Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Econômica Federal
Resumo
Esse trabalho, tem por objetivo verificar a legitimação do discurso institucional na campanha da “CAIXA
150 anos, uma história escrita por todos os brasileiros” que comemorou os 150 Anos da Caixa Econômica
Federal, explorando a intencionalidade do discurso e os possíveis sentidos produzidos por meio da análise
das cenografias. O corpus escolhido para a análise refere-se aos doze vídeos [propagandas] que circularam
na mídia televisão durante todo o ano de 2011, hoje disponíveis apenas no Youtube. O estudo tem como
base as teorias de Maingueneau (2008, 2013, 2015) acerca das cenas de enunciação, especificamente a
análise das cenografias, onde foram descritas e analisadas as ações não-verbais e verbais. Também
recorremos a Charaudeau (2015, 2016) que define a identidade das instâncias de produção, responsável por
construir os sentidos e as instâncias de recepção que devem ser capazes de compreender tais sentidos, bem
como as finalidades de produção [visadas].
Abstract
This work has….
Keywords: Scenography; Institutional Advertising; Production of Meanings.
Considerações Iniciais
Para realizar este estudo foi escolhido como corpus a Campanha publicitária
criada para comemorar os “150 Anos da Caixa Econômica Federal”, composta por uma
série de 12 filmes institucionais, de 60 segundos cada, que foram veiculados na tv aberta
mensalmente de janeiro até dezembro de 2011, em todo território nacional, filmados pela
produtora “Conspiração Filmes” – hoje podemos acessá-las por meio do YouTube. Onze
delas estão agrupadas no endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=CSzcC75BKsI >. A última propaganda não foi
acrescentada ao conjunto anterior e, portanto, está separada e disponível no endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=r1rf2N3OzCA&t=1s>.
A assinatura da campanha é: “Caixa 150 anos. Uma história escrita por todos os
brasileiros”. A campanha foi construída dentro dos preceitos do Storytelling, ou seja, se
baseia no tipo narrativo, caracterizado por contar histórias cativantes para seduzir os
consumidores, em vez de utilizar os tipos injuntivos ou argumentativos, comuns ao
gênero propagandista e que buscam apenas destacar características ou atributos positivos
dos bens ou empresas anunciadas. Não é que no Storytelling não se destaque pontos
positivos da empresa, pelo contrário, isto é feito durante todo o filme, porém, é proposto
de uma forma que o interlocutor nem percebe, pois está inserido na cenografia, ou seja,
no contexto da história.
No filme são contadas histórias verídicas do banco. O superintendente de
Marketing da CAIXA, Clauir Santos, juntamente com o historiador Eduardo Bueno,
montaram as histórias de forma a reconstituem a época em que aconteceram. Autores
como Machado de Assis, os imortais da Academia Brasileira de letras, entre outros
personagens ilustres da história brasileira foram relacionados com histórias que retratam
passagens de suas vidas, situações políticas e sociais que ocorreram no país e que
estiveram ligadas, de alguma forma, à história do banco, como por exemplo, Machado de
Assis ao citar a Caixa em seu testamento ou Austregésilo de Athayde ter obtido crédito
da Caixa para a construção da sede da ABL, localizada até hoje no Rio de Janeiro. Dessa
forma, a campanha conta em cada filme um pouco da história do banco Caixa Econômica
Federal, apoiada nas histórias dos personagens e relacionadas a fatos que ocorreram em
nosso país e assim, destaca que sempre esteve presente na história e na vida de todos os
brasileiros.
Os filmes foram narrados pela atriz Glória Pires. A trilha sonora presente nos
filmes tem como base o Jingle: “Vem para Caixa”, que foi desenvolvido a partir do slogan
“Vem pra Caixa você também” criado pela agência Artplan para uma campanha de
comunicação do banco em 1984. Muitas pessoas pensam ainda hoje que esse é o jingle
atual da CAIXA, pois ficou marcada na história do banco. Porém, para a campanha
estudada, a letra foi suprimida e a música foi concebida em formato instrumental sendo
inseridas variações de acorde e de ritmo, que vão se desenvolvendo de acordo com as
narrativas nos filmes. Por ser tão reconhecida, a trilha sonora funciona como uma
assinatura auditiva para a campanha, rememorando uma parte da história do banco.
