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SANEAMENTO

AMBIENTAL
Introdução ao
saneamento
Thiago Boeno Patricio Luiz

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Descrever os princípios da química ambiental.


>> Conceituar saneamento básico.
>> Relacionar a legislação e as normas pertinentes.

Introdução
O tema do saneamento é abrangente e envolve conceitos relativos a várias áreas
do conhecimento, como física, química, biologia, engenharias, ciências da saúde,
ciências sociais, entre outras. A implantação dos serviços de saneamento gera
uma série de benefícios que impactam diretamente na saúde, na qualidade de
vida e no desenvolvimento sustentável da sociedade.
Dentre os principais benefícios do saneamento básico, podemos citar a pre-
venção de doenças de veiculação hídrica, a redução da mortalidade infantil, a
despoluição de rios, lagos, mares e águas subterrâneas, a valorização dos imóveis
e a expansão do turismo.
Neste capítulo, você vai conhecer os principais conceitos que permeiam o tema
de saneamento com destaque aos serviços essenciais que devem ser prestados
pelos municípios, bem como as bases legais que norteiam suas implantação e
operação.
2 Introdução ao saneamento

A química ambiental no contexto do


saneamento
A química ambiental é um segmento da química que estuda os processos
químicos que ocorrem no meio ambiente e que são responsáveis pelas trans-
formações ambientais. Essas mudanças podem ser tanto naturais quanto
causadas pelo homem. Ainda, podem ocorrer em escala local — quando a
presença de um poluente ou qualquer tipo de substância afeta um determi-
nado local em específico —, ou em escala global — quando as interferências
humanas afetam o planeta como um todo. Podemos citar algumas dessas
transformações como: a poluição atmosférica, a destruição da camada de
ozônio, o aumento da incidência da chuva ácida, a poluição da água de rios
e oceanos, o aumento do efeito estufa e aquecimento global, entre outros
(BAIRD; CANN, 2011; ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
Dessa forma, a química ambiental se concentra em entender os efeitos
que as substâncias químicas têm sobre a natureza, bem como em estudar
abordagens para prevenir a poluição e reduzir o consumo de recursos. Para
tanto, pode atuar realizando pesquisas voltadas para melhoria dos processos
industriais, tratamento de resíduos sólidos urbanos, tratamento de efluentes,
controle e redução de emissão de gases nocivos à atmosfera, estudo de
processos para a recuperação de áreas degradadas, etc.
Assim, há uma grande preocupação em se entender a química do meio
ambiente visando a melhoria da qualidade de vida e a solução de grandes
questões globais. No que tange ao saneamento ambiental, este ramo da
química vem se destacando principalmente na área de tratamentos da água,
de efluentes e de resíduos sólidos urbanos. Diversas pesquisas nessas áreas
vêm sendo desenvolvidas em busca de novas tecnologias para o setor ou de
melhoria de processos já existentes.
O tratamento da água é um processo de transformação pelo qual a água
passa até chegar em condições de uso para abastecer a população. Além dos
microrganismos, as águas naturais contêm muitas substâncias que precisam
ser removidas antes da disponibilização para o consumo humano; assim
é necessário conhecer os processos químicos da água. As águas naturais
encontradas no meio ambiente geralmente contêm resíduos orgânicos, sais
dissolvidos, alguns tipos de metais e partículas em suspensão (VON SPER-
LING, 1996). A concentração e a correta interpretação dessas substâncias são
extremamente importantes para escolher um método eficaz de tratamento.
Partindo do pressuposto de que a água bruta é submetida a um tratamento
que envolve uma série de análises físico-químicas e biológicas, torna-se
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importante o conhecimento da química da água dos ambientes naturais. Na


natureza, dentre os principais íons em solução encontrados nas águas naturais
podemos citar o bicarbonato, o cálcio, o carbonato, o cloreto, o magnésio, o
sódio, o nitrato, o sulfato, os óxidos de ferro, entre outros.
A interação desses íons com as demais espécies químicas da água é for-
temente dependente do sistema carbonato. O dióxido de carbono (CO2), o
carbonato (CO32-), o bicarbonato (HCO3-) e os íons de cálcio (Ca+2) constituem
os principais componentes do sistema carbonato, cuja colaboração é funda-
mental na química da água; assim, é fundamental também que aqueles que
lidam com o tratamento de água tenham conhecimento sobre esse sistema
(RICHTER, 2009). Seu estudo inclui problemas relacionados principalmente
com o controle da corrosão e com o abrandamento da água, envolvendo a
saturação do carbonato de cálcio (CaCO3) (RICHTER, 2009).
Nesse sistema (Figura 1), o dióxido de carbono (CO2) presente no ar, ao
se dissolver na água (H2O), reage e se dissocia produzindo íons bicarbonato
(HCO3-) e carbonato (CO32-). Esses dois íons, por sua vez, podem reagir com
uma série de outros cátions; a Figura 1 mostra o equilíbrio com o carbonato
de cálcio (CaCO3) presente em rochas, solos ou sedimentos.

