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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ / ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL / ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS


PROFESSOR: CRISTIANO EDUARDO ANTUNES

ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS

Burj Khalifa, 828 metros de altura e 160 andares. Construção começou em 21 de setembro de 2004 e foi
inaugurado no dia 4 de janeiro de 2010. Estrutura principal em concreto armado.

1. CONCEITOS PRELIMINARES

1.1. Definição de estrutura

Entende-se por estrutura de uma edificação, o conjunto de diferentes elementos


estruturais, convenientemente vinculados entre si e com o solo de fundação, e dotados de
capacidade de resposta aos efeitos das ações solicitantes permanentes e acidentais, garantindo
a existência de uma certa segurança contra estados limites, nos quais a construção deixa de
cumprir as suas finalidades.
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“A Estrutura é o caminho pelo qual as forças da gravidade ou incidentes sobre a


edificação devem transitar até chegar ao seu destino final, o solo.” (REBELLO, 2001).

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1.2. Classificação dos elementos estruturais

Os elementos estruturais podem ser:


a) Lineares ou de barras: vigas, pilares, escoras, tirantes, etc;
b) Superficiais ou bidimensionais: lajes, vigas-parede, paredes, cascas, entre outros;
c) Tridimensionais ou de bloco: sapatas, blocos, barragens.

Pilar: elemento unidimensional (barra), geralmente vertical, que garante o vão vertical
dos compartimentos (pé direito) fornecendo apoio às vigas, e é solicitado predominantemente
à compressão.
Viga: elemento unidimensional (barra), geralmente horizontal, que vence os vãos entre
os pilares dando apoio às lajes, às alvenarias de tijolos e, eventualmente, a outras vigas. É
solicitada predominantemente à flexão.
Laje: elemento estrutural bidimensional, geralmente horizontal, constituindo os pisos
de compartimentos; suporta diretamente as cargas verticais do piso. É solicitada
predominantemente à flexão (placa).
Fundação superficial: elementoo em que a carga é transmitida para o terreno pelas
tensões distribuídas sob a base da fundação.
Sapata: elemento de fundação superficial de concreto armado dimensionado de modo
que as tensões de tração nele existentes sejam resistidas pelo emprego de armadura.
Radier: elemento de fundação superficial que abrange parte ou todos os pilares de uma
estrutura, distribuindo seus carregamentos.

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Fundação profunda: elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou pela


base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma
combinação das duas. São as estacas e tubulões.
Blocos sobre estacas: elementos estruturais geralmente em concreto armado que tem
por função transmitir adequadamente as cargas verticais e momentos fletores dos pilares para
a fundação profunda.

1.3. Ações solicitantes

As ações atuantes em uma estrutura podem ser:


a) Permanentes: peso próprio, revestimentos, enchimentos, alvenarias, jardins, etc;
b) Variáveis: são as cargas de utilização que não têm caráter permanente, podendo
existir ou não. São fixadas pelas respectivas normas e dispostas na posição mais
desfavorável para o elemento estudado. Exemplos são as cargas acidentais e o
vento, entre outros;
c) Outras ações: sismos, incêndio, choques e vibrações, recalques de apoio, entre
outras.

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1.4. Estados limites

A estrutura pode atingir, entre outros, os seguintes estados limites:


a) Estados limites últimos: relacionados ao colapso ou ruína estrutural;
b) Estados limites de serviço: relacionados aos estados em que a utilização ou
durabilidade da estrutura fica comprometida.

1.5. Qualidade da estrutura

Diz-se que uma estrutura apresenta qualidade quando atende-se simultaneamente a


critérios de:
a) Capacidade resistente (ELU, estado limite último);
b) Desempenho em serviço (ELS, estado limite de serviço);
c) Durabilidade.

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1.6. Estética e funcionalidade

A estrutura deve respeitar a estética e a funcionalidade da edificação, ditadas pelo


projeto arquitetônico.

1.7. Etapas de um projeto estrutural

Não existem regras fixas, mas as principais etapas em um projeto estrutural são:

Concepção estrutural (lançamento)

Pré-dimensionamento dos elementos

Análise estrutural

Desenho das formas estruturais (pré-formas)

Eventuais correções e modificações da solução inicial

Dimensionamento e detalhamento das armaduras

Revisões finais de projeto

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1.8. Normas técnicas de interesse

No estudo das estruturas em concreto armado, as seguintes normas técnicas podem


ser de interesse:
a) NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto;
b) NBR 14931:2004 – Execução de estruturas de concreto;
c) NBR 9062:2006 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado;
d) NBR 8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas;
e) NBR 6120:1980/2000 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações;
f) NBR 6123:1988/2013 – Forças devidas ao vento em edificações.

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2. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Segundo Rebello (2001), “Conceber uma estrutura é ter consciência da possibilidade da


sua existência; é perceber a sua relação com o espaço gerado; é perceber o sistema ou
sistemas capazes de transmitir as cargas ao solo, da forma mais natural, é identificar os
materiais que, de maneira mais adequada, se adaptam a esses sistemas”.
A concepção da estrutura é a determinação de uma disposição adequada dos vários
elementos estruturais de um edifício, de forma que o mesmo atenda os objetivos do projeto.
O lançamento deve atender aspectos de segurança, economia (custos e durabilidade) e
arquitetônicos (estética e funcionalidade). É uma etapa de grande importância no projeto
estrutural, onde a experiência e a criatividade do engenheiro têm papel fundamental.
Uma boa concepção estrutural pode facilitar os cálculos, simplificar a execução e
reduzir os custos da construção. O projeto estrutural deve ser concebido visando a melhor
harmonização possível com as demais disciplinas (arquitetura, elétrica, hidráulica, fundações,
etc.).
Não existem normas que guiem a concepção. Assim, várias soluções são tecnicamente
viáveis. Todavia, é possível traçar algumas diretrizes básicas para facilitar essa tarefa.

2.1. Diretrizes para a concepção estrutural (ALVA, 2007)

O lançamento dos elementos estruturais é realizado sobre o projeto arquitetônico. Ao


lançar a estrutura deve-se ter em mente vários aspectos básicos.
Estética: Deve-se atender as condições estéticas definidas no projeto arquitetônico. Este
geralmente requer que se esconda a estrutura dentro das paredes. Como em geral, nos
edifícios correntes, a estrutura é revestida, procura-se embutir as vigas e os pilares nas
alvenarias, na medida do possível.
Economia: deve-se lançar a estrutura pensando em minimizar o custo da estrutura. A
economia pode vir da observação de vários itens:
a) Uniformização da estrutura, gerando formas mais simples e permitindo maior
reaproveitamento das fôrmas de madeira (redução de custos e maior velocidade
de execução);
b) Compatibilidade entre vãos, materiais e métodos utilizados (ex.: o vão
econômico para estruturas protendidas é maior do que o de estruturas de
concreto armado);
c) Caminhamento o mais uniforme possível das cargas para as fundações. Apoios
indiretos, de vigas sobre vigas e transições devem ser evitadas ao máximo, pois
acarretam um maior consumo de material.
Funcionalidade: um aspecto funcional importante é o posicionamento dos pilares na
garagem. Em virtude da necessidade crescente de vagas para estacionamento, deve ser feita
uma análise minuciosa dos pavimentos de garagem, de modo a aumentar ao máximo a
quantidade de vagas, sempre procurando obter vagas de fácil estacionamento.

