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MEFLU Mecânica de Fluidos

Apontamentos das Aulas Teóricas

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt, Gabinete F326


2019/2020

Departamento de Engenharia Mecânica


ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto
Relações Integrais em
Volumes de Controlo
Relações Integrais em Volumes de Controlo

Análise de Escoamentos

• Para analisar um escoamento de um fluido, existem 3 tipos de análise:


• integrando as equações fundamentais em volumes de controlo (cálculo integral,
estratégia Euleriana, este capítulo)
• analisando parcelas individuais de fluido (cálculo diferencial, estratégia lagrangiana,
capítulo 4 de Frank M. White, abordada em FENTR)
• abordagem experimental usando ferramentas delineadas no capítulo 4, Análise
Dimensional & Semelhança.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equações Conservativas Fundamentais

• Conservação de massa:
dm
= ṁ = 0 (3.1)
dt
• Conservação de quantidade de movimento

• quantidade de movimento linear:


∑ dV ∑ d(mV)
F=m·a=m ∴ F= (3.2)
dt dt
• quantidade de movimento angular:
∑ dH d(r × (mV))
M= = (3.3)
dt dt
• Conservação de energia:
dE dQ dW
= − , (3.4)
dt dt dt
em que Q aqui é calor, W é trabalho e E é energia

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Teorema de Transporte de Reynolds

• as equações estão escritas para sistemas (também chamados de sistemas


fechados)
• um sistema é um conjunto definido de matéria (massa)
• queremos escrever as equações não para um conjunto de matéria definida de
um fluido mas para volumes de controlo (sistemas geralmente abertos) (i.e.
queremos transformar equações diferenciais em equações integrais)
• à ferramenta que permite a conversão de sistema para volume de controlo
chama-se Teorema de Transporte de Reynolds (TTR)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Teorema de Transporte de Reynolds

• um volume de controlo (VC) é um volume escolhido para abarcar a zona de


interesse do problema
• à superfície do VC chama-se de superfície de controlo (SC)
• a conversão das equações fundamentais em equações para o VC irá depender
se o VC estiver fixo (a), em movimento (b) ou a mudar de volume ou forma com
o tempo (c)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Teorema de Transporte de Reynolds


Como um volume de controlo é frequentemente ’aberto’, com fluxos de fluido a
entrar e a sair, recorda-se aqui o conceito de caudal volúmico, Q, e introduz-se o
caudal mássico, ṁ

• Caudal volúmico, Q, é o volume, V


– , de fluido a cruza uma determinada área, A,
por unidade de tempo ∫ ∫
Q=V –˙ = (V · n)dA = Vn dA , (3.5)
S S

onde n é o vetor unitário normal à superfície S pelo que Vn é a componente


normal a S do vetor velocidade V.
• As unidades SI de Q são m3 ·s−1 : volume por segundo, mas é também comum
ser fornecido em ℓ·s−1 ≡ 1 × 10−3 s−1 ou m3 ·h−1 , etc.

• Caudal mássico, ṁ, é a quantidade de massa de fluido que cruza uma


determinada área, A, por unidade de tempo
∫ ∫
ṁ = (ρV · n)dA = ρVn dA (3.6)
S S
Se V for uniforme e perpendi-
• Daqui decorre que, ṁ = ρQ ou Q = ṁ/ρ cular à secção A, V = Vn = const.
∴ Q = V A , ṁ = ρV A
• As unidades SI de ṁ são kg·s−1 : massa por segundo.
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Teorema de Transporte de Reynolds


• Considere o escoamento na conduta fixa e
Volume de controlo no instante t e t + ∆t não-deformável à esquerda e que se quer
(VC fixo, linha tracejada vermelha)
analisar a variação de uma propriedade
Sistema (de matéria) e VC genérica do fluido ou escoamento, B (massa,
coincidem no instante t
(área verde) energia, quantidade de movimento, etc.)
Sistema quando t + ∆t • Define-se também essa propriedade genérica
(área sombreada)
por unidade de massa, pelo que
β = dB/dm & B = ρβ

• Assume-se para já que as velocidades V1 = Vin e


V2 = Vout são uniformes e perpendiculares às
secções 1 e 2, i.e. ṁ1 = ρ1 V1 A1 e ṁ2 = ρ2 V2 A2
• No instante t,
Bsist,t = BVC,t
No instante t + ∆t,
I, Entrada de fluido
durante ∆t
Bsist,t+∆t = BVC,t+∆t − BI,t+∆t + BII,t+∆t
II, Saída de fluido
durante ∆t • Subtraindo as 2 equações e dividindo por ∆t,
Bsist,t+∆t − Bsist,t BVC,t+∆t − BVC,t BI,t+∆t BII,t+∆t
No instante t: Sist = VC = − +
No instante t + ∆t: Sist = VC - I + II ∆t ∆t ∆t ∆t
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Teorema de Transporte de Reynolds


• Tomando o limite t −→ 0 e o conceito de derivada,
Volume de controlo no instante t e t + ∆t
(VC fixo, linha tracejada vermelha)
dBsist dBVC
Sistema (de matéria) e VC = − Ḃin + Ḃout (3.7)
dt dt
coincidem no instante t
(área verde)
Sistema quando t + ∆t
ou, no caso presente,
(área sombreada)
dBsist dBVC
= − β1 ρ1 V1 A1 + β2 ρ2 V2 A2 (3.8)
dt dt

já que,
BI,t+∆t = β1 mI,t+∆t = β1 ρ1 V
–I,t+∆t = β1 ρ1 V1 ∆tA1
BII,t+∆t = β2 mII,t+∆t = β2 ρ2 V
–II,t+∆t = β2 ρ2 V2 ∆tA2
e,
BI,t+∆t β1 ρ1 V1 ∆tA1
Ḃin = ḂI = lim = lim = β1 ρ1 V1 A1
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t
I, Entrada de fluido BIU,t+∆t β2 ρ2 V2 ∆tA2
durante ∆t Ḃout = ḂII = lim = lim = β2 ρ2 V2 A2
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t
II, Saída de fluido
durante ∆t
A taxa de variação de B do sistema de massa é igual à
No instante t: Sist = VC
No instante t + ∆t: Sist = VC - I + II
taxa de variação de B no VC mais o fluxo de saída de B do
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VC menos o fluxo de entrada de B no VC
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Teorema de Transporte de Reynolds