Figura 1. Reações entre as três fases (ar, água, rochas) do sistema carbonato.
Fonte: Baird e Cann (2011, p. 603).

O sistema carbonato é fortemente influenciado pelo pH da água (grau de


acidez, neutralidade ou alcalinidade), pois a concentração de íons de hidro-
gênio (H+) ou hidroxila (OH-) é determinante no processo. A seguir, na Figura
2, é apresentado um exemplo do sistema carbonato sob diferentes valores
de pH. O dióxido de carbono nas águas é representado, portanto, por três
diferentes formas: CO2 na forma de gás dissolvido e os íons de bicarbonato
e carbonato. A soma das concentrações dessas espécies químicas é deno-
4 Introdução ao saneamento

minada carbono inorgânico total (CT) ou carbono inorgânico dissolvido (CID).


A concentração desses íons na água do mar naturalmente é muito maior do
que na água doce (SOUZA et al., 2012).

Figura 2. Concentração das espécies químicas do sistema carbonato em função do pH, em


água do mar. As barras horizontais mostram a faixa aproximada de pH na água do mar,
recifes de coral e manguezais.
Fonte: Souza et al. (2012, documento on-line).

A Figura 2 mostra as formas de carbono inorgânico em diferentes níveis


de pH. Cada ecossistema aquático possui um fluxo do gás carbônico (CO2) que
tende ao equilíbrio. Em geral, para as atividades de tratamento da água, é
importante conhecer o sistema carbonato e suas interfaces, pois muitos parâ-
metros da água como a alcalinidade e a dureza são utilizados constantemente.
A alcalinidade da água é representada pela presença dos íons hidróxido (OH-),
carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-). A dureza é causada principalmente
pela presença de sais de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg 2+), podendo ser medida
com base na quantidade de carbonato de cálcio (CaCO3) em solução.
Introdução ao saneamento 5

Para avaliação das concentrações das espécies químicas do sis-


tema carbonato e suas condições de equilíbrio, é possível utilizar o
diagrama de Deffeyes ou o diagrama de Caldwell-Lawrence. Esses diagramas
basicamente servem para avaliar a interação das espécies químicas do sistema
carbonato.
O diagrama de Deffeyes mostra a interação entre CO2, pH e alcalinidade. No
eixo das abscissas, apresenta os valores de alcalinidade (na escala CaCO3), e na
ordenada, os valores de acidez (teor de dióxido de carbono livre).
O diagrama de Caldwell-Lawrence é um dos meios utilizados para resolução
de problemas de corrosão ou de dureza das águas. Permite o cálculo dos índices
de saturação das águas, podendo-se determinar se a água é agressiva ou incrus-
tante. Assim, permite fazer uma avaliação preliminar do tipo e da quantidade
de produtos químicos necessários para o seu tratamento.

A poluição dos recursos hídricos


No Brasil, uma situação bastante grave é a falta de saneamento em algumas
regiões e as consequências disso. Os principais responsáveis pela poluição
de nossos rios e lagos são os lançamentos sem o devido tratamento de
efluentes industriais, agrícolas, comerciais e esgotos domésticos, além da
disposição inadequada dos resíduos sólidos. Isso compromete a qualidade do
meio ambiente como um todo, mas sobretudo impacta nas águas superficiais
e subterrâneas.
Apesar de o País possuir um dos maiores estoques de água doce disponível
e uma malha hídrica extensa, a grande maioria dos reservatórios localizados
próximos a grandes centros urbanos possui alguma contaminação propor-
cionada por esgotos domésticos. Quase toda água potável que é consumida
se transforma em esgoto e, posteriormente, acaba sendo reintroduzida nos
corpos hídricos no meio ambiente. Esses mananciais, depois de contamina-
dos, podem conter microrganismos causadores de diversas doenças, como
a diarreia, a hepatite, a cólera e a febre tifoide.

Situação da água no brasil


„„ O Brasil detém aproximadamente 11,6% da água doce superficial
do mundo.
„„ 70% da água disponível para o uso está localizada na região amazônica.
„„ Os 30% restantes distribuem-se desigualmente pelo País, para atender a
aproximadamente 93% da população.
6 Introdução ao saneamento

De acordo com Von Sperling (1996), a poluição das águas se dá pela adição
de substâncias ou de alguma forma de energia que, direta ou indiretamente,
altera a natureza dos mananciais de modo a prejudicar o seu uso ou suas
funções no ecossistema. De acordo com o autor, as diversas impurezas pre-
sentes na água e que alteram sua qualidade e pureza podem ser simplificadas
em termos de suas características físicas, químicas e biológicas. Observe o
esquema da Figura 3.

Impurezas

Características Características Características


Físicas Químicas Biológicas

Sólidos Gases Inorgânicos Orgânicos

Suspensos
Ser vivo
Coloidais
Matéria em
decomposição Animais
Dissolvidos

Vegetais

Protistas/
Moneras

Figura 3. Principais impurezas contidas na água.