Como se pode observar, as cenografias são muito ricas nestas propagandas, e foi
isso que motivou seu exame, além do fato de ser uma campanha inteira no modelo do
Storytelling. Portanto, o objetivo desta análise é verificar a legitimação do discurso
institucional na campanha da “Caixa Econômica Federal” por meio da análise de algumas
das cenografias mostradas nos filmes, principalmente aquelas que determinam o fator
histórico e tradicional, pretendido pelo banco, nessa medida, explorando também a
intencionalidade do discurso apresentado. Não havendo necessidade, neste estudo, de
validar todas as cenografias, pois
Um corpus pode ser constituído por um conjunto mais ou menos vasto de textos ou de
trechos de textos, até mesmo por um único texto. [...]. Os analistas do discurso não
estudam obras; eles constituem corpora, eles reúnem os materiais que julgam necessários
para responder a esse ou àquele questionamento explícito, em função das restrições
impostas pelos métodos aos quais recorrem. (MAINGUENEAU, 2015, p. 39, 40).
A maioria dos filmes conta com a apresentação de legendas, e neste caso, elas
foram copiadas, apenas acrescentado as falas dos personagens que não estavam incluídas
nas legendas. Para os demais filmes, efetuou-se a transcrição da narração e das falas dos
personagens, mantendo as características comuns aos textos legendados. As cópias e
transcrições das propagandas podem ser verificadas no “Anexo A” deste trabalho. As
cópias foram marcadas com o termo legendado após o título e seguiram a sequência do
conjunto apresentado no YouTube e não de sua veiculação.
Para se efetuar a verificação foram utilizadas principalmente as teorias de
Maingueneau (2008, 2013, 2015) que levam em conta a “cena de enunciação”,
principalmente construída como cenografia capaz de representar o espaço de enunciação
e a sequência das ações verbais e não verbais que habitam esse espaço.
Também recorremos a Charaudeau (2015, 2016) que define a identidade das
instâncias de produção, onde “a identidade dos parceiros engajados na troca é a
condição que requer que todo ato de linguagem dependa dos sujeitos que aí se acham
inscritos” (CHARAUDEAU, 2015, P. 68), responsável por construir os sentidos e as
instâncias de recepção que devem ser capazes de compreender tais sentidos, bem como
as finalidades de produção [visadas], que “requer que todo ato de linguagem seja
ordenado em função de um objetivo”, que neste caso seria “querer levar o outro a agir de
uma determinada maneira” (CHARAUDEAU, 2015, P. 69).
As Cenas de Enunciação
De acordo com Maingueneau (2013), dominar as leis do discurso e dos gêneros
de discurso seria essencial para desenvolver nossa capacidade para produzir e interpretar
os enunciados de maneira adequada às múltiplas situações de nossa existência. Para esse
autor, “mesmo não dominando certos gêneros, somos geralmente capazes de identificá-
los e de ter um comportamento adequado em relação a eles” (MAINGUENEAU, 2013,
p. 48). As cenas de enunciação definem os estatutos dos enunciados, permitindo a
identificação do gênero apresentado:
O termo “cena” apresenta ainda a vantagem de poder referir ao mesmo tempo um quadro
e um processo: ela é, ao mesmo tempo, o espaço bem delimitado no qual são
representadas as peças (“na cena se encontra...”, “o rei entra em cena”), e as sequências
das ações, verbais e não verbais que habitam esse espaço (“ao longo da cena”, uma cena
doméstica”). De fato, o discurso pressupõe certo quadro, definido pelas restrições do
gênero, mas devem também gerir esse quadro pela encenação de sua enunciação.
(MAINGUENEAU, 2015, p. 117).
Deve-se evitar a ingenuidade de pensar que discurso e ação se ligam por uma relação de
causalidade direta. Justamente, os discursos informativo e propagandista são os
representantes do fenômeno estritamente linguageiro de fazer passar a comunicação pelo
filtro dos imaginários característicos da instância de produção e da instância de recepção
(CHARAUDEAU, 2015, p. 60).
