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Arqueologia

do
Rio de Janeiro
organização
Jeanne Cordeiro

Laboratório de Arqueologia Brasileira - LAB


LLX

2011
Presidente da LLX
Otávio Lazcano

Presidente do Laboratório de Arqueologia Brasileira


Jeanne Cordeiro

Organização
Jeanne Cordeiro

Capa e Editoração
Ivo Almico

Revisão de Textos
Angela Buarque

Fotografia de Jeanne Cordeiro (Capa)


Sambaqui de Itaúnas

Imagens
A cargo dos autores

FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela bibliotecária Eloísa Helena P. Almeida -CRB7-2935

A 772 Arqueologia do Rio de Janeiro /Organização Jeanne Cordeiro. –


Rio de Janeiro : Laboratório de Arqueologia Brasileira, 2011.
119p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-64326-00-2

1. Arqueologia. 2. Arqueologia – Rio de Janeiro 3. Arqueologia –


Séc. XVI. I. Cordeiro, Jeanne.

CDU 902
Introdução
05

Capítulo I
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do
Rio de Janeiro
Márcia Barbosa Guimarães
07

Capítulo II
A Tradição Una e a Diáspora Jê
Jeanne Cordeiro
45

Capítulo III
Tupiguarani no Rio de Janeiro, uma intensa e longa permanência
Angela Buarque
69

Capítulo IV
Nativos da Pindorama e os Filhos de Deus: o contato entre mundos e a
cultura material
Jeanne Cordeiro
99
5

Introdução

A presente publicação é produto do “Projeto de Educação Patrimonial


para a Área de Influência Direta das Novas Instalações do Porto Sudeste”,
construído pela empresa LLX, no ano de 2010.
Previa, inicialmente, a execução de atividades educacionais
relacionadas ao patrimônio arqueológico e histórico do município que seria
impactado pelo empreendimento.
Contudo, faltava algo. Era possível perceber que muitos resultados
advindos da última década de pesquisas arqueológicas efetuadas no estado do
Rio de Janeiro estavam dispersos em periódicos científicos ou mesmo ainda no
escopo das dissertações e teses. Assim, havia necessidade de uma publicação
que divulgasse e concentrasse as recentes informações obtidas sobre a
ocupação do território do estado fluminense.
Nosso objetivo foi criar uma publicação que tivesse como tema a
arqueologia do Rio de Janeiro, focando as diversas ocupações nativas que aqui
ocorreram no passado.
Nestas páginas se encontrará uma descrição, na medida do possível
sucinta, dividida por ocupações, de acordo com as sociedades que se
assentaram no atual território do Estado. Assim, os sambaquieiros, os grupos
associados à tradição Tupiguarani, à tradição Una e a ocupação pelos europeus
no período colonial. Estes textos são distintos. Embora apresentem um viés
comum que á a colonização do estado do Rio de Janeiro, à luz das recentes
pesquisas, seus autores optaram por diferentes formas de discurso, ora mais
complexo e denso, ora mais fluido e leve (sem, contudo, deixar de explanar,
com competência, suas pesquisas). Tal quadro foi opção de cada autor e os
deixamos à vontade e soberanos para decidirem como gostariam de divulgar
seus resultados.
Procuramos adequar a linguagem acadêmica, o máximo possível,
obedecendo assim à acessibilidade necessária a um público amplo. Mas não
6

deu para adequar muito ... Arqueologia não é tão simples. Penso que de todas as
ciências ela talvez seja a mais complexa. Para entender o passado pelo prisma
arqueológico é necessário reunir conhecimentos das ciências naturais e das
ciências sociais. Isso equivale dizer que temos que conhecer dois universos
radicalmente distintos e distantes. Ligar humores a números não é das tarefas
mais fáceis ... Para entender como e porque as sociedades antigas mudaram, só
nos sobraram pedras, cerâmica, carvões, esqueletos ... Devemos tirar daí o
universo simbólico, devemos emprestar palavras ao que não tem mais ânimo,
dar cor a um colorido que já não se vê.
Tentamos ... você que percorrerá essas páginas nos dirá depois se
conseguimos. Boa viagem há alguns anos antes do presente !!!
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 7

Capítulo I - O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa


litorânea do Rio de Janeiro

Márcia Barbosa Guimarães


Núcleo de Arqueologia - NAR / Universidade Federal de Sergipe - UFS

Introdução

Arqueologia da Região dos Lagos: um cadinho arqueológico

As pesquisas arqueológicas no litoral do Estado do Rio de Janeiro se


desenvolveram, de forma mais sistemática, na Região dos Lagos, onde foram
desenvolvidas a partir de diferentes abordagens e se concentraram,
geograficamente, em dois grandes complexos lagunares da região, o de
Saquarema e o de Araruama, bem como na planície costeira do rio São João.
Essas áreas foram estudadas, de forma descontínua, por grupos de
pesquisadores desde a década de 30, do século XX. Tal situação resultou na
elaboração de um quadro arqueológico bem delineado do ponto de vista
locacional e temporal. Assim, foram localizados 135 sítios arqueológicos na
região, distribuídos em três sistemas socioculturais: os grupos ceramistas
Tupinambá (40 sítios); os grupos da tradição ceramista Una (9 sítios); e os
grupos sambaquieiros (86 sítios). As datações radiocarbônicas disponíveis
indicam que a Região dos Lagos foi intensamente ocupada por populações
nativas desde 6.000 anos cal AP até o momento da invasão européia no
século XVI.
Contudo, deve-se observar que o foco das pesquisas na Região dos Lagos
concentrou-se eminentemente sobre os grupos sambaquieiros, seja do ponto
vista locacional, temporal, arqueográfico ou mesmo abordagens regionais
(Barbosa-Guimarães 2001, 2006, 2007; Carvalho 1987; Gaspar 1991, 1998,
2003; Kneip 1974, 1994, 1995, 1999, 2001; Machado 1983; Scheel-Ybert
2000, 2001; Tenório 1991; Tenório et al. 1992; Tenório et al. 2009). A exceção
pode ser observada apenas para o estudo de Buarque (1999; 2009a; 2009b),
8 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

relacionado aos Tupinambá, e o de Cordeiro (2004), relacionado à tradição


Una. Contribuições pontuais e breves quadros regionais podem ser observados
em Dias (1998), Dias & Carvalho (1980), Gaspar (1995a), Gaspar et al. (2004),
Mendonça de Souza (1981) e Machado (1992; 1995).
Pode-se delimitar geograficamente a atuação das diferentes correntes de
pensamento arqueológico na Região dos Lagos. No Complexo Lagunar de
Saquarema, a abordagem esteve restrita à tradição francesa (estruturalismo)
(Kneip e Pallestrini 1990). Ao contrário, as pesquisas desenvolvidas no
Complexo Lagunar de Araruama e na Planície Costeira do Rio São João,
desenvolveram-se tanto dentro da chamada Nova Arqueologia (Gaspar 1991;
Tenório 1994), como dentro do arcabouço do Neo-Evolucionismo norte-
americano (Carvalho 1987; Dias 1969a, 1969b, 1969c, 1980, 1992), como,
ainda, dentro do Histórico-Culturalismo (Heredia; Beltrão 1980) aplicado na
criação de modelos que explicassem a diversidade cultural relacionada com a
diversidade ambiental. Devemos acrescentar, ainda, a atuação pontual do
estruturalismo francês no sambaqui do Forte, localizado no complexo Lagunar
de Araruama (Kneip 1974).
Assim é que a macro Região dos Lagos apresenta-se como um mosaico
teórico-metodológico, no qual dois modelos explicativos, denominados de
pronapiano e processualista, construídos entre os anos de 1960 e 1990 se opõem
até os dias atuais (ver Barbosa-Guimarães 2003). A este mosaico somam-se
inúmeras pesquisas que se desenvolveram à margem destes modelos, não tendo
por objetivo a construção de novos quadros regionais.
Devemos observar, ainda, que os modelos pronapiano e processualista
não foram suficientemente explorados pelos pesquisadores que os propuseram,
não tendo sido objetos de revisões e/ou continuidade, frente às críticas
recebidas, principalmente na busca por melhor adequação metodológica.
Por outro lado, ambos os modelos, somados às pesquisas isoladas,
contribuíram inequivocamente para o conhecimento arqueológico regional,
tornando-se fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas posteriores,
sendo a base de futuras abordagens.
Uma terceira via: continuidade e mudança no Complexo Lagunar de
Saquarema
O modelo aqui apresentado teve por base o pressuposto de que
continuidade e mudança são fundamentais para o desenvolvimento de estudos
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 9

