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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
DISCIPLINA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E PESQUISA PARA
ALUNOS DO ENSINO MÉDIO – UMA PROPOSTA.

Autora: Andréia Viviane Santana Grochoski1

Orientador: Luiz Antônio Bastos Bernardes2

Resumo:

Este trabalho trata da elaboração de uma proposta de implantação da disciplina de Iniciação


Científica e Pesquisa para alunos do Ensino Médio Inovador, fundamentada pela teoria da
Aprendizagem Significativa, em uma abordagem Vygotskiana. Nesta proposta, os alunos foram
orientados pela professora PDE no estudo e pesquisa de três temas: Unidades de medida e ordens
de grandeza; Temperatura, calor e transferência de calor; Fenômenos luminosos – definições e
algumas aplicações. As atividades relacionadas a esses temas estão apresentadas em um Caderno
Pedagógico e foram desenvolvidas por vinte e um alunos e alunas de primeira e segunda série do
Ensino Médio, no Colégio Estadual “Arthur da Costa e Silva” de Ivaí-PR, durante o primeiro semestre
de 2014. Nesse mesmo período, o Caderno Pedagógico também foi apresentado no GTR para
quinze professores da rede pública do Estado do Paraná. No Estado do Paraná, a disciplina de
Iniciação Científica e Pesquisa para alunos do Ensino Médio Inovador começou a ser implantada no
segundo semestre de 2012. Através dessa disciplina, espera-se que seja despertado nos alunos e
professores da rede pública de ensino o interesse e o gosto pela pesquisa científica.

Palavras chave: Iniciação Científica. Caderno Pedagógico. Ensino Médio Inovador.

1- Licenciada em Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.


2- Professor Associado ao Departamento de Física da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
Introdução:

Desde 2004, a disciplina de Iniciação Cientifica passou a integrar a grade


curricular dos cursos de licenciatura em Física, evidenciando que é importante para
um professor do Ensino Médio aprender os princípios básicos da pesquisa científica
e saber orientar seus alunos nas atividades próprias de um pesquisador.

Por outro lado, desde o ano de 2006, devido à norma específica NR


017/2006, foi instituído pelo CNPq (PIBIC-EM), em nível federal, o Programa de
Iniciação Científica Júnior. Nesse programa, o aluno do Ensino Médio tem o seu
primeiro contato com as atividades de Iniciação Científica, nas dependências da
Universidade, contando com a orientação de um professor universitário. Esse
Programa tem incentivado muitos alunos do Ensino Médio a procurarem a
Universidade como um lugar apropriado para se ter uma boa formação científica,
com o objetivo de se tornarem futuros pesquisadores que irão contribuir para o
desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia em nosso país.

Também é importante destacar que o Ensino Médio, nos últimos anos, vem
sendo objeto de estudo por parte dos órgãos governamentais que decidem as
políticas educacionais em nosso país. No Estado do Paraná, tem ocorrido uma
grande modificação na grade curricular do Ensino Médio com o objetivo principal de
diminuir a evasão de alunos, principalmente do turno noturno. Procurando seguir as
modificações que têm sido propostas até agora, o Colégio Estadual “Arthur da Costa
e Silva” da cidade de Ivaí-PR, no qual tenho atuado como professora de Física nos
últimos treze anos alterou a grade curricular de todas as séries e a forma de
distribuição das disciplinas no decorrer do ano letivo.

Até o ano de 2008, a disciplina de Física era trabalhada em todas as três


séries do Ensino Médio de forma anual, com duas horas-aula semanais, nas grades
curriculares vigentes antes das modificações propostas. Depois de aceita a proposta
de mudança da grade curricular pelo Colegiado do Colégio já mencionado, a partir
de 2009 ocorreram várias mudanças. Devido a essas mudanças, a disciplina de
Física passou a integrar o Bloco um (1), composto pelas disciplinas de Matemática,
Geografia, Arte, Sociologia e Química. Desse modo, a disciplina de Física passou a
ser ministrada, semestralmente, em quatro horas-aula semanais, o que possibilitou
uma melhor aproximação da professora de Física com os professores de áreas
afins. Essa aproximação tem contribuído para que conteúdos interdisciplinares
sejam trabalhados de uma maneira mais correta e eficiente nas aulas de Física.

