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Foto: Wenderson Araujo/Trilux - Sistema CNA/Senar

MANEJO
DE CAVALOS
2023 – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar
1ª. Edição – 2022 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
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Presidente do Conselho Deliberativo do Senar


João Martins da Silva Junior

Diretor Geral do Senar


Daniel Klüppel Carrara

Diretora de Educação Profissional e Promoção Social


Janete Lacerda de Almeida

Diretora Adjunta da Diretoria de Educação Profissional


e Promoção Social
Ana Ângela de Medeiros Sousa

Coordenador Técnico da Diretoria de Educação Profissional


e Promoção Social
Gabriel Zanuto Sakita

Equipe técnica Senar


Carolina Soares Pietrani Pereira
Vilton Francisco de Assis Júnior

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O curso de Manejo de Cavalos apresenta itens importantes para a boa prática
com os animais. Esses são alguns pontos elencados nesse material:

Foto: Wenderson Araujo/Trilux - Sistema CNA/Senar

Conceitos gerais sobre a espécie equina, que


possibilitam entender melhor a espécie, apon-
tando para um manejo mais prático e racional.

Foto: Banco de imagens do Senar

Conteúdos sobre manejo nutricional dos cavalos,


descrevendo diferentes formas de suprir as ne-
cessidades diárias dos animais, e sobre controle
sanitário do rebanho, para que medidas sejam
adotadas para evitar a disseminação de doenças
entre os animais e até mesmo humanos.

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Foto: Banco de imagens do Senar

O manejo de cavalo no trabalho e no esporte a fim de que


se conheça sobre as principais utilizações do cavalo em
nosso país, seja na lida com o gado, seja nas diversas mo-
dalidades esportivas equestres.
Quais os equipamentos básicos complementares neces-
sários no manejo de cavalos e seus determinados fins.

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O MANEJO DE CAVALOS

Foto: Banco de imagens do Senar

É desafiador conhecer os hábitos e as necessidades básicas dos equinos para que


o manejo se torne mais prático, menos oneroso e com benefício mútuo para a re-
lação humano-cavalo. Para isso é preciso:

• esclarecer e conceituar o comportamento e processos fisioló-


gicos que ocorrem durante o trabalho do animal no campo;

• reconhecer as exigências nutricionais que são preceitos a serem


explorados para facilitar o manejo na propriedade e tornar a ativi-
dade mais sustentável, evitando prejuízos e custos elevados.

Portanto, é fundamental conhecer aspectos básicos sobre o manejo de equinos,


incentivando o aproveitamento dos insumos, a destinação de resíduos e a melho-
ria dos equipamentos segundo o uso do cavalo em cada propriedade rural.

Passos como esses são importantes para a redução de custos,


tornando a atividade mais lucrativa e prazerosa para o humano
e para o cavalo.

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CONCEITOS GERAIS SOBRE A
ESPÉCIE EQUINA

Foto: Banco de imagens do Senar

Os cavalos são animais imponentes e sua beleza é encantadora. Seu tamanho e


sua força são características que impressionam até mesmo pessoas que não têm
contato ou não frequentam o campo, as fazendas, os clubes hípicos ou hipódro-
mos. Mas o que são os cavalos? Como se comportam e do que necessitam para
viver com qualidade?

OS CAVALOS
Veja algumas características básicas da espécie.

O cavalo é um animal herbívoro.

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Acostumado a viver em grupos.

Na natureza, desloca-se constantemen-


te em busca de melhores pastagens,
água e abrigo.

Em geral, o animal mais velho lidera o


grupo enquanto os machos são respon-
sáveis pela proteção de todo o grupo.

PRINCIPAIS COMPORTAMENTOS DOS


EQUINOS
Os equinos são animais com comportamentos específicos. A seguir você verá mais
algumas informações sobre o tema. Acompanhe!

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Você sabe quais são os principais comportamentos dos equinos?
Os equinos são bastante curiosos e espertos, mas o reflexo de luta ou fuga
(que foi adquirido com o tempo de evolução para sobrevivência) é uma das
suas principais características, fazendo com que eles sejam interpretados
como perigosos ou indóceis.

Movimentos bruscos e repentinos, assim como gritos e barulhos provo-


cados pelo humano, podem acabar em acidentes devido ao tamanho e à
força do animal em situações de medo ou risco.

Algumas informações gerais sobre os equinos:

• Eles vivem, em média, de 20 a 30 anos.


