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O ponto, se encarado na visão de um mistério indizível e

indígerivel, torna-se instrumento de um certo adestramento da


inteligência. Sobe pena de mistério e "noções intuitivas", os
matemáticos afirmam não poderem explicar o mistério. O mistério
não é “não saber”, de certo modo, sua natureza. É um mistério as
coisas existirem, mas conseguimos dar explicações de sua causa,
entretanto chegamos a uma sentença que dela não passamos.
Vejamos: a laranja existe. Então na laranja a algo de primordial
("primitivo"), que faz ela estar no “plano-existente” segundo a
matéria, logo há de se ter algo para além da matéria, pois, se não é
assim, será verdade que uma bola se segura no ar sem uma mão
que lhe dê apoio. Dito isso é chamado ser aquilo que suporta na
existência as coisas, porém é impossível dizer "Por que o ser; ele é
feito de que; onde está; veste que roupa?" a coisa é explicada e
tem o seu "é", mas ainda há esse mistério que envolve essas
coisas primordiais.

O ponto é tido como adimensional e sem extensão. A sentença é


de uma loucura, pois duas páginas depois estão somando uma
coisa sem extensão à outra e dizendo: eis uma reta que pode ser
medida. O ponto pode não ter extensão, porém não podemos dizer
que não tem dimensão, se não, ora, estaria terrivelmente fadado a
estar em lugar nenhum, pois dimensão é o conjunto das direções
possíveis, que uma figura possa ter extensão e seja medida, logo
dimensão é onde as coisas se instalam.

Euclides no livro os elementos diz: O ponto é aquilo em que nada


tem parte, ou seja, nada no ponto é parte, logo é uma unidade, e
se o ponto não tendo extensão, por outro lado tem dimensão, é
verdade dizer: o ponto tem a unidade da dimensão, então também
a unidade das direções. Seja essas coisas verdade, e que o ponto
tem uma unidade em si não possuindo partes, seria verdadeiro
dizer que não há partes de dimensão, e sim unidade da dimensão.
Veja bem, algo plano só é plano, se tem uma parte da dimensão
que seria a plana e não a espacial, porém na espacial há o que se
tem na plana e o acréscimo da espacial. Se o que falei até agora é
verdade, as coisas vão caminhando no sentido da unidade, ou,
melhor, vão diminuindo na escala da unidade, o ponto é o ser das
coisas, e isso não implica que há partes nele( que seria as figuras e
etc.), pois o ponto abrange tudo por nela estar as possibilidades de
todas as outras coisas(direções, logo dimensões), ora é nele que
há a unidade de tudo, então todas as direções já estão contidas
nele. Tendo essas coisas em mente, o que não é o ponto só pode
ser a limitação da unidade das direções, então a reta só tem uma
parte da dimensão por ter uma única direção, o plano duas
direções, a espacial tem três. E são essas três dimensões que a
geometria euclidiana admite.

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