regionais. Considera-se que dois fatores, mudança ambiental e contato


intersocietal, influenciaram o processo de transformação sociocultural
verificado entre os grupos sambaquieiros, no período entre 3700 e 1590 anos
cal AP. Assim, embora partilhassem traços comuns, o que lhes permitia manter
um caráter identitário - podendo esse ser vislumbrado num sistema de
assentamento no qual as relações sociais se davam em função da laguna de
Saquarema - os grupos sambaquieiros apresentavam diferenças entre si.
A gradual mudança na disponibilidade de recursos malacológicos, por volta de
3.700 anos cal AP, acabou por resultar, considerando o viés da longa duração, o
tempo das estruturas, no surgimento de novas práticas cotidianas.
Por fim, os melhores adaptados, representados pelos ocupantes dos
sambaquis de Saquarema e da Pontinha, tiveram contato com grupos
ceramistas relacionados à tradição Una, ocupantes dos sítios Ilha dos Macacos
e Ponta dos Anjos. Tal contato pôde ser verificado através do aparato
tecnológico (predomínio absoluto dos artefatos confeccionados sobre lascas,
introdução da ceramica), da adoção de novas práticas funerárias (cremação e
manipulação de ossos humanos) e na concomitância das ocupações.
Continuidade e mudança foram aqui consideradas como faces de uma
mesma moeda, não se justificando, portanto, estudos sobre sistemas
socioculturais regionais no qual sejam tratados de forma separada. Nesse
sentido, a elaboração do modelo de ocupação dos grupos sambaquieiros no
Complexo Lagunar de Saquarema buscou associar essas duas questões e, neste
sentido, incorporou, parcialmente, os modelos já existentes para a Região dos
Lagos, em particular, e o litoral fluminense, de uma forma geral.
Ao pensar as sociedades como sistemas abertos, a cultura material
desempenha um papel fundamental na compreensão dos processos de
manutenção e mudança, no quais devem ser considerados fatores exógenos e
endógenos como promotores desses processos (Wüst 1990).
No caso do processo de manutenção, estudo desenvolvido sobre a
identidade dos grupos sambaquieiros, que envolveu diretamente a questão da
permanência de traços comuns que se mantiveram ao longo do tempo, permitiu
a construção de uma identidade para esses grupos, vistos como pertencentes a
um sistema sociocultural (Gaspar 1995b). Assim, o hábito de construir mounds
conchíferos evidenciaria uma característica que parece ter sido fundamental
para a estruturação da identidade social dos sambaquieiros, isto é, um propósito
10 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

de edificação de um espaço onde estão em “estreita associação (...) os


moradores, os mortos e os restos alimentares e industriais” (Gaspar op.cit. p.
230).
Frente às mudanças ocorridas, considerando a dinâmica do sistema
sociocultural, traços identitários subsistiram ao longo do tempo. Aqui, esses
traços são considerados como permanências (estruturas), traços elementares
das mentalidades que operam no domínio do comportamento e que se
perpetuam na longa duração (Vouvelle 1993). Essas estruturas identitárias
resistem às mudanças, embora não as impeçam de ocorrer, apenas retardam-
nas, imprimindo-lhes um ritmo tão lento que, muitas vezes, parecem estruturas
imóveis. Em sociedades extremamente tradicionais, mecanismos de
manutenção são acionados nos períodos em que as mudanças ameaçam o
sistema. Esses mecanismos visam fornecer uma cadencia desacelerada às
mudanças que, muitas vezes, dão a falsa ideia de imobilidade social. Assim, no
tempo das estruturas, da longa duração, as mudanças só são facilmente
percebidas em escalas regionais, onde o sistema de assentamento assume papel
fundamental para a sua compreensão.
Dias e Carvalho (1995) também ressaltam essa característica, ao tratar da
aparente imobilidade da tradição Itaipu, que consideram reflexo dos aspectos
tradicionais dos grupos a ela relacionados. Sendo tradicionais seriam mais
visíveis em oposição aos elementos inovadores. Embora Gaspar (1995b) e Dias
e Carvalho (1995) tenham tratado das permanências, essas foram percebidas
em diferentes escalas pelos autores: enquanto para a primeira foram
instrumentos que possibilitaram delinear um amplo sistema sociocultural
macrorregional, para os outros autores serviram para perceber traços
identitários de grupos locais.
Assim, permanências e mudanças são componentes de um processo
dinâmico e não devem ser consideradas como polos opostos em estudos
regionais. No caso específico da sociedade sambaquieira do litoral fluminense,
tanto as permanências como as mudanças foram abordadas isoladamente em
estudos anteriores, o que contribuiu para uma aparente visão de imobilidade
social, traduzida na ênfase aos aspectos tradicionais de uma sociedade e, por
outro lado, por uma fragilidade sociocultural, influenciada pelas características
generalizadoras do conceito de bandos nômades aplicado a esses grupos. Soma-
se, ainda, que embora tenha sido focado pela escola Neo-Evolucionista, o
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 11

estudo sobre mudança cultural dedicou-se à construção de um modelo


unifatorial (fator de ordem ambiental).
Neste sentido é que, na mesma medida verificada para os estudos sobre
permanências socioculturais, no curso da trajetória intelectual, o processo intra
e intersocietal de mudança social era visto como incompatível, parte de um
arsenal de forças opostas. Tal oposição não é verdade. Não existem razões
satisfatórias para que ambos os processos, internos e externos, não possam ser
incorporados em modelos de mudança cultural. Existem, de fato, muitas razões
para acreditar que modelos que não tentam incorporá-los resultem em vias
simplistas e irreais de mudança (Schortmann & Urban 1987).
Tendo em conta a sociedade sambaquieira do Complexo Lagunar de
Saquarema, fatores endógenos não foram possíveis de serem mapeados, de
forma mais detalhada, enquanto alavanca do processo de mudança
sociocultural. Contudo, diferenças internas também são percebidas entre
grupos com relativa estabilidade sociocultural. Assim, diferenças e
semelhanças são características que podem ser percebidas em qualquer sistema
sociocultural, sem que isso o comprometa. O comprometimento do sistema só
ocorre quando o equilíbrio de forças não pode mais ser mantido.
Por outro lado, fatores exógenos são mais facilmente identificados como
agentes do processo de mudança social em sociedades tradicionais. Isso não
significa que essas sociedades não engendrem essas mudanças, mas que sua
percepção, no registro arqueológico, o tempo (exacerbado) da longa duração,
fica limitada aos fatores ambientais e ao contato intersocietal.
Acreditamos que, embora fatores endógenos tenham contribuído para as
mudanças, e parece que questões que envolvem a dinâmica populacional
exerceram um papel de agenciador da mudança sociocultural (Gaspar 1991;
Machado 1991; Uchoa et al. 1989), o peso da tradição extremamente bem
sucedida acabou por camuflar estes traços. Soma-se, ainda, a raridade de
estudos que considerem fatores endógenos no processo de mudança
sociocultural em sistemas igualitários¹, nos quais status é determinado, na sua
grande maioria, por sexo/idade. Estudos sobre status social são mais raros,
embora um movimento nesse sentido tenha se iniciado junto aos estudos sobre a
sociedade sambaquieira (Escórcio e Gaspar 2004).
1
Estamos utilizando o termo sociedades igualitárias na sua acepção derivada do materialismo
histórico.
12 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