Fonte: Adaptada de Von Sperling (1996).

As características físicas da água são associadas, na sua maior parte, aos


sólidos presentes em solução. Esses sólidos podem estar em suspensão,
na forma coloidal ou dissolvidos. Já as características químicas podem ser
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interpretadas por meio das concentrações de matéria orgânica ou inorgânica.


As características biológicas referem-se aos seres vivos presentes na água
(reino animal, vegetal, protista ou monera).
A produção de esgotos está diretamente associada à população, e seu tra-
tamento é realizado em estações de tratamento de esgoto (ETEs). As principais
concentrações populacionais ocorrem principalmente nas capitais e no seu
entorno e em cidades com mais de 100.000 habitantes. Os principais poluentes
nos recursos hídricos surgem por meio de fontes pontuais e fontes difusas. As
fontes pontuais são aquelas em que as cargas de poluentes são introduzidas
por meio de lançamentos individualizados (e facilmente identificáveis), como
o que ocorre em alguns esgotos sanitários ou efluentes industriais.
Por outro lado, as fontes difusas de contaminação são aquelas em que
a origem não pode ser identificada com facilidade (não tem um ponto de
lançamento específico). Como exemplos de cargas difusas podemos citar
a infiltração de agrotóxicos no solo provenientes de atividades agrícolas, o
aporte de nutrientes em córregos e rios por meio da drenagem urbana, entre
outros. Contaminações difusas ocorrem em grandes áreas, podendo chegar
aos cursos e reservatórios de água após a ocorrência de chuvas (SODRÉ, 2012).

Tratamento da água para abastecimento público


O tratamento da água para abastecimento público é feito nas estações de
tratamento de água (ETAs) a partir da água doce encontrada na natureza
e objetiva, basicamente, a redução dos sólidos em suspensão, da matéria
orgânica, dos sais dissolvidos, dos metais pesados e dos microrganismos
presentes nas fontes de água. A seleção dos processos de tratamento da água
está relacionada, dentre outros aspectos, às características dos mananciais
e à legislação vigente.
No tratamento de água para consumo, existem diversas tecnologias que
podem ser empregadas. Em estações de tratamento convencionais, os pro-
cessos são divididos em etapas e utilizam métodos físicos e/ou químicos para
remoção dos poluentes. Em geral, o tratamento da água em ETAs é feito por
um tratamento inicial, no qual realiza-se um pré-tratamento com métodos
físicos de remoção (não havendo reações químicas) como os descritos a seguir.

„„ Peneiramento: a água passa por um gradeamento para eliminação de


partículas maiores.
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„„ Sedimentação ou decantação: são processos físicos de separação dos


sólidos que estão suspensos, os quais são sedimentados por ação da
gravidade no fundo de tanques, de onde são posteriormente removidos.
„„ Aeração: insere-se ar na água para aumentar a área de contato entre
a água e o ar, a fim de facilitar a troca de gases e permitir a oxidação
da matéria orgânica e a remoção de determinados poluentes.

Após o pré-tratamento, dando prosseguimento ao tratamento de águas


para consumo humano, a água passa por tratamentos físico-químicos, como
coagulação ou floculação, sedimentação, filtração e desinfecção.

„„ Coagulação ou floculação: a coagulação ou floculação é um processo


em que são adicionados coagulantes para que as partículas sólidas se
aglomerem em flocos, podendo ser removidas mais facilmente. Existem
diversos, mas o coagulante mais comum usado nas ETAs é o sulfato de
alumínio (Al2(SO4)3), que se dissolverá na água e depois precipitará na
forma de hidróxido de alumínio (Al2(OH)3), do seguinte modo:

Dissolução:

Al2(SO4)3 (s) → 2 Al 3+(aq) + 2 SO43-(aq)

Precipitação:

Al 3+(aq) + 3 OH-(aq) → Al(OH)3(s)

„„ Sedimentação: os flocos formados pela coagulação sedimentam-se


pela força da gravidade, sendo posteriormente removidos da água.
„„ Filtração: a filtração é um processo físico no qual são retiradas impu-
rezas menores a partir de diferentes filtros.
„„ Desinfecção: por fim, a água é desinfetada por meio de processos
químicos como a cloração ou a ozonização.

Mas o que é saneamento básico?


Para muitas pessoas, o saneamento básico consiste apenas em acesso à água
tratada, coleta e tratamento de esgotos sanitários. No entanto, o conceito
de saneamento básico é mais amplo e inclui uma série de outras atividades.
De acordo com a Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais
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para o saneamento, o saneamento básico é definido como “[...] um conjunto


de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de: abaste-
cimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas [...]”
(BRASIL, 2007, documento on-line).
A seguir, na Figura 4, é possível observar uma síntese dos quatro eixos te-
máticos do saneamento básico, de acordo com a Lei nº 11.445/2007 e atualizada
pela Lei nº 14.026/2020 (novo marco regulatório do saneamento).