A derivação anterior pressupôs 3 restrições:

• que a conduta era não-deformável, i.e. o volume do VC não varia com o tempo
• que a conduta era fixa, i.e. VS C = 0
• que as velocidades que atravessavam a superfície de controlo, SC, eram perpendiculares
às secções e uniformes, i.e. os fluxos eram uni-dimensionais

Pretende-se agora generalizar o TTR, eliminando estas restrições na determinação dos termos
da equação 3.7, que se volta a apresentar,

dBsist dBVC
= − Ḃin + Ḃout
dt dt

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TTR para fluxos arbitrários


dBsist dBVC
Massa Massa = − Ḃin + Ḃout
dt dt
a entrar a sair
Considere o VC da figura com forma arbitrária e com flu-
xos de entrada e saída com magnitude e direção arbitrá-
rias.
A substituição feita entre as equações 3.7 e 3.8 já não é
válida porque as velocidades não são nem normais a SC
nem uniformes. Em vez disso,
normal
a apontar ∫
para fora Ḃnet = − Ḃin + Ḃout = ρβV · ndA
SC

Massa
a sair Note-se que n é definido como positivo a apontar para
fora, de forma a que um fluxo de entrada seja negativo.
Ou seja, com referência à figura,
V · n = |V| |n| cos θ = V cos θ

Se θ < 90◦ , então cos θ > 0 (fluxo de saída)


Fluxo de saída: Fluxo de entrada: Se θ > 90◦ , então cos θ < 0 (fluxo de entrada)
Se θ = 90◦ , então cos θ = 0 (sem fluxo).

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TTR para VCs deformáveis


dBsist dBVC
= − Ḃin + Ḃout
dt dt

A determinação da taxa de variação da propriedade B


Enchimento de um balão: raio R(t)
dentro do VC, requer um integral no espaço (para somar
será função do tempo, assim como o
B dentro do volume V– ),
volume do VC ∫
BVC = ρbdV–
VC

Para calcular a variação desse integral no tempo é ne-


Tubo R(t) cessário derivar em ordem a t,
(∫ )
massa volúmica dBVC d
= ρβdV

1 média: ρ b (t dt dt VC

SC expande com o Se o VC não for deformável, V


– não depende de t, e a derivada pode
enchimento do balão ser colocada dentro do integral, (passa a derivada parcial porque
ρβ também varia no espaço),

dBVC ∂
= –
(ρβ)dV
dt VC ∂t

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

TTR para VCs fixos, deformáveis com fluxos arbitrários


Substituindo os 2 termos na equação 3.7, chega-se à formulação genérica do Teorema de
Transporte de Reynolds para um VC fixo, deformável e com velocidades de entrada e saída de
magnitude e direção arbitrárias
(∫ ) ∫
d d
(Bsist ) = βρ dV
– + βρ (V · n) dA . (3.9)
dt dt VC SC

Em comparação com o caso exemplo da conduta, a equação acima tem duas modificações:

• como o VC é agora deformável o volume poderá variar no tempo, pelo que é necessário
incluir V
– na derivada temporal do lado direito da equação.
• as velocidades de entrada e saída não são necessariamente uniformes em cada secção
pelo que é preciso integrar ao longo da superfície de controlo (i.e. o segundo integral do
lado direito não é aproximado pelos fluxos uni-dimensionais como no caso da conduta)

Ainda assim, há uma terceira restrição que ainda se mantém: o facto do VC estar fixo

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Volumes de Controlo em movimento


Em alguns casos, é conveniente usar um VC móvel. A forma
da eq. 3.9 continua válida desde que a velocidade do VC seja
constante e se troque a velocidade absoluta, V, pela veloci-
dade relativa do fluido em relação ao VC em movimento, Vr :
Vr = V − VSC (3.10)
(∫ ) ∫
d d
∴ (Bsist ) = βρ dV
– + βρ (Vr · n) dA (3.11)
dt dt VC SC | {z }
normal da
velocidade
relativa
Referencial móvel (usar Vr)
Volume de controlo
Está aqui a usar-se um referencial móvel com a mesma ve-
locidade do VC, pelo que todas as velocidades do fluido têm
que ser relativas à velocidade desse referencial. Esta é a es-
tratégia recomendada para estes problemas.
Ex: o VC ao lado tem um fluxo horizontal de entrada com
velocidade Vr e dois fluxos de saída verticais.
Referencial fixo (usar V)
Note-se que, alternativamente, é possível usar um referencial fixo
Volume de controlo
mesmo com o VC em movimento. Não se recomenda contudo esta es-
tratégia
Ex: o VC ao lado tem agora um fluxo horizontal de entrada com
velocidade V e dois fluxos de saída com componente vertical
mas também horizontal com magnitude Vcar
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Simplificações comuns do TTR


Tendo visto a formulação genérica do TTR para volumes de controlo fixos (eq. 3.9) e móveis
(eq. 3.11), listam-se agora as simplificações comuns a muitos problemas:

• Se o problema for estacionário, (i.e. sem variar no tempo) a derivada temporal do VC é


zero,
(∫ ) 0∫
 :

(Bsist ) = βρ
d d
– + βρ (V · n) dA , (3.12)
dt 
dt VC
dV
SC

• Se também os fluxos de entrada e saída forem uni-dimensionais (velocidade constante e


perpendicular às secções),

d ∑ ∑ ∑ ∑
(Bsist ) = − (ṁβ) + (ṁβ) = − (ρV Aβ) + (ρV Aβ) (3.13)
dt in out in out

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Aplica-se agora o Teorema de Transporte de Reynolds a cada equação conservativa fundamental.

Conservação de Massa
• Equação conservativa: dm
=0
dt

• A propriedade genérica B neste caso é simplesmente,


dB
B=m , β= =1
dm
• Então, para um VC fixo, a equação 3.9 fica,
(∫ ) ∫
dm d
= ρ dV
– + ρ (V · n) dA = 0 (3.14)
dt dt VC SC

• Para casos estacionários com fluxos uni-dimensonais, a equação 3.13 fica

dm ∑ ∑
=− ṁ + ṁ = 0
dt in out
∑ ∑ (3.15)
=− (ρV A) + (ρV A) = 0
in out

• Para um VC móvel, basta substituir as velocidades absolutas por velocidades relativas.


