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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MENONITA

FACULDADE FIDELIS

ALLPORT E A RELIGIÃO

Curitiba
2022

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Crislaine Laís Pimentel Ribas
Daiane Emanuelle Nakaione Reis Barbosa
Jheniffer dos Reis da Silva
Priscila Carolina Montoski
Sarah Rodrigues Vilharga

ALLPORT E A RELIGIÃO
Dissertação submetida ao curso
de Graduação em Psicologia da
Faculdade Fidelis Curitiba como
requisito parcial à obtenção de
nota na disciplina Psicologia e
Religião.

Orientador(a): Prof. Me. Ester U. de Figueiredo

Curitiba
2022

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INTRODUÇÃO
Gordon Allport foi um psicólogo americano que fez história para a
psicologia da personalidade. Sua teoria da personalidade é considerada uma
das primeiras teorias humanistas, pois ele vê os humanos como entidades
autônomas com livre arbítrio. Allport acreditava que as pessoas não são apenas
movidas por instinto e impulso, mas também não são dominadas pelo passado.
Além disso, seu trabalho é narrado de uma forma muito educativa que é muito
agradável, divertida e atraente para o público. Não há dúvida de que ele é um
escritor digno de leitura não apenas por especialistas em psicologia, mas
também por qualquer pessoa que queira saciar sua sede de conhecimento e
preocupações relacionadas ao campo da psicologia.

Além de sua teoria da personalidade, Gordon Allport forneceu


informações muito importantes para a psicologia nas áreas de motivação,
preconceito e religião pessoal. Ao fazê-lo, seu legado é muito amplo e ele se
tornou uma figura muito interessante no campo da psicologia. Ao longo deste
artigo, revelaremos algumas das características e contribuições desse psicólogo.

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BIBLIOGRAFIA
Gordon Allport nasceu em Indiana em 1897, mas sua família se mudou
para Ohio quando Gordon era criança. Seu pai era um médico, porém trabalhava
em casa. Então Gordon Allport e seus irmãos se interessaram pela medicina
desde tenra idade. Essa abordagem médica despertou seu interesse pela
pesquisa, especialmente pela psicologia.

No entanto, seus primeiros passos na vida acadêmica não tiveram nada


a ver com medicina ou psicologia. Allport formou-se em economia e filosofia,
embora sempre tenha demonstrado um forte interesse pela psicologia social. A
vida em Allport era bastante calma e pacífica, sem muita agitação.

Publicou vários livros nos quais reúne suas principais pesquisas. Dentre
eles, destaca-se Considerações Fundamentais na Psicologia da Personalidade,
que é uma das obras mais reconhecidas e elogiadas de Allport. Durante sua
vida, ele recebeu vários prêmios por seu trabalho e contribuições para o campo
da psicologia. A American Psychological Association concedeu-lhe o
Distinguished Scientific Contribution Award (Prêmio de Contribuição Científica
Distinta), uma honra cobiçada na indústria.

Gordon Allport é conhecido por ser muito influente em muitas áreas da


psicologia, especialmente sua teoria dos traços de personalidade. Esta teoria
sugere que todo mundo tem centenas de características.

Além de sua teoria dos traços de personalidade, ele também identificou


genótipos e fenótipos, ou seja, as condições internas e externas que motivam o
comportamento de uma pessoa. Em seu livro Personality: A Psychological
Explanation (1937), ele definiu personalidade como: "a organização dinâmica
dentro de um indivíduo daqueles sistemas psicofísicos que determinam sua
adaptação ao ambiente".

Gordon Allport promoveu o "movimento interdisciplinar" em Harvard,


resultando no departamento de ciências sociais chefiado por Talcott Parsons.
Além de suas contribuições, ele também criticou a psicanálise de Freud e o
behaviorismo radical.

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Também aborda outras questões, como preconceito e religião. Allport
fornece uma análise exaustiva do problema do preconceito, exemplificando e
aprofundando a discriminação vivida por judeus e afro-americanos. Tudo isso se
junta em uma de suas obras mais conhecidas: A Natureza do Preconceito.

Finalmente, após uma vida inteira de estudos, Allport morreu em 9 de


outubro de 1967. Depois de sua morte, ele deixou um legado inconfundível no
campo da psicologia e então é considerado um dos pioneiros da psicologia
humanista.

PERSONALIDADE DINÂMICA
Para Allport a personalidade é uma sistematização dinâmica da
psicofísica no interior de um indivíduo que seus pensamentos e comportamentos
são característicos. Essa organização dinâmica sugere que a personalidade está
em constante mudança, e que este crescimento junto à mudança é organizado
e não está agindo de forma aleatória. A personalidade também é composta por
corpo e mente agindo em conjunto como um todo. A personalidade possui
aspectos que são ativados e direcionam comportamentos e ideia especifica,
assim é possível dizer que o que cada pessoa faz ou pensa é característico da
mesma, ou seja, são todos diferentes.

