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Maisa Moraes Gonçalves Ferreira

Atividade Avaliativa 04: Howard Gardner e as Inteligências Múltiplas no


contexto da natureza da vida e da morte.

Ponta Grossa
2022.1
Maisa Moraes Gonçalves Ferreira

Howard Gardner e as Inteligências Múltiplas no contexto da natureza da vida


e da morte
Atividade de Gênese e desenvolvimento do
pensamento biológico apresentado à Universidade
Tecnológica Federal do Paraná como requisito de
aprovação por nota na disciplina requisitada.
Orientador Prof. Danislei Bertoni

Ponta Grossa
2022.1
Quem é Howard Gardner?
Howard Gardner (Scranton, Pensilvânia, 11 de julho de 1943) é um psicólogo
cognitivo e educacional estadunidense, ligado à Universidade de Harvard e
conhecido principalmente devido a sua teoria das inteligências múltiplas.
Gardner entrou em Harvard em 1961, determinado em se graduar em
História, mas com a influência recebida por Erik Erikson adquire uma grande
afinidade pelas relações sociais, havendo uma integração com psicologia,
antropologia e sociologia (mas seu real fascínio era por psicologia clínica). Após um
tempo, o estudioso troca de campo novamente após conhecer o psicólogo cognitivo
Jerome Bruner e as autorias de Jean Piaget.
O estudioso termina seus estudos em Harvard em 1971, com uma
dissertação sobre a sensibilidade de estilo em crianças, e depois continuou
trabalhando na instituição, estabelecendo junto a Nelson Goodman um grupo de
pesquisa em educação pela arte, reconhecido pelo seu nome de Project Zero em
1967.

As Inteligências Múltiplas
Howard Gardner, acreditando que todos possuem tendências individuais
(áreas que determinadas pessoas gostam e são competentes nela), institui seu
posicionamento com a teoria das inteligências múltiplas. Nesse contexto, após ler
sobre a inteligência lógico-matemática defendida por Jean Piaget, Gardner se
inspira para mudar o rumo do pensamento de que o QI (quociente de inteligência,
que mede o conhecimento cognitivo e lógico-matemático das pessoas) era o
suficiente para medir as reais habilidades e competências de alguém.
Para a elaboração de sua tese, Garden tem grande inspiração em Robert
Sterberg, escritor e estudioso que se aprofundou nas variações dos conceitos de
inteligência inseridos em diversas culturas.
A importância do trabalho de Gardner na educação é fundamental, visto
que várias instituições educacionais pelo mundo começaram a refletir sobre essa
nova metodologia de ensino. Mais do que isso, diversas escolas começaram a
aplicar procedimentos educacionais que estimulam todas as áreas potenciais de
seus alunos, com o objetivo de desenvolver em seus alunos aspectos cognitivos e
socioemocionais. Logo, essa nova percepção abriu as mentes de muitos
educadores, ampliando seus horizontes para além de disciplinas básicas como
português, história, matemática, sociologia, entre outras.

Tais inteligências são as seguintes:

→ Inteligência Lógico-Matemática: diz respeito à capacidade de realizações operacionais de


uma pessoa. Ou seja, operações numéricas e dedutivas.

→ Inteligência Espacial: essa diz respeito à capacidade de compreensão, reconhecimento e


manipulação de situações que estejam considerando a visão como fator determinante.

→ Inteligência Físico-Cinestésica: podemos entendê-la como uma “inteligência corporal”.


Está relacionada à capacidade de utilizar os movimentos corporais para resolução de algo.
Vai desde montar um brinquedo até contribuir na construção de um carro ou uma casa.
→ Inteligência Interpessoal: está ligada ao entendimento das intenções e desejos das
pessoas. Reflexo direto na relação social do indivíduo em grupo.

→ Inteligência Intrapessoal: diretamente ligado ao desenvolvimento de uma compreensão


de si. Essa é a inteligência que trabalha para se conhecer e poder agir para alcançar
objetivos pessoais.

→ Inteligência Musical: é o que muitos chamam de “talento” musical. É aquela aptidão por
compor, tocar ou estar inserido no universo dos padrões musicais.

