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Elione Guimarães
Professora e pesquisadora do Arquivo Histórico de Juiz de Fora.
Rivail Rolim
Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História-UEM-PR.
isbn: 978-85-518-4631-5
1ª edição, outubro de 2022.
LISTA DE SIGLAS � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 7
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1. Este texto tem como base a comunicação realizada no dia 17 de novembro de 2021, como par-
te da VI Jornada de Educação Não escolar e Pedagogia Social. O vídeo original com os diálogos está
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bXUPmEnWAF4. Acesso em: 09 mai. 2022.
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Geraldo Caliman: Vou iniciar com a primeira pergunta, que diz res-
peito aos domínios, que são o sociocultural, sociopedagógico e o sociopo-
lítico. Os três não são estanques; eles são integrados e, assim, o devem
ser. A minha opção é trabalhar com o sociopedagógico, mas eu não pos-
so fazer a menos daquilo que são inspirações sociopolíticas da Peda-
gogia Social advindas de Paulo Freire. Ele nunca falou de Pedagogia
Social. Nós é que fazemos uma releitura dele e vemos, claramente,
que o seu pensamento se alinha às metodologias potenciais a serem
aplicadas no domínio sociopolítico da Pedagogia Social.
Acredito que os três são interligados e transversais em qualquer
projeto educativo da Educação Social. Em parágrafos anteriores, men-
cionei inclusive como a educação dirigida aos pais dos adolescentes
trabalhadores envolvia métodos advindos da pedagogia de Freire, es-
sencialmente do domínio sociopolítico. Com esses jovens e com os seus
pais, na verdade, eu trabalhava muito em base ao domínio sociopeda-
gógico com a educação pelo trabalho e no trabalho. Essa dimensão era
integrada com a dimensão política da educação (domínio sociopolítico),
que passou a ser demandada e ativada a partir do momento em que
grupos de pais e de adolescentes trabalhadores passam a refletir sobre
a realidade em que eles vivem. Por que esses adolescentes trabalhado-
res de periferia, por que eles não estavam na aula de Balé? Porque não
estavam no curso de Inglês, como qualquer jovem da classe média?
Essa reflexão tem uma fundamentação sociopolítica, é uma reflexão
sobre a cidadania e isso tem a ver com o que eles pensam a respeito da
realidade cotidiana vivida por eles. E o educador social é um profissional
que pode ajudá-los nesse processo, que chamo de administração do ris-
co vivido. A parte do domínio sociocultural, para mim, é importantíssima,
a partir do momento que o esporte, a cultura, a arte, a música, o teatro,
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1. Este texto tem como base a comunicação realizada no dia 18 de novembro de 2021, como
parte da VI Jornada de Educação Não escolar e Pedagogia Social. O vídeo original com os diálogos
está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=avnWBNzHn4c&t. Acesso em: 09
mai. 2022.
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Por outro lado, temos também em Portugal, cada vez mais visível, o
papel da própria associação profissional que foi criada, a APTSES, des-
de 2008. Por meio dela, tem sido feito um grande percurso na divul-
gação da Educação Social. Por isso, eu acho que a APTSES tem aqui
um papel central e vital naquilo que é a Educação Social em Portu-
gal, atualmente, porque de fato, nós conseguimos criar uma imagem
pública do que é ser educador social em Portugal. Isso se dá tanto a
partir da participação em redes internacionais, como junto às institui-
ções de ensino superior no país. É a associação profissional que con-
segue trazer para as próprias instituições de ensino superior quais são
as necessidades do mercado de trabalho, as necessidades oriundas dos
profissionais, os desafios que encontram atualmente e como a própria
formação pode responder a estes desafios e acompanhar esta sociedade
em mudança. Eu acho que este é um ponto vital da própria identidade
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1. É preciso lembrar que, em 2019, o Brasil figurou entre os 5 (cinco) países do mundo em
casos de feminicídios, estando atras apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.
2. Em Freire, “inédito-viável” é na realidade uma coisa inédita, ainda não claramente conhe-
cida e vivida, mas sonhada e quando se torna um “percebido destacado” pelos que pensam
utopicamente, esses sabem, então, que o problema não é mais um sonho, que ele pode se
tornar realidade (FREIRE, 1992, p. 206).
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3. Concebida por uma perspectiva multidimensional, a pobreza passou a ser entendida “mais
que renda ou desenvolvimento social; é também vulnerabilidade e falta de voz, poder e repre-
sentação” (BIRD, 2000, p.12). Assim, a forma de enfrentar esse desafio está na autonomia e na
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Referências
AMMANN, Safira Bezerra. Participação Social. 3. ed. São Paulo: Cortez & Mo-
raes, 1980.
