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LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS


AGREGADOS ÀS FABRICAS DE VIDRO NA INTRODUÇÃO
DA SUCATA NO PROCESSO INDUSTRIAL

Santo André
2020
LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Anhanguera de Santo André,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Engenharia Química.

Orientador: Josiane Hernandez

Santo André
2020
LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS


AGREGADOS ÀS FABRICAS DE VIDRO NA INTRODUÇÃO
DA SUCATA NO PROCESSO INDUSTRIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Anhanguera de Santo André,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Engenharia Química.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Henry Alexander Rodriguez Flores

Prof(a). Karoline Dutra do Amaral Andrade

Prof(a). Luiz Duarte Ramos

Santo André, 07 de Dezembro de 2020


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me ajudado nesta jornada, me dado


forças para seguir adiante com esse projeto, por ter estado sempre presente em meu
coração durante todo o trajeto da minha graduação. Agradeço a minha amada esposa
Ana Carolina, amiga e companheira que tem estado comigo em todos os momentos,
que nunca me deixou desistir do meu sonho e que está alcançando comigo esta
vitória. Agradeço minhas queridas filhas, Letícia, Hellen e Lorena, que tem tido
paciência comigo durante todo esse tempo de estudos, que tem me dado ânimo e
inspiração para concluir este trabalho.
Agradeço a minha mãe, Sonia, em memória, que me apoiou e esteve comigo no
início deste projeto, mas não está mais entre nós neste momento, tenho certeza que
estaria tão feliz quanto eu estou agora. Agradeço meu pai e irmãos os quais admiro
de coração e me apoiaram em todos os momentos da minha vida.
SILVA, Leandro de Oliveira. Benefícios socioeconômicos e ambientais agregados
às fabricas de vidro na introdução da sucata no processo industrial. 2020. 26p.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –
Universidade Anhanguera de Santo André, Santo André, 2020.

RESUMO

O vidro é um produto de suma importância para a sociedade, sendo necessário o


estudo aprofundado sobre seus aspectos, utilização e melhoramento de suas
características e técnicas de fabricação. Por ser um material de elevada aplicabilidade
o referido trabalho através de pesquisa bibliográfica, se incumbiu de elencar suas
técnicas de fabricação, tipos e destinações para os diversos modelos de vidro no
mercado. O vidro em si é um produto oriundo da fundição de alguns elementos
naturais, como a sílica encontrada na areia, um fundente para diminuir o ponto de
fusão da sílica, sendo o carbonato de sódio ou barrilha como é conhecido pelo
mercado, e mais a adição de um óxido de cálcio para fornecer a resistência necessária
para o produto final, dentre outros elementos dependendo da aplicação requerida. A
produção do vidro é considerada uma manufatura de simples compreensão, utilizando
poucos elementos para sua produção, todavia, deve-se resguardar alguns aspectos
importantes para se colocar em prática na hora da confecção, visando a conferir alta
qualidade na produção, evitando qualquer tipo de falha em sua forma como produto
final. Um grande aliado das industrias vidreiras quando se fala da fabricação de vidros
é caco em geral, proveniente dos refugos nos processos de fabricação, assim como
da reutilização do mesmo quando descartados pela sociedade.

Palavras-chave: Vidro; Reciclagem; Fabricação.


SILVA, Leandro de Oliveira. Socioeconomic and environmental benefits added to
glass factories in the introduction of scrap in the industrial process. 2020. 26p.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –
Universidade Anhanguera de Santo André, Santo André, 2020.

ABSTRACT

Glass is a product of paramount importance to society, requiring an in-depth study of


its aspects, use and improvement of its characteristics and manufacturing techniques.
As it is a material of high applicability, the referred work through bibliographic research,
took charge of listing its manufacturing techniques, types and destinations for the
different glass models on the market. Glass itself is a product derived from the melting
of some natural elements, such as silica found in sand, a fondant to decrease the
melting point of silica, with sodium carbonate or soda as it is known in the market, plus
the addition of a calcium oxide to provide the necessary strength for the final product,
among other elements depending on the required application. The production of glass
is considered a manufacture of simple understanding, using few elements for its
production, however, some important aspects must be safeguarded to be put into
practice at the time of manufacture, aiming to provide high quality in the production,
avoiding any type of failure in its form as a final product. A great ally of the glass
industry when it comes to the manufacture of glass is shard in general, coming from
the waste in the manufacturing processes, as well as its reuse when discarded by
society.

Key-words: Glass; Recycling; Manufacturing.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 77

2 PRODUÇÃO DO VIDRO .................................................................................... 9

3 CACO DE VIDRO COMO MATÉRIA PRIMA......................................................14

4 CONTROLE DOS CONTAMINANTES NO CACO.............................................19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 24

REFERÊNCIAS .........................................................................................................25
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1. INTRODUÇÃO