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Resistência às ações horizontais: ao se lançar a estrutura deve-se procurar estabelecer


um sistema estrutural adequado para resistir às ações horizontais atuantes na estrutura (vento,
desaprumo, efeitos sísmicos).
Com relação às decisões que influenciam o comportamento dos elementos estruturais,
merecem ser destacadas as seguintes considerações:
a) O posicionamento dos elementos estruturais na estrutura da construção pode ser
feito com base no comportamento primário dos mesmos. Assim, as lajes são
posicionadas nos pisos dos compartimentos para transferir a carga dos mesmos
para as vigas de apoio. As vigas são utilizadas para transferir as reações das lajes
e o peso das alvenarias para os pilares em que se apóia (ou, eventualmente, vigas
de apoio), vencendo os vãos entre os mesmos. E os pilares são utilizados para
transferir as cargas das vigas para as fundações;
b) A transferência de carga deve ser a mais direta possível. Desta forma, deve-se
evitar, na medida do possível, a utilização de vigas importantes sobre outras
vigas (chamadas apoios indiretos), bem como o apoio de pilares em vigas
(chamadas de vigas de transição):

Fonte: Alva, 2007

c) Os elementos estruturais devem ser os mais uniformes possíveis, quanto à


geometria e quanto às solicitações. Desta forma, as vigas devem, em princípio,
apresentar vãos comparáveis entre si. A padronização de dimensões de seções
transversais e alturas melhora o aproveitamento e a produção de formas e
armaduras;
d) As dimensões contínuas da estrutura, em planta, devem ser, em princípio,
limitadas a cerca de 30 m para minimizar os efeitos da variação da temperatura e
da retração do concreto. Assim, nas construções com dimensões em planta
acima de 30 m, é desejável a utilização de juntas estruturais ou juntas de
separação que decompõem a estrutura original em um conjunto de estruturas
independentes entre si, para minimizar estes efeitos:

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e) Conforme já mencionado, as ações horizontais atuantes em uma edificação são


normalmente resistidas por pórticos planos ortogonais entre si, os quais devem
apresentar resistência e rigidez adequadas. Para isso, é importante a orientação
criteriosa das seções transversais dos pilares (em planta). Também é importante
que a estrutura ofereça adequada estabilidade à construção, conseguida
geralmente através da imposição de rigidez mínima às seções transversais dos
pilares e das vigas:

f) A escolha da estrutura de um edifício de andares múltiplos começa pelo


pavimento tipo, fixando-se a posição de vigas e pilares, levando sempre em
consideração a posição da caixa d'água, a qual coincide, em boa parte dos casos,
com a caixa de escadas;
g) Normalmente, a primeira tarefa da concepção estrutural é o lançamento dos
pilares do andar-tipo, verificando suas possíveis interferências no térreo e
também nos subsolos, com as vagas de garagem e circulação de veículos. Com a
estrutura do pavimento tipo resolvida, deve-se verificar se a posição dos pilares
pode ser mantida nos outros pavimentos. Nesta análise são considerados
aspectos estéticos e funcionais das garagens, pilotis, salões de festas, "play-
grounds", etc. Caso não seja possível manter a posição dos pilares, tenta-se
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reformular a estrutura do pavimento tipo até compatibilizar a posição dos pilares


com os outros pavimentos;
h) Os pilares são lançados preferencialmente:
1. Nos cantos das edificações
2. Nos encontros de vigas
3. Embutidos nas paredes
4. Em ambientes “não-nobres”
5. Distantes entre 3 e 8,0 m
6. De maneira a estabelecer pórticos com as vigas
7. Prestando-se atenção aos seus comprimentos de flambagem
8. 8 ≤ DP ≤ 16 m²/pilar
i) Deve-se atentar que pilares na divisa irão necessitar de uma solução mais
elaborada para a fundação:

Fonte: Ortiz (s.d.)

j) As vigas são lançadas preferencialmente abaixo (embutidas) das paredes. Não é


necessária a existência de vigas abaixo de todas as paredes, exceto no baldrame.
Recomenda-se que os vãos das vigas em sistemas convencionais sejam limitados
a 8,0 m;
k) As lajes ficam definidas pelos contornos das vigas. Portanto, devem-se retirar
vigas que reduzem em demasia os vãos de lajes ou que tornem seus planos
irregulares. Lajes irregulares ou com vãos muito pequenos são economicamente
problemáticas;
l) Os vãos das lajes podem ser:
1. Lajes com vigotas: varia pelo fabricante, normalmente inferiores a 8,0 m
2. Lajes maciças apoiadas em vigas: até 8,0 m
3. Lajes nervuradas: de 10 a 15 m
4. Lajes lisas e cogumelo protendidas: até 13,0 m
5. Lajes nervuradas protendidas: até 20,0 m
6. Lajes pré-fabricadas protendidas: varia pelo fabricante

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m) Segundo Ortiz (s.d.), os subsolos são geralmente estruturas que aumentam o


custo médio da edificação, principalmente quando há proximidade de vizinhos,
havendo necessidade de grandes escoramentos. Subsolos em níveis mais baixos
que a água no terreno encarecem ainda mais a construção pois exigem
rebaixamento do lençol d'água e conseqüentemente cuidados especiais com
estruturas nas proximidades. A figura abaixo mostra algumas situações de
carregamentos em paredes de subsolos profundos e possibilidades de
escoramento.

Fonte: Ortiz (s.d.)

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2.2. Exemplo 1 (ALVA, 2007)

Arquitetura

Lançamento das
vigas abaixo de
todas as paredes.
Solução
problemática.

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Lançamento das
vigas em posições
estratégicas.
Solução mais
apropriada.

Lançamento dos
pilares nas posições
adequadas.

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2.3. Exemplo 2 (ALVA, 2007)

Arquitetura

Lançamento das
vigas abaixo de
todas as paredes.
Solução
problemática.

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Lançamento das
vigas em posições
estratégicas.
Solução mais
apropriada.

Lançamento dos
pilares nas posições
adequadas.

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2.4. Exemplo 3

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2.5. Exemplo 4 - SOBRADO

Características da edificação:
a) Edificação residencial em alvenaria com dois pavimentos;
b) Cobertura em laje impermeabilizada;
c) Localizada em região urbana, na cidade de Curitiba/PR.

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3. PRÉ-DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL

Segundo Alva (2007),

“em princípio, o engenheiro estrutural se depara com o seguinte problema no


dimensionamento das estruturas: a geometria dos elementos estruturais (seções
transversais) é definida em função dos esforços solicitantes. Entretanto, os esforços
solicitantes somente podem ser obtidos após a definição da geometria da estrutura,
permitindo a determinação do peso próprio e a análise da estabilidade global da mesma.
Para resolver o problema, é necessário realizar um pré-dimensionamento da estrutura”.

O pré-dimensionamento visa determinar dimensões que serão utilizadas para os


elementos estruturais (seção transversal de vigas e pilares e espessuras de lajes). Estas
dimensões serão posteriormente verificadas na análise e dimensionamento estrutural. O
software em si não consegue determinar a dimensão de um elemento, mas sim verificar uma
dimensão estipulada.
Após esta análise inicial, deve-se fazer os ajustes necessários, determinando a geometria
final e, conseqüentemente, o carregamento real que permite o dimensionamento das
armaduras (ALVA, 2007).
É importante ressaltar que não existem recomendações normativas para o pré-
dimensionamento dos elementos. Assim, os princípios aqui expostos têm caráter
preponderantemente prático.

