Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Introdução
O presente trabalho fala sobre a estabilidade do navio.
Primeiro dizer que para que um navio seja capaz de navegar e operar presume-se que o
mesmo tenha estabilidade. O estudo da estabilidade de embarcações é algo milenar, outrora
uma arte fundamentada no método empírico, e hoje uma ciência embasada na física e no
cálculo.
3
Por que o navio flutua?
De acordo com (Americo, 2009) todos os corpos que estão na água estão sujeitos ao principio
de Arquimedes.
Princípio de Arquimedes:
Todo o corpo mergulhado num fluido sofre, por parte do fluido, uma força vertical para
cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo.
Arquimedes descobriu que um corpo imerso na água se torna mais leve devido a uma força,
exercida pelo líquido sobre o corpo, vertical e para cima, que alivia o peso do corpo.
Essa força, do líquido sobre o corpo, é denominada Impulsão (I). Portanto, sobre um corpo
que se encontra imerso num líquido, actuam duas forças: a força Peso (P), devido à
interacção com a força gravitacional terrestre, e a força de Impulsão (I), devido à interacção
do líquido com o corpo.
Quando um corpo está totalmente imerso num líquido, podemos ter as seguintes condições:
Se este permanecer parado no ponto onde foi colocado, a intensidade da força de impulsão
é igual à intensidade da força Peso (I = P);
Se por sua vez for levado para a superfície, a intensidade da força de impulsão é maior do
que a intensidade da força Peso (I> P)
4
O Princípio de Arquimedes permite saber qual das três situações irá ocorrer.
Seja Vfd o volume de fluido deslocado pelo corpo. Então a massa do fluido deslocado é dada
por:
mfd = f . Vfd
Para corpos totalmente imersos, o volume de fluido deslocado é igual ao próprio volume do
corpo. Neste caso, a intensidade do peso do corpo e da impulsão são dadas por:
A densidade ou massa volúmica de uma substância traduz-se na sua massa por unidade de
volume e é expressa por:
5
O navio flutua porque:
1) Porque é oco e sua densidade média (considerando a parte de aço e a parte cheia de ar) é
menor que a densidade da água.
2) Porque ele encontra-se em equilíbrio, parcialmente imerso e sujeito a ação de duas forças
de mesmo módulo e contrárias, o peso P e o empuxo E, exercido pela água.
P=E
Empuxo - Um líquido exerce um empuxo sobre um corpo flutuante ou imerso nele porque a
pressão na parte inferior do corpo é maior que a pressão na sua parte superior. A força de
empuxo só depende da diferença de pressões entre a face inferior e superior do corpo. Não
depende da profundidade, portanto o valor do empuxo é igual ao peso do líquido deslocado.
Peso - Grandeza originada pelo produto da massa de um corpo com a aceleração local da
gravidade.
6
Estabilidade Dinâmica – Estuda a estabilidade sob os efeitos das vagas e influências
externas. Considera-se o trabalho necessário para levar o navio a uma determinada
inclinação.
Assim, de acordo com (Brandão & Natal, 2017) se, por exemplo, o navio “pesa” 1500
toneladas, o seu volume terá que ser grande o suficiente para deslocar a mesma quantidade de
água, que, por sua vez, reage com uma força equivalente às 1500 toneladas e empurra o barco
para cima. Desse modo, o barco é sustentado por essa força contrária e flutua. No desenho
observamos o volume de água que é deslocado para um navio flutuar. A densidade desse
volume de água, ou seja, seu peso (kg) dividido pelo volume que ocupa (m³) é inferior à
densidade do navio. Assim, quando o empuxo é maior do que o peso do objeto, esse objeto
flutua e, quando é menor ele afunda.
7
Deslocamento – é o peso do navio. Peso da água deslocada. É dado pela expressão:
Δ = V. δ
Onde: Δ - deslocamento.
Plano de Flutuação – Plano que contém a superfície das águas tranquilas em que o casco
está flutuando.
8
Coeficientes de forma
Os coeficientes de forma são quocientes que comparam numericamente a forma imersa dos
navios com formas regulares que possuem as maiores dimensões do navio. Estes coeficientes
são utilizados ainda durante a fase de projecto e de construção do navio de modo a prever
factores tais como a resistência dinâmica, e para estimar as necessidades em termos de
aparelho propulsor para determinadas velocidades de operação. Todos estes coeficientes são
adimensionais e menores do que 1.00. (Americo. M, 2009)
fig.3.