No ano de 2010, o Colégio Arthur passou a receber do governo federal


incentivo financeiro em forma de materiais, já adquiridos, para a implantação de
disciplinas do Ensino Médio Inovador. No entanto, somente no ano de 2011 a
Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED- PR) enviou uma proposta de
implantação de novas disciplinas optativas no contra turno. Em 2012, a SEED-PR
determinou que, entre as novas disciplinas optativas que seriam ofertadas, uma
delas deveria ser necessariamente a disciplina de Iniciação Científica e Pesquisa.

Na proposta enviada pela SEED-PR, na disciplina Iniciação Científica e


Pesquisa deverão ser desenvolvidos experimentos que propiciem a melhor
compreensão de conceitos teóricos e processos empíricos, principalmente nas áreas
de Física, Química e Biologia. Os experimentos devem ser inspirados por situações-
problema encontradas nas áreas já citadas. As principais metas dessa disciplina são
as seguintes: desenvolver nos alunos do Ensino Médio o gosto pela pesquisa
científica; melhorar o desempenho desses alunos nas disciplinas de Física, Química
e Biologia; montar laboratórios adequados nas escolas públicas para que seus
alunos se iniciem nas atividades de pesquisa científica; realizar mostras dos
experimentos desenvolvidos nas atividades da disciplina para a comunidade em
geral.

Pelo exposto acima, a diretoria do Colégio Arthur concluiu que a disciplina de


Iniciação Científica e Pesquisa devem ser ministradas, preferencialmente, por
professores que se enquadram no perfil de professor pesquisador e que tenham
interesse pela pesquisa científica em Física, Química ou Biologia. Como me
enquadro nesse perfil, fui escolhida como uma das professoras que deveria assumir
a responsabilidade de ministrar essa disciplina. Ao mesmo tempo, em 2013 foi-me
dada a oportunidade de participar do PDE. Assim, decidi elaborar como meu projeto
de PDE uma proposta de planejamento e implantação da disciplina Iniciação
Científica e Pesquisa, no Ensino Médio Inovador.
Desenvolvimento:

Tendo em vista o que foi colocado na Introdução, este projeto de pesquisa


teve como questão norteadora a seguinte problematização: Como planejar e
ministrar a disciplina de Iniciação Científica e Pesquisa no Ensino Médio Inovador?
Desse modo, este projeto teve como objetivo geral formular uma proposta de
planejamento e implementação da disciplina de Iniciação Científica e Pesquisa para
alunos do Ensino Médio.

Para a concretização do projeto, elaboramos e utilizamos em uma turma do


Ensino Médio um caderno pedagógico, o qual contém um referencial para o estudo
dos temas, divididos em unidades, sendo que a unidade um trata das Unidades de
Medidas e Ordens de Grandeza, a segunda unidade da Temperatura, Calor e
transferência de calor e a unidade três trata dos Fenômenos luminosos – Definições
e algumas aplicações.

As leituras e as atividades sugeridas no caderno pedagógico fizeram parte


das estratégias de ação utilizadas para a implementação do projeto de intervenção
pedagógica no colégio. O projeto de pesquisa e o material didático-pedagógico
foram apresentados primeiramente à equipe pedagógica e aos professores do
Colégio Estadual “Arthur da Costa e Silva”, localizado no município de Ivaí – PR,
para ser iniciado no primeiro semestre do ano de 2014. Essa apresentação foi
realizada durante uma reunião da primeira semana pedagógica do ano. Durante
essa reunião, o projeto, após várias discussões e questionamentos, foi aprovado
pelos membros da comunidade escolar (professores, pais, funcionários, pedagogos
e membros da direção).

