surda e a Libras enquanto idioma;
e, ao aluno/consumidor, as habilidades necessárias para que, ao menos, após finalizar o
curso tenha conhecimento e saiba conversar, dialogar com um Sujeito Surdo e realizar
pequenas traduções em Língua de Sinais, não foram contempladas e muito menos
exploradas do ponto de vista básico.

Ainda que estivessem no cronograma de estudo, seria impossível, em um


curto período de tempo – como disponibilizado nas cargas horárias – realizar traduções
simultâneas e consecutivas (em alguns casos em que o curso aparece como nível
Avançado), pois, como descreve Oustinoff (2011):

O intérprete [...] para atingir um grau de domínio desses, é necessário


estar treinado em tradução “consecutiva” [...] modalidade de tradução
[...] que consiste em traduzir não ao mesmo tempo em que as falas
são pronunciadas, mas depois de certo tempo: não frase por frase,
mas em geral com tempo suficiente [...] e que esta técnica [...] pode
ser adquirida [...] utilizando-se inicialmente um texto escrito (p.107-
108).
269
E não estar dicionarizado, possuir uma gama de vocabulário (o que aparece em
cronogramas sem contexto e de aprendizagem de sinais por categorias), para traduzir,
pois, este trabalho envolve outros conhecimentos como menciona Machado (2014)

[...] o ato de traduzir não é uma simples transposição do léxico de


uma língua à outra; isto é, não traduzimos palavra por palavra, mas
faz-se necessária uma tradução de significados [semânticos] e das
referências que há entre culturas. Considera-se que a tradução
não é uma atividade puramente técnica e objetiva. Com isso, a
subjetividade está implicada na interpretação do tradutor, pois
passa a ser naturalmente uma consequência dos processos de
interpretação e tradução (p. 46).

Alguns disponibilizam a legenda: “Esclarecemos que os cursos à distância


ofertados [...] são considerados cursos de educação continuada e, por isso, não estão
sujeitos ao reconhecimento do Ministério da Educação (MEC).” Mesmo assim, muitos
utilizam este documento para ingressar na Educação sem ao menos ter a devida
qualificação.

Conclui-se com este trabalho a seguinte realidade: devido a crescente e


emergente demanda da Educação Especial e Inclusiva por profissionais habilitados
em Libras, o objeto de estudo, interessados em ingressar na Educação, lançam mão
desses cursos por serem de fácil acesso, rápido, acessível financeiramente e prático na
liberação de certificados. Mas se esquecem que aprender um idioma demanda tempo
e, não somente 30 horas ou 480 horas assistindo a vídeos na internet e muito menos
respondendo a questionários. Para aprender Libras, (vale reiterar e ecoar) um idioma
de estrutura gramatical complexa igualmente a outros idiomas orais (GESSER, 2009;
BRITO, 2005), o sujeito deve dedicar muitas horas de contato com os nativos, aprender
e “sentir” o seu cotidiano, se infiltrar no mundo surdo, na Comunidade Surda, na sua
Cultura de modo a vir a se tornar fluente sem necessitar do óbvio escrito e de vídeos – o
que não deixa de ser um suporte interessante. E não ser dicionarizado, aprender muitos
sinais e mais tarde sinalizá-los sem contexto algum – o que também é necessário para
compor o banco de dados lexicais, mas apenas isso não são suficientes.

Mediante toda a análise das plataformas, temos uma avaliação panorâmica dos
cursos: difusão do ensino da Libras sem a sensibilidade e qualidade que lhe é devida;
o lucro do capital e o desfrute do status da Libras diante da demanda crescente; a
emissão de certificados àqueles que desejam acrescer seus rendimentos; e a garantia
de concorrência de títulos e horas por meio de cursos realizados.

O presente trabalho fomentou ainda mais, enquanto profissional atuante no


mundo Surdo, a manter o alvo responsável e ético em respeito a toda Comunidade
Surda. Propagar e ensinar com qualidade a Língua de Sinais e não aproveitar do seu
status para certificar com horas e sem nenhuma prática, mas respeitando os Surdos e a
Língua de Sinais – propriamente dita – como um idioma, a segunda Língua reconhecida
oficialmente no nosso país (BRASIL, 2002).

270
A pesquisa deu-nos um feedback sobre a visão da sociedade, do quanto a Libras
ainda não é levada a sério enquanto idioma e sim como algo a fazer sem compromisso
ético e indiferente. Isto porque é legal, está na moda, tem certificado e conta pontos na
escola ou outra Instituição que exige o “papel”. Deu-nos uma visão da realidade social
– que ainda não reconhecem a Libras como segunda Língua – frente à Comunidade
Surda, pois a tratam com desdém. É isso que os Cursos ofertados nos revelam quando
lemos os conteúdos e cronogramas.

Destarte, foi desenhado um panorama das análises até aqui exploradas:


difusão do ensino da Libras sem a sensibilidade e qualidade que lhe é devida; o lucro
capital com a demanda crescente; emissão de certificados para acrescimento nos
rendimentos; e a garantia de concorrência de títulos e horas exigidas por Instituições
contratantes de profissionais que possuem Libras em seu currículo (sem comprovação
de experiência e fluência) para o mercado de trabalho, inclusive na esfera Educacional.
Dentre todas, uma das mais importantes, pois, será desta que o sujeito Surdo terá a
oportunidade de sobressair enquanto cidadão de direitos, a garantia de acessibilidade
e o do reconhecimento linguístico e de suas alteridades, tendo autonomia de ir e vir
sem obstáculos na majoritária sociedade contemporânea, (in)visivelmente por vezes
excludente, opressora e estereotipada.

