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O RÓTULO COMO FONTE DE INFORMAÇÃO: a rotulagem da bebida

alcoólica Gin Tanqueray sob a perspectiva diplomática de Bardin

SANTOS, Maria Vitória Batista Pereira1


AGUIAR, Luana Salvador¹
CARVALHO, Láiza Maria Silva¹
ROCHA, Jordana Damasceno¹
SANTOS, Iasmim Afonso¹
IVO, Naiara Vieira Silva2

Resumo: Os rótulos contidos nas embalagens são o primeiro contato que o consumidor tem
com o produto de determinada marca, seu objetivo é deixar de maneira explícita todas as
informações importantes para que o consumidor tenha consciência do produto que irá
consumir. Nesse sentido, o rótulo deve conter todos os dados necessários para que seja
compreendido a sua finalidade, bem como sua composição. Para tanto, as legislações em
vigor destinadas para cada classificação de produto estabelecem o conteúdo necessário para
seus rótulos. Diante disso, o presente estudo se trata de uma análise baseada na metodologia
diplomática e dos critérios estabelecidos em lei e na realidade observada na embalagem do
Gin Tanqueray, bebida destilada importada para o Brasil. O objetivo do presente trabalho foi
avaliar os itens presentes no rótulo do gin e apresentar todos os aspectos diplomáticos
temáticos e descritivos exigidos na legislação brasileira, para a garantia de seu espaço no
território nacional. Como resultado, foi verificado que não há cumprimento de todas as
normas cobradas pela legislação do art. 11 do regulamento, os rótulos do gin apresentam
falhas como o nome do produto, precauções, teor alcoólico, informações adicionais e a não
identificação da indicação, composição e uso.

Palavras- chave: Embalagem, legislação, designer, informação.

1 INTRODUÇÃO

Diante da diversidade de marcas de produtos disponíveis pelo mercado, uma das


formas de seleção para a compra realizada pelos consumidores é a partir da leitura do seu
rótulo. Nessa perspectiva, o designer informacional da embalagem é responsável por
descrever, com uma linguagem de fácil compreensão, a apresentação e destino do item,
afirmam Mijksenaar e Westendorp (1999). Desse modo, ele proporciona a “visibilidade,
legibilidade, compreensibilidade de signos visuais; percepção e decodificação de
informações; processo de navegação e cognição associado à comunicação da embalagem”
(SOUZA, 2015, p.5).

1
Estudantes do Curso de Administração da Unimontes; Departamento de Administração do Centro de Ciências
Sociais Aplicadas. E-mails: vitoriabatista563@gmail.com, luaguiar71@gmail.com,
laizacarvalho159@gmail.com, damarocha99@gmail.com e afiasmim@gmail.com.
2
Professora Msc. do Curso de Administração da Unimontes; Departamento de Administração do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas. E-mail: naiara.ivo@unimontes.br
Como maneira de garantia da segurança de produtos, uma grande aliada do
consumidor é a rotulagem presente em alimentos industrializados, que visa fornecer
informações importantes de forma clara e acessível, podendo ser considerada uma forma de
comunicação entre a indústria produtora e o consumidor final (CASEMIRO, COLAUTO,
LINDE; 2006). Neste sentido, elementos como avisos, identificações, medidas, composição,
localização e orientação, sequência, movimento, conexões, ações, causa e efeito e exposição
da imagem do produto conforme Mijksenaar e Westendorp (1999), contribuem para a maior
orientação do público alvo e assim, a maior chance de efetuar a venda. Assim sendo, a
comunicação visual tende a transmitir mensagens e quando inseridas de modo intencional,
essa pode ser manipulada a fim de direcionar o controle do seu significado ao leitor
(LICHESKI, 2004). Não obstante, deve ser observado a legislação em vigência no que se
refere à rotulagem para tal comercialização.
Para esse trabalho, o objeto de análise é o Gin Tanqueray, bebida destilada importada
no Brasil. Em 1830 na Inglaterra, os irmãos Charles e Edward Tanqueray criaram o gin, no
entanto, após a morte de Edward, Charles Tanqueray assumiu a direção da empresa Vine
Street, o qual carrega o nome na embalagem da garrafa. Em 1898 a empresa realizou o
processo de fusão com a Alexander Gordon & Co., fabricante do gin Gordon 's, onde ganhou
maior visibilidade. Como marcos históricos, o produto foi consumido na Casablanca e
também por grandes personalidades públicas do país (GIN TANQUERAY, 2023).
O presente estudo objetiva analisar o rótulo do produto mencionado a partir da
metodologia diplomática de Bardin (2011), Decreto nº 6.871, de 4 de Junho de 2009 e
Resolução RDC n° 360 de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA - Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, com o intuito de mostrar aos leitores a importância da rotulagem de
bebidas para a população. A partir disso, pretende-se identificar a apresentação dos elementos
diplomáticos temáticos e descritivos, bem como a legislação em vigor para a espécie do
produto. Tal pesquisa se justifica pela necessidade de regulação de mercadorias para a sua
comercialização, em especial quando se trata de um produto importado no Brasil e de alto
custo em relação aos demais destilados encontrados no mercado.