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vida. Boletim, 2004. Disponível em: https://oportuguesdobrasil.files.wordpress.
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BARBOSA, Carlos Soares; PIRES, Raquel Lopes. Desafios para educação de quali-
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que pensam os professores? Quaestio, Sorocaba, SP, v. 22, n. 1, p. 271-291, jan./abr.
2020. Disponível em: http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/
view/3571. Acesso em: 20 ago. 2021.
BARBOSA, Carlos Soares. A farsa que se repete: ataque ao “marxismo cultural” e
à educação crítica no Governo Bolsonaro. Confluenze (Bologna), vol. XIII, n. 1, p.
226-253, 2021.
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1. Este texto tem como base a comunicação realizada no dia 17 de novembro de 2021, como
parte da VI Jornada de Educação Não escolar e Pedagogia Social. O vídeo original com os diálo-
gos está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SWLi8USDufs. Acesso em: 09
mai. 2022.
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Acho que essa poesia ajuda a refletir sobre várias perspectivas, que,
hoje, grande parte dos jovens brasileiros estão submetidos, em que
existe um grande estigma social, colocado sobre esses jovens e que
muitas vezes as políticas públicas, as oportunidades de educação e
de participação, não são tão evidentes e não estão ao alcance da vida
desses jovens. Trago também duas imagens, que refletem um pouco
dessa perspectiva que tenta quebrar com esse paradigma e com esse
olhar estigmatizante que muitas vezes se tem dos jovens. Talvez, vo-
cês tenham visto também essas imagens que circularam nos últimos
tempos. A primeira é uma imagem de jovens, que está no perfil “@
favelagrafia” no Instagram, em que eles participam de um projeto social
no Rio de Janeiro e estão com instrumentos musicais nas mãos tais
como trompete e saxofone, numa posição como se estivessem empu-
nhando armas de fogo. Diferente de um apelo social muito forte que
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O que que a gente poderia dizer para finalizar? Como a gente poderia
sair da indignação e ir para emancipação? Esse é o tema da nossa mesa.
Eu diria que o primeiro é a inspiração do filósofo chamado Immanuel
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Referências
BOURDIEU, Pierre. Contrafogos: táticas para enfrentar a invasão neoliberal. Tra-
dução de Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação. São Paulo: Unesp, 2000.
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Introdução
Este capítulo objetiva promover reflexões sobre como determinadas
práticas educativas – aqui definidas como transgressoras – podem se
apresentar como uma via legítima de emancipação dos educandos em
situação de vulnerabilidade social. Para tanto, fundamentamos nossa
análise nas contribuições de Bell Hooks (2013) e Paulo Freire (1987;
1996; 2000; 2001), e aproveitamos a aproximação teórica entre os au-
tores para refletir sobre suas propostas, nem sempre uníssonas, sobre
como educadores podem se utilizar de práticas transgressoras – aque-
las que desafiam os modelos tradicionais de partilhar o conhecimento
– para devolver com os educandos a possibilidade de se emanciparem
socialmente.
Como base teórica, nos concentramos em discutir especificamente
duas obras dos autores: “Ensinando a transgredir: a educação como práti-
ca da liberdade”, livro publicado em 1994 por Bell Hooks, em que a au-
tora dialoga diretamente com Paulo Freire e incorpora parte de suas
teorias para construir o que ela intitula de práticas transgressoras para
o processo de ensino-aprendizagem. E, em Paulo Freire, nos voltamos
para a obra “Medo e Ousadia”, publicada em 1986. Nela, Freire e Shor
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O tradicional faz isso com uma ideologia que se preocupa com a preser-
vação da ordem estabelecida. O educador libertador procurará ser efi-
ciente na formação dos educandos cientifica e tecnicamente, mas tentará
desvendar a ideologia envolvida nas próprias expectativas dos estudantes
(FREIRE; SHOR, 1986, p. 86).
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1. Uma perspectiva que crítica a visão hegemônica do mundo e das narrativas eurocêntricas,
e propõem a valorização dos saberes dos povos colonizados e subalternizados.
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Neste capítulo, buscamos apresentar a defesa de novas práticas edu-
cativas a partir das reflexões propostas por Bell Hooks e Paulo Freire.