FONTE: SILVA, R. A.; SOUZA, P. F. Cursos de Libras On-Line - Qualidade e o Desempenho em Xeque: diver-
gências no ensino e (des)respeito à Comunidade Surda. In: COSTA, J. M.; SILVA, L. S. Anais do II Simpósio de
Pesquisa em Educação - SiPEd: educação básica: desafios e possibilidades na contemporaneidade. Lavras:
UFLA, 2018. 851p. Disponível em: https://bit.ly/3cPYgpd. Acesso em: 20 mai. 2021.

271
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Ainda que a Língua de Sinais no Brasil já exista há bastante tempo, seu status como
idioma parece ter sido mais relevante nos últimos anos, e principalmente no recente
período da pandemia causada pela COVID-19. Por conta disso, muitos se atraíram
pela sua “beleza” nos eventos que foram realizados virtualmente nas plataformas
digitais de streaming.

• É de extrema importância levar em consideração que a Libras, por ser um idioma,


exige do profissional mais que uma arcabouço de palavras-sinais. Há outras
exigências, cognitivas por exemplo, que demandam um conhecimento mais
apurado para desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de modo que
possam ingressar e permanecer no mercado de trabalho.

• A Libras é dinâmica e, por ser um idioma, a sua lexicografia não se fixa apenas em
um contexto, visto que há variações linguísticas, as quais devemos tomar cuidado
para não usar o mesmo léxico, ou o mesmo sinal, para contextos distintos.

• Não basta estar munido de muitos sinais, ou dos léxicos da LS, pois isso não indica
que a pessoa sabe traduzir e/ou interpretar, por exemplo, um enunciado ou uma
palestra. Mesmo que haja vários dicionários disponíveis nesse idioma, e que sejam
bons instrumentos para consulta.

• Além dos dicionários tradicionais, hoje existem aplicativos que rompem as barreiras
de comunicação entre surdos e nãos-surdos, além de promover a autonomia das
pessoas surdas e lhes dão qualidade de vida assim como uma melhor inclusão na
sociedade. Porém, esses instrumentos não realizam traduções, somente subsidiam
vocabulários e muito das vezes frases curtas como cumprimentos, por exemplo.

• Não se deve lançar mão apenas desses instrumentos sem ter o contato efetivo
com a Comunidade Surda. Para manter-se fluente e proficiente na Língua de Sinais,
é importante que outras habilidades e competências tradutórias façam parte da
experiência do profissional.

272
AUTOATIVIDADE
1 Como vimos neste tópico, muitos desejam ser tornar um TILSP/GI devido ao status
que a Libras, bem como os profissionais intérpretes tiveram nos últimos anos. Mas
existe um perigo que muitos desconsideram ao levar em conta que a Libras é um
idioma. Sobre essa exposição, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) não levam em conta que há outras sinais a serem aprendidos de modo cognitivo por
exemplo, que demandam um conhecimento menos apurado desse profissional,
desse autor que “precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de
cunho teórico e prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho
como para fazer que sua prática específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.
b) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento extenso e apurado desse profissional, desse
autor que “precisa desenvolver uma sequência de habilidades, de cunho
teórico e prático, tanto para ingressar e permanecer no mercado de trabalho
como para fazer que sua prática específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.
c) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento mais apurado desse profissional, desse autor que
“precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de cunho teórico e
prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho como para fazer
que sua prática específica seja positivamente afetada por seu conhecimento.
d) ( ) não levam em conta que há outras exigências, cognitivas por exemplo, que
demandam um conhecimento mais apurado desse profissional, desse autor que
“precisa desenvolver uma série de capacidades e habilidades, de cunho teórico,
religioso e prático, tanto para entrar e permanecer no mercado de trabalho como
para fazer que sua prática oratória específica seja positivamente afetada por seu
conhecimento.

2 Considerando que a Língua de Sinais é viva e a todo momento surgem novos léxicos
e que nem sempre estarão registrados nos dicionários, pode ser que os encontremos
nos aplicativos ou no Corpus da Libras, é importante manter o contato com a
comunidade surda para se atualizar. Analise as sentenças a seguir:

I- A Libras é dinâmica e, por ser um idioma, a sua lexicografia não se fixa apenas em
um contexto, há variações linguísticas, as quais devemos tomar cuidado para não
usar o mesmo léxico, ou o mesmo sinal, para contextos distintos.
II- Os aplicativos disponíveis não traduzem textos, pois geram apenas palavras, sinais
descontextualizados que podem levar o aprendiz a equívocos linguísticos graves e
uma distorção do idioma que deseja mediar.

273
III- Para ser um bom TILSP/GI, além de levar em conta as exigências cognitivas,
capacidades e habilidades no processo tradutório e mais importante estar munido
de muitos léxicos, ou seja, muitos sinais aprendidos nos diversos dicionários da
Libras com o contexto adequado.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Sofiato e Reily (2014) disseram que os verbetes podem servir como suporte de
memória, principalmente quando o professor fluente em Libras, seja ele surdo
ou ouvinte, apresenta sinais novos em contexto de conversação. Sendo assim,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os alunos podem praticar os sinais aprendidos e explorar o léxico novo. Entretanto, é


importante lembrar que os dicionários contêm palavras isoladas e não combinadas
em construções frasais específicas da língua.
( ) A tentativa de formar frases semelhantes ao português com sinais de Libras gera
equívocos gramaticais, pois Libras e português são línguas de estruturas diferentes.
( ) Mesmo que a tecnologia estreite o contato entre surdos e não-surdos, dando
acessibilidade e rompendo com as barreiras comunicacionais, aplicativos subsidiam
sinais sem contexto, assim como os dicionários físicos e/ou digitais, se tornam um
intercâmbio comunicativo formal.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) (   ) V – F – F.
b) (   ) V – V – F.
c) (   ) F – V – F.
d) (   ) F – F – V.

