Queijos curados são queijos que passaram pelo processo de
envelhecimento, submetido também a métodos de salga, viragem, entre outros, para preservá-lo.
A cura é um processo em que iremos realizar a desidratação
da massa do queijo.
A maturação do queijo é uma etapa essencial da fabricação e
deve ser feita com muita atenção e cuidado.
É neste momento em que iremos desenvolver as
características do produto. Aqui, através das bactérias boas, que atuam se alimentando e reproduzindo, iremos modificar a textura, sabor e aroma da massa, para que ela adquira o perfil do queijo que queremos.
A cada dia em que o queijo cura, ele seca mais, ficando mais duro e seus sabores serão mais ácidos, mais picantes ou mais salgados.
O queijo curado é um queijo mais seco e mais firme, com a
massa por dentro mais ou menos firme, casca amarelada e de sabor levemente ácido.
Seu processo de maturação fortalece a intensidade do seu
sabor e melhora a sua conservação.
Os queijos curados são queijos que tem um processo de
maturação de pelo menos 30 dias.
Muito conhecidos em Minas Gerais, os queijos da Serra da
Canastra (curado e meia cura).
No geral, quanto maior o tempo de maturação, mais firme o
queijo ficará e mais intenso é o seu sabor. Quanto menor ou mais curto o tempo de maturação, o queijo apresentará sabor e a consistência mais suave. A maturação dos queijos nas indústrias, é realizada na maioria das vezes, em câmaras frigoríficas com controle de temperatura e umidade.
Neste curso, desenvolvi um método de se criar um ambiente
alternativo, como nossa própria geladeira e também conseguimos obter ótimos resultados.
Porém, é importante ficar sempre atento a alguns pontos
importantes:
Temperatura: o. A maioria dos queijos são maturados em
ambiente com a temperatura entre 7 °C a 14 °C. Nossa geladeira normalmente pode chegar abaixo disso, então devemos tomar cuidado para deixar sempre em locais dentro dela que sejam menos frios, como por exemplo a parte da fruteira que fica em baixo ou a prateleira acima dela. Quanto mais em cima, mais frio.
Umidade: Devemos atingir um nível de umidade
aproximadamente entre 75% e 95%, pois se o local de maturação for muito seco, a casca do queijo pode secar muito rapidamente, podendo apresentar rachaduras (defeito). Já o contrário, se o local for extremamente úmido, poderá atrair fungos indesejáveis ou outros defeitos, como uma casca fina e pegajosa (defeito). Podemos melhorar a umidade do local, se estiver muito seco, colocando um vasilhame com água próximo a sua produção, ou mesmo pulverizar o ambiente com água filtrada. Outra dica é criar um “micro-ambiente” com auxílio uma combuca/tapeware e também de um pano limpo/guardanapo úmido colocado próximo aos seus queijos, se for necessário, mas sem encostar nos mesmos. Ventilação: A troca de ar constante no ambiente de maturação facilita as trocas de gases emitidos pelos queijos, tais como o oxigênio, dióxido de carbono e outros gases resultantes do metabolismo das células da cultura láctea. No caso do refrigerador doméstico, a abertura algumas vezes ao dia da porta é o suficiente para a ventilação. O fluxo de ar deve ser o suficiente para ventilar suavemente o ambiente
Viragem do queijo: deve ser feita diariamente, de 12h em
12h.
Higiene e limpeza do local: rigorosa limpeza do local
artesanal somente será obtido se todas as etapas forem cuidadosamente observadas.
PH: Vai depender dos produtos adicionados à sua
produção, como por exemplo o fermento lácteo e o ácido lácteo, que colocamos em nossa massa base. Estes, criarão sabor e textura que são a assinatura do queijo. À medida que a cultura láctea se multiplica na temperatura e tempo corretos, o nível de acidez da massa aumenta e altera também os valores de pH. Quando este aumento de acidez chega ao nível desejado é hora de ir para a etapa seguinte da receita. Ou seja, é o tempo que deixamos a massa base em temperatura ambiente para essas bactérias agirem! Nas indústrias, são implementados processos para medição de ph desejado, com materiais também específicos. Porém, como estamos com foco de produção caseira, não iremos aprofundar nesta medição técnica por agora. (Normalmente os níveis de pH desejados na produção de queijos estão em um faixa entre 5,1 e 5,7, dependendo do tipo de queijo e tipo de receita usada) Lembre-se sempre que sua a qualidade higiênico-sanitária empregada na produção, bem como armazenagem e todos outros fatores citados acima, caso sejam feitos de modo incorreto, irão permitir a propagação de microrganismos patógenos. Estes, quando presentes nos alimentos, produzem toxinas e causam a intoxicação alimentar.