Assim, fatores exógenos, como alteração ambiental e contato


intersocietal, foram considerados relevantes como promotores de mudança no
sistema sociocultural dos sambaquieiros do Complexo Lagunar de Saquarema,
tendo sido abordados a partir do estudo sobre o padrão de assentamento
regional, considerando a análise multifatorial dos atributos dimensionais,
composicionais, industriais, locacionais e cronológicos.
Em relação às alterações ambientais, buscou-se ir além da perspectiva do
funcionalismo ecológico e mesmo da vertente neoevolucionista da Arqueologia
Processual, nas quais mudança sociocultural é sinônima de resposta adaptativa.
Relativizou-se o papel desempenhado pela adaptação no processo de mudança
sociocultural. Nesse caso, opondo-se ao neoevolucionismo binfordiano,
avançou-se na compreensão dos padrões de interação socioambiental, nos quais
diferentes fatores, não somente o ecológico, foram considerados no estudo da
mudança. Ademais, partilha-se da opinião de que nem todos os aspectos de um
sistema sociocultural são afetados por fatores ambientais. Enquanto os
subsistemas de subsistência e de tecnologia são diretamente influenciados por
fatores ecológicos, as estruturas sociais e ideológicas são mais resistentes.
No caso do contato intersocietal, este foi estabelecido a partir da
introdução de novos itens (cerâmica), de traços tecnológicos (apurado domínio
da técnica de lascamento do quartzo) e de práticas funerárias (cremação) no
sistema sociocultural dos sambaquieiros, tendo um maior peso no processo de
mudança sociocultural as variáveis tecnológica e simbólica sendo, contudo,
impossível clarificar as relações que estavam envolvidas. O contato entre estes
grupos e os ceramistas Tupinambá² e da tradição Una³ parece ter ocorrido em
condições desfavoráveis para os primeiros, pois suas características
antibelicistas não lhes forneceram aporte capaz de organizar uma resposta que
impedisse, ou limitasse, as incursões dos grupos ceramistas, portadores de uma
organização social mais complexa. Assim, frente ao contato, a sociedade
sambaquieira, unidade de análise escolhida para se compreender o contato
intersocietal, entrou em colapso.
2
Utilizamos a denominação grupos Tupinambá em substituição à tradição Tupiguarani, pois
estudos efetuados ao longo de quase quinze anos no litoral fluminense têm fornecido uma longa
sequência cronológica e cultural para a ocupação desses grupos ceramistas, abrangendo uma
faixa entre 2.600 anos AP até o século XVI (ver Buarque 1999, 2009a, 2009b; Buarque et al.
2003).
3
O uso do termo tradição Una foi uma opção, devido aos estudos, ainda incipientes, sobre a
cerâmica classificada como tal.
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 13

O fator exógeno - o contato intersocietal caracterizado pelos


movimentos populacionais dos grupos ceramistas em direção ao litoral - foi o
principal fator perseguido pelo projeto enquanto promotor da mudança social.
E, nesse caso, embora a introdução da cerâmica seja um item diferencial no
aparato tecnológico dos sambaquieiros, concordamos com Dias e Carvalho
(1980) quando afirmam que esse item foi integrado ao seu acervo sem que
tenham sido observadas quedas nas frequências dos itens tradicionais dessas
sociedades. Embora introduzida via contato intersocietal, a cerâmica
recuperada no período tardio da ocupação sambaquieira, como variável
isolada, pouco informou sobre mudança sociocultural, possibilitando, apenas a
partir de estudos morfo-tecnológicos, associá-la aos grupos nativos portadores
das características da tradição ceramista Una.
Contudo, a introdução da cerâmica foi vista em um contexto mais amplo
que o meramente tecnológico. Ela foi um elemento de contato, possivelmente,
de uma pequena rede de trocas, a julgar pela sua dispersão territorial,
frequência e limite cronológico, nas quais além do objeto, o sujeito teria uma
participação ativa, considerando, principalmente, que essas redes foram
construídas a partir de alianças territoriais ao invés de conflitos (sobre conflitos
na sociedade sambaquieira ver Lessa e Medeiros 2001; Lessa e Scherer 2008).
Entretanto, em relação à mudança sociocultural a partir de fatores
exógenos, as práticas mortuárias observadas nos sítios do Complexo Lagunar
de Saquarema foram os verdadeiros alicerces sobre os quais se construiu o
modelo de continuidade-mudança. Esse item se sustentou na ideia de que as
práticas funerárias são elementos estruturais e, portanto, estão relacionadas ao
universo simbólico, às cosmogonias, ao que de mais profundo ordena um
sistema sociocultural, tendo um apego enorme às continuidades e sendo
resistentes às mudanças de curto e médio prazo. Quando comprovada a
mudança nessa estrutura ela foi compreendida na longa duração.
Assim, a adoção da prática da cremação funerária foi entendida como o
ápice de um processo que se desenrolou a partir do contato intersocietal
(Barbosa-Guimarães et al. 2005/2006). Esta prática substituiu o cuidado
criterioso com o corpo, ritualizado pela sociedade sambaquieira, pela prática da
cremação que, tal como a cerâmica, foi uma adoção cultural de práticas
exercidas por grupos portadores da cerâmica classificada como tradição Una,
que ocupavam territórios na região serrana e que, a partir de 2.000 anos cal AP,
14 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

iniciaram o processo de fixação no litoral.


Construído o modelo de mudança sociocultural a partir do contato
intersocietal, os estudos foram encaminhados, por um lado, no sentido de
verificar não só as mudanças, mas quão profundas elas foram ao buscar
identificar a emergência de novas unidades socioculturais (sítio Ilha dos
Macacos e sambaqui da Pontinha), o papel desempenhado por aquelas na
formação dessas novas unidades e o colapso das unidades originais (Robrahn-
González 1998).
A questão do colapso se impõe na medida em que se assume que
representou um sistema que conduziu à mudança social. Embora o conceito
tenha sido forjado por Renfrew (1984), a partir dos estudos em sociedades
complexas e hierarquizadas, como no caso da sociedade Maia, buscou-se
elaborar um sistema de colapso que fosse pertinente às sociedades igualitárias,
tendo como estudo de caso a sociedade sambaquieira. Dessa forma, o sistema
de colapso se constituiu em dois momentos distintos: o período do colapso no
qual foi possível vislumbrar mudanças no padrão de assentamento, na
construção dos mounds, na dieta alimentar, nas práticas funerárias e na
tecnologia; e o momento após o colapso, que foi observado a partir da adoção da
cremação como prática funerária predominante e o fim da tradição de construir
mounds (conchíferos ou terrosos).
Assim, a sociedade sambaquieira, que se desenvolveu à volta do
Complexo Lagunar de Saquarema, soube manter-se durante 2.300 anos cal AP
frente às pressões internas e externas. Contudo, as mudanças ocorriam dentro
do sistema, ocasionando um processo de diferenciação interna. Essas mudanças
podem ser perceptíveis em três contextos interdependentes: econômico, social
e simbólico. No primeiro, a diminuição da presença dos vestígios
malacológicos; no segundo, a mudança no padrão de assentamento, a partir da
diminuição da densidade de sítios e do controle territorial sobre a laguna e a
introdução de nova tecnologia de lascamento lítico; e, por fim, no contexto
simbólico, com a introdução de novas práticas funerárias. A diminuição gradual
das conchas na composição dos sambaquis, com a substituição de mounds
conchíferos por mounds terrosos com conchas e a introdução da cerâmica, do
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 15

lascamento primoroso do quartzo e de novas práticas funerárias seriam o ápice


da mudança social, tendo repercutido, de forma diferenciada, nos contextos
estruturadores de uma sociedade: o cotidiano e o ritual.
O caminho seguido

Uma análise sistemática da bibliografia disponível para a área de estudo


indicou a presença de 24 sítios arqueológicos distribuídos no Complexo
Lagunar de Saquarema.
Os resultados permitiram observar dois conjuntos diferenciados de
informações: um primeiro, no qual as informações eram de caráter genérico,
sendo resultado das pesquisas assistemáticas realizadas na área piloto nas
décadas de 1940 e 1960; e outro, no qual as informações eram detalhadas
resultado das pesquisas sistemáticas desenvolvidas a partir do final década de
1980.
Diante destes resultados, no qual alguns atributos considerados
fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa estavam quantitativa e
qualitativamente insatisfatórios, optamos por realizar pesquisa de campo
buscando revisitar alguns dos sítios descritos na bibliografia com a finalidade
de complementar as lacunas existentes e avaliar sítios passíveis de intervenção,
visando aumentar a amostragem. Tal investigação apoiou-se, também, nas
informações disponíveis no cadastro de sítios arqueológicos do Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que demonstravam uma
lacuna no tocante às prospecções arqueológicas: apenas três sítios foram
registrados após as pesquisas desenvolvidas no final da década de 60. Assim,
revisitamos 18 dos 24 sítios descritos para a região, sendo que apenas 15
encontravam-se cadastrados no IPHAN. Durante a etapa de campo de 2003,
sete sítios não foram localizados e quatros novos foram encontrados (Ilha dos
Macacos, Itaúnas, Mombaça I e Ponta dos Anjos).
Os resultados advindos da pesquisa de campo possibilitaram não só
complementar os dados dos sítios e aumentar a amostra como, também,
permitiram revisar algumas categorias de sítios e o seu estado de preservação,
como o do sítio Mombaça I, e dos sambaquis de Jaconé, Manitiba II
(renomeado de Ilha dos Macacos) e Yatch Club (renomeado de Itaúnas)
(figura 1).
Assim, nossa análise associou dados secundários (bibliográficos) e
16 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

dados primários (análise de material arqueológico recuperado nos sítios


pesquisados). Considerando todos os limites e possibilidades para seleção da
amostra foram escolhidos doze dos vinte e sete sítios identificados na
bibliografia e na prospecção (quadro 1). Esses doze sítios forneceram 34
camadas estratigráficas, nossa unidade de análise, tendo sido estabelecidos dez
atributos e 66 variáveis de análise (quadro 2).

