Você está na página 1de 27

POSSIBILIDADES

MOTORAS NA ÁGUA

Prof. Me. RAFAEL DE GOIS TINÔCO

Componente Curricular
Atividades Motoras no Meio Aquático
POSSÍVEIS ATIVIDADES NA ÁGUA
POSSÍVEIS ATIVIDADES NA ÁGUA
O HOMEM E A ÁGUA
• A atividade aquática é umas das atividades físicas mais
antigas do homem. Nas cavernas do deserto da Líbia
encontram-se as mais remotas ilustrações conhecidas da
arte de nadar. Calcula-se que sejam datadas de 9.000 anos
antes da nossa era (CATTEAU, 1990);

• A origem das atividades no meio líquido se confunde com as


origens da própria humanidade. Por temor, por
necessidade, às vezes até por prazer, o homem entrou em
contato com o meio líquido buscando sua subsistência;

• A pesca era uma das atividades de nossos ancestrais, sendo


comum o uso de frágeis embarcações criando oportunidades
de imersões menos ou mais voluntárias.
O HOMEM E A ÁGUA
• É possível que o surgimento da natação esteja
associado à necessidade de fuga para o homem, quer
seja de animais ou do fogo, salvando-se graças à
proteção das águas;

• Estudos arqueológicos relatam que, há 5.000 anos, na


Índia, já existiam piscinas de água quente. Na Grécia
antiga, as cidades possuíam balneários públicos que as
pessoas utilizavam para o lazer e cerca de 2.000 termas
privadas. Entre os primeiros a estudar os benefícios das
atividades físicas no meio aquático está Heródoto (446
A.C.), que escreveu um tratado sobre águas quentes e
saúde.
O HOMEM E A ÁGUA
O HOMEM E A ÁGUA
O CORPO E A ÁGUA
• Estar e agir no meio aéreo não é igual a estar e agir no meio
aquático. Existem várias propriedades físicas que interferem
na ação direta e indiretamente, não só no corpo mas em
todo o nosso universo de vida. Apesar do ser humano estar
cerca de 9 meses no meio líquido, ao nascer passa para o
meio aéreo, com isso muitas coisas se transformam, a
começar com a respiração (VESLASCO,1998).
O CORPO E A ÁGUA
• Pressão Hidrostática: É a força que se aplica a toda
superfície do corpo imerso em água. A força hidrostática
aumenta com a profundidade da água e é multidirecional
(BAUM, 2000). Logo, quanto mais fundo, mais pressão;

• A pressão hidrostática é a primeira contribuição para o


exercício, existe uma estimulação imediata da circulação
periférica e estando água na altura dos ombros promove
uma resistência sobre a caixa torácica;
• A lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida
igualmente sobre todas as áreas e um corpo imerso a uma
dada profundidade. A pressão é diretamente proporcional a
ambas: a profundidade e a densidade do fluido. (BATES &
HANSON 1998).
O CORPO E A ÁGUA
• Equilíbrio: O corpo na água está sujeito a duas forças
gravidade e flutuação. Se estas forças iguais e opostas
estiverem confluentes, o corpo estará em equilíbrio e não
ocorrerá movimentos, porém se estas forças são desiguais e
desalinhadas, então ocorrerá movimento;