Assim, para prevenir, é necessário tomar o máximo de cuidado
possível e caso haja indícios de presença de microorganismos inadequados, devemos descartar aquele lote produzido.
Fiquem atentos às Pseudomonas, um gênero de bactérias
muito comuns que podem contaminar seus queijos, sendo responsáveis por defeitos como manchas, variando de amarelo, laranja, vermelho, marrom, rosa e salmão.
Em alguns queijos a casca pode se tornar pegajosa,
descolando ao ser tocada. Elas exalam um odor desagradável e podem causar sabor amargoso.
São naturalmente presentes no solo, nas plantas e podem
estar em utensílios de fabricação, sendo inclusive a água um grande meio de contaminação. Poeira, forragem, água potável ou água de nascente podem, portanto, ser a fonte dessas contaminações. Gostam também de zonas úmidas.
Outra situação muito comum, é em relação aos ácaros. Isso
mesmo, esses danadinhos são facilmente introduzidos na área de maturação, seja pela roupa, correntes de ar, grãos e frutas. Também gostam de ambientes escuros, quentes e úmidos, como os armários. A poeira então, está cheia deles!
Se alimentam da crosta do queijo, formando uma camada
acinzentada. Queijos com crosta rachada, facilitam a passagem do mesmo para dentro da massa. Esses microrganismos contaminam o produto e podem tornar a produção inteira inutilizável.
Caso seja consumido, pode desencadear reações alérgicas e
problemas intestinais. Há também que se ter cuidado com os mofos e leveduras indesejáveis. Fungos transportados pelo ar são a principal fonte de contaminação. Eles podem ser provenientes do ar exterior e acabar entrando no seu local de fabricação, através de sistemas de ventilação ou de repartições úmidas no ambiente de produção.
O mofo é caracterizado por uma mancha aveludada e que
pode ser de diversas cores: verde, azul, cinza, branco ou vermelho. Já as leveduras deixam a casca do queijo “melada”, com aspecto pegajoso. Além de também tornarem a casca do queijo manchada com um tom avermelhado, há ainda uma desagradável alteração de odor e sabor.
Para evitar tais problemas, tenha um grande rigor de higiene,
com muita atenção quanto aos mínimos detalhes, seja os talheres, chão, panelas, utensílios e objetos da produção, bem como ao ambiente ao redor que se está trabalhando.
Não deixe o queijo com umidade em volta do local tampado,
limpe sempre, fique atento a salga, utilizando quantidade correta de sal.
Na salmoura, seque bem o queijo até voltar para geladeira.
Também faça uso cauteloso do ácido lático, pois a acidificação dos queijos também pode interferir no surgimento desses microrganismos.
E como em nossa produção não usamos medidores próprios
de acidez, temos que ir balanceando o uso de acordo com os resultados obtidos.
A contaminação é na maioria das vezes devida à insalubridade
na produção e no caso de produção vegana, até de utilização de oleaginosa/semente contaminada.
O pH, o teor de sal e de umidade que proporcionamos ao
queijo durante a produção, afetam a qualidade, pois estamos tratando da composição de microrganismos inseridos no processo. As variações nesses fatores, juntamente com os diferentes tipos de matéria prima (oleaginosas, sementes) e tratamentos dados a elas (fervidas ou cruas), o tipo de fermento (selvagem ou preparações comerciais), a dessorarem correta da massa, a prensagem, a salga da mesma, a enformagem, a frequência que é feita a viragem, a ventilação na geladeira, o controle de temperatura e umidade relativa, quantas vezes no dia a porta da geladeira é aberta, quem tem acesso ao espaço de produção, qual nível de higiene outras pessoas que ali mexem tem, além do próprio tempo de maturação, levam ao desenvolvimento das mais diversas variedades de queijos, podendo ser queijos saudáveis ou impróprios para o consumo.
Manipular alimentos incorretamente favorece a contaminação
de toda uma produção, por isso é importante mesmo em uma produção caseira, seguir regras rígidas de higiene e cuidados.
Para comercialização, deve-se consultar profissionais
especializados que irão direcionar sua produção de uma forma dentro das normas sanitárias, levando informações mais adequadas para manter a higiene do alimento, limpeza do estabelecimento, utensílios, cuidados na produção, armazenamento do produto sob refrigeração, dentre outros padrões para proporcionar alimentos de qualidade satisfatória para o consumo humano.