Em seguida, a professora PDE percorreu as turmas de primeira e segunda


série do Ensino Médio, turno matutino, apresentando a nova disciplina optativa e
convidando os alunos e as alunas para participarem do projeto, todas as sextas-
feiras, no período da tarde. No primeiro encontro realizado, a professora PDE
apresentou a proposta da disciplina, a metodologia de trabalho e o critério da
avaliação. Após esse primeiro encontro, cada aluno levou para conhecimento dos
seus responsáveis um termo de inscrição para a disciplina. Na aula seguinte, esse
termo foi entregue à professora PDE, e, para comemorar a adesão dos alunos,
alunas e seus familiares ao projeto, foi realizada uma confraternização entre alunos
e alunas, professoras e professores, e a equipe pedagógica do colégio. Abaixo, na
figura 1, mostramos duas fotos dessa confraternização.

Figura 1: Foto da autora. Confraternização realizada no primeiro encontro.

Os outros encontros seguiram a sequência das atividades propostas pelo


caderno pedagógico, com leituras, pesquisas em sites preestabelecidos, realização
de experimentos e a confecção de materiais para apresentação de atividades
extraclasse. Todas as atividades foram orientadas pela professora PDE, usando os
recursos do colégio, em especial os laboratórios de informática e de ciência. Entre
as atividades propostas estão o desenvolvimento de experimentos, em que cada
grupo realizou atividades direcionadas dentro da sua temática de estudo. A figura 2
apresenta uma foto na qual os alunos do grupo um fazem uma atividade
experimental relacionadas com medidas de massas.
Figura 2: Foto da autora. Alunas e um aluno do grupo um fazendo atividade experimental de medidas
de massa.

Durante a realização da atividade fotografada, as alunas e os alunos


confeccionaram um bolo usando as medidas propostas por uma receita dada em
xícaras e colheres. As medidas foram convertidas em gramas e quilogramas, com o
auxilio dos equipamentos de medida do laboratório de ciências do colégio. O grupo
com a temática dois realizou experimentos de verificação das formas de
transferência de calor, pesquisou e confeccionou um modelo de aquecedor solar
usando tubos plásticos e lata de alumino pintada de preto, como mostrado na figura
3 abaixo.

Figura 3: Fotos da autora. A primeira foto mostra o material usado na confecção do modelo de
aquecedor. A segunda foto mostra alunas e alunos do grupo dois preparando as latas para a
confecção do modelo de aquecedor.
O grupo três, além de realizar as leituras e atividades propostas, também
confeccionou e apresentou uma atividade extraclasse, intitulada “Teatro de
Sombras”, na qual os alunos apresentaram a crianças da Educação Infantil duas
estórias infantis usando sombras. As figuras 4, 5 e 6 apresentam fotos dessa
atividade.

Figura 4: Foto da autora. As meninas do grupo três segurando as figuras usadas no “Teatro de
Sombras”, ao lado da caixa utilizada na apresentação.
Figura 5: Foto da autora. Uma aluna do grupo três mostra a formação de sombras atrás de um
anteparo iluminado por uma lâmpada.

Figura 6: Foto da autora. Apresentação do “Teatro de Sombras” para crianças da Educação Infantil.
A primeira meta estabelecida para a disciplina de Iniciação Científica e
Pesquisa foi a de desenvolver experimentos que propiciem a melhor compreensão
de conceitos teóricos e processos empíricos na área de Física. Esses experimentos
foram planejados e executados durante a etapa de implementação do Projeto, como
se pode observar nas fotos já descritas.