4 No Brasil, após o reconhecimento e regulamentação da Língua de Sinais, além de inúmeras


literaturas produzidas, dicionários e glossários como suporte didático pedagógico em
cursos básicos, temos uma proposta de catalogar e difundir ainda mais a Língua de
Sinais no Brasil. Disserte sobre essa proposta, a partir do que aprendeu neste Tópico e
das suas pesquisas.

274
5 Vimos que o profissional TILSP/GI deve estar habilitado e possuir competências tradutórias
e técnicas para atuar, e não somente estar munido de muitos sinais aprendidos em
dicionários e /ou aplicativos. Assim, para evitar um ingresso precipitado e mais tarde sofrer
uma punição pela falta de proficiência, este deve ponderar com muita responsabilidade
se está ou não habilitado para isso. Disserte como deve ser este ponderamento pelo
profissional.

275
REFERÊNCIAS
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276
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efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de pessoal da administração
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284
ANEXO I – As Políticas Públicas em 30(1) anos

Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.


(continua)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Constituição Federal do Brasil - Em especial o Artigo
1988 -
208.
Resolução 734 –
1989 “Obtenção de CNH […] categorias A ou B”.
Art. 54 (Contran)
1989 Lei 7.853 Apoio à integração social das PcD.
1990 Lei 8.069 Estatuto da Criança e do Adolescente.
Dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação de
Projeto de Lei
1990 programas televisivos que possibilitem aos deficientes
5.676 (PL)
auditivos a sua compreensão.
Dispõe sobre a caracterização de símbolo identificador
1991 Lei 8.160
de pessoas portadoras de deficiência auditiva.
Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos
1992 Decreto 591
Econômicos, Sociais e Culturais.
Reajustamento da pensão especial aos portadores da
1993 Lei 8.686
Síndrome de Talidomida, instituída pela Lei nº 7.070/82.
Retira da incidência do Imposto de Renda benefícios
1993 Lei 8.687
percebidos por deficientes mentais.
1993 Lei 8.742 Benefício de Prestação e Assistência Social às PcD.
1994 Lei 8.899 Transporte coletivo interestadual gratuito às PcD.
1995 Lei 8.989 Isenção de Impostos às PcD.
Adequação curricular e pedagógica acessível à alunos
1996 Aviso Circular 277
PcD.
1996 Lei 9.394 Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Obrigatoriedade de mensagem aos surdos na
propaganda da administração pública federal veiculada
1996 PL 1.476
na televisão, obrigando à inserção de quadro com
interpretação da propaganda em linguagem de sinais.
Obrigatoriedade das emissoras de televisão veicularem
programas adequados aos deficientes auditivos,
1996 PL 2.092 obrigando a legendar 25% da programação diária de
televisão e a legendar ou interpretar em língua de sinais
as campanhas educativas de governo.
1997 Lei 9.504 Estabelece normas para as eleições.
Obrigatoriedade de legendar a programação das
1997 PL 3.955
emissoras de televisão.
Assegura condições de acesso individual de deficientes
1998 Decreto 2.592
auditivos e da fala ao serviço telefônico.

Fonte: Silva (2019).


285
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obrigatoriedade de reprodução de obras já divulgadas em
1998 Lei 9.610
braile.
Veiculação de legendas ou de signos gestuais nos telejornais
1998 PL 4.527 transmitidos pelas emissoras de televisão, destinados a.
atender os portadores de deficiência auditiva.
Modifica a Lei nº 9.504/97, obrigando a inserção de legendas
1998 PL 4.679 em português, destinadas aos portadores de deficiência
auditiva, na propaganda eleitoral.
1998 PL 4.857 Dispõe sobre a Língua brasileira de sinais (Libras).
1999 PL 657 Dispõe sobre atendimento na língua brasileira de sinais.
Obriga as emissoras de televisão a aplicar legenda ou outro
procedimento para auxílio a portadores de deficiência
1999 PL 709
auditiva, aos programas culturais, educativos, noticiosos e de
divulgação política.
Decreto
1999 Criação do Conselho Nacional dos Direitos da PcD – Conade.
3.076
Decreto Regulamenta a Lei nº 7.853/89 - integração social e consolida
1999
3.298 as normas de proteção das PcD.
Criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando
1999 Lei 9.867
à integração social dos cidadãos.
Portaria Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas
1999
1.679 portadoras de deficiências, [...] reconhecimento de cursos...
Obriga as emissoras de televisão a aplicar legenda ou outro
procedimento para auxílio a portadores de deficiência
1999 PL 709
auditiva, aos programas culturais, educativos, noticiosos e de
divulgação política.
1999 Lei 11.405 Oficialização da Libras no Rio Grande do Sul.
Decreto
2000 Regulamenta a Lei nº 8.899, gratuidade de Transporte às PcD.
3.691
2000 Lei 10.048 Prioridade de Atendimento às PcD.
2000 Lei 10.098 Acessibilidade às PcD.
Obrigatoriedade de exposição pelas emissoras de televisão,
2000 PL 2.527 de legendas em sua programação para leitura dos portadores
de deficiência auditiva.
Obrigatoriedade de as emissoras de televisão veicularem seus
2000 PL 2.633
programas em linguagem adequada aos deficientes auditivos.
Inclusão de legenda oculta, destinada a auxiliar os portadores
2000 PL 3.294
de deficiência auditiva nos programas que especifica.
Inclusão de legenda codificada na programação das
2000 PL 3.621
emissoras de televisão.

Fonte: Silva (2019).

