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REDAÇÃO
SOBRE A REVISTA
Uma certa tendência da velha cinefilia: ela tem uma veia conservadora
Experiências cinéfilas (especialmente da infância à adolescência) são es
sacralizadas, guardadas em um lugar especial ao longo da vida. Como S
tem argumentado, cinéfilos frequentemente experimentam uma postu
defensiva quando seus investimentos estão em perigo, quando seus pr
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ameaçados . Para lembrarmos um conhecido exemplo: quando femin
demandaram uma redução da atenção crítica e cinéfila ao trabalho de
Woody Allen e Roman Polanski, elas encontraram uma resistência pode
reacionária a qualquer sugestão que se insinuasse nas fileiras da cultur
cinematográfica (especialmente a autorista).
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A velha cinefilia é infinitamente fascinada pelas representações do mau
comportamento masculino: obsessivo, dominador, abusivo, violento. A
cinematográfica deu apoio e incentivo a essa propensão, colocando a s
vocabulário de endosso, encorajamento e consagração. “Obscuro”, “dis
“provocativo”, “disruptivo” são palavras usadas mais frequentemente p
um cinema feito por (e sobre) homens do que mulheres. A nova cinefil
atenta a ela quanto saturada dessa sobrerrepresentação, à qual ela res
propondo uma cinefilia da recusa. A nova cinefilia não sente qualquer
continuar se sujeitando ao cinema da patologia masculina.
A velha cinefilia e a nova cinefilia não são apenas práticas, elas são tam
ideologias. Cada cinefilia tem seus valores e crenças – maneiras de ver
partir das quais fluem seus gostos e sensibilidades. Ainda assim, é imp
perceber que as duas cinefilias não formam um sistema simples ou seq
invés disso, ambas vivem, em graus maiores ou menores, em cada cine
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