FASES DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE


São identificadas sete fases que compreendem a infância até a adolescência.

• Eu corporal, aparece no decurso dos primeiros três anos;


• Autoidentificação sucede a partir da percepção da criança sobre sua
identidade, que permanece intacta apesar das mudanças ocorridas;
• Autoestima acontece quando a criança aprende a ter orgulho de seus
feitos;
• Extensão do eu, aparece entre os quatro e cinco anos de idade, quando
aprendem a reconhecer objetos que fazem parte da sua história;

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• Auto-imagem é quando a criança ocorre quando a criança cria uma
imagem real de si e outra que é o seu ideal, e pensar em satisfazer seu
pai;
• Self é a fase que ocorre durante os seis anos aos doze anos de idade,
quando a razão lógica começa a ser aplicada aos problemas do cotidiano;
• Luta pela autonomia que está presente na adolescência.

NÍVEIS DE AUTONOMIA FUNCIONAL

Allport propôs 2 níveis de autonomia funcional.

• Autonomia Funcional Perseverativa:


O grau de autonomia associado ao comportamento de baixo nível ou de rotina
O grau de autonomia funcional associado ao comportamento de baixo nível ou
rotina. Ou seja, devido à sua baixa importância, não é considerada parte
integrante da formação da personalidade do indivíduo.

• Autonomia Funcional do Proprium:


A autonomia funcional da proprium é mais importante do que a autonomia
funcional persistente e é fundamental para explicar a função da motivação do
adulto. Ao contrário da autonomia funcional contínua, que envolve movimentos
corporais repetitivos, vícios e tarefas cotidianas, o grau de autonomia funcional
do proprium está relacionado aos nossos valores, autoimagem e estilo de vida,
valores, sentimentos e intenções.

Por exemplo: a motivação para habilidades como tocar um instrumento


pode não estar relacionada aos nossos interesses. Durante a infância, podemos
ser forçados a praticar e, à medida que nosso trabalho melhora, prometemos
jogar mais. A motivação original (medo da desaprovação e insatisfação dos pais)
se foi, e o ato de continuar tocando o instrumento torna-se necessário à nossa
autoimagem.

PERSONALIDADE AMADURECIDA

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Gordon W. Allport (1937) criou o primeiro modelo que não freudiano da
personalidade, focando na racionalidade e unidade da personalidade,
especialmente na maturidade psicológica individual. Formulou sua psicologia
social da religião na perspectiva de um psicólogo desenvolvimentista da
personalidade e foi nessa ideia que a noção de “maturidade” da personalidade
ganhou relevância. Gordon Allport, selecionou mais de cinquenta definições de
personalidade que julgou mais significativas, e por fim definiu:

“Personalidade é a organização dinâmica dos


sistemas fisiológicos e psicológicos individuais que
determinam pela qual cada pessoa se ajusta ao
ambiente” Allport, 1961, cit. In Pais Ribeiro, 2005

Allport acredita que a personalidade é basicamente o que um homem


realmente é, sugerindo assim no entendimento de que a personalidade é o que
é mais típico e característico da pessoa. A personalidade é aquilo que dá ordem
e congruência a todos os comportamentos diferentes apresentados pelo
indivíduo. O teórico presenta seis dimensões para se atingir uma personalidade
madura: um sentido alargado do eu (self), em que a pessoa madura participa em
algumas esferas significativas da vida humana; a capacidade de intimidade do
self com os outros, a pessoa imatura só se interessa por ela e por mais ninguém,
pelo contrário, a pessoa madura tem relações emocionais profundas; segurança
emocional/aceitação de si, exprime as suas convicções e sentimentos mas tem
em consideração os sentimentos e as convicções dos outros; uma filosofia
unificadora da vida; capacidade para perceber, pensar e agir entusiasticamente,
de acordo com a realidade externa e auto objetivação, compreensão e humor
face à percepção de si próprio. Partindo disso, o autor defende que o homem
manifesta algo dele próprio em tudo o que faz, seus pensamentos e ações, sua
dinâmica e direcionamento é o que diferencia os homens dos outros. Essa
preocupação o levou a se interessar pelas motivações, responsáveis por dirigir
boa parte dos comportamentos, e assim surgiu o seu interesse pelo tema
religioso.

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Portando, segundo Allport, sentimentos religiosos de uma parte
significativa das pessoas são imaturos, e esses sentimentos são construções
ego-centralizadas, em que os indivíduos adotam uma divindade para ajuda-los
em seus interesses imediatos. Também tendem a ter uma visão particularista de
sua própria denominação religiosa, achando que é melhor que outras. O que
demonstra que sua religião é um instrumento de autoestima, totalmente
utilitarista. Essa religiosidade seria um mecanismo de defesa de uma
personalidade não completamente madura.