286
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Adequação dos programas de televisão aos deficientes
2000 PL 3.856
auditivos.
Inclusão de legenda oculta na programação das emissoras
2000 PL 3.979 de televisão, fixa cota mínima de aparelhos de televisão com
circuito de decodificação de legenda oculta.
Obriga a TV Senado a interpretar da língua portuguesa para a
2000 PRS 72
Libras toda a sua programação.
Acrescenta parágrafo ao Art. 30 da Lei 8.007/00 que
2000 Lei 8.122 determina que a Libras seja reconhecida como língua oficial
no município de Belo Horizonte.
2001 Lei 10.172 Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE).
Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação
Decreto
2001 de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
3.956
Portadoras de Deficiência.
Proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
2001 Lei 10.216
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
2001 Lei 10.958 Torna oficial a Libras no Estado de São Paulo.
Reconhecimento da Língua brasileira de sinais – Libras em
2002 Lei 10.436
âmbito nacional.
Atendimento à pessoa portadora de necessidades especiais
2002 Lei 14.367 em processo seletivo para ingresso em instituições de ensino
superior em Minas Gerais.
Obrigatoriedade de mensagem aos portadores de deficiência
2002 PL 6.552
auditiva na propaganda oficial.
Legendamento dos programas noticiosos e das
retransmissões de sessões do Congresso Nacional nas
2002 PL 6.593
emissoras de televisão e nos canais dos serviços de televisão
por assinatura.
Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes
2003 Lei 10.708
acometidos de transtornos mentais egressos de internações.
Obriga a adoção de recursos que possibilitem aos deficientes
2003 Lei 3.979 auditivos a compreensão dos programas veiculados pelas
emissoras de televisão.
Requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de
Portaria deficiências, para instruir os processos de autorização e
2003
3.284 de reconhecimento de cursos, e de credenciamento de
instituições.
Inclusão da língua de sinais na publicidade institucional de
2003 PL 1.053
qualquer nível de Governo.
Obrigatoriedade de inserção de tradução em linguagem de
2003 PL 1.828
sinais dos programas que especifica.

Fonte: Silva (2019).

287
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.
(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
2003 Lei 4.156 Oficialidade da Libras no município de Santa Cruz do Sul/RS.
Utilização de recursos visuais, destinados as pessoas com
2004 Lei 4.304
deficiência auditiva, na veiculação de propaganda oficial.
Ingresso de Pessoas com Deficiência Auditiva nas
2004 Lei 4.309
Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro.
Decreto Regulamenta as Leis nº 10.048 e 10.098 que dá prioridade e
2004
5.296 acessibilidade às PcD.
Altera a Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede
2004 PL 180
de Ensino a obrigatoriedade da oferta da Libras em todas as
etapas e modalidades da educação básica.
Institui o Programa de Complementação ao Atendimento
2004 Lei 10.845 Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de
Deficiência, e dá outras providências.
Decreto Regulamenta a Lei nº 10.436/02, que dispõe sobre a Libras, e o
2005
5.626 art. 18 da Lei nº 10.098/00.
Direito do deficiente visual de ingressar e permanecer em
2005 Lei 11.126
ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia.
Inclusão de legenda codificada na programação das emissoras
2005 PL 5.088
de televisão.
Aprova a Norma Complementar nº 01/2006 - Recursos de
acessibilidade às PcD na programação veiculada nos serviços
2006 PL 310
de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de
televisão.
Decreto Regulamenta o BPC da assistência social devido às PcD e ao
2007
6.214 idoso de que trata a Lei nº 8.742/93 e a Lei nº 10.741/03...
Artigo 8º - § 5º Aplica-se o regime desta Lei aos formadores
voluntários dos alfabetizadores, nos termos do § 4º deste
2007 Lei 11.507
artigo, e aos tradutores e intérpretes voluntários que auxiliem
na alfabetização de alunos surdos (NR).
2007 Lei 11.520 Pensão Especial aos portadores de hanseníase.
Portaria Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
2007
555 Educação Inclusiva.
Altera a Lei nº 9.394/96 para dispor sobre a obrigatoriedade
2007 PL 14 do ensino da Libras na educação infantil e no ensino
fundamental.
Obrigatoriedade das emissoras de televisão veicularem
2007 PL 683
programas adequados aos deficientes auditivos...
2007 Lei 1.417 Oficialização da Libras no Município de Cotia/SP.
Decreto
Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
2008 Legislativo
com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo.
186
Fonte: Silva (2019).

