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Universidade Estadual de Campinas

MA220 – Matemática Discreta


Professor Doutor Gabriel Ponce

Explorando a Interdisciplinaridade entre Progressões Geométricas Infinitas e


Recorrências no Ensino Médio com o uso do Teorema do Ponto Médio.

Projeto 2

Ana Beatriz Borges Neves RA: 230885


Breno William Migliorini RA: 167698
Jackeline Leme Gregório RA: 173678
Mayron Cassimiro Macedo RA: 185025
Mykaella de Oliveira C.Pereira RA: 185831

Campinas - SP
13 de Junho de 2023
1.Séries Geométricas Infinitas
Iremos fazer uma breve revisão do que seria uma progressão infinita para nos exercı́cios futuro
atacar problemas de geometria com o uso delas. Essa viagem é super tranquila, afinal, iremos começar
com assuntos já estudados previamente, só que agora de forma muito mais divertida. Preparados?
Comecemos então! Dada uma progressão infinita {an }, ou seja, a1 + a2 + a3 + ... + an + ..., chamaremos
tal expressão de série infinita, de modo que a1 é o primeiro termo e o an é o n-ésimo termo.
Observe as séries abaixo:
1 1
(1) 2+1+ + + ...
2 4
7 7 7
(2) 7+ + + + ...
2 4 8
A série (1) tem como primeiro termo a1 = 2. Daı́, qual seria o seu n-ésimo termo? Vejamos que
a série tem como r, a razão, 21 . Caso tiver dúvida, recordar o material passado que falamos sobre a
(n−1)
construções de progressões geométricas. Assim, o seu n-ésimo termo seria: an = 2 21 . Portanto,
a série (1), ficaria da seguinte forma:
 (n−1)
1 1 1
2 + 1 + + + ... + 2 + ...
2 4 2
Agora, tente fazer o mesmo para série (2). Qual seria o n-ésimo termo dela?

Resolução

1.1 Convergência e Divergência de uma Série Geométrica Infinita


Definição

Dada a série geométrica infinita, isto é, a + ar + ar2 + ... + arn−1 + ..., assumiremos as seguintes
proposições desde que a ̸= 0:
a
• Se |r| < 1, então a série converge e a soma é
1−r
• Se |r| ≥ 1, a série diverge.

• Se a = 0, a série converge e a soma é 0.

Afinal, o que seria convergência e divergência? Quanto estamos trabalhando com uma série, e a
mesma cresce indefinidamente e não atinge nenhum valor numérico, dizemos que ela não converge.
Agora, quando a série se aproxima de um valor numérico à medida que adicionamos mais termos,
dizemos que ela converge. Iremos definir esse valor numérico daqui em diante como qualquer número
pertencente ao conjunto dos números reais (R).

A série (1), então, converge ou diverge? Se converge, qual seria sua soma? O primeiro termo a1 = 2
1
e a razão, como vimos, é . Como | 12 | < 1, então a série converge. E, além disso, a soma dela será:
2
a 2
= = 4.
1−r 1 − 12

1
Tente agora fazer seguindo o exemplo acima com a série (2). Ela converge ou diverge? Qual
seria a soma dela?

Resolução

Exercı́cio 1:

1. Determine nos exercı́cios abaixo se a série geométrica infita diverge ou converge. Se elas con-
vergirem, determine a soma delas.
1 1 1
(a) 1 + + + + ...
3 9 27
Resolução

3 3 3
(b) 1 − + − + ...
10 100 1000
Resolução

(c) −1 + 2 − 4 + 8 − . . .

Resolução

√ √
2 1 2
(d) 1 − + − + ...
2 2 4
Resolução


√ 2 3
(e) 6 − 2 3 + 2 − + ...
3
Resolução

2
Exemplo 1.2. Em uma reta numérica, começando no ponto de origem O, o ponto P se move 1
1 1
unidade na direção positiva e então se move na unidade na direção negativa. Então, se move 2
2 2
1
unidade na direção positiva e depois se move 3 unidade na direção negativa. Considerando que esse
2
movimento continua infinitamente, determine as coordenadas do ponto ao qual o ponto P se aproxima.