Figura 4. Os quatro eixos do saneamento básico: abastecimento de água, esgotamento sani-


tário, manejo de resíduos sólidos urbanos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Regional (BRASIL, 2020b).

O serviço de abastecimento de água consiste, portanto, em toda a infraes-


trutura necessária ao suprimento público de água, desde a captação da água
bruta na natureza até o fornecimento de água potável às ligações prediais.
Esse serviço prevê as seguintes atividades (BRASIL, 2007):
10 Introdução ao saneamento

„„ reservação de água bruta;


„„ captação de água bruta;
„„ adução de água bruta;
„„ tratamento de água bruta;
„„ adução de água tratada e;
„„ reservação de água tratada.

Em relação ao tratamento de água bruta, as ETAs funcionam como se


fossem fábricas para produzir água potável. Depois de captada nos rios,
barragens ou poços, a água é levada para ETA, onde passa por várias etapas,
como mostrado anteriormente, para que a água adquira as propriedades
desejadas e, posteriormente, atinja os padrões de qualidade necessária para
o consumo humano.

A água bruta é o termo que se usa para água encontrada in natura e


pode ser a água de um rio, fonte, poço, barragem, etc. A água pura
não existe na natureza. Devido à enorme capacidade de dissolução da água,
ela sempre contém substâncias diversas dissolvidas. Mesmo a água da chuva
e a água destilada dos laboratórios apresentam gases (oxigênio, nitrogênio,
dióxido de carbono, etc) e íons dissolvidos (carbonatos, bicarbonatos, cloretos,
entre outros) que foram absorvidos da atmosfera.

Em geral, muitas pessoas confundem o tratamento da água e do esgoto.


É importante salientar que o tratamento de água e o tratamento de esgoto
são processos distintos: o tratamento de água é feito a partir da água doce
bruta encontrada em mananciais, enquanto o tratamento de esgoto é feito
a partir de esgotos residenciais que são coletados para, após o tratamento
adequado, serem reintroduzidos ao meio ambiente.
Dessa forma, a definição do esgotamento sanitário consiste em toda a
infraestrutura necessária para a coleta, incluindo o transporte, o tratamento e
a disposição final ambientalmente adequada dos esgotos sanitários (BRASIL,
2007). Portanto, consideram-se serviços públicos de esgotamento sanitá-
rio aqueles constituídos obrigatoriamente por uma ou mais das seguintes
atividades:

„„ coleta, incluindo a ligação predial, dos esgotos sanitários;


„„ transporte dos esgotos sanitários;
„„ tratamento dos esgotos sanitários;
Introdução ao saneamento 11

„„ disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originários da


operação de unidades de tratamento coletivas ou individuais de forma
ambientalmente adequada, incluindo fossas sépticas.

Os serviços públicos responsáveis pela limpeza urbana e pelo geren-


ciamento de resíduos sólidos urbanos são as atividades operacionais que
envolvem coleta, transporte, triagem, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos. Esses resíduos incluem os domésticos; os provenientes de
atividades do comércio, indústria e de serviços; e os resíduos originários dos
serviços públicos de limpeza urbana (BRASIL, 2007).
Em geral, a destinação final correta dos resíduos sólidos urbanos é o aterro
sanitário, um local construído para o armazenamento e a decomposição final
desses resíduos. Os aterros sanitários são projetados especificamente para
evitar a proliferação de vetores, a poluição atmosférica e o vazamento de
material líquido que poderia ocasionar a contaminação do solo e dos lençóis
freáticos.
No entanto, muitos municípios brasileiros ainda utilizam lixões para a
disposição dos seus resíduos. Os lixões são locais inadequados, a céu aberto
e sem qualquer planejamento ou medidas de proteção ao meio ambiente e à
saúde pública. A disposição final dos resíduos sólidos é de responsabilidade
tanto da prefeitura quanto da comunidade, sendo preciso cooperação mútua
entre o poder público e os cidadãos.

Segundo dados do relatório da Associação Brasileira de Empresas


de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2020), o Brasil
despeja 40,5% (29,5 milhões de toneladas, de cerca de 3.001 municípios) dos seus
resíduos sólidos urbanos em locais inadequados. A falta de recursos financeiros
e de mão de obra especializada tem impedido avanços mais acelerados nessa
área. A construção e a operação de um aterro sanitário têm um custo muito
elevado. Dessa forma, a solução que muitos municípios estão implementando
é o investimento em soluções regionais, nas quais um conjunto de municípios
formam consórcios intermunicipais para o tratamento de seus resíduos, dividindo
os custos da operação do aterro sanitário.