Como teóricos que enxergam a educação como uma verdadeira forma
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Referências
ARAÚJO, Jurandir de Almeida. Educação e desigualdade: a conjuntura atual do en-
sino público no brasil. Revista Direitos Humanos e Democracia, v. 2, n. 3, p. 125-
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20 de Dezembro de 1996.
CALIMAN, Geraldo. Pedagogia social no Brasil: evolução e perspectivas. Orienta-
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CASTRO, Jorge Abrahão de. Evolução e desigualdade na educação brasileira. Edu-
cação & Sociedade, v. 30, p. 673-697, 2009.
FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 5. ed. São Paulo, Cortez, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São
Paulo: Editora UNESP, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
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Introdução
O presente trabalho visa apresentar o estudo da Teoria das Represen-
tações Sociais (TRS), uma concepção psicossocial de compreensão da
organização e movimentação de sujeitos e grupos sociais, como poten-
cial espaço de construção teórica e investigativa em estudos e pesquisas
a serem realizados na área da Pedagogia Social (PS). Assim, partindo de
duas pesquisas que estão sendo desenvolvidas atualmente, no Programa
de Pós-Graduação em Educação – Processos formativos e desigualdades
sociais (PPGedu) da Faculdade de Formação de Professores da Univer-
sidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ) – intituladas como “As
possíveis representações sociais de violências dos educadores em práticas educa-
tivas não escolares no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo-RJ” e “Represen-
tações sociais de inclusão digital nas práticas educativas não escolares em uma
instituição não governamental no município de Niterói-RJ” –, este trabalho
tem por objetivo demonstrar como a TRS pode contribuir em investi-
gações, no já mencionado campo, ao auxiliar no entendimento dos sig-
nificados partilhados por determinados grupos de educadores frente a
objetos específicos que fazem parte de sua realidade educativa.
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1. Mesmo os autores fazendo uma longa digressão sobre o tema, em suma, seria o conjun-
to de atividades voluntárias desenvolvidas em favor da sociedade, por organizações privadas
não governamentais, sem objetivar o lucro para seus associados. (CALEGARE; SILVA JU-
NIOR, 2009).
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Considerações finais
A Teoria das Representações Sociais, nessas duas pesquisas analisa-
das, apresenta a sua importância visto que os estudos de Moscovi-
ci – e dos teóricos que seguiram dentro dessa perspectiva – consti-
tuem-se como um dispositivo teórico-metodológico que auxilia na
compreensão do desenvolvimento dos processos sociais e educacio-
nais, como aponta Gilly (2005), Souza (2002), Alves-Mazzotti (2008),
além de Ferreira (2012) – especificamente, esse último, no âmbito
da educação não escolar, podendo ser de um valioso auxílio para os
estudos da Psicologia Social.
Ao construir representações, os indivíduos não forjam somente suas
próprias concepções sobre um objeto (algo ou alguém), mas sim, pro-
duzem representações elaboradas e transmitidas das mais variadas fon-
tes, misturando a classe geral de ideias e crenças às experiências indi-
viduais das realidades nas quais estão inseridos (MOSCOVICI, 1978, p.
131). Assim, esse entendimento gera uma imagem, um modelo mental
que não se distancia das opiniões e percepções do indivíduo, partindo de
um meio social pela comunicação e o retroalimentando. Esse modelo
mental, como pode ser entendido a partir da abordagem societal de Doise,
contribui nas tomadas de posição e nas atitudes, influenciando no traba-
lho e nos processos de alteridade dos educadores sociais.
Tem-se plena ciência que a Teoria das Representações Sociais não
tem por objetivo resolver os problemas da violência, tampouco da in-
clusão digital, mas os estudos dessa área da Psicologia Social podem
nos auxiliar a tecer um cenário e desvelar, no campo, atitudes, pen-
samentos, conceitos e preconceitos compartilhados por profissionais
que atuem em uma determinada área, e que no caso dessas duas pes-
quisas estão concernentes à educação não escolar. É por esse motivo
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Referências
ALVES-MAZOTTI, Alda. Judith. Representações sociais: aspectos teóricos e aplica-
ções à educação. Em Aberto, Brasília, n. 61, jan./mar., p. 60-78, 1994.
ALMEIDA, Angela Maria de Oliveira. Abordagem societal das representações so-
ciais. Sociedade e Estado. Brasília, v. 4, n. 3, set./dez., p. 713-737, 2009.
ARISTÓTELES. Retórica. São Paulo: Folha de SP, 2015.
CALEGARE, M. G. A; SILVA JUNIOR, N. A “construção” do terceiro setor no
Brasil: da questão social à organizacional. Psicologia Política, v. 9, n. 17, p. 129-
148, 2009.