Figura 1: Representação da reta numérica do enunciado

Esboçamos acima graficamente como ponto P está se movendo ao longo dessa reta. Vamos agora
definir as coordenadas do ponto ao qual o ponto P está se aproximando:

1
1
1−
2
1 1
1− + 2
2 2
..
.
Seja x a coordenada do ponto ao qual o ponto P se aproxima:
1 1 1
x = 1 − + 2 − 3 + · · · Ou seja, x será nossa progressão geométrica infinita, cujo primeiro termo
2 2 2
1 1 1 1
a1 = 1 e a razão é r = − . Como − = = < 1, temos que a série acima converge. Portanto,
2 2 2 2
1 2
x =   = . Concluı́mos, então, que a coordenada do ponto ao qual o ponto P acima se
−1 3
1−
2
2
aproxima é .
3
Exercı́cio 1.2 Em uma reta numérica, começando no ponto de Origem O, o ponto P se move
1 1
1 unidade na direção positiva e depois se move unidade na direção negativa. Então, se move 2
3 3
1
unidade na direção positiva e depois se move 3 unidade na direção negativa. Considerando que esse
3
movimento continua infinitamente, determine a coordenada do ponto ao qual o ponto P se aproxima.

Resolução

3
Exemplo 1.3 Em um plano cartesiano, começando no ponto de Origem O, o ponto P se move 1
1
unidade na direção positiva do eixo x e então se move unidade na direção positiva do eixo y. Então,
2
1 1
se move 2 unidade na direção negativa do eixo x e depois se move 2 unidade na direção negativa
2 2
do eixo y. Considerando que esse movimento continua infinitamente, determine as coordenadas do
ponto ao qual o ponto P se aproxima. Sejam (x, y) coordenadas do ponto ao qualo ponto P se apro-

Figura 2: Representação do ponto P se movendo no plano cartesiano

1 1
xima. A coordenada x do ponto P é: x = 1 − 2 + 4 + . . .. Sendo x a série geométrica infinita cujo
2 2
−1 −1
a1 = 1 e a razão r = , temos que < 1, então, a série converge. Assim, o valor de x será:
4 4
1 5 1 1
x=   = . Já a coordenada y do ponto P será: y = − 3 + . . .. Temos que y também
−1 4 2 2
1−
4
1 −1
é uma série geométrica, cujo a1 = e a razão é De modo análogo que fizemos para x, temos
2 4
1
−1 2
que y também converge, já que < 1. Assim, o valor de y será: x será: y = 2  = .
4 −1 5
1−
 4

5 2
Concluı́mos então que as coordenadas do ponto ao qual o ponto P se aproxima são: , .
4 5
Exercı́cio 1.3 Em um plano cartesiano, começando no ponto de origem O, o ponto P se move
2
1 unidade na direção positiva do eixo x e então se move unidade na direção positiva do eixo y.
 2 3  3
2 2
Então, se move unidade na direção positiva do eixo x e depois se move unidade na
3 3
direção positiva do eixo y. Considerando que esse movimento continua infinitamente, determine as
coordenadas do ponto ao qual o ponto P se aproxima.

Resolução

4
2.Recorrência
Definição

Uma recorrência é uma sequência de termos em que cada termo subsequente é calculado com
base nos termos anteriores, de acordo com uma fórmula ou relação especı́fica. Exemplo de
recorrência famosa:

• 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ... é conhecida como a Sequência de Fibonacci. Sua lei de formação é:

F (1) = 1
F (2) = 1
F (n) = F (n − 1) + F (n − 2) para n ≥ 2

Nesse caso, F (3) = F (2) + F (1) = 1 + 1 = 2. Ou seja, o terceiro termo, seria 2.

• Calcule F (4), F (5) e F (6).