Por fim, o eixo de drenagem urbana, responsável pelo manejo das águas
pluviais urbanas do saneamento básico, é toda a infraestrutura e instalação
operacional responsável pela drenagem das águas da chuva. Sempre que
ocorre a precipitação pluviométrica em cidades intensamente urbanizadas e
impermeabilizadas, a tendência é que as águas da chuva procurem um meio
12 Introdução ao saneamento

de escoar. Se a cidade não possui um bom sistema de drenagem, a água da


chuva acumulará nas ruas e certamente causará grandes transtornos. Den-
tre os elementos que compõem um sistema de drenagem urbana podemos
citar o tipo de pavimento das ruas, guias e sarjetas, bocas de lobo, galerias
de drenagem, sistemas de detenção e infiltração nos lotes e pavimentos,
trincheiras e valas de infiltração.
Dessa forma, de acordo com a principal lei diretriz do saneamento (BRASIL,
2007), consideram-se serviços públicos de manejo das águas pluviais urba-
nas aqueles constituídos obrigatoriamente por uma ou mais das seguintes
atividades:

„„ drenagem urbana;
„„ transporte de águas pluviais urbanas;
„„ detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amortecimento
de vazões de cheias;
„„ tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas.

Basicamente, esta é a definição de saneamento básico no Brasil. A rea-


lidade das condições sanitárias brasileiras é decorrente tanto da falta de
recursos para investimento, quanto da ausência ou da má gerência das polí-
ticas públicas de saneamento básico. Antes de propor qualquer ação na área,
é importante que o gestor municipal ou o profissional contratado conheça
em detalhes as bases legais e a situação em que se encontra o saneamento
básico em seu município.

Bases legais do saneamento no Brasil


Tomadas de decisão para a área do saneamento devem ser realizadas de
forma articulada e respeitando as legislações e normas existentes. O gestor
ou responsável técnico pela implantação e gerenciamento das atividades de
saneamento deve sempre ter em mente as especificidades das leis federais,
mas também se adequar às peculiaridades das leis estaduais e municipais.
Além do arcabouço legal referente às leis federais de saneamento, apresen-
taremos as principais normas técnicas publicadas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) no formato de NBR (Norma Técnica Brasileira).
Introdução ao saneamento 13

Principais leis federais


O conhecimento das ferramentas legais que possuem interface com a te-
mática tratada é fundamental para atingir um padrão adequado na área
do saneamento. No Quadro 1, apresentamos uma síntese das legislações
federais com maior relevância na temática do saneamento e suas principais
disposições legais.

Quadro 1. Legislações federais com maior relevância no saneamento básico

Legislação Comentários

Constituição „„ Atual Constituição do Brasil, promulgada em 5 de


da República outubro de 1988.
Federativa do „„ Lista e enumera os poderes e as funções do
Brasil de 1988 Estado e institui diretrizes e competências para o
desenvolvimento urbano e o saneamento básico.

Lei nº 9.433/97 „„ Conhecida como “lei das águas”, instituiu a Política


Nacional de Recursos Hídricos no Brasil e cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
„„ Faz o reconhecimento da água como um bem público,
recurso natural limitado, dotado de valor econômico,
mas que deve ser priorizada para o consumo humano
e de animais, em especial em situações de escassez.
„„ A água deve ser gerida de forma a proporcionar
usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação,
indústria), gestão esta que deve se dar de forma
descentralizada, com participação de usuários, da
sociedade civil e do governo.

Lei nº 11.445/2007 „„ A Lei nº 11.445/2007 apresenta como um dos seus


princípios fundamentais a universalização do acesso
e a efetiva prestação dos serviços, que consistem
em ampliar, progressivamente, o acesso de todos os
domicílios ocupados ao saneamento básico.
„„ Dá a possibilidade de os entes da Federação se
organizarem administrativamente sob forma de
consórcios públicos.
„„ Todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu
Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB).
„„ Foi atualizada pela Lei nº 14.026/2020 (novo marco
legal do saneamento).

(Continua)
14 Introdução ao saneamento

(Continuação)

Legislação Comentários

Lei nº 12.305/2010 „„ Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos


com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento
ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
„„ Determina que os setores públicos e privados tenham
maior planejamento no gerenciamento de seus
resíduos.
„„ Tem foco na não geração, na redução, na reutilização,
na reciclagem e no tratamento dos resíduos sólidos,
bem como na disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos.
„„ Institui a logística reversa e a responsabilidade
compartilhada.
„„ Institui o Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos.

Lei nº 14.026/2020 „„ Novo marco legal do saneamento básico, que


regulamenta os contratos de concessão e torna
obrigatória a abertura de licitação, podendo, então,
concorrer à vaga prestadores de serviço públicos e
privados.
„„ Cria a possibilidade para que grupos ou blocos de
municípios contratem os serviços de forma coletiva.
„„ A Agência Nacional de Águas, vinculada ao Ministério
do Desenvolvimento Regional, passa a ser reguladora
do setor.