A sociedade moderna oferece elementos de conforto, tecnologia, robustez nos


mais variados equipamentos, ferramentas, máquinas e tantos outros apetrechos para
utilização pessoal ou mesmo corporativa. Tais ofertas tecnológicas reivindicam um
certo valor econômico considerável para sua confecção. Na fabricação do vidro não é
diferente, visto que, para sua manufatura se despende um consumo elevado de
energia.
O processo de produção em si é simples, envolvendo basicamente três
elementos principais, sendo a areia em maior quantidade, óxido e cálcio e óxido de
sódio. Outros componentes são adicionados a depender da destinação do vidro. Estes
elementos são inseridos em fornos aquecidos a combustão e sofrem uma fusão dos
elementos, resultando em uma massa vítrea viscosa a qual resfria rapidamente e
enrijece no formato desejado.
O caco de vidro se torna um aliado multilateral para a sociedade como um todo.
No âmbito econômico sua utilização na produção de vidros novos causa uma
expressiva economia de energia, gerando receita para as indústrias vidreiras, no que
diz respeito ao meio ambiente, a utilização dos cacos no processo leva a diminuição
da utilização dos aterros sanitários, visto que, seu descarte em tais ambientes causa
grave impacto ambiental pelo seu demorado processo de decomposição. Assim como
na diminuição de emissão dos gases de efeito estufa.
Sabendo-se da importância do caco de vidro no processo de produção do vidro
novo, na importância deste no momento da fusão, qual o papel do material reciclado
no processo industrial de produção de vidros? Essa pergunta se enquadra em
questões ambientais e de discussão de políticas públicas. O caco de vidro reciclado
pronto para ser utilizado na fabricação de material novo, agrega valores importantes
para o setor, deixando de utilizar matéria prima virgem, economizando gastos com
energia em demasia, desocupando espaço precioso em locais de descarte de outros
materiais. Com discussões aprofundadas de políticas públicas se pode chegar a um
resultado satisfatório ambiental, assim como gerar eficiência no processo de produção
vidreiro.
O objetivo geral foi destacar os benefícios da introdução do caco de vidro no
processo de produção industrial, resguardando alguns cuidados necessários quanto
a possíveis contaminantes em sua composição, salientando suas consequências no
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produto final. Os objetivos específicos se fundaram em descrever como é o processo


industrial de produção do vidro; apontar as vantagens da inserção do caco de vidro
na fabricação do produto novo; e conhecer os meios disponíveis para mitigar a
introdução de recicláveis contaminados no processo fabril. O processo de produção
do vidro é basicamente o mesmo em todos os aspectos iniciais. Seja para confecção
de vasilhames de vidros, ou chapas de vidro plano, copos, dentre tantos outros, a
iniciação da produção é igual em todos os casos. Se mistura os componentes com
suas respectivas proporções, insere a mistura em um forno especial para ocorrer a
fusão da matéria, gerando uma massa vítrea. Após essa massa estar em ponto
adequado para cada tipo de destinação, se dá o acabamento final do processo. Na
inserção das matérias primas no forno para fusão, pode-se incluir o caco de vidro
reciclado, sendo mais fácil sua fusão, gerando economia de energia no processo.
Todavia, a presença de contaminantes nos cacos se torna um empecilho para
aceitação em larga escala do mesmo, exigindo assim um rigoroso controle de
qualidade.
O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma Revisão de Literatura, na
qual foi realizada consulta a livros, dissertações e em artigos científicos, selecionados
através de busca nas seguintes bases de dados: “google acadêmico”, “Scielo.org” e
“monografias.ufrn.br”. O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos
publicados nos últimos dez anos. As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram:
“vidro”, “reciclagem” e “fabricação”. No que diz respeito ao processo de produção do
vidro, assim como os principais meios para se usufruir de um processo fabril eficiente
na confecção de vidros novos. Se elencou o problema enfrentado pelas indústrias
para identificação assim como separação de contaminantes agregados ao caco de
vidro.
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2. PRODUÇÃO DO VIDRO

Para Büchel et al. (2000), O vidro vem sendo fabricado há muito tempo,
aproximadamente 5.000 anos atrás, sendo considerado uma arte por sua beleza,
característica intrínseca ao material vítreo. A produção era um processo artesanal,
sendo nos primórdios o sopro a principal técnica de conformação do vidro, a qual ainda
é utilizada para fabricação de peças de vidros especiais. Porém, segunda o autor, a
produção em expressiva se iniciou através do processamento mecânico no final do
século XX.
De acordo com Akerman (2014), o vidro é um elemento de múltiplas faces,
podendo ser empregados em inúmeros ramos de atividade. A vida moderna aprendeu
a se tornar dependente do vidro para servir às necessidades da vida humana. O
processo de produção do vidro se divide por quatro principais tipos, sendo, plano,
embalagens, domésticos e vidros técnicos. Para cada setor da sociedade se emprega
um tipo específico de produção e conformação do vidro.
Segundo Montano e Bastos (2013), o vidro plano se destina para utilização em
janelas, mesas, portas, sacadas, entre outras finalidades. As embalagens são
caracterizadas por vasilhames de vidro, como garrafas de refrigerantes, cervejas,
sucos, etc. Os vidros domésticos se enquadram nos utensílios domésticos de vidro,
como copos, pratos, luminárias, vasos, dentre tantos aparatos com finalidades
domésticas. Os vidros técnicos se enquadram em aparelhos específicos, vidros com
composições especiais e tecnologias mais delicadas.
Para Shreve e Brink Jr. (1997), o vidro é um material inorgânico fundido, com
suas características físicas e químicas tanto de um sólido quanto de um líquido, onde,
quando aquecido suas moléculas apresentam um estado de viscosidade semelhante
à de um líquido, porém, quando resfriado aumenta sua viscosidade e vai endurecendo
de forma desordenada, não chega a formar cristais como no caso da água,
acarretando uma forma característica vítrea. O vidro do ponto de vista da química, é
formado da mistura de óxidos inorgânicos, como carbonato de cálcio, óxido de sódio.
Após processo de decomposição e fusão das matérias com compostos alcalinos e
areia em si, se forma o vidro, sendo um material não cristalino.
Os principais elementos que fazem parte da composição da matéria prima para
produção do vidro, de acordo com Shreve e Brink Jr. (1997), são a sílica, encontrada
em abundância na natureza, basicamente a areia, a barrilha sendo um carbonato de
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sódio e a Cal, um óxido de Cálcio. Através da fundição dessas matérias, os elementos