3.1. Lajes maciças

Segundo Alva (2007), a espessura das lajes maciças pode ser estimada pela equação:

𝐿𝑥
ℎ=
40

onde Lx é o menor vão de cálculo da laje.

Fonte: Alva, 2007.

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Para lajes nervuradas, pode-se substituir na equação acima o valor 40 por 30.
É imprescindível que as espessuras das lajes respeitem também os valores mínimos
impostos pela NBR 6118 (ABNT, 2014):
a) 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
e) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, Lx / 42 para lajes de piso
biapoiadas e Lx / 50 para lajes de piso contínuas;
f) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.
Além disso, as lajes devem ter altura suficiente para evitarem deslocamentos exagerados
e para proporcionarem o devido conforto térmico e acústico dos ambientes por ela confinados.

3.2. Vigas

Segundo Alva (2007), a altura da seção transversal das vigas pode ser estimada pela
equação:

𝐿 𝐿
ℎ= 𝑎
10 12

onde L é o vão da viga. Para fins de pré-dimensionamento, L pode ser tomado como sendo a
distância entre os eixos dos pilares em que a viga se apoia. Na hipótese de vigas com diversos
vãos, pode-se, à favor da segurança, adotar L como sendo o maior vão.
No caso de apoios indiretos (viga apoiada em outra viga), recomenda-se que a viga de
apoio tenha uma altura maior ou no mínimo igual à da viga apoiada.
Costuma-se adotar alturas de seção múltiplas de 5 cm, com um mínimo de 25 cm. Tal
critério de altura mínima induz a utilização de vãos maiores ou iguais a 2,5 m. A altura
máxima está condicionada ao espaço disponível para a viga e para as aberturas de portas.
Logo, as alturas das vigas dos pavimentos não devem ultrapassar a distância de piso a piso
menos a altura das portas e caixilhos (ALVA, 2007).
As vigas podem ser normais ou invertidas, conforme a posição da sua alma em relação à
laje. As vigas invertidas são utilizadas em situações nas quais se deseja que a viga não apareça
na face inferior da laje, geralmente por questões de estética. As semi-invertidas são
empregadas em situações nas quais o pé-direito ou as esquadrias limitem a altura útil da viga
e o projeto estrutural exija uma viga alta (ALVA, 2007).

Fonte: Alva, 2007.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), a largura mínima para vigas é de 12 cm e para
vigas-parede 15 cm. Não obstante, a largura deve permitir o alojamento adequado das
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armaduras longitudinais e transversais da viga e também a passagem do vibrador para


adensamento do concreto.
Em um sentido prático, a largura das vigas fica de certa forma limitada à arquitetura.
Visando “esconder” a estrutura, as bases das vigas devem ter dimensões menores que as
espessuras das paredes, não olvidando ainda o revestimento que a alvenaria receberá.

Fonte: Alva, 2007.

Por fim, as larguras devem ser tais que evitem a instabilidade lateral das vigas. Segundo
a NBR 6118 (ABNT, 2014), a segurança à instabilidade lateral de vigas deve ser garantida
através de procedimentos apropriados. Como procedimento aproximado pode-se adotar, para
vigas de concreto, com armaduras passivas ou ativas, sujeitas à flambagem lateral, as
seguintes condições:

𝑙0
𝑏≥
50

𝑏 ≥ 𝛽𝑓𝑙 ∙ ℎ

onde b é a largura da zona comprimida (hachurada na tabela); h é a altura total da viga; l0 é o


comprimento do flange comprimido, medido entre suportes que garanta, o contraventamento
lateral; βfl é o coeficiente que depende da forma da viga:

Tipologia da viga Valores de βfl

0,40

0,20

Fonte: ABNT, 2014.

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3.3. Pilares

Segundo Alva (2007), para o pré-dimensionamento dos pilares pode se utilizar o


método das áreas de influência. O processo das áreas de influência baseia-se em uma
estimativa das cargas verticais totais nos pilares. Cada pilar tem a sua respectiva área de
influência, obtida através do traçado das mediatrizes dos pilares.

Fonte: Alva, 2007.

Adota-se para carga total distribuída (q) um valor entre 10 e 13 kN/m², e com o número
de pavimentos do edifício (n), pode-se obter a carga normal estimada do pilar (Nk*) através
de:

𝑁𝑘∗ = 𝑞 ∙ 𝐴𝑖 ∙ 𝑛

Obtém-se a carga normal de cálculo estimada (Nd*) por:

𝑁𝑑∗ = 𝛾 ∙ 𝑁𝑘∗

com γ = 1,8 para pilares internos, γ = 2,2 para pilares de extremidades e γ = 2,5 para pilares de
canto.
Pode-se calcular a área da seção bruta de concreto (Ac) através da seguinte equação:

𝑁𝑑∗
𝐴𝑐 =
0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 + 42 ∙ 𝜌

adotando-se para ρ um valor entre 0,015 e 0,020.


Os valores mínimos para as dimensões da seção transversal de pilares são fixados pela
norma NBR 6118 (ABNT, 2014). Segundo esta, a mínima dimensão da seção transversal de
um pilar é de 19 cm.
Em casos especiais, permitem-se dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se
multipliquem os esforços solicitantes de cálculo, a considerar no dimensionamento, por um
coeficiente adicional, conforme a tabela:

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Menor dimensão da seção transversal do pilar (b)


b (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

𝛾𝑛 = 1,95 − 0,05 ∙ 𝑏

Fonte: ABNT, 2014.

Em todos os casos, não se pode ter pilares com área da seção transversal inferior a 360
cm².

3.4. Exemplo SOBRADO

Para o exemplo aqui estudado, os valores de pré-dimensionamento para as lajes foram:

Laje Menor vão (m) Altura estimada (cm) Altura adotada (cm)
L1 3,15 7,88 10
L2 3,30 8,25 10
L3 2,80 7,00 10
L4 1,80 4,50 10
L5 2,55 6,38 10

Os valores de pré-dimensionamento para as vigas foram:

Viga Vão (m) % do vão Altura estimada (cm) Altura adotada (cm) Base
V1 3,15 0,10 31,50 40 14
V2 5,10 0,10 51,00 50 14
V3 5,10 0,10 51,00 50 14
V4 5,10 0,10 51,00 50 14
V5 3,15 0,10 31,50 40 14
V6 3,62 0,10 36,20 40 14
V7 3,62 0,10 36,20 40 14
V8 3,37 0,10 33,70 40 14
V9 3,37 0,10 33,70 40 14

Para o pré-dimensionamento dos pilares, inicialmente se faz a determinação das áreas


de influência de cada pilar traçando-se as mediatrizes entre estes. Tal procedimento foi
realizado com auxílio do software AutoCAD e seu resultado final pode ser visualizado na
sequência.

