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assimilação de nutrientes. Quando inse- Raios-X. A Figura 4 exemplifica esse ligam reversivelmente às proteinases.
tos são submetidos a uma dieta artificial mecanismo, usando o modelo estrutural Por meio de estudos de cristalografia, foi
que contenha inibidores específicos para do inibidor de Tripsina e Quimotripsina determinado que as cistatinas são forma-
a principal classe de proteinases de seus (PFSI) de sementes de P. vulgaris (Car- das por uma longa α-hélice central en-
intestinos, estes têm seu crescimento e valho et al., 1996) complexado com a volvida por cinco folhas β−antiparalelas.
desenvolvimento retardados, bem como enzima α-Quimotripsina. O modelo ilus- Na extremidade das folhas β, uma alça
podem apresentar índices de mortalida- tra a orientação do sítio reativo (P1), em forma de grampo, formada pela
de bastante significantes (McManus & correspondente ao aminoácido (Fenila- sequência altamente conservada em to-
Burgess 1995). O número de inibido- lanina) em relação aos demais elemen- das as cistatinas (QVVAG) é exposta.
res de proteinases de plantas identifica- tos necessários para a catálise enzimáti- Essa sequência corresponde ao sítio de
dos e isolados é grande, sendo os inibi- ca. Esses elementos são constituídos ligação da cistatina à proteinase (papaí-
dores de proteinases serínicas e cisteíni- pela tríade catalítica, a região específica na). Em regiões paralelas a esta alça,
cas os que apresentam melhor caracteri- S1 e a fenda oxiânica. A tríade catalítica existe outra alça, também em forma de
zação. representa a base para a interação e é grampo, e uma projeção do segmento N-
Os inibidores de proteinases seríni- formada pelos aminoácidos (Ácido As- terminal. Várias pontes de hidrogênio
cas foram encontrados inicialmente em pártico, Histidina e Serina). A região são estabelecidas e a ligação é canônica,
órgãos de reserva de plantas, tais como específica S1, formada por aminoácidos ou seja, ocorre de maneira similar à
sementes e tubérculos, mas, posterior- de enzima que determinam a especifici- ligação do substrato à proteinase. Entre-
mente, foram detectados em folhas e dade e a interação com os demais ami- tanto, como a cistatina não se liga dire-
frutos (Xavier-Filho, 1992). A maioria noácidos que estão ao redor de uma tamente a resíduos do sítio catalítico da
dos inibidores de proteinases serínicas fenda oxiânica, que é constituída por proteinase, e a mesma não sofre a cliva-
reagem com suas enzimas cognatas atra- resíduos, que podem formar pontes de gem que o substrato natural da enzima
vés de um mecanismo semelhante ao hidrogênio com o átomo de oxigênio sofreria (Bode e Huber, 1992).
que ocorre na ligação entre enzima e (carregado negativamente) do carbono
substrato (Grutter et al., 1990). Esse carbonil (C1) do inibidor. 6. Plantas Transformadas com
grupo de inibidores canônicos com- Os inibidores de proteinases cisteíni- Genes de Inibidores de
preendem, geralmente, proteínas pe- cas, também conhecidos como cistati- α-amilase e protease.
quenas com 29 a 190 resíduos de amino- nas, são um grupo de proteínas que se
ácidos e todas elas possuem uma alça ligam às proteinases cisteínicas inibindo A transferência de genes pode ser
ligante exposta (Bode & Huber, 1992). A sua atividade. Em animais, existem três considerado um passo crucial no desen-
formação do complexo enzima-inibidor famílias de cistatinas classificadas de volvimento de plantas resistentes a inse-
ocorre rapidamente, mas a sua dissocia- acordo com sua massa molecular, núme- tos. Nesse sentido, os inibidores de α-
ção é lenta e resulta na enzima livre e em ro de pontes dissulfeto, localização sub- amilase e de proteinase apresentam gran-
um inibidor clivado, o qual sofre desna- celular e estrutura primária. São elas: de potencial por reduzirem ou impedi-
turação. Os elementos envolvidos nas família das cistatinas I , cistatinas II e rem a atividade das enzimas digestivas
interações entre as cadeias do inibidor e kininogenios (Ryan et al., 1998). Em dos insetos, causando-lhes desnutrição
as da proteinase são pontes de hidrogê- plantas as cistatinas de arroz (oryzacista- e redução do desenvolvimento larval.
nio, forças de Van der Waals e pontes tinas) são as mais bem caracterizadas. As Dependendo dos níveis de expressão,
dissulfeto, entre outras. A formação do cistatinas de plantas podem ser classifi- os inibidores podem causar a morte das
complexo enzima-inibidor envolve ain- cadas dentro da família de fitocistatinas larvas dos insetos. A proteção eficiente
da a formação de uma ligação peptídica (Abe et al., 1987). Muitas fitocistatinas contra insetos em plantas transformadas
(sítio reativo, P1) no inibidor e a presen- têm suas sequências de aminoácidos demanda que os inibidores sejam acu-
ça de alguns elementos essenciais no conhecidas e em todas essas sequências mulados em células vegetais em um
sítio ativo da enzima. Omecanismo da encontra-se uma região altamente con- nível maior do que em plantas não
catálise é comum para as proteinases em servada no sítio de ligação (Gln, Val, Val, transformadas (Augustyniak et al., 1997).
geral e a estrutura foi bastante estudada Ala e Gly). Assim como os inibidores de A introdução de genes que codificam
por meio de técnicas de Difração de proteinases serínicas, as cistatinas se inibidores de α-amilase em culturas eco-