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O texto transcrito de Mundt, Lillian A.

Exame de urina e de fluidos corporais de Graff [recurso eletrônico] /


Lillian A. Mundt, Kristy Shanahan (2012), Henry (2012) E DE OUTROS AUTORES citados na bibliografia e
nos endereços eletrônicos nas notas de rodapé busca facilitar o acompanhamento, a discussão e a
compreensão dos assuntos estudados em sala de aula evitando, dessa forma, demoradas anotações em
cadernos. Em nenhum momento dispensa a leitura das bibliografias consultadas e sugeridas.

URIANÁLISE, UROANÁLISE ou URINÁLISE

1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE

1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE

O estudo da urina já aparece em desenhos dos homens das cavernas e em hieróglifos do


Egito. Os médicos da antiguidade já obtinham informações diagnóstica a partir da cor, turvação,
odor, volume e até mesmo a presença de açúcar, ao observaram que certas amostras atraiam
formigas. É importante destacar que essas características são observadas até hoje nas modernas
técnicas laboratoriais ampliadas com a análise bioquímica e microscópica do sedimento urinário.
(STRASSINGER, 2000. p. 30).
A análise de amostras de urina para fins diagnósticos já era realizada em 1000 a.C. por
sacerdotes egípcios que utilizavam amostras de urina para realizar um procedimento que pode
ser considerado como o primeiro teste diagnóstico descrito na literatura. O teste tinha como
objetivo não apenas confirmar a gravidez, mas também identificar o sexo do feto e consistia em
derramar urina recém emitida sobre uma mistura de sementes de cereais. Caso as sementes
germinassem o teste era considerado positivo para gravidez, e dependendo do tipo de sementes
que germinava seria possível prever o sexo do feto (Lines, 1977).
No século V a.C., Hipócrates escreveu sobre a importância da uroanálise. Por volta de 1140
d.C. os médicos criaram uma tabela que explicava o significado de vinte diferentes cores da urina.
Já em 1694, Frederik Dekkers, verificava albuminúria por meio da fervura da urina. O
desenvolvimento do microscópio no século XVII favoreceu a investigação microscópica dos
fluidos corporais; Thomas Addis, no século XX, criou o exame do sedimento urinário e a
quantificação do sedimento urinário. Richard Bright, em 1867, introduziu a uroanálise como parte
do exame de rotina.
Duas características únicas podem explicar a popularidade da análise da urina:
1. Amostra de urina é de obtenção rápida e colheita fácil;
2. A urina fornece informações sobre muitas funções metabólicas do organismo, por meio de
exames laboratoriais simples. (STRASSINGER, 2000, p. 1).
Mas a padronização de sua realização, apesar de existir em diferentes países, inclusive no Brasil,
apresenta diferenças significativas (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001; ABNT
NBR 15268, 2005). A solicitação de sua realização inclui razões como:
a) auxiliar no diagnóstico de doenças;
b) realizar triagem de populações para doenças assintomáticas, congênitas ou hereditárias;
c) monitorar a progressão de doenças;
d) monitorar a efetividade ou complicação da terapia e,
e) realizar a triagem de trabalhadores de indústrias para doenças adquiridas (NCCLS, 2001).

Na prática médica diária, o exame de urina constitui ferramenta importante no:


a) diagnóstico e acompanhamento de infecções do trato urinário;
b) diagnóstico e acompanhamento de doenças não infecciosas do trato urinário;
c) detecção de glicosúria de grupos de pacientes admitidos em hospitais em condição de
emergência;
d) controle de pacientes diabéticos e
e) acompanhamento de pacientes com determinadas alterações metabólicas como
vômitos, diarreia, acidose, alcalose, cetose ou litíase renal recorrente (European Urinalysis
Guideline, 2000; NCCLS, 2001).

SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é formado por quatro componentes principais: o rim, onde a urina é formada a
partir da filtração do sangue; os ureteres, que conduzem a urina até a bexiga, a bexiga, que
armazena a urina produzida; e a uretra, a qual
transporta a urina para excreção (Figura ao
lado). Os rins são órgãos pares, localizados na
região dorsolombar. São essenciais para a
manutenção da homeostase, incluindo a
regulação de fluidos corporais, o balanço
ácido-base, o balanço eletrolítico e a excreção
de resíduos; também estão relacionados à

Sistema urinário feminino e masculino. manutenção da pressão sanguínea e da


Figura disponível em: eritropoiese. A função renal é influenciada
<https://slideplayer.com.br/slide/3471158/>. Acesso
em: 08 jul. 2019. por volume, pressão e composição
sanguíneos, assim como por hormônios
das glândulas adrenal (libera o hormônio aldosterona associado a absorção de sódio) e
pituitária1 (libera hormônio antidiurético (HAD), também conhecido como vasopressina). Esses
hormônios contribuem para a manutenção da pressão arterial sistêmica.
A formação da urina envolve complexos processos de filtração do sangue; reabsorção de
substâncias essenciais, incluindo a água; e secreção tubular de determinadas substâncias. Após
a formação no rim, a urina desloca-se pelo ureter até o interior da bexiga, onde é armazenada
temporariamente antes de ser excretada através da uretra (MUNDT, 2012, p. 12).

ANATOMIA RENAL

Os rins estão situados na parede posterior da cavidade abdominal, a cada lado da coluna
vertebral. Em virtude da localização anatômica do fígado, o rim direito encontra-se ligeiramente
mais abaixo do rim esquerdo. O rim é um
órgão em forma de feijão, e sua borda medial
contém uma indentação2, o hilo renal,
através do qual a artéria renal penetra no rim,
e a veia renal e o ureter deixam o rim. Cada
rim é recoberto por uma cápsula e encimado
pela glândula adrenal, uma glândula
endócrina.
A estrutura interna do rim consiste em três
http://biomedicinaparatodos.blogspot.com/2015/07/
sistema-urinario-fisiologia-do-nefron.html regiões: o córtex, a medula e a pelve renal.
O córtex é a camada externa do rim, situado
logo abaixo da cápsula renal. Regiões do córtex, denominadas colunas renais, estendem-se para
o interior da medula renal ou para regiões médias do rim. Os vasos sanguíneos que alimentam o
córtex e a medula atravessam as colunas renais. Também no interior da medula situam-se as
pirâmides renais triangulares, localizadas entre as colunas renais. As pontas das pirâmides
renais, as papilas, projetam-se para o interior de um espaço em forma de funil, um cálice menor,
e vários cálices menores reúnem-se, formando um cálice maior. Os cálices maiores unem-se
formando a pelve renal, que consiste em uma expansão do ureter superior. O hilo abre-se neste
espaço, o seio renal, no qual estão localizados a pelve renal e os vasos sanguíneos renais.
O córtex e a medula renais contêm os túbulos renais, que incluem os túbulos dos néfrons e os
dutos coletores. Há, aproximadamente, 1 milhão, ou pouco mais, de néfrons em cada rim. O
néfron é a principal unidade funcional do rim (MUNDT, 2012, p. 12-3).

1
A glândula pituitária ou hipófise é uma glândula, situada na sela túrcica (cavidade óssea localizada na base do crânio), ligado
ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. A hipófise é responsável por várias funções do organismo como crescimento,
metabolismo, produção de corticoides naturais, menstruação e produção de óvulos, produção de espermatozoides e produção de
leite nas mamas após o nascimento da criança. Disponível em: < http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-que-e-a-glandula-
pituitaria-qual-a-sua-funcao/5707/773/ >. Acesso em: 11 jul. 2019.
2
Indentação: tem sentido de recuo.
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO NÉFRON

O néfron é a unidade funcional do rim, e há aproximadamente 1 milhão, ou pouco mais, de


néfrons em cada rim. O néfron consiste em uma rede capilar, denominada glomérulo (também
referido como corpúsculo renal), e um
túbulo longo, dividido em três partes: o
túbulo convoluto proximal, a alça de
Henle e o túbulo convoluto distal. Cada
néfron desemboca em um túbulo
coletor, ao qual outros néfrons estão
conectados. Néfrons situados
principalmente no interior do córtex são
denominados néfrons corticais. Os
néfrons que se estendem
Rim e estrutura do néfron.
Figura da esquerda: Disponível em: profundamente na medula são
<https://pt.dreamstime.com/anatomia-de-nephron-do-rim-
esquema-diagrama-da-ilustra%C3%A7%C3%A3o-vetor- denominados néfrons justamedulares.
image108044141>. Acesso em: 08 jul. 2019. Cada néfron consiste em duas porções
Figura da direita: Estrutura de um néfron. CÉSAR & SOUZA.
Biologia. principais: um glomérulo e um túbulo.
Várias regiões do néfron diferem entre
si anatomicamente e consistem em diferentes tipos de epitélio, associados a diferentes funções.
A urina então é coletada na pelve renal e desemboca no ureter. O glomérulo e os túbulos
convolutos localizam-se no córtex renal, enquanto a alça de Henle estende-se ao interior da
medula (MUNDT, 2012, p. 15).