Com efeito, todo ato de enunciação é assimétrico: a pessoa que interpreta o enunciado
reconstrói seu sentido a partir de indicações presentes no enunciado produzido, mas nada
garante que o que ela reconstrói coincida com as representações do enunciador.
Compreender um enunciado não é somente referir-se a uma gramática e a um dicionário,
é mobilizar saberes muito diversos, fazer hipóteses, raciocinar, construindo um contexto
que não é um dado preestabelecido e estável. (MAINGUENEAU, 2013, p. 21).
1
Fundação Biblioteca Nacional (FBN) - é considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas
nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina. Com acervo calculado hoje em
cerca de nove milhões de itens. Informações disponíveis em: < https://www.bn.gov.br/sobre-bn>.
1993, além do Troféu Imprensa de melhor atriz. Sendo assim, uma atriz de destaque e
tradição na história da teledramaturgia nacional.
A atriz sempre começa sua narração, dentro de uma biblioteca, com um livro
aberto na mão ou o retirando das prateleiras. A ação de retirar um livro da prateleira pode
remeter à seleção cuidadosa da história a ser contada, demonstrando assim, a importância
de cada uma das histórias narradas pela atriz.
O livro, por estar sempre ao nosso lado, ajudando a desenvolver nosso
conhecimento com diversas informações sobre os mais diversos assuntos (presente,
passado ou futuro), também nos permite desenvolver nossa imaginação, fomentando
sonhos e fantasias. Assim, um livro representa mais que um conjunto de páginas
encartadas, a própria história da humanidade não nos seria acessível ou ainda, os contos
e fábulas maravilhosos não chegariam até nós se não tivéssemos os livros para nos contar.
Portanto, o livro é um elemento essencial dentro de uma cenografia histórica.
A atriz abre o livro e inicia sua narração, a câmera deixa o plano geral (aberto) e
focando no livro, começa a entrar na história, fechando o foco nas imagens ali impressas,
que vão progressivamente ganhando movimento, até se transformar no filme que irá
contar aquela história. Ao término da narração, o processo é invertido, e a última cena do
filme é congelada, ou seja, perde seu movimento para poder se encaixar novamente nas
páginas do livro, que será fechado pela narradora. Dessa forma, a história começa e
termina no livro.
No final de cada filme a atriz segura o livro fechado em seus braços como se o
estivesse abraçando2. Isso pode demonstrar seu apreço pelo objeto em si e também
atenção, carinho e apoio às histórias ali contadas. Ainda pode se referir ao fato de abraçar,
ou seja, adotar para si os conceitos e ideias que se apresentam no livro e na história do
banco.
As fontes tipográficas utilizadas também se destacam como elementos históricos
na cenografia. Na capa do livo e em seu interior, as fontes impressas remetem a
impressões antigas, fontes com serifas, e da família “Script3”. Os documentos
manuscritos estão em letra cursiva, possuindo detalhes em arabesco. Remetendo à
tradição e ao contexto histórico buscado pelos filmes.
Quanto a fala, ou seja, a parte verbal da cenografia, esta também conserva o
cenário da contação de histórias. O enunciado verbal pretende criar uma relação entre o
enunciador e seu destinatário. Para isso, são utilizadas frases introdutórias do tipo
interrogativo para chamar a atenção, assim como uma mãe ou um professor faz para criar
adesão e interesse pela história que será contada. Observe alguns dos exemplos utilizados
pela narradora nos filmes:
2 Um abraço pode significar carinho, amor, afeto e amizade. Pode estabelecer ligação íntima entre as
pessoas e está sempre carregado de sentimentos. Um abraço é reconfortante porque significa atenção,
apoio, consolo e transmite solidariedade com o próximo. Um abraço é sinal de linguagem corporal por
onde uma pessoa demonstra todo seu afeto, carinho e apoio incondicional à outra. Disponível em:
<http://queconceito.com.br/abracoterapia>.