passam para um estado “líquido”, bastante viscoso, sendo possível dar uma forma da
maneira que se desejar.
O processo de produção do vidro, independentemente do tipo, passa por
caminhos similares, “ Na prática, a fabricação de vidro pode ser dividida em quatro
etapas: fusão, conformação ou moldagem, recozimento e acabamento” (DÓRIO;
ALMEIDA, 2018, p. 158). Até o processo em si de fusão, na fábrica as matérias primas
são depositadas em silos específicos, pesadas e misturadas em proporções
específicas, sendo aproximadamente 75% de silício, 15% de óxido de cálcio e 10%
de óxido de sódio. Essa proporção varia de acordo com o tipo de vidro que queira se
produzir, lembrando que neste processo pode-se acrescentar o caco de vidro em uma
proporção de 10 a 80% da fração em massa (SHREVE; BRINK JR., 1997), porém este
quesito tratar-se-á mais adiante.
Na fabricação do vidro, de acordo com Dório e Almeida (2018), as matérias
primas são alimentadas ao forno, o qual alcança a temperatura de 1593°C na
fundição, gerando a massa vítrea, derretendo os elementos e diminuindo a
viscosidade de acordo com o aumento da temperatura. No forno, as substâncias que
ainda não sofreram fusão acabam afundando no banho de vidro, o que estão fundidos
permanecem na superfície e fluindo constantemente por uma superfície para dar a
conformação. Com a gradual diminuição da temperatura, aumenta sua viscosidade e
assim a possibilidade de conformação.
De acordo com Dório e Almeida (2018), além dos três principais elementos
supracitados para a fabricação dos vidros, existem outros componentes que causam
importantes efeitos visuais ou característicos nos vidros, todavia são considerados
secundários. Exemplos de substâncias adicionados nos processos de produção são,
tetracloreto de silício (SiCl4), silicatos alcalinos, chumbo, boro, entre outros. Tais
substâncias causam efeitos como, alta resistência térmica, elevada resistência
mecânica e química, eficiência em trabalhos ópticos como fabricação de bulbos de
lâmpadas, resistência a choque dentre tantas outras finalidades.
No processo de fusão, a massa devidamente misturada com os elementos que
sofrerão reação de fusão, são introduzidas em tanques de tijolo refratário já aquecido.
A massa passa então por uma transformação tornando-se líquida e bastante viscosa,
saindo continuamente por uma passagem do forno se destinando para o processo de
conformação ou moldagem (DÓRIO; ALMEIDA, 2018).
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No processo de conformação do vidro, após a massa sair do forno em forma


líquida e viscosa, a mesma passa por uma moldagem de acordo com a destinação da
mesma. Se for uma chapa de vidro plano, esta passa por dois cilindros com espessura
desejada, com o objetivo de laminar a massa vítrea. Se a destinação se der para
vasilhames, a mesma passa por uma conformação em “pingos”, de massa vítrea, onde
os mesmos são inseridos em moldes e sofrem uma ventilação mecânica, um “sopro”,
preenchendo assim o molde e formando o vasilhame (DÓRIO; ALMEIDA, 2018).
Após o processo de conformação, o vidro passar por um recozimento, “ Todos
os objetos de vidro precisam ser recozidos para reduzir a tensão” (DÓRIO; ALMEIDA,
2018, p. 162). Com o enrijecimento da massa vítrea, devido a uma tensão molecular,
se faz necessário esse procedimento para aliviar esse fenômeno de tensão interna.
Pode-se adotar duas maneiras eficientes nesta etapa, mantendo a massa a uma
temperatura elevada a ponto de acomodar as moléculas no processo de
endurecimento ou mesmo manter o resfriamento da massa após a conformação de
forma lenta, diminuindo as chances de fratura pela tensão das moléculas (DÓRIO;
ALMEIDA, 2018).
Para Akerman (2013), o recozimento do vidro é uma etapa muito importante,
pois se for executado de maneira descontrolada, pose-se acarretar uma desordem na
estrutura dos átomos, sendo assim, uma certa região do vidro que está em
conformação, pode-se tomar como exemplo as chapas de vidro plano, quando estão
resfriando suas moléculas estão se organizando, então, se for feito de uma forma
rápida pode acontecer das moléculas que estão na superfície resfriarem mais
rapidamente que as moléculas no interior da chapa, estando estas desordenadas,
podendo desta maneira, após o resfriamento total do vidro, causar a ruptura deste por
conta das tensões moleculares.
De acordo com Akerman (2014), a maioria dos vidros após o recozimento,
precisam de um acabamento final, retirando possíveis imperfeições, rebarbas
ocasionadas no processo de conformação, assim como a limpeza dos mesmo em
certos casos, por exemplos dos vasilhames, onde serão inseridos produtos
alimentícios, bebidas e assim por diante.
No processo de produção de vidros não se pode deixar de mencionar a
confecção de vidros “float”, o qual se produz chapas de vidro sobre um banho de
estanho, conferindo a chapa um grau de pureza elevado. Pelo fato do estanho obter
um baixo ponto de fusão (231,9°C) para o processo no forno e elevado ponto de
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ebulição (2602°C), e sendo mais denso que o vidro, a massa de vidro passa a flutuar
no banho de estanho “ por isso se chama float”, o qual quer dizer flutuar em inglês.
Neste caso, a gravidade faz a pressão necessária por igual na parte superior da chapa
e o banho de estanho se encarrega de fazer uma força de empuxo na face inferior da
chapa, resultando em um eminente grau de pureza (MONTANO; BASTOS, 2013).
No processo de fusão, Shreve e Brink (1997), destaca que o forno tipo tanque
regenerativo opera com duas câmaras de regeneração com a finalidade de aproveitar
o calor no processo. Quando o calor proveniente da combustão de material
combustível é cedido para a fusão do vidro, passa-se para outra câmara de
regeneração ainda aquecido, nesta etapa é misturado com o ar de combustão e
acarreta através desta mistura em uma chama mais quente, isso para poder aproveitar
ao máximo o calor no processo, visto que nesta etapa de fabricação se tem um
considerável gasto energético, deve-se aproveitar da melhor forma possível o calor
gerado no sistema.
Ainda Shreve e Brink (1997), elenca dois processos de fabricação de chapas
de vidro, sendo o processo Foucault e o Colburn. No primeiro processo, a massa vítrea
após o processo de fusão, é acondicionado para uma câmara denominada de
estiramento, com a finalidade de tracionar o vidro, com uma temperatura pouco menor
daquela no tanque de fusão, cerca de 1020°C. O mesmo é estirado na posição vertical
com a aparência de uma fita, sempre em velocidade constante. Nesta etapa o vidro
precisa ser resfriado, sendo utilizadas serpentinas de água para esta finalidade. Para
que o vidro possa ter uma boa acomodação molecular e mitigação da tensão gerada
pelo resfriamento do mesmo, a fita de vidro passa por um recozimento, sendo cortada
e preparada para destinação final por lapidação. No processo Colburn, a execução da
fabricação é basicamente a mesma, até a etapa em que o vidro é estirado na direção
vertical, até a altura de 91 cm, então, aplica um aquecimento maior nesta etapa com
a finalidade de curvar o vidro para uma posição horizontal, dando a execução final de
recozimento, corte e lapidação.
Akerman (2014), afirma que a sílica possui as características essenciais para
produzir um vidro de qualidade excelente, com propriedades adequadas para as
diversas finalidades que o vidro se aplica, todavia, apresenta uma falha expressiva no
que diz respeito ao seu alto ponto de fusão. Este empecilho acarreta a necessidade
de obtenção fornos especiais encarecendo a produção, assim como um elevado
consumo de energia. Desta maneira se acrescenta certos elementos fundente à sílica,
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com a finalidade unicamente de diminuir sua temperatura de produção do vidro. Estes