FLUXO SANGUÍNEO RENAL E O GLOMÉRULO

Os rins recebem um grande fluxo sanguíneo. Aproximadamente 20 a 25% do sangue que deixa o
ventrículo esquerdo do coração entra nos rins através das artérias renais. Esse fato significa que,
em um adulto normal, o sangue passa através dos rins em uma taxa de aproximadamente 1.200
mL/min, ou 600 mL/min/rim. Após a artéria renal entrar no rim, ela se divide em ramos menores,
até serem formadas milhares de pequenas arteríolas. Estas arteríolas são denominadas arteríolas
aferentes, uma vez que conduzem o sangue para os néfrons. Então, cada arteríola aferente forma
a rede capilar de um glomérulo. O glomérulo é singular pelo fato de consistir em um tufo
capilar situado entre duas arteríolas, em vez de estar entre uma arteríola e uma vênula. O
glomérulo é circundado por uma estrutura denominada cápsula de Bowman (cápsula glomerular),
e o espaço formado entre a cápsula e o glomérulo corresponde ao espaço de Bowman.
A camada externa (parietal) da cápsula de Bowman é composta por epitélio escamoso. Esta
camada epitelial repousa sobre uma lâmina basal delgada. A camada interna (ou visceral) da
cápsula de Bowman é composta por células
especializadas, denominadas podócitos3. Além
disso, as células endoteliais apresentam carga
negativa, referida como barreira de negatividade,
cuja função consiste em repelir a maioria das
proteínas plasmáticas, a fim de evitar a perda
delas a partir do sangue. Os processos de
extensão dos podócitos formam uma rede
elaborada de pequenas fendas entre si,
Estrutura glomerular denominadas fendas de filtração. Em conjunto,
Disponível em:
<https://ciencianatural.blogs.sapo.pt/14183.html>. essas camadas formam uma barreira de filtração
Acesso em: 08 jul. 2019.
para filtrar o sangue, criando o ultrafiltrado. Como
resultado de sua estrutura especial, a parede glomerular atua como um ultrafiltro, que é bastante
permeável à água. A pressão do sangue no
interior do glomérulo força a água e os
solutos dissolvidos de massa molecular
inferior a 50.000 dáltons através da
membrana capilar semipermeável para o
interior do espaço de Bowman.
O restante do sangue, incluindo células Estrutura glomerular
Disponível em:
sanguíneas, proteínas plasmáticas e <https://ciencianatural.blogs.sapo.pt/14183.html>.
Acesso em: 08 jul. 2019.
moléculas grandes, deixa o glomérulo pela
arteríola eferente e alcança uma segunda rede capilar, denominada capilares peritubulares, que
envolve os túbulos (MUNDT, 2012, p. 16).

A FORMAÇÃO DE URINA

Aproximadamente 120 mL/min, ou um quinto, do fluxo plasmático renal é filtrado através dos
glomérulos, formando o que é conhecido como ultrafiltrado, o qual é adicionalmente processado,
à medida que se desloca através do néfron. O ultrafiltrado apresenta a mesma composição do
plasma sanguíneo, porém normalmente encontra-se livre de proteínas, exceto por cerca de 10
mg/dL de proteínas de baixo peso molecular (MUNDT, 2012, p. 18).