Figura 1 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos do Complexo Lagunar de Saquarema.


Fonte: Folhas IBGE 23-Z-B-VI-3 e SF-2-B-V-4. Escala 1:50.000.

Quadro 1 - Relação dos 12 sítios arqueológicos que compõem a amostra.


O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 17

Quadro 2 - Atributos e variáveis da análise


18 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

A análise bibliográfica sobre as ocupações sambaquieiras do Complexo


Lagunar de Saquarema se debruçou sobre as fontes secundárias centradas,
principalmente, na produção bibliográfica de Lina Kneip e colaboradores.
Pesquisas assistemáticas foram conduzidas nas décadas de 60 e 70 por
Beltrão e Kneip (1969, 1970). Contudo, pesquisas sistemáticas ocorreram a
partir dos projetos: “Projeto Saquarema”, em 1976, e que tinha o sambaqui da
Beirada como foco das pesquisas (Kneip 1976, 1978a) e, posteriormente, a
partir de 1987, à frente do desdobramento do estudo que resultou nos projetos
“Saquarema-Rio de Janeiro: Pré-História e Paleoambiente” e “Culturas Pré-
históricas do Município de Saquarema” (ver Kneip 2001).
A produção arqueográfica envolveu pesquisas arqueológicas em sete
sambaquis da região, a saber: sambaquis do Moa, Pontinha, Beirada, Saco,
Madressilva, Saquarema e Manitiba I. Os três primeiros foram objeto, ainda, de
estudo sobre rituais de sepultamento (Kneip e Machado 1992, 1993).
As arqueografias se caracterizam por descrições, por vezes gerais (Kneip
1994, 1998, 1999, 2001; Kneip et al. 1997), por vezes mais detalhadas, como
no caso do sambaqui da Beirada (Kneip 1978b; Kneip & Crancio 1988; Kneip
& Francisco 1988; Kneip et al. 1988; Francisco et al. 1989; Kneip et al. 1989;
Kneip & Pallestrini 1990), abordando diferentes temas como:
§ Indústria (Crancio 1995; Crancio & Kneip 1992, 2001; Crancio &
Santos 1992; Crancio et al. 1993; Crancio & Kneip 2001);
§ Cronologia e análise espacial (Kneip et al. 1991; Kneip 1992, 2001);
§ Economia (Kneip 1994; Kneip et al. 1995);
§ Bioantropologia e dieta alimentar (Imazio 2001; Kneip & Machado
1992; 1993; Kneip et al. 1995; Machado 2001; Machado & Kneip 1994;
Magalhães et al. 2001; Rodrigues-Carvalho et al. 1999);
§ Estratigrafia (Kneip 1995a; Mello, 2001);
§ Geomorfologia e Geologia (Ferreira et al. 1992; Kneip et al. 1988;
Veríssimo & Magalhães 1991);
Envolveram, também, estudos de especialistas de diferentes disciplinas,
como Zoologia (Magalhães & Santos 1992; Mello 1988, 1999; Vogel &
Magalhães 1989a, 1989b), Geologia (Francisco 1999), Bioantropologia
(Rodrigues-Carvalho 2004) e Arqueobotânica (Scheel-Ybert 1998).
Assim, as informações estão disponíveis em grande quantidade e tratam
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 19

dos mais variados temas. Contudo, apenas duas breves tentativas foram feitas
no sentido de elaborar um panorama da ocupação do complexo lagunar de
Saquarema (Kneip 1994; Kneip et al. 1997), mesmo assim, estas mantiveram o
caráter arqueográfico, não avançando na interpretação e análise relacional.
Como é característico à tradição francesa4, o sambaqui (sítio) foi visto
isoladamente, sendo na evidenciação das estruturas internas que se deve
procurar entender a sua organização espacial. Esta abordagem reforça, assim,
as análises isoladas - o sítio, o artefato, as estruturas - deixando de perceber os
aspectos relacionais e, principalmente, os contextos sociais nos quais estavam
envolvidos (Barbosa-Guimarães 2003).

Após a delimitação da amostra e da coleta dos dados bibliográficos e dos


dados oriundos da pesquisa de campo, realizamos a calibração das datações
radiocarbônicas disponíveis na bibliografia. Para tanto, foi utilizado o software
CALIB Radiocarborn Calibration Program, versão 6.2, à exceção das datações
radiocarbônicas do sambaqui de Mombaça e do sítio Ilha dos Macacos, que
foram calibradas pelo Beta Analytic Radiocarbon Dating Laboratory
(quadro 3).

Resultados

As ocupações mais antigas e mais frequentes estão representadas pelos


grupos sambaquieiros. Seus testemunhos, os sambaquis, apresentaram um
padrão locacional aparentemente disperso. Aparentemente, porque, ao
observar a distribuição dos sambaquis, verificou-se que a Laguna de
Saquarema funcionava como o epicentro da ocupação sambaquiana, tal como
proposto por A. Kneip (2001), para a Lagoa do Camacho, em Santa Catarina.
Os sambaquis ocuparam os cordões litorâneos externo e interno, bem como a
barra da laguna, de maneira a manter um controle territorial sobre esta área.
Três pontos, na extremidade leste, junto ao atual canal do rio Salgado; na parte
central, que engloba o atual bairro de Barra Nova; e na extremidade leste, junto
à barra atual da laguna, foram reocupados ao longo do tempo formando
agrupamentos de sítios. Acreditamos que estes pontos eram de interseção
4
A abordagem francesa, adotada nas pesquisas coordenadas pela Profa Lina Kneip, é resultado da
grande influência que essa tradição exerceu na carreira da pesquisadora. Essa foi decorrente de
sua estada na École Prátique des Hautes Études - Section des Sciences, Economiques et Sociales,
na Sorbonne, em Paris, em 1969, e da sua orientação com a Profa Luciana Pallestrini, discípula de
A. Laming-Emperaire (Lima 1999/2000).
20 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

ambiental, ora canais abertos para o mar (no caso do cordão externo), ora foz
dos rios que deságuam na laguna (cordão interno).
Quadro 3 - Calibração das datações radiocarbônicas dos sítios arqueológicos do
Complexo Lagunar de Saquarema, utilizando o CALIB, versão 6.2.

* Calibrados por Beta Analytic Radiocarbon Dating Laboratory.

Todos os sítios representantes dos grupos sambaquieiros apresentaram


um mesmo padrão de implantação, com predominância, quase que total, para a
implantação sobre cordão arenoso, à exceção do sambaqui de Itaúnas,
implantado sobre duna; para a proximidade com recursos aquáticos,
notadamente a laguna de Saquarema, na faixa de 500m de distância máxima; e
por fim, a proximidade de recursos minerais, notadamente líticos, obtidos tanto
nos depósitos coluviais de alto gradiente, ricos em seixos e blocos de rochas
graníticas, gnáissicas e básicas, quanto nas áreas de planície de inundação e de
rampas terraços, constituídos predominantemente por materiais clásticos de
litologias diferentes, inclusive sílex, na faixa entre 500 a 2000m de distância
(Francisco 1999). Kneip (2001, p.8) observa que a proximidade com a área-
fonte de matéria-prima lítica não constitui um fator preponderante para a
escolha do local de implantação dos sambaquis. Observação que reiteramos.
A distribuição das datações calibradas destes sambaquis permitiu
observar momentos em que o abandono de um sambaqui marcava o início da
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 21