288
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Criação ou reestruturação de núcleos de viabilizam o acesso
2008 Edital 04 das PcD a todos os espaços, ambientes, ações e processos
desenvolvidos na instituição de ensino.
2008 Lei 11.796 Institui o Dia Nacional do Surdo.
2008 PL 3.395 Dispõe sobre a veiculação de legendas ocultas em telejornais.
Inserção, em todos os programas das emissoras de
radiodifusão de sons e imagens, de um quadro (janela) com
2008 PL 3.868
profissional TILS em tradução simultânea das falas para a
Libras.
Obrigatoriedade de inserção de TILS nos programas de serviço
2008 PL 3.906
noticioso.
Implantar o diagnóstico de audição em crianças recém-
Resolução
2008 nascidas de Alto Risco nas maternidades e hospitais de
SS 25
referência para Alto-risco no Estado de São Paulo.
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Resolução
2009 Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade
CNE/CEB 4
Educação Especial.
Decreto Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das
2009
6.949 PcD.
Consolida a legislação relativa à pessoa com deficiência no
2009 Lei 13.320
Estado do Rio Grande do Sul.
Reconhece a profissão de Intérprete da Língua Brasileira de
2009 Lei 3.738
Sinais – Libras no município de Guarujá/SP.
Decreto
2010 Institui o Inventário Nacional da Diversidade Linguística.
7.387
Concede indenização por dano moral às pessoas com
2010 Lei 12.190 deficiência física decorrente do uso da talidomida, altera a Lei
no 7.070/82.
Decreto
2010 Regulamenta a Lei nº 12.190.
7.235
Reconhecimento do Profissional Tradutor-Intérprete de Libras
2010 Lei 12.319
em âmbito nacional.
Portaria Dispõe sobre o Programa Nacional para Certificação de
2010 Normativa Proficiência em Tradução e Interpretação e no Uso e Ensino da
20 Libras/Língua Portuguesa - Prolibras.
2010 PL 7.081 Direitos de alunos com TDAH/Dislexia.
Decreto Institui Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar a
2011 Estadual acessibilidade das pessoas surdas aos órgãos públicos do
48.291 Estado do Rio Grande do Sul.
Decreto
Institui o Programa de Acessibilidade de Comunicação nas
2011 Estadual
compras e edições de publicações, e dá outras providências.
48.292
Dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso
2011 Lei 12.485
condicionado.
Fonte: Silva (2019).
289
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Acrescenta os §§ 1º e 2º ao art. 19 da Lei nº 10.098/00, para
estabelecer [...] veiculação de programas [...] legenda oculta, lingua de
2011 PL 2.462
sinais ou outra medida técnica que permita a fruição de seu conteúdo
por pessoas com surdez.
2011 Decreto 7.611 Educação Especial e Atendimento Educacional Especializado.
Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -
2011 Decreto 7.612
Plano Viver sem Limite.
Nota Técnica
2011 Publicação em formato digital acessível – Mecdaisy.
05
Altera a Lei 8.742 dos Benefícios de Prestação e Assistência Social às
2011 Lei 12.470
PcD.
Acrescenta art. 26-B à Lei nº 9.394/96 (LDB), para estabelecer
2011 PL 2.040-b condições de oferta de ensino da Libras em todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Criação das Escolas da Rede Pública de Educação Bilíngue para
2011 PL 1.159
Surdos (EEBS) no âmbito do estado do Rio de Janeiro.
Decreto
Institui o Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência –
2012 Estadual
Plano RS sem limite e dá outras providências.
48.964
Institui política pública municipal e diretrizes para a Educação Bilíngue
2012 PL 88
para surdos no Município de São Paulo/SP.
2012 Lei 12.764 Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA.
Medida
2012 Provisória Apoio à Atenção da Saúde das PcD (PRONAS/PCD).
563
Altera a Lei nº 10.098, determinando que os filmes distribuídos no País
2012 PL 4.248
disponham dos recursos de audiodescrição e legenda.
Modifica o art. 44, §1º da Lei nº 9.504/97, para tornar obrigatório, em
2012 PL 4.537 programas eleitorais, debates e quaisquer outras informações... o uso
simultâneo da Libras e da legenda.
Autoriza o Poder Executivo a criar a Escola de Educação Bilíngue para
2012 PL 0159
Surdos no âmbito do Estado do Amapá.
Estabelece diretrizes e parâmetros para o desenvolvimento de
2013 Lei 5.016 políticas públicas educacionais voltadas à educação bilíngue, a serem
implantadas e implementadas no âmbito do D.F.
Obrigatoriedade de realização de sessões próprias para a exibição de
2013 PL 6.211
filmes com conteúdo acessível nas salas de cinema.
Institui Grupo de Trabalho para o PNE Bilíngue – Libras/Português
2013 Portaria 91
formação inicial e continuada de professores.
Institui Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar subsídios para
Portaria a PNE Bilíngue – Libras/Português, com orientações para formação
2013
1.060 inicial e continuada de professores para o ensino da Libras e da
Língua Portuguesa como segunda língua.

Fonte: Silva (2019).

290
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
2013 PL 28 Implantação de escola de educação bilíngue no Recife/PE.
Institui o Dia Estadual do Tradutor-Intérprete de Língua Brasileira de
2013 PL 0473.8
Sinais (LIBRAS) no Estado de Santa Catarina.
2014 Lei 13.005 Plano Nacional de Educação – PNE.
Institui o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e
2014 Lei 13.055
dispõe sobre sua comemoração.
Aprova diretrizes gerais, amplia e incorpora procedimentos para
2014 Portaria 2.776 a Atenção Especializada às Pessoas com Deficiência Auditiva no
Sistema Único de Saúde (SUS).
Relatório do Grupo de Trabalho contendo subsídios para a Política
2014 Portaria 91
Linguística de Educação Bilíngue – Libras e LP.
Altera a Lei dos Partidos Políticos e estabelece o uso simultâneo da
2014 PL 7.950
Libras e de legendas nas propagandas.
Altera o art. 44, § 1° e inclui parágrafo § 6°no art. 46 da Lei n°
9.504/97, que estabelece normas para que os debates transmitidos
2014 PL 7.934
na televisão utilizem, obrigatoriamente, Libras e o recurso de
legenda.
Decreto Institui as salas regulares bilíngues para surdos na Rede Municipal
2015
28.587 de Ensino do Recife/PE.
2015 Lei 13.146 Lei Brasileira de Inclusão – LBI.
Dispõe sobre Diretrizes e Parâmetros para o desenvolvimento de
Políticas Públicas Educacionais voltadas à Educação Bilíngue Libras/
2015 Lei 9.681
Português a serem implantadas e implementadas no município de
Goiânia/GO.
Inclusão de conhecimentos básicos sobre Braile e Libras nos
2015 PL 3.641
componentes curriculares obrigatórios da educação básica.
Inclui o Art. 26-B à Lei nº 9.394/96, estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de
2015 PL 185
Ensino a obrigatoriedade da oferta da Libras, em todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Determina a obrigatoriedade da utilização de recursos de
2015 PL 1.140 comunicação direcionados a deficientes auditivos nas transmissões
realizadas pelas operadoras que especifica.
Acrescenta o artigo 19-A à Lei nº 10.098/00, obriga empresas ligadas
à televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual, a
2015 PL 1.734
colocar legendas em todos os filmes, novelas e similares exibidos,
principalmente aqueles que forem dublados.
Acresce parágrafos ao art. 19 da Lei nº 10.098/00, obriga televisões
e cinemas, além de outros meios de comunicação visual, a inserirem
2015 PL 1.738
legendas em todos os filmes exibidos, inclusive os que forem
dublados.