3
Podócitos são células do epitélio visceral dos rins que formam um importante componente da barreira de filtração
glomerular, contribuindo para a seletividade de tamanho e mantendo uma superfície de filtração massiva. A principal
função dos podócitos é restringir a passagem de proteínas do sangue para a urina. Disponível em: <
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pod%C3%B3cito>. Acesso em: 09 jul. 2019.
O processo fisiológico diário de formação ocorre na filtração de, aproximadamente, 170.000 mL
de plasma que é convertido, em média, de 1.200 mL de urina. (STRASSINGER, 2000, p. 2)
Alguns dos produtos filtrados incluem água, glicose, eletrólitos, aminoácidos, ureia, ácido úrico,
creatinina e amônia. A taxa de filtração, taxa de filtração glomerular, é proporcional ao tamanho
corporal e, portanto, varia de acordo com a idade e o sexo. A taxa de filtração glomerular é um
indicador importante da função renal, sendo utilizada para monitorar a progressão de doenças
renais. Ela pode ser calculada por testes de clearance ou pelo cálculo de uma taxa de filtração
glomerular estimada (TFGe). Os testes de clearance requerem a coleta de uma amostra de urina
de 24 horas, juntamente com uma amostra de sangue (MUNDT, 2012, p. 18).

REABSORÇÃO TUBULAR

À medida que o ultrafiltrado, também conhecido como filtrado glomerular, atravessa os túbulos
proximais, uma grande quantidade de água, cloreto de sódio, bicarbonato, potássio, cálcio,
aminoácidos, fosfato, proteína, glicose, e outras substâncias com fenômeno de transporte
máximo necessárias ao organismo são reabsorvidas e retornam à corrente sanguínea. Essas
substâncias são reabsorvidas em proporções variadas, de modo que as proteínas e a glicose, por
exemplo, são quase totalmente reabsorvidas, ao passo que o cloreto de sódio é reabsorvido
apenas parcialmente, e não há reabsorção de creatinina. Mais de 80% do filtrado é reabsorvido
no túbulo proximal.
Substâncias com transporte máximo (Tm) são aquelas quase totalmente reabsorvidas pelos
túbulos renais quando sua concentração no plasma se encontra dentro dos limites normais.
Quando a concentração plasmática é excedida, a substância deixa de ser reabsorvida e, portanto,
aparece na urina. A glicose é uma substância Tm de limiar elevado, uma vez que em geral não é
observada na urina até que a concentração plasmática exceda cerca de 160 a180 mg/dL.
Outras substâncias limiares são cloreto de sódio, aminoácidos, potássio, creatinina e ácido
ascórbico. Algumas substâncias vão sendo acrescentadas a secreção tubular no túbulo proximal:
sulfatos, glicuronídeos, hipuratos, íons hidrogênio e fármacos como a penicilina (MUNDT, 2012,
p. 17-20).

SECREÇÃO TUBULAR

Contrariamente à reabsorção, que remove substâncias dos túbulos para retenção no organismo,
a secreção tubular envolve o envio de moléculas do sangue nos capilares peritubulares para o
filtrado tubular, visando sua excreção. O processo de secreção tubular
(a) remove produtos finais exógenos indesejáveis que não são filtrados pelo glomérulo, incluindo
diversos medicamentos e toxinas, e
(b) promove a secreção de íons hidrogênio e outros íons que auxiliam na regulação do balanço
ácido-base e de eletrólitos. Medicamentos e substâncias exógenas frequentemente estão ligados
a proteínas carreadoras e, portanto, não podem ser removidos da circulação durante a filtração
glomerular. Diversos íons são também secretados, incluindo íons hidrogênio, íons amônio, íons
sódio, íons potássio, íons bicarbonato, ácido úrico e alguns ácidos e bases fracos. Grande parte
desta atividade requer transporte ativo pelas células e gasto de energia (MUNDT, 2012, p. 20).

VOLUME URINÁRIO FINAL

Dos aproximados 120 mL/min filtrados no glomérulo, apenas uma média de 1 mL/min é excretado
na forma de urina. Esta quantidade pode variar de 0,3 mL, na desidratação, a 15 mL na
hidratação excessiva. Para um adulto, o volume médio diário normal de urina é de
aproximadamente 1.200 a 1.500 mL, com maior produção de urina durante o dia do que à noite.
Contudo, a média normal pode ser de 600 a 2.000 mL/24 h.
Poliúria consiste em um aumento anormal do volume de urina (>2.500 mL), como observado no
diabetes insípido4 e no diabetes melito5. A perda de água em ambas as doenças é compensada
4
O diabetes insípido é resultante da diminuição na produção ou na função do hormônio antidiurético. Por isso, a
água necessária à hidratação adequada do organismo não é reabsorvida a partir do filtrado plasmático. Nesse caso,
a urina será realmente diluída e terá densidade baixa (STRASSINGER, 2000).

