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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ

RELATÓRIO DE PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO


SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO ORGANIZAÇÕES NÃO
ESCOLARES

MARINEIDES DOS SANTOS GOMES

SAMPAIO - TO
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INTRODUÇÃO

O trabalho tem como objeto de estudo a atuação do pedagogo no Terceiro


Setor, especificamente do seu trabalho de gestão nas ONGs (Instituições Não
Governamentais). Questiona-se sobre os desafios na formação do pedagogo para
sua participação na elaboração, desenvolvimento e avaliação de programas e
projetos educacionais nas ONGs, sobre a especificidade do seu trabalho e atuação
na equipe multiprofissional tendo em vista a diversidade de situações/contextos e
atores sociais aos quais são direcionados os trabalhos das ONGs.
A articulação entre saberes profissionais nas ONGs é necessária para que o
processo educativo aconteça de forma favorável e significativa, tendo em vista seus
objetivos e finalidades diferentes de acordo com as necessidades do público alvo
(GOHN, 2010). Esta tarefa caminha exatamente no campo da Pedagogia, ao
estabelecer diretrizes à prática educativa de forma produtiva, intencional, sistemática
de acordo com as determinações da sociedade (LIBÂNEO, 2008). Saviani (2004, p.
58) enfatiza que “a Pedagogia é uma teoria construída a partir e em função das
exigências da realidade educacional” e, ainda que “a função política da educação se
cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente
pedagógica” (2008, p. 72).
Educação é um processo de aprendizagem que acontece em diferentes
espaços. Ao empreender uma discussão sobre processos educativos, a primeira
imagem apresentada é a escola. No entanto, ao observar o cotidiano, a escola não é
o único espaço onde o aluno aprende; espaços como o próprio lar, uma igreja, rua
ou clube também são suscetíveis de estudo.
A Pedagogia, ‘teoria geral da educação’, interpenetra continuamente teoria e
prática: “a teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática e a
ação prática orientada teoricamente” (LIBÂNEO, 2008, p. 28). A Pedagogia é ‘práxis
educativa’, isto é, prática social intencionada (FRANCO, 2008; LIBÂNEO, 2008b)
que se ocupa “dos processos educativos [...], um campo de conhecimentos sobre a
problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma
diretriz orientadora da ação educativa” (LIBÂNEO, 2008b, p. 29).
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ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA ONG

O meu estágio aconteceu em uma associação chamada Colônia de


Pescadores Z2 de Sampaio.
A ONG Colônia de pescadores Z2 de Sampaio, funciona em um prédio prório
desde a sua abertura em 03 de dezembro de 2007, onde funciona de maneira
privada.
Tem como responsável o presidente Anderson Dias da Silva, e sua auxiliar a
senhora Maria Raimunda dos Santos.
No local tem apenas mais uma funcionária que não presta serviço todos os
dias.
A mesma vai apenas quando é chamada para ajudar no lançamento de dados
no sistema.
A colônia de pescadores é uma entidade de classe que congrega
os pescadores profissionais e artesanais, defende seus direitos e os orienta em
relação às questões da atividade pesqueira. Funciona de forma semelhante a um
sindicato e deve ter personalidade jurídica estabelecida.
Os documentos levantados na Colônia são importantes para a compreensão
do seu funcionamento e da sua organização.
Neste estatuto, são determinadas as diretrizes legais, tais como: finalidade,
sede, jurisdição e outros, bem como deixa claro a quem a Colônia é subordinada.
Dentre outras questões previstas em estatutos dessa ordem, está a obrigatoriedade
da Colônia em cumprir suas obrigações conforme o exigido pela Confederação
Nacional dos Pescadores e Aquicultores e a Federação dos Pescadores do Estado
do As informações contidas no estatuto estabelecem que a existência da Colônia é,
por tempo indeterminado, naquela localidade. No entanto, de acordo
As relações de sociabilidades entre os pescadores vão muito além daquelas
possíveis durante a prática da pesca. É muito comum, aos domingos, depois de
encerradas as atividades pesqueiras, os pescadores se reunirem, na colônia, para
confraternizarem através da comensalidade de pescados. Essa confraternização
pode ocorrer, somente, entre os pescadores, mas, em muitas vezes, ela se estende
aos outros “habitantes” das areias, ou seja, os vendedores ambulantes
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A colônia de pescadores do município de Sampaio do Tocantins, conta com


aproximadamente 350 pescadores associados que juntos produzem em média uma
tonelada de pescado por mês. As espécies mais comuns na região são: Pacu, Pau,
Barbado, Traíra, Cará, Mandi-moela, Tucunaré, Curvina, Cari, Cachorra e outros.
Segundo o presidente da colônia de pescadores de Sampaio, Anderson Dias
da Silva, esta atividade é importante, “porque além de gerar mais renda para os
pescadores e movimentar mais a economia da região, o conhecimento fica com
cada pescador, e ele poderá repassar para outros”, concluiu Anderson Dias.