Exemplo 2 Determine xn , dada a sequência abaixo:

xn+1 = 2xn
x1 = 3

Primeiramente, iremos começar por x1 = 3. Então, por sua vez, x2 = 2x1 . O terceiro termo,
x3 = 2x2 e o n-ésimo termo, xn = 2xn−1 . Vamos então enfileirar um embaixo do outro da seguinte
forma:

x1 = 3
x2 = 2x1
x3 = 2x2
x4 = 2x3
..
.
xn = 2xn−1

Multiplicando todo os termos da primeira coluna e multiplicando todos os termos da segunda co-
luna e, depois, igualar essas multiplicações, teremos o seguinte resultado:

x1 · x2 · x3 · x4 · · · xn−1 · xn = 3 · 2x1 · 2x2 · 2x3 · · · 2xn−1

Simplificando os termos idênticos de ambos lados e sabendo que 2 é multiplicado n − 1 por ele
mesmo, ou seja, 2 · 2 · 2 · · · = 2n−1 ficamos com:

xn = 3(2)n−1

Portanto, xn = 3(2)n−1 é o termo geral da recorrência.

5
Exercı́cio 2.

(a) Com base no exemplo acima, determine xn , de modo que a1 = 3 e an+1 = 2an .

Resolução

3 1
(b) Determine Ln , de modo que L1 = e Ln+1 = Ln .
2 2
Resolução

3.Teorema do Ponto Médio


Definição

Se M e N são os pontos médios dos lados AB e AC do △ ABC, temos que as seguintes


1
afirmações são verdadeiras: M N e BC são paralelos e M N = BC. Disso chamamos de
2
Teorema do Ponto Médio.

Figura 3: Teorema do Ponto Médio

6
Você deve está se perguntado: por que eu vi séries geométricas infinitas, recorrência e Teorema
do Ponto Médio? Agora com esse exemplo abaixo irá fazer todo sentido você ter chegado aqui. Ire-
mos ver uma solução muita linda de um exercı́cio que requer o uso dessas técnicas que vimos até então.

Exemplo 3.
Dado que o △ABC tem um perı́metro de 3, forme o △ A1 B1 C1 , cujos vértices são pontos médios
dos lados do △ABC e então forme o △ A2 B2 C2 cujos vértices são pontos médios dos lados do △A1 B1 C1
e, assim, sucessivamente. Dado que são formados infinitos triângulos dessa forma, ou seja, △ A1 B1 C1 ,
△ A2 B2 C2 , △ A3 B3 C3 , . . . , △ An Bn Cn , . . . , determine a soma L dos perı́metros.

Do Teorema do Ponto Médio, temos que:

1
An+1 Bn+1 = An B n
2
1
Bn+1 Cn+1 = Bn C n
2
1
Cn+1 An+1 = C n An
2

1
∴ An+1 Bn+1 + Bn+1 Cn+1 + Cn+1 An+1 = (An Bn + Bn Cn + Cn An )
2
O que concluı́mos a partir desse teorema? Sabemos que o △ABC tem um perı́metro de 3.
1 3
Logo, pelo Teorema do Ponto Médio, o △A1 B1 C1 tem perı́metro L1 = · 3 = .
2 2
E o perı́metro Ln+1 ? Graças ao Teorema do Ponto Médio, que é fantástico, o mesmo garante que:
1
Ln+1 = Ln . Ficamos assim, com a seguinte expressão:
2
1

Ln+1 = Ln

2
 L1 =
 3
2

Será que você já viu algo assim antes? Lembra do exerı́cio 2.(b)? Então, a partir do Teorema do
Ponto Médio, chegamos numa relação de recorrência que você já teve contato e resolveu! Já imagi-
nou que seria possı́vel unir Recorrência com Geometria? Fantástico, não é mesmo?! Mas e as séries
geométricas infinitas, aonde ela se encaixa aqui?

