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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Hoje em dia sabe-se do papel fundamental do aleitamento
materno (AM) e de seus inúmeros benefícios tanto para a saúde materna
quanto para a saúde da criança, dentre estes se podem citar a proteção contra
doenças crônicas como a Diabetes mellitus (DM), que pode ser identificada
como uma doença crônica de ordem multifatorial e que possui diversos motivos
para o seu desencadeamento.
FLETCHER, GULANICK e LAMENDOLA (2006) b uscaramidentificar
estes fatores para o desenvolvimento da Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2),
destacando-se então, o histórico familiar, idade, raça/etnia, diabetes mellitus
gestacional (DMG), resistência insulínica, e a obesidade e sedentarismo. A DM
destaca-se por sua rápida progressão e os efeitos devastadores em seus
portadores, podendo ser caracterzada pela hiperglicemia resultante de defeitos
na secreção de insulina, sua ação ou ainda em ambos.
Conhecendo a evolução da doença a Sociedade Brasileira de Diabetes –
SBD - (2020) fez uma prospecção que em até 2045 ocorra um aumento de
62% de pessoas que serão diagnosticadas com a doença, adicionalmente, no
ano de 2019, o número de crianças e adolescentes diagnosticadas com
Diabetes mellitus TIPO 1 (DM1) e Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) progressiva,
apontou 95,5 mil casos, ocupando assim o 3º lugar no mundo, perdendo
somente para Estados Unidos e Índia segundo a Federação Internacional de
Diabetes (IDF).
Na década de 70 foi possível observar uma redução significativa nas
taxas de AM, fato este, devido ao intenso processo de urbanização e a
inserção da mulher no mercado de trabalho, como reação a este
acontecimento o Governo Federal criou diversos programas e ações para a
promoção do aleitamento materno (AM), dentre eles o Programa de
Aleitamento Materno (PNAM), regulamentação da comercialização dos
alimentos para lactentes e a criação do Banco de Leite Humano (BLH).
Um estudo realizado por Boccolini et al. no ano de 2017 buscou
indicadores do aleitamento materno no Brasil em três décadas, e como
resultado pôde observar que durante as últimas três décadas houve uma
ascensão nos indicadores de prevalência da AM, mesmo sabendo que ele
pode atuar como protetor contra o surgimento da DM, estudos vêem mostrando
uma estabilização a partir do ano de 2013, cenário preocupante devido aos
efeitos deletérios da não amamentação no binômio mãe/bebê.
Um maior cuidado se deve ao fato de que existem impactos negativos
da DM a longo prazo que podem tornar-se irreversíveis em crianças e
adolescentes, segundo EPPENS et al. em seu estudo comparativo realizado
em 2006 é possível observar uma maior prevalência de retinopatias em
pacientes diagnosticados com DM1, já em pacientes com DM2 há um
predomínio de microambuminúria e hipertensão. Já DEBALEA et al. em seu
estudo realizado no ano de 2017 verificou que um em cada três jovens que
possuem DM1 e três em cada quatro com DM2 já vivenciaram pelo menos uma
complicação da doença, comparando assim a associação do diagnóstico
durante a infância com o desenvolvimento de complicações no futuro,concluiu
então que entre os adolescentes e adultos jovens que receberam diagnóstico
da doença durante a infância a prevalência de comorbidades associadas a ela
foi maior para aqueles diagnosticados com tipo 2 se comparados com aqueles
com tipo 1.
De acordo com as diretrizes da SBD (2014-2015) o aumento da
prevalência da obesidade que vêem sendo registrado nos últimos anos
justificaria a evolução do DM2 nas populações jovens, bem como o
desenvolvimento da síndrome metabólica - SBD (2014-2015, p. 71, apud
GORAN M.I., DAVIS J., KELLY L. et al., 2008; CHINN S., RONA RJ., 2001).
Sabendo que o AM pode reduzir fatores associados ao desenvolvimento
da DM através da redução dos níveis insulínicos da mãe e do bebê, prevenção
da obesidade infantil e auxiliando na redução/manutenção do peso corporal da
puérpera, o presente estudo tem como objetivo identificar o aleitamento
materno como fator protetor contra a diabetes mellitus, podendo assim expor
ferramentas para a manutenção do aleitamento materno prolongado.
2. METODOLOGIA
O incentivo à amamentação deve ser iniciado ainda na gestação para que possíveis
barreiras que possam impedir a amamentação ou acarretar o desmame precoce sejam
identificadas e prevenidas assim que possível14.
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