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A Jornada

do
Escritor

Tipo: Grifos/Anotações

Ano: 2023

Semestre/Trimestre: 1ª Semestre/2ª Trimestre


- Estágios da Jornada do Herói

1. Mundo Comum

É a parte que apresenta a vida normal do personagem. Aqui é onde nos


ligamos ao personagem em algum aspecto central, e nos afeiçoamos a
alguma dor. Perceba no filme do O’Brien que é Amor e Monstros, cujo
exemplo uso por ter feito muito sucesso e ser o consumo da massa. O
protagonista Joel é mostrado em sua vida simples em um bunker, perceba
uma coisa, o mundo comum não necessariamente é o mundo normal, mas
sim a estagnação geral ou específica do personagem, e também de um
grupo que é considerado o único existente sendo ali o mundo comum, e
assim foi retratado no filme.

2. Chamado à Aventura

Aqui está outra prova. O personagem de Dylan O’Brien tem seu chamado à
aventura por meio da voz feminina no rádio, porém isso ocorre sem o
intermédio do velho sábio, como não foi com o Luke que recebendo o
chamado passando pelo “mentor” o recusou. Entenda que esse chamado
pode ser uma realidade, não necessariamente o sábio convocando o
personagem, pode ser casos sucessivos de assassinato, por exemplo. Aqui
se instala o objetivo pelo qual a história se desenrolaÇ salvar a princesa;
apagar o fogo em uma floresta; salvar a terra média.

3. Recusa do Chamado

Essa é a recusa do chamado. O medo provoca no personagem a retração na


aventura, e um grande acontecimento ou uma reviravolta no seu interior
dispersa o medo, porém esse estágio pode nem acontecer, o chamado já
pode vir com uma aderência sem recusa. O filme do O’Brien é assim, não
existe recusa do chamado, ele adere na hora a aventura depois de encontra
a antiga mulher que conhecia. A recusa pode acontecer com um personagem
e não com o outro. A jornada é do herói, a estrutura existe e a maneira do
personagem se comportar muda.

4. Encontro com o Mentor

Aqui o mentor faz o papel de guia para as coisas desconhecidas daquele


novo mundo – literalmente – ou camada do mundo que o personagem
desconhecia. No caso do filme supracitado seria o personagem Clyde e, de
certo modo, a personagem que acompanha ele.
5. Travessia do Primeiro Limiar

Aqui o personagem atravessa seu primeiro limiar, porém dentro de uma


história essa parte pode já ter vindo antes, como no filme supracitado, pois
se não há recusa já há um certo início do primeiro limiar. Pode ser que para
enfiar os pés de fato aconteça quando conhecer o mentor e aprender dele,
porém já se pulou o estágio da recusa, e como não conheceu o mentor já
está na travessia do primeiro limiar, então essa estrutura não pode travar a
escrita, pois esse filme fez bastante sucesso alterando a própria ordem
“engessada”.

“1) a decisão do herói de agir; 2) a ação em si; e 3) as consequências da


ação. O Primeiro Limiar marca o ponto de virada entre o Primeiro e o
Segundo Ato. Ao superar o medo, o herói decidiu enfrentar o problema e agir.
Agora está comprometido com a jornada e não há caminho de volta.” página
49

6. Provas, Aliados e Inimigos

“Uma vez cruzado o Primeiro Limiar, o herói naturalmente encontra novos


desafios e Provas, faz ALIADOS e INIMIGOS e começa a aprender as regras
do Mundo Especial.” página 49

No filme o protagonista já sabe algumas regras daquele mundo, pois anotava


algumas coisas em seu caderno, então não é para engessar os pontos que
tornam a história única e revelam características do personagem, mas ao
mesmo tempo ele aprende a se virar muito melhor com o mentor. No filme do
Dylan tem provas antes do mentor e depois do mentor.