Área de flutuação. (Americo, 2009)
9
Coeficiente de Bloco é a relação entre o volume da carena (V) e o volume de um
paralelepípedo (bloco) que envolve a carena. (Brandão & Natal, 2017)
B = boca
Cb é sempre menor que a unidade, variando, nos navios mercantes, entre 0,6 a 0,8.
Cb = Cp x Csm
10
Coeficiente da seção a meio-navio (Csm)
É a relação entre a área da seção mestra e a de um retângulo cujos lados tenham as dimensões
da boca e do calado médio da carena. (Brandão & Natal, 2017)
onde B = boca
fig.6. Determinação do
coeficiente da área a meio navio. (Americo, 2009)
B = boca do navio
11
Definição dos pontos notáveis da estabilidade
Centro de gravidade (G) É o ponto de aplicação da resultante das forças gravitacionais que
atuam no navio e em tudo que existir a bordo.
Segundo (Americo, 2009) o ponto G representa o centro de gravidade do navio, onde está
aplicado o peso do navio e o ponto B o centro de aplicação da impulsão. A estabilidade dos
navios está relacionada com a posição relativa entre estes dois pontos, quando o navio sofre
adornamentos. Considerando que um navio é adornado devido a uma força exterior, como o
vento, por exemplo:
fig.7. Posição relativa entre o centro de aplicação do peso e o da impulsão. (Americo, 2009)
Metacentro (M) É o ponto de encontro de dois raios de uma curva infinitamente pequena,
descrita pelas sucessivas mudanças de posição do Centro de Carena de um navio que oscila
em flutuações isocarenas.
12
Qualidades e Planimetria dos navios
De acordo com (Pereira, 2011) as qualidades comerciais são determinadas pelo Armador que
o manda construir e resumem-se me qualidades comerciais (econômicas), funções de uma
série de fatores.
os navios devem ser projetados para cada tipo de comércio em particular a que se
destinam.
Qualquer que seja o seu tipo ou o meio de propulsão, um navio deve possuir as seguintes
qualidades técnicas:
Essenciais
Solidez – é a propriedade que deve ter toda a estrutura de resistir aos esforços produzidos
pelas vagas no balanço e na arfagem e, pesos transportados a bordo.
13
Estanqueidade – é a propriedade que deve possuir o casco de permanecer intransponível
pela água, qualquer que seja o estado do mar.
Náuticas
Estabilidade estática – é a tendência que deve ter o navio para voltar à sua posição original
de equilíbrio ao cessar a força externa que o afastou desta posição.
Planimetria
Desenhos de linha e planos de formas. Tanto as superfícies das obras vivas como das obras
mortas são topográficas, isto é, são analiticamente representáveis. O desenho de linhas e
planos de formas, é a representação das formas e dimensões do casco por projeções em três
planos ortogonais de referencia.
14
Plano de base moldada
É um plano horizontal que passa pela quilha, conforme observado na Figura .9. Este plano
serve de referência para todas as coordenadas verticais de qualquer ponto do navio que
precisamos determinar. Por ser a origem de todas as cotas, além de referência para o
alinhamento dos sensores de bordo, tais como radares, radiogniômetros e outros. Muitos o
chamam de “plano principal do navio” ou de “master level”. Nas figuras onde serão
mostrados os pontos notáveis da estabilidade transversal, esse plano será representado por K.
(Coelho, 2007)
Plano diametral
É um plano longitudinal, vertical, compreendido entre a proa e a popa. A Figura é um eixo
de simetria do navio, divide a embarcação nos corpos de bombordo e boreste e serve de
origem para contagem das distâncias horizontais transversais, de qualquer ponto do navio que
se necessite determinar.
15
Plano de secção transversal
É um plano transversal, vertical e, portanto, perpendicular ao plano de base e também ao
plano diametral. Serve de referência para a contagem das coordenadas horizontais
longitudinais de que necessitamos para determinar um ponto no navio.
