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Trabalho de Fatos Sociais: O onze de setembro em Nova York

Aluno: Carlos Vinícius Rêgo Souza

O dia onze de setembro de dois mil e um está manchado com o sangue das
vítimas da “jihad”. Esse ataque foi comandado pela Al-Qaeda, chefiada por Osama
bin-Laden na época. Entretanto, para analisar e entender as motivações e
consequências desse desastre, é necessário retornar às consequências da Segunda
Guerra Mundial. Dessa forma, observa-se que o problema é muito maior e mais antigo
do que aparenta, pois as motivações se tornaram acúmulo de ódio aos ocidentais.
Primeiramente, é notório salientar que, embora o antissemitismo seja
sofrimento judeu que obteve maior proporção com Adolf Hitler – chefe do nazismo –,
também se tornou uma preocupação para o território palestino. Isso ocorreu devido a
criação do Estado de Israel. Os semíticos foram dispersos pelo mundo, massacrados
e desabitados enquanto o Terceiro Reich se erguia. Dessa forma, os Estados Unidos,
por haver libertado aqueles dos campos de concentração, ajudou-os também a
retornar à terra natal – Jerusalém e suas redondezas.
Todavia, como afirma o princípio da impenetrabilidade, dois corpos não podem
ocupar o mesmo espaço. Então, ao criar o Estado de Israel e expulsar os palestinos
e os considerar desmerecedores do território, esses árabes procuraram refúgio em
outros locais os quais possuíam culturas totalmente opostas às deles. Um dos pontos
escolhidos foi a América. Portanto, ao habitar o “território da prosperidade”, os
islâmicos perceberam que seus padrões culturais, morais e a éticos estavam
ameaçadas.
Nesse viés, o “American Way of Life”, que antes atraia os olhares e corações
desesperados por melhores condições de vida, garantiu um repúdio e desgosto ao
pensamento islâmico. Os adeptos da sharia não concordavam com os vícios e com a
desobediência a Deus. Com isso, cassinos, prostituição, excesso de bebidas e drogas
com fácil acesso eram motivos de escândalo para os olhos do islã. Logo, por mais que
os “novos estrangeiros” possuíssem garantias de comodidade e “segurança”, a
simpatia pelo novo país foi descontruída.
Somado a isso, aconteceu também a Guerra Árabe-Israelense. Esse conflito
foi causado pelos descontentamentos palestinos com a ocupação judia em seu
território. Os Estados Unidos apoiaram Israel com armamento e suprimentos, ao
passo que os países islâmicos estiveram ao lado dos palestinos, haja vista que eles
também são parte dos povos árabes. Nessa perspectiva, observa-se que, como todas
as guerras, essa também teve seus horrores. Como exemplo, além dos assassinatos
entre soldados inimigos, houve também o massacre de inocentes palestinos –
mulheres e crianças – como também estupros, fome e miséria. Logo, o ódio islâmico
só aumentava em relação a todos que estivessem ao lado dos capitalistas.
Desse modo, alguns intelectuais iniciaram a produção de conteúdo condenador
dos costumes ocidentais. E o primogênito desses pensadores foi Sayyid Qutb, poeta
egípcio. Ele escreveu uma enorme quantidade de livros que sustentavam a soberania
dos islâmicos sobre os americanos. Somado a isso, seus projetos evoluíram de ideias,
para convocações, instigações e alienação religiosa. Dessa forma, Sayyid se tornou
o primeiro árabe ativista político e militante radical a combater o ocidentalismo.
Mas ao contrário do que se imagina, seu raciocínio revolucionário não foi
praticado, primeiramente, dentro da maior “potência mundial”, mas sim no “país das
três pirâmides e da esfinge”. Além da expulsão dos árabes e ilusão com os Estados
Unidos, Qutb também vivenciou o nacionalismo egípcio pelas mãos do presidente
Gamal Abdel Nasser. Isso não agradou aos árabes tradicionais que moravam no
Egito, pois não somente terminou com o regime monarquista alí, mas também
introduziu o capitalismo dentro de um local majoritariamente islâmico.
Nesse contexto, Nasser ordenou a prisão de Qutb para tentar calar a voz
revolucionária que ameaçava seu governo. Mas como todo “cabeça de revoltas” que
é encarcerado, Sayyid ficou mais forte do que antes. Desse modo, escreveu
meditações como À sombra do Alcorão – interpretação das leis e deveres aos olhos
da “jihad”. Tentou-se ainda uma negociação para libertar o pensador. Mas ele mesmo
negou, e no final foi condenado à morte por enforcamento. “Nascia”, assim, o primeiro
mártir pela causa do islã radical do século XX – Sayyid Qutb.