• O período de gestação das éguas é de 11 meses aproximadamente.
• Os potros nascem muito ativos, se alimentam e adquirem imu-
nidade passiva (ou seja, os anticorpos) por meio da ingestão do
colostro, que é o leite secretado pela mãe nos primeiros dias
pós-parto.
• Os potros crescem rapidamente, podendo adquirir sua estatura
final antes mesmo dos 4 anos de idade.
• Nessa fase, deve ser dada atenção especial à nutrição e ao for-
talecimento do sistema musculoesquelético do animal.

NECESSIDADES BÁSICAS DOS EQUINOS

Além de seu comportamento, os cavalos


e os equinos em geral são animais com
necessidades que devem ser supridas. O or-
ganismo do cavalo bem como seus hábitos
diários estão diretamente relacionados ao
consumo de capim.

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Os equinos comem capim e por isso são considerados herbívoros. Algumas deno-
minações semelhantes que vamos usar para chamar o capim: pasto, grama, forra-
gem, volumoso e feno.

É possível criar um cavalo adulto solto à


pasto ocupando um hectare (10.000 m2),
ou seja, uma unidade animal (450 kg de
peso vivo) por hectare, desde que o solo
esteja com boa capacidade de produzir
capim. Adicionalmente, necessita-se de
água e sal mineral, como complementos, à
vontade.

É possível intensificar essa taxa de lota-


ção e aumentar a capacidade de suporte,
contudo algumas estratégias de corre-
ção e adubação da pastagem tornam-se
necessárias.

Entretanto, nem todos os tutores dispõem de área para a criação de equinos e


recorrem, na maioria das situações, a clubes equestres, centros de treinamento e
hípicas, onde o confinamento passa a ser uma opção, resultando em um convívio
próximo entre os cavalos.

Dessa forma, perde-se o hábito do


pastejo, a vida em grupo e a liberdade
de movimento, fazendo com que pro-
blemas nutricionais e comportamentais
possam surgir, se as instalações e o
manejo não estejam adequados.

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Em relação ao movimento, o uso do
cavalo na lida de campo com o gado
nas fazendas, os passeios e os esportes
equestres suplantam grande parte des-
sa necessidade diária.

Foto: Banco de imagens do Senar

Atualmente, diversas construções já


proporcionam em seu desenho maior
interação entre os indivíduos, com
paredes mais baixas, janelas maiores,
permitindo maior contato, mesmo que
somente visual. Tais medidas buscam
maior grau de bem-estar na tentativa
de suprir uma parte das necessidades
dos equinos.

Foto: Banco de imagens do Senar

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MANEJO NUTRICIONAL DOS
CAVALOS

Existem diversas formas de suprir as necessidades nutritivas diárias dos cavalos.


No entanto, é preciso compreender que a qualidade e a quantidade da alimenta-
ção faz toda a diferença no resultado final.

Alguns capins se diferenciam por possuí-


rem maior porte (como o Napier, o Elefan-
te e o Capiaçu) ou pelo crescimento em
arbustos e touceiras (como o Tanzânia e
o Massai). Também existem outros mais
ramificados, de crescimento próximo ao
solo, formando estolas que se enraízam
no chão (como a grama estrela, o Tifton, o
“Coast-cross” e o Jiggs).
Foto: Capim Elefante

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Para qualquer uma dessas variedades, é
muito importante a atenção quanto ao
manejo e controle da altura de entra-
da e saída dos animais no piquete para
que não ocorra sub ou super pastejo. Esse
fator compromete a qualidade e produtivi-
dade da forragem, bem como o desempe-
nho dos animais.

Foto: capim Tifton / Banco de imagens


do Senar

COMO OTIMIZAR O PASTO COM A PRODUÇÃO


DE FENO?
Os capins podem ser utilizados para a produção de feno. O conteúdo a seguir
mostra um pouco mais dessa relação.

Os capins como elefante, tanzânia e grama-estrela, entre outros, podem


ser usados para pastejo e para produção de feno visando a um melhor
aproveitamento da área, ou mesmo servindo como fonte de renda com a
venda, por exemplo. Mas isso depende da recomendação técnica quanto a
altura ideal de corte para cada capim.

O importante é entender que o capim, sendo o principal alimento da es-


pécie equina, deve ser bem manejado para que possa ter valor nutricional
adequado, boa palatabilidade e disponibilidade que atenda a demanda ao
longo do ano.

