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MORFOMETRIA E ÍNDICES ZOOMÉTRICOS DE OVINOS DA RAÇA MORADA

NOVA SUBMETIDOS A DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE ALIMENTAÇÃO

MORPHOMETRY AND ZOOMETRIC INDICES OF NEW YOUNG RIVER BREEDS


SUBMITTED TO DIFFERENT FEEDING STRATEGIES

Apresentação: Pôster

Francisco da Costa Rodrigues Terceiro1; Elissimone Silva dos Santos2; Breno Noronha
Rodrigues3; Francyelle Gurgel de Castro Alves4; Jesane Alves de Lucena5

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00582

Introdução
A ovinocultura no semiárido nordestino caracteriza-se como uma atividade de
relevância social e cultural, proporcionando alimentação de alto valor proteico e garantindo o
desenvolvimento da cadeia produtiva de carne na região, o que favorece a permanência de
pequenos produtores no campo (Facó et al, 2008).
O conhecimento da morfometria é importante para a caracterização da raça, sendo
fundamental na definição do porte e aptidão produtiva dos indivíduos avaliados (JUCÁ et al,
2014). Desta forma, os índices morfométricos são essenciais para avaliação do desempenho
produtivo dos ruminantes, que está relacionado principalmente ao consumo alimentar, e
consequentemente do consumo de matéria seca (MS) e de sua concentração energética.
Com relação à alimentação, o uso de oleaginosas apresenta-se como uma alternativa
estratégica nutricional, uma vez que favorece o aproveitamento desta fonte de lipídeos por
ruminantes, proporcionando alta densidade energética em substituição aos carboidratos
rapidamente fermentáveis, favorecendo a fermentação ruminal e digestão da fibra, além de
fornecer 2,5 vezes mais conteúdo energético que os carboidratos (CHURCH e DWINGHT,
2002). Portanto, o objetivo deste estudo foi comparar medidas morfométricas e índices
zoométricos de ovinos da raça Morada Nova, submetidos a diferentes estratégias de
alimentação.
1
Bacharelado em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-árido -UFERSA, terceirozootec@hotmail.com
2
Bacharelado em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-árido– UFERSA
3
Bacharelado em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-árido - UFERSA
4
Mestre em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-árido - UFERSA, francyelle.gurgel@ufersa.edu.br
5
Doutora em Zootecnia, Universidade Federal Rural do Semi-árido - UFERSA, jesane@ufersa.edu.br
Fundamentação Teórica
A raça Morada Nova é uma das principais raças naturalizadas de ovinos deslanados do
Nordeste do Brasil, constituída de animais adaptados às condições edafoclimáticas da região
semiárida, e que representa elevado valor econômico para as condições de produção no
semiárido nordestino (Facó et al, 2008).
De acordo com Morais (2011), esta raça apresenta elevadas taxa de fertilidade, e
precocidade reprodutiva mesmo sob condições pouco favoráveis, com baixa pluviosidade e
escassez de alimentos. Facó et al (2008) avaliou estes animais através de um teste de
desempenho individual de reprodutores de ovinos da raça Morada Nova, observou-se ganho
de peso médio diário dos animais de 0,159 kg/dia, variando de 0,094 a 0,225 kg.
Tendo um papel de grande importância, as medidas corporais nos permitem realizar
comparações entre tipos raciais, pesos e idade de animais. Essas medições são obtidas do
animal vivo, como comprimento corporal, altura de cernelha, altura de garupa, largura
torácica, largura de garupa e perímetro torácico, juntamente com a avaliação subjetiva do
escore corporal são parâmetros que podemos usar para predizer as características produtivas
de um animal (BARBOSA, 2016).
Muitos dos co-produtos ou farelos das oleaginosas que vêm sendo utilizadas para a
produção de biodiesel no Brasil é passível de utilização na alimentação animal (AZEVEDO &
LIMA, 2001). Dentre esses co-produtos, destacam-se os de algodão e de moringa (Moringa
oleifera lam), com disponibilidade de produção na Região Nordeste. Segundo Abdalla et al
(2008), o conteúdo protéico desses co-produtos é relativamente alto (35% em média), com
variação de 14 a 60%, o que sugere a sua utilização como fonte de proteína para os animais.