fundentes por sua vês são os óxidos de sódio e óxidos de cálcio. Esse conjunto
representa os vidros denominados de sodo-cálcicos, englobando cerca de 90% de
todos os vidros produzidos mundialmente.
Ainda de acordo com Akerman (2014), o termo fusão que é difundido pela
indústria vidreira não é totalmente adequado, visto que na transformação dos
elementos que compões a matéria prima, quando no banho de vidro líquido, não
acontece a fusão de todos os componentes sólidos, mas sim, ligações químicas sendo
formadas após quebras consecutivas de ligações preexistentes. Essas reações
acontecem abaixo do ponto de fusão da sílica, sendo este em torno de 1720°C, porém,
raramente os fornos ultrapassam os 1600°C no processo de produção do vidro.
O próximo capítulo irá tratar das vantagens da inserção do caco de vidro na
produção de vidros novos, ressaltando sua importância para indústria vidreira como
um todo, assim como para a economia em geral e também para o meio ambiente em
se tratando na mitigação de emissão de poluentes.
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3. CACO DE VIDRO COMO MATÉRIA PRIMA

O caco de vidro pode ser utilizado como matéria prima para a produção de
vidros novos. Estes são provenientes de recortes de vidros, sobras, vidros imperfeitos,
dentre tantos outros refugos de produção, assim como da reciclagem em si. O caco
utilizado como matéria prima pode ser inserido na mistura dos componentes que
adentrarão o forno para a fundição em uma proporção de 10 a 80% de fração em
massa, auxiliando o derretimento da matéria prima virgem (SHREVE; BRINK JR.,
1997).
Além do caco de vidro, de acordo com Akerman (2014), é usual acrescentar
na massa que irá passar pelo processo de fusão no forno, carbono na forma de grafite,
ou mesmo coque derivado do petróleo, ou então carvão vegetal. Esta prática é
realizada com a finalidade de haver a oxidação do carbono no forno, permitindo assim
a decomposição de sulfatos em uma faixa de temperatura mais baixa, em torno de
1000°C a 1100°C.
Quando ocorre a fusão tanto das matérias primas virgens quanto dos cacos, a
massa inserida no forno está repleta de bolhas de ar, os quais estavam entre as
substâncias acomodadas nos silos de mistura, também surgem moléculas de CO 2
provenientes da descarbonatação das matérias primas. Quando está ocorrendo a
fusão, a massa vítrea é muito viscosa, dificultando a passagem destas bolhas de ar
para a superfície, sendo que tais bolhas precisam estar em níveis aceitáveis para o
controle de qualidade do material, desta maneira, há a necessidade de se executar
uma afinagem desta massa vítrea, para facilitar a passagem de parte destes
particulados para a superfície (AKERMAN, 2014).
Ainda segundo Akerman (2014), para o processo de afinagem se faz uso
processos físicos e químicos, sendo o processo físico aplicado pela elevação da
temperatura do banho de vidro, acarretando assim redução na viscosidade da massa,
fluidizando mais o banho e facilitando a passagem das bolhas. O processo químico
por sua vez, consiste em agregar ao procedimento físico de elevação da temperatura,
e inserindo sulfato de sódio (Na2SO4), com a finalidade de decompor esse sulfato de
sódio. A decomposição do sulfato acontece em temperaturas que ultrapassam os
1200°C, porém, a barrilha e o calcário presentes na massa vítrea começam a fundir
em torno de 800°C, corroendo desta maneira os grãos de sílica aos poucos, em torno
dos 1000°C os grãos de sílica em geral já foram digeridos.
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De acordo com a quantidade de sulfato na massa, é adicionado o carbono em