Mas qual é a necessidade diária de ingestão de capim pelo equino? Vamos


à quantidade!

A cada 100 kg de peso vivo do animal, o chamado peso corporal, o cavalo deve
comer 8 kg de capim verde ou “in natura”, durante um ciclo de 24 horas.

100 KG DE PESO CORPORAL


= 8 KG DE CAPIM VERDE
DURANTE CICLO DE 24 HORAS

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Nesse caso, considera-se como capim verde aquele colhido pelo animal
durante o pastejo ou o capim fornecido no cocho.

Se for utilizado feno, para cada 100 kg de peso corporal, o cavalo precisará
de 2 a 3 kg de capim durante um ciclo de 24 horas.

Quando falamos de feno, estamos nos re-


ferindo ao capim cortado, colhido e enfar-
dado a partir de uma determinada área de
pastagem, que sofre desidratação para ser
estocado.
Portanto, percebe-se a importância de co-
nhecer o manejo nutricional dos cavalos!

POR QUE OFERECER A RAÇÃO?


Em algumas situações, o animal pode ter uma rotina de demanda maior que a tra-
dicional, como em categorias esportivas de alta performance, garanhões em esta-
ção de monta, éguas em final de gestação, entre outros. Então, faz-se necessário
a complementação alimentar por meio de rações comerciais balanceadas para
essas condições. Também existem alguns manejos mais específicos que lançam
mão de suplementos alimentares ou mesmo nutracêuticos.

Nutracêuticos
Produto ou suplemento alimentar com funções nutritivas e terapêuticas.

Para calcular a necessidade diária de ração é fácil: 1 kg de ração para cada 100 kg
de animal.

Por exemplo: um cavalo adulto de 400 kg


deve receber 4 kg de ração por dia e um
potro de 100 kg, recebe 1 kg por dia.

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Para uma melhor digestão e aproveitamento dos nutrientes contidos, recomenda-se
não ultrapassar a oferta de 2 kg por vez. Dessa forma, valerá a pena oferecer a
ração em momentos diversos durante o dia.

Por exemplo: um animal de 600 kg deverá receber 6 kg de ração.


Isso pode ser feito em três porções de 2 kg ao longo do dia.

Foto: Banco de imagens do Senar

Em linhas gerais, para a estratégia de fornecimento da ração e o balanceamento


da dieta do animal, é recomendado seguir as orientações do profissional especia-
lista. O cálculo da quantidade a ser fornecida aos animais pode variar de acordo
com uma série de fatores, como:

• categoria do animal;
• complexidade das atividades físicas executadas;
• valores nutricionais da ração;
• tipo de capim que está sendo fornecido, entre outros.

Também é preciso ter atenção na mudança da qualidade ou marca da ração. A


troca deve ser efetuada de forma gradual, para ocorrer a adaptação do animal ao
novo alimento e não ocasione nenhum problema de má absorção ou excesso de
determinados nutrientes, que podem prejudicar a saúde do cavalo.

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IMPORTÂNCIA DA MINERALIZAÇÃO
O fornecimento de suplementos minerais é importante para a saúde dos equinos.
No entanto, o sal mineral deve ser específico, ou seja, formulado e balanceado
para cavalos. Deve ser fornecido à vontade, em cochos próprios para suprir as ne-
cessidades diárias que os equinos não conseguem suprir somente com o capim.

O consumo de sal mineral é autolimitan-


te, ou seja, quando o cavalo equilibrar as
suas demandas, ele para de consumir o sal.
Dessa forma, torna-se simples e seguro, o
fornecimento à vontade durante todo o ano.

Foto: Banco de imagens do Senar

Um cavalo adulto consome em média 50 g de sal mineral por dia sem realizar
maiores esforços, somente para a sua manutenção.

Em casos de maiores esforços, como o trabalho prolon-


gado no campo, em cavalgadas, passeios ou provas de
maiores distâncias, o cavalo vai necessitar de mais água
e sais minerais devido a elevada produção de suor com o
trabalho contínuo.

Alguns animais em exercícios mais extenuantes chegam a


demandar até 150 g de sal mineral após a jornada de tra-
balho do dia. Esses exemplos reforçam a necessidade do
fornecimento à vontade no cocho e, em casos de o animal
ingerir tudo, o reabastecimento do cocho no mesmo dia.