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Os valores de pré-dimensionamento para os pilares foram:

Área Carga Repet. Nk* Nd* Ac Seção


Pilar Tipo γ ρ
(m²) (kN/m²) (n) (kN) (kN) (cm²) (cm)
P1 3,04 Canto 2,5 12 3 0,015 109,44 273,60 127,37 14 x 30
P2 7,57 Canto 2,5 12 3 0,015 272,52 681,30 317,16 14 x 40
P3 4,79 Canto 2,5 12 3 0,015 172,44 431,10 200,69 14 x 30
P4 5,18 Extremidade 2,2 12 3 0,015 186,48 410,26 190,99 14 x 30
P5 12,61 Interno 1,8 12 3 0,015 453,96 817,13 380,40 20 x 30
P6 7,88 Extremidade 2,2 12 3 0,015 283,68 624,10 290,53 14 x 30
P7 2,38 Canto 2,5 12 3 0,015 85,68 214,20 99,72 14 x 30
P8 5,69 Canto 2,5 12 3 0,015 204,84 512,10 238,40 14 x 30
P9 3,49 Canto 2,5 12 3 0,015 125,64 314,10 146,22 14 x 40

Após a realização do pré-dimensionamento, pode ser elaborada a chamada “PRÉ-


FORMA”. O desenho de pré-formas é composto por plantas, cortes e detalhes que devem
definir todas as características geométricas da estrutura (seções transversais, espessuras,
distâncias entre elementos, etc). Nele devem estar representados todos os elementos
estruturais devidamente numerados.
Os pilares são numerados da esquerda para a direita, de cima para baixo (P1, P2, P3...),
começando no canto superior esquerdo da planta. Na identificação dos pilares devem constar
também as dimensões de sua seção transversal.

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As lajes são numeradas também da esquerda para a direita, de cima para baixo (L1, L2,
L3...), iniciando no canto superior esquerdo da planta. Na identificação das lajes deve constar
ainda a sua espessura.
A numeração das vigas é diferente. Primeiramente numeram-se as vigas na direção
horizontal do desenho, de cima para baixo (V1, V2, V3...). Em seguida, numeram-se as vigas
na direção vertical do desenho, da esquerda para a direita (V4, V5, V6...). Quando a viga
possui mais de um vão, cada um destes deve ser identificado por uma letra (V7a, V7b, V7c).
Na identificação das vigas deve também constar as dimensões da sua seção transversal.
É comum também constar neste desenho demais características da estrutura, como
classe de agressividade ambiental, cobrimento das armaduras, resistência característica do
concreto, tipo de agregado graúdo, slump para o concreto, normas técnicas que foram
adotadas no projeto, cargas consideradas, entre outros. As pré-formas do exemplo SOBRADO
são representadas em anexo. Na figura seguinte apresenta-se uma representação
tridimensional da estrutura proposta para o SOBRADO.

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4. ANÁLISE ESTRUTURAL

O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com
a finalidade de efetuar verificações de estados limites últimos e de serviço. A análise
estrutural permite estabelecer as distribuições de esforços, internos, tensões, deformações e
deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura. A análise deve ser feita com um modelo
estrutural realista, que permita representar de maneira clara todos os caminhos percorridos
pelas ações até os apoios da estrutura (ABNT, 2014).

4.1. Modelo de vigas contínuas

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu ítem 14.6.7.1, pode ser utilizado o modelo
clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, para o estudo das cargas
verticais, observando-se a necessidade das seguintes correções adicionais:
a) Não devem ser considerados momentos positivos menores que os que se
obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
b) Quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio,
medida na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do
pilar, não pode ser considerado momento negativo de valor absoluto menor do
que o de engastamento perfeito nesse apoio;

Fonte: Araújo, 2010.

c) Quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos


pilares com a viga, deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor

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igual ao momento de engastamento perfeito multiplicado por determinados


coeficientes. Os momentos finais podem ser encontrados por:
1. Na viga:

𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑀𝑣𝑖𝑔 = 𝑀𝑒𝑛𝑔 ∙ ( )
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

2. No tramo superior do pilar:

𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑀𝑠𝑢𝑝 = 𝑀𝑒𝑛𝑔 ∙ ( )
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

3. No tramo inferior do pilar:

𝑟𝑖𝑛𝑓
𝑀𝑖𝑛𝑓 = 𝑀𝑒𝑛𝑔 ∙ ( )
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝

onde ri é a rigidez do elemento i no nó considerado, avaliada conforme indicado na figura


seguinte, e Meng é o momento de engastamento perfeito.

Fonte: Araújo, 2010.

Ii é a inércia da seção transversal, dividida por li , o vão dos elementos.

4.2. Modelo de grelhas e pórticos espaciais

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), os pavimentos dos edifícios podem ser
modelados como grelhas, para estudo das cargas verticais, considerando-se a rigidez à flexão
dos pilares de maneira análoga à que foi prescrita para vigas contínuas.
De maneira aproximada, nas grelhas e nos pórticos espaciais, pode-se reduzir a rigidez à
torção das vigas por fissuração utilizando-se 15% da rigidez elástica, exceto para os
elementos estruturais com protensão limitada ou completa.

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Fonte: TQS

4.3. Aspectos complementares

Para estruturas de edifícios em que a carga variável seja no máximo igual a 20% da
carga total, a análise estrutural pode ser realizada sem a consideração de alternância de cargas.
A laje de um pavimento pode ser considerada como uma chapa totalmente rígida em seu
plano, desde que não apresente grandes aberturas e cujo lado maior do retângulo circunscrito
ao pavimento em planta não supere em três vezes o lado menor.
O vão efetivo das vigas pode ser calculado por:

𝑙𝑒𝑓 = 𝑙0 + 𝑎1 + 𝑎2

com a1 igual ao menor valor entre (t1/2 e 0,3 ∙ h) e a2 igual ao menor valor entre (t2/2 e 0,3 ∙
h), conforme figura seguinte.

Fonte: ABNT, 2014

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4.4. Exemplo SOBRADO

Através do método de pórticos, utilizando o Ftool, determine os esforços solicitantes


nos elementos estruturais do edifício SOBRADO.

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5. FORÇAS DEVIDAS AO VENTO EM EDIFICAÇÕES

Define-se o vento simplificadamente como a movimentação das massas de ar devido a


uma série de fenômenos meteorológicos. Sabendo que o ar é um fluido, é intuitivo que,
quando em movimento, ao encontrar um obstáculo, exercerá sobre este uma ação. Tal ação
tem caráter fortemente aleatório em direção, sentido, intensidade e duração.
A referência normativa que diz respeito ao vento no Brasil é a NBR 6123 (ABNT,
1988).

5.1. Velocidade básica do vento (V0)

O primeiro passo para o cálculo das cargas do vento em alguma edificação é a


determinação da velocidade básica através do mapa de isopletas.

Fonte: ABNT, 1988

Em Curitiba/PR, costuma-se assumir V0 = 42 m/s.

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5.2. Fator S1

Após a determinação de V0, avalia-se o fator S1, que leva em consideração a topografia
do local. O fator S1 pode assumir os valores:
a) Terrenos planos ou fracamente acidentados: S1 = 1,0;
b) Vales protegidos de vento de qualquer direção: S1 = 0,9;
c) Taludes e morros: varia conforme a posição da edificação.

Fonte: ABNT, 1988

Fonte: ABNT, 1988

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Ponto A de taludes e morros e ponto C de taludes: S1 = 1,0;


No ponto B, S1 é função de z:

𝜃 ≤ 3° → 𝑆1 = 1,0

𝑧
6° ≤ 𝜃 ≤ 17° → 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − ) ∙ 𝑡𝑔(𝜃 − 3°) ≥ 1,0
𝑑

𝑧
𝜃 ≥ 45° → 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − ) ∙ 0,31 ≥ 1,0
𝑑

sendo θ a inclinação do morro ou talude.