Antes de morrer, o poeta e revolucionário egípcio comentou “Minhas palavras
serão mais fortes se me matarem”. De fato, isso ocorreu. E um exemplo disso é Ayman
al-Zawahiri, posterior chefe da Al-Qaeda no século XXI, que adotou as ideias do antigo
revolucionário que agora estava morto. Ele era médico pediatra graduado pela
Universidade do Cairo, logo, um homem de cultura. Além do mais, levou a fundo as
propostas de Qutb levando-o ao comando da jihad egípcia. Esse processo não
ocorreu de forma rápida, mas lenta e gradual, suficiente para que as bases do
pensamento radical de Zawahiri se fortalecessem.
Zawahiri iniciou o recrutamento de integrantes, e o primeiro deles foi o judeu
Mark Schleifer que após sua conversão se chamaria Abdallah. Mark procurava
emprego no Cairo, era jornalista, professor de políticas sociais e correspondente do
jornal The New York Times em Jerusalém e Amã. Por possuir grande influência e
poder de retórica, foi um potente acessório na propagação das ideias de Zawahiri. O
grupo iniciou com dois, e cresceu a quarenta adeptos dentro do campus em poucos
meses.
Desse modo, palestras, grupos de oração, grupos de debates, grupos de
revolucionários e grupos mais retraídos, aderiram ao islamismo. Na compreensão de
Schleifer, é compreensível que seja fácil iniciar tais ideias dentro de um local
universitário, pois os estudantes afoitos por reinvindicações adotariam qualquer ideia
que lhes desse voz contra o sistema. Diante disso, o armamentismo foi crescendo
entre as células, e os estudantes largariam tudo em nome da jihad.
Enquanto isso, Osama bin-Laden, o maior terrorista do Oriente Médio, crescia
num berço abastado de dinheiro e educação. Seu pai era um grande empresário.
Tradicionalista, criou seu filho às bases do islã, embora não muito presente como um
pai carinhoso. Na adolescência, Osama teve um discernimento vocacional. Ele se
encontrou no islamismo de forma profunda. Começou a seguir os passos do profeta
Maomé, e a propagar suas ideias entre seus amigos. Destarte, pois, que Osama
possuía enorme poder de convencimento, haja vista que converteu muitos e possuía
muito conhecimento nas escrituras do Alcorão.
Com seu forte poder de persuasão, bin-Laden durante sua faculdade, criou
grupos religiosos de caridade, grupos de interpretação do Alcorão e grupos de estudos
sobre a jihad. Assim, sua influência aumentava cada vez mais. Além disso, por ser
rico, tornou-se o principal patrocinador da “jihad”. Isso é comprado através de suas
atitudes: dava teto, alimentação e transporte aos “mujahidin” que, por conta disso, o
louvavam e o engrandeciam como alguém enviado por “Ala”.
Nesse contexto, iniciou-se a Guerra do Afeganistão, quando o Exército
Soviético invadiu o território afegão. Em contrapartida, líderes religiosos do islã
convocaram uma “guerra santa”, e Osama não só era um dos financiadores, como
também esteve em campo de batalha contra o exército vermelho. Em consequência,
os Estados Unidos também se uniram à causa e treinou todos os guerrilheiros através
da CIA, inclusive bin-Laden. Ao final da guerra, ele recrutou muito guerrilheiros para a
Al-Qaeda.
Somado a isso, surge outro influenciador, ainda nos conflitos afegãos, chamado
Abdullhar Azzam que também contribuirá com o treinamento da antiga MAK. Azzam
foi responsável por ensinar os terroristas de bin-Laden a usar os computadores para
guerra – hackers e afins. Ao mesmo passo que Zawahiri enviou posteriormente, em
1990, mais membros para o treinamento com a Hezbollah em sequestros de aviões e
de pessoas. Dessa maneira, os futuros ataques do onze de setembro se tornavam
mais reais e próximos.
Desse modo, observa-se a grande influência que os Estados Unidos estavam
adquirindo no Oriente Médio – controlando as reservas de Petróleo e instalando bases
militares. Isso, Osama bin-Laden já havia encarado como uma ameaça durante a
Guerra do Afeganistão, pois ele era um grande adepto das ideias de Qutb. Logo, o
famoso chefe da Al-Qaeda temia que os americanos pudessem destruir os alicerces
do islamismo com seus vícios, individualismo e consumismo exagerados.
Durante a Guerra do Golfo, o Iraque invadiu o Kuwait, aliado dos Estados
Unidos. Assim, a ONU ordenou a retirada das tropas iraquianas, e logo, embargos
econômicos em Saddam Hussein. Então, Osama e o estadista se uniram por
insistência do iraniano, e em seguida, o saudita iniciou seus primeiros ataques contra
os americanos. Ao término da guerra, em agosto 1991, o ódio e a convicção de bin-
Laden estavam definidos. Assim, a liderança da Al-Qaeda manifestou um fatwa
convocando uma jihad contra a presença de ocidentais em terras islâmicas. Desse
modo, pouco tempo, os atentados contra embaixadas e dentro do próprio território
estadunidense iniciariam.
