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Edvalda Ambiel Pires Gaspar (Vada)

Módulo 4 - Atividade 10
Para concluir nossa caminhada proponho que você responda as mesmas
perguntas realizadas acima aos entrevistados.
Análise o seu contexto institucional e pessoal, e se aplicável a toda as
situações, responda.

1. Que importância e valor atribuem à língua portuguesa num país que


valoriza tanto a língua inglesa? E no mundo: como enxerga o
conceito de globalidade mediante às variantes da LP, a seu status
social e econômico atual?

3. Como se posiciona em relação a conceitos que ressoam ideologias


sobre língua mais plurais, como o de repertório linguístico e
o translanguaging.

Respondi às questões 1 e 3 pois são elas que se aplicam ao contexto em que atuo.

1. Como você define o seu vínculo com a língua portuguesa e a cultura


brasileira?

Sou uma professora brasileira que escolheu ser professora de inglês. Ensinar pessoas
a se comunicar em inglês, esse é o meu meio de vida e com o qual me identifico.
Resgatando meu repertório linguístico relembrei meus primeiros ‘passos’ na
aprendizagem dessa língua. Cheguei a ela ou ela chegou a mim através da minha
irmã mais velha que fazia faculdade de Letras e me ensinou algumas pequenas
interações, como por exemplo: ‘Come here’, “Let’s go”, entre algumas poucas outras
frases. Eram poucas, porém eram interações reais. De alguma forma, isso me
fascinou. Aprender inglês se tornou a minha meta. Na verdade, não só inglês, mas
aprender línguas me encanta. Depois do inglês, estudei francês, italiano, um pouco de
russo e de alemão também.

Entretanto, estudar português, não foi o meu forte. Tive muita dificuldade de aprender
análise sintática, minha relação com a língua portuguesa não foi sempre muito
amigável, especialmente na época de colégio. Eu gostava sim é da música brasileira!
Cresci ouvindo nossos os melhores compositores, além de cantar e tocar ao violão
suas composições e essa poesia em forma de música é que me liga fortemente à
cultura brasileira. Sou de uma família grande, tenho 6 irmãs mais velhas, sou a caçula
e cresci exposta aos gostos de várias irmãs de diferentes perfis e a música sempre
esteve presente em nossa casa. Fui exposta muito cedo a Chico Buarque, Caetano
Veloso, Gilberto Gil, João Bosco, Elis Regina, entre tantos outros. Eu amo ser
brasileira. Tenho muito orgulho do nosso país, apesar do triste momento que vivemos.
Estando mais madura, me encontrei também, na literatura brasileira e na literatura
portuguesa contemporânea. A leitura é um hábito muito presente na minha vida.

Eu sou uma professora de inglês que já tive muito preconceito contra os americanos.
Me incomoda o complexo de inferioridade que uma grande parte dos brasileiros sente
em relação aos norte americanos e aos europeus. Mas principalmente em relação aos
Estados Unidos. Felizmente, pude ver de perto o modo de vida dos americanos, pelo
menos, de uma parte deles e reconheci que é um país que tem seus méritos, mas,
mesmo assim, posso discordar de alguns aspectos de seu modo de vida e da sua
política.

Esse amor que sinto pelo Brasil e pela nossa língua é enorme. Conhecer esse estudo
sobre Português como Língua de Herança (PLH) me encantou muito. Que bonito
trabalho dessas mães se empenhando em ensinar português para seus filhos que
moram fora do Brasil. Que herança mais valiosa.

3.Como se posiciona em relação a conceitos que ressoam ideologias sobre


língua mais plurais, como o de repertório linguístico e o translanguaging.

Início essa reflexão citando García, 2009 (apud Megale, 2017) que “defende que o
bilinguismo seja considerado a partir de uma visão heteroglóssica, pela qual se
considera que o sujeito bilíngue se constitui na imbricação de ambas as suas línguas”.
Diferentemente do conceito de que um sujeito bilingue seria a adição de dois espaços
monolíngues, a partir de uma visão monoglóssica da língua. Acredito que conhecer
esses conceitos pode ser muito importante para a prática pedagógica dos/das
professores/as, uma vez que devemos ter um olhar diferente para nossos alunos.
Parece que por muito tempo, olhamos o ensino de língua adicional, que chamávamos
de língua estrangeira, como um universo separado do ensino da língua materna no
contexto escolar.

Trabalho em uma escola onde os alunos aprendem inglês como língua adicional, mas
não sem antes terem iniciado o estudo de português e alemão. Portanto, conhecendo
e me apropriando do conceito de visão heteroglóssica posso fazer uso das estratégias
de aprendizagem usadas em outras línguas e, também, ensiná-los a transferir as
estratégias aprendidas nas aulas de inglês para a compreensão e aprendizado das
outras línguas que eles estudam. Sobre esse aspecto, gostaria de citar Cummins
(2007, apud Megale, 2017) que destaca sobre a importância do papel do professor “a
aprendizagem pode ser otimizada se os professores chamarem explicitamente a
atenção dos alunos para semelhanças e diferenças entre suas línguas e, desse modo,
reforçarem estratégias de aprendizagem eficazes de forma coordenada em duas ou
mais línguas.”

Garcia, 2009 (apud, Megale, 2017), também “salienta que o bilinguismo dinâmico é
relativo aos variados graus de habilidade e usos de múltiplas práticas linguísticas
necessárias para se cruzar fronteiras físicas e virtuais”. Sendo assim, parece ser
aceitável que o sujeito bilíngue possa ter habilidades diferentes nas diferentes línguas
que aprende e/ou usa nos diferentes contextos em que vive. E esse sujeito bilingue
parece operar de forma a combinar os conhecimentos das diferentes línguas que
aprende. Busch (2015, apud Megale 2017) fala sobre o repertório linguístico desse
sujeito afirmando que o mesmo “pode ser entendido como um “domínio heteroglóssico
de limites e potencialidades”. Nele, diferentes línguas e modos de falar revezam-se,
interferem mutuamente e entrelaçam-se para formar algo novo.”

Sobre o conceito de translanguaging farei minha reflexão partindo da definição de


Ofelia García (2009, apud Scholl 2020), definiu “translinguagem como as múltiplas
práticas discursivas que os bilíngues usam para dar sentido aos seus mundos
bilíngues”. Acho bastante complexo tentar entender esse conceito e imaginar a mente
de nosso aluno/a que estuda ou usa mais de uma língua e pensar em suas escolhas
linguísticas para entender algo ou para se expressar seja através da escrita ou da fala.
Mesmo sendo complexo, acho importante entender que aprender línguas é um
processo complexo, mas possível. Se não fosse, nós, professores, não teríamos sido
bem-sucedidos nessa empreitada.

Resumindo, considero de grande importância o que estou aprendendo nesse curso e


tentando fazer sentido desses novos conceitos, para poder usá-los na minha prática
pedagógica.

Referência bibliográfica:

MEGALE, Antonieta. Do Biletramento aos Pluriletramentos: alguns avanços


conceituais na compreensão dos processos de sistematização da leitura e da escrita
por crianças multi/bilíngues. Revista Intercâmbio, v. XXXV: 1-17, 2017. São Paulo:
LAEL/PUCSP. ISNN 2237-759X

SCHOLL, A. P. O conceito de translinguagem e suas implicações para os


estudos sobre bilinguismo e multilinguismo. Revista da ABRALIN, v. 19, n. 2, p.
1-5, 27 ago. 2020.

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