O QUE MOLDA A RELIGIOSIDADE

Gordon Allport afirmava que toda experiência religiosa é um fenômeno


variável, ou seja, único e diferente de uma pessoa para outra. Depois de
pesquisas sobre a origem dos sentimentos religiosos adultos e maduros, e as
diferentes situações que as causam, concluiu que o que começa a moldar a
religiosidade de um indivíduo são quatro elementos constitutivos: as
necessidades do homem, os “componentes temperamentais”, os valores
“psicogênicos”, e busca de sentido. Assim, a experiência religiosa madura
impulsiona a personalidade, proporcionando uma unificação interior e uma
melhor compreensão da realidade exterior, gerando um dinamismo e
comportamentos cada vez mais coerentes.

RELIGIOSIDADE ADULTA: INTRÍNSECA E EXTRÍNSECA

Allport assegura que durante o crescimento a criança perde seu senso de


autoestima por causa da pressão que recebe do ambiente para agir de maneira
madura e apropriada, mas como a religiosidade é algo muito individual não existe
uma postura e consequência disso é que pode permanecer indefinidamente no
cenário da personalidade infantil, o que quer dizer é que muitos levam para sua
vida adulta pensamento de satisfação e desejos espiritualidade infantil, vendo a
religião como um “meio”. A maturidade decorre do desejo de desenvolver
sentimentos de acordo com as experiências relevantes ao longo da vida, a
religiosidade infantil ou juvenil mantém em um estado de conforto aonde as
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pessoas se acomodam. Allport três aspectos de maturidade da personalidade,
variedade de interesses psicogênicos concernentes a valores e objetos ideais;
a habilidade de objetificar a si mesmo, ser reflexivo e capaz de insights sobre a
própria vida; e ter uma filosofia de vida que confira uma certa unidade e
integração à personalidade e sua posição no mundo.

ESCALA DE ORIENTAÇÃO RELIGIOSA INTRINSECA E


EXTRINSECA

A ideia de orientação religiosa com motivação intrínseca ou extrínseca é


uma hipótese construída por Allport. Ele diz que existe diferentes razões para
cada pessoa aderir a religião e as suas práticas, Allport chamou essas
tendências de "orientações religiosas baseadas em valores que motivam o
comportamento religioso". Pessoas intrinsecamente motivadas veem a religião
como um valor, enquanto pessoas extrinsecamente motivadas veem a religião
como um meio de valores secundários, como aceitação social e resolução de
problemas pessoais. Allport então desenvolveu uma escala com itens para
avaliar tendências motivacionais tanto intrínsecas quanto extrínsecas, a
diversidade da experiência religiosa é difícil de capturar em escalas de I/E, o que
cria limitações metodológicas. Em sua concepção o principal ponto do
desenvolvimento da religiosidade é a maturidade psicológica, a maturidade da
religião em cada etapa da vida. A escala se tornou um dos instrumentos mais
utilizados no âmbito da psicologia da religião.

PRECONCEITO E RELIGIÃO

Para Allport, um indivíduo religioso com seus princípios, crenças e


valores, não deveria apresentar atitudes preconceituosas, pois nas religiões
normalmente é ensinado a ideia de amor e respeito com o próximo. Ele percebeu
que na realidade nem sempre isso acontecia, ele observou casos de pessoas
religiosas que tinham atitudes de preconceito e discriminação, isso acontecia
pelo fato de que algumas pessoas tem a religião por um meio secundário, e não
com um valor para si, e por isso se sentem na liberdade de apresentarem

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comportamentos e atitudes que não estão de acordo com sua doutrina, por não
estarem comprometidas diretamente com os princípios da sua religião.
Pensando em uma forma justificar a presença do preconceito e da discriminação
entre os religiosos, ele formulou a hipótese da orientação religiosa, que seria a
motivação Intrínseca e Extrínseca, e esses religiosos que demonstram atitudes
preconceituosas estariam dentro da religiosidade Extrínseca.

BIBLIOGRAFIA

A Teoria Motivacional de Gordon Allport na formação da Personalidade do


Indivíduo - Lizya Marie Gomes Yukizaki - JurisWay. Disponível em:
https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=13567. Acesso em: 13 abr.
2022.

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MACHADO, L. A. PESQUISA & CIA: A TEORIA DA PERSONALIDADE, DE


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http://pesquisacia.blogspot.com/2015/05/a-teoria-da-personalidade-de-
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Pinto, A. B. (04 de 11 de 2020). Bem parána. Fonte:
https://www.bemparana.com.br/blog/teologiaeinclusao/post/psicologia-tambem-
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Revista A Mente é Maravilhosa: Gordon Allport: a biografia do pai da psicologia


da personalidade. Atualizado em: 01 julho, 2020.
https://amenteemaravilhosa.com.br/gordon-allport-pai-psicologia-da-
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