construção de outro. Assim, a formação de núcleos de sítios (sítios muito


próximos e concomitantes) não foi observada, sendo o agrupamento de sítios a
reocupação de pontos estratégicos da laguna de Saquarema, num ciclo
construtivo de longa duração (gráfico 1).
De acordo com os dados cronológicos, o sambaqui de Itaúnas seria o
mais antigo, com sua camada mais antiga (camada IV) datada entre 6.726 e
6.356 anos cal AP. Neste período devemos observar que o nível do mar
encontrava-se a aproximadamente 1,5m acima do nível atual, o que propiciava
a implantação do sambaqui sobre uma duna na porção leste da laguna. Esse
grupo se instalou na região com uma tecnologia óssea com leve predomínio dos
espinhos de peixe trabalhados, dos artefatos confeccionados sobre seixos, da
pesca da corvina e da coleta de “berbigão” (Anomalocardia brasiliana,
Gmelin) e “ostras” (Ostrea sp), embora os vestígios faunísticos apresentassem
baixa frequência total. Em termos rituais dois sepultamentos primários (1 triplo
e 1 simples) foram observados em posição estendida, dorsal/ventral, com ossos
espargidos de corante e parafernália ritual representada por artefatos líticos,
fogueiras e conchas de “lambreta” (Lucina pectinata, Gmelin) dispostas nos
orifícios oculares de dois indivíduos (Barbosa-Guimarães et al 2005/2006).
Embora não esteja disponível datação para as camadas subsequentes do
sambaqui de Itaúnas, acreditamos que este tenha sido abandonado por volta de
6.300 anos cal AP, devido à subida do nível do mar. As camadas III a I seriam,
então, reocupações após 4.800 anos cal AP.
De certo, temos que a reocupação da laguna de Saquarema só ocorreu
entre 4.980 e 4.718 anos cal AP, sendo representada pela implantação do grupo
na faixa externa da laguna, iniciando o processo de edificação do sambaqui de
Manitiba I (camada VII). Com a gradual subida do nível do mar, alcançando seu
máximo (5m acima do nível atual) por volta de 5.000 anos AP. A ocupação do
Mantibiba I teve por marco construtivo um evento mortuário ocorrido na
camada basal. Assim, na camada mais antiga, além do sepultamento, estão
presentes objetos e estruturas relacionadas à parafernália ritual. O conjunto de
artefatos está caracterizado pelo predomínio de pontas ósseas e dos artefatos
confeccionados sobre seixos, bem como por uma fauna ictiológica marcada por
restos de “bagre” (Ariidae), e por uma fauna malacológica com predomínio de
espécies de mangue como “mexilhões” (Mytilidae).
No período entre 4.700 e 4.300 anos cal AP, continua a ocupação do
22 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

sambaqui de Manitiba I (camadas VI e V) e foi edificado na restinga externa, a


4km de distância, em direção leste, o sambaqui da Beirada.
É um conjunto extremamente homogêneo com predomínio de artefatos
confeccionados sobre seixos e espinhos de peixe trabalhados; sepultamentos
em posição estendida, dorsal/ventral, com ossos espargidos de corante e
parafernália ritual representada por artefatos líticos e adornos; predomínio da
pesca da “corvina” (Micropogonias furnieri, Desmarest) e coleta de “ostras”
(Ostrea sp) e “mexilhões” (Mytilidae), demonstrando a presença de mangue nas
proximidades dos sambaquis neste período.
No período entre 4.299 e 3.800 anos cal AP, temos a ocupação inicial do
sambaqui do Moa (camada III) e do sambaqui de Jaconé (camada IV), e as
ocupações finais do sambaqui de Manitiba (camadas IV a II). Todos os
sambaquis deste período são concomitantes, exceção ao sambaqui de Manitiba
I que é abandonado um pouco antes do início da ocupação do sambaqui de
Jaconé. A ocupação do Jaconé foi concomitante à continuação da ocupação do
Beirada (camada III) e do sambaqui de Itaúnas (camada III). A diversidade e
abundância de espécies malacológicas se mantiveram semelhante ao momento
anterior, com predomínio das espécies de mangue “ostras” e “lambretas”,
enquanto os ocupantes do sambaqui do Moa (camada III) tinham na coleta de
“sacuritá” (Stramonita haemastona, ) e de “mexilhões” sua preferência. A pesca
da “corvina” também prevaleceu, além dos artefatos confeccionados sobre
seixos e dos espinhos de peixe trabalhados. As práticas mortuárias mantiveram-
se com o predomínio de sepultamento estendido em decúbito ventral/dorsal
com os ossos espargidos de corante. Contudo, no sambaqui do Moa e no
sambaqui da Beirada surgem os sepultamentos em posição de decúbito lateral e
fletido.
Entre 3.799 e 3.700 anos cal AP, o mangue continuava ativo nas margens
da laguna de Saquarema, e o predomínio de “ostras” (camada II do Beirada e
camadas III do Jaconé) foi observado nas matrizes conchíferas destes
sambaquis. Na margem leste da laguna, no sambaqui do Moa (camada II), o
“sacuritá” manteve-se predominante.
A indústria lítica apresentou baixíssima frequência total com predomínio
para os artefatos confeccionados sobre seixos. A indústria óssea continua a ser
dominada pelos espinhos de peixe trabalhados e os sepultamentos mantiveram-
se com as mesmas características do período anterior com uma queda na
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 23

frequência. A posição fletida só esteve presente no sambaqui da Beirada (Kneip


& Machado 1992, 1993; Imazio 2001).
Porém, entre 3.699 e 3.600 anos cal AP, com o possível final da ocupação
dos sambaquis do Moa (camada I), a continuação da ocupação dos sambaquis
de Jaconé (camada II) e Beirada (camada I) e o início da ocupação dos
sambaquis da Madressilva (camada inferior) e de Saquarema (camada III),
verificamos uma mudança gradual na economia e na tecnologia dos grupos
sambaquieiros.
Esta mudança se referiu à substituição gradual do predomínio da “ostra”
(camada II do Jaconé e ocupação do Madressilva) pelo “berbigão” (camada I do
sambaqui da Beirada). Tal mudança esteve associada à alteração na matriz
sedimentar dos sambaquis, nos quais a matriz conchífera foi substituída por
uma matriz mineral-orgânica. Nesta matriz, de coloração preta, as conchas de
“berbigão” e de outras espécies estavam dispostas na forma de lentes e/ou
bolsões inseridos no sedimento preto. Todos os sambaquis deste período
passam a apresentar essa configuração estratigráfica.
Soma-se que mudanças nos recursos ictiológicos também foram
observadas, com as “corvinas” sendo substituídas gradualmente (camada I do
Moa e camada I do Beirada) por “bagres” (camada II de Jaconé e ocupação do
Madressilva).
Consequente à mudança nos recursos ictiológicos e malacológicos,
observou-se uma alteração tecnológica com os espinhos de peixe trabalhados e
os artefatos confeccionados sobre seixos (camadas I do Beirada e Moa e
camada II do Jaconé), sendo gradualmente substituídos pelo predomínio das
pontas ósseas e dos artefatos confeccionados sobre lascas (Madressilva e
camada III do Saquarema). Tal mudança reforça que a pesca da “corvina”
estava associada à tecnologia dos espinhos de peixe trabalhados enquanto as
pontas ósseas à pesca do “bagre”.
Em relação às práticas mortuárias, à presença de ossos espargidos com
corante, somou-se a manipulação de ossos humanos, prática observada em
ossos de dois indivíduos de um sepultamento secundário do sambaqui de
Saquarema (camada III). A posição fletida se dissemina e pode ser observada
nos sambaquis do Moa, Beirada e Saquarema.
As ocupações dos sambaquis de Saquarema (camada III) e de
Madressilva já representam o momento logo após as mudanças quando novas
24 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

formas sociais, econômicas e simbólicas estavam em prática.