5.3. Fator S2

O fator S2 leva em consideração as dimensões da edificação, a rugosidade do terreno e a


altura z sobre o terreno. Assim, percebe-se que S2 tem valores diferentes conforme a altura
que se está avaliando a carga do vento.
De acordo com as dimensões em planta e em altura, as edificações se classificam em:
a) Classe A: maior dimensão horizontal ou vertical menor que 20 m;
b) Classe B: maior dimensão horizontal ou vertical entre 20 e 50 m;
c) Classe C: maior dimensão horizontal ou vertical excede 50 m.
De acordo com a rugosidade do terreno as edificações são divididas em categorias,
conforme a tabela seguinte.

Cat. Descrição Exemplos


Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 Mar calmo, lagos, rios,
I km de extensão, medida na direção e sentido do vento pântanos sem vegetação
incidente
Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em Zonas costeiras planas,
nível, com poucos obstáculos isolados, tais como pântanos com vegetação rala,
II
árvores e edificações baixas. A cota média do topo campos de aviação
dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1,0 m
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais Granjas e casas de campo,
como sebes e muros, poucos quebra-ventos de subúrbios a considerável
III
árvores, edificações baixas e esparsas. A cota média distância do centro, com
do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m casas baixas e esparsas
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco Cidades pequenas e seus
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. arredores, subúrbios
A cota média do topo dos obstáculos é considerada densamente construídos de
IV
igual a 10 m. Esta categoria também inclui zonas com grandes cidades, áreas
obstáculos maiores e que ainda não possam ser industriais plena ou
consideradas na categoria V parcialmente desenvolvidas
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, Centros de grandes cidades,
V altos e pouco espaçados. A cota média do topo dos complexos industriais bem
obstáculos é considerada igual ou superior a 25 m desenvolvidos
Fonte: ABNT, 1988

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O parâmetro S2 pode ser calculado pela seguinte equação:

𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏 ∙ 𝐹𝑟 ∙ ( )
10

sendo z (m) a altura a qual se quer avaliar o vento, b e p parâmetros complementares e:


Fr = 1,00 para a Classe A
Fr = 0,98 para a Classe B
Fr = 0,95 para a Classe C
Os parâmetros b e p são obtidos a partir da tabela seguinte.

Classe
Cat. Par.
A B C
b 1,10 1,11 1,12
I
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V
p 0,15 0,16 0,175
Fonte: ABNT, 1988

5.4. Fator S3

O fator S3 leva em consideração a importância e segurança requerida para a edificação.

Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou
possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva
I 1,10
(hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais de
comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e
II 1,00
indústria com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação
III 0,95
(depósitos, silos, construções rurais, etc.)
IV Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
V Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3 durante a construção 0,83
Fonte: ABNT, 1988

5.5. Velocidade característica e pressão de obstrução

Após a determinação dos coeficientes acima citados, pode-se calcular a velocidade


característica do vento pela equação:

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𝑉𝑘 = 𝑉0 ∙ 𝑆1 ∙ 𝑆2 ∙ 𝑆3 → (𝑚/𝑠)

A pressão de obstrução é determinada por:

𝑞 = 0,613 ∙ 𝑉𝑘 2 → (𝑁/𝑚2 )

5.6. Coeficiente de arrasto

Para edificações cuja altura supera em muito as dimensões em planta, ou que possuem
diversas aberturas à barlavento e/ou sotavento, edificações de múltiplos andares e similares,
torres treliçadas, estruturas reticuladas, o vento é considerado em um contexto global. Este
procedimento é diferente no caso de coberturas, como se verá mais adiante.
No contexto global do vento, deve-se determinar o coeficiente de arrasto. Ele varia de
0,7 a 2,2, e aplica-se exclusivamente a edificações retangulares. Leva em consideração as
dimensões da edificação:
a) l1: dimensão horizontal perpendicular ao vento;
b) l2: dimensão horizontal na direção do vento;
c) h: altura da edificação acima do terreno.
O vento pode ser de baixa ou alta turbulência. De acordo com este fator, utiliza-se um
ou outro ábaco.
Ventos de baixa turbulência

Fonte: ABNT, 1988

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Ventos de alta turbulência

Fonte: ABNT, 1988

O vento é de alta turbulência quando a altura da edificação não excede duas vezes a
altura média das edificações vizinhas, estendendo-se estas na direção e no sentindo do vento
incidente, a uma distância mínima (dmin) de:
a) 500 m para edificações com h ≤ 40m;
b) 1000 m para edificações com h ≤ 55m;
c) 2000 m para edificações com h ≤ 70m;
d) 3000 m para edificações com h ≤ 80m.

5.7. Critérios práticos

Usualmente calcula-se a pressão de obstrução (q) para a altura z de cada pavimento do


edifício. Cada altura terá um valor S2 próprio.

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Encontram-se as resultantes das pressões q no nível de cada pavimento, através de áreas


de influência. Tais resultantes são majoradas pelo coeficiente de arrasto.

𝐹𝑎𝑖 = 𝐶𝑎 ∙ 𝑞 ∙ 𝐴

Estas resultantes são aplicadas nos modelos de cálculo, para determinação de esforços.
É ainda possível determinar o momento de tombamento (Mt).

𝑀𝑡 = ∑ 𝐹𝑎𝑖 ∙ ℎ𝑖

sendo Fai a força de arrasto em cada pavimento e hi a distância de cada pavimento à base.
A parcela da carga do vento que vai para cada pórtico depende da rigidez dos mesmos.
Recomenda-se a leitura de Raymundo et al. (2011) para mais detalhes.

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Exemplo 1
Calcular as cargas de vento e o momento tombador em uma edificação residencial de
dimensões em planta 19 m x 24 m, composta por 4 lajes e térreo. Sabe-se que a distância entre
as faces superiores das lajes é 3,0 m, altura total 12,0 m, que a edificação está localizada em
Porto Alegre/RS, em um terreno plano, com poucos obstáculos.

Exemplo 2 - SOBRADO
Calcular as cargas de vento para a edificação SOBRADO.

5.8. Coeficientes de forma, pressão externa e pressão interna

Para situações que não se enquadram no que foi citado no capítulo de Coeficiente de
arrasto, é necessária a determinação dos coeficientes de forma (Ce), pressão externa (cpe) e
pressão interna (Cpi).
A obtenção de tais coeficientes depende grandemente do formato da edificação e de sua
cobertura. O coeficiente de forma (Ce) é utilizado para o cálculo das pressões nas superfícies
das edificações. O coeficiente de pressão externa (cpe) é utilizado para o cálculo de elementos
particulares das edificações, onde podem acontecer vórtices ou concentrações de cargas de
ventos. O coeficiente de pressão interna (Cpi) leva em consideração as aberturas que podem
existir nas superfícies da edificação.
Na figura seguinte apresenta-se um exemplo dos valores experimentais de cpe e dos
valores adotados em projeto para o Ce.

Fonte: Gonçalves et al., 2007

Na figura a seguir representam-se as regiões onde é comum a existência de vórtices e o


aumento da carga de vento. Nos elementos dessas regiões o cálculo é feito com os valores do
cpe expostos pela norma NBR 6123 (ABNT, 1988).

Fonte: Gonçalves et al., 2007

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A NBR 6123 (ABNT, 1988) apresenta de forma tabular os coeficientes Ce e cpe para
diversas formas de edificações e coberturas. Na sequência são colocados alguns casos.

Coeficientes de pressão e forma externos para as paredes de edificações de planta retangular

- Para a/b entre 3/2 e 2, interpolar linearmente.