Ressalta-se a importância de disponibilizar o sal em co-


chos adequados, que estejam bem mantidos e cobertos,
para evitar que a água da chuva acumule no local, com-
prometendo a qualidade do produto ofertado.

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CONTROLE SANITÁRIO DO
REBANHO

Os cavalos estão sujeitos a doenças que podem, inclusive, ser transmitidas aos
humanos. Por esse motivo, é necessário o controle sanitário.

Entende-se por controle sanitário todas as medidas adotadas para evitar a dis-
seminação de doenças entre os animais. Essas doenças podem ser causadas por
vírus, bactérias, fungos, parasitos e podem trazer prejuízos em dimensões variá-
veis no decorrer do tempo.

CUIDADOS COM O AMBIENTE


A contaminação ambiental é uma das formas pelas quais essas doenças são trans-
mitidas. Veja a seguir algumas boas práticas para que isso seja evitado. Veja só:

Para diminuir a chance de contaminação do ambiente, as baias, os galpões e os


currais devem sempre estar higienizados, assim como a aglomeração associada
à falta de limpeza deve sempre ser evitada.

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Cada animal deve dispor de seu cabresto
próprio em um galpão de baias, por exemplo.
As escovas e raspadeiras que são usadas na
rotina com os equinos devem ser periodi-
camente lavadas, pelo menos uma vez por
semana, com água e sabão.

A limpeza com vassoura no ambiente de


manejo deve ser realizada diariamente e, ao
menos uma vez por semana, uma solução
desinfetante feita a partir de 1 litro de água sanitária em 10 litros de água deve
ser aplicada no local quando ele estiver limpo.

Essas medidas básicas já controlam consideravelmente infecções por fungos


ou bactérias, mas as doenças mais preocupantes e que geralmente podem ser
prevenidas são aquelas causadas por vírus.

Algumas delas são consideradas zoonoses, pois podem ser transmitidas para o
ser humano, por exemplo, a raiva. Outras, como a rinopneumonite, que ocasiona
aborto e morte de potros, podem causar prejuízos zootécnicos e econômicos.

Com esses cuidados, é possível controlar e evitar doenças e prejuízos com os


equinos.

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QUAIS VACINAS APLICAR?
O método mais adequado de se evitar
essas doenças é por meio da vaci-
nação. Para cada faixa etária, existem
as vacinas recomendadas e em alguns
casos a aplicação de mais de uma dose,
além do reforço, deve ser administrada
(éguas prenhes, por exemplo). O médico
veterinário responsável deverá elaborar
o calendário vacinal para os animais de
cada propriedade.

A introdução de novos animais é um motivo de atenção para que outras doenças


não sejam trazidas ao seu rebanho. Por isso, é importante um rígido controle de
segurança sanitária e de procedência dos animais. Fique atento ao(s):

• exames requeridos pela legislação;


• atestado de trânsito;
• calendário de vacinação em dia etc.

Um animal doente, mesmo que assintomático ou apresentando sinais subclíni-


cos, pode contaminar um rebanho inteiro e os custos relacionados à compra de
medicamentos para o tratamento do animal ou a morte de outros animais podem
inviabilizar a criação dos equinos. O mesmo é válido para centros de treinamento e
hípicas que costumam receber constantemente animais de procedências distintas.

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Subclínicos
São sintomas de difícil percepção.

CONTROLE DAS VERMINOSES


Um problema constante em todos os tipos de criatórios de equinos são as vermi-
noses. Algumas delas são causadas por vermes que se fixam na parede (mucosa)
do intestino e podem levar a quadros crônicos de fraqueza (anemia). O controle de
verminoses mais praticado é geralmente feito com pastas anti-helmínticas, admi-
nistradas pela boca do animal, com intervalos regulares entre as aplicações, que va-
riam de 3 a 6 meses conforme a recomendação do médico veterinário responsável.
Contudo, somente a administração de anti-helmínticos pode ser insuficiente.

Assim, uma forma de otimizar o controle desses parasitos (moscas, vermes) e


reduzir sua infestação no meio é a utilização da compostagem. Esse é um proces-
so realizado com a cama das baias que contém fezes, urina e maravalha, palha de
arroz ou mesmo capim.

A partir do momento que esses resíduos são


retirados das baias ou dos currais, devem ser
colocados em pilhas de 1,5 metro de altura para
ocorrer o processo de decomposição da maté-
ria orgânica, resultando na produção de calor
no interior da pilha. Com isso, os ovos e larvas
desses parasitos são inativados e morrem.

