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Resenha Crítica: "Eles não aprendem Inglês quanto mais Português" de Luiz Paulo

da Moita Lopes

No artigo "Eles não aprendem Inglês quanto mais Português", Luiz Paulo
da Moita Lopes aborda a complexa relação entre o ensino de línguas estrangeiras,
como o inglês, e a língua materna dos alunos, especialmente no contexto brasileiro.
O autor traz à tona questões importantes sobre as políticas linguísticas adotadas nas
escolas e examina a forma como o ensino de inglês muitas vezes negligencia o
desenvolvimento da língua portuguesa. Embora o texto apresente uma análise
perspicaz, algumas de suas afirmações carecem de fundamentação sólida e sua
argumentação poderia ser mais robusta.

Uma das principais contribuições de Moita Lopes é destacar a desvalorização


da língua portuguesa no Brasil em detrimento do ensino do inglês. O autor ressalta
que o inglês é frequentemente considerado uma habilidade essencial para a
empregabilidade e o sucesso pessoal, enquanto o domínio da língua materna é
muitas vezes subestimado. Essa perspectiva revela uma visão distorcida das
políticas linguísticas no país, que valorizam mais as línguas estrangeiras em
detrimento da língua nacional. O autor chama a atenção para o risco de
marginalização da própria identidade cultural e linguística dos brasileiros.

Além disso, Moita Lopes critica o método de ensino de línguas estrangeiras,


que muitas vezes se baseia na repetição mecânica de estruturas gramaticais e na
memorização de vocabulário isolado, sem levar em consideração a interação
comunicativa. Essa abordagem descontextualizada e desvinculada do uso real da
língua pode contribuir para a falta de domínio tanto do inglês quanto do português.
Nesse sentido, o autor ressalta a importância de abordar o ensino de línguas de
forma integrada, levando em conta as habilidades de comunicação dos alunos em
sua língua materna.

Embora o texto tenha méritos, algumas de suas afirmações não são


devidamente respaldadas por evidências ou dados concretos. Moita Lopes
menciona, por exemplo, que muitos brasileiros são incapazes de se expressar
corretamente em sua própria língua, mas não fornece estatísticas ou estudos que
sustentem essa afirmação. Essa falta de embasamento empírico enfraquece a
argumentação do autor e prejudica sua credibilidade.

Além disso, seria enriquecedor se Moita Lopes explorasse mais


profundamente as implicações socioeconômicas do desequilíbrio entre o ensino de
línguas estrangeiras e o desenvolvimento da língua materna. Embora o autor toque
nesse aspecto ao mencionar as oportunidades de emprego, uma análise mais
aprofundada das consequências dessa desvalorização da língua portuguesa poderia
fornecer uma visão mais completa da situação. Em termos de estrutura e
organização, o texto de Moita Lopes é claro e coerente, apresentando uma linha de
raciocínio sólida.

No entanto, algumas passagens podem ser mais claras e bem


fundamentadas, especialmente quando se trata de afirmar a falta de domínio da
língua portuguesa por parte dos brasileiros. No geral, "Eles não aprendem Inglês
quanto mais Português" é um artigo interessante que traz à tona questões
pertinentes sobre o ensino de línguas estrangeiras no Brasil. Luiz Paulo da Moita
Lopes destaca a desvalorização da língua materna e a abordagem
descontextualizada do ensino de inglês. No entanto, para fortalecer ainda mais sua
argumentação, seria necessário um embasamento mais sólido em termos de
evidências e um aprofundamento nas implicações socioeconômicas desse
desequilíbrio linguístico.

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