7. Aproximação da Caverna Secreta

“Enfim, o herói chega às margens do local perigoso, às vezes no subterrâneo


profundo, onde o objeto da missão está escondido. Com frequência, esse é o
quartel-general do maior inimigo do herói, o ponto mais perigoso do Mundo
Especial: a CAVERNA SECRETA. Ao entrar nesse lugar temeroso, o herói
cruza o segundo limiar principal. Heróis sempre param nos portais para se
preparar, planejar e enganar os soldados do vilão. Essa é a fase da
Aproximação. Na mitologia, a Caverna Secreta pode representar a terra dos
mortos. O herói talvez precise descer ao inferno para resgatar a amada
(Orfeu), a uma caverna para combater um dragão e conquistar um tesouro
(Sigurd, no mito norueguês) ou num labirinto para enfrentar um monstro
(Teseu e o Minotauro). Nas histórias arthurianas, a Caverna Secreta é a
Capela Perigosa, a câmara assustadora onde é possível encontrar o Graal.”
Página 50-51

Aqui é a aproximação do que está dentro de si, por isso a caverna. Talvez o
Darth Vader representa-se o próprio Luke e o medo de ser como ele, ou o
medo que era reprsentado pelo Darth Vader a partir do enfrentamento dele
mesmo com seu na contra do Vader. No filme já mencionado, creio ser a
caverna as suas lembranças, e quando tudo escurece, começa a chover e
entra dentro da casa, aí está a “caverna”. E tendo vencido seu maior medo
enfrenta aquele monstro bizarro que representa-o. Na verdade, há momentos
mais no filme mais próximos desses estágios, porém já há príncípios e
indícios nessas partes

8. Provação

“Neste estágio, o destino do herói atinge o fundo do poço num confronto


direto com seu maior medo – é aqui que ele enfrenta a possibilidade de
morte e é levado a encarar uma batalha com forças hostis. A Provação é o
“momento sombrio” para o público, pois somos mantidos em suspense e
tensão, sem saber se nosso personagem viverá ou morrerá. O herói, como
Jonas, está “no ventre da fera”.” página 51

Aqui há o risco de morte, o confronto de todas atitudes tomadas frente a uma


verdadeira prova do espírito também. É a tomada de posse definitivas das
resoluções, a provação do seu eu diante da morte.

9. Recompensa (Empunhando a espada)

“Depois de ter sobrevivido à morte, derrotado o dragão ou massacrado o


Minotauro, o herói e o público terão motivos para celebrar. O herói agora
toma posse do tesouro que viera buscar, sua RECOMPENSA. Talvez seja
uma arma especial, como uma espada mágica, ou um símbolo, como o
Graal, ou ainda algum elixir capaz de curar a terra ferida.” página 53

Nesse momento o personagem foi provado no sangue. Após o grande


esforço, que pede grande paga, ele recebe a recompensa.

10. O Caminho de Volta

“O herói ainda não saiu da floresta. Estamos passando para o Terceiro Ato
agora, quando o herói começa a lidar com as consequências de enfrentar as
forças obscuras da Provação. Se ele ainda não conseguiu se reconciliar com
seu pai ou sua mãe, com os deuses ou com as forças hostis, estes podem vir
atrás dele enfurecidos. Algumas das melhores cenas de perseguição
aparecem nesse momento, quando o herói é perseguido no CAMINHO DE
VOLTA por forças vingativas que ele perturbou ao Empunhar a Espada, se
apossar do elixir ou do tesouro.” página 54

Bem, agora vou discordar um pouco da maneira encarada. Não me parece


ser uma volta ao mundo comum e a rejeição da especial. Seria a volta ao
mundo comum no sentido que não há um problema emergente(especial), só
que ele volta com uma nova camada do mundo que seria essa especial, que
ora ou outra o chama de forma urgente e catastrófica, mesmo que seus
problemas se apresentem no mundo comum de forma brando e mais calma.

11. Ressurreição

Essa parte vou só colocar o que está escrito, por já ser autoevidente e não
tenho colocações.

“Em tempos antigos, os caçadores e guerreiros tinham de ser purificados


antes de voltar às comunidades, porque tinham sangue nas mãos. O herói
que foipara o reino dos mortos precisa renascer e ser depurado em uma
última Provação de morte e ressurreição antes de voltar a viver no Mundo
Comum. Isso acontece em geral num segundo momento de vida e morte,
numa quase repetição da morte e renascimento da Provação. A morte e a
escuridão empenham-se numa última tentativa desesperada antes de serem
finalmente derrotadas. Essa é uma espécie de exame final do herói, que
precisa ser testado mais uma vez para garantir que tenha realmente
aprendido as lições da Provação. O herói, então, é transformado por esses
ensejos de morte e renascimento e consegue voltar à vida comum renascido,
como um novo ser e com novas perspectivas. A série Guerra nas Estrelas
joga o tempo todo com esse elemento. Os filmes da “trilogia original” trazem
as cenas de batalha final nas quais Luke quase morre, aparenta estar morto
por um momento e então, como que por milagre, sobrevive. Cada Provação
lhe concede novos conhecimentos e comando sobre a Força. Ele é sempre
transformado em um novo ser por meio dessas experiências.”