3
As fontes scripts imitam a escrita humana. Essas fontes são largamente utilizadas em trabalhos gráficos
como Convites, pois seguem tendências tradicionais vindas da Idade Média, seu desenho sugere classe,
tradição, elegância, antiguidade. Essas fontes são muito utilizadas nos livros de história onde são comuns
os inícios de capítulos do tipo “ Era uma Vez ...”. Informações Disponíveis em:
<http://www.ninjawp.com.br/classificacao-das-fontes-tipograficas/>.
(01) Você sabia que o banco da casa própria funcionou muitos anos pagando aluguel?
(08) Das muitas histórias emocionantes dos 150 anos da CAIXA, nenhuma é mais simbólica do que
esta imortalizada pelo poeta Coelho Neto...
O texto não é para ser contemplado, ele é enunciação voltada para um coenunciador que
é necessário mobilizar para fazê-lo aderir “fisicamente” a um certo universo de sentido.
O poder de persuasão de um discurso decorre em boa medida do fato de que leva o leitor
a identificar-se com a movimentação de um corpo investido de valores historicamente
especificados. (MAINGUENEAU, 2016, p. 73).
A Propaganda nas cenografias
A Caixa Econômica Federal4 utilizou essa campanha de propaganda institucional
para garantir a imagem de que sempre esteve presente em todas as principais
transformações da história do país, como mudanças de regimes políticos, processos de
urbanização e industrialização, apoiando e ajudando o Brasil.
Toda cenografia construída serviu para apoiar essa visão e ser reconhecida pela
população brasileira. Assim, “considera-se, geralmente, que cada enunciado é portador
de um sentido estável, a saber, aquele que foi conferido pelo locutor. Esse seria o sentido
decifrado por um destinatário que dispõe de mesmo código, que fala a mesma língua”
(MAINGUENEAU, 2013, p. 21).
Portanto, o banco pretende ser reconhecido como histórico e sempre presente na
vida dos brasileiros e pretende fazer com que seu nome seja associado a tradição, o que
gera confiança e dá credibilidade para o banco. A cenografia foi a grande responsável por
gerar esta imagem, quando trouxe a biblioteca e os livros estava relacionando tais signos
à manutenção da tradição, pois a biblioteca com seus documentos e livros é responsável
por guardar o conhecimento acumulado pela humanidade. O próprio ato de contar
histórias, que foi explorado pelos filmes publicitários, mantém as tradições familiares,
sociais, culturais da comunidade ou nação.
Não nos esqueçamos da atriz Gloria Pires, que possui grande tradição em âmbito
nacional e reconhecimento até internacional. O ethos discursivo pretendido pela empresa
obtém um reforço do ethos prévio da atriz, promovendo o reconhecimento por seu
público, o que gera confiança e traz credibilidade para o enunciado que foi proferido.
Dessa forma, toda a enunciação foi organizada para gerar e manter a imagem do banco
como tradicional e por isso, digno de confiança e credibilidade. Portanto, tais enunciados
visam reforçar uma imagem positiva da empresa perante a população brasileira, se
esforçando para “tecer um discurso que lhe seja próprio por intermédio das histórias que
ela conta. A marca encarna, assim, sua identidade por intermédio dos discursos que ela
produz...” (MAINGUENEAU, 2013, p. 277).
Assim, a Caixa Econômica Federal exibiu em suas propagandas todos os meses,
durante o ano de 2011, as histórias vividas por vários brasileiros e isso está muito bem
resumido na assinatura ou slogan da campanha que aparece ao final para o fechamento
das propagandas.
Portanto, o slogan “Caixa 150 anos: Uma história escrita por todos os
brasileiros” está associado à imagem que o banco quer destacar e fixar na mente dos
consumidores, ou seja, essa relação de pertencimento à mesma comunidade. Para
Maingueneau (2013, p. 220), “todo slogan aspira a ter a autoridade de um provérbio, a
4 A Caixa Econômica Federal foi criada dia 12 de janeiro de 1861, o banco pretende ser visto como uma
instituição presente na vida de milhões de brasileiros. Além de estar presente em todos os estados
brasileiros, ela possui duas agências-barco, capazes de atender populações ribeirinhas. Ela é responsável
pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo
Seguro-Desemprego, além de ajudar a população, através dos programas sociais do governo, como o Bolsa
Família, FIES e Programa Minha Casa Minha Vida. O banco apoia atividades artísticas-culturais,
educacionais e desportivas, patrocina o esporte paralímpico e possui mais de 4.000 funcionários treinados
em libras reforçando o seu compromisso em ser um banco para todos os brasileiros, promovendo a inclusão.