Fonte: Silva (2019).

291
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obriga as empresas ligadas à televisão e ao cinema, e outros meios
de comunicação visual, a exibir legendas em todos os filmes, novelas
2015 PL 2.032
e demais programas gravados com antecedência que forem exibidos,
especialmente aqueles que forem dublados.
Altera a Lei nº 4.117/62, e a Lei nº 12.485/11, no sentido de estabelecer
a obrigatoriedade de uso de recurso de audiodescrição e exibição de
2015 PL 2.101
legenda na televisão aberta, nos serviços de televisão por assinatura,
além de prever o uso de legendas nas salas de exibição de cinema.
Altera a Lei nº 10.098/00, determinando a adoção de legendas em todos
2015 PL 2.206
os meios de comunicação eletrônica.
Altera a redação do art. 19 da Lei nº 10.098/00, obriga as empresas
ligadas à televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual,
2015 PL 2.406
inserir legenda em todos os filmes, novelas e programas, mormente
aqueles que forem dublados.
Altera a Lei nº 13.146/15 dispõe a obrigatoriedade de inserção de
2015 PL 2.893
legenda descritiva nas produções audiovisuais nacionais.
Altera a Lei nº 10.098/00, para instituir a obrigatoriedade de inserção
de legendas em português em conteúdos audiovisuais veiculados pela
2015 PL 2.418
televisão aberta e pelos canais de TV por assinatura ou exibidos em
salas de cinema.
Modifica o art. 19 da Lei nº 10.098/00, obrigando as empresas ligadas à
2015 PL 2.984 televisão e ao cinema, e outros meios de comunicação visual, colocar
legenda em toda a sua programação.
Altera a Lei nº 10.098/00, obrigatoriedade de inserção de legenda em
2015 PL 4.059 conteúdos audiovisuais veiculados pelos meios de comunicação social
ou exibidos em salas de cinema.
Obrigatoriedade de inserção de áudio-descrição em programas de
2015 PL 3.576
televisão por assinatura.
PL 01- Obrigatoriedade da presença de TILS em todos os eventos públicos
2015
000387 oficiais do Município de São Paulo/SP.
Resolução Dispõe sobre o acesso da Libras ao candidato e condutor com
2015 Contran deficiência auditiva quando da realização de cursos e exames nos
558 processos referentes à CNH.
Institui o ensino da Libras na rede municipal de educação de Caxias do
2015 PL 84 Sul/RS para pessoas surdas e ouvintes, e garante o acesso dos pais de
alunos nas instituições de ensino.
Altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112/90, estende o direito a horário
2016 Lei 13.370 especial ao servidor público federal que tenha cônjuge, filho ou
dependente com deficiência de qualquer natureza.
Cria e regulamenta as profissões de Cuidador de [...] PcD e de Pessoa
2016 PL 11
com Doença Rara.

Fonte: Silva (2019).

292
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Altera a Lei nº 10.098/00, obriga a inserção de legendas ocultas em
transmissões televisivas e de legendas em todos os filmes exibidos
2016 PL 6.071
nos cinemas brasileiros garantindo o direito de acesso à informação às
pessoas portadoras de deficiência auditiva.

Obrigatoriedade de legenda em filmes, programas de televisão, séries,


2016 PL 6.281 telenovelas e espetáculos teatrais cuja produção tenha sido financiada
ou patrocinada com o uso de recursos públicos.
Determina que as salas de cinema disponibilizem rede de Wi-Fi
específica para acesso a conteúdo à surdos-mudos e cegos através de
2016 PL 6.359
aplicativo gratuito [...] contendo intérprete de Libras e legendas e que
emita audiodescrição via fones de ouvido.
Institui o dia 18 de abril, o Dia Municipal dos Surdos no município de
2016 PL 36
Ouro Preto/MG.
Institui o dia do Surdo no Município de Valinhos/SP todo dia 26 de
2016 PL 119
Setembro.
Exibição de filmes adaptados para pessoas com deficiência auditiva
2017 PL 48
nas salas de cinema do município de Limeira/SP.
Obrigatoriedade de provas de redação e interpretação de texto em
2017 PL 968 concursos públicos, vestibulares e processos seletivos [...] serem
corrigidas por profissionais com formação em Libras.
Criação da Educação Bilíngue como integrante do Sistema Municipal
2017 Lei 2.271
de Ensino de Taboão da Serra/SP.
Inclusão de atividades e conteúdos relativos da Libras – no Currículo
2017 PL 157
Escolar no Âmbito do Município de Bagé/RS.
Obriga as salas de cinema a exibirem recursos subtitulação por meio
de legenda oculta; janela com intérprete da Libras e audiodescrição
2017 PL 20
durante a exibição de filmes nacionais ou estrangeiros, dublados ou
não, no município de Piracicaba/SP.
Altera a Lei nº 10.436, para tornar obrigatória a oferta de serviço de
2017 PL 465 TILS em instituições públicas e empresas concessionárias de serviços
públicos de assistência à saúde.
Dispõe sobre o exercício profissional e condições de trabalho do
2017 PL 9.382 profissional tradutor, guia-intérprete e intérprete de Libras, revogando
a Lei nº 12.319/10.
PL 01- Obrigatoriedade da presença de TILS em todas as repartições públicas
2017
00202 do Município de São Paulo/SP.
Institui a Língua brasileira de sinais (Libras) e a tradução simultânea
2017 PL 0039 dos trabalhos parlamentares nas sessões da Câmara Municipal de
Araranguá/SC
Obriga a disponibilização de atendente com fluência em Libras em
2017 Lei 7.131 hospitais e unidades de pronto atendimento 24 Horas no município de
Criciúma/SC.