• Peso: Segundo Skinner & Thomson (1985), o peso de uma


substância é a força com a qual ela é atraída no sentido do
centro da terra. Nas atividades aquáticas o peso do
indivíduo é reduzido cerca de 90% quando está imerso com
a água na altura dos ombros.
O CORPO E A ÁGUA
• Peso Corporal dentro d’água: O peso corporal dentro d’água é
aliviado de acordo com a profundidade em que se encontram as
articulações, pela ação da flutuabilidade. Nível da água no ombro
90%, no tórax 80%, na cintura 50%, na coxa 40%, nos joelhos 20%
e nos tornozelos 10%. Na água, o corpo flutua fazendo com que o
indivíduo diminua o peso hidrostático e, consequentemente, as
forças compressivas que atuam nas articulações, principalmente
nos membros inferiores, reduzindo o estresse nas articulações.
Quanto maior o nível de imersão, menor será o impacto que uma
articulação será submetida (BONACHELA, 2001);
• Densidade: É a relação entre a massa e o volume de um objeto
que define sua densidade e também determina suas
características específicas de flutuabilidade no fluido em que é
necessário flutuar. A densidade de um objeto é então seu peso
dividido por seu volume.
O CORPO E A ÁGUA
• Por que flutuamos com maior facilidade no mar do que
na piscina?

• Porque a densidade da água do mar é maior do que a


da piscina, devido a quantidade de sal. Logo, com a
água mais densa, nosso corpo fica menos denso e
flutuamos com maior facilidade.
O CORPO E A ÁGUA
• Turbulência: A resistência encontrada durante os movimentos
através da água é consideravelmente maior do que durante a
realização dos mesmos movimentos na terra, em razão da maior
densidade relativa da água. O grau de resistência oferecido pela
água parada depende da velocidade do movimento e da forma do
corpo em movimento, isso se dá porque essa parte causa
turbulência, isto é, corrente de águas aleatórias. (Baum, 2000).
Quando um corpo se desloca na água ele encontra uma
resistência (positiva (ação) e negativa (reação)) (VELASCO, 1998);
• Positiva: é a onda ascendente, é a pressão positiva na frente do
corpo ou objeto e corresponde a aproximadamente 10% da
resistência;
• Negativa: é a onda descendente, é a pressão negativa, a que foi
criada diretamente atrás do corpo ou objeto. Forma-se uma área
de baixa pressão que cria turbulência e suga o corpo para baixo.
O CORPO E A ÁGUA
• Fricção e Viscosidade: A resistência do movimento através de
um fluido, que é causada pela fricção entre as moléculas do
fluido, é conhecida como viscosidade. Com o aumento da
temperatura da água, a viscosidade diminui porque as moléculas
estão mais afastadas, a viscosidade atua como uma resistência ao
movimento, pois as moléculas tendem aderir à superfície do
corpo (BATES & HANSON, 1998);
• Flutuação: A água exerce uma força (flutuação) ascendente em
qualquer corpo que esteja imerso. A força depende do volume de
água deslocado. O peso do objeto é uma força descendente.
Quando um corpo é pesado na água, seu peso fica diminuindo
pela força ascendente da flutuação na água. Quando um indivíduo
empurra um objeto flutuante mais para dentro da água, surge
uma força mais ascendente correspondente ao peso da água
adicional que agora está sendo deslocada (BAUM, 2000).
FLUTUAÇÃO
• Exercícios de Confiança:

• Uma das atividades mais difíceis de um professor é


estimular, sem medo de errar, o senso de “segurança na
água” em crianças. Provavelmente, a melhor maneira de
iniciar o aprendizado seja deixar simplesmente elas jogarem/
brincarem na/com a água. Através disso, elas aprenderão a
necessidade de dominar e também usar a resistência natural
da água. Os alunos menores devem estar usando
equipamentos de segurança, como boias de braço, por
exemplo, para alcançar o fundo da piscina, se estiverem
realmente com medo ou em qualquer caso em que o
professor achar apropriado.
FLUTUAÇÃO
• Exercícios de Adaptação:

• Sentar na borda da piscina e espalhar a água;


• Sair e entrar com segurança;
• Andar para frente e para trás segurando no corrimão;
• Saltar para cima e para baixo na água;
• Colocar o rosto na água e “lavá-lo”;
• Fazer bolhas segurando o corrimão;
• Andar em coluna (trenzinho);
• Segurar nos flutuadores;
• Andar com flutuadores;
• Saltar na parte rasa;
• Sustentação e avanço alternados.
FLUTUAÇÃO
• Equilíbrio Vertical com Apoio Plantar (Caminhar na Água):