12. Retorno com o Elixir

“O herói retorna ao Mundo Comum, mas sua jornada não teria sentido se ele
não trouxesse consigo algum Elixir, tesouro ou lição do Mundo Especial. O
Elixir é uma poção mágica com o poder de curar. Pode ser um grande
tesouro como o Graal, que cura magicamente a terra ferida, ou simplesmente
o conhecimento e a experiência que serão úteis para a comunidade algum
dia.” página 56

Literalmente, no filme que citei várias vezes, ele volta ao mundo comum com
uma nova camada de realidade(o mundo especial) e traz o elixir consigo que
é a saída da caverna. Ao longo da história tem símbolos e aspectos que se
apresentam em um dos estágios como a caverna, nela há o enfrentamento
do medo por meio do Joel que admite a aventura, e após ela volta e dá ao
pessoal de sua colonia o remédio para sais do bunker.

RECAPITULANDO A JORNADA DO HERÓI


1. Heróis são introduzidos no MUNDO COMUM, onde
2. recebem o CHAMADO À AVENTURA.
3. Ficam RELUTANTES no início ou RECUSAM O CHAMADO, mas
4. são incentivados por um MENTOR a
5. CRUZAR O PRIMEIRO LIMIAR, e entram no Mundo Especial, onde
6. encontram provas, ALIADOS E INIMIGOS.
7. APROXIMAM-SE DA CAVERNA SECRETA, cruzando um segundo limiar
8. onde passam pela PROVAÇÃO.
9. Tomam posse da RECOMPENSA e
10. são perseguidos no CAMINHO DE VOLTA ao Mundo Comum.
11. Cruzam o terceiro limiar, vivenciam uma RESSURREIÇÃO e são
transformados pela experiência.
12. RETORNAM COM O ELIXIR, uma bênção ou tesouro para beneficiar o
Mundo Comum.

“A Jornada do Herói é uma estrutura esqueletal que deve ser preenchida


com detalhes e surpresas da história individual.” página 57

“A importância está nos valores da Jornada do Herói. As imagens da versão


básica – jovens heróis buscando espadas mágicas de velhos magos,
donzelas arriscando a vida para salvar os amados, cavaleiros cavalgando
para combater dragões maléficos em cavernas profundas e assim por diante
– são apenas símbolos de experiências de vida universais. Os símbolos
podem ser alterados ad infinitum para se adequar às histórias e às
necessidades da sociedade.” página 57

“Os modelos do mito podem ser usados para contar tanto a história mais
simples de uma revista em quadrinhos quanto o mais sofisticado drama. A
Jornada do Herói cresce e amadurece à medida que novos experimentos
são aplicados dentro dessa estrutura. Mudar o gênero tradicional e as idades
relativas dos arquétipos apenas torna o modelo mais interessante, permitindo
que sejam tramadas teias de compreensão ainda mais complexas entre eles.
As figuras básicas podem ser combinadas ou divididas em vários
personagens para mostrar diferentes aspectos da mesma ideia.” página 58

ARQUÉTIPOS

“Quando comecei a trabalhar com essas ideias, pensava num arquétipo


como um papel fixo que o personagem representaria exclusivamente durante
uma história. Assim que identifiquei um personagem como mentor, esperei
que ele permanecesse nesse posto e apenas nele. No entanto, ao trabalhar
com motivos de contos de fadas como consultor de histórias para a Disney
Animation, encontrei outra forma de olhar para os arquétipos – não como
papéis rígidos de personagens, mas como funções desempenhadas
temporariamente pelos personagens para alcançar certos efeitos numa
história. Essa observação vem de uma obra do especialista russo em contos
de fadas, Vladimir Propp, cujo livro Morfologia do conto maravilhoso analisa
motivos e padrões recorrentes em centenas de contos russos.” página 61

Para o narrador, certos arquétipos de personagem são ferramentas


indispensáveis do ofício. É impossível contar histórias sem eles. Os
arquétipos que ocorrem com mais frequência nas histórias, e que parecem
ser os mais úteis para o escritor compreender, são:

HERÓI MENTOR (velha sábia ou velho sábio)


GUARDIÃO DO LIMIAR
ARAUTO
CAMALEÃO
SOMBRA
ALIADO PÍCARO

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