Metodologia
O experimento foi conduzido no Núcleo de Ensino e Pesquisa de Pequenos
Ruminantes (NEPPR), pertencentes ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
Rural do Semi-árido (UFERSA), Mossoró-RN, no período de 17 de outubro à 18 de dezembro
de 2017. Foram utilizados oito animais, machos não-castrados da raça Morada Nova,
divididos em 2 grupos homogêneos, sendo o primeiro submetido a diferentes estratégias de
alimentação, alocados em gaiolas individuais, sombreadas, com comedouro e bebedouro
definido e cocho para sal; todos com dieta controlada contendo 70% de volumoso (feno) e
30% de concentrado. O concentrado foi distribuído em tratamentos, com diferentes níveis,
sendo: tratamento 1 com 30% de torta de algodão; tratamento 2 com 22,5% de torta de
algodão+ 7,5 de torta de moringa; tratamento 3 com 15% de torta de algodão + 15% de torta
de moringa; e tratamento 4 com 7,5 % de torta de algodão + 22,5 % de torta de moringa. A
dieta era oferecida duas vezes ao dia, pesadas e ajustadas conforme a sobra do dia anterior, de
modo a garantir o consumo voluntário dos animais. A cada oito dias, os animais eram
alternados nas gaiolas a fim de garantir uma rotação no critério da alimentação. O segundo
grupo apresentou animais alocados em baia coletiva, com comedouro e bebedouro coletivo e
cocho para sal, que, sendo alimentados exclusivamente de volumoso (feno), sendo verificado
o desempenho corporal dos animais a cada 8 dias.
Ao término do período experimental, todos os animais passaram por jejum hídrico e
alimentar de 15 horas. Após esse período, foram obtidas às seguintes medidas morfométricas:
altura de cernelha (AC), comprimento de corpo (CC), altura de garupa (AG), comprimento de
garupa (CG), largura de garupa (LG), circunferência torácica (CT), largura de ílio (LILs),
largura de ísquio (LISq) e altura de pata (AP). As medidas foram realizadas com auxílio de
fita métrica e bastão zoométrico adaptado. Foram realizadas análises descritivas dos dados e
teste de média em função do grupo e das medidas morfométricas, utilizando o software
SISVAR 5.6 por meio do teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Para avaliação do índice corporal, foi obtida a relação entre comprimento corporal
(CC) e circunferência torácica (CT), onde os animais são classificados como brevilíneos
(menores que 85%), mediolíneos (entre 85 e 90%) ou longilíneos (maiores que 90%). Na
análise do índice corporal relativo, relacionou-se comprimento corporal (CC) e altura de
cernelha (AC), que classifica os animais em pequeno desenvolvimento de pernas (maior que
100%) ou grande desenvolvimento de pernas (menor que 100%). A obtenção do índice de
relação perímetro torácico, foi obtida da razão entre circunferência torácica (CT) e altura de
cernelha (AC), de modo que valores maiores indicam melhor desenvolvimento torácico.

Resultados e Discussões
Observa-se na tabela 1 que os animais alocados em gaiolas individuais apresentaram
as maiores médias em todas as características analisadas com exceção da altura de garupa
(AG) e largura de garupa (LG). Os coeficientes de variação das características avaliadas
apresentaram-se entre 1,48 a 8,52 cm, mostrando que os coeficientes para a maioria das
medidas corporais foram menores e próximos a 10%, indicando que há um grau de variação
fenotípica entre os indivíduos que foram avaliados.

Tabela 1 – Estatística descritiva das medidas morfométricas dos animais avaliados. Fonte: Própria
Variáveis Médias CV%
Gaiolas individuais Baia coletiva
AC 62,75a 61,50a 2,44
CC 60,25a 57,00a 2,28
b b
AG 60,00 61,50 2,60
CG 16,75b 15,75b 8,52
LG 13,50b 14,75b 8,05
CT 72,00b 71,75b 1,48
a a
LILs 15,75 14,75 3,28
LISs 13,00b 12,50b 5,55
AP 41,00b 40,75b 1,66
AC: altura de cernelha; CC: comprimento de corpo; AG: altura de garupa; CG: comprimento de garupa; LG:
largura de garupa; CT: circunferência torácica; LILs: largura de íleos; LISs: largura de ísquios; AP: altura de
pata; CV: coeficiente de variação; a Significativo; b Não significativo;

Correlacionando os dois grupos quanto essas mesmas características (AC) e (AG), de


acordo com Pinheiro & Jorge (2010), a proximidade entre os valores médios é indicativo de
que os animais apresentam um tamanho corporal homogêneo, o que é importante para
determinar com maior acurácia as demais medidas morfométricas in vivo.
A medida de comprimento de corpo (CC) é um ótimo indicador de eficiência da dieta
utilizada, sendo os animais alocados em gaiolas individuais superior aos animais alocados em
baia coletiva tendo como suplementação 30% de concentrado (a base de torta de algodão e
moringa). Segundo Aguiar (2008), medidas como altura de cernelha, comprimento corporal,
altura de garupa e circunferência torácica, são usados como indicativo de peso corpóreo,
rendimento de carcaça, capacidade respiratória e digestiva.
De acordo com Silva et al. (2007), a circunferência torácica do animal se correlaciona
diretamente com sua habilidade em ganhar peso, devido a sua maior capacidade respiratória e
ingestão de matéria seca. Neste trabalho não se evidenciou diferença significativa (P<0,05)
nesta característica, talvez por conta desta ser uma característica ligada à raça.
Largura de íleo e ísquios apresentaram médias de 15,75 e 13,00 para os animais
alocados em gaiolas individuais, medidas superiores às encontradas nos animais alocados em
baia coletiva, 14,75 e 12,50, respectivamente. Apesar do porte pequeno da raça, os animais
Morada Nova, são extremamente eficientes do ponto de vista produtivo assim como
reprodutivo. No entanto, estudo de eficiência econômica que seria a forma mais indicada para
comparar a viabilidade de um recurso genético frente a outro, é praticamente inexistente
(Lima, 2015).

Tabela 2- Médias para os índices zoométricos (%). Fonte: Própria

Variáveis (cm) Médias


Gaiolas individuais Baia coletiva
IC 83,68 79,44
ICR 96,01 92,68
IRPT 114,74 116,7
IC: índice corporal; ICR: índice corporal relativo; IRPT: índice de relação de perímetro torácico.

Não foram observadas diferenças significativas nos índices propostos, de forma que
ambos os grupos foram caracterizados como brevelíneos quanto ao seu comprimento corporal
e de pequeno desenvolvimento de pernas. O maior IRPT demonstrado pelos animais de baia
coletiva indica maior desenvolvimento torácico dos mesmos, o que pode caracterizar animais
com maior capacidade respiratória, que proporcionaria melhores condições para
termorregulação e adaptação desses animais a climas quentes.

Conclusões
Durante o período experimental, os animais alocados em gaiolas individuais
mantiveram medidas morfométricas superiores àqueles em baias coletivas, indicando a
eficiência da dieta controlada em comparação àqueles dispostos em baia coletiva.

Referências
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