Por ser um processo natural de controle bio-


lógico de parasitos, deve ser entendido como
método sustentável de aproveitamento dos
resíduos advindos da criação de equinos.

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A compostagem da cama pode contribuir para
a atividade rural como fonte de renda por meio
da venda do composto para produtores que
trabalham com plantações diversas (hortaliças,
orquídeas, cogumelos, entre outros).

Seu uso também é otimizado na adubação or-


gânica do solo em que o cavalo vive, reduzindo
custos com fertilizantes químicos.

Além da correta destinação dos resíduos, a


compostagem evita a contaminação de nas-
centes e rios, transforma dejetos contami-
nados em fertilizante nobre para o solo e, ao
final, protege o meio ambiente.

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MANEJO DE CAVALO NO
TRABALHO E NO ESPORTE

Foto: Banco de imagens do Senar

A principal utilização do cavalo em nosso país acontece na lida com o gado e nas
diversas modalidades esportivas equestres, de onde vem o termo “cavalo atleta”.
Independentemente da escola e da forma, alguns conceitos básicos devem ser
respeitados para termos animais saudáveis e de bom desempenho, seja no traba-
lho de campo ou na competição.

A IDADE MERECE ATENÇÃO!


Recomenda-se que um potro seja criado em vida livre, a pasto com animais de
mesma faixa etária, para que possa demonstrar seu comportamento natural, so-
cial e que ocorra desenvolvimento pleno de sua estrutura muscular esquelética.

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Em torno de três anos, esses animais já se
encontrarão com o sistema locomotor de-
senvolvido ou maduro, assim, prontos para
que se inicie o processo de doma e treina-
mentos. Percebe-se que animais inicia-
dos precocemente são acometidos por
lesões ortopédicas que podem com-
prometer o futuro de cada indivíduo.
Fraturas, tendinites e artrites são algumas
das lesões comuns de ocorrer com esse
Foto: Capim Elefante
manejo precoce. Entretanto, as exigências
de cada raça devem ser consideradas.

É importante destacar: todo o tipo de treinamento deve ser


gradual, ou seja, iniciar de maneira branda e seguir aumentando
gradativamente.

COMO TREINAR MEU CAVALO?


A seguir temos algumas considerações sobre o treinamento de seus animais.
Acompanhe.

Você sabe como treinar o seu cavalo?

Primeiramente, comece a doma do chão com o potro a partir dos trinta


meses de idade.

O uso de trabalhos em liberdade no redondel até os trinta e seis meses


ajuda a fortalecer grupos musculares para que eles recebam com mais
conforto o peso do cavaleiro, bem como reforça o vínculo necessário entre
humano e cavalo.

É favorável a introdução dos comandos da equitação dos trinta e seis aos


quarenta e oito meses, porém todos ao passo.

Importante dizer: o passo dos cavalos é um andamento natural, de quatro


batidas, que, durante a equitação ativa, trabalha a maioria dos músculos e
tendões do corpo do animal.

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Esse tipo de andamento deve ser valorizado tanto nos inícios das sessões
de treinamento quanto nas fases de aquecimento e relaxamento do animal
ao final de um esforço, qualquer que seja a sua intensidade.

Inicie sempre ao passo e, em dias alternados, depois de algumas semanas,


incremente para o exercício diário ao passo, cinco vezes por semana.

Outra forma de incrementar o esforço é aumentar o tempo de trabalho.


Por exemplo, de cinco a dez minutos nas primeiras semanas, e de quinze a
vinte minutos nas semanas seguintes.

O ideal é que as repetições (dias da semana) e a duração sejam elevadas


em conjunto.

Essa é uma das fases mais importantes do condicionamento, em que se


consegue um efetivo trabalho muscular de resistência e de fortalecimento
de todo o aparato músculo esquelético.

Quando alcançamos o trabalho de trinta a quarenta minutos ao passo,


inicia-se a fase incremental com trote, marcha e tração, relacionado à exi-
gência da raça ou modalidade equestre em questão.

Nesse ponto, a participação de um profissional capacitado pode fazer a


diferença no desenvolvimento de habilidades do animal e do cavaleiro.