Osama já havia se tornado conhecido pela CIA por seus atos terroristas, mas
não causava espanto. Mesmo que fosse um terrorista treinado por aqueles, muitos
outros também foram. Foi, então, que as embaixadas americanas do Quênia e da
Tanzânia foram atingidas, por ordem da Al-Qaeda. Porém, Osama negou
envolvimento, alegando que somente ordenou a jihad – os ataques foram
comandados por Zawahiri que meses antes, já havia ameaçado tais atos.
Muitos mujahidin desistiram ao perceberem que pessoas inocentes pagavam o
preço pela “guerra santa”. Todavia, isso não tornou a Al-Jihad menos poderosa ou
menos convicta de suas atitudes. Isso é comprovado com os atentados realizados
pela Al-Qaeda no século XXI, os ataques só evoluíram em quantidade e qualidade
comparados aos do século XX. Nesse contexto, a população Egípcia se revoltou com
os atentados do Quênia e da Tanzânia, ocorreram protestos e reprovações. Todavia,
Osama e seus adeptos da guerra contra o ocidente foram a frente em seus planos.
Assim, o primeiro ataque dentro dos Estados Unidos foi realizado através de um carro
bomba na garagem do World Trade Center pelo terrorista Ramzi Yousef.
Desse modo, todo o mapa para que os ataques do onze de setembro
ocorressem estava definido, traçado e especificado. Seguindo esse pensamento, a
Al-Qaeda só estava esperando que o treinamento dos escolhidos fosse concluído. O
grupo de terroristas que decidiu aderir a causa desse atentado era composto por
eruditos e por simples extremistas sem educação. Além disso, vale lembrar que os
Estados Unidos, ensinavam a pilotar aviões qualquer pessoa que pagasse pelas
aulas.
Somado a isso, é conhecido que as torres gêmeas não somente foram
acometidas por “aviões mísseis”, mas também pelos incêndios que os prédios
sofreram por causa das chamas dos escombros que caiam. Além dessas construções,
o Capitólio e o Pentágono eram alvos, entretanto, dos quatro objetivos finais, somente
o centro legislativo americano foi poupado por um erro de planejamento terrorista. Mas
felizmente, um dos aviões não chegou ao destino originário.
Ademais, as consequências dessa tragédia provocaram mudanças no mundo
inteiro. Os Estados Unidos já não era mais um simples financiador, mas agora um
agente real das guerras do oriente médio. Dessa maneira, inicia “Guerra ao Terror”,
que possuía objetivos imperialistas e vingativos. Pode-se comparar esse momento
aos ataques a Pearl Harbor, onde a América do Norte era somente espectadora, e
tornara-se uma participante ativa do conflito.
Também, nota-se a preocupação com novas leis as quais invadiam a
privacidade do cidadão para garantir a soberania do Estado. Esse fato comprovasse
com “vistos”, passaportes, “chips” de rastreamento, venda de informações para
agências de controle, monitoramentos de pesquisa e lugares frequentados etc. Além
disso, a segurança em aeroportos foi massificada com detectores, limites de
bagagem, históricos criminais e até com a presença de agentes altamente treinados
para detectar expressões específicas nos passageiros que indiquem algo de errado.
Observa-se, ainda, o alto investimento na indústria bélica, e grandes acordos
econômicos entre países ocidentais para evitar dependência dos orientais. Nesse
viés, são perceptíveis a construção de muros como o que separa os Estados Unidos
do México, o preconceito contra a fisionomia árabe que ao avistar pessoas com roupas
islâmicas já são expressos sentimentos de medo ou ódio, como também a morte de
inocentes e recrutamento de jovens para a “jihad” continuam. Dessa forma, os ataques
do onze de setembro não são somente referentes à aquele dia, mas perduram nos
dias atuais.
Referências bibliográficas:
 O Vulto das Torres, de Lawrence Wright; tradução de Alfred Knopf (Companhia
das Letras, 2006)
 Apostilas Grupo Bernouli, Frente A, Capítulo 25, volume 6; Editora Bernouli
 Apostilas Grupo Bernouli, Frente A, Capítulo 26, volume 6; Editora Bernouli
 O Oriente Médio, de Bernard Lewis; Editora: Zahar; 2ª edição (1 junho 1996)
 World Trade Center, de Oliver Stone, 2006, Estúdio Paramount Pictures
 United 93, de Paul Greengrass, 2006, Estúdio Universal Pictures

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