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Embora Ken St.

Andre (1947 - ) considere Rick Loomis como o primeiro autor de


livros-jogo do mundo, Jonathan Green considera a série Fighting Fantasy88 como o
início desse gênero textual89:
Embora a ficção interativa90 tenha surgido antes da publicação de The Warlock of Firetop Mountain
[livro-jogo que dá início à série Fighting Fantasy], experimentada desde a década de 1940, nunca houve
até então algo um livro-jogo de fato. Nos EUA, o sistema de RPG Tunnels e Trolls, desenvolvido por Ken
St Andre, publicou aventuras-solo começadas com Buffalo Castle, escrito por Rick Loomis, em 1976,
mas esses eram suplemento-solo de RPG em vez de livros reais. A série Choose Your Own Adventure, de
Edward Packard [1931 - ] e R A Montgomery [1936 - 2014] apareceu na mesma época e, embora fossem
livros, eles não possuíam regras de jogo. Foi a Fighting Fantasy que criou o gênero do livro-jogo,
passando a popularizá-lo no Reino Unido e arredores, e seu sucesso foi certamente responsável pelo
excesso de imitações (muitos deles terrivelmente inferiores em qualidade), que outros editores se
apressaram depois de perceberem o nível de sucesso que os livros da Puffin estavam desfrutando com o
novo formato. (2014, p.16, grifos e comentários nossos)

Segundo Silva (2019), um livro-jogo é a junção entre um livro (físico ou digital), com
formato de ficção em prosa, e um jogo, cujo usuário se esforça para superar os
obstáculos apresentados na narrativa em formato de texto, fazendo escolhas. Esse
usuário interage com a história, tomando decisões que alteram os rumos do enredo
narrado em um processo lúdico e imersivo (ALVES, 1997). Por isso, a proposta se
baseia na história não seguir um modelo linear. Cada decisão cria ramificações na
história, de forma que o usuário acompanha um trajeto específico de acordo com suas
escolhas

Para ser classificado como livro-jogo, a narrativa interativa deve ser também um RPG
por si só68. Para tal, Schick afirma que o RPG “deve consistir em narrativa interativa
quantificada”69 (1991, p.10). “Narrativa” porque o objetivo do jogo é uma contação de
história na qual os jogadores são os heróis, porém, diferente de muitos jogos de
tabuleiro/miniaturas, aqui não há vencedores e o desempenho individual não pode ser
medido por pontuação. “Interativa” porque os jogadores decidem o que lhes parece ser
melhor no enredo ao qual pertencem, diferentemente da linearidade na qual estão
fadados a cumprir um papel sem escolhas alternativas. “Quantificada” porque cada
personagem do enredo precisa ser definido com números para que se sigam de forma
mais coerente as regras do jogo. Portanto,
Romances não lineares (como as séries “Find Your Fate”70, “Escolha sua aventura” ou “Aventura Sem
Fim”) não são RPGs, porque eles não envolvem quantificação, enquanto livros-jogo são RPGs, pois
envolvem regras e manipulação de números71. (SCHICK, 1991, p.10, grifo do autor)

A série de livros-jogo Fighting Fantasy foi criada por Ian Livingstone e Steve Jackson e lançada no Brasil
pelas editoras Marques Saraiva e, posteriormente, Jambô Editora (SILVA, 2019). Essa série ganhou
destaque ao incorporar elementos de RPG, com muitas capas convidando o leitor a se tornar o
protagonista da história (SILVA, 2019).

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