O plano de referência pode estar localizado numa das perpendiculares ou na seção mestra,
portanto a meio navio, dividindo o corpo do navio nos corpos de proa e popa. Nesse plano se
localiza o elemento aranha, que é representado pelo símbolo )O( , Figura 10. Esse plano é
dividido ao meio por uma linha vertical e perpendicular ao plano de base, sendo identificada
pelo símbolo L.C, que é a abreviatura de linha central, conforme se apresenta na Figura 10
Plano de perfil
Neste plano o casco é cortado por planos secantes e paralelos ao plano diametral, sendo o
plano de referência o diametral. A maior utilidade deste plano é a determinação dos
baricentros dos diversos compartimentos.
16
Linhas de alto
Interseção do casco por planos verticais longitudinais ou planos do alto. Elas aparecem em
verdadeira grandeza no plano de perfil e são denominadas de acordo com o afastamento do
plano diametral. Há geralmente, quatro destas linhas espaçadas igualmente a partir do plano
diametral, que determina a linha do zero.
Plano de balizas
O plano de projeção das balizas é o transversal de meio navio. O casco do navio é cortado
por planos secantes verticais. As linhas determinadas pela interceptação do plano secante
com o casco são projetadas no plano transversal de meio navio, representando as balizas em
verdadeira grandeza. O ponto de vista fica situado à proa ou à popa. A linha central é a
projeção do plano diametral. De cada lado da linha central são representadas as balizas, sendo
um lado as da proa e do outro, as da popa. Com este plano podemos calcular as áreas de cada
seção transversal, tomado a grandeza do segmento limitado pela linha central e a baliza.
fig.12.
Planos do desenho de linhas. (Pereira, 2011)
17
Sociedades classificadoras
Pela forma com que se opera e se mantém um navio, e pela própria natureza da aventura que
é o mar, é claro que estas condições mudam ao longo do tempo e, com o objetivo de manter
os registros atualizados, eles mantinham por sua própria conta técnicos que vistoriavam
periodicamente as condições das embarcações. Eram os "surveyors", expressão usualmente
traduzida em português para "vistoriador" ou "perito" ou ainda, no jargão da Marinha
Mercante brasileira dos dias de hoje, "classificador".
Utilizando-se sabiamente do mercado que detinha, Edward Lloyd produziu uma espécie de
cadastro de navios, chamado "A list of ships", que foi o precursor do primeiro registro de
navios na forma como existe até hoje, editado quando da fundação da primeira Sociedade
Classificadora de navios em 1760, não por coincidência chamada "Lloyd's Register of
Shipping". É muito provável que uma compilação do conjunto destes registros particulares
tenha sido utilizada para formar o primeiro registro publicado pelo então recém-fundado
Lloyd's Register of Shipping.
18
O mais antigo registro existente é de 1764, está hoje no Museu Britânico, e contém
informações sobre as condições de aproximadamente 4500 navios classificados. Estes
registros continham códigos da classe atribuída aos cascos e equipamentos dos navios, de
acordo com suas condições, idade, etc. Em 1823 foi fundado um comitê para elaboração de
regras e recomendações sobre construção de navios e, em 1834, com a publicação das
primeiras "Regras", consolidou-se o Lloyd's Register of Shipping da forma como funciona
hoje. A Marinha Mercante de diversas regiões da Europa foi-se desenvolvendo rapidamente,
e, com o tempo, outras Classificadoras foram surgindo, em geral a partir de iniciativa
conjunta de diversos armadores de um mesmo país, para atender às necessidades de
manutenção de um registro, exigência dos seguradores. As duas letras que aparecem na
metade do costado dos navios, ladeando um disco cortado por um segmento de reta
horizontal, chamado disco de Plimsoll e popularmente conhecido como "marca do seguro",
indicam a Sociedade Classificadora que efetua o acompanhamento do navio (Exemplo
Bureau Colombo, sigla "BC"), geralmente a mesma que acompanhou sua construção.