5
O diabetes melito está associado a anormalidade na produção de insulina pelo pâncreas ou na função da própria
insulina, provocando o aumento de glicose no organismo. A glicose em excesso não é reabsorvida pelos rins, o que
exige a excreção de maiores quantidades de água para removê-la do organismo. A urina de um paciente com
pela ingestão aumentada de água. Pode estar relacionado, também, ao uso de diuréticos, cafeína
ou álcool, que reduzem a produção do hormônio antidiurético 6.
Oligúria é uma redução no volume urinário, como ocorre no choque e na nefrite aguda. Em um
adulto, é frequentemente definida como <500 mL/24 h. Pode ocorrer, também, em decorrência de
vômito, diarreia, transpiração ou queimaduras graves.
Nictúria é o aumento do volume urinário excretado durante a noite.
Anúria refere-se à completa supressão da formação de urina, embora em um sentido mais amplo
o termo seja definido como <100 mL/24h durante 2 a 3 dias consecutivos, apesar da
administração elevada de fluidos (MUNDT, 2012, p. 22). Pode ser resultante de qualquer lesão
renal grave ou diminuição no fluxo sanguíneo para os rins.

Obs. Disúria é um sintoma clínico caracterizado por uma sensação de dor, ardor, ou
desconforto ao urinar.

COMPOSIÇÃO FINAL DA URINA

Os principais constituintes da urina são água, ureia, ácido úrico, creatinina, sódio, potássio,
cloreto, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Em 24 horas, o organismo excreta
aproximadamente 60 g de materiais dissolvidos, dos quais metade corresponde à ureia.
Em algumas condições patológicas, determinadas substâncias como corpos cetônicos,
proteínas, glicose, porfirinas e bilirrubina estão presentes em grandes quantidades. A urina pode
também conter estruturas como cilindros, cristais, células sanguíneas e células epiteliais.
Algumas destas são consideradas normais, ao passo que outras são observadas em diversos
distúrbios renais e metabólicos. Na urina, três categorias de células epiteliais encontradas
correspondem a células epiteliais escamosas, células epiteliais uroteliais (de transição) e

células epiteliais tubulares renais. Células epiteliais escamosas revestem a uretra, a vagina

e a porção distal da uretra de homens.

diabetes melito, apesar de parecer diluída, terá densidade elevada devido a grande concentração de glicose
(STRASSINGER, 2000).

6
O hormônio antidiurético, também denominado de ADH ou vasopressina, é produzido na glândula hipotálamo e
secretado pela neurohipófise. Atua sobre os rins, aumentando a retenção de água pelo corpo e a concentração de
íons e, consequentemente, elevando a pressão arterial. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/
hormonio-antidiuretico.htm>. Acesso em: 07 jul. 2019.

Células epiteliais: Células tubulares, células uroteliais e células escamosas.


Disponível em: <https://images.slideplayer.com.br/33/10164964/slides/slide_24.jpg>. Acesso
As células epiteliais escamosas são as células mais comuns e mais numerosas observadas na
urina. Células epiteliais escamosas geralmente são encontradas na urina devido à contaminação
vaginal.
As células uroteliais revestem os cálices renais, a pelve renal, os ureteres, a bexiga e, nos

homens, a maior porção da uretra. Uma célula urotelial ocasional, também conhecida por célula
de transição, pode ser observada em pacientes normais ou que passaram por cateterização.
Números aumentados de células uroteliais são observados em infecções do trato urinário e em
carcinoma de células de transição. Células uroteliais variam significativamente em tamanho,
dependendo da região do trato urinário na qual se originaram.
Conforme descrito, cada parte do túbulo renal é revestida por uma única camada de células
epiteliais caracteristicamente distintas, as quais são denominadas células epiteliais tubulares
renais. Uma célula epitelial tubular renal ocasional pode ser observada em um indivíduo sadio.
Células epiteliais tubulares renais podem ser observadas em números aumentados ou em