A segunda meta estabelecida foi a de desenvolver nos alunos do Ensino


Médio o gosto pela pesquisa científica, para melhorar o desempenho desses alunos
na disciplina de Física, em particular, e nas outras disciplinas de Ciência. Essa meta
foi atendida, pois todos os alunos e alunas que participaram do Projeto foram
aprovados no semestre. Verificou-se que todos os que participaram do Projeto
tiveram boas notas, tanto na disciplina de Física, como nas outras do bloco dois
(Matemática, Química. Geografia, Arte e Sociologia). Até mesmo um aluno que
estava fazendo o bloco dois, pela segunda vez, foi aprovado, e seu êxito foi elogiado
pelos professores das outras disciplinas.

A terceira meta foi a de montar laboratórios nas escolas públicas, adequados


para que seus alunos se iniciem nas atividades de pesquisa. Esta meta não foi
cumprida, devido à falta de recursos e orientação para sua realização. No entanto,
ao interagir com o professor orientador do PDE, Professor Doutor Luiz Antônio
Bastos Bernardes, que é o coordenador do Projeto de Extensão “Física - da
Universidade à Comunidade”, no Departamento de Física da Universidade Estadual
de Ponta Grossa, ele propôs que num futuro próximo esta meta poderia ser atingida.
De acordo com o professor orientador, a equipe do Projeto de Extensão já
mencionado poderia se encarregar de montar experimentos de Física, para o Ensino
Médio, no laboratório de Ciências do Colégio Estadual “Arthur da Costa e Silva”, na
cidade de Ivaí-PR, no ano de 2015.

A quarta meta corresponde à realização de mostras dos experimentos


desenvolvidos nas atividades da disciplina para a comunidade em geral. Essa meta
foi atendida, pois um dos experimentos desenvolvidos no Projeto, “Medidas de
Massa”, o qual foi apresentado na III Feira de Ciências dos Campos Gerais, em 17
de outubro de 2014, no Campus de Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, em Ponta Grossa - PR,conforme figura 7.
Figura 7: Alunas e aluno do Colégio Arthur de Ivaí – PR apresentando o experimento sobre “Medidas
de Massa” na III Feira de Ciências dos Campos Gerais.

No mesmo período em que ocorria a implementação do Projeto, os professores de


Física inscritos no GTR (Grupo de Trabalho em Rede), do Estado do Paraná,
analisaram e comentaram o Projeto e o Caderno Pedagógico. Os professores
demonstraram muito interesse pelas atividades executadas e contribuíram com o
envio de mais atividades experimentais. Essas atividades enviadas são normalmente
realizadas por esses professores em suas práticas pedagógicas, relacionadas com
as temáticas propostas no Caderno Pedagógico.

A tentativa de tornar os professores da Rede Estadual de Ensino do Estado


do Paraná em pesquisadores de sua própria prática educacional está de acordo com
o que sugere o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, um Programa de
Estado desenvolvido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED-
PR), que segue os seguintes pressupostos:
a) reconhecimento dos professores como produtores de conhecimento
sobre o processo ensino-aprendizagem; b) organização de um programa de
formação continuada atento às reais necessidades de enfrentamento de
problemas ainda presentes nas escolas de Educação Básica; c) superação
do modelo de formação continuada concebido de forma homogênea e
descontínua; d) organização de um programa de formação continuada
integrado com as instituições de ensino superior; e) criação de condições
efetivas, no interior da escola, para o debate e promoção de espaços para a
construção coletiva do saber.
(Programa de Desenvolvimento Educacional – versão 2013)

Para (DEMO, 1997), o professor conquista espaço acadêmico quando possui


atitudes de pesquisador, transformando, desta maneira, a sala de aula em um
laboratório de pesquisa:

“Professor é quem, tendo conquistado espaço acadêmico próprio através da


produção, tem condições e bagagem para transmitir via ensino. Não se
atribui a função de professor a alguém que não é basicamente pesquisador”

(Demo 1997, p.15)