Fonte: Silva (2019).

293
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)
Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Decreto Altera o Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº 10.436/02, que
2018
9.656 dispõe sobre a Libras.
Decreto Tecnologias Assistivas e Adaptações para a Realização de Provas em
2018
9.508 Concursos Públicos e em Processos Seletivos.
Assegura a exibição, em salas de cinema, de janela com intérprete de
2018 Lei 2.368 Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros no município de
Manaus.
Institui a criação das Escolas da Rede Municipal de Educação Bilíngue
2018 PL 180
para Surdos no âmbito do município de Mossoró/RN.
Assegurar a exibição em salas de cinema, de janela com Intérprete de
2018 PL 88 Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros na cidade de Gurupi/
TO.
Assegura às pessoas surdas o direito de serem atendidas por meio da
2018 PL 538
Libras, nas repartições públicas municipais de Belo Horizonte/MG.
Dispõe sobre o uso da Libras no âmbito da Justiça do Trabalho de
Resolução
2018 primeiro e segundo graus para atendimento de pessoas surdas ou com
CSJT 218
deficiência auditiva.
Estabelece a presença de servidor ou profissional contratado habilitado
2018 PL 211 na Libras nos atendimentos de emergência e ambulatorial na área da
saúde em Porto Alegre/RS.
Torna obrigatório o ensino de Libras nas escolas públicas,
2018 PL 109 especialmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)
no município de Cerejeiras/RO.
Torna obrigatória a presença de TILS em todas as repartições públicas
2018 PL 22
do Município de Gravataí/RS.
Decreto Criação da Diretoria de Políticas Públicas de Educação Bilíngue para
2019
9.465 Surdos.
Veda qualquer discriminação à criança e ao adolescente PcD ou doença
2019 Lei 16.925 crônica nos estabelecimentos de ensino, creches ou similares, em
instituições públicas ou privadas.
Obrigatoriedade de ensino de Libras desde a Educação Infantil ao
2019 Lei 3.027
Ensino Fundamental na Rede de Ensino de Cabo Frio/RJ.
Portaria Criação da Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito
2019
120 do Plano Piloto no Distrito Federal.
Estabelece que a Libras seja disciplina obrigatória, da Educação Infantil
2019 PL 2019
até o Ensino Médio no município de Goiânia/GO.
Dispõe sobre o acompanhamento de TILS durante o pré-natal e parto
2019 PL 0131
de gestantes com deficiência auditiva em Goiânia/GO.

Fonte: Silva (2019).

294
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Oferta de cursos de capacitação aos funcionários e colaboradores
2019 PL 02 de entidades e estabelecimentos no atendimento às pessoas surdas
no município de Ourinhos/SP.
Regulamenta a profissão de TILS e dispõe sobre o exercício
2019 PL 3.814 profissional e condições de trabalho do profissional tradutor, guia-
intérprete e intérprete de Libras em Porto Velho-RO.
Cria escolas bilíngues da rede pública estadual de educação de
2019 PL 682
Minas Gerais.
Altera o art. 36 da Lei nº 9.394, que estabelece as diretrizes e bases
2019 PL 10.964 da educação nacional, para incluir Libras como disciplina obrigatória
nos currículos dos ensinos fundamental e médio.
Acrescenta o art. 26-B à Lei nº 9.394/96, para incluir no currículo
2019 PL 562 em estabelecimentos públicos e privados de ensino do ensino
fundamental e médio o conhecimento básico da Libras.
Estabelece a inclusão das pessoas com deficiência auditiva entre os
2019 PL 1.243 beneficiários da isenção do Imposto (IPI) incidente na aquisição de
automóveis pela Lei nº 8.989/95.
Cria escolas bilíngues em Libras e Português na rede pública
2019 PL 919
estadual de educação de Minas Gerais.
2019 PL 125 Criação de escolas bilíngues pra surdos no Mato Grosso do Sul.
Assegura às pessoas surdas o direito de serem atendidas, nas
2019 PL 4.367
repartições públicas, por meio da Libras no município de Itajubá/MG.
Assegura a exibição, em salas de cinema, de janela com Intérprete
2019 PL 4.394 de Libras em todos os filmes nacionais e estrangeiros, no município
de Itajubá/MG.
Altera a Lei nº 10.098/00, determinando a adoção de legendas em
2019 PL 445
todos os meios de comunicação eletrônica.
Obrigatoriedade de bares e restaurantes oferecerem cardápio em
2019 PL 136 braile ou em áudio para garantir a acessibilidade de pessoas com
deficiência visual.
Institui a Campanha Setembro Verde à visibilidade à inclusão social
2019 Lei 3.057
da PcD em Cabo Frio/RJ.
Dispõe sobre a presença de TILS nas exibições de eventos públicos
2019 Lei 11.097
e culturais e sociais no Estado do Maranhão.
Acrescenta o artigo 3º-A à Lei nº 10.436/02, para determinar que
2019 PL 143 estabelecimentos comerciais privados disponibilize atendimento
com TILS ou pessoas capacitadas em Libras.
Direito à pessoa com deficiência auditiva gestante o profissional
2019 PL 427
TILS para acompanhar a consulta de pré-natal e o trabalho de parto.
Obrigatoriedade do ensino da Libras na formação inicial e
2019 PL 591
continuada do Magistério no Estado de São Paulo.

Fonte: Silva (2019).