DIAS, Thiago Simão. As representações sociais de “aluno-pobre” e seus impac-
tos na formação identitária de professores de uma escola privada em um bairro
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Introdução
Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU), por intermédio do
Conselho dos Diretos Humanos, declara, por meio de um relatório o
acesso à rede mundial de computadores, como um direito humano bá-
sico. No texto, o relator especial para a questão, Frank La Rue, trata
da importância do tema, em conformidade ao artigo 19º da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, em que é apresentado o direito “à li-
berdade de opinião e expressão” (ONU, 1948). Neste capítulo, inclusive,
o direito de receber e transmitir informações é garantido, seja por qual-
quer meio, entre qualquer pessoa e, sobretudo, através das fronteiras.
No relatório, o Conselho entende o poder revolucionário da Inter-
net e sua potencialidade de compartilhar ideias e informações, pois,
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2. Como se pode ver nestas duas reportagens: Exclusão digital: sem acesso à internet, jo-
vens abandonam os estudos e relatam as dificuldades na pandemia. Disponível em: https://
g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/06/11/exclusao-digital-sem-acesso-a-internet-
-jovens-abandonam-os-estudos-e-relatam-as-dificuldades-na-pandemia.ghtml. Ensino remoto
na pandemia: os alunos ainda sem internet ou celular após um ano de aulas à distância. Dis-
ponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56909255.
3. Reportagem em grande veículo de comunicação em que será necessário ter acesso aos
meios digitais para conseguir recuperar dinheiro esquecidos em bancos. Segundo a reporta-
gem, somente por meios digitais este resgate poderá ser realizado. Disponível em: https://
g1.globo.com/economia/noticia/2022/02/14/resgate-de-dinheiro-esquecido-em-bancos-vai-
-exigir-cadastro-em-conta-govbr-tipo-ouro-ou-prata-saiba-como-fazer.ghtml.
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[...] Não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces
amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferiorida-
de. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativa-
mente dos processos de inteligência coletiva que representam o principal
interesse do ciberespaço. [...] Em outras palavras, na perspectiva da ciber-
cultura assim como das abordagens mais clássicas, as políticas voluntaris-
tas de luta contra as desigualdades e a exclusão devem visar o ganho em
autonomia das pessoas e grupos envolvidos. Devem, em contrapartida,
evitar o surgimento de novas dependências provocadas pelo consumo
de informações ou de serviços de comunicação concebidos e produzidos
em uma ótica puramente comercial ou imperial e que têm efeito, muitas
vezes, desqualificar os saberes e as competências tradicionais dos grupos
sociais e das regiões desfavorecidas. (LÉVY, 1999, p. 238 apud SILVEIRA,
2008, p. 45, grifo nosso).
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4. As “situações limites”, segundo Freire, são causadas pelo subdesenvolvimento que geram
processos de dependência e opressão (2004, p. 95).
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Considerações finais
As mais diferentes visões e interpretações justificadas pelos autores
e os termos cunhados que defendem visões complementares, seme-
lhantes, e por vezes antagônicas, trazem o esforço dos pensadores em
elucidar o tema da inclusão/exclusão digital e desenvolver conceitos
que se adéquam às realidades apresentadas. Neste trabalho, não tive-
mos a pretensão de criar termos – tampouco desqualificar as escolhas
adotadas por autores no passado.
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Referências
ARAÚJO, Verônica Danieli Lima; GLOTZ, Raquel Elza Oliveira. O letramento di-
gital enquanto instrumento de inclusão social e democratização do conhecimento:
desafios atuais. Revista Científica de educação a distância, v. 2, n. 1, 2009.
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Introdução
Este capítulo é fruto de um Projeto de Iniciação Científica (PIBIC) – For-
mações, Representações e Práticas Educativas não escolares e/ou extracurricu-
lares no município de São Gonçalo – que tem por objetivo investigar como
as profissionais da educação não escolar – que atuam no Reforço Escolar
– organizam as suas práticas didáticas e as relações interpessoais com os
educandos, para atender as demandas curriculares dos alunos de camadas
periféricas, em déficit nos seus processos de ensino-aprendizagem escolar.
Apresentaremos, primeiramente, o campo das narrativas, expla-
nando a sua importância, como ganhou legitimidade no meio acadê-
mico brasileiro – como ferramenta de pesquisa no campo da investiga-
ção das práticas docentes –, examinando-as a partir das experiências de
investigação-formação sob a perspectiva das narrativas de formação ao
longo da vida. Diante disso, refletiremos a respeito das práticas-didáti-
cas e da função do Reforço Escolar, contestando o rótulo comumente
utilizado como “explicadoras”.