fragmentos, ou em cilindros de diversas células na isquemia tubular aguda, na doença tubular

renal tóxica ou na necrose tubular. Na síndrome nefrótica, essas células absorvem e tornam-
se ingurgitadas de gordura. Essas células, preenchidas por lipídeos, são também conhecidas
como corpúsculos gordurosos ovais.
Alguns dos distúrbios renais cujo diagnóstico pode ser auxiliado pelo exame de urina incluem:
Cistite, uma inflamação da bexiga;
Nefrite, uma inflamação do rim que pode estar associada à infecção bacteriana (pielonefrite) ou
à ausência de infecção (glomerulonefrite);
Nefrose (síndrome nefrótica), que consiste na degeneração do rim sem inflamação (MUNDT,
2012, p. 22).

Responda
1. Compare e diferencie os processos de reabsorção e secreção tubular.

2. Identifique as partes do rim.

3. Identifique as estruturas do néfron que estão envolvidas na formação e na excreção de urina.


4. Liste os principais constituintes da urina.

5. Pacientes com diabetes tipicamente excretam maiores volumes de urina; este fato é denominado:
a. oligúria
b. anúria
c. poliúria
d. piúria

6. A barreira de filtração glomerular é composta por:


a. endotélio capilar, membrana basal e aparelho justaglomerular
b. endotélio capilar, podócitos e membrana basal
c. podócitos, hilo e membrana basal
d. endotélio capilar, podócitos e aparelho justaglomerular

7. O limiar renal da glicose é de 160 a 180 mg/dL. Isso representa:


a. a concentração de glicose nos vasos retos
b. a taxa máxima de reabsorção de glicose no túbulo renal
c. a concentração plasmática acima da qual a glicose é excretada na urina
d. o nível plasmático ao início da reabsorção de glicose no néfron

8. Qual das alternativas abaixo não consiste em um mecanismo para manter o pH sanguíneo através do rim?
a. excreção de ácido acético
b. excreção de íons hidrogênio
c. excreção de íons amônio
d. reabsorção de bicarbonato

9. Qual destas estruturas urinárias está envolvida no mecanismo de troca compreendidos como secreção e reabsorção de
substâncias e íons?
a. a arteríola aferente
b. a arteríola eferente
c. o conjunto dos vasos retos
d. o aparelho justaglomerular

10. A aldosterona está envolvida na reabsorção de:


a. potássio
b. sódio
c. bicarbonato
d. íon hidrogênio

11. Cada rim é composto por, aproximadamente:


a. 100 néfrons.
b. 1.000 néfrons.
c. 10.000 néfrons.
d. 1.000.000 néfrons.

12. O fluxo sanguíneo renal é de aproximadamente:


a. 60 mL/min.
b. 120 mL/min.
c. 600 mL/min.
d. 1.200 mL/min.

13. O rim normal desempenha todas as funções seguintes, com exceção de:
a. remover os resíduos metabólicos do sangue.
b. regular o balanço acidobásico do organismo.
c. retirar o excesso de proteínas do sangue.
d. regular o teor de água do organismo.

14. O filtrado glomerular é descrito como:


a. um filtrado de proteínas do plasma.
b. um filtrado do plasma que contém glicose e proteínas.
c. um filtrado do plasma sem glicose nem proteínas.
d. um ultrafiltrado do plasma que não contém proteínas.

Bibliografia

ABNT NBR 15268, 2005.

CARMO, Andréa Moreira S. Análise Laboratorial da Urina Humana: Urinálise. 1ª ed. Joinville –
SC: Clube dos Autores, 2012. p. 112.

European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001

DIAGNÓSTICOS clínicos e tratamento por métodos laboratoriais de Henry. 21. São Paulo Manole

2012 1 recurso online ISBN 9788520451854.

Mundt, Lillian A. Exame de urina e de fluidos corporais de Graff [recurso eletrônico] / Lillian
A. Mundt, Kristy Shanahan; tradução: Cynthia Maria Kyaw, Martha Maria Macedo Kyaw;
revisão técnica: Miguel Luis Graciano. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre:
Artmed, 2012.

STRASSINGER, Susan King. Uroanálise e Fluídos Biológicos. 3. ed. Premier Editorial. 2000.

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