Nos últimos anos, várias universidades têm procurado fornecer a seus alunos
de Licenciatura em Física formação em Metodologia Científica e oportunidades de
realizar Iniciação Científica na área de Ensino de Física, com o objetivo de prepará-
los como verdadeiros professores pesquisadores. Por exemplo, a Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apresenta na Grade Curricular do Curso de
Licenciatura em Física as disciplinas de Iniciação Científica I e II. Essas disciplinas
têm os seguintes objetivos principais: formar professores de Física em condições de
discutir o atual desenvolvimento científico e tecnológico e que sejam capazes de
formular hipóteses, julgamentos e análises de resultados relacionados a fenômenos
físicos.
Por outro lado, na última década, o MEC ( Ministério da Educação e Cultura)
tem implantado programas de Iniciação Científica para alunos do Ensino Médio. De
acordo com o portal oficial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), estudantes do Ensino Médio de escolas públicas regulares,
militares, técnicas e privadas já podem se inscrever em Programas Institucionais de
Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM). O objetivo principal
do PIBIC-EM é levar conhecimentos científicos básicos aos alunos do Ensino Médio,
através de parcerias entre escolas públicas e Instituições de Ensino Superior (IES).
A escola pública deve estar previamente cadastrada no Diretório de Instituições (DI)
do CNPq. Os pesquisadores das IES, para orientarem alunos do Ensino Médio,
devem estar desenvolvendo pesquisa científica, de maneira continuada, e devem
ser preferencialmente, bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Para
participarem, os alunos do Ensino Médio devem estar estudando em instituições que
participem do PIBIC-EM.
De acordo com o portal da Fundação Oswaldo Cruz, a Iniciação Cientifica no
Ensino Médio foi inaugurada com o Programa de Vocação Científica – PROVOC, da
Fundação Oswaldo Cruz – Fio Cruz. Esse Programa, criado em 1986, tem como
objetivo principal incentivar e valorizar a formação científica na educação básica. O
site da Universidade Federal de Alagoas – UFAL informa que esta Universidade tem
desenvolvido ações que contribuem para desenvolver a Iniciação Científica no
Ensino Médio. Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se: orientação sistemática
de profissionais de instituições de Ensino Médio, vinculadas à UFAL por convênios
específicos, através dos mais variados projetos, tais como oficinas de Iniciação à
Pesquisa Científica; orientação para a seleção/avaliação e acompanhamento dos
projetos; apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento das pesquisas;
seminários para discussão e apresentação dos resultados das pesquisas;
publicação dos relatórios de pesquisa. Todas as ações mencionadas são realizadas
com o intuito de formar o professor pesquisador do Ensino Médio.
No Estado do Paraná, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação,
existem noventa e três escolas públicas com a disciplina de Iniciação Científica,
optativa e em contra turno, ofertada para seus alunos do Ensino Médio Inovador.
Essa disciplina está sendo trabalhada de diversas maneiras em cada
estabelecimento de ensino. Por exemplo, o Centro Social Educacional Marista, no
bairro Santa Mônica, em Ponta Grossa – PR implantou a disciplina de Iniciação
Científica em 2012. De acordo com o Diretor Coordenador do Ensino Médio desse
Centro Social, o principal objetivo da disciplina implantada é buscar, através de
atividades diversificadas, a melhoria na qualidade de ensino nas áreas de Física,
Biologia e Química.

Na proposta do Ensino Médio Inovador, no Estado do Paraná, a disciplina de


Iniciação Científica e Pesquisa deve estar fundamentada em uma teoria de
aprendizagem. Nos últimos anos, uma das teorias de aprendizagem que tem tido
grande destaque é a Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, a qual
foi estudada de maneira pioneira no Brasil por Marco Antonio Moreira da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFGRS. De acordo com (MOREIRA,
2011), essa teoria tem como objetivo principal melhorar a qualidade da formação dos
nossos alunos através da intervenção apropriada e efetiva da pesquisa, no contexto
de uma prática significativa. Tal concepção de aprendizagem aponta uma importante
implicação didática para o processo educativo, pois, de acordo com ela, cabe ao
profissional do ensino (professor) assumir o compromisso de favorecer a ocorrência
de aprendizagem significativa pelo aluno e, para concretizar este objetivo, é
fundamental que este profissional paute suas ações na ideia de que o significado
está nas pessoas e não nas palavras.