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2. Optamos por reproduzir fielmente as falas da educadora, bem como manter o seu ano-
nimato. Dessa maneira, serão apresentadas as marcas de oralidade e iremos salvaguardar a
imagem desta profissional.
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(...) Eles vêm para fazer as atividades de casa e estudar para a prova, só
que eu não foco tanto nisso, né? Eu foco mais nas dificuldades dos alunos,
que são incontáveis...
(...) eu vejo o conteúdo que a professora passa, mas ela está lá na frente
e a dificuldade da criança tá lá trás. Aqui é diferente, eu caminho junto
com elas. (...) então volto tudo. Então, acaba que eu não consigo ficar
juntinho com a professora no conteúdo. Porque depois eu preciso voltar
tudo com a criança pra ensinar as vogais e tudo mais. Na escola, duvido
que façam isso!
(...) A metodologia da escola é muito rígida, essa coisa mais tradicional
não funciona tanto. Os alunos que vêm pra cá aprendem muito por eu
usar uma metodologia mais dinâmica, mais lúdica... Acaba que dá muito
certo! Eu tento trazer jogos, quebra-cabeça... Eles aprendem brincando
aqui. Fazemos “atividades em folha”? Sim, mas eu tento sair mais do pa-
pel, porque eles já fazem muito isso na escola. Já aqui, é bem diferente.
E a gente busca trazer um olhar mais individual para a necessidade bem
particular daquela criança.
3. Figura retórica que designa um objeto pelo nome de outro que tem com ele um vínculo
habitual, uma semelhança.
4. Figura retórica, que aumenta (Auxese) ou diminui (Tapinose) as coisas em excesso, apre-
sentando-as bem acima ou bem abaixo do que realmente são.
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7. Figura retórica, que retoma o mesmo argumento com formas diferentes.
8. Figura retórica que consiste em acumular os argumentos em favor de uma mesma tese.
9. Figura retórica que corresponde à hipérbole quando amplia em sentido positivo.
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Aqui tem a questão do lugar, a barra é pesada. Então, às vezes, para en-
tender a matéria da escola, a gente precisa falar a língua deles, relacionar
à verdadeira realidade deles, sabe? Porque as crianças daqui são de comu-
nidade, acabam morando colado com o conflito, ou tem parente metido
nisso, e ficam marcadas por isso. E eu tenho que mudar o meu jeito de
trabalhar e de receber eles aqui para fazer sentido na vida deles.
(...) para aprender probleminhas com dinheiro tive que adaptar... Assim...
Se a pessoa chega na “boca”, com uma nota de 20 reais, pra compra um
“pó de 5”, quanto vai ser o troco? Aí ele respondeu na hora: “Ué! 15, uma
nota de 10 e uma de 5”.
(...) aquele conteúdo visto na escola a gente vai ter que mudar a cara dele,
partir de outro lugar, trazendo outros elementos pra que o aluno possa
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10. Figura retórica que consiste em designar uma coisa pelo nome de outra que se lhe as-
semelha.
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11. Figura retórica que representa uma sequência de termos em ordem crescente, seja por
extensão dos significantes, seja pela importância dos significados.
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Considerações finais
Esta pesquisa abordou a relevância das narrativas para as investigações
de cunho qualitativo no campo da Educação, apresentando seu perío-
do de consolidação, legitimidade e expansão acadêmica. Consideran-
do a perspectiva de investigação-formação e da formação ao longo da
vida, as narrativas – à medida que colocam as pessoas como agentes
das suas próprias histórias – são ferramentas potentes que retratam as
experiências de vida dos indivíduos e das suas particularidades.
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Referências
ARISTÓTELES. Arte Poética e Arte Retórica. Rio de Janeiro: EDIOURO, 1998.
BAPTISTA, Isabel. Dar rosto ao Futuro: A educação como compromisso ético. Por-
to: Profedições, 2005.
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2017. 354p.
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da os lugares. Revista Hospitalidade, São Paulo, ano V, n. 2, p. 5-14, jul.-dez., 2008.
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CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. Revis-
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DEPRAZ, Natalie. Compreender Husserl. Petrópolis: Vozes, 2011.