• Esta habilidade significa o ganho do equilíbrio e do


deslocamento vertical harmônico em locais de pequena
profundidade onde se tem o apoio plantar dos pés. Além da
aquisição da estabilidade vertical, o objetivo deste componente é
fazer com que a criança experimente diferenciadas situações de
instabilidade, as quais fornecem um rico repertório de
desequilíbrio/reajuste posturais do corpo na água;

• Pelas atividades de equilíbrio, se realiza uma reestruturação do


corpo no novo meio, considerando-se todas as novas informações
sensoriais e as propriedades da água (como a densidade, pressão,
temperatura, força de empuxo), que são totalmente diferenciadas
ao meio terrestre.
FLUTUAÇÃO
• Equilíbrio Vertical com Apoio Plantar (Atividades):

• Caminhar com auxílio humano, materiais ou borda da piscina;


• Variar a profundidade, de locais menos para mais profundos, em
plataformas ou equipamentos;
• Em grupo, com variadas conformações como rodas, filas, outras;
• Com variação de velocidade e direção;
• Com transposição de obstáculos superiores ou inferiores
colocados no chão, na superfície da piscina ou acima dela;
• Combinado de materiais dinamizantes como bolas e outros
brinquedos;
• Combinado de saltitos, giros e outras movimentações;
• Equilibrar verticalmente ou deslocar em equipamentos instáveis;
• Etc.
FLUTUAÇÃO
• Equilíbrio em Locais Profundos com Auxílio de Flutuadores:

• Neste componente, o corpo experimenta o equilíbrio desde a


posição vertical até a horizontal, passando pela inclinada,
acompanhando o desenvolvimento das diferentes etapas de
evolução dos movimentos aquáticos de pernas, os quais também
passam por diferentes posições de corpo;
• O uso de flutuadores permite experimentar a ação da força do
empuxo precocemente, mesmo que modificada, além de
oferecer oportunidade de propulsão e liberdade de exploração.
Na busca da estabilidade nestes materiais, a criança trabalha
intensamente o equilíbrio nas diversas e variadas retificações
posturais que necessita realizar. Permite também o
desenvolvimento de habilidade motora dos membros inferiores e
com isso ganhe uma grande independência.
FLUTUAÇÃO
• Equilíbrio Horizontal – Flutuação Ventral e Dorsal:

• Este componente representa a conquista de uma nova posição


hidrodinâmica, ou seja, uma reaprendizagem postural, a qual
necessita de uma reorganização interna do indivíduo o qual
perderá o apoio dos pés no chão para se manter sustentado
pela água. Implica em uma progressão chegando à capacidade de
manter-se sobre a água horizontalmente. Este equilíbrio será
conquistado tanto na posição ventral como dorsal. É importante
considerar também que a criança trocará sua posição vertical, na
qual estão estruturadas as referências e coordenadas corporais,
para uma posição horizontal, perdendo assim seus referenciais
de orientação. O acima e abaixo que tinham como
correspondência a cabeça e os pés, na nova posição
correspondem às costas e abdome.
FLUTUAÇÃO
RESPIRAÇÃO
• Uma dificuldade com que se depara um sujeito nos
primeiros contatos com o meio aquático relaciona-se
com a respiração. A impossibilidade de utilizar o
mecanismo respiratório habitual no meio aquático,
especialmente quando se encontra em decúbito
ventral, implica a necessidade de aquisição de
novos automatismos. Ou seja, ao mecanismo
respiratório inato utilizado no meio terrestre, há que
promover as alterações adequadas. Alterações essas
que passam em traços largos pelo aumento
voluntário das trocas gasosas.
RESPIRAÇÃO
• Determinantes Fisiológicas e Mecânicas:

• A respiração assume um duplo papel. Um papel fisiológico,


relacionado com a atividade corporal e a necessidade de efetuar
trocas gasosas; e um papel mecânico, em virtude de influenciar
diretamente a flutuabilidade do sujeito;
• Numa perspectiva fisiológica, estando sentado imerso até ao
pescoço, a capacidade vital de um indivíduo diminui 8 a 10%
(AGOSTINO et al., 1966 apud HOLMÉR, 1974). Isto deve-se a um
aumento do volume sanguíneo na região torácica. Para mais, o
aumento da resistência à ventilação durante a imersão, em
repouso ou em atividade, promove um aumento do esforço
respiratório. Assim sendo, o ato respiratório não pode ser
meramente reflexo e passivo, tendo de se tornar voluntário e
ativo.
RESPIRAÇÃO
• Sequência Metodológica:

• 1) Molhar a Face - O aluno deverá desde cedo não temer em


manter a face molhada. Para tal, deve-se solicitar que ele a
molhe. Por exemplo, no caso das crianças, pode-se pedir que elas
"lavem o rosto dentro da piscina como fazem no lavatório“
• 2) Imergir e Abrir os Olhos - O passo seguinte será promover a
imersão da cabeça, mantendo os olhos abertos dentro d’água,
impedindo os reflexos óculo-faciais já descritos que levam
geralmente ao fechar dos olhos. Pode-se dividir esta etapa em
duas fases. Numa primeira fase, realizar-se-ão imersões de curta
duração (1-5 segundos). Numa fase subsequente, promove-se a
execução de imersões acrescidas. Isto é, propõe-se um
prolongamento do tempo da imersão, consequência de um maior
à vontade do aluno na execução das tarefas.
RESPIRAÇÃO
• Sequência Metodológica:

• 3) Expiração na Água - O aluno deverá compreender que para


expirar ele terá de efetuar expirações ativas, caso contrário o ar
não consegue vencer a pressão exercida pela água. Pedir ao
aluno que expire para a água ou que empurre uma bola de ténis
de mesa com o sopro, são exemplos de tarefas que poderão ser
apresentadas com este objetivo. A duração da expiração deverá
ser gradualmente aumentada até ser possível a expiração
completa;
• 4) Expiração Ritmada - A ideia subjacente consiste na criação de
um ritmo respiratório, onde a fase inspiratória será realizada em
intervalos temporais constantes. Por exemplo, inspirar a um
tempo e expirar a quatro (contagem) tempos será uma sugestão
para se promover a realização de expirações ritmadas.
RESPIRAÇÃO
• Sequência Metodológica:

• 5) Expiração Ritmada Associada ao Batimento Alternado dos


Membros Inferiores - Por forma a associar e sincronizar a função
respiratória com a função propulsiva, deve-se apresentar tarefas
que solicitem a sincronização entre o ato inspiratório e a ação
dos membros inferiores. Por exemplo, pedir ao aluno inspirar em
cada dois, quatro ou seis batimentos dos membros inferiores. Este
último padrão de sincronização será dos mais oportunos, dado
que é análogo ao adoptado nas técnicas alternadas;
• 6) Ritmo Respiratório - Não é mais do que sincronizar a
respiração com a ação dos membros superiores (CATTEAU &
GAROFF, 1988). Isto porque é a ação dos membros superiores
que, em qualquer técnica de nado formal, irá determinar o
momento de inspiração, ou seja, o ritmo respiratório.
RESPIRAÇÃO
• Sequência Metodológica:

• 7) Controle Respiratório - O controle respiratório pode ser


efetuado frontalmente, através da extensão da cabeça ou
lateralmente, através de uma rotação lateral da mesma. As
inspirações laterais são do tipo unilateral, ou seja, através da
rotação da cabeça sempre para um dos lados. Uma outra
alternativa é a inspiração bilateral, isto é, a rotação alternada
para cada lado, em ciclos inspiratórios consecutivos. Este
tipo de inspiração lateral terá particular interesse na medida
em que poderá ser um transferência motora positiva para a
técnica inspiratória realizada na técnica de Crawl.

Você também pode gostar