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A PROTEÇÃO JURÍDICA E OS DESAFIOS DOS REFUGIADOS

LGBTQIA+ NO BRASIL.

Autor Principal: Matheus Pasqualin Zanon


170600@upf.br
Coautores: Matheus Pasqualin Zanon
Orientador: Patrícia Grazziotin Noschang
Área: Ciências Sociais Aplicadas
Subevento: Mostra de Iniciação Científica
Tipo de Trabalho: Resumo

 
Introdução: Movimentos migratórios forçados existem desde o período pré-histórico, contudo
é a partir do século XV que começaram a aparecer de forma mais sistemática. A 2ª Guerra
Mundial foi o acontecimento histórico que gerou o maior número de refugiados em decorrência
da perseguição do Movimento Nazista e da falta de proteção Estatal. Com isso, percebeu-se a
necessidade de se criar regras para a proteção dessas pessoas, a fim de assegurar tanto o respeito
a elas quanto a manutenção da segurança dos Estados. Em 1951 surgiu a Convenção Relativa
ao Estatuto dos Refugiados que considera refugiado qualquer pessoa que sofra fundando temor
de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas,
ou que sofra grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados. O presente
trabalho propõe-se, através do método dedutivo e de procedimento bibliográfico, debater o tema e
apresentar propostas de intervenções nas questões ligadas ao Refúgio LGBTQIA+.

Metodologia: Segundo dados da ONU, em 88 países no mundo há legislações que são contrárias
à homossexualidade, em 72 países um homossexual pode ser preso pela sua orientação sexual, e
ainda em 7 países a homossexualidade é unidade com pena de morte. Em consequência disso, os
indivíduos que são perseguidos pelos seus Estados vêm no refúgio uma alternativa para sobreviver.
No Brasil existem em torno de 7.600 refugiados residentes, entre eles 18 foram reconhecidos por
terem sido perseguidos ou por fundado temor de perseguição em virtude de sua orientação sexual
ou identidade de gênero e ainda outras 23 solicitações relativos ao mesmo critério estão pendentes
de análise. O Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), o órgão responsável pelas análises das
solicitações de refúgios, entende que pessoas LGBTQIA+ enquadram-se na categoria de refugiados,
visto que pertencem a um grupo social, em conformidade com a Convecção de 1951. E apesar dos
altos indicies de violência, o Brasil tem se tornado um dos destinos procurados pelos refugiados
LGBTQIA+, visto que não possuí legislação que criminalizada o grupo social, bem como conta
com decisões judiciarias que garantem a proteção e a garantia dos direitos, a decisão mais recente
foi a da Criminalização da LGBTfobia. O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados), divulga diretrizes legais de interpretação para determinação do status de refugiado.

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A diretriz de número 09 aduz que a solicitação de refúgio baseada na orientação sexual e/ou
identidade de gênero é enquadrada na categoria “grupo social”, seguindo assim o que determina
a Convenção de 1951. Ainda, os princípios de Yogyakarta fortalecem a base de orientação na
aplicação de Direitos Humanos relativos à orientação sexual e identidade de gênero. O princípio
23 refere que “Toda pessoa tem o direito de buscar e de desfrutar de asilo em outros países para
escapar de perseguição, inclusive de perseguição relacionada à orientação sexual ou identidade
de gênero”. De outra banda, não bastasse as dificuldades e violações sofridas pelos solicitantes
de refúgio nos países de origem, não é incomum que refugiados sejam vítimas de xenofobia,
somando-se a isso a LGBTIfobia, a violência é interseccional, vai além à condição de refugiado,
envolve também classe social, sexualidade e identidade de gênero. Todavia essa violência não
para por aí, os indivíduos também acabam enfrentando violências de outros refugiados, as vezes
conterrâneos, pelo fato de não serem heterossexuais ou cisgêneros. Essa situação torna ainda mais
difícil a vivência dos refugiados com a sociedade, principalmente para aqueles que não performam
masculinidade (no caso dos homens) ou feminilidade (no caso das mulheres). Recentemente
foi lançado, na Universidade de Passo Fundo, o projeto de Extensão Balcão do Migrante e do
Refugiado, que busca auxiliar de diversas formas, mas principalmente documental, os migrantes
e refugiados, fazendo com quem sejam acolhidos e inseridos no meio social.

Conclusão: Os Refugiados LGBTQIA+ são forçados a deixarem seus países, contudo esbarram
em outros desafios nos países que lhes acolhem. Para que possamos superar esses desafios, torna-
se necessário a criação de políticas assistenciais e educativas, integrando os refugiados nos diversos
meios sociais, fazendo com que se sintam partes da sociedade e sujeitos de direitos.

Referências: ACNUR. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951. Disponível em: <http://
www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_
Refugiados.pdf?view=1> Acesso em: 25 jul. 2021.

Diretriz nº 09 do ACNUR Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/


BDL/2014/9748.pdf?view=1> Acesso em: 20 jul. 2021.

JUBILUT, Liliana Lyra. O Direito Internacional dos Refugiados e sua aplicação no ordenamento jurídico
brasileiro. São Paulo: Método, 2007.

Princípios de Yogyakarta. Disponível em: <http://www.yogyakartaprinciples.org> Acesso em: 27 jul.


2021.

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