- Para vento a 0º, nas partes A3 e B3 o coeficiente de forma tem os seguintes valores:
Para a/b = 1 : o mesmo valor das partes A2 e B2
Para a/b ≥ 2 : Ce = -0,2
Para 1 < a/b ≤ 2, interpolar linearmente.
- Para cada uma das duas direções de incidência do vento (0º ou 90º) o coeficiente de pressão médio externo, c pe
médio, é aplicado à parte de varlaventos das paredes paralelas ao vento, em uma distância igual a 0,2 b ou h,
considerando-se o menor destes valores.

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Coeficientes de pressão e forma externos para telhados de duas águas simétricos, em edificações
de planta retangular

- O coeficiente de forma Ce na face inferior do beiral é igual ao da parede correspondente.


- Nas zonas em torno de partes de edificações salientes ao telhado (chaminés, reservatórios, torres, etc.) deve ser
considerado um coeficiente de forma Ce = 1,2, até uma distância igual à metade da dimensão da diagonal da
saliência em planta.
- Para cobertura de lanternins, considerar cpe médio = -2,0.
- Para vento a 0°, nas partes I e J, o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores:
Para a/b = 1, adotar valores de Ce iguais aos das partes F e H
Para a/b ≥ 2 : Ce = -0,2
Para 1 < a/b ≤ 2, interpolar linearmente.

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O coeficiente de pressão interna (Cpi), como já dito anteriormente, leva em consideração


as aberturas (permeabilidade) que pode existir nas faces da edificação.

Fonte: Gonçalves et al., 2007

A determinação do Cpi através da NBR 6123 (ABNT, 1988) é feita com base em hipóteses.

1ª Hipótese: duas faces opostas permeáveis e as outras impermeáveis:


- Vento perpendicular à face permeável: Cpi = +0,2
- Vento perpendicular à face impermeável: Cpi = - 0,3

2ª Hipótese: quatro faces igualmente permeáveis:


- Adotar Cpi = -0,3 ou 0,0

3ª Hipótese: abertura dominante com as outras faces permeáveis:


- Existência de abertura dominante na face de barlavento: Cpi depende da área
da abertura dominante (Aad) e a área total das aberturas succionadas (Aas) nas
outras faces:

Valores de Cpi em função da relação Aad / Aas


Aad / Aas Cpi
1,0 +0,1
1,5 +0,3
2,0 +0,5
3,0 +0,6
6,0 +0,8
Observação: interpolar linearmente para valores intermediários

- Existência de abertura dominante na face de sotavento: Cpi assume o valor do


Ce correspondente à face de sotavento que contém esta abertura.
- Existência de abertura dominante nas faces paralelas ao vento:
- Não situada em zona de alta sucção externa: Cpi assume o valor do Ce
correspondente à região da abertura nesta face, adotando, por questões
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de simplificação, valores finais obtidos por meio de média aritmética ou


ponderada, em relação aos valores existentes na face em questão
- Situada em zona de alta sucção externa: Cpi depende da área da
abertura dominante (Aad) e a área total das aberturas succionadas (Aas)
externamente:

Valores de Cpi em função da relação Aad / Aas


Aad / Aas Cpi
0,25 -0,40
0,50 -0,50
0,75 -0,60
1,00 -0,70
1,50 -0,80
≥ 3,00 -0,90
Observação: interpolar linearmente para valores intermediários

5.9. Força resultante

Depois da determinação dos coeficientes externos e internos, pode-se calcular a força


resultante em cada região da edificação. Para isso, devem ser feitas as combinações possíveis
que resultem nas maiores cargas de sobrepressão e de sucção:

𝐹 = (𝐶𝑒 − 𝐶𝑝𝑖 ) ∙ 𝑞 ∙ 𝐴

5.10. Exemplo (Adaptado de CHAMBERLAIN, s.d.)

Determinar os coeficientes de pressão do vento para o galpão mostrado na sequência. O


galpão localiza-se em Porto Alegre/RS e é usado como depósito. Considerar terreno plano
com poucos obstáculos.

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6. ESTABILIDADE GLOBAL

Segundo Carvalho e Pinheiro (2009), as estruturas, mesmo as mais simples, estão


sempre sujeitas às cargas laterais, como o vento, além das cargas gravitacionais.

“No caso de estruturas de grande altura ou que têm relação entre altura e
maior dimensão em planta grande, estes efeitos se tornam mais importantes e
podem, inclusive, desencadear situações de instabilidade do edifício
(CARVALHO; PINHEIRO, 2009)”.

Em uma estrutura de concreto armado convecional, as ações laterais são resistidas pelos
pórticos formados pelas vigas e pilares. A laje age como um diafragma rígido, distribuindo as
cargas laterais entre os diversos elementos resistentes. No caso de a estrutura ser formada por
lajes sem vigas, os pilares isoladamente devem resistir às ações horizontais. Por isso, em
situações de edifícios altos com lajes lisas, adotam-se nos poços do elevador e da escada,
pilares-parede de grande rigidez, responsáveis quase que integralmente pela estabilidade
global da edificação.

6.1. Inércia equivalente de um pilar

Em algumas análises é conveniente definir um pilar de inércia equivalente ao pórtico,


ou seja, um pilar que tenha a mesma rigidez do pórtico. Isto é feito admitindo-se no pilar uma
carga horizontal F e calculando-se o deslocamento no topo, chamado de δpórtico.

Fonte: Carvalho e Pinheiro, 2009.

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Com este deslocamento basta considerar um pilar engastado na base e livre no topo,
com mesma altura e submetido à mesma força horizontal F do pórtico, tendo o deslocamento
no topo igual ao do pórtico. Dessa maneira, a inércia equivalente do pilar pode ser encontrada
por:

𝐹 ∙ 𝐻3
𝐼𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 =
3 ∙ 𝛿𝑝ó𝑟𝑡𝑖𝑐𝑜 ∙ 𝐸𝑐𝑠

No cálculo da seção equivalente de mesma inércia usa-se a dimensão do pilar como b, e


determina-se um valor para h.

6.2. Associação de pórticos

As estruturas de edifícios normalmente são compostas por diversos pórticos, alinhados


nas direções principais. Uma maneira de resolver a estrutura submetida às cargas horizontais é
através de um pórtico tridimensional.
Entretanto, pode-se utilizar de maneira simplificada uma associação de pórticos em
série em cada uma das direções, desde que a resultante do vento não diste em demasia do
centro elástico da laje (estrutura aproximadamente simétrica).

Fonte: Carvalho e Pinheiro, 2009.

Resolvendo-se a associação dos pórticos, pode-se encontrar o efeito do vento em cada


um destes.

6.3. Estabilidade global

Assim como acontece em pilares, o edifício como um todo pode se deformar


horizontalmente e acabar submetido a esforços de segunda ordem.

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Fonte: TQS

Dessa maneira, classificam-se as estruturas em de nós fixos ou nós móveis:


a) As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, como de nós fixos quando
os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos, e, por decorrência, os
efeitos globais de 2ª ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos respectivos
esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e
localizados de 2ª ordem.
b) As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos horizontais não
são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são importantes
(superiores a 10% dos respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas
devem ser considerados tanto os esforços de 2ª ordem globais como os locais e
localizados.