ANIMAIS UTILIZADOS NA LIDA COM


O GADO E CUIDADOS BÁSICOS PARA AS
COMPETIÇÕES

ANIMAIS UTILIZADOS NA LIDA COM O GADO

• A exigência diária dos animais de lida com o gado está diretamente


relacionada à resistência e ao condicionamento dos animais para o
esforço prolongado.

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• O descanso após um longo dia de trabalho também é muito importan-
te para o animal repor as suas perdas de fluidos (água e eletrólitos) e
energia. Portanto, recomenda-se que para cada dia de trabalho, o ani-
mal descanse dois e retorne ao terceiro dia. Nesse raciocínio, percebe-
-se que um vaqueiro necessitará de três montarias para realizar o tra-
balho e garantir o bem-estar dos seus cavalos. Também é importante
observar que, nos dias de descanso, o cavalo tenha água e sal mineral
à vontade, assim como capim em quantidade suficiente à disposição.

CUIDADOS BÁSICOS PARA AS COMPETIÇÕES

• Devemos encarar a competição como um dia especial em que de-


monstraremos o que o nosso animal consegue fazer, ou aquilo que foi
condicionado a fazer. Submeter o animal a um esforço além do que ele
foi preparado pode culminar em lesões de qualquer sistema (muscular,
respiratório, metabólico), além de inviabilizá-lo para as próximas pro-
vas, comprometendo a temporada. Nesse sentido, a conscientização
do cavaleiro e da equipe para o dia de competição é de extrema
importância.

• O transporte também merece atenção. O esforço que um cavalo faz ao ser


transportado pode comprometer uma competição inteira. Dependendo da
distância e do tipo de transporte, vale a pena levar o animal dias antes da
prova para que ele descanse e se adapte ao novo ambiente.

• Em algumas competições, alguns equipamentos são parte do transporte,


como baldes, feno, sal mineral, ração, entre outros. Tudo para que o novo
ambiente de provas seja visto com maior naturalidade pelo cavalo e que
não falte nada do que teria se estivesse em casa.

• O período de repouso não é menos importante para os animais de compe-


tição. A recuperação psíquica também faz parte da construção dos atletas
e para isso nada melhor que a liberdade e descanso.

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EQUIPAMENTOS BÁSICOS
COMPLEMENTARES

Foto: Banco de imagens do Senar

Até aqui o curso já apontou diversas atividades em que os animais são utilizados.
Em algumas delas você deve imaginar que há o uso de equipamentos e esse é o
tema deste tópico.

TODO CAVALO PRECISA DE FERRADURAS?


No campo, para os equinos criados a pasto, é preciso verificação rotineira e cons-
tante do estado dos cascos dos animais. Em geral, eles apresentam desgaste
natural com alongamento de pinças, que, até certo ponto, não comprometem o
sistema locomotor.

Pinças
Parte frontal do casco.

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Veja a seguir as definições anatômicas que compõem o casco do equino:

Parte frontal do casco. Foto: Banco de imagens do Senar

A partir do momento que o uso do animal


se torna necessário, quer seja para passeio,
cavalgada, tração de carroça ou lida com ou-
tros animais, os cuidados com a saúde dos
cascos são necessários.
Para esses animais, o desgaste de uma região
do casco e o crescimento de outra (pinça,
por exemplo) aumenta o esforço dos tendões
flexores, levando a inflamações locais (tendi-
nite, desmite, artrite), tornando, com o tempo, Foto: Banco de imagens do Senar
o cavalo inapto para o uso por sentir muita
dor e mancar durante o trabalho.

O profissional capacitado para auxiliar nesse processo é o ferrador. Acompanhe


um pouco mais sobre esse profissional.

O ferrador é um profissional importantíssimo para o acompanhamento de


um equino, principalmente a partir do momento em que o animal se torna
necessário para diversas atividades, como tração e cavalgadas.

Durante o casqueamento, o ferrador busca equilibrar as estruturas ana-


tômicas do animal para que elas exerçam a sua principal função, que é a
absorção do impacto e distribuição da força de forma balanceada para os
membros do animal.

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A ferradura, que é feita de ferro ou de liga de materiais como alumínio,
deve ser bem ajustada ao casco para permitir a sua expansão durante a
fase de apoio do membro ao solo.

Ela também preserva as estruturas articulares do animal de um desgaste


maior em decorrência de um esforço repetitivo.

Detalhe: Dependendo da superfície do solo, que pode ser asfalto, terra ba-
tida, grama ou areia, esse desgaste é maior ou menor.