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Introdução
Este capítulo pretende analisar casos de violências de gênero contra
mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica e apresen-
tar como essas ações eram divulgadas por meio de publicações em
jornais da época investigada (década de 1980). Diante disso, visa-se
demonstrar a viabilidade da utilização do “Acervo do Estágio Inter-
no Complementar”1 (AEIC) do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão
(GEPE) Fora da Sala de Aula na elaboração de pesquisas e práticas no
campo da educação não escolar pautadas em processos de indignação e
emancipação – inspirados na leitura de Freire (2000).
Utilizando como fonte principal fragmentos do jornal “O São Gon-
çalo”, o período delimitado para o desenvolvimento do presente texto
data os anos 1980 e 1989, portanto, uma fase de transição política e
histórica entre o fim da Ditadura Civil-Militar brasileira e o início da
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2. Algumas reportagens bastante atuais (e preocupantes) reiteram tal afirmação. Recente-
mente, o Talibã – grupo fundamentalista islâmico que retomou o poder político do Afeganis-
tão em 2021 – decretou a obrigatoriedade do uso da burca de corpo inteiro para as mulheres
do país. Segundo o decreto, caso alguma mulher descumpra a ordem, seu pai (ou parente
masculino mais próximo) pode ser preso ou demitido de cargos no governo. O grupo tam-
bém recuou nos últimos tempos com a promessa de permitir que meninas pudessem fre-
quentar a escola. Além de tudo isso, há denúncias por parte de defensoras dos direitos das
mulheres que apontam para uma perseguição às mulheres ativistas no Afeganistão. Relatos
ainda evidenciam o impedimento de diversas mulheres para entrar nos prédios universitários
que estudam ou em seus trabalhos. Essas informações estão disponíveis, respectivamente,
em: https://www.dw.com/pt-br/talib%C3%A3-reintroduz-apartheid-de-g%C3%AAnero-na-
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-sociedade-afeg%C3%A3/a-61749759; https://brasil.elpais.com/internacional/2021-08-17/
os-talibas-comecaram-a-ir-de-casa-em-casa-a-procura-das-mulheres-ativistas-denuncia-humi-
ra-saqib.html. Acesso em: 25 mai. 2022.
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Isso ilustra o quanto esses casos não eram apenas isolados, mas
antecedidos por ameaças, agressões e outras formas de violência.
Além disso, existiam outros recortes em que existiam dois tipos de
atentados contra a vida juntos: assaltos e o uso da força. No tercei-
ro caso (imagem 3), por exemplo, dois homens “curram” (violentam
sexualmente) uma mulher. A princípio, a situação era um assalto a
mão armada destinado tanto a ela quanto ao namorado, mas a moça
levou a pior – duas vezes. Os dois homens que cometeram o crime
espancaram e torturaram a jovem de apenas 20 anos. Levando em
consideração o recorte, se pode afirmar o quanto o modelo social
machista afeta violentamente essa mulher. Além de sofrer com o as-
salto, sofreu com a agressão que, novamente, não teve motivo espe-
cífico aparente.
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Desse modo, mais uma vez, não carece de motivações para a ação
violenta. Mas, uma coisa chama bastante atenção (além do episódio
de violência “gratuita”): a escolha do jornal em colocar em destaque
que o ato foi cometido “na presença” do namorado da vítima, como
se o crime fosse mais absurdo por ter sido feito em frente a outro ho-
mem. Encontram-se respostas para essa ação nas lógicas de poder já
mencionados neste capítulo, em que a figura masculina tende a de-
monstrar sua força diante o corpo de uma mulher, como se essa vio-
lência aumentasse a imagem desse imaginário masculino social.
Contudo, não são apenas agressões de modalidade física que se no-
tam nesses jornais, mas de nível moral também. Esse machismo explí-
cito de maneira mais sútil é um dos que as mulheres têm mais contato
no dia a dia. Um exemplo é o caso 4 (imagem 4) onde aparece na notícia
que guardas se mostraram contrários a atuação de mulheres no trân-
sito por acreditarem que essas não seriam respeitadas, apesar da farda
da polícia. Claro que essas mulheres que fariam parte da Polícia Militar
Feminina se mostraram divididas, afinal, nos anos 1980, o movimento
feminista não abraçava todas as causas – o que, inclusive, ocorre ainda
hoje. Muitas acreditavam que realmente não seriam respeitadas pois
segundo elas “nem mesmo os policias são respeitados”. No geral, a dú-
vida da capacidade de um corpo feminino em exercer serviços naturali-
zados para os homens é vista na “raiz” da sociedade.
