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Analise do filme Marketing da Loucura feito por Harley Pacheco de Sousa

O filme aborda uma visão que coloca em cheque a credibilidade dos


psiquiatras e de seus medicamentos, pois como os problemas mentais não são
segundo os produtores do filme de ordem física os mesmos não são passiveis
de comprovação de melhora por meio de uso de psicotrópicos.

Segundo o filme o uso de medicamentos psiquiátricos é feito por indução do


mercado farmacêutico e psiquiátrico que por muitos anos foi rechaçado pelos
médicos convencionais e essa indução teve como produto a popularização do
uso das drogas com objetivo capital sumo.

Faz duras criticas ao marketing do remédio que o populariza e depois que seu
uso diminui apresenta a população seus efeitos adversos para que saia do
mercado permitindo assim a entrada de um novo rotulo. Além de criticar
plausivelmente o trafico de doenças que consiste em criar novas síndromes e
distúrbios com objetivo de aumentar as vendas de psicotrópicos.

O filme tem muitas conclusões verdadeiras, mas por se tratar de um filme


também vem carregado de sensacionalismo puro e não cientifico.

O filme nos mostra que os psicotrópicos são elaborados a partir de uma base
não cientifica, mas isso é um equivoco, então acabamos por nos perguntamos
como são desenvolvidos esses medicamentos sem auxilio nenhum da ciência?

Respondendo essa pergunta esclareço que dentro da ciência positivista


existem alguns princípios chamados de pragmatismo, funcionalismo, e
positividade empírica a qual esses princípios são claramente usados na
industria farmacêutica, agora, se são usados com coerência ou não é uma
outra questão que deverá ser analisada por cada um de nós de modo
particular.

Pragmatismo cientifico nada mais é que assumir que um fenômeno em


determinado momento é complexo para ser reduzido experimentalmente e pra
sanar isso se usa a inferência.

Exemplo: Ninguém sabe de fato porque um aeronave voa porque o fenômeno


é complexo e não é possível reduzir de tal modo que seja possível criar uma
relação de causa e efeito que comprove uma teoria, mas acredita-se que a
presente teoria seja verdadeira porque a história que conta é capaz de explicar
o fenômeno.

(o avião voa porque a aerodinâmica das asas divide um átomo da molécula de


ar, mas isso é impossível de ser observado até a data de hoje)

Funcionalismo é um conceito em que devemos acreditar no que funciona, se


determinado fenômeno é funcional, então é verdadeiro. Se um doente mental
coloca a língua para fora da boca e eu dou um remédio que o faz permanecer
em um estado motor que não permita que coloque a língua para fora, então
funciona. O problema desse exemplo é que os medicamentos geralmente são
mais abrangentes ao que propõe.

Positividade empírica é um conceito em que o positivismo deve ser capaz de


dominar o que ele próprio produz. Por exemplo: se criamos um robô capaz de
destruir o mundo, devemos ser capazes de destruir o robô.

Se criamos uma serie de doenças, devemos entao, ser capazes de criar


remédios para essas doenças.

Esses princípios são parte da ciência e devem ser usados como auxiliares na
confecção de metodologias que geram dados fidedignos e não devem ser
usados de modo aleatórios randômicos e unilaterais, pois por si só não são
capazes de mostrar por meio da observação direta sua funcionalidade,
portanto, não são provas empíricas e positivistas de seu funcionamento.

Infelizmente na indústria farmacêutica os cientistas não são capazes de


explicar o fenômeno e por isso usam do pragmatismo e não da observação
direta reduzida e reproduzida em laboratório experimental para explicá-lo e isso
pode ser um equivoco, porque cedo ou tarde acaba por cair na tentativa e erro.

Obviamente há uma serie que acertos que o pragmatismo proporciona, mas


como cientistas devemos assumir que esse meio não é o mais eficaz, devemos
usar o positivismo cartesiano para reduzir o fenômeno de tal modo que o
mesmo seja passível de observação direta usando minimamente o principio do
pragmatismo para não cairmos no equivoco catastrófico que essa prática pode
resultar.

Há clara e obvia banalização dos medicamentos psicotrópicos e isso deve ser


contido justamente porque almeja questões meramente financeiras e não de
amostragem dedutiva que leve os cientistas ao acerto.

Está evidente que os meios capitais estão dominando inclusive os cientistas e


acadêmicos para que os mesmos atuem em prol do mercado financeiro e não
em busca da ampliação e do conhecimento que pode ter como produto a
melhoria do estilo e da qualidade de vida e saúde mental das pessoas.

O pragmatismo está sendo usado de modo equivocado porque deve sempre


ser siamês da observação direta e da metodologia experimental em hipótese
nenhuma deve ser um método unilateral, pois não prova nada, não passa de
uma historia fluida e convincente.

O pragmatismo tem valor e deve ser colocado de lado de uma perspectiva


alcançada por meio da observação e comprovação estatística. Mas não apenas
isso, a estatística deve ser de estudada e adquirida por testada variável por
variável.

Compreenda que dentro de um fenômeno podemos encontrar diversas


variáveis, exemplo: um doente mental tem quatro sintomas, destes sintomas o
medicamento deve apenas anular aquele a qual se propõe e não a todos os
outros que não propõe, mas não é isso que acontece desde o inicio dos
estudos sobre os psicotrópicos.

A banalização dos remédios e das desordens parece estar ligadas aos


acadêmicos que infelizmente podem ser considerados vitimas da corrupção e
necessidade financeira para suas pesquisas que por receberem apoio
financeiro das empresas acabam sendo inconclusivas do ponto de vista
cientifico, mas conclusivas do ponto de vista da manipulação e dos interesses
capitais.

Exemplo claro é que não se pode mensurar as melhoras que os medicamentos


causam, mas pode-se mensurar que eles causam algo mesmo que esse algo
seja piora, portanto eles tem alguma explicação. Isso mostra que realmente
eles tem alguma funcionalidade, mas que servem apenas aos interesses de
alguns.

Um cientista geralmente atira no que vê e acerta no que não vê e a partir disso


inicia um estudo proeminente acerca de determinado assunto, mas existem
casos em que ou por interesses ou por ingenuidade ou simplesmente por
vontade de acertar, porem um cientista deve estar preparado para lidar com
essas situações independente do que poderá surgir depois, o que não pode
ocorrer é a manipulação de pesquisas já que isso é um crime contra a
sociedade acadêmica.

Note que diferente do que o filme prega a comunidade farmacêutica e


psiquiátrica atua sim com base na ciência, mas não como um todo, usa alguns
princípios para validar idéias.

Talvez esse método não seja o mais eficiente, mas infelizmente é pragmático.
O grande câncer da questão é que esses princípios científicos não buscam o
que se propunha no inicio dos tempos que era buscar a resolução pra diversos
problemas que afetam a humanidade, mas parece ter caído nas mãos de
sujeitos não idôneos que visam lucro a todo custo.

Resta a nós cientistas e acadêmicos lutar contra essa dissonância que se


mostra improdutiva e escravocrata.

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