fração de 5% em massa de sulfato. Quando aplicadas taxas superiores de carbono
ocorre a redução do SO3 gerando assim sulfetos. Tais substâncias junto de óxido de
ferro são responsáveis pela coloração de vasilhames muito utilizados, de cor âmbar.
Tal coloração agrega ao vidro resistência a radiações ultravioletas (AKERMAN, 2014).
O vidro é um material com mais elevado grau de possibilidade de ser reciclado,
podendo ser reaproveitado 100% nos processos de produção de produtos novos. Este
aproveitamento contempla uma economia na demanda de energia necessária para
produção industrial, assim como uma economia de matérias primas (ABVIDRO, 2009).
Para aproveitamento do caco de vidro na produção, segundo Benedetti (2000),
a reciclagem do vidro passa por diversas etapas, como a coleta, sendo executadas
por empresas públicas ou privadas, seletiva ou não. Triagem dos tipos de vidro
envolvidos no processo, com a preferência de separação por cores. O beneficiamento
e acondicionamento, responsáveis pela preparação para posterior comercialização
destes materiais. Armazenamento, transporte e por fim o processo industrial em si.
A reciclagem dos vidros em geral teve um crescimento acentuado em décadas
passadas, todavia, tem-se mostrado uma estagnação marcante desde 2007. A maior
parte de reciclagem no mercado de vidros se dá no segmento de embalagens, como
os vasilhames de cervejas. Em 2010, a marca de reciclagem chegou a 47% das
embalagens de vidros em geral, tanto das retornáveis como das recicladas
propriamente ditas (ABRELPE, 2010).
Calderoni (1999), enfoca o benefício do caco de vidro no processo de produção
industrial com a redução do consumo de matéria prima, sendo que para produzir 1000
Kg de vidro novo provenientes de reciclagem, são necessários 1000 Kg de cacos de
vidro, sendo uma proporção de 1 para 1. Por outro lado, para produzir os mesmos
1000 Kg de vidro novo através de matéria prima virgem, são necessários 1200 Kg de
material, logo a vantagem em utilizar o material reciclado no processo se mostra bom
para muitas faces do processo industrial. Quanto ao uso de energia elétrica no forno
de fusão, utilizando os cacos na produção, acarreta em uma economia de 0,64 MWh/t,
assim como uma expressiva redução no consumo de água em torno de 50%, também
em relação a emissão de gases poluentes para atmosfera uma redução de 20%.
A reciclagem do vidro tem ganhado força na Europa a priori, com finalidade de
economizar energia, isso em meados de 1974. Essa ação é praticada em todos os
países através de programas de reciclagem, com enfoque em países com elevado
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percentual de reciclagem, como Bélgica e Suíça, chegando a índices superiores a


90% (VALT, 2004).
O caco oriundo das embalagens de vidro em geral, representam cerca de 47%
da produção industrial no Brasil. Deste total, cerca de 12% é reciclada na forma de
cacos, sendo originadas por um percentual de 40% da indústria de envase, por
vasilhames com defeito de fabricação, quebrados no processo em não conformidade
na qualidade desejada. Outros 40% são do mercado difundido por empresas diversas
ou catadores e 10% por bares, estabelecimentos alimentícios e turísticos, outros 10%
provenientes de refugo das indústrias vidreiras em geral (CEMPRE, 2004).
De acordo com Akerman (2014), no processo de produção do vidro, todo
material inserido no forno é transformado em produto, tudo é aproveitado. Se por
ventura algum material não se enquadra nos moldes da qualidade, o mesmo retorna
à cadeia produtiva, ingressa novamente no início da produção no forno, para gerar um
novo produto sem os defeitos apresentados anteriormente.
Akerman (2014), ressalta que neste processo de conformação da massa
vitrificável, existe a emissão de alguns poluentes gasosos provenientes das reações
químicas de descarbonatação apresentados previamente, assim como da combustão
das matérias utilizadas nos fornos para fornecer calor ao processo produtivo.
Dentre as vantagens da utilização do caco como matéria prima, a mais
importante se dá pela economia de energia. Visto que a energia necessária para
produção de vidros com as mesmas especificações e características de produtos
novos, oriundos de cacos no processo é consideravelmente menor. Pode-se comparar
a demanda de energia para produzir vidros a partir de matérias primas virgens, em
torno de 2,889 GJ/t, enquanto para produzir o mesmo produto exatamente igual a
partir de cacos de vidro, é necessária uma demanda de aproximadamente 1,616 GJ/t
(AKERMAN, 2014).
Akerman (2014), ainda afirma que o caco na transformação em vidro fundido
não emite gases provenientes de sua fusão. O benefício do caco na indústria vidreira,
além de diminuir a emissão de gases no processo de fusão também acaba por emitir
menos gases de efeito estufa na combustão do material que gera calor ao processo,
pelo motivo de demandar menos energia para fundir o vidro a partir dos cacos em
geral. Outro fato de estrema importância é quanto a longevidade dos fornos de fusão,
visto que são responsáveis por elevado investimento monetário para sua confecção e
para sua manutenção também. Com menor demanda energética no processo, acaba
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por aumentar seu período de utilização, é uma benfeitoria muito importante no