A Constituição da República Federativa do Brasil, aprovada pela Assembleia


Nacional Constituinte em 1988, estabelece os princípios dos direitos e garan-
tias fundamentais aos cidadãos, como o direito à saúde e a uma vida digna.
No que tange ao meio ambiente, em seu art. 225 orienta que “[...] todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Os serviços de saneamento são indispensáveis à promoção e à manuten-
ção da salubridade ambiental e à proteção dos ambientes naturais, sendo,
portanto, passíveis de regulação por meio de legislações específicas. Nesse
sentido, a Lei nº 9.433/97, conhecida como “Lei da Águas”, apresentou um
avanço no reconhecimento da necessidade de proteger as águas do território
nacional, a partir da aplicação de uma visão de gestão integrada dos recursos
hídricos com o meio ambiente (BRASIL, 1997). Como principal contribuição,
essa lei reconhece a água como um bem público e um recurso natural limitado,
Introdução ao saneamento 15

dotado de valor econômico, devendo ser gerida de forma descentralizada,


com participação de usuários, da sociedade civil e do governo, além de pro-
porcionar usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria).
A Lei nº 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais e a Política Federal
para o Saneamento Básico, confirma o município como o grande articulador
dos serviços vinculados ao saneamento básico no País, reafirmando a compe-
tência municipal para legislar sobre o assunto, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a manutenção de um meio ambiente equilibrado. De acordo com
essa lei, todas as prefeituras têm obrigação de elaborar um Plano Municipal
de Saneamento Básico (PMSB) por profissionais habilitados e com o apoio
da sociedade, ficando impedidas de receber recursos federais para projetos
de saneamento sem este documento.
Dessa forma, o PMSB é um plano norteador que deve abranger as quatro
áreas do saneamento básico: os serviços de fornecimento de água, coleta e
tratamento do esgoto, coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos e
drenagem urbana. O documento deve ser elaborado pela prefeitura e apro-
vado em audiência pública com fóruns de discussão para apresentação de
sugestões e reivindicações da comunidade. Posteriormente, o PMSB deve ser
apreciado pelos vereadores e aprovado pela Câmara Municipal, tornando-se
instrumento estratégico de planejamento e a referência para o desenvolvi-
mento do saneamento de cada município.

A Lei nº 14.026 atualizou o marco legal do saneamento básico em julho


de 2020. Entre as principais alterações está a seleção do prestador
dos serviços, que passa a ser definida por meio de processo de licitação. A
atualização estabeleceu que cabe à Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA) definir normas de referência para os titulares e as entidades
reguladoras e fiscalizadoras que fazem a prestação desses serviços públicos
(BRASIL, 2020a).

Criada em 2010, a Lei nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos


Sólidos (PNRS), estabelecendo as diretrizes relativas à gestão integrada e
ao gerenciamento de resíduos sólidos e incumbindo as responsabilidades
dos geradores e do poder público. A PNRS foi um marco no setor — uma de
suas principais contribuições foi a ideia de redução da geração de resíduos,
incentivando a reciclagem — e definiu como meta o fim da disposição de
resíduos sólidos em lixões.
Um os principais objetivos da PNRS é fomentar a não geração, a redução,
a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos, bem como
16 Introdução ao saneamento

a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Essa disposição


adequada consiste na “[...] distribuição ordenada de rejeitos em aterros,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou
riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos [...]” (BRASIL, 2010, documento on-line).

Resíduo versus rejeito


Os termos resíduo e rejeito muitas vezes são utilizadas como
sinônimos, mas têm significados distintos. Basicamente, a distinção entre
resíduo e rejeito está relacionada à questão do seu aproveitamento, ou seja,
o que pode ser reutilizado ou reciclado. O resíduo é tudo aquilo que sobra de
determinado produto, seja sua embalagem, casca ou outra parte do processo,
que pode ser reutilizado ou reciclado. O rejeito é um tipo específico de descarte,
quando não existe nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem.
Um exemplo de rejeito é o lixo do banheiro, para o qual ainda não existem opções
de reciclagem economicamente viáveis e de amplo alcance.
De acordo com a PNRS, rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas
todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que
não a disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

Outro aspecto importante da PNRS é a instituição da logística reversa e


da responsabilidade compartilhada. A logística reversa engloba um conjunto
de ações e procedimentos que objetivam orientar a coleta e a restituição
dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu
ciclo — ou em outros ciclos produtivos —, ou providenciar outra destinação
que seja ambientalmente adequada.
Dessa forma, os fabricantes são obrigados a estruturar e implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e
de manejo dos resíduos sólidos. Alguns exemplos de resíduos que têm obri-
gatoriedade de logística reversa são: resíduos e embalagens de agrotóxicos,
pilhas e baterias, resíduos e embalagens de óleos lubrificantes, lâmpadas
fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Assim, a
PNRS institui a responsabilidade compartilhada a fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes, tendo em vista o ciclo de vida do produto.
Introdução ao saneamento 17

Principais NBRs
As NBRs são normas brasileiras que fornecem orientações para padronizar e
organizar procedimentos, visando a obtenção de maior qualidade de obras,
serviços e/ou produtos. Na área do saneamento, existem diversas NBRs
relacionadas a projetos, estudos de concepção e procedimentos para a exe-
cução de atividades, sendo aplicáveis nos diferentes eixos do saneamento
básico. No Quadro 2, apresenta-se uma compilação sintética das principais
NBRs aplicáveis na área do saneamento, organizadas em ordem cronológica.

