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PERFORMANCE DESPORTIVA
BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM DESPORTO,
SAÚDE E DESENVOLVIMENTO HUMANO (ISSN 1647-3280)
Editorial
Decorridos seis números do boletim Performance Desportiva, tivemos a contribuição de 48 autores. Destes
autores, 41,7% são alunos de 1º, 2º e 3º ciclos das Instituições do CIDESD e 27,1% são membros do grupo da
Performance Desportiva do CIDESD. A participação dos treinadores, directores técnicos nacionais e
selecionadores nacionais é expressiva (14,6%), bem como a participação de empresas de I+D (8,3%).
Continuamos empenhados em melhorar a comunicação entre cientistas e treinadores e comprometidos em criar
um ambiente de desenvolvimento multidisciplinar, que combine resultados provenientes do conhecimento
científico mais actual com as aplicações práticas e competências profissionais. Agradecemos o esforço e sentido
de missão de todos os que nos têm ajudado.
Os Editores,
O aumento da eficiência do processo de treino decorre de uma ocupação mais racional e consequente do tempo
destinado à preparação desportiva, sendo este aspecto extremamente importante na Natação Pura Desportiva. A
velocidade crítica, conceito adaptado à Natação Pura Desportiva, definido como a velocidade máxima de nado que
pode ser mantida sem exaustão durante um longo período de tempo, tem sido cada vez mais utilizada pelos
treinadores como um parâmetro de controlo e avaliação do treino. Após o vínculo deste conceito a performances
aeróbias, recentes estudos, constatando uma grande importância do sistema anaeróbio na maioria das provas de
natação, iniciaram uma abordagem à relação deste conceito em performances anaeróbias. O objectivo deste
estudo foi analisar e interpretar a velocidade crítica anaeróbia (VCAn) em jovens nadadores, nas quatro técnicas
de nado, tentando assim obter um método simples, não invasivo e pouco dispendioso para a avaliação e controlo
do treino anaeróbio. A amostra utilizada agrupou 20 nadadores (12 do género masculino e 8 do género feminino)
pertencentes ao escalão de Infantis, de um clube representativo da natação portuguesa. Para a determinação da
VCAn, cada nadador realizou, à velocidade máxima, as distâncias de 10, 15, 20 e 25m, intervaladas por 30min de
nados contínuos e livres de baixa intensidade. Na análise das relações da VCAn com as velocidades de prova nos
50, 100 e 200m, verificou-se uma elevada relação com as duas primeiras distâncias de nado, nas técnicas de
bruços, crol e costas. Pela comparação entre a VCAn e as diferentes velocidades de prova,
constatámos que os valores da VCAn se assemelham significativamente com a velocidade Neste número:
de prova dos 200m nas quatro técnicas de nado. Assim, podemos concluir que, no nosso
estudo, com a utilização de distâncias muito reduzidas para o cálculo da velocidade crítica, A Velocidade Crítica 1
obtemos um conjunto de dados que nos podem fornecer importantes informações sobre a Anaeróbia em Natação.
capacidade anaeróbia dos nadadores, podendo, desta forma, ser uma ferramenta prática
para determinar intensidades de treino, monitorizar efeitos de treino e predizer as Excelência desportiva... 2
performances em natação.
Referência: Amorim, R.A.M.G. (2010). A Velocidade Crítica Anaeróbia em jovens Futebol...fadiga 4
nadadores. Um estudo de caso em nadadores infantis nas quatro técnicas de nado. Covilhã:
R.M.A.G. Amorim. Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto na Universidade da
Beira Interior. Jogo de Voleibol... 6
Creatividade...perícia 9
PERFORMANCE DESPORTIVA
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Para além da literatura científica, seja em Darwin (“sempre defendi que, exceptuando
periódicos, capítulos de livros ou mesmo os idiotas, os homens não diferem muito no
obras inteiras, encontramos vários textos intelecto, apenas no zelo e no trabalho
que exploram a temática do talento, por árduo”), a expressão de talento depende
vezes de forma inevitavelmente comercial. quase exclusivamente do modo como o
Não obstante a contribuição de alguns treino é conduzido. Esse treino, designado
desses textos, um deles merece-nos de treino intensivo, assentará num paradoxo
especial atenção – o livro recente de onde o esforço para o desempenho de
Daniel Coyle (2009) – “O código do determinada tarefa ou sub-tarefa
talento. Ora o autor, na esteira de tantos pressupõem a presença do erro e “ao
outros livros de dominância editorial, parecermos estúpidos, tornamo-nos mais
alicia ao potencial leitor a revelação do inteligentes”. Com efeito, afirma o autor, que
“segredo” para se tornar um executante nessas experiências repetitivas devemos
excepcional em distintas áreas (o entender que somos obrigados a abrandar o
desporto, a arte, a música e mesmo a ritmo, a cometer erros de execução e, mais
matemática). Seria um tanto importante, a corrigi-los. A chave estará na
decepcionante para académicos e racionalização dessa correcção por parte do
cientistas de diferentes domínios, que os executante.
últimos 50 anos de investigação em
aprendizagem motora, treino e expertise Coyle oferece um exemplo concreto de
fossem resolvidos por Coyle, um treinador como funciona essa racionalização:
de basebol infantil do Alasca, após uma “imaginemos que está numa festa e luta por
viagem épica ao estilo Darwinista aos ditos se lembrar do nome de um conhecido. Se
viveiros de talentos. alguém lhe fornecer o nome, as hipóteses de
o esquecer de novo são altíssimas. Mas se
O “segredo” é revelado por Coyle logo conseguir lembrar-se do nome sem ajuda –
nos primeiros capítulos; nestes disparando o sinal para si próprio, ao
percebemos a influência marcante, quase contrário de receber essa informação – irá
obsessiva, das teorias evolucionistas de gravá-lo na sua memória. Não porque o
Charles Darwin. Assim, tal como para nome tenha alguma importância ou porque a
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2. CIDESD
2,3
Daniel Lacerda 1 Paulo Vicente João 3. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,
lacerdadaniel@hotmail.com pvicente@utad.pt
Vila Real.