Note-se que se usar caudais mássicos (ṁ) também estes têm de ser relativos.
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Exemplo 16
Considere o escoamento de um fluido in-
V•n=0
compressível numa conduta. O volume
de controlo é definido para coincidir com
V2 a conduta, com uma entrada e uma saída
de áreas arbitrárias. O caso é estacioná-
rio, não podendo haver acumulação ou
2 diminuição de massa do fluido entre as
V1
secções 1 e 2. Considera-se que o fluido
Volume de controlo
1 tem velocidade uniforme e perpendicu-
lar às secções 1 e 2.
Como o caso é estacionário e os fluxos uni-dimensionais, pode usar-se a
equação 3.15, ∑ ∑
− ṁ + ṁ = 0
in out

∴ ṁin = ṁout =⇒ ρ1 V1 A1 = ρ2 V2 A2
se o fluido for incompressível, ρ1 = ρ2 = const., pelo que,
∴ Q̇in = Q̇out =⇒ V1 A1 = V2 A2
( )2
A2 D2
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V1 = V2 ou V1 = V2 142/185
A1 D1
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Exemplo 17
Área do tanque, A t
O reservatório da figura está a ser enchido
de água por 2 entradas uni-dimensionais 1 e
ρa 2. O ar está aprisionado no topo do reserva-
tório.
• Derive uma expressão para a variação
da altura de água no reservatório
H ρw
h • Determine a taxa de variação de h, se
2
D1 = 25 mm, D2 = 75 mm,
1 V1 = 0.9 m·s−1 , V2 = 0.6 m·s−1 e
At = 0.18 m2 .
SC fixa

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Resolução do exemplo 17
Partindo do TTR para a conservação de massa num
Área do tanque, A t VC fixo, equação 3.14,
(∫ ) ∫
dm d
= ρ dV
– + ρ (V · n) dA = 0 ,
ρa dt dt VC SC

não se pode agora eliminar a derivada temporal já


que o volume de água dentro do VC está a variar no
H ρw
h tempo. Pode contudo, substituir-se o integral à volta
2 da SC pelos fluxos uni-dimensionais,
1 (∫ ) ∑ ∑
0
SC fixa
d
ρ dV
– − ṁ + 
ṁ = 0
dt VC out
in

Note-se que a quantidade de massa dentro do VC provém de 2 fluidos, água e ar. A


massa de ar contudo não varia no tempo porque o ar não pode sair,
(∫ )
 
: 0 d (∫ )
d
ρ dV
– =
d d
(ρw · At · h) +  · A
(ρa · 
(H − h)) =⇒ ρ dV
– = ρ w At
dh
dt VC dt 
dt
t
dt VC dt
∑ dh ρw V1 A1 + ρw V2 A2 Q1 + Q2
ṁ = ρw V1 A1 + ρw V2 A2 ∴ = =
| {z } | {z } dt ρw At At
in
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Exemplo 18
Ar

Um tanque cílindrico, de diâmetro Dtanque = 0.9 m, altura h0 = 1.2 m,


Água
está aberto à atmosfera e cheio de água. No instante t = 0, é aberto
um orifício de diâmetro D j = 1.3 cm, por onde a água começa a
h0
escoar. A velocidade do jato de água que se √ forma relaciona-se
h h2 com a altura de água h pela expressão V j = 2gh.
Djato
• Determine quanto tempo é necessário para que o nível de
0 água desça para metade (h = 0.6 m).
Dtanque

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Conservação de Quantidade de Movimento Linear


i.e. o somatório das forças
∑ d(mV)
• Equação conservativa: F= a atuar no VC é igual à taxa
dt
de variação da quantidade
• A propriedade genérica B neste caso é,
de movimento do fluido
dB
B = (mV) , β = =V
dm
• Então, para um VC fixo, a equação 3.9 fica,
(∫ ) ∫ ∑
d(mV) d
= ρV dV
– + ρV (V · n) dA = F (3.16)
dt dt VC SC

• Para casos estacionários com fluxos uni-dimensonais, a equação 3.13 fica

d(mV) ∑ ∑ ∑
=− ṁV + ṁV = F (3.17)
dt in out

• Para um VC móvel com velocidade constante, é preciso substituir as velocidades absolutas


por velocidades relativas e os caudais mássicos absolutos por caudais mássicos relativos

• Note-se que a equação 3.17 é vetorial (velocidades V e forças F) são vetores


Deve ser resolvida vetorialmente ou por componentes

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 19
y
Uma pá fixa deflete um jato de água de área A, se-
V gundo um ângulo θ, sem variar a magnitude da ve-
x
locidade. O escoamento é permanente, a pressão
pa
2
é igual a pa em todo o lado e o atrito na pá é des-
V prezável.
θ • Encontre as componentes F x e Fy da força
1 VC
aplicada pela pá
• Deduza expressões para a magnitude de F
em função do ângulo θ
(a

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Resolução do exemplo 19
y

x
V Partindo do TTR para a conservação de quantidade de mo-
vimento num VC fixo, para um caso permanente (derivada
pa
2
V
temporal igual a zero) e fluxos uni-dimensionais nas sec-
θ ções 1 e 2 (legítimo para um jato livre):
1 VC
d(mV) ∑ ∑ ∑
=− ṁV + ṁV = F
dt out
in
(a

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Linear:


forças mecânicas, de pressão e gravíticas
Há 3 tipos de forças a atuar sobre os
volumes de controlo:
• forças mecânicas ∑ ∑ ∑ ∑
F= Fmec + Fp + Fg
• forças de pressão
• forças gravíticas

Conservação de Quantidade de Movimento Linear: forças mecânicas


O que queremos muitas vezes saber, contudo, são apenas as forças mecânicas pelo que é
preciso subtrair as forças de pressão e as forças gravíticas ao balanço de quantidade de
movimento. Usando um caso estacionário com fluxos uni-dimensionais como exemplo,
∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Fmec + Fp + Fg = − ṁV + ṁV
| {z