processo como um todo.
Além da utilização do caco mencionado anteriormente na produção de vidros
novos nas indústrias, a sucata também pode ser aplicada em outros ramos que
aproveitam esse material em sua composição, como asfalto para pavimentação das
vias urbanas, é utilizado em construção de sistemas de drenagem em locais que
sofrem com enchentes e inundações, é utilizado na confecção de espumas especiais
de fibra de vidro, utensílios pessoais como bijuterias, assim como em faixas reflexivas,
como exemplo as faixas das vias, os quais pelo efeito da aplicação do vidro, acabam
por refletir a luz dos faróis dos carros dando bua visibilidade (SEMPRE, 2020).
Uma característica muito importante na utilização do caco de vidro na
produção de vidros novos, é sua capacidade de manter suas propriedades físicas e
químicas após ser inserido no forno de fusão novamente. O vidro tem a capacidade
de manter suas características mecânicas também idênticas àqueles provenientes de
matéria prima virgem. Fazendo a separação necessária por cores, tipos e destinação,
pode-se manter as mesmas características desejadas para o produto final (PINTO,
2014).
O processo de produção do vidro com a adição do caco, gera benfeitorias tanto
para a sociedade como para a natureza e o ecossistema, visto que a retirada de
recursos naturais ainda que em abundância pode ocasionar uma escassez futura,
trazendo problemas para gerações seguintes. Com a utilização do caco, pode-se
mitigar prejuízos provenientes de emissões de gases de efeito estufa, assim como
reduzir os impactos ambientais supra-citados (SOUZA-DAL BÓ, 2019).
Ainda segundo Souza-Dal Bó (2019), um produto que passa por modificação,
alteração biológica ou físico-química das propriedades de determinado material, o
qual origina um novo insumo para uma cadeia produtiva, é chamado de material
reciclado, desta maneira o caco de vidro se enquadra nesta afirmação. Através de
uma gestão de resíduos sólidos, se consolida uma atividade de reciclagem, aos quais
se faz a recuperação e reutilização de tais resíduos como insumos secundários para
fabricação de novos materiais. Para esta atividade se tornar viável, se faz necessário
uma separação através de uma triagem primária, ao qual condiz com uma limpeza,
separação, prensagem ou carregamento de um material para reciclagem.
Para a saúde do ecossistema do planeta, todas as faces da sociedade
empresarial ou mesmo da sociedade em geral, deve-se atentar para os cuidados
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quanto a destinação de materiais que não será utilizado como produto acabado. Se
faz necessário uma redução na geração dos resíduos sólidos, agregando no cotidiano
das pessoas a preocupação quanto a não geração de resíduos, se acontecer, atentar
para redução, após reutilização, reciclagem, tratamento de resíduos e por fim,
disposição final de rejeitos. No caso do vidro, a vantagem em reutiliza-lo é de extrema
viabilidade, no que diz respeito a todas as suas características citadas a priori, não
permitindo assim sua destinação aos aterros sanitários, utilizando espaço preciso para
outros tipos de rejeito que precisam ser descartados corretamente. O vidro pode ser
reciclado centenas de vezes sem sofrer nenhuma alteração em suas características,
deve-se aproveitar ao máximo essa capacidade (SOUZA-DAL BÓ, 2019).
No momento da fabricação dos vidros, são gerados refugos na ordem de 10%
do volume de fabricação, por conta de defeitos apresentados nas peças no momento
da confecção. Parte desta produção defeituosa é prontamente descartada e
reutilizada como matéria prima secundária na produção. Junto a esse refugo usado
na produção, é adicionado material reciclado de cacos de vidro oriundos de outras
fontes de conformação de vidro, várias indústrias ou empresas de confecção ou de
aproveitamento dos vidros, que durante suas atividades acabam por gerar resíduos
decorrentes de suas atividades, retornam esse material para as indústrias vidreiras
dando a correta destinação para o reaproveitamento dos cacos de vidro (VARELA,
2005).
O próximo capítulo tratará da relação da utilização dos cacos de vidro na
produção de material novo, porém, destacando o maior desafio das indústrias
vidreiras, os contaminantes oriundo de grande parte deste material, se tornando um
desafio para as empresas lidarem com esse problema.
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4. CONTROLE DOS CONTAMINANTES NO CACO

Os cacos que serão encaminhados para reciclagem precisam passar por


rigoroso processo de controle de qualidade, pois pequenos contaminantes por
menores que sejam, causam severos danos nos processos de produção, danos
consideráveis nas paredes dos fornos de fusão, diminuindo assim sua vida útil.
Contaminantes como cristais, espelhos, lâmpadas e vidros planos em geral não
podem fazer parte da composição da massa vitrificável. No caso dos vidros planos,
não devem ser inseridos no processo de fabricação de embalagens pois sua
composição química é diferente, podendo causar danos nos vasilhames como trincas
nas embalagens. Todavia, percentuais de vidros planos em pequena quantidade
acabam sendo misturados por algumas indústrias nos processos de produção de seus
vidros de embalagens (CEMPRE, 2020).
Os cacos em hipótese alguma devem estar misturados com terra, pedras,
cerâmicas ou louças. Ainda que algumas pessoas possam pensar que as louças
podem ser misturadas com vidros pelo fato de ser cortante, as composições químicas
destes materiais são diferentes. Quando estes contaminantes estando misturados à
massa vítrea, são fundidos com as demais matérias primas, acaba por gerar
micropartículas nas peças prontas causando fragilidade ao vidro, mantendo o mesmo
com resistência mais baixa. Quando estão misturadas partículas de plástico, esta
irregularidade pode causar bolhas no produto final, e também pode acarretar o
aparecimento de coloração diferente daquela desejada. Outro grande problema para
a indústria vidreira na produção de vidros novos oriundos de cacos na massa
condicionada no forno, quando são inseridos metais provenientes das tampas das
garrafas, o mesmo pode causar bolhas e manchas no produto, assim como danifica
severamente o forno de fusão (CEMPRE, 2020).
Segundo Bussons (2012), no processo de reciclagem do vidro, a separação
correta tem papel fundamental para a qualidade do produto final. Sendo necessário
executar uma separação por cores, sendo (âmbar, verde, translúcido e azul), uma
separação por tipo também, (plano, canelado, vidros domésticos, etc.). A finalidade
desta separação é de garantir as características e qualidade de cada tipo de vidro.
Ainda de acordo com Busson (2012), os vidros que serão destinados à
reciclagem e retornarão ao processo de produção novamente, deve passar por um
processo de triagem para retirada de materiais contaminantes, O mesmo deve ser
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acomodado em uma esteira, com pessoal qualificado, quebrando as embalagens que