Quadro 2. Principais NBRs de maior relevância na temática do saneamento


básico

NBR Comentários

ABNT NBR 9649:1986 — Projeto de Esta Norma fixa as condições


redes coletoras de esgoto sanitário exigíveis na elaboração de projeto
hidráulico-sanitário de redes
coletoras de esgoto sanitário.

ABNT NBR 8419:1992 — Apresentação Esta Norma fixa as condições mínimas


de projetos de aterros sanitários exigíveis para a apresentação de
de resíduos sólidos urbanos projetos de aterros sanitários de
— Procedimento resíduos sólidos urbanos.

ABNT NBR 12216:1992 — Projeto Esta Norma fixa as condições


de estação de tratamento de exigíveis na elaboração de projeto
água para abastecimento público de estação de tratamento de água
— Procedimento destinado à produção de água
potável para abastecimento público.

ABNT NBR 12211:1992 — Estudos de Esta Norma fixa as condições


concepção de sistemas públicos exigíveis para estudos de
de abastecimento de água concepção de sistemas públicos de
— Procedimento abastecimento de água.

ABNT NBR 12213:1992 — Projeto de Esta Norma fixa as condições


captação de água de superfície exigíveis para a elaboração de projeto
para abastecimento público de captação de água de superfície
— Procedimento para abastecimento público.

ABNT NBR 12266:1992 — Projeto Esta Norma fixa as condições


e execução de valas para exigíveis para projeto e execução
assentamento de tubulação de de valas para assentamentos de
água, esgoto ou drenagem urbana tubulações de água, esgoto ou
— Procedimento drenagem urbana.

(Continua)
18 Introdução ao saneamento

(Continuação)

NBR Comentários

ABNT NBR 12217:1994 — Projeto de Esta Norma fixa as condições


reservatório de distribuição de exigíveis na elaboração de projeto de
água para abastecimento público reservatório de distribuição de água
— Procedimento para abastecimento público.

ABNT NBR 13969:1997 — Tanques Esta Norma tem por objetivo oferecer
sépticos — Unidades de tratamento alternativas de procedimentos
complementar e disposição final técnicos para o projeto, a construção
dos efluentes líquidos — Projeto, e a operação de unidades de
construção e operação tratamento complementar e
disposição final dos efluentes
líquidos de tanque séptico, dentro do
sistema de tanque séptico.

ABNT NBR 8160:1999 — Sistemas Esta Norma estabelece as exigências


prediais de esgoto sanitário — e recomendações relativas a projeto,
Projeto e execução execução, ensaio e manutenção dos
sistemas prediais de esgoto sanitário.

ABNT NBR 10004:2004 — Resíduos Esta Norma classifica os resíduos


sólidos — Classificação sólidos quanto aos seus potenciais
ao meio ambiente e à saúde pública,
para que possam ser gerenciados
adequadamente.

ABNT NBR 15536:2007 — Sistemas para Esta parte da ABNT NBR 15536:2007
adução de água, coletores-tronco, estabelece sistemas de classificação
emissários de esgoto sanitário e para os tubos de plástico reforçado
águas pluviais — Tubos e conexões de com fibra de vidro (PRFV) e seus
plástico reforçado de fibra de vidro sistemas de junta para uso em
(PRFV) — Parte 1: Tubos e juntas para sistemas para adução de água, com
adução de água diâmetros nominais entre 100 mm e
3.600 mm.

ABNT NBR 12209:2011 — Elaboração Esta Norma apresenta as condições


de projetos hidráulico-sanitários de recomendadas para a elaboração
estações de tratamento de esgotos de projeto hidráulico e de processo
sanitários de estações de tratamento de
esgoto sanitário (ETE), observada
a regulamentação específica das
entidades responsáveis.

ABNT NBR 12218:2017 — Projeto Esta Norma estabelece os requisitos


de rede de distribuição de água para a elaboração de projeto de
para abastecimento público rede de distribuição de água para
— Procedimento abastecimento público.
Introdução ao saneamento 19

Dentre as principais NBRs elencadas no Quadro 1, destacamos as respon-


sáveis pelo eixo de abastecimento público de água — ABNT NBR 12211:1992,
ABNT NBR 12213:1992 e ABNT NBR 12216:1992, relativas à normatização dos
sistemas públicos de abastecimento, à captação e aos projetos de ETAs. Além
destas, evidencia-se a importância da ABNT NBR 12217:1994, referente aos
procedimentos para projeto de reservatório de distribuição de água, e da mais
recente atualização da ABNT NBR 12218:2017, a respeito dos procedimentos
para o projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público.
No eixo de esgotamento sanitário, destacamos a ABNT NBR 9649:1986,
para projetos hidráulico-sanitários de redes coletoras de esgoto; a ABNT NBR
8160:1999, para projetos e execução de sistemas prediais de esgoto sanitário;
e a ABNT NBR 12209:2011 para a elaboração de projetos de ETEs. Outra norma
extremamente importante e muito utilizada é a ABNT NBR 13969:1997, que trata
do projeto, da construção e da operação de tanques sépticos (unidades de
tratamento individual complementar para efluentes líquidos).
No eixo de resíduos sólidos, duas NBRs são fundamentais: a ABNT NBR
8419:1992, sobre os procedimentos para projetos de aterros sanitários de
resíduos sólidos urbanos, e a ABNT NBR 10004:2004, que trata da classificação
dos resíduos sólidos. A ABNT NBR 10004:2004 é extremamente importante
pois classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente
por empresas e indústrias.