Parâmetro de instabilidade α
Uma estrutura reticulada poderá ser considerada de nós fixos se seu parâmetro de
instabilidade α for menor que α1, assim definidos:

𝑁𝑘
𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 ∙ √
𝐸𝑐 ∙ 𝐼𝑐

Se n ≤ 3: α1 = 0,2 + 0,1 ∙ n
Se n > 4:
α1 = 0,6 (contraventamento de pórticos e pilares-parede)
α1 = 0,7 (contraventamento de pilares-parede)
α1 = 0,5 (contraventamento de pórticos)
em que:

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n = números de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível


pouco deslocável do subsolo;
Htot = altura total da estrutura, em metros, medida a partir do topo da fundação ou de um nível
pouco deslocável do subsolo;
Nk = somatória de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível considerado
para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
Ec ∙ Ic = somatória das rigidezes de todos os pilares na direção considerada; no caso de
estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pilares de rigidez variável ao longo da
altura, permite-se considerar produto Ec ∙ Ic de rigidez de um pilar equivalente de seção
constante; o valor de Ec (módulo de elasticidade ou módulo de deformação tangente inicial) é
dado pela NBR 6118 (ABNT, 2014), e o valor de Ic deve ser calculado considerando as seções
brutas dos pilares.

Exemplo SOBRADO
Verifique a estabilidade global do edifício SOBRADO através do parâmetro α.

Coeficiente γz
Outra maneira de se verificar se a estrutura é de nós fixos ou móveis é o coeficiente γz.
A vantagem desse método é que ele permite avaliar quantitativamente os esforços globais de
segunda ordem.
Essa avaliação é válida para estruturas reticuladas de no mínimo quatro andares. O
coeficiente pode ser calculado por:

1
𝛾𝑧 =
∆𝑀
1 − 𝑀 𝑡𝑜𝑡,𝑑
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

em que:
M1,tot,d = momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças
horizontais, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
ΔMtot,d = soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos
pontos de aplicação, obtidos da análise de primeira ordem.
Considera-se que a estrutura seja de nós fixos se γz ≤ 1,10.
Segundo Carvalho e Pinheiro (2009), nas combinações de cálculo ELU para o
coeficiente γz deve-se considerar o vento como ação variável secundária. Portanto, para
edifícios usuais:

𝐹𝑑 = 1,4 ∙ 𝐹𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 + 1,4 ∙ 𝐹𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 + 1,4 ∙ 𝜓0 ∙ 𝐹𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜

6.4. Análise de estruturas de nós fixos

Nas estruturas de nós fixos a NBR 6118 (ABNT, 2014) permite que cada elemento
comprimido seja considerado isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos

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demais elementos estruturais que ali concorrem. A análise dos efeitos locais de segunda
ordem é feita como visto no estudo de pilares. Ressalta-se que nessas estruturas os efeitos
globais de segunda ordem podem ser desprezados.

6.5. Análise de estruturas de nós móveis

Nestas estruturas deve-se considerar obrigatoriamente os efeitos da não-linearidade


geométrica e da não-linearidade física. No dimensionamento dos elementos os efeitos globais
de segunda ordem devem constar.

Análise não-linear com segunda ordem


Uma solução aproximada para a determinação dos esforços globais de segunda ordem,
válida para estruturas regulares, consiste na avaliação dos esforços finais (primeira ordem
mais os de segunda ordem) pela multiplicação dos esforços horizontais por 0,95 ∙ γz desde que
γz ≤ 1,3.

Consideração aproximada da não-linearidade física


Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), na avaliação dos esforços globais de segunda
ordem em estruturas reticuladas com pelo menos quatro pavimentos, pode-se considerar a
não-linearidade física de maneira aproximada, tomando-se para a rigidez dos elementos os
seguintes valores:
a) Lajes: ( E ∙ I )sec = 0,3 ∙ Ec ∙ Ic
b) Vigas:
1. Se As’ ≠ As  ( E ∙ I )sec = 0,4 ∙ Ec ∙ Ic
2. Se As’ = As  ( E ∙ I )sec = 0,5 ∙ Ec ∙ Ic
c) Pilares: ( E ∙ I )sec = 0,8 ∙ Ec ∙ Ic
Nestas equações considera-se o módulo de elasticidade inicial do concreto e Ic a inércia
da seção bruta de concreto, incluindo mesas colaborantes se for o caso.
Alternativamente, a NBR 6118 (ABNT, 2014) permite, quando a estrutura de
contraventamento for composta exclusivamente por vigas e pilares e γz < 1,3, considerar para
ambos:
( E ∙ I )sec = 0,7 ∙ Ec ∙ Ic

Exemplo (adaptado de CARVALHO e PINHEIRO, 2009)

Verificar a estabilidade global da edificação abaixo representada através do coeficiente


γz. Sabe-se que a carga característica total de cada pavimento é igual à 1451 kN. São
conhecidas também as forças de arrasto características do vento em cada nível. Como os
pórticos são iguais, admitir que cada um receberá a mesma parcela da carga do vento.
Analisar apenas a direção X, mais desfavorável neste caso. Considerar concreto C25 e
agregado tipo basalto.

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33,8 kN

67,6 kN

65,3 kN

65,2 kN

57,7 kN

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6.6. Consideração das imperfeições geométricas

As estruturas reticulares, mesmo quando descarregadas, apresentam imperfeições


geométricas do eixo dos seus elementos. Estas devem ser consideradas na verificação do
estado limite último, inclusive na verificação da estabilidade global (CARVALHO;
PINHEIRO, 2009).
A NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica que deve ser considerado um desaprumo nos
elementos verticais, sendo que o deslocamento máximo no topo do edifício (amax) é dado por:

𝑎𝑚𝑎𝑥 = 𝜃𝑎 ∙ 𝐻

Com:

1 + (1/𝑛)
𝜃𝑎 = 𝜃1 ∙ √
2

1
𝜃1 =
100 ∙ √𝐻
Sendo:
- H: altura total da edificação, em metros;
- n: número de prumadas de pilares do pórtico;
Ainda, os seguintes valores limites de θ1 devem ser respeitados:
- θ1,min = 1/400 para estruturas de nós fixos;
- θ1,min = 1/300 para estruturas de nós móveis ou imperfeições locais;
- θ1,max = 1/200.

Fonte: Carvalho e Pinheiro, 2009.

Os efeitos do desaprumo não devem ser superpostos aos do vento. Dentre os dois, deve-
se escolher o mais desfavorável, isto é, o que provoca o maior momento total na base da
edificação.

Exemplo (adaptado de CARVALHO e PINHEIRO, 2009)

Verificar o desaprumo no edifício do exemplo anterior.

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7. LAJES NERVURADAS

A escolha do sistema estrutural mais adequado para um determinado pavimento, assim


como a definição do processo construtivo a ser utilizado, deve ser feita considerando alguns
parâmetros básicos: finalidade da edificação; projeto arquitetônico; cargas de utilização;
tamanho dos vãos a vencer; disponibilidade de equipamentos, materiais e mão-de-obra; custos
e interação com os demais subsistemas construtivos da edificação; entre outros
(CARVALHO; PINHEIRO, 2009).
Com isso em mente, em determinadas situações convém utilizar um tipo de laje que
tenha comportamento semelhente ao das lajes maciças, simultaneamente dotada da eficiência
das vigas (peso próprio reduzido com boa inércia). Surge então as lajes nervuradas.

Dentre às vantagens das lajes nervuradas, podem ser citadas (CARVALHO;


PINHEIRO, 2009):
a) Atingem grandes vãos, liberando espaços, o que é vantajoso em regiões como
garagens;
b) Podem ser construídas com a mesma tecnologia empregada em lajes maciças;
c) Têm grande versatilidade de aplicações, podendo ser utilizadas para diversos
tipos de edificações;
d) São também adequadas quando se deseja um sistema de lajes sem vigas;

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e) Consomem menos concreto e aço que outros sistemas similares, reduzindo peso
próprio e aliviando as fundações;
f) Podem suportar cargas maiores que lajes maciças.