estão inteiras e retirando do meio do material reciclado todos os tipos de
contaminantes supracitados, os quais podem causar grandes danos no momento de
produção industrial.
De acordo com Dório e Almeida (2018), para que os vidros provenientes de
reciclagem possam ser introduzidos como cacos na alimentação dos fornos de fusão,
o mesmo deve passar por um processo de beneficiamento, para uma retirada
detalhada das impurezas constituídas no material. Impurezas destacas como objetos
de metal, pedras, concreto, matéria orgânica, plástico e mesmo pedaços de madeira
e papel. Após a etapa de beneficiamento, o vidro já limpo e separado por cores,
triturado e balanceado para compor parte da matéria prima necessária para produção
de vidros novos, o mesmo pode entrar em operação nas indústrias vidreiras.
Um fator muito importante de acordo com Arkeman (2014), é o tamanho do
grão de sílica, a granulometria se apresenta como um importante fator para manter a
qualidade de produção dos vidros. Sendo que usualmente se usa uma granulometria
no parâmetro de 0,1 e 0,6 mm de diâmetro. O tamanho dos grãos se torna um fator
muito importante, visto que a sílica tem um processo de fusão mais difícil, demora
mais para derreter no banho de vidro composto por calcário, sódio e outros minerais.
Desta maneira, quando a partícula passa pelo limite de 0,6 mm de espessura, o
processo de fusão demora além do previsto, acarretando uma diferença na
especificação do mesmo, o que gera algumas consequências indesejadas para a
indústria como um todo.
Ainda de acordo com Akerman (2014), outro fator importante que pode causar
um acontecimento indesejado, é o fato de que se algum resíduo de grão de sílica não
fundido, o qual permanece na massa vítrea no momento do banho de vidro líquido,
após sair pelo final do processo e não sendo percebido antecipadamente, pode
acarretar em inclusões sólidas, que são imperfeições no produto final, como pequenas
bolhas, imperfeições perceptíveis no produto.
Um pequeno contaminante pode pôr a perder um trabalho realizado causando
transtornos e estragos. Um exemplo é uma pequena partícula inferior a 1 mm de
diâmetro, quando em contato com parte da massa vítrea que está formando uma
chapa de vidro plano com 10 mm de espessura, e suas dimensões em torno de 10
m2, chegando a pesar 250 Kg, em um processo de têmpera deste vidro, a chapa pode
sofrer uma ruptura, vir a quebrar, gastando tempo no processo, energia para poder
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fazer outra chapa com as mesmas proporções, assim como um transtorno para
rastrear de onde pode ter surgido tal inclusão. Por essa maneira, muitas empresas
tendem a utilizar os cacos provenientes de sua própria empresa, de seus refugos,
para poder mitigar a ocorrência de contaminantes em seu processo de produção
(AKERMAN, 2014).
Simões (2013), destaca a importância da separação de material contaminante
do vidro reciclado. O vidro laminado como os utilizados nos veículos, possui em seu
interior uma película de polímero, dando uma segurança para os consumidores deste
tipo de produto, sendo que, em caso de um acidente ou mesmo por qualquer razão, o
vidro vir a sofrer uma ruptura, os estilhaços do vidro não se espalham para o ambiente
em redor, podendo causar ferimentos nos ocupantes do veículo, mas mantêm os
estilhaços fixados na película de plástico, dando segurança para os ocupantes. De
outra forma, esta benfeitoria para a segurança em geral, pode acarretar em um
problema na hora da reciclagem deste caco, pois o polímero não deve estar agregado
a esta no momento de ser inserido nos fornos de fusão. Logo, em um rigoroso
processo de separação acontece na etapa de moagem nas empresas de
beneficiamento deste material para reciclagem, onde nesta etapa, as partículas de
vidro se desprendem quase que por completo das lâminas de polímero, podendo
assim fazer parte da massa vitrificável para fabricação de vidros novos.
Ainda segundo Simões (2013), no processo de obtenção de vidro plano através
da reciclagem de vidros laminados de origem automotiva, após a devida separação
dos demais materiais, este resíduo passa por moinhos diferenciados para a moagem
do mesmo. O processo de moagem é realizado várias vezes até que as partículas de
vidro se desprendam das películas de plástico. Após o processo de separação, a
película de plástico presente uma coloração um tanto opaca, diferente de sua
característica original, a qual era translúcida, a mesma se encontra em vários
fragmentos com tamanhos diversos. Este material é destinado a aterros sanitários,
não é aproveitado em outros processos de beneficiamento como matéria prima,
porém, os cacos de vidro oriundos deste processo são destinados em sua maioria
para as indústrias vidreiras de confecções de vasilhames, onde aproveitam esse
material já limpo em suas produções, reduzindo gastos com energia, água e matéria
prima.
O processo de reciclagem do vidro é extremamente importante, fazendo com
que cada tipo de material seja direcionado para correta aplicação pós consumo. Uma
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simples, porém, importante prática para eficiente separação do vidro, é condicioná-los


