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Disciplina: Malacocultura

Turma: Engenharia de Pesca/2017


Professora: Suzane Maia
Conteúdo: Fatores que afetam o crescimento dos moluscos bivalves; Seleção da área para o
cultivo.
Data de entrega: até 14.07.2021
Discente: RENAN AMARAL DA SILVA.

ATIVIDADE AVALIATIVA 04
1. Descreva os fatores ambientais que devem ser considerados para a seleção da área para o
cultivo de moluscos bivalves (ex. ostras e mexilhões) que ao mesmo tempo afetam o
crescimento desses animais.
Salinidade: Ideal entre 15 e 35 psu. A salinidade é um fator determinante para o crescimento
de algumas espécies. Exemplo disso é o mexilhão Perna perna, que apresenta grande influência
no crescimento em função da quantidade de sal presente na água, além de não tolerar baixa
salinidade (níveis inferiores a 25 psu), por mais de 48h. A água salgada é mais densa que a água
doce, portanto, quando há uma forte chuva, a água doce fica acima da água salgada.

Temperatura: Ideal entre 18 e 25°C. A temperatura da água do mar tem um efeito importante
sobre a forma com que os mariscos crescem. Se é muito fria, param a alimentação e entram em
um estado de dormência, podendo morrer. Por outro lado, temperaturas muito altas provocam
a desova dos animais, reduzindo do preço de venda devido à diminuição da parte mole.

Nutrientes: Podem ser considerados nutrientes presentes na água as partículas de elementos


químicos utilizados direta ou indiretamente pelos bivalves na alimentação, ou seja, estes
nutrientes podem ser utilizados pelo plâncton, que é ingerido pelos bivalves. Os nutrientes
podem ser analisados pela coloração da água. Deve-se evitar água demasiadamente limpa
(transparente), pois os locais com ausência de partículas podem indicar quantidade insuficiente
de material nutritivo em suspensão, acarretando na ingestão de pouco alimento e,
consequentemente, déficit de crescimento.

Vento, ondas e correntes: Como os bivalves obtêm seu alimento da água, as correntes são
importantes não só para a circulação de água, mas também para levar alimento aos cultivos. A
força das correntes pode ser observada na constituição do fundo do mar. As enseadas são os
locais mais adequados para cultivo, por possuírem a área interna mais abrigada ou protegida
pela difração das ondas perpendiculares (zona de sombra). O vento determina as entradas de
massas de ar e parte da energia do vento é transferida para a superfície do oceano, produzindo
corrente e ondas que atuam no sistema de cultivo, necessitando maiores investimentos em áreas
expostas.

Profundidade: A profundidade do local de cultivo irá limitar o tamanho das estruturas de


cultivo, influenciando desta forma, diretamente sobre a produtividade do cultivo.

Poluição: Presença de poluição por contaminação biológica (coliformes fecais ou patógenos


presentes em esgotos domésticos), por eutrofização (excesso de nutrientes e microalgas),
química (hidrocarbonetos, metais pesados, agrotóxicos, fenóis e resíduos de indústrias), que
pode até não limitar o desenvolvimento dos bivalves, mas inviabilizar sua comercialização pela
alta carga de contaminantes na carne.

Algas tóxicas: Em certas ocasiões, devido às condições favoráveis, o fitoplâncton pode se


multiplicar rapidamente e crescer excessivamente em número (floração). Nestes casos a água
toma a cor dos organismos microscópicos que nela estão em abundância (verde, marrom,
vermelha ou até incolor). Quando as florações eram formadas por algas de ação nociva, este
evento era chamado de “maré vermelha”, porém como nem todas as algas eram vermelhas
optou-se por substituir esta terminologia para “florações de algas nocivas”. Com a filtração, o
animal concentra muitas vezes, em sua carne, as substâncias tóxicas contidas na água.

Disponibilidade de sementes: A obtenção de sementes se dá pela extração do ambiente, pelo


uso de coletores ou pela produção em laboratório. A definição da metodologia de obtenção de
sementes, bem como sua disponibilidade é fundamental para o sucesso do empreendimento,
devendo estar previsto já no projeto de implantação da atividade.

2. Descreva os principais processos para redução de riscos relacionados à poluição em moluscos


bivalves cultivados.
O principal processo para a redução dos risco é a depuração, tende ser uma técnica que
envolve a manutenção de moluscos em tanques com água limpa, onde os animais realizam a
sua atividade normal de filtração por um período de tempo suficiente para que expulsem,
junto com o conteúdo dos seus intestinos, os microrganismos causadores de doenças que
eventualmente tenham sido ingeridos nas fazendas marinhas ou nos bancos naturais. Para
que a depuração cumpra o seu papel de eliminar microrganismos causadores de doenças
presentes em moluscos que serão vendidos vivos ao consumidor final, é necessário: Manter os
animais vivos, limpos e em boas condições durante e depois da depuração; Assegurar que os
moluscos estejam ativos, realizando sua atividade de filtração dentro dos tanques de depuração
e eliminando o conteúdo dos intestinos; Assegurar que o material excretado seja deslocado para
longe dos moluscos; Evitar a recontaminação dos moluscos durante o processo de depuração.

Existem basicamente três tipos de sistemas de depuração: os tanques de depuração que


funcionam com água limpa e fresca injetada continuamente através de uma bomba (sistema de
fluxo contínuo), os tanques onde a água pode ser substituída em intervalos determinados
(Batch-process) ou ainda tanques com água recirculada (sistema fechado de circulação)
(RICHARDS, 2003).

A depuração pode ocorrer de duas formas, que dependem de seu ambiente:

Natural - Transferência das ostras para local onde apresenta uma melhor qualidade de água.
Representa aproximadamente 5% dos custos de produção. Exemplos: Mar aberto ou praia de
água livre de poluição.

Artificial -Estação depuradora controlada, com água esterilizada. Representa aproximadamente


15% dos custos de produção.
A depuração artificial normalmente é realizada por três tipos de processo:
Depuração por cloro: Utilizamos água clorada com concentração de 3 ppm, esperamos um
intervalo tempo para eliminação dos microrganismos. Para controle do cloro utilizamos um Kit
de análise. O ponto fraco deste processo é que deixa sabor e cheiro característico e mal aspecto.

Depuração por ozônio: Utilizamos a injeção de gás ozônio para esterilizar a água. É um
processo bastante eficiente, porém muito caro.
Depuração por Ultravioleta (UV): A água passa por equipamentos que irradiam luz UV. É um
procedimento que não altera o sabor do molusco.

REFERÊNCIAS
DE SOUZA, Robson Ventura; SUPLICY, Felipe Matarazzo; NOVAES, André Luis Tortato.
Depuração de moluscos bivalves. Boletim Didático, n. 160, 2021.
MARENZI, Adriano WC; CASTILHO-WESTPHAL, Gisela G. Cultivo de organismos
aquáticos-Malacocultura. 2016.
NONÔ, Ricardo Gomes de Barros. Cultivo de Ostras em Alagoas. Maceió: SEBRAE/AL, 2010.
20-21 p.
RICHARDS, G. P.; The Evolution of molluscan shellfish safety. 2003 In. Molluscan Shellfish
Safety (Villalba, A. Reguera, B., Lopez-Romalde, J. L.; Beiras, R. eds) pp. 221--322. Xunta de
Galícia and Intergovernamental Oceanographic Commision of UNESCO, Santiago de
Compostela, 2003.

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