Fonte: Adaptado de Carvalho e Pinheiro, 2009.

Como desvatagem desse tipo de laje pode ser citada a dificuldade da passagem de
tubulações e a demanda por alturas maiores do edifício e de cada andar.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) impõe algumas restrições e requisitos a este tipo de laje,
citando-se:
a) A espessura da mesa, quando não houver tubulações horizontais embutidas,
deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras e não menor que 3 cm.
O valor mínimo absoluto deve ser de 4 cm, quando existirem tubulações
embutidas de diâmetro máximo 12,5 mm;
b) A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm;
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c) Nervuras com espessura menor que 8 cm não devem conter armadura de


compressão;
d) Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm,
pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para verificação do
cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de
laje;
e) Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o
espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura média das
nervuras for maior que 12 cm;
f) Para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110
cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
A determinação dos esforços das lajes nervuradas, respeitado os critérios acima
expostos, pode ser feito considerando-a como uma laje maciça de rigidez compatível. Em
lajes maciças o cálculo de esforços e armaduras era feito por metro de laje. Nas lajes
nervuradas tais cálculos são feitos por nervura.

Exemplo 1 (Adaptado de ARAÚJO, 2010)

Projetar a laje nervurada de blocos de isopor abaixo representada. A laje é de um


edifício de escritórios. Considerar cargas de 1,0 kN/m² para revestimento e 1,0 kN/m² para as
paredes divisórias. O concreto é o C25 e o aço o CA-50.

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Exemplo 2
Lajes treliçadas ou com vigotas pré-moldadas são lajes nervuradas normalmente
armadas em uma direção.
A tabela abaixo representa as treliças de concreto utilizadas nessas lajes.

A relação abaixo apresenta alguns tipos de lajotas cerâmicas.


Projetar uma laje treliçada armada em uma direção, com preenchimento em blocos de
cerâmica. A laje terá vãos de cálculo 4,50m x 6,50 m. A laje é de um edifício residencial
(sala, cozinha, dormitório). Considerar carga de 1,2 kN/m² para revestimento. O concreto é o
C25 e o aço o CA-50. Especificar altura da laje, altura da capa e qual treliça utilizar.

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8. PILARES-PAREDE

Pilares-parede são elementos de superfície plana ou casca cilíndrica, usualmente


dispostos na vertical, e submetidos preponderantemente à compressão. Podem ser compostos
por uma ou mais superfícies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas
superfícies a menor dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seção
transversal do elemento estrutural (ABNT, 2014).

Para a consideração de um pilar-parede como componente de um sistema estrutural,


permite-se representá-lo por elemento linear, desde que se considere a deformação por
cisalhamento, e um ajuste de sua rigidez à flexão para o comportamento real (ABNT, 2014).

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Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não
retilinidade maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de
2ª ordem maiores, chamados de efeitos de 2ª ordem localizados. O efeito de 2ª ordem
localizado, além de aumentar nessa região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão
transversal, havendo a necessidade de aumentar os estribos ali dispostos.

Fonte: ABNT, 2014.

8.1. Análise de pilares-parede (ABNT, 2014)

Para que os pilares-parede possam ser incluídos como elementos lineares no conjunto
resistente da estrutura, deve-se garantir que sua seção transversal tenha sua forma mantida por
travamentos adequados nos diversos pavimentos e que os efeitos de 2ª ordem localizados
sejam convenientemente avaliados.
Os efeitos localizados de 2ª ordem de pilares-parede podem ser desprezados se, para
cada uma das lâminas componentes do pilar-parede, forem obedecidas as seguintes condições:
a) A base e o topo de cada lâmina devem ser convenientemente fixados às lajes do
edifício, que conferem ao todo o efeito de diafragma horizontal;
b) A esbeltez λi de cada lâmina deve ser menor que 35, podendo o cálculo dessa
esbeltez λi ser efetuado através da expressão dada a seguir:

𝑙𝑒𝑖
𝜆𝑖 = 3,46 ∙
ℎ𝑖

onde, para cada lâmina:


lei: comprimento equivalente;
hi: espessura.
O valor de le depende dos vínculos de cada uma das extremidades verticais da lâmina,
conforme a figura seguinte:

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Fonte: ABNT, 2014.

Se o topo e a base forem engastados e β ≤ 1, os valores de λ1 podem ser multiplicados


por 0,85.
Nos pilares-parede simples ou compostos, onde a esbeltez de cada lâmina que o
constitui for menor que 90, pode ser adotado o procedimento aproximado descrito a seguir.
O efeito localizado de 2ª ordem deve ser considerado através da decomposição do pilar-
parede em faixas verticais, de largura ai, que devem ser analisadas como pilares isolados,
submetidos aos esforços Ni e Myid, onde:

𝑎𝑖 = 3 ∙ ℎ ≤ 100 𝑐𝑚

𝑀𝑦𝑖𝑑 = 𝑚1𝑦𝑑 ∙ 𝑎𝑖 ≥ 𝑀1𝑑,𝑚𝑖𝑛

Onde:
ai: largura da faixa i;
Ni: força normal na faixa i, calculada a partir de nd(x), dado abaixo;
M1d,min: momento mínimo de primeira ordem;
Myid: momento fletor na faixa i;
m1yd: momento fletor de primeira ordem distribuído no pilar-parede;
h: altura da seção na direção considerada.

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Fonte: ABNT, 2014.

A força normal em cada faixa vertical, considerando os efeitos do momento M1xd e de


Nd, pode ser encontrada por:

𝑁𝑑 𝑀1𝑥𝑑
𝑁𝑖 = + ∙ 𝑐𝑖 ∙ 𝐴𝑖
𝑛𝑖 𝐼

onde:
Nd: força normal de cálculo;
Ni: força normal em cada faixa vertical;
ni: número de faixas;
M1xd: momento fletor de cálculo da direção da maior inércia;
I: inércia da seção do pilar-parede;
ci: distância do centróide do pilar-parede ao centróide da faixa vertical;
Ai: área da seção da faixa vertical.
O efeito de 2ª ordem localizado na faixa i é assimilado ao efeito de 2ª ordem local do
pilar isolado equivalente a cada uma dessas faixas.
A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura mínima de flexão de
placas, se essa flexão e a armadura correspondente forem calculadas. Em caso contrário, a
armadura transversal deve respeitar o mínimo de 25% da armadura longitudinal da face
(ABNT, 2014).

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Exemplo

Dimensionar o pilar-parede abaixo representado.

Nd = 2100 kN

MdA,x = 60 kNm

lex = ley = 300 cm

MdB,x = 75 kNm

hx = 20 cm

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABNT. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. 1980.

ABNT. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. 1988.

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usuais de concreto armado. Volume 1. 2007.

CARVALHO, R. C.; PINHEIRO, L. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


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CHAMBERLAIN, Z. Ações do vento em edificações. Notas de aula. s.d.

DEBS, A. L. H. C. Sistemas Estruturais. Material didático da disciplina SET177 – Sistemas


Estruturais II. São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de
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12/12/2007.

GONÇALVES, R. M.; NETO, J. M.; SALES, J. J.; MALITE, M. Ação do vento nas
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REBELLO, Y.C.P. A concepção estrutural e a arquitetura. S. Paulo, Zigurate Editora,


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