} in out
F

∑ ∑ ∑ ∑ ∑
∴ Fmec = − ṁV + ṁV − Fp − Fg
in out

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Linear: forças de pressão


n prel = p – pa ∫
Fp = p(−n)dA (3.18)
n SC
pa
pa

pa
pa
recordar que as pressões são
CS
sempre compressivas, i.e. atuam
CS
fechada fechada prel = 0
sempre para dentro do VC (nas
saídas têm direção oposta à do
pa
pa
escoamento)
p rel
prel

(a) (b)

• caso (a) a pressão a atuar em toda a SC é igual pelo que F p = 0


• caso (b) é necessário somar as pressões relativas multiplicadas pelas respetivas áreas
1


+p1 · A1 +p2 · A2 · cos 40° +V1 −V2 cos 40°
Fmec + 0 + +p · A · sen 40° = −ṁ 0 +ṁ −V sen 40°
y
2 2 2
0 0 0 0
| {z }
x

F p , forças de pressão
atentar nos sinais de p2
40°
2

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Linear: forças gravíticas


As forças gravíticas são iguais ao peso do fluido dentro do VC e atuam no sentido negativo de z,


Fg = ρg dV
– , (3.19)
VC

ou simplesmente, se o escoamento for incom-


pressível,
Fg = ρg–
V (3.20)

Exemplo, para uma conduta vertical, tal como na figura,



+p1 · A1 +p2 · A2 · cos 40° 0 +V1 −V2 cos 40°
Fmec + 0 + 0 + 0 = −ṁ 0
+ṁ 0

+V2 sen 40°

0 −p2 · A2 · sen 40° −ρg–V 0
| {z

} | ∑{z } | ∑{z }| ∑
{z }
Fp Fg − (ṁV)in + (ṁV)out

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Notas sobre os sinais das forças sobre o VC, de reação e propulsoras


Note-se que a taxa de variação da quantidade de movimento linear do fluido é igual à soma
das forças a atuar sobre o volume de controlo.
• No caso abaixo, o fluido ganha quantidade de movimento para a direita ((ṁV)out > (ṁV)in ,
i.e. sinal que sai da equação 3.17
• Logo, existe uma força de reação, do fluido sobre a
Volume de controlo fixo
mangueira de igual magnitude mas para a
esquerda, i.e. sinal oposto ao da equação 3.17
• Para a mangueira estar imóvel, terá de existir uma
y
força resistente para a direita que impeça que a
mangueira tombe. i.e. de novo o sinal que sai da
x equação 3.17
• Relembra-se contudo que essa força será a soma de uma força mecânica (por parte do
tripé) e de pressão (na secção de entrada) pelo que, se se pretender apenas a força sobre
a estrutura, há que subtrair a força de pressão.
• Neste caso, também o fluido ganha de novo
V CV quantidade de movimento para a direita. Neste
caso, com o VC em movimento, Vr = V − (−VVC ).
Vr
• Na ausência de forças externas resistentes em x
(vento ou forças de arrasto), o avião é empurrado
Volume de controlo móvel para a esquerda com uma força de propulsão igual
Vr
à taxa de variação de quantidade de movimento
V CV
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x
V
dos gases nos motores a jato.
Relações Integrais em Volumes de Controlo

Fatores de Correção da Quantidade de Movimento


Até agora, os exemplos que vimos assumiram que os fluxos de entrada e saída no VC eram
uni-dimensionais, i.e. que a velocidade era uniforme e normal à SC.
Na realidade, sobretudo para escoamentos confinados por paredes sólidas (ex. conduta), a
velocidade varia dentro da secção.
r=R V Neste caso, o uso da velocidade média da conduta
para calcular ṁV introduz um erro já que a soma dos
r quadrados é diferente do quadrado da média,

2
u(r) ρ u2 dA , ρAV

x Para ultrapassar isto, é introduzido um fator de cor-


U0 reção da quantidade de movimento, β,

2
ρ u2 dA = βρAV = βṁV , (3.21)
u = 0 (sem escorregamento)
( r )m
) (
r2 Regime turbulento: u = U0 1 − , 19 ≤ m ≤ 1
5
Regime laminar: u = U0 1 − 2 R
R menor variação da velocidade na secção
maior variação da velocidade na secção
(1 + m)2 (2 + m)2
β = 4/3 (3.22) β= (3.23)
2(1 + 2m)(2 + 2m)
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 20
2 Água a 20°C escoa através de um tubo de 5 cm
de diâmetro com uma curva vertical de 180°. O
comprimento total do tubo entre as flanges 1 e
2 é de 75 cm. Quando o caudal é de 230 N·s−1 ,
as pressões absolutas são p1 = 165 kPa e p2 =
134 kPa. Desprezando o peso do tubo, mas não
o da água, determine a força total que as flan-
ges devem suportar para este escoamento. As-
suma que o escoamento é turbulento com m =
1
1/7.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Resolução do exemplo 20

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Resolução do exemplo 20

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 21

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Resolução do exemplo 21

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Resolução do exemplo 20

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Angular


∑ d(r0 × (mV))
• Equação conservativa: M0 =
dt

em que r0 é o vetor posição com origem no ponto de rotação do VC.


• A propriedade genérica B neste caso é,
dB
B = r0 × (mV) , β = = r0 × V
dm
• Para um VC fixo, a equação 3.9 fica,
(∫ ) ∫ ∑
d(r0 × (mV)) d
= ρ(r0 × V) dV
– + ρ(r0 × V) (V · n) dA = M0 (3.24)
dt dt VC SC

• Para casos estacionários com fluxos uni-dimensonais, a equação 3.13 fica

d(r0 × (mV)) ∑ ∑ ∑
=− ṁ(r0 × V) + ṁ(r0 × V) = M0 (3.25)
dt in out

• Note-se que a equação 3.25 é vetorial (velocidades V, posições r0 e momento M0 ) são


vetores). Mas como esta equação já não é facilmente decomposta em componentes,
deve ser resolvida exclusivamente de forma vetorial