295
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(continuação)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Autoriza o Poder Executivo no município de Belo Horizonte a
2019 Lei 11.171 disponibilizar, em suas centrais de atendimento ao público, profissionais
TILS ou pessoas capacitadas na Libras.
Acessibilidade de pessoa surda ou com deficiência auditiva a cargo ou
2019 PL 1.231 emprego provido por concurso público, no âmbito da administração
pública federal, em igualdade de condições com os demais candidatos.
Reconhece a Libras como língua de instrução e meio de comunicação
2019 PL 025
objetiva da comunidade surda, no âmbito do Município de Barueri/SP.
Obrigatoriedade da presença de TILS e a identificação por placas em
2019 PL 2.759
espaços específicos da existência desse profissional.
Oficialização, no Município de Alfenas/MG, da Língua Brasileira de Sinais
2019 PL 61
– Libras.
Obrigatoriedade da presença de TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 008
oficiais do Município de Francisco Beltrão/PR.
Obrigatoriedade da presença de TILS em todas as repartições Públicas
2019 PL 15
direta, indireta ou fundamental do Município de Guanambi/BA.
Obrigatoriedade da presença de TILS ou de sistema que integre e supra
essa função, em todas as agências bancárias, empresas prestadoras de
2019 PL 097
serviços públicos e órgãos do Município de Santo Antônio da Patrulha/
RS.
Obrigatoriedade às agências bancárias e shoppings centers a
2019 PL 26
disponibilizarem um profissional TILS em Campo Grande/MS.
Torna obrigatória a inclusão de TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 247
oficiais do Paraná/PR.
Inclui a Libras na grade curricular em todas as escolas da rede de
2019 PL 255
educação do município de Manaus/AM.
Dispõe sobre o direito das mulheres surdas vítimas de violência ao
2019 PL 1.119 atendimento especializado com profissional proficiente em Libras no Rio
de Janeiro/RJ.
Obrigatoriedade da inserção do TILS em Eventos Públicos Oficiais do
2019 PL 009
Município de Paragominas/PA.
Estabelece o ensino obrigatório de Libras como disciplina curricular
2019 PL 29 obrigatória para crianças surdas e ouvintes, matriculadas nas
instituições privadas de Santos/SP.
Estabelece a inclusão da Libras no currículo escolar no âmbito do
2019 PL 23
Município de Cuitegi/PB.
Obrigatoriedade do profissional TILS em todos os eventos públicos
2019 PL 5
oficiais realizados em Vitória/ES.

Fonte: Silva (2019).

296
Tabela 1 - As Políticas Públicas em 30(1) anos.

(conclusão)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação

Estabelece, à pessoa com deficiência auditiva


gestante, no âmbito do Estado da Bahia, o direito a
2019 PL 23.266
um TILS para acompanhar a consulta de pré-natal e o
trabalho de parto.
Estabelece a responsabilidade da tradução a
profissional TILS, com formação em curso de
2019 PL 23.539
instituição formalmente reconhecida, no Estado da
Bahia.
Dispõe sobre o acompanhamento integral para
educandos com dislexia ou Transtorno do Déficit
2019 PL 3.517
de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro
transtorno de aprendizagem.

Fonte: Silva (2019).

297
Tabela 2 - As Políticas Públicas em 30(2) anos.
(continua)

Número da
Ano Objetivos no Contexto Nacional Brasileiro (Ementa)
Legislação
Obriga a disponibilização de legendas e intérpretes de Libras em salas
2016 PL 2.063 de cinema e teatro, quando solicitado por pessoa com deficiência
auditiva ou pelo acompanhante em Minas Gerais.
Decreto Extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de
2019
10.185 pessoal da administração pública federal (intérpretes de Libras)
Dispõe sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social
2019 Lei 13.935
nas redes públicas de educação básica
Altera as Leis nº 12.764 e 9.265, institui a Carteira de Identificação da
2019 PL 2.573
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA)
2019 PL 2.260 Institui o Dia Nacional da Pessoa Surdocega
Dispõe sobre o acompanhamento integral a educandos com dislexia ou
2019 PL 3.517
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
Obrigatoriedade das provas de redação e questões dissertativas em
concursos públicos, vestibulares e processos seletivos, realizados por
2019 Lei 5.442
pessoa surda, serem corrigidas por profissionais formados em LIBRAS
considerando a Libras como primeira língua em Campo Grande/MS.
Dispõe sobre a oficialização, no município de Divisa Nova, da Língua
2019 PL 36
Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.
Dispõe sobre a oficialização, no município de Divisa Nova/MG, da
2019 Lei 1.214
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Institui diretrizes. Criação de escolas bilíngues em Libras e Língua
2019 Lei 23.773
Portuguesa na rede estadual de ensino em Minas Gerais.
Altera a ementa e o art. 1º da Lei nº 18.537 para também isentar do
2019 Lei 19.965 pagamento de pedágio as pessoas com Transtorno do Espectro Autista,
e ainda, as pessoas com deficiência no Estado do Paraná.
Prevê a Capacitação em Libras como critério de desempate nos
2019 PL
concursos públicos/processos seletivos simplificados de Curitiba-PR.
Decreto Extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de
2019
10.185 pessoal da administração pública federal (intérpretes de Libras).
Decreto Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e
2020
10.502 com Aprendizado ao Longo da Vida.
Altera a Lei nº 12.764 (Lei Berenice Piana) e a Lei nº 9.265 para instituir a
2020 Lei 13.977
Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA).
Altera a Lei nº 9.394, LBD, para dispor sobre a modalidade de educação
2020 PL 4.909
bilíngue de surdos.
Altera a Lei nº 12.319 para dispor sobre o exercício profissional e as
2020 PL 5.614
condições de trabalho do profissional TILSP e GILSP.

Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), para dispor


2021 Lei 14.191
sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos.

Fonte: Elaboração dos autores com base em Silva (2019), sequências dos anos.

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