Portanto, as Sociedades Classificadoras exercem, hoje em dia, um papel muito importante na
indústria de construção naval. As suas Regras possuem um forte apoio na experiência prática,
apesar de evoluírem cautelosamente por influência das novas tecnologias. Por serem
razoavelmente sintéticas, simplificam e barateiam o projeto e a construção. O monitoramento
das condições da embarcação, realizado pela Sociedade Classificadora durante o seu projeto,
a sua construção e ao longo de toda a sua vida útil, assegura, que o navio apresenta um risco
aceitável para a seguradora e para aqueles que nele viajam. Por estes motivos, a quase
totalidade dos Armadores classificam seus navios, apesar de em alguns casos não existir
qualquer obrigação para que o façam. Adicionalmente, a Sociedade Classificadora Certifica,
quando autorizada pelo Governo Nacional de um país, que a embarcação obedece a uma
convenção Internacional do qual o país é signatário. O BC vem atuando como Sociedade
Classificadora de Navios desde 1959.
Definição
As sociedades classificadoras são empresas, entidades ou organismos reconhecidos para
actuarem em nome da Autoridade Marítima na regularização, controle e certificação de
embarcações nos aspectos relativos a segurança da navegação, salvaguarda da vida humana e
prevenção da poluição ambiental.
19
Finalidades
De acordo com (Pereira, 2011) tem como objetivo ou finalidade:
a) fixar regras sobre a construção do casco e das máquinas propulsoras e auxiliares das
embarcações;
III – as máquinas são vistoriadas no estrado e as caldeiras são testadas sob pressão igual a
1,5 vezes a pressão de regime.
Atualmente, quase todas as Sociedades Classificadoras estão substituindo esta vistoria pela
classificação contínua na qual, evitando um longa paralisação dos navios, os Armadores
20
podem parcelá-las, dentro dos 4 anos previstos, condicionado a que no final todos os quesitos
sejam completados e que não haja intervalos maiores de 4 anos para o quesito.
d) especiais – sempre que o navio sofra acidente grave ou seja submetido a reparos ou
modificações importantes.
Temos ainda diversas outras: suecas, italianas, etc. No Brasil, o Bureau Colombo e o RBNA
(Registro Brasileiro de Navios e Aeronaves). Todas apresentam símbolos diversos para as
diferentes categorias de navios que classificam, conforme o grau em que atendam às suas
rigorosas regras. (Pereira, 2011)
21
Conclusão
Apôs o termino do trabalho é possível concluir que todo o corpo submetido a água está
sujeito ao principio de Arquimedes, logo os navios também estão.
As interações entre as forças que afetam a embarcação são estudadas há muitos anos e,
através do Princípio de Arquimedes, teorias foram construídas para proporcionar melhores
análises estruturais e mecânicas dos planos de construção dos navios.
22
Bibliografia
Americo, M. (2009). Sistema de Avaliação da Estabilidade Transversal de Navios em
Tempo Real. Universidade Nova de Lisboa. Dep de Ciências e Materiais. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&
ved=2ahUKEwi0idrilZ_yAhWIaRUIHZUxDLUQFnoECAYQAw&url=https%3A%2F%2Fr
un.unl.pt%2Fbitstream%2F10362%2F13605%2F1%2FAmerico_2009.pdf&usg=AOvVaw3x
yQ9FhqLL6uRlGoKto1cD
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&
ved=2ahUKEwiC0O2Zlp_yAhW9SRUIHTFpDxMQFnoECAYQAw&url=http%3A%2F%2
Fwww.redebim.dphdm.mar.mil.br%2Fvinculos%2F00001a%2F00001a8a.pdf&usg=AOvVa
w0iz73OodzeV5XUNokivWOh
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&
ved=2ahUKEwjvwqiwlp_yAhVhqnEKHU79DToQFnoECAUQAw&url=https%3A%2F%2F
www.azoresuperyachtservices.pt%2Fimages%2FDownload_pt%2FESTABILIDADE%2520
DO%2520NAVIO%2FEstabilidade%2520-
%2520Marinha%2520do%2520Brasil.pdf&usg=AOvVaw3Gmqw_ToPx7-YJPx-KTj9s
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&
ved=2ahUKEwjN1trelp_yAhXoWxUIHU87CuoQFnoECAQQAw&url=https%3A%2F%2F
www.academia.edu%2F36980353%2FESTABILIDADE_PARA_EMBARCA%25C3%2587
%25C3%2595ES_MERCANTES_2a_Edi%25C3%25A7%25C3%25A3o_Revista_e_atualiza
da_CLC_SIDNEI_ESTEVES_PEREIRA&usg=AOvVaw3bEZbRBPc0dI_OArXN9o8v
23