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Angular


Três notas adicionais em relação à equação anterior,

• poderia ser perguntado porque é que os fatores de correção de quantidade de


movimento, β, não se aplicam também na conservação da quantidade de
movimento angular. A razão tem a ver com o facto de aqui termos um produto
vetorial com vetores r específicos de cada problema e geometria. Como tal,
também os fatores de correção da quantidade de movimento angular seriam
específicos de cada problema. Felizmente, a aproximação de fatores de
correção da quantidade de movimento angular unitários é geralmente precisa.
• Para um VC móvel com velocidade constante, é preciso substituir as
velocidades absolutas por velocidades relativas
e os caudais mássicos absolutos por caudais mássicos relativos,
d(r0 × (mV)) ∑ ∑ ∑
=− ṁr (r0 × Vr ) + ṁr (r0 × Vr ) = M0
dt out
in

• Relembrar que o produto vetorial não é comutativo, i.e. r0 × V , V × r0 ), pelo


que se deverá usar sempre r0 × V

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Quantidade de Movimento Angular:


momentos de forças mecânicas, de pressão e gravíticas
À semelhança da quantidade de mo-
vimento linear, também os momentos
podem ter origem em:
∑ ∑ ∑ ∑
• forças mecânicas M0 = Mmec + Mp + Mg
• forças de pressão
• forças gravíticas

Conservação de Quantidade de Movimento Angular: forças mecânicas


O que queremos muitas vezes saber, contudo, são apenas o momento das forças mecânicas
pelo que é preciso subtrair os outros momentos. Usando um caso estacionário com fluxos
uni-dimensionais como exemplo,
∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Mmec + Mp + Mg = − ṁ(r0 × V) + ṁ(r0 × V)
| ∑
{z } in out
M0

∑ ∑ ∑ ∑ ∑
∴ Mmec = − ṁ(r0 × V) + ṁ(r0 × V) − Mp − Mg
in out

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 22
Um tubo horizontal em curva é apoiado no ponto A e conectado a um sistema de
escoamento por duas ligações flexíveis nas secções 1 e 2. O fluido é incompressível.

A
1
h1
p1, V1, A1

h2

pa = 0
ρ = constante

V2 , A 2 , p 2

• Determine uma expressão para o momento resistente em A, em termos das


propriedades do escoamento e da geometria do sistema. Despreze o momento
provocado pelas forças gravíticas.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 23
1m
3 m/s
Água é bombeada por um tubo de 10 cm de di-
âmetro, que consiste numa secção vertical de
2 m e uma horizontal de 1 m, como mostra a fi-
gura. A água sai para a atmosfera com uma ve-
locidade média de 3 m·s−1 , e a massa da sec-
ção horizontal do tubo quando cheio de água
10 cm
2m é de 12 kg por metro de comprimento de tubo.
O tubo está ancorado ao chão numa base de
betão.
• Determine o momento defletor a atuar
na base do tubo (ponto A).
A

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

A quarta equação conservativa é a equação de energia.

Conservação de Energia
• Equação conservativa: dE dQ dW
= −
dt dt dt
onde
• dQ/dt é a taxa de transferência de calor: > 0 se o calor for transferido para o fluido.
• dW/dt é a taxa de trabalho: > 0 se o trabalho for efetuado pelo fluido
• A propriedade genérica B neste caso é agora,
dB
B=E , β= =e
dm
• Então, para um VC fixo, a equação 3.9 fica,
(∫ ) ∫
dE d dQ dW
= ρe dV
– + ρe (V · n) dA = − (3.26)
dt dt VC SC dt dt

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Energia
• Relembra-se (ver Introdução) que a energia total de um fluido é igual à soma das energias
interna, cinética e potencial, ou seja, por unidade de massa,
V2
etot = û + + gz
2
• A energia do fluido pode ser aumentada por transferência de calor para o fluido ou por
trabalho feito sobre o fluido por máquinas como bombas, ventiladores e compressores
(genericamente designadas por ’bombas’ doravante)
• E pode ser diminuída por extração de calor do fluido ou por trabalho feito pelo fluido em
turbinas, moinhos (genericamente designadas por ’turbinas’ doravante)

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 166/185


Relações Integrais em Volumes de Controlo

Conservação de Energia
• Podem existir várias contribuições para o taxa de trabalho total,
dW
= Ẇtot = Ẇveio + Ẇpressão + Ẇviscosas + Ẇoutras , unidades [J · s−1 = W] (3.27)
dt

• Ẇveio é a taxa de trabalho feito por bombas e turbinas, usando-se o termo veio porque a
maioria das máquinas de fluxo tem um veio rotativo
• Ẇpressão é a taxa de trabalho feito por forças de pressão na SC,
• Ẇviscosas é a taxa de trabalho feito pelas componentes normais e tangenciais das forças
viscosas na SC,
• Ẇoutras é a taxa de trabalho feito por outras forças, sejam elétricas, magnéticas ou a tensão
superficial, geralmente desprezáveis e não consideradas aqui.

Trabalho de forças viscosas, Ẇviscosas


• Este termo representa a taxa de trabalho das componentes normais e tangenciais das
forças viscosas. Nas superfícies sólidas imóveis coincidentes com a SC, a velocidade é zero
pelo que Ẇviscosas = 0 aí. Nas entradas e saídas de fluido no VC, a velocidade é
essencialmente perpendicular à SC, as tensões viscosas são normais e de magnitude
baixa, pelo que este termo é desprezado.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Trabalho de máquinas de fluxo, Ẇveio


• O trabalho transmitido por um veio em rotação é proporcional ao binário, T , e à
velocidade angular de rotação da bomba ou turbina, ω em rad·s−1 (ou n em rpm)
2πn
Ẇveio = ωT = T (3.28)
60
• O trabalho feito por uma bomba num fluido vai provocar um aumento de energia sob a
forma de pressão (e/ou energia cinética, se as tomadas de entrada e saída da bomba
tiverem áreas diferentes).
• De forma análoga, uma turbina extrai energia de um fluido provocando uma queda da
pressão e eventual variação na energia cinética.