No desporto actual, a observação e a análise do como critério ser o local reservado aos observado-
jogo têm ganho uma importância crucial, possibili- res e scouters, constituindo o local ideal para
tando o melhoramento do rendimento individual e recolha das informações sobre o posicionamento,
colectivo, contribuindo para o planeamento do pro- deslocamento, execução e finalização das diferentes
cesso de treino e para uma caracterização da acções avaliadas. A área de filmagem foi composta
modalidade. Segundo Garganta (2001), a importân- pela totalidade do terreno de jogo.
cia da “análise do jogo” é um elemento fundamen-
Os resultados apontam para uma eficácia do serviço
tal e indispensável na busca de factores que condi-
entre os 22% e os 32%. Estes valores traduzem a
cionam não só o rendimento desportivo, mas tam-
noção actual do serviço, o qual, hoje em dia, não se
bém, na procura de respostas que expliquem o
limita ao gesto que permite colocar a bola em jogo,
aumento ou diminuição da eficácia, dos diferentes
constituindo a primeira acção que pretende dificul-
procedimentos do jogo (acções do jogo: serviço,
tar a tarefa ao adversário. As equipas analisadas
recepção, distribuição, ataque, bloco e defesa).
apresentam uma média de erro de 15,75%, o que
Cada vez mais, a observação é orientada para a denota um número elevado de faltas nesta acção do
análise situacional. Se anteriormente era necessário jogo. No entanto, este número é compensado pelo
saber o rendimento em cada acção de jogo, hoje valor médio de serviços ponto (3,25%), conjunta-
em dia é fundamental a observação e análise de mente com o valor médio de serviços positivos
cada acção de uma forma muito específica. (16,5%). A percentagem de erro poderá reflectir a
Devemos ter conhecimento, para além do sucesso atitude agressiva imposta no serviço. Se, por um
da acção, a situação em que foi realizada. lado, verificamos uma elevada percentagem de
erro, os valores que permitem uma recepção fácil
Neste contexto, pretendemos identificar a eficácia (59,5%), por outro, observa-se uma adaptação fo-
das acções de jogo nas equipas finalistas do mentada pela qualidade técnica e organização tácti-
Campeonato do Mundo (CM) de Voleibol de 2010. ca colectiva das equipas recebedoras.
O CM de Voleibol é considerado o expoente máxi- Em relação à recepção (ver quadro 1), o valor médio
mo das competições internacionais. Após várias de eficácia encontrado foi de 67,5%. O valor médio
fases de qualificação realizadas em todo o mundo, de recepção positiva (perfeita e mais) foi de 67,75%.
resultam 24 equipas que disputam entre si o título Claramente acima da média surge a selecção bra-
de Campeão Mundial. Com a regularidade de se sileira. Esta acção, associada à anterior, é o ponto de
disputar de 4 em 4 anos, esta competição é um mo- partida para o jogo. Não temos dúvidas que o suces-
mento excepcional para avaliar o desenvolvimento so da sua execução influencia a organização ofen-
da modalidade ao mais alto nível. Foram analisados siva de uma equipa.
os últimos 10 jogos do CM (realizado em Itália entre
os dias 25 de Setembro e 10 de Outubro de 2010), No que se refere às acções ofensivas de ataque (KI
num total de 38 sets, registando-se os seguintes ou side out - a resposta ao serviço adversário, com-
resultados: 4 jogos disputados a 3-0, 4 jogos dispu- posto por recepção, distribuição e ataque e o KII –
tados a 3-1 e 2 jogos disputados a 3-2.Os dados denominado por contra - ataque), as equipas
foram recolhidos em directo através do software apresentam valores próximos dos 50% na eficácia
Data Volley e Data Vídeo, e confirmados com a es- geral. Verifica-se que a classificação final é propor-
tatística oficial da prova. Foi utilizada uma câmara, cional aos valores de side-out e KII. Se fizermos uma
colocada atrás da linha final do campo de voleibol, análise linear da dependência do side-out para
num plano superior ao recinto de jogo, garantindo equilibrar o marcador e o KII para distanciar uma
uma recolha de imagens simultânea, pormenoriza- equipa no marcador, o Brasil apresenta valores ni-
da e contextualizada. Este posicionamento teve tidamente acima do seu adversário. Se associarmos
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As equipas apresentam uma preocupação pela or- Garganta, J. (2001) A análise da performance nos
ganização da 1ª linha de defesa (bloco), sendo esta, jogos desportivos. Revisão acerca da análise do
fundamental para o sucesso defensivo da equipa. A jogo. Rev Port Ciências do Desporto 1 (1): 57-64.
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Nuno Leite1,2
nleite@utad.pt Jaime Sampaio1,2
ajaime@utad.pt
MAIS INFORMAÇÕES!
HTTP://CIDESD.ORG/
Doutoramento
Ciências do Desporto — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Mestrado
Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Avaliação nas Actividades Físicas e Desportivas — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Ciências do Desporto — Universidade da Beira Interior
Licenciatura
Ciências do Desporto. Ramos: Desportos Individuais; Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro
Licenciatura em Desporto — Instituto Politécnico de Bragança
Cursos de Especialização Tecnológica
Treino Desportivo do Jovem Atleta — Instituto Politécnico de Bragança