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O psicoterapeuta deve explicitar para o cliente que sentimentos não são causas de
comportamentos: sentimentos e comportamentos ocorrem sempre juntos, em
função das contingências de reforçamento que os produzem.
Embora sentir (note que foi substituído o substantivo sentimento pelo verbo sentir) e agir
(note que foi substituído o substantivo comportamento pelo verbo agir) estejam sempre
juntos, o psicoterapeuta e o cliente podem privilegiar um em relação ao outro, o que leva
à errônea conclusão de que um é isolado do outro. Assim, uma pessoa que está sofrendo
porque a pessoa que ela ama a abandonou dará ênfase aos sentimentos aversivos
presentes: angústia, depressão, culpa, ansiedade, medo, abandono etc., embora diversas
classes de comportamentos operantes também estejam alteradas. De maneira análoga,
uma pessoa que tem poucas semanas para entregar sua tese de doutorado dará ênfase aos
comportamentos de procrastinação, a comportamentos incompatíveis com escrever a
tese, à dificuldade de sistematizar os dados de sua pesquisa e de sintetizar as referências
etc.; embora diversas classes de sentimentos também estejam presentes. O
psicoterapeuta, ao priorizar os sentimentos, produzirá mudanças nos comportamentos
concomitantemente; ao enfatizar os comportamentos, produzirá simultaneamente
mudanças nos sentimentos. Em suma, em geral, quando predominam comportamentos
respondentes (especialmente na forma de estados corporais aversivos), o cliente narra
mais enfaticamente seus sentimentos, ou seja, o que está sentindo; quando predominam
comportamentos operantes, o cliente narra prioritariamente como se comporta, ou seja, o
que fez ou falou.
Há uma tendência generalizada de atribuir aos sentimentos a função de causa dos
comportamentos. Assim, numa versão mecanicista, pode-se visualizar a relação causal
como se segue.
João sente raiva João agride alguém
sentimento comportamento
A raiva é a causa necessária e suficiente da agressão. Tal atribuição de função causal para
os sentimentos e emoções (“Eles causam comportamentos”) não é aceita nem adotada
pela TCR, que – de acordo com Skinner – substitui o modelo explicativo mecanicista pelo
modelo de seleção do comportamento pelas consequências.
A TCR conceitua que sentir e agir são ambos classes de manifestações do organismo.
São evocados e eliciados por eventos antecedentes e selecionados pelos eventos
consequentes. Assim:
Tabela 18
Contingência de reforçamento que produz sentir (sentimentos) e agir (comportamentos)
Tabela 19
Contingência de reforçamento que produz sentimentos e comportamentos
Carro de Marilda mal Celso mostra irritação com Marilda ignora a irritação
estacionado na garagem gestos e tom de voz de Celso e serve o jantar
impede que Celso (juntos estão: sentimentos com naturalidade, ele se
estacione; tem que e ações). acalma e vai estacionar os
procurar na rua um lugar dois carros na garagem.
para estacionar.
A R C
Veja como se deve analisar os comportamentos das contingências vivenciadas por Celso:
Primeiro passo:
comece pelos sentimentos
e ações (Manifestações Funcionais)