Trabalho de forças de pressão, Ẇpressão


• Apenas as pressões a atuar na superfície de controlo, SC, efetuam trabalho, as forças de
pressão internas anulam-se umas às outras:

Ẇpressão,out = + p (V · n) dA , (3.29)
SC

em que o sinal positivo segue a convenção do trabalho ser positivo quando é feito pelo
fluido.
• Relembra-se que as pressões na SC atuam sempre na perpendicular a SC, apontando para
dentro do VC.
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de conservação de energia para VC fixo e fluxos uniformes


• Somando os termos do trabalho das máquinas de fluxo e forças de pressão na equação de
conservação de energia, eq. 3.26,
(∫ ) ∫
dE d
= ρe dV– + ρe (V · n) dA = Q̇in − Ẇveio, out − Ẇpressão,out
dt dt VC | {z }
| {z } |SC {z } taxa de transferência
taxa de fluxo de energia para dentro do
variação da de energia VC por transferência de calor
energia que atravessa dQ dW
dentro do VC a superfície do VC e trabalho= −
dt dt

• Substituindo o integral da taxa de trabalho das forças de pressão, eq. 3.29, e fatorizando ρ,
(∫ ) ∫ ( )
d p
Q̇in − Ẇveio, out = ρe dV
– + ρ + e (V · n) dA (3.30)
dt VC SC ρ

• Considerando a pressão e energia uniformes em cada fluxo de entrada e saída do VC, pode
aproximar-se
∫ o integral de superfície por fluxos de energia usando o caudal mássico
(ṁ = ρ(V · n) dA) e velocidades médias. Notando ainda que e = û + V 2 /2 + gz e que a
entalpia específica é ĥ = p/ρ + û,
p p
+ e = + û + V 2 /2 + gz = ĥ + V 2 /2 + gz
ρ ρ

• Logo, a equação acima simplifica para,


(∫ ) ∑ ( ) ∑ ( )
d V2 V2
Q̇in − Ẇveio, out = ρe dV
– + ṁ ĥ + + gz − ṁ ĥ + + gz (3.31)
dt VC out
2 2
in
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de conservação de energia para casos estacionários


• Para casos estacionários (também chamados permanentes), a derivada temporal na
eq. 3.31 desaparece,
∑ ( V2
) ∑ (
V2
)
Q̇in − Ẇveio, out = ṁ ĥ + + gz − ṁ ĥ + + gz (3.32)
out
2 2
in
2
V1
(
m h1 +
2
+ gz1 )
• Mais ainda, muitos casos têm apenas uma entrada (1) e
In
uma saída (2), como na figura. Nesse caso, e dividindo
1 Volume
desde já a equação por ṁ, de controlo
fixo
− V22 V12
qin − wveio, out = ĥ2 − ĥ1 + + g(z2 − z1 ) (3.33)
2
onde q e w são calor transferido e trabalho realizado por 2 Qnet in - Wveio, out
unidade de massa. 2 Out
V2
(
m h2 +
2 )
+ gz2

• Fazendo outra vez uso da definição de entalpia específica, ĥ = û + p/ρ, obtém-se por
manipulação da equação anterior,

p1 V12 p2 V22
+ + gz1 = + + gz2 + (û2 − û1 − qin ) + wveio, out unidades [J · kg−1 ] (3.34)
ρ1 2 ρ2 2 | {z } | {z }
| {z } | {z } energia energia
energia energia mecânica mecânica
mecânica mecânica perdida extraída−
inicial final injetada
por máquinas
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de conservação de energia para casos estacionários


Algumas notas sobre a equação anterior que aqui se repete,

p1 V12 p2 V22
+ + gz1 = + + gz2 + (û2 − û1 − qin ) + wveio, out unidades [J · kg−1 ] (3.35)
ρ1 2 ρ2 2 | {z } | {z }
| {z } | {z } energia energia
energia energia mecânica mecânica
mecânica mecânica perdida extraída−
inicial final injetada
por máquinas
de fluxo

• No caso de um escoamento idealizado, sem perdas por fricção, û2 − û1 = qin , i.e. a energia
interna do fluido aumentaria à mesma taxa do calor transferido para o fluido e o termo
das perdas seria nulo.
• Quando há fricção (num escoamento real, p.ex. entre um fluido e as paredes de uma
conduta), há uma conversão irreversível de energia mecânica em energia térmica, que leva
a um aumento da energia interna do fluido (û2 − û1 > qin ) o que representa uma perda
irreversível de energia mecânica.
• Note-se que o último termo, wveio, out , representa o trabalho feito por turbinas e bombas,
sendo positivo quando há extração de energia por turbinas e negativo quando há injeção
de energia por bombas de acordo com a conveção de sinais que usámos.
wveio, out = wt − wb (3.36)
onde t designa turbinas e b bombas.
Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 171/185
Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de conservação de energia para casos estacionários em Pa

• Para um fluido incompressível, ρ1 = ρ2 = ρ, a equação 3.35 é frequentemente expressa sob


a forma de pressão, multiplicando pela massa volúmica, ρ,

1 2 1
p1 + ρV + ρgz1 = p2 + ρV22 + ρgz2 + pperdas + pturbinas − pbombas unidades [Pa] (3.37)
2 1 2

Equação de conservação de energia para casos estacionários em metros

• Frequente também é usar a equação de energia em metros de coluna de fluido, o que se


obtém divididindo a equação anterior (pressão) pelo peso específico (γ = ρg), relembrando
p = ρgh,

p1 V12 p2 V22
+ + z1 = + + z2 + h p + ht − h unidades [m] (3.38)
ρg 2g ρg 2g | {z } |{z}b
extração injeção
de energia de energia
do fluido no fluido

onde os subscritos p, t e b designam perdas, turbinas e bombas, respetivamente.


Esta é a forma da equação de energia que mais frequentemente usaremos.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 172/185


Relações Integrais em Volumes de Controlo

Notas sobre a equação de conservação de energia para casos estacionários


• Há quem prefira trabalhar com todos os termos positivos, o que pode ser mais intuitivo
para algumas pessoas,

p1 V12 p2 V22
+ + z 1 + hb = + + z2 + h p + ht unidades [m]
ρg 2g ρg 2g
| {z } | {z }
energia inicial do fluido no ponto 1 energia final do fluido no ponto 2
mais energia injetada por bombas mais a energia extraída por
entre os pontos 1 e 2 perdas e turbinas entre os pontos 1 e 2

• Em alguns livros e unidades curriculares (ex. MFLUX), há quem use a nomenclatura j em


vez de h para a energia sob a forma de altura de coluna de fluido.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Notas sobre potência e eficiência de turbinas e bombas