A ABNT NBR 10004:2004 faz a seguinte classificação dos resíduos:


a) resíduos classe I — perigosos: aqueles que apresentam alguma
dessas características: toxicidade, corrosividade, inflamabilidade, reativi-
dade ou patogenicidade.
b) resíduos classe II — não perigosos: podem ser classificados em classe II A
(não inertes) ou classe II B (inertes).

Ressalta-se que existem diversas NBRs que podem ser utilizadas na área
do saneamento. Além das normas apresentadas, a ABNT está constantemente
lançando novas NBRs e corrigindo as existentes, de forma a melhorar e
padronizar os procedimentos técnicos e os projetos de engenharia. Cabe
ao profissional estar atento aos novos lançamentos e orientações da ABNT,
a fim de estar atualizado com as especificidades constantes do mercado.
20 Introdução ao saneamento

Referências
ABRELPE. Panorama 2020. São Paulo: ABRELPE, 2020. Disponível em: https://abrelpe.
org.br/panorama-2020/. Acesso em: 28 jan. 2021.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8160:1999. Sistemas prediais
de esgoto sanitário – Projeto e execução. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8419:1992. Apresentação
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos – Procedimento. Rio
de Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9649:1986. Projeto de redes
coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004:2004. Resíduos sólidos
– Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12209:2011. Elaboração de
projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento de esgotos sanitários. . Rio
de Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12211:1992. Estudos de
concepção de sistemas públicos de abastecimento de água – Procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12213:1992. Projeto de cap-
tação de água de superfície para abastecimento público – Procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12216:1992. Projeto de es-
tação de tratamento de água para abastecimento público – Procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12217:1994. Projeto de re-
servatório de distribuição de água para abastecimento público – Procedimento. Rio
de Janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12218:2017. Projeto de rede
de distribuição de água para abastecimento público – Procedimento. Rio de Janeiro:
ABNT, 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12266:1992. Projeto e exe-
cução de valas para assentamento de tubulação de água esgoto ou drenagem urbana
– Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13969:1997. Tanques sépticos
– Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos –
Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15536:2007. Sistemas para
adução de água, coletores-tronco, emissários de esgoto sanitário e águas pluviais
– Tubos e conexões de plástico reforçado de fibra de vidro (PRFV) – Parte 1: Tubos e
juntas para adução de água. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
BAIRD, C.; CANN, M. Química ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência
da República, 1988. Disponível em: planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 28 jan. 2021.
Introdução ao saneamento 21

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13
de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 28 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para
o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; altera as
Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.666, de 21 de junho de 1993, e 8.987, de 13
de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978. Brasília: Presidência
da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 28 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Brasília: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 28 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento
básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional
de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência
sobre o serviço de saneamento, a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003, para
alterar o nome e as atribuições do cargo de Especialista em Recursos Hídricos, a Lei
nº 11.107, de 6 de abril de 2005, para vedar a prestação por contrato de programa dos
serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal, a Lei nº 11.445, de 5
de janeiro de 2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento básico no
País, a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, para tratar dos prazos para a disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos, a Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015
(Estatuto da Metrópole), para estender seu âmbito de aplicação às microrregiões, e a Lei
nº 13.529, de 4 de dezembro de 2017, para autorizar a União a participar de fundo com a
finalidade exclusiva de financiar serviços técnicos especializados. Brasília: Presidência
da República, 2020a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
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SOUZA, M. F. L. et al. Ciclo do carbono: processos biogeoquímicos, físicos e interações
entre compartimentos na Baía de Todos os Santos. Revista Virtual de Química, [s. l.].
v. 4, n. 5, p. 566–582, 2012. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.
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VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2.
ed. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
22 Introdução ao saneamento

Leituras recomendadas
ANA. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Atlas esgotos: despoluição de
bacias hidrográficas. Brasília: ANA, 2017. Disponível em: https://arquivos.ana.gov.br/
imprensa/publicacoes/ATLASeESGOTOSDespoluicaodeBaciasHidrograficas-Resumo-
Executivo_livro.pdf. Acesso em: 28 jan. 2021.
PHILIPPI JÚNIOR, A. (ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um de-
senvolvimento sustentável. 2. ed. Barueri: Manole, 2017.
TUCCI, C. E. M. Drenagem urbana. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 55, n. 4, p. 36–37, 2003.
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
-67252003000400020&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 28 jan. 2021.

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