Informações disponíveis em: <http://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/apresentacao/Paginas/default.aspx>.
ser universalmente conhecido e aceito pelo conjunto dos falantes de uma língua, de
maneira a ser utilizado em qualquer circunstância”. O slogan do banco representa bem
esse tipo, pois é muito simples e pode ser destacado da propaganda e ainda ter sentido
para os brasileiros.
Essa campanha, apesar de ser institucional, ou seja, anseia destacar a imagem da
empresa, não perdeu a oportunidade para ressaltar seus produtos/serviços. A cenografia
foi a grande responsável por inserir os produtos/serviços oferecidos pelo banco como
elementos incorporados nas histórias contadas.
A propaganda veiculada com o nome “Poupança da (CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL)”, conta o que aconteceu em 17 de junho de 1933 quando a CAIXA lançou a
Semana do Pé-de-meia, distribuindo cofrinhos para as crianças. A narração afirma que, a
partir de então, o cofrinho virou um símbolo para economizar e a CAIXA virou sinônimo
de esperança na busca do sonho de uma vida melhor. Nesse filme são mostrados vários
modelos de cofrinhos distribuídos pelo banco ao longo de sua existência, desde as
latinhas, caixinhas de papelão, até os mais recentes chamados “Poupaçudos” e que
possuem aparência de “monstrinhos”, além de vários modelos de cofrinhos dos mais
diversos formatos, cores e tamanhos. A poupança também está presente em outros filmes.
No filme “Decreto Imperial da (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL)” diz que “...a
CAIXA ECONÔMICA E MONTE DE SOCORRO nasceu com uma missão: ser o cofre
forte das classes menos favorecidas”, ou seja, o lugar onde a população guarda suas
economias, leia-se “Caderneta de Poupança”. No filme “O garoto da CAIXA...” temos a
história de um garoto que nasceu dentro de uma agência, o que sensibilizou clientes e
funcionários a juntarem 243 mil Réis e abrir uma poupança para o bebê. Sugerindo que
venha daí a “tradição” de presentear os recém-nascidos com uma Caderneta de Poupança
da CAIXA. No filme “Os Imortais”, Austregésilo de Athayde teria sido poupador da
CAIXA por quase 80 anos. Sendo a caderneta mais duradoura da história da CAIXA.
Machado de Assis teria deixado em testamento sua caderneta de poupança e no filme
“Liberdade” os escravos depositavam dinheiro na Poupança da CAIXA, até completar o
valor da sua Carta de Alforria. Também teria sido o primeiro banco a permitir que
mulheres casadas abrissem uma conta de poupança. Assim, a Poupança da Caixa foi
ressaltada em várias histórias, em algumas delas aparecendo como parte da história
principal e em outras, apenas como elementos de segundo plano, mas sempre presente.
Neste sentido, outro exemplo que podemos destacar é do filme “Loterias da
(CAIXA ECONÔMICA FEDERAL)” contando que tudo o que é arrecadado com as
apostas nas loterias da Caixa financiaria a Educação, o Esporte e a Cultura em nosso país.
Com a ilustração dos bilhetes de loteria feitos pela pintora Djanira, iniciaria um dos
maiores acervos de Arte brasileira no país.
Além da poupança e da loteria, os financiamentos para casa própria, empréstimos,
o serviço de banco, bem como as posições ideológicas sobre os direitos das mulheres ou
perdoar as dívidas dos brinquedos penhorados devolvendo-os aos pais, são apresentados
dentro das histórias, sem, no entanto, serem o foco principal da propaganda. Dessa forma,
com a cenografia sendo bem explorada, o que se percebe em primeiro plano é a narrativa
e somente depois a propaganda toma seu lugar e se percebem os produtos.