• Para determinarmos a potência hidráulica que uma bomba [ou turbina] está a fornecer [ou
extrair] ao fluido, é preciso converter a energia sob a forma de coluna de fluido, hb ou ht
[m], em potência, Pb ou Pt [W]. Isso faz-se notando que potência é igual a pressão vezes
caudal volúmico,
Pb = ρghb ·Q e Pt = ρght ·Q (3.39)
|{z} |{z}
pb pt
[
]   [ ] [ ]
kg [ m ] 
 m3 
[W] = [m] ·   = [N] m = J = [W]
s 
m3 s
2
 s s

• Pb e Pt são as potências hidráulicas (fornecidas e extraídas do fluido). Para determinar a


potência de acionamento da bomba ou a potência elétrica que o gerador acoplado à
turbina produz é preciso usar a eficiência da bomba e do par turbina+gerador,
potência hidráulica fornecida pela bomba, Pb
bombas: ηb =
potência de acionamento da bomba
(3.40)
potência elétrica produzida pelo gerador
turbinas: ηt =
potência hidráulica extraída pela turbina, Pt
em que ηb é a eficiência da bomba e ηt é a eficiência conjunta de turbina e gerador.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 174/185


Relações Integrais em Volumes de Controlo

Fatores de Correção da Energia Cinética


À semelhança dos fatores de correção de quantidade de movimento linear, β, também a
energia cinética requer um fator de correção para corrigir o facto de que se usa a velocidade
média para estimar a energia cinética de um fluido cuja velocidade varia numa determinada
secção.
r=R V No caso da energia cinética, a velocidade média
aparece ao cubo (uma vez, implicitamente, no cau-
r dal mássico e ao quadrado no termo cinético ele
u(r) próprio). Como tal, os fatores de correção da ener-
gia cinética (que designamos de α), têm maior mag-
nitude do que os da quantidade de movimento li-
x near, β. São determinados a partir de,
U0 ( ) ( )

1 1 3 1 2
ρ u3 dA = α ρAV = α ṁV , (3.41)
2 2 2

u = 0 (sem escorregamento)
( r )m
) ( Regime turbulento: u = U0 1 − , 19 ≤ m ≤ 1
r2 R 5
Regime laminar: u = U0 1 − 2
R menor variação da velocidade na secção
maior variação da velocidade na secção
(1 + m)3 (2 + m)3
α= (3.43)
α=2 (3.42) 4(1 + 3m)(2 + 3m)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 24
Secção (1)

Volume de
Água controlo Considere uma queda de água com
uma altura de 152 m. Assuma que os
dois reservatórios são de grande di-
mensão.

152 m
• Determine a temperatura da
Secção (2) água no reservatório inferior
sabendo que está a 15°C no
reservatório superior.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 176/185


Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 25
1
z1 = 100 m Uma central hidroelétrica recebe 30 m3 ·s−1
Água
através da turbina e descarrega para a atmos-
30 m 3/s fera com V2 = 2 m·s−1 . A perda de carga no sis-
tema de condutas e na turbina é h p = 20 m.
• Pressupondo um escoamento turbulento
z2 = 0 m com m = 1/7, calcule a potência extraída
2 m/s
pela turbina.
Turbina

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 177/185


Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 26
A bomba da figura fornece 85 ℓ·s−1 de
p1 = 101350 Pa (abs) Máquina água para uma máquina na secção 2,
2 D = 75 mm
2
que está 6 m acima da superfície do re-
1 z2 = 6 m
z1 = 0
p2 = 68950 Pa (abs)
servatório. As perdas entre 1 e 2 são
dadas por h p = K V 2 /(2g) onde K = 7.5
é um coeficiente adimensional de per-
Água Bomba
das. Considere um coeficiente de cor-
hb
reção de energia cinética α = 1.07.

• Encontre a potência (em hp) de acionamento da bomba se o seu rendimento


for de 80%.

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de Bernoulli
• Uma equação com semelhanças com a equação de energia em regime estacionário que
derivámos, é a equação de Bernoulli. A equação de Bernoulli pode ser vista como uma
aproximação à equação de energia, quando as seguintes restrições se apliquem entre dois
pontos 1 e 2 que se esteja a analisar:
• escoamento sem perdas (pperdas = 0) por atrito,
• ausência de transferência de calor de ou para o fluido,
• ausência de trabalho injetado por bombas ou extraído por turbinas,
• escoamento ao longo de uma linha de corrente
(i.e. a mesma parcela de fluido passa pelos pontos 1 e 2)
• regime permanente
• escoamento incompressível

• Estas restrições implicam que não poderá haver mudança na energia interna do fluido,
mas que apenas há variações na pressão, energia cinética e energia potencial
• Como tal, a equação de energia 3.37 perde os 3 últimos termos do lado direito.
A equação de Bernoulli fica,

1 2 1
p1 + ρV + ρgz1 = p2 + ρV22 + ρgz2 unidades [Pa] (3.44)
2 1 2

Apesar de geralmente a equação de Bernoulli ser escrita em Pa, pode naturalmente ser
convertida em m ou J·kg−1 , à semelhança da equação de energia.
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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de Bernoulli
2'

Válido
Válido, mas
Válido nova constante Válido, mas
1' nova constante
1 2 1' 2'
Válido
Válido 2
1
Inválido
Inválido
Inválido
1 2 1
p1 + ρV + ρgz1 = p2 + ρV22 + ρgz2 unidades [Pa]
2 1 2

• a equação de Bernoulli não é portanto aplicável nas zonas próximas de superfícies sólidas
onde a fricção se faz sentir (zonas azuis nas figuras)
• também não é válida entre áreas do escoamento onde haja transferência de calor ou
trabalho (de ou para o fluido), mas poderá ser aplicada entre 2 pontos antes da injeção ou
extração de energia (pontos 1 e 2 nas figuras) e entre 2 pontos depois da injeção ou
extração de energia (pontos 1’ e 2’), i.e.
1 1 1 1
p1 + ρV12 + ρgz1 = p2 + ρV22 + ρgz2 e p1′ + ρV12′ + ρgz1′ = p2′ + ρV22′ + ρgz2′
2 2 2 2

1 2 1
Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt mas p1 + ρV + ρgz1 , p1′ + ρV12′ + ρgz1′ 180/185
2 1 2
Relações Integrais em Volumes de Controlo