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Considerações finais
Passadas as análises de casos de violências contra mulheres em nos-
so recorte selecionado, esperamos (e cremos) que um dos objetivos
principais deste trabalho foi atingido: causar indignação. Isso, claro,
não vem da surpresa da existência de ações como essas, visto sua re-
gularidade, ainda hoje, mas, especialmente, pela naturalidade com
que esses casos são tratados nos meios de comunicação. Ao tratar tais
incidências violentas contra mulheres de maneira meramente infor-
mativa, quase banal, se deixa de lado a capacidade de se compreender
verdadeiramente o funcionamento do fenômeno da violência. Con-
sequentemente, indignar-se com isso não serve como reação última,
mas como uma possível maneira de estabelecer novas atitudes como
educadoras e educadores – ou qualquer que seja nossa área de atuação
–, atitudes que visem à transformação de uma estrutura perversa.
Desse jeito, podemos inferir, a partir dos exemplos trazidos, al-
guns aspectos relevantes acerca das violências contra mulheres – so-
bretudo, aquelas marginalizadas e/ou economicamente vulnerabi-
lizadas. Em primeiro lugar, vemos que apesar do imenso número
de casos violentos diretos contra o corpo das mulheres, essa não
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Referências
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BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos, São
Paulo: Editora UNESP, 2000.
GALTUNG, Johan. Violence, Peace and Peace Research. Journal of Peace Resear-
ch, Noruega, v. 6, n. 3, p. 167-191, 1969.
GALTUNG, Johan. La violencia: cultural, estructural y directa. Cuadernos de estra-
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SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, Patriarcado, Violência. 2. ed. São Paulo: Expressão
Popular – Fundação Perseu Abramo, 2015.
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240 • Pedagogia Social
Introdução
Este capítulo é um recorte de uma pesquisa em andamento – de-
senvolvida no Curso de Mestrado em Educação do Programa de
Pós-Graduação em Processos Formativos e Desigualdades Sociais
(PPGedu) da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Univer-
sidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – e seu objetivo é discutir a
constituição do processo formativo identitário dos voluntários, como
educadores sociais, vinculados a uma Instituição de Ensino Superior
Confessional (IESC), que atuam em uma comunidade empobrecida
de Niterói-RJ.
Inicialmente, compreenderemos o que são as Instituições Con-
fessionais de Ensino (ICE), abordando como se compõe a sua pro-
posta pedagógica, objetivando analisar o processo formativo dos
estudantes universitários que atuam como voluntários em projetos
sociais voltados às populações empobrecidas. Refletiremos sobre o
percurso formativo desses profissionais, entendendo a identidade
institucional confessional vinculada a uma política extensionista de-
rivada da Responsabilidade Social (RS) da instituição, observando a
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1. Documento Eclesiástico promulgado pelo Líder da Igreja Católica Apostólica Romana.
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2. O termo “Província”, neste caso específico, é referente a uma estrutura organizacional.
3. Ibidem.
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Diante dos princípios e do ideário educativo que regem a ação dos Ir-
mãos das Escolas Cristãs, as Instituições de Ensino Superior Lassalistas
são chamadas a assumirem como eixo balizador ações que articulem e
consolidem a Responsabilidade Social (RS) à tríplice missão universitária
do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.
4. Leigo que, se devotado à congregação católica irmãos de La Salle, assume como missão a
educação das populações empobrecidas.
5. Um dom de Deus, no caso lassalista, define a identidade institucional.
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7. Teoria do geógrafo Milton Santos (2007), que trabalha a relação do capital com a aquisição
de direitos.
8. Teoria do autor Thomas Humphrey Marshall (1967), que trabalha o conceito de status
social vinculado à aquisição de direitos.
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Conviver significa viver uns com os outros com base em certas rela-
ções sociais e códigos valorativos, forçosamente sujeitos, no marco de
um determinado contexto social. Estes polos que marcam o tipo de
convivência estão potencialmente cruzados por relações de conflito, o
que de modo algum ameaça a convivência. Conflito e convivência são
duas realidades sociais inerentes a toda forma de vida em sociedade
( JARES, 2008, p. 25).
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As atribuições percebidas pelo sujeito nos levam a saber como ele está
negociando com elas, como ele vai reagir a elas, como ele as lê e as
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[...] Dubar postula que não existe identidade sem alteridade, ou seja, o
indivíduo se constitui a partir do olhar do outro, em um determinado
tempo e contexto. A identidade se constitui pela negociação que o indi-
víduo vai fazer com as atribuições sociais, em um movimento dialético.