Assim, no período de 3.599 a 3.300 anos cal, ocorreu o final da ocupação
do sambaqui de Jaconé (camada I), a continuação da ocupação do sambaqui de
Saquarema (camada II) e o início da ocupação do sambaqui do Saco e,
possivelmente, da reocupação do sambaqui de Manitiba I (camada I). Neste
momento a retomada da ocupação da laguna de Saquarema ganha mais espaço,
embora apresente um recrudescimento populacional, reiterado por uma queda
abrupta nos recursos faunísticos. Interessante observar que desde 3.700 anos cal
AP, teve início a ocupação da margem interna da laguna, com a ocupação do
sambaqui de Madressilva, e que neste período ganha a presença do sambaqui do
Saco. Esta estratégia de ocupação da margem interna parece estar relacionada
ao domínio territorial pelos grupos sambaquieiros desta porção da laguna que se
encontra no sopé das serras que a margeiam. Considerando a queda abrupta na
frequência dos recursos aquáticos nos sambaquis da margem externa,
verificamos que a margem interna parece ter sido ocupada em função da maior
disponibilidade destes recursos, notadamente das “corvinas”.
Considerando a espessura da camada I do sambaqui de Manitiba I, bem
como sua composição predominantemente de restos de “bagre”, de pontas
ósseas e lascas líticas, distribuídas em uma matriz mineral-orgânica, é certo que
o sítio parece ter sido reocupado neste período (embora não esteja disponível
datação)5.
Os “bagres” e os “berbigões” tornam-se dominantes nas ocupações da
margem externa. As pontas ósseas e as atividades relacionadas ao lascamento
do quartzo predominam em todos os sambaquis deste período.
Entre 3.299 a 2.000 anos AP, somente estão disponíveis dados para os
sambaquis de Mombaça I (camada II e I), Saquarema (camada I) e Pontinha
(camada IV), bem como para o sítio Ilha dos Macacos, embora acreditemos que
a ocupação dos sambaquis do Saco e Madressilva tenha alcançado este período.
Continua a ocupação da margem interna da laguna com o sambaqui de
Mombaça I.
Nota-se a continuidade do predomínio da tecnologia de pontas ósseas e
dos artefatos confeccionados sobre lascas; mantiveram-se os recursos oriundos

5
A datação de 3.810±70 anos BP (4.296-4089 anos cal AP) disponível em Kneip (2001) foi aqui
considerada como pertencente ao final da camada II e não ao início da camada I, visto a amostra
ter sido coletada entre 60-70 cm de profundidade.
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 25

da pesca do “bagre” e da coleta de “berbigão”. Contudo, a presença de


“berbigão” era observada em lentes e bolsões, distribuídos na matriz mineral
orgânica (camada I do Mombaça, camada I do Saquarema, camada I do
Manitiba I e camada IV do sambaqui da Pontinha).
Uma nova prática mortuária foi introduzida em 2.700 anos cal AP: a
cremação. A presença de sepultamentos primários e secundários cremados foi
evidenciada no sambaqui da Pontinha, enquanto no sítio Ilha dos Macacos,
foram observadas três pequenas fogueiras crematórias, com restos de ossos
humanos carbonizados e calcinados (Barbosa-Guimarães 2007). O sítio Ilha
dos Macacos em nada se assemelha ao sambaqui da Pontinha e demais
sambaquis. Representa, possivelmente, um acampamento de grupos oriundos
da serra que iniciaram incursões ao fragilizado território sambaquieiro.
Os sepultamentos apresentam um leve aumento na frequência total.
No período entre 1.999 e 1.500 anos cal AP, apenas o sambaqui da
Pontinha estava ocupado (camadas III e II), não tendo sido identificadas outras
ocupações. Contudo, as ocupações do sambaqui da Pontinha parecem indicar
um gradual aumento na frequência dos artefatos, dos recursos ictiológicos e da
densidade populacional. Em relação aos sepultamentos destacou-se a presença
tanto de sepultamentos cremados como de não cremados, embora o primeiro
predomine. Em relação à posição do corpo, a fletida torna-se predominante.
Considerando a estratigrafia do sambaqui da Pontinha, o “berbigão”
encontrava-se disperso na matriz mineral orgânica e não mais em bolsões e/ou
lentes.
No período pós 1.500 anos cal AP, a camada I do sambaqui da Pontinha
se caracterizou pela abundância dos artefatos, apresentando aumento abrupto
na frequência daqueles confeccionados sobre lascas e a retomada de fabricação
dos artefatos polidos (lâminas de machado), estes não observados desde 2.700
anos cal A.P; aumento abrupto da indústria óssea, com o ressurgimento da
tecnologia de espinhos de peixe trabalhados, embora as pontas ósseas
predominassem; aumento abrupto da caça de mamíferos de pequeno, médio e
grande porte, bem como da pesca de “bagres” (predominantes) e de “corvinas”.
Contudo, este aumento na produção de artefatos e no consumo de peixes e
mamíferos não se refletiu na densidade populacional. No entanto, podemos
aventar a hipótese de que esta retomada da ocupação da faixa externa da laguna
de Saquarema tenha sido interrompida por fatores externos, relacionados à
chegada e instalação dos grupos ceramistas na região, o que impediu o avanço
26 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

do grupo ocupante do sambaqui da Pontinha.


Assim, se por um lado, este momento evidenciou a retomada da
ocupação na laguna de Saquarema, a partir de uma nova ordem
socioeconômica, com a absorção das mudanças engendradas no seio da
sociedade sambaquiana e introduzidas pelo contato com grupos ceramistas, por
outro lado marcou o fim da ocupação de grupos pescadores-coletores nesta
região.
Acreditamos que, por suas características composicionais e pela
presença de cerâmica na superfície, ocorreu a reocupação dos sambaquis do
Moa, Saquarema e Saco, neste período.
A introdução da cerâmica (104 fragmentos) relacionada à tradição Uma
pode ser observada na superfície do sambaqui do Moa (reocupação?), no
sambaqui da Pontinha (camada I), no sambaqui do Saco (reocupação?), no
sambaqui de Saquarema (reocupação?) e no sítio Ilha dos Macacos. Em todos
esses, o número de fragmentos é reduzido. Nos sambaquis do Saco e
Saquarema, foram identificados fragmentos em superfície (Faria 1944; Silva
1932). No sambaqui da Pontinha foram recuperados também dois objetos
cerâmicos fusiformes.
A cerâmica recuperada nos sambaquis do Moa e da Pontinha é do tipo
simples, com presença de polimento na superfície externa, sendo a técnica de
fabricação a acordelada. A argila foi coletada, possivelmente, nos depósitos
flúvio-lagunares, relativamente bem selecionada, com material argilo-síltico-
arenoso fino de coloração original acinzentada. A análise morfológica permitiu
recuperar as formas dos vasilhames: são tigelas e jarros com pequena abertura
de boca e espessura fina das paredes com marcas de uso causadas pela queima
externa (Crancio & Kneip 1992). Foram reconstituídas duas formas de
vasilhames (Kneip 2001) para o sambaqui do Moa: contorno simples, corpo
esferóide, borda direta, lábio arredondado ou plano, base convexa ou plana e
boca com diâmetro que varia de 22 a 9cm (5 peças); e contorno simples, corpo
elipsoide, borda direta, lábio arredondado ou plano, base convexa e boca com
diâmetro que varia de 16 a 9cm (3 peças).
Após o abandono do sambaqui da Pontinha, ocorrido em data incerta,
mas que deve ter sido por volta de 1.200 anos cal AP, não foram identificados
mais sambaquis na região do Complexo Lagunar de Saquarema. Sítios
cerâmicos relacionados aos grupos antepassados dos Tupinambá como Bravo,
Mombaça, Campo e Barroso foram identificados nesta região, embora não
estejam disponíveis dados cronológicos para estas ocupações.
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 27

Gráfico 1 - Distribuição das datações radiocarbônicas calibradas dos sítios arqueológicos do


Complexo Lagunar de Saquarema.

Gráfico 2 - Distribuição dos artefatos ósseos de acordo com os períodos de ocupação.

Gráfico 3- Distribuição dos artefatos líticos de acordo com os períodos de ocupação.


28 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

Gráfico 4- Distribuição dos recursos ictiológicos de acordo com os períodos de ocupação.

Gráfico 5 - Distribuição dos recursos malacológicos de acordo com os períodos de ocupação.