Em um segundo momento, Gardner também adicionou a essa lista essas outras duas
inteligências:

→ Inteligência Natural: aquela que está relacionada ao reconhecimento e classificação de


uma espécie da natureza.

→ Inteligência Existencial: ligada à reflexão sobre temas que estão presentes na nossa vida.

Como está sempre atualizando suas pesquisas,


Gardner também considerou mais adequado manter as
inteligências Interpessoal e Intrapessoal em uma única classificação.

As inteligências naturalistas e existenciais


De acordo com Gardner, a inteligência naturalista surgiu nos tempos mais
primórdios da humanidade, quando a sobrevivência dependia do reconhecimento
das espécies (necessitando classificá-las como úteis ou perigosas), da observação
do clima, do reconhecimento de um terreno (saber se seria produtivo ou não) e da
alimentação em si. Dessa maneira, essa inteligência é caracterizada pela
capacidade de distinguir, manipular e classificar elementos do meio ambiente,
objetos, animais ou plantas.
Atribuindo algumas regras gerais, pessoas dotadas de inteligência
naturalista possuem as seguintes características:

● Expressam desejos de entender como as coisas funcionam.


● Preocupam-se com o meio ambiente e gostam de estar em contato com a
natureza.
● São bons ao identificar a fauna e a flora.
● Gostam de explorar e descobrir novas espécies e comportamentos.
● Têm interesse em utilizar ferramentas de observação: microscópios,
binóculos, telescópios, etc.
● Demonstram interesses em carreiras científicas como: biologia, botânica,
química, zoologia, biotecnologia, etc.

Já a inteligência existencial, segundo Gardner, diz respeito à capacidade


do indivíduo de se situar em relação às facetas mais extremas do Cosmos,
do infinito, buscando se situar em relação a determinadas características
existenciais da condição humana. Dessa maneira, possui a capacidade de
fazer com que as pessoas formulem perguntas fundamentais, a respeito de
tópicos como existência, morte, finitude, e outras (envolvendo ainda a
capacidade de se interessar por questões transcendentais).
Essa inteligência se inicia quando as pessoas começam a refletir sobre
a transitoriedade da vida, voltando-se para a sua existência e estendendo as
suas possibilidades de se elevar para além da realidade. A inteligência
existencialista ainda não possui foco de estudo, já que pode ser considerada
uma junção das inteligências intra e interpessoal. Logo, a reflexão sobre o
mundo, a religião, a espiritualidade, todas formam a inteligência
existencialista, já que ela gera um impacto na qualidade de vida e crença das
pessoas.
Existem algumas características marcantes da inteligência existencial,
tais como:
● Interesse por temas não mundanos como a origem e o sentido da vida, a
morte e o propósito da existência;
● Desinteresse por práticas sociais normalizadas, vivência de sua
autenticidade;
● Transcendência do físico e experiência de união com todos os elementos do
universo;
● Capacidade de auto-observação e observação do entorno a partir de uma
perspectiva profunda;
● Defesa dos valores universais: paz, amor, sabedoria, bondade, verdade,
harmonia, fraternidade e outros, e age em concordância com esses valores,
afastando-se do egoísmo, da inveja, usurpação, agressividade e outros;
● Interesse por conhecimentos e práticas espirituais;
● Curiosidade permanente e necessidade de crescer em nível existencial;
● Anseio em ajudar os outros;
● Cuidados com o próprio corpo por entender este como um receptáculo da
alma.