7
Primeiramente, vamos encontar o termo geral de Ln . Para isso, temos que:

3
L1 =
2
1
L2 = L1
2
1
L3 = L2
2
1
L4 = L3
2
..
.
1
Ln = Ln−1
2
Multiplicando todo os termos da primeira coluna e multiplicando todos os termos da segunda coluna
e, depois, igualando essas multiplicações:

3 1 1 1 1
L1 · L2 · L3 · L4 · · · Ln−1 · Ln =
· L1 · L2 · L3 · · · Ln−1 =⇒
2 2 2 2 2
 n−1
3 1
∴ Ln =
2 2
A partir dessa recorrência que encontramos temos que a soma L dos perı́metros nada mais é que a
soma infinita dessa recorrência, ou seja:
 2  3  4
3 3 1 3 1 3 1 3 1
L= + · + · + · + · + ···
2 2 2 2 2 2 2 2 2

3 1 1
Sendo o primeiro termo a1 = e a razão r = , temos que < 1, ou seja, a série converge.
2 2 2
3
a1 2  = 3
∴L= =
1−r 1
1−
2
Portanto, concluı́mos que a soma L dos perı́metros dos triângulos
△ A1 B1 C1 , △ A2 B2 C2 , △ A3 B3 C3 , . . . , △ An Bn Cn , . . . , é L =3.
Exercı́cio 3. Dados que △ ABC tem um perı́metro de 10, forme o △ A1 B1 C1 cujos vértices são
pontos médios dos lados do △ ABC e então forme o △ A2 B2 C2 cujo vértices são pontos médios dos
lados do △ A1 B1 C1 . Determine a soma L, de acordo com o exemplo acima, dos perı́metros formados
pelos triângulos. △ A1 B1 C1 , △ A2 B2 C2 , △ A3 B3 C3 , . . . , △ An Bn Cn , . . . ,

Resolução

8
Exercı́cio 3.1 Dado o quadrado Sn e o cı́rculo Cn (n = 1, 2, ...), em que Cn é inscrito em Sn e
Sn+1 é inscrito em Cn . Sejam rn o raio de Cn e a a medida de cada lado de S1 . Determine a soma L
das circunferências.

Desafio!
Dica: Seja Ln a circunferência de Cn . Sabemos que o comprimento da circunferência é 2 · π · r,
em que π é conhecido como número PI e r é o raio da circunferência.
√ Da 2 - Figura, temos a
2
seguinte relação: rn2 = rn+1
2 2
+ rn+1 2
= 2rn+1 =⇒ rn+1 = rn .
2
Como Ln é a circunferência de Cn , temos que Ln = 2 · π · rn . E, além disso, o diâmetro de C1
é a largura de cada lado de S1 , ou seja, 2r1 = a. Assim, L1 = 2πr1 = aπ.

Assim, ficamos com L1 = aπ e, sabendo √ que Ln = 2πrn , temos que √ Ln+1 = √ 2πrn+1 . Como
2 2 2
demonstrado acima, temos que rn+1 = rn , desse modo, Ln+1 = rn 2π = Ln .
2 2 2
Portanto, temos a seguinte relação de recorrência.
 √
2
Ln+1 = Ln

2

L1 = aπ

Agora, seguindo o Exemplo 3, você consegue resolver esse exercı́cio!

9
Exerı́cicio 3.2 - OBMEP 2009 - Adaptado Desenhe um segmento de reta de comprimento 1,
e denote-o por C1 . Remova o terço central (sem remover os extremos). Denote por C2 o que sobrou.
Agora remova o terço central(sem os extremos) de cada segemento de reta de C2 . Denote por C3 o
que sobrou. Podemos continuar esse processo, em cada estágio removendo o terço central de cada
segmento Cn para formar Cn+1 .

(a) A partir do enunciado acima, desenhe C1 , C2 e C3 , indicando o número nos extremos dos segmentos.

(b) Quais são os comprimentos de C3 , C4 e C5 ? Você pode achar uma expressão para o comprimento de Cn ?

Resolução Olı́mpica!

10

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