de acordo com o tipo de vidro, sendo garrafas com garrafas, potes com potes, e assim
sucessivamente. Não manter os sacos plásticos que continham o vidro para
reciclagem junto dos mesmos no ambiente de coleta, não misturar de maneira alguma,
materiais de diferentes composições ao vidro, como cerâmicas, objetos de cristal ou
os chamados “pirex”, pois estes apresentam composições químicas distintas umas
das outras, trazendo problemas no momento de seu reaproveitamento nos fornos de
fusão (COREVE, 2020).
A coleta do material para reciclagem deve seguir uma orientação quanto ao
cuidado em seu transporte ou armazenamento, evitando que o material seja
esmagado ou quebrado excessivamente, pois desta forma, em um processo de
separação posterior pode-se tornar difícil a identificação e separação de materiais
contaminantes. Algumas industrias mais sofisticadas possuem máquinas capazes de
fazer a identificação de material contaminante, seja qual for, e o descarte dos mesmos,
permitindo uma maior recuperação de resíduos de fina granulometria, em torno de
4mm, os quais, anteriormente eram descartados (COREVE, 2020).
Por outro lado, a fração ainda mais fina dos resíduos de vidro, que possam
conter poluentes não podendo ser removidos pelas máquinas supracitadas, ainda
assim passam por um processo de recuperação de acordo com certas condições.
Sendo feita a retirada de alguns desses poluentes de carga orgânica por meio de
processos químicos, e triturando o restante em “areia de vidro”, resultando em um
material utilizado pela construção civil, em que suas características estão sendo
desenvolvidas e estudadas a fundo para aumentar ainda mais a gama de reciclagem
do vidro (COREVE, 2020).
Uma ferramenta muito importante em algumas indústrias vidreiras, consiste no
fato da capacidade de separação do caco de vidro por cor, dando a devida destinação
para o mesmo. Tal maquinário é capaz de distinguir o caco de vidro verde, do âmbar
assim como do incolor, da mesma maneira com as demais cores. Vale ressaltar a
importância da aplicação da sucata junto a matéria prima de produção de acordo com
a cor do caco, pois os resíduos estando misturados, como estando classificados como
“caco misto”, o mesmo pode compor matéria prima para produção de vidro colorido.
Onde para confecção de vidros na cor âmbar e na tonalidade incolor, apenas resíduos
da mesma cor, podem fazer parte na alimentação do processo (COREVE, 2020).
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Os fornos de fusão que produzem os vidros verdes, sendo destinados para


utilização em frascos de azeite, suco de uva, vinhos e outros, podem fazer uso de
uma proporção em massa de até 90% da composição da massa vitrificável, não sendo
uma fração maior devido a ocorrência de pequenas partes de cerâmica, cristal ou
“pirex”, mesmo em quantidades relativamente pequenas, porém, podendo causar
grandes danos ao processo como um todo (COREVE, 2020).
Para efetiva reciclagem de vidro e utilização dos cacos como matéria prima
secundária, deve-se evitar misturar vidros de diferentes composições, pois tais
misturas afetam consideravelmente a produção. Na maioria das vezes contaminantes
como os citados a priori, apresentam um maior ponto de fusão que os vidros de
embalagem si. As cerâmicas por exemplo, quando inseridas nos fornos de fusão junto
com os cacos de vidro, apresenta um elevado ponto de fusão, desta maneira, o vidro
já derretido, envolve essa partícula de cerâmica que não derreteu, ao longo do
processo, na conformação de alguma peça de vidro, essa partícula de material
contaminante enfraquece a peça de vidro que vem a sofrer uma ruptura. Isso sendo
apenas uma pequena partícula de cerâmica, sendo uma quantidade importante, tende
a causar mais danos ao processo. Da mesma maneira acontece com o cristal e com
o “pirex”, pois apresentam também elevado ponto de fusão, causando transtornos no
processo de fabricação dos vidros (COREVE, 2020).
Além dos contaminantes elencados acima, destacam-se os materiais
orgânicos, como plástico, papel e terra. Tais materiais tendem a se volatilizarem nos
fornos de fusão sobre altas temperaturas, porém, se inseridos em excesso, podem
acarretar em uma mudança na atmosfera do forno, causando como resultado reações
químicas indesejadas dentro dos mesmos, causando mudança nas cores do vidro
assim como bolhas no produto final. Materiais ferrosos por sua vez, também provocam
manchas no vidro, bolhas, pontos distintos da tonalidade requerida, assim como
tendem a causar interações com a parede dos fornos, levando a graves danos em sua
estrutura. Os vidros farmacêuticos por sua vez, devem ser muito bem higienizados
para retirada de possíveis contaminações químicas indesejadas, assim como os
vidros planos, por sua vez, não devem ser reciclados junto aos vidros de embalagens,
para se evitar possível contaminação das várias citadas anteriormente (ABVIDRO,
2020).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de produção do vidro se desenvolveu expressivamente desde sua


iniciação, angariando novos conceitos, técnicas e práticas para elaborar as mais
variadas formas de produtos feitos de vidro, atendendo as exigências da sociedade
quanto a qualidade e finalidade da produção do vidro. Os diversos meios de fabricação
desenvolveram maneiras de explorar ao máximo a capacidade de se reinventar
sempre algo novo com relação a utilização do vidro na sociedade.
O caco de vidro se apresentou como um elemento fundamental para
reaproveitamento de seu descarte de forma adequada, assim como para atribuir
efetiva vantagem monetária e ambiental às indústrias vidreiras. Economizando
matéria prima virgem, assim como baixando expressivamente o consumo de energia
também o consumo de água. Agrega vantagem da mesma maneira à sociedade,
gerando mais empregos além de liberar espaço de suma importância nos aterros
sanitários destinados a outros tipos de descarte de materiais.
Um rigoroso controle dos insumos provenientes da reciclagem dos vidros pôde
ser observado, visto que os cacos de vidro estando misturados com diversos tipos de
material, podem resultar em contaminação grave nos processos de produção,
trazendo prejuízos aos fornos de fusão, os quais são o coração da produção de vidros
em geral, semelhantemente trazendo prejuízos a produção final, causando
imperfeições e descarte desnecessário. Finalmente, com tal aplicação dos rigorosos
meios de segregação dos cacos e seus contaminantes, pode-se obter um resultado
final mais que satisfatório.
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REFERÊNCIAS

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26

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