O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 29

Considerações Finais

A Região dos Lagos é formada por duas configurações geográficas: o


litoral das restingas, lagunas e baixadas e o litoral dos tabuleiros. A primeira,
que nos interessa particularmente, apresenta três grandes complexos lagunares
(Maricá, Saquarema e Araruama) e foi espaço privilegiado para a implantação
de populações nativas desde 5.000 anos cal AP, quando a descida gradual do
nível do mar forneceu a região sua configuração atual. Tal privilégio deve-se a
sua configuração litorânea, recortada por pequenas baías e enseadas de águas
calmas, por praias retilíneas, onde a presença das lagunas é predominante, e
pelas planícies de aluvião marinho e fluvial. A vegetação está representada pela
Floresta Perenifólia Higrófila Costeira e a Vegetação Litorânea com suas
diferentes formações como as existentes nas praias, restingas, dunas e
manguezais. A restinga é a vegetação mais representativa, cobrindo toda a
planície da região e fornecendo recursos que foram extremamente utilizados
pelos grupos nativos adaptados ao modo de vida litorâneo. Ainda hoje resistem
pequenas ilhas de matas de restingas originais e que muito auxiliam na
compreensão sobre dieta alimentar e modo de subsistência das populações
nativas através do desenvolvimento de estudos etnobotânicos e ecológicos.
Estudos arqueobotânicos demonstram que as alterações observadas na
vegetação da área do Complexo Lagunar de Saquarema, ao longo da segunda
metade do Holoceno, se restringiram à vegetação de mangue, ecossistema mais
suscetível às variações ambientais. Tal fato pode ser confirmado pela presença
de espécies malacológicas, originárias desse ecossistema, nos sambaquis de
Saquarema. Assim, a cobertura vegetal que atualmente se distribui no
Complexo Lagunar de Saquarema, floresta ombrófila densa, floresta de
baixada, floresta inundada, brejo herbáceo e vegetação de restinga, é a mesma
que foi observada para a segunda metade do Holoceno (Scheel-Ybert 2000;
2001).
Como a Laguna do Camacho, em Santa Catarina (Kneip, 2004), a
laguna de Saquarema foi ocupada por grupos sambaquieiros durante um longo
período, sendo espaço de interação entre os grupos nativos que ali habitavam, o
que se pode denominar de epicentro da ocupação sambaquieira. Isso é
depreendido a partir da análise locacional que demonstra que os sambaquis
estão implantados nos cordões litorâneos externo e interno da laguna, ocupação
estratégica que visava o seu controle. Assim, a laguna de Saquarema
30 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

desempenhava o papel de centro paisagístico no qual as relações


socioambientais dos grupos sambaquieiros se desenvolviam.
A primeira grande mudança perceptível ocorreu entre 3.700 e 3.600 anos
cal AP, quando parece ter iniciado um período de diminuição gradual na oferta
de moluscos oriundos de manguezais e áreas estuarinas (“ostras” e
“lambretas”): essa lenta transformação pode ser vista na composição
estratigráfica dos sambaquis que passam a apresentar uma matriz mineral-
orgânica composta por lentes e/ou bolsões de “berbigão”. Essa mudança,
possivelmente de origem ambiental, também influenciou a oferta dos recursos
ictiológicos substituindo a pesca da “corvina” pela pesca do “bagre”. A
mudança nos recursos alimentares atingiu também a tecnologia dos grupos
sambaquieiros que tiveram que investir mais na produção de pontas ósseas,
diminuindo os artefatos elaborados sobre espinhos de peixes, as denominadas
“agulhas”. Soma-se que esta mudança quantitativa também foi observada na
indústria lítica, com o investimento sistemático na fabricação de artefatos
confeccionados sobre lascas, em detrimento dos artefatos sobre seixos.
Essas unidades, embora portadoras de tecnologias predominantemente
baseadas em pontas ósseas e lascas, apresentavam, ainda, fortes traços
identitários com os grupos sambaquieiros, sendo representadas através das
camadas I dos sambaquis da Beirada, Moa e Itaúnas, da ocupação no sambaqui
de Madressilva, e das camadas II e III do sambaqui de Saquarema. Contudo, já
neste momento, outras mudanças de cunho simbólico também foram
observadas: a manipulação de ossos humanos em sepultamento secundário e a
posição do corpo em decúbito lateral, com membros superiores e inferiores
fletidos, nos sepultamentos primários (camada III do sambaqui de Saquarema).
Essa diferenciação ganha espaço por volta de 3.400 a 2.800 anos cal AP,
com a continuação de ocupações no cordão interno (sambaquis do Saco e de
Mombaça I) e externo (camada II do sambaqui de Saquarema). O processo de
recrudescimento da tecnologia de espinhos ósseos trabalhados e dos artefatos
elaborados sobre seixos torna-se mais visível, quando não mais estão presentes
ocupações portadoras destas tecnologias.
No período entre 2.800 e 1500 anos cal AP, surgem unidades culturais
mais diferenciadas, nas quais a matriz sedimentar apresenta apenas conchas de
“berbigão” dispersas no sedimento (camada I do sambaqui de Saquarema,
camada I do sambaqui de Manitiba I, camadas III a I do sambaqui da Pontinha e
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 31

sítio Ilha dos Macacos). A tecnologia de lascamento do quartzo é primorosa,


com escolha de matéria-prima de excelente qualidade, o que permitiu uma
maior diversidade no conjunto de artefatos líticos. Contudo, uma característica
particular a este período foi o surgimento da prática de cremação.
A prática da cremação dos corpos ocorreu desde o início da ocupação do
sambaqui da Pontinha (2.700 anos cal AP), tendo sido observada, embora com
configuração diferenciada, no sítio Ilha dos Macacos, um sítio lito-cerâmico
datado entre 2.500 a 2.200 anos cal AP. Essa prática mortuária observada no
sambaqui da Pontinha se caracterizou pela queima dos corpos, em diferentes
graus, em sepultamentos primários, ou dos ossos, em sepultamentos
secundários. Kneip & Machado (1992, 1993) descartam totalmente o uso de
canibalismo alimentar ou ritual envolvido nas práticas de cremação observadas
no sambaqui da Pontinha. Demonstram, ainda, que nesse sambaqui, os
sepultamentos cremados e não cremados não só estão associados
cronologicamente, mas culturalmente, com padrões similares de deposição do
corpo e acompanhamentos funerários.
No sítio Ilha dos Macacos, um sítio com presença de pesca de “bagres”,
tecnologia de lascamento do quartzo, pontas ósseas e cerâmica simples, além de
matriz mineral-orgânica sem conchas, a cremação se caracterizou a partir da
presença de três fogueiras crematórias muito próximas espacialmente e
associadas cronologicamente. Essas fogueiras eram compostas de ossos
fragmentados calcinados e carbonizados, bem como por microlascas de
quartzo. Pela densidade de artefatos e pequena espessura da camada
estratigráfica consideramos este sítio como de ocupação temporária.
A prática da cremação foi observada em grupos de caçadores-coletores e
horticultores pré-coloniais do norte e noroeste fluminense (Machado 1990),
bem como em grutas da região Nordeste (Mendonça de Souza et al. 1998),
envolvendo horizontes de 10.000 a 1.000 anos AP. Foi observada, também,
entre grupos nativos atuais (Villaça 1990). Estes dados demonstram que tal
prática foi utilizada por diferentes grupos em diferentes tempos, assumindo
funções específicas de acordo com as regras sociais pertinentes a cada um.
A presença dessa prática, em sambaquis, não é exclusiva da área piloto,
tendo sido recuperado um sepultamento primário adulto em fogueira
estruturada, no sambaqui da Ilha de Santana, no litoral norte fluminense
(SPHAN, 1983), bem como no sambaqui da Ilha de Cabo Frio, em Arraial do
32 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

Cabo, Região dos Lagos (Tenório et al. 2005). Contudo, a adoção da prática de
cremação em sambaquis ocorre em um horizonte cronológico entre
6
2.500/1.500 anos cal AP . Em associação, ocorre a intensificação e
aprimoramento da tecnologia do lascamento de quartzo, evidenciado pela
abundância de resíduos de lascamento e de lascas utilizadas, no sambaqui da
Pontinha e no sambaqui da Ilha de Santana (Lima 1991). É interessante
observar que no sambaqui da Ilha de Santana, localizado no litoral norte
fluminense, os artefatos confeccionados sobre espinhos de peixes predominam,
em muito, sobre os artefatos confeccionados em pontas ósseas. Tal associação,
não identificada em Saquarema, parece indicar que essa tecnologia pesqueira se
manteve ativa até 1.200 anos AP nas porções insulares, pois estavam associadas
possivelmente à pesca de representantes da família Scianidae.
Por outro lado, no Complexo Lagunar de Araruama, o sambaqui de
Geribá I, embora tenha baixa frequência no conjunto de artefatos, apresentou
predomínio dos artefatos lascados e das pontas ósseas, no horizonte 1.230 anos
AP, demonstrando a recorrência desta tecnologia óssea associada ao
predomínio dos artefatos lascados no período tardio da ocupação sambaquieira
no litoral fluminense (Gaspar 2003). Assim, a mudança tecnológica proposta
para a área piloto, qual seja, o Complexo Lagunar de Saquarema, foi observada,
também, a nível macrorregional, o litoral fluminense. O mesmo pode ser dito
sobre a prática da cremação, observada em sambaqui da Ilha de Cabo Frio, num
mesmo horizonte cronológico (Tenório et al. 2005).
Diante desses dados locais e regionais, ou mesmo suprarregionais, como
no caso do litoral norte fluminense, fica claro o predomínio da técnica de
lascamento do quartzo e da adoção da prática da cremação, embora não
necessariamente predominante, entre os grupos sambaquieiros num horizonte
entre 2.000 a 1.000 anos cal AP. O sambaqui da Pontinha é emblemático nesse
sentido. Possivelmente outro sítio, o sambaqui do Boqueirão, inteiramente
destruído, mas com acervo arqueológico sob a guarda do Museu
Nacional/UFRJ, tenha sido concomitante ao sambaqui da Pontinha, dada a
presença de ossos humanos calcinados recuperados, em contexto estratigráfico,
por Castro Faria, em 1944, e observado, por nós, durante o desenvolvimento da