Equação de Bernoulli

• a equação de Bernoulli afirma que a soma de energia mecânica do fluido (armazenada sob
a forma de pressão, energia cinética e energia potencial) permance igual ao longo da
mesma linha de corrente, podendo haver trocas entre as 3 parcelas, como mostra a figura

Linha de energia
Equação de Bernoulli em [m],
V22
2g
V 12 p1 V12 p2 V22
+ + z1 = + + z2 = const.
2g ρg 2g ρg 2g
p2
ρg No caso da figura, entre 1 e 2 há
• aumento da energia
potencial, z2 > z1
p1 Altura da
ρg
2 "constante" • diminuição da energia
da eq. Bernoulli
cinética, V2 < V1 porque
A2 > A1
z2
• consequente ajuste da
z1 1 pressão
p2 p1 V12 − V22
= + + z1 − z2
ρg ρg 2g
Datum arbitrário ( z = 0)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exemplo 27
V12
2g
Linha de energia
1

V1

Linha piezométrica Encontre uma relação entre o nível de


fluido h e a velocidade do jato V. (cf.
h = z1 – z2
exemplo 18).

V2
Jato livre:
p2 = pa
2

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Sumário.

• Conceito de volume de controlo e superfície de controlo


• Calcular caudais mássicos e volúmicos para fluxos arbitrários e
uni-dimensionais ṁ = ρV A , Q = V A
• Compreender o Teorema de Transporte de Reynolds nas suas formulações para
• casos transientes,
• para volumes de controlo deformáveis,
• para volumes de controlo em movimento com velocidade constante,

d d (∫ ) ∫
(Bsist ) = VC
βρ dV
– + SC βρ (Vr · n) dA
dt dt
• Conhecer as simplificações comuns do TTR para casos estacionários e com
fluxos uni-dimensionais.
d ∑ ∑ ∑ ∑
(Bsist ) = − (ṁβ) + (ṁβ) = − (ρV Aβ) + (ρV Aβ)
dt in out in out

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Sumário.

• Saber aplicar o TTR à equação de conservação de massa para casos transientes


e com fluxos arbitrários
(∫ ) ∫
dm
dt = d
dt VC
ρ d –
V + SC ρ (V · n) dA = 0
• Saber aplicar o TTR à equação de conservação de massa para casos
estacionários e com fluxos uni-dimensionais
dm ∑ ∑
= − ṁ + ṁ = 0
dt in out

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Sumário.

• Saber aplicar o TTR à equação de


conservação de quantidade de movimento linear
• Calcular forças de fluidos sobre superfícies sólidas
• Calcular forças de superfícies sólidas sobre os fluidos
• Calcular forças de propulsão
• Distinguir o efeito de forças mecânicas, de forças de pressão e forças gravíticas
∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Fmec + Fp + Fg = − ṁV + ṁV
| {z

} in out
F

• Saber aplicar o TTR à equação de


conservação de quantidade de movimento angular
• Calcular momentos de fluidos sobre VCs
• Calcular momentos resistentes para impor mudança de QMA aos fluidos
• Contabilizar momentos devido à pressão e forças gravíticas
∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Mmec + Mp + Mg = − ṁ(r0 × V) + ṁ(r0 × V)
| {z

} in out
M0

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Sumário.

• Saber aplicar o TTR à equação de conservação de energia

p1 V12 p2 V22
+ + gz1 = + + gz2 + (û2 − û1 − qin ) + wveio, out
ρ 2 ρ 2 | {z } | {z }
| 1 {z } | 2 {z } energia energia
energia energia mecânica mecânica
mecânica mecânica perdida extraída−
inicial final injetada
por máquinas
de fluxo

• Contabilizar perdas de carga


• Determinar potências de máquinas de fluxo (bombas e turbinas)
• Rendimento, potência hidráulica e potência de acionamento

p1 V12 p2 V22
+ + z1 = + + z2 + h p + ht − h
ρg 2g ρg 2g | {z } |{z}b
extração injeção
de energia de energia
do fluido no fluido

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Sumário.

• Distinguir a equação de Bernoulli da equação de energia

1 1
p1 + ρV12 + ρgz1 = p2 + ρV22 + ρgz2
2 2
• Condições sob as quais a equação de Bernoulli pode ser aplicada
• Saber usar a equação de Bernoulli para determinar energia sob a forma de
pressão, energia cinética ou energia potencial a partir das restantes parcelas

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exercício de Exame: 9 de julho de 2015


Água (ρ = 998 kg·m−3 ) em circulação
num tubo horizontal de 30 cm de diâ-
metro e pressão relativa de 300 kPa en-
tra numa secção de redução com curva a
90°, ligando-se depois a um tubo vertical
de 15 cm de diâmetro, como represen-
tado na figura. A entrada da curva situa-
se 50 cm acima da saída, onde a pressão
relativa da água é de 117 kPa. Despre-
zando efeitos de atrito e gravitacionais,
determine a força resultante (magnitude
e direção) exercida pela água na secção
de redução (β = 1). (5 valores)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exercício de Exame: 1 de julho de 2014

Considere o sistema da figura que é usado para produzir, a partir de um jato de


água (1000 kg·m−3 ), uma força de +50 N na direção x sobre a placa estacionária. Se
o caudal mássico for de 1.5 kg·s−1 e D = 5 cm, determine o diâmetro d da ponteira
assim como a força que os parafusos devem suportar para fixar a ponteira à
conduta. Despreze as perdas (quer de fricção quer localizadas). (6 valores)

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Relações Integrais em Volumes de Controlo

Exercício de Exame: 18 de julho de 2017


Um escoamento de água (1000 kg·m−3 )
com Q1 = 10 m3 ·h−1 é dividido em duas
partes, fluindo 65% pela secção 2 e 35%
pela secção 3. Em cada uma das três sec-
ções, 1, 2 e 3, existem acoplamentos fle-
xíveis e sabe-se que p1 = 2500 Pa (ma-
nométrica) e d1 = d2 = d3 = 3 cm. To-
mando como referência o ponto O, as-
sinalado na figura, as coordenadas (x, y)
dos centros das três secções são (-0.30,
0) m, (0.35, 0.20) m e (-0.25, -0.20) m para
as secções 1, 2 e 3, respetivamente. De-
termine o momento produzido pelo es-
coamento no ponto O.

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