O desequilíbrio crônico das estruturas que compõem o casco do cavalo


pode causar dor e comprometer a montaria tanto para o cavalo quanto
para o cavaleiro, tornando o animal inapto para utilização.

As lesões traumáticas ou mais agudas que os animais sofrem também


podem ser uma ameaça à integridade deles. Por isso, elas necessitam de
pronta avaliação de um médico veterinário.

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS EMBOCADURAS?


As embocaduras são equipamentos impor-
tantes para a condução dos cavalos, e faz par-
te de uma boa equitação o correto uso das
embocaduras. Colocada gentilmente dentro
da boca dos animais, onde se encaixa no es-
paço entre os dentes incisivos e pré-molares
(região de diastema chamada de barra), exerce
a função de direcionamento e condução do
animal. Para cada indivíduo ou nível de treina-
mento e trabalho, é recomendada uma forma
ou tamanho diferente de embocadura. A con-
dução do animal por meio das embocaduras
deve ser bastante delicada, podendo revelar
a qualidade do cavaleiro.

Embocaduras
Podem ser conhecidos por outros nomes, como: freios, bridões, entre outros.

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USO CORRETO DAS SELAS
Assim como as embocaduras, equipamentos como selas, selins, mantas e baixei-
ros devem ser anatomicamente adequados ao animal, propiciando conforto a ele
e ao cavaleiro também. A pressão exercida de forma desbalanceada no dorso do
animal pode levar a dores crônicas e lesões tanto superficiais, como as pisaduras,
quanto profundas, como osteítes, prejudicando o trabalho e diminuindo o tempo
de prestação de serviço do animal.

Foto: Banco de imagens do Senar

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CONCLUSÃO
Chegamos ao fim do curso! Você pode perceber que a criação e o manejo de ca-
valo são mais simples do que aparentam. No curso, foram abordados aspectos
básicos sobre os cavalos, o comportamento natural e as condições impostas
a eles pelo ser humano, que interferem em seu desenvolvimento e, consequente-
mente, em sua utilização.

No manejo nutricional, vimos o capim como alimento principal, que deve ser
ofertado em qualidade e quantidade suficientes, assim como a água e o sal mine-
ral, que podem ser ofertados à vontade. Já no manejo sanitário, aprendemos os
cuidados básicos de saúde, como vacinação e vermifugação, que devem ser rea-
lizados periodicamente tanto no indivíduo como no rebanho. Aqui também fomos
apresentados à utilização da compostagem como método sustentável e comple-
mentar para controle biológico de parasitos e proteção do meio ambiente.

Ressalta-se a importância e atenção quanto à correta doma e equipamentos para


a lida com os animais, sejam eles para reprodução, manejo com o gado, passeios,
tração ou esportes, devendo-se estar sempre atentos ao bem-estar dos animais.

Enfim, abre-se um vasto mundo de conhecimento e aperfeiçoa-


mento para o correto uso do cavalo. Porém, sem esquecer do ma-
nejo básico aplicado à espécie, que foi o foco do curso.

Com todo o conhecimento adquirido, você poderá realizar o


manejo de seus animais com mais qualidade e melhorando
os indicadores de bem-estar animal.

FINALIZAÇÃO DO CURSO
Muito bem! Parabéns pela conclusão deste curso. Mas atenção!

Para que seu certificado de conclusão seja disponibilizado, você


deve responder à Pesquisa de Satisfação. Assim que terminá-la,
o acesso ao seu certificado estará liberado.

29
REFERÊNCIAS
FRAPE, David L. Equine Nutrition and feeding. 3 ed. [S. l.]: Blackwell Publishing,
2004. 664 p.

CINTRA, André G. O cavalo. Características, manejo e alimentação. [S. l.]: Roca,


2011. 384 p.

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RIET CORREA, Franklin; SCHILD Ana Lucia; LEMOS Ricardo A. A.; BORGES Jose
Renato J. Doenças de Ruminantes e Equídeos. 4. ed. São Paulo: MedVet, 2023.
800p.

MINCHILO, Celso; LESCHONSKI, Claudia; MALDONADO, Fabiana; BUSS, Lizie Pe-


reira; TEIXEIRA, Rodrigo Rodrigues. Manual de boas práticas para o bem-estar
animal em competições equestres. Brasília: Mapa/ACE/CGCS, 2016. 32 p.

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