Outra abordagem que (MOREIRA, 2011) apresenta para a teoria da


aprendizagem significativa é a de Lev Vygotsky. De acordo com essa abordagem, o
desenvolvimento cognitivo de uma pessoa não ocorre sem a ação de interações
sociais, pois a origem dos processos de aprendizagem está nas relações entre
pessoas. De acordo com (MOREIRA, 2011), no caso específico da Física, a
abordagem de Vygotsky enfatiza que os signos utilizados na aprendizagem dessa
ciência têm que ser elaborados através de processos intrapessoais. Portanto, a
aprendizagem significativa dessa ciência passa também pela maneira como
assimilamos os conhecimentos adquiridos ao ler, por exemplo, um texto científico, o
qual promove a inter relação entre o estudo e a exploração do mundo a nossa volta,
o que proporciona um melhor desenvolvimento cognitivo.

Considerações finais:

Entre as variáveis que influenciaram na implementação do Projeto (tempo de


realização das atividades, interesse dos alunos, qualidade dos trabalhos,
relacionamento entre os alunos e divulgação dos resultados), o gerenciamento do
tempo foi o fator mais difícil de ser administrado para se conseguir a efetivação dos
objetivos propostos. Isso ocorreu porque, durante o primeiro semestre de 2014, o
Calendário Escolar do Estado do Paraná sofreu algumas variações devido a eventos
nacionais. Essas variações diminuíram bastante o tempo dedicado pelos alunos à
execução das atividades do Projeto que estava sendo implementado. No entanto,
consideramos que essa primeira tentativa de implantar uma turma de Iniciação
Científica e Pesquisa (como disciplina optativa), no Colégio Arthur, foi bem sucedida.
Dessa maneira, no segundo semestre de 2014, mesmo não havendo mais a
necessidade de ofertar novamente a disciplina, resolvemos ofertá-la devido ao
grande interesse demonstrado por alunos e alunas do Colégio que não tiveram
oportunidade de realizar as atividades da disciplina, no primeiro semestre de 2014.

Para finalizar, pode-se concluir que, de acordo com as avaliações das alunas
e alunos participantes das atividades realizadas no Projeto, tais como experimentos,
artigos e seminários, a meta de desenvolver nos estudantes o gosto pela pesquisa
científica foi cumprida. Tanto isso é verdade que, mesmo não sendo mais necessária
a continuação da turma de Iniciação Científica e Pesquisa, dos vinte e um
estudantes que concluíram o Projeto no primeiro semestre de 2014, quinze
decidiram continuar freqüentando as aulas da disciplina, que está sendo re-ofertada
no segundo semestre deste ano. Esses quinze estudantes somados a mais cinco
que ingressaram na disciplina, no segundo semestre, estão executando todas as
atividades propostas com dedicação e responsabilidade, demonstrando grande
interesse pela pesquisa científica.
Referências:

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO


(CNPq) – HTTP:/www.cnpq.br – Consultado em 10/04/2013 – 14h.
DEMO. P. Pesquisa: Princípios Científicos e Educativos. 5ª Edição, São Paulo:
Cortez, 1997.

MOREIRA. M. A. Aprendizagem Significativa: Um Conceito Subjacente. Instituto


de Física da UFRGS, Porto Alegre- RS. Aprendizagem Significativa em
Revista/Meaningful Learning Review – V1(3) p. 25-46, 2011.

PORTAL DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ– http://portal.fiocruz.br/pt-


br/search/site/provoc –Disponibilizado em 21/03/2013. Consultado em 04/04/2013 –
16 h.

PARANÁ. Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Versão 2013.


Curitiba, p.3.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - http://www.ufal.edu.br/estudante/


Graduação /programas – Consultado em 20/03/2013 – 14 h.

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