2 MÉTODO

De acordo com Duranti (2005), o estudo se caracteriza como uma análise documental
de conteúdo a partir do método diplomático. Esse método objetiva o controle da disciplina,
visto que impõe que haja coerência entre a teoria abordada no documento em que se baseia a
pesquisa e a sua respectiva crítica. Quanto aos aspectos, podem ser observados os temáticos,
referente a aplicação e finalidade do produto e descritivos, que os auxiliam (STRAIOTO,
1997).
Além disso, outro documento abordado foi o Decreto nº 6.871, de 4 de Junho de 2009
que regulamenta, entre outros pontos, a rotulagem de bebidas alcoólicas, em especial a bebida
destilada. A pesquisa foi realizada a partir da revisão do referido decreto em comparação ao
que é apresentado no Gin Tanqueray.
Nesse sentido, a abordagem definida foi a qualitativa, uma vez que parte da
compreensão por indução e interpretação de dados obtidos a partir do objeto em questão
(SOARES, 2019), sendo o tipo de pesquisa a descritiva.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em primeira análise, pode-se observar que quanto aos aspectos temáticos é


identificado: o nome do produto, precauções, teor alcoólico e informações adicionais. Não
sendo identificado a indicação, composição e uso. Já os aspectos descritivos foram
constatados: volume, validade, código de barra, número de lote, nome, endereço e telefone do
fabricante, registro no Ministério da Agricultura e dados da distribuidora. Quanto a esse
aspecto, não foi encontrado o telefone e endereço de atendimento ao consumidor e o
responsável técnico.
Em segunda análise, toda operação que possibilita a entrada de mercadorias em
território aduaneiro, após o cumprimento de exigências legais e comerciais pode ser
considerada importação (ASSUMPÇÃO, 2007). Sabe-se que é necessário o cumprimento de
determinadas legislações para que a importação de destilados seja autorizada no Brasil.
Bebidas produzidas no Brasil ou importadas devem ser corretamente rotuladas a fim
de proporcionar informação correta ao consumidor final. A rotulagem deve seguir o
estabelecido no art. 11 do regulamento aprovado pelo Decreto n° 6.871, de 2009 para bebidas
em geral e o art. 16 do regulamento aprovado pelo Decreto n° 8.198, de 2014 para vinhos e
derivados da uva e do vinho.
De acordo com a Resolução RDC n° 360 de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA,
bebidas alcoólicas são dispensadas de rotulagem nutricional e segundo a Resolução RDC
n°54 de 12 de novembro de 2012, não é permitida a informação nutricional complementar em
bebidas alcoólicas. Segundo o capítulo V do Decreto n° 6.871 de 4 de junho de 2009, “rótulo
é toda inscrição, legenda, imagem ou matéria descritiva, gráfica, escrita, impressa, estampada,
fixada, por encaixe, gravada ou colada, vinculada à embalagem, de forma unitária ou
desmembrada”.
O rótulo da bebida deve ser previamente aprovado pelo Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, e constar em cada unidade, sem prejuízo de outras disposições de lei, em
caracteres visíveis e legíveis, as seguintes regras: o nome comercial usado no exterior, nome
do fabricante e endereço de fabricação, número ou código do lote ou partida, data de
fabricação, data de validade ou data do vencimento, o número do registro do produto no
Ministério da Agricultura e do Abastecimento ou o número do registro do estabelecimento
importador, quando bebida importada, a graduação alcoólica, por extenso ou abreviada,
expressa em porcentagem de volume alcoólico; a marca comercial, os ingredientes e frases de
advertência, quando bebida alcoólica, conforme estabelecido por lei específica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o objetivo dos rótulos é apresentar as informações de forma clara,


correta, legível e acessível para toda população, para que o consumidor possa fazer escolhas
de alimentos menos prejudiciais à sua saúde.
As legislações são responsáveis pela orientação e regulamentação das rotulagens.
Desde as informações obrigatórias, bem como a formatação ideal destas informações, a fim de
proporcionar padronização. Para as bebidas alcoólicas são exigidas algumas informações
específicas já apresentadas no tópico anterior, como frase de advertência para menores de 18
anos e advertência sobre consumo excessivo do álcool e composição, por exemplo, que
garante ao consumidor o conhecimento sobre a bebida que está consumindo.
Ao analisar a embalagem do produto estudado, o Gin Tanqueray, percebe-se que não
há cumprimento de todas as normas cobradas pela legislação do art. 11 do regulamento, já
que em seu rótulo não contém a composição e o modo de uso do produto além de não possuir
informações que possam garantir a acessibilidade do cliente com a empresa como o telefone
ou endereço que possibilite esse contato. Dessa forma, no Brasil bebidas produzidas ou
importadas devem ser corretamente rotuladas a fim de proporcionar informação correta ao
consumidor final.
REFERÊNCIAS

ASSUMPÇÃO, Rossandra Mara. Exportação e Importação – Conceitos e Procedimentos


Básicos. 1. Ed. São Paulo: Ibpex, 2007.

BARDIN, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

DURANTI, Luciana. The interaction of research and teaching: speaking from the InterPARES
experience

GIN TANQUERAY – História e Drinks. Disponível em:


<https://mufs.com.br/blog/gin-tanqueray-historia-e-drinks/>. Acesso em: 2 maio. 2023.

LICHESKI, Laís Cristina et al. Design gráfico: conteúdos e significados refletidos em


mensagens visuais. 2004.

MIJKSENAAR, P.; WESTENDORP, P. Open Here: the art of instructional design.


London: Thames & Hudson,1999, p. 144.

RÓTULOS E EMBALAGENS. ([s.d]). Ministério da Agricultura e Pecuária. Acessado 2


de maio de 2023,
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/rotulos-e-embalagen
s

SOARES, Simaria de Jesus. Pesquisa científica: uma abordagem sobre o método


qualitativo. Revista Ciranda, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2019.

SOUZA, Luis Eduardo. Design de Embalagem de Alimento Congelado: Um Estudo de Caso


da Itálica Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. Relatório Técnico de Mestrado.
Joinville, 2015, p.5.

STRAIOTO, Ana Cláudia. Análise documentária de embalagens de shampoo: uma


alternativa
de uso do método diplomático para o profissional da informação. 1997. 113f. possui vol.2.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Biblioteconomia) - Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 1997.

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