Por meio das suas experiências com o outro e com o seu contexto social,
profissional e familiar, ele se modifica e, consequentemente, a sua identi-
dade é também modificada. (ALFONSI; PLACCO, 2013, p. 64).
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Considerações finais
Neste percurso, vimos que o voluntariado se configura em uma ativi-
dade extensionista com o potencial de contribuir para emancipação de
diferentes grupos sociais, construindo, com os indivíduos empobreci-
dos, análises críticas diante das relações desiguais vivenciadas diaria-
mente em nossa sociedade. Em seu processo formativo, o estudante
universitário faz o exercício empático de colocar-se à serviço do “ou-
tro”, experienciando outras realidades que, muitas vezes, estão distan-
tes do seu imaginário e do seu círculo social.
Como educador social atuante nas comunidades marginalizadas,
o discente de graduação aprende e apreende habilidades e competên-
cias que podem servir de ferramenta para, com participação ativa das
pessoas oprimidas, se emanciparem, problematizando a realizada me-
diante suas consciências críticas sobre as mais variadas formas de ex-
clusão: social, política, econômica, cultural e educacional. Nessa con-
juntura, o papel do educador social é oportunizar transformações no
mundo, não aceitando violações de Direitos Humanos, assim, prezar
pela justiça social é parte da cultura e da identidade do voluntariado.
Em virtude disso, compreendemos a Pedagogia da Convivência
como um campo sociopedagógico que tem fundamental importân-
cia na constituição formativa do voluntário, pois auxilia nas práticas
das suas ações pedagógicas. O voluntariado pode ser um agente social
para a construção de uma Educação para a Paz, uma vez que trabalha
em suas práticas educativas baseando-se no convívio mediante outra
concepção sobre o conflito, não o atrelando à violência, constituin-
do um importante “pilar” das suas ações. A luta por uma sociedade
mais plural, democrática e fraterna, combatendo violações de direitos
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Referências
ALFONSI, Selma Oliveira; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. A crise não reco-
nhecida: identidade docente de professores do Ensino Fundamental 2. Revista For-
mação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores
(RBPFP), v. 5, n. 8, p. 62-79, jan./jun., 2013.
BONFIM, Paula. A “cultura do voluntariado” no Brasil: determinações econômi-
cas e ideopolíticas na atualidade. São Paulo: Cortez Editora, 2010.
CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. Revis-
ta de Ciências da Educação, Americana, ano XII, n. 23, p. 341-368, 2010.
DUBAR, Claude. A crise das identidades - A Interpretação de uma Mutação. Tra-
dução de Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: EdUSP, 2009.
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Fátima Correia
Licenciada em Educação Social, mestre em Educação e Intervenção
Social – Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário e
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Geraldo Caliman
Doutorado (1995) e Pós-Doutorados (2001 e 2020) em Educação.
Università Pontificia Salesiana (Itália). Professor da “Pontifícia Uni-
versidade Salesiana” (Itália) (1995-2003) onde atuou como Coorde-
nador do Programa de Mestrado e Doutorado em Pedagogia Social
(1998-2000). Tem experiência na gestão de instituições socioeduca-
tivas (Brasília 1982-1984; Belo Horizonte 1985-1987; 1991). De 2005
em diante é professor da Universidade Católica de Brasília onde já
atuou também como Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa. En-
sina no Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e coor-
dena a Cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade.
Tem experiência na área de Educação, Sociologia da Educação, com
ênfase em Pedagogia Social, e temas correlatos como Educação So-
cial, Exclusão Social, Prevenção, Sociologia do Desvio e da Delin-
quência, Delinquência Juvenil. Tem cerca de 15 livros publicados,
a maioria nos últimos sete anos (pedagogiasocial.net). E-mail: ger.
caliman@gmail.com.
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Maurício Perondi
Professor na Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Licenciado em Filosofia pela Universidade La
Salle. Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - UFRGS, com realização de Programa de Doutorado
Sanduíche na Universidade de Lleida, Espanha. Integrante do Centro
Interdisciplinar de Educação Social e Socioeducação-CIESS/UFRGS.
Coordenador do Observatório da Socioeducação e do Ateliê de Jogos
Pedagógicos da UFRGS. Coordenador substituto do Programa de
Prestação de Serviços à Comunidade-PPSC/UFRGS. Coordenador do
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Silvia Azevedo
Doutora em Educação. Presidente da Associação dos Profissionais
Técnicos Superiores de Educação Social. (APTSES). Atualmente, é In-
vestigadora do INED da ESE-IPP e do CEPESE – Portugal. E-mail:
silvia.azevedo@iscedouro.pt.
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