Considerações Finais
O percurso descritivo das cenografias possibilitou observar como o enunciador da
propaganda (a própria empresa) constrói sua imagem. O enunciado apreendido garante
que a empresa sempre faz a sua parte, ou seja, sempre esteve ao lado do povo brasileiro
durante os momentos decisivos de sua história e também contribuindo para o
desenvolvimento das pessoas comuns. Charaudeau (2010, p. 59) afirma que para que um
discurso seja legítimo, é preciso que consiga gerar “credibilidade e saibam captar o
interlocutor ou o público” e que uma forma de se conseguir isso é através do “modo de
estabelecimento de contato com o outro e o modo de relação que se instaura entre eles”.
Assim, no primeiro filme “A CAIXA sempre ao lado dos brasileiros”, observamos
quando diz: “E estava lá por um simples motivo: porque de alguma forma, você também
estava... E você pode ter certeza: nós vamos continuar sempre ao seu lado”.
REFERÊNCIAS
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. Tradução: Angela M.S. Corrêa. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2015.
______. O discurso propagandista: uma tipologia. In Machado, Ida Lucia & Mello,
Renato. Análises do Discurso Hoje. vol. 3. Rio de Janeiro : Nova Fronteira (Lucerna)
2010.
______. Linguagem e discurso: modos de organização. Tradução: Angela M.S. Corrêa.
2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de Textos de Comunicação. Tradução: Maria
Cecília P. de Souza-e-Silva, Décio Rocha. 6. ed. ampl. São Paulo: Cortez, 2013.
______. Cenas da enunciação. Org. Sírio Possenti; Maria Cecília Pérez de Souza-e-
Silva. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
______. Discurso e análise do discurso. Tradução: Sírio Possenti. 1. ed. São Paulo:
Parábola Editorial, 2015.
______. Ethos, cenografia, incorporação. In: AMOSSY, Ruth. Imagens de si no
discurso: a construção do ethos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016
1(veiculado em janeiro) – Propaganda - CAIXA150 Anos - A CAIXA sempre ao lado dos brasileiros
– legendado
Eu estava lá quando os escravos lutaram pela liberdade....
Quando o Império morreu... e a República nasceu.
Estava lá quando o país inventou seu ritmo... (Imagem do Cartola)
E quando uma semana reinventou a arte... (Tarsila do Amaral - Semana de Arte Moderna, 1922)
Estava lá quando mulheres e trabalhadores conquistaram seus direitos (Voto)
Quando um país inteiro chorou de tristeza... (Maracanã, 1950) e depois de alegria.
Estava lá para ver surgir a Capital no coração do país (Brasília)
E para ver as pessoas com os corações na garganta pedindo democracia (Diretas Já)
Eu estava lá para ajudar milhões de brasileiros nas suas conquistas
E estava lá por um simples motivo: porque de alguma forma, você também estava...
E você pode ter certeza: nós vamos continuar sempre ao seu lado. 12 de janeiro
Slogan: “CAIXA 150 anos. Uma história escrita por todos os brasileiros”.
2(veiculado em junho) – Propaganda - CAIXA150 Anos – Casa Própria - A primeira sede da (CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL) – legendado
Você sabia que o banco da casa própria funcionou muitos anos pagando aluguel?
O ano era de 1883. Desde sua fundação a CAIXA vinha ocupando uma sala na Câmara dos Deputados do
Rio de Janeiro. Até que seu presidente, Antônio Tolentino, resolveu buscar apoio.
Personagem – “Basta! Já está na hora do nosso banco ter sua sede própria! ”.
Do Imperador Don Pedro II, ele recebeu a escritura de um terreno.
Do Tesouro Nacional, o dinheiro para a construção do prédio.
E foi assim que a CAIXA conquistou sua primeira sede própria e uma vocação: A de apoiar os brasileiros
na realização do maior sonho de suas vidas: O da casa própria.
Slogan: “CAIXA 150 anos. Uma história escrita por todos os brasileiros”.