Inteligência existencial e naturalista: a relação estabelecida com a vida e a


morte

Dadas as explicações anteriores, percebe-se que pode haver uma relação entre
a inteligência existencialista e a morte, visto que, tal inteligência permite maior reflexão
sobre temas profundos que muitas vezes nos questionamos: o que é de fato a morte? para
onde vamos quando a vida se encerra?. Essas possíveis respostas ainda são muito
abstratas para nós, já que cada pessoa tem sua crença sobre o que acontece quando a
morte chega. Para alguns, em uma visão teológica, há um paraíso ou um inferno: esse,
para aquele que não cumpriu suas missões, cometeu pecados ou se desvirtuou dos
mandamentos sagrados sem pedir por redenção, e aquele para os que foram bons,
realizaram suas jornadas de acordo com o mandamento sagrado ou pediram redenção por
seus erros ao seu Deus superior.
Entretanto, essa seria apenas uma das visões sobre o que acontece quando a
hora da morte chega, já que muitos acreditam que não há salvação, ou seja, não existe
nada além da vida, já que, quando se morre, morre. Nesse contexto, vê-se que a
inteligência existencialista abre espaço para esses pensamentos e possíveis debates,
quando de fato desenvolvida com maturidade para entender que cada pessoa é livre para
acreditar naquilo que a convém. Assim, essa seria uma boa aplicação dessa inteligência
para a compreensão biológica da natureza da morte: a abertura de discussões e o
ensinamento do livre arbítrio teológico na sociedade em que estamos inseridos. Isso
porque, a biologia vai muito além de conceitos rasos e prontos aplicados em sala de aula, já
que a biologia é um campo no qual deve se haver, acima de tudo, respeito pelos dogmas,
mas sem abrir mão de seu cunho científico e humanitário.
Diante da inteligência naturalista, pode-se ter outras percepções, isso porque, essa
inteligência busca o contato do ser humano com a natureza e a manutenção da curiosidade.
Assim, essa forma de conhecimento pode ser diretamente relacionada a explicação da
natureza da vida, devido ao fato de que ao desenvolver essa inteligência, há a possibilidade
de conhecer teorias sobre a origem da vida, tal como a hipótese de Oparin e Haldane, que
diz que moléculas orgânicas simples, como aminoácidos, açúcares e bases
nitrogenadas, foram formadas a partir de compostos inorgânicos que se
combinaram, formando estruturas complexas até que a vida surgiu, evoluiu e se
tornou o que conhecemos hoje.

Conclusão
Por fim, percebemos que a teoria das Inteligências Múltiplas de Howard e
Gardner mudou totalmente a percepção de inteligência, que por muito tempo se
perpetuou apenas com a ideia de QI, levando em consideração que apenas
pessoas dotadas de habilidades cognitivas e matemáticas são inteligentes. Assim, o
trabalho de Gardner foi excepcional no que diz respeito à evolução educacional,
pois muitas escolas e universidades já são dotadas com a ideia de que cada aluno
possui habilidades específicas e que, aquelas que não têm, podem ser
desenvolvidas com as ferramentas certas de ensino.
REFERÊNCIAS
“QUEM É HOWARD GARDNER E O QUE É A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS
MÚLTIPLAS” disponível em
https://www.inteligenciadevida.com.br/pt/conteudo/quem-e-howard-gardner-especiali
stas-em-educacao/ ; data de acesso: 01/06/2022.

“HOWARD GARDNER” disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Howard_Gardner;


data de acesso: 01/06/2022.

“INTELIGÊNCIA NATURALISTA: CAPACIDADE DE ENTENDER O MEIO


AMBIENTE” disponível em
https://www.iberdrola.com/talentos/inteligencia-naturalista#:~:text=De%20acordo%2
0com%20Gardner%2C%20a,%2C%20objetos%2C%20animais%20ou%20plantas;
data de acesso: 02/06/2022.

“INTELIGÊNCIA EXISTENCIAL: ENTENDA A POTÊNCIA DO SER HUMANO”


disponível em
https://www.aliviamente.com.br/blog/inteligencia-existencial-entenda-essa-potencia-
do-ser-humano.html#:~:text=A%20intelig%C3%AAncia%20existencial%20diz%20re
speito,caracter%C3%ADsticas%20existenciais%20da%20condi%C3%A7%C3%A3o
%20humana ; data de publicação: 14/09/2021; data de acesso: 02/06/2022.

ALMEIDA, R.S. et al. A teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner


e suas contribuições para a educação inclusiva: construindo uma educação
para todos. Ciências Humanas e Sociais. 2017;4(2).

VEIGA, E.C. & MIRANDA, V.R. A importância das inteligências intrapessoal e


interpessoal no papel dos profissionais da área da saúde. Ciênc. cogn.
2006;9.

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