6
Amostra de carvão coletada na camada mais antiga do sambaqui da Ilha de Santana foi datada
em 1.260±330 anos AP (Lima 1991), enquanto o sítio sobre duna da Ilha de Cabo Frio teve sua
data estimada entre 2.200 a 1.200 anos cal AP (Tenório et al. 2009).
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 33

pesquisa.
Consideramos que essas mudanças na prática funerária e no aparato
tecnológico estejam relacionadas ao contato dos grupos sambaquieiros com
grupos oriundos do interior, relacionados à tradição ceramista Una, podendo
estar representada no sítio Ilha dos Macacos. As datações existentes
demonstram concomitância entre essas duas unidades socioculturais, e a
presença do sítio Ponta dos Anjos, no cordão interno da laguna de Saquarema,
relacionado à tradição Una, e onde foram recuperados dois objetos cerâmicos
fusiformes iguais aos da camada I do sambaqui da Pontinha, ratificam o
sincronismo entre os dois sistemas socioculturais e contato intersocietal.
Mudanças no universo simbólico, indiretamente inferidas a partir da
adoção da prática crematória, estão relacionadas às mudanças estruturais,
inseridas na longa duração e consideradas pilares sobre os quais uma
sociedade/grupo constrói sua identidade e distingue-se do outro. Tendo isso
como premissa, observamos que os grupos sambaquieiros organizaram-se à
volta da construção de mounds conchíferos, sob os quais sepultavam os
indivíduos que partilhavam regras sociais que diziam respeito, não somente,
mas também: ao cuidado criterioso com o corpo do morto (cobrindo-o com
conchas, escolhendo posições específicas e, muitas vezes, espargindo corantes
ou sedimento avermelhados nos ossos, como nos sepultamentos presentes nos
sambaquis de Manitiba I, Beirada, Moa e Itaúnas)(sobre preservação do corpo
em sambaquis, ver Gaspar 2004); à presença de uma parafernália ritual que se
compunha de oferendas alimentares e objetos; além da delimitação do espaço
funerário com sedimentos coloridos, covas rasas e/ou esteios que sustentavam
algum tipo de cobertura, como o observado no sambaqui de Itaúnas (Barbosa-
Guimarães et al. 2005/2006).
Nesse sentido, o sambaqui da Pontinha, embora mantivesse a tradição de
edificação de mounds funerários, esses não eram mais de conchas, mudança
resultante, possivelmente, da gradual escassez de moluscos, iniciada em
períodos anteriores. Por outro lado, o sincronismo entre sepultamentos
cremados e não cremados, num mesmo contexto estratigráfico, e de
sepultamentos estendidos com ossos espargidos de corante, mostram o peso da
longa tradição regional sambaquieira e impede interpretações de ordem prática
e simbólica para explicar um possível desenvolvimento local da prática de
cremação.
34 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

Esses traços caracterizam o sambaqui da Pontinha como uma nova


unidade sociocultural, derivada de um longo processo de mudanças ocorridas
no seio do sistema sociocultural sambaquieiro, mudanças essas causadas por
fatores ambientais e por contato intersocietal possivelmente com grupos da
tradição ceramista Una. A presença de fragmentos de cerâmica e de objetos
cerâmicos fusiformes, na superfície do sambaqui da Pontinha, iguais aos
recuperados no sítio Ponta dos Anjos, bem como na superfície do sambaqui do
Moa, Saquarema e Saco, reforça esse contato. Entretanto, o contato também
trouxe mudanças para os grupos dessa tradição ceramista, a partir da introdução
da tecnologia de pontas ósseas (sítio Ilha dos Macacos), de artefatos
malacológicos (adornos) e, mesmo, de um espaço edificado, embora não tão
visível, composto por restos alimentares, sepultamentos fora de urnas e
artefatos (sítio Grande do Una, localizado no limite entre a Região dos Lagos e a
Planície Fluvial do Rio São João) (Cordeiro 2004).
Assim, o colapso dos grupos sambaquieiros, aqui denominados de
unidades geradoras ou originais, como propõe Robrahn-González (1996; 1998)
ao estudar mudança sociocultural no Brasil Central, pode ser observado a partir
da emergência de novas unidades socioculturais, representadas, por um lado,
pelos sambaquis do Saco, de Saquarema e da Pontinha, que guardam, ainda,
traços de sua unidade de origem; por outro, representado pelo sítio Ilha dos
Macacos, unidade totalmente nova, que não apresenta traços identitários
oriundos dos grupos sambaquieiros originais. Esse sítio, possivelmente,
representa o elo de contato entre os grupos da tradição Una e os grupos
sambaquieiros. Suas características composicionais, de pouca espessura (25-
30cm) e de baixa densidade de material (lito-cerâmico), associadas à presença
marcante de estruturas funerárias de cremação, compostas por ossos humanos
extremamente fragmentados e lascas de quartzo, dispostas dentro de pequenas
fogueiras (em número de três) concomitantes, nos levam a considerá-lo como
um acampamento de grupos da tradição Una (oriundo do sítio Ponta dos Anjos,
localizado no cordão interno?), que se implantou no cordão externo da laguna
de Saquarema.
Considerando que o final da ocupação dos sambaquis do Moa e Itaúnas
(camada I de ambos), a camada II do sambaqui de Jaconé, a camada I do
sambaqui da Beirada (camada I), a ocupação dos sambaquis da Madressilva e
de Saquarema (camada III), como o início do colapso da sociedade
O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro 35

sambaquieira, e o sambaqui da Pontinha como o seu fim, estimamos que o


processo de colapso tenha durado, aproximadamente, 1.000 anos.
O modelo aqui proposto de mudança cultural incorporou, assim, os
fatores ambientais e as diferenciações resultantes de sua ação derivados do
modelo pronapiano de O. Dias e colaboradores. Embora o esquema de fases e
tradições não tenha sido considerado, algumas diferenciações que foram
utilizadas para classificar os sítios litorâneos, como a diminuição na oferta de
moluscos e existência de sítios com matriz sedimentar diferenciada, foram
dados reiterados em nossa análise.
Por outro lado, o modelo proposto por M. Gaspar e colaboradores
permitiu ratificar a existência de um sistema sociocultural sambaquieiro que se
estruturou a partir da manutenção de regras sociais que possibilitou a esses
grupos o desenvolvimento de uma identidade.
Assim, o sistema sociocultural sambaquieiro do Complexo Lagunar de
Saquarema manteve-se por aproximadamente 2.300 anos, com diferenças
internas que não comprometeram sua existência. Isso só ocorreu graças aos
mecanismos de manutenção relacionados às estruturas, à longa duração.
Mudanças conjunturais ocasionaram essa diferenciação interna, e essas estão
possivelmente relacionadas, até o momento, aos fatores de natureza ambiental.
Contudo, o contato com grupos ceramistas que iniciavam a ocupação do litoral
fluminense não só acelerou o processo de diferenciação interna do sistema
sambaquieiro como influenciou, diretamente, embora não isoladamente, o seu
colapso.

Figura 2 - Sepultamentos na base do sambaqui de Itaúnas. Observar posição estendida e ossos


espargidos com corante, configurando a prática ritual mais antiga para o Complexo Lagunar
de Saquarema (Foto: J. Cordeiro).
36 O modelo arqueológico de mudança sociocultural para a faixa litorânea do Rio de Janeiro

(a) (b)
Figura 3 - Objetos cerâmicos fusiformes: (a) sambaqui da Pontinha (Desenho de W. Soares
de Borba, retirado de Crancio & Kneip 2001); (b) Sítio Ponta dos Anjos.
(Foto: M. Barbosa-Guimarães).

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