OBSERVAÇÃO PRÁTICA

Durante os dias em que estive estagiando na colônia de pescadores, observei


a harmonia entre os integrantes da equipe com os pescadores e comunidade em
geral.
Na minha prática, ajudei a recepcionar o publico que se aproximava e se
dirigia a colônia para tratar de assuntos do interesse deles.
Digitei vários documentos a serem lançados no sistema e no sistema de
arquivamento online.
Observei que no local ainda há muitos materiais arquivados em papel.
Porém uma das atividades na qual achei mais interessante para o pedagogo
no decorrer deste estágio, foram as palestras para explicar sobre alguns assuntos e
repassar informações na qual tinham duvida. Ou seja, o relacionamento com o
publico foi de grande valia.
Tradicionalmente, a pesca é exercida por homens ou, pelo menos, é isso o
que pensa o senso comum. Talvez pelo peso da rede, pelo tempo de afastamento
de casa, ou pela exposição a intempéries naturais, tais como chuva, sol, vento,
umidade e afins, o papel da mulher na pesca é bastante dado pela feitura ou
conserto das redes de pesca.
As mulheres da Colônia estão fora da tradicional fabricação, função está
exercida naquele espaço por homens. A maioria deles conserta as próprias redes,
ou, quando estão muito estragadas, compram uma nova, que não necessariamente
é artesanal.
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Mas também as mulheres que fazem parte das famílias da colônia de


pescadores participam de cursos para ajudar a melhorar até mesmo a alimentação
da família, até mesmo como manusear os peixes.
No período do estágio houve cursos oferecidos pela Universidade Federal do
Tocantins para as mulheres.
Nos dias atuais, não basta saber pescar, é preciso conhecer as novas
técnicas de manejo correto, higiene, acomodação dos peixes e aprender também as
várias opções de produtos que podem ser criados a partir do pescado. Para
alcançar esses resultados, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal
do Tocantins (UFT) realizou, na sexta-feira,19, em parceria com a Agência
Tocantinense de Ciência, Tecnologia e Inovação (Agetec), uma capacitação sobre
processamento do pescado com cerca de 30 pescadores e piscicultores de Sampaio
do Tocantins, região do Bico do Papagaio.
A ação faz parte das atividades de extensão do Laboratório de Tecnologia de
Carnes e Pescados do Curso de Engenharia de Alimentos da UFT, dentro do
subprojeto Rede Peixe, desenvolvido por meio do convênio Tecnologias Sociais,
com o intuito de fortalecer a cadeia produtiva do peixe no extremo norte do Estado.
Segundo o coordenador da pesquisa Rede Peixe, professor Pedro Ysmael
Mujica, estes cursos têm como objetivo capacitar os pescadores das colônias dos
municípios beneficiados com o projeto para que eles possam aplicar as Boas
Práticas de Fabricação (BPF), durante a captura, acondicionamento,
beneficiamento, processamento, distribuição e comercialização do pescado, bem
como, aplicar técnicas de processamento do pescado para elaborar hambúrguer,
almôndega, quibe, linguiça, dentre outros.
“A intenção é agregar valor ao pescado proveniente da região e produzir com
qualidade, para que, desta forma, as colônias possam adquirir o Selo de Inspeção
Municipal (SIM), requisito obrigatório para comercializar o pescado produzido na
região para o Programa de Alimentação Escolar (PNAE), e para outros Programas
Sociais de Combate à Fome, aumentando o lucro dos pescadores”, explicou o
pesquisador Pedro Mujica.
Pesquisa
Os participantes aprenderam na prática como fazer cortes diferenciados no
peixe, cuidados com a higiene e uma variedade de formas de preparo e
comercialização do pescado, agregando valor ao produto. “A maioria das pessoas
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aqui são pescadores artesanais. Por falta de qualificação, eles têm dificuldades na
comercialização dos peixes e acabam repassando o seu produto muito barato para
os atravessadores, que lucram em cima desses pescadores”, relatou o engenheiro
de alimentos Eduardo dos Anjos, coordenador técnico da pesquisa.
Dentro dessa pesquisa, já foram realizadas outras etapas, como um
diagnóstico sociocultural desses pescadores e outras capacitações sobre como se
organizar em cooperativas, plano de negócios e gestão financeira.
O projeto já começa a mudar a vida de muitos pescadores e piscicultores da
região, como é o caso de Marlene Brito Melo, que cria peixes e comercializa nas
feiras das cidades vizinhas. “Essa qualificação vai me ajudar porque a gente só
vendia o peixe inteiro e agora eu vou poder oferecer esse peixe em cortes na
bandejinha, o filé e de outras formas atendendo mais fregueses”, contou a
piscicultora.
A pescadora Eliane Gomes de Almeida todo ano vende peixe no período de
praias e conta que perdia muitos clientes por falta de opções de pratos. “Agora,
depois de participar desse treinamento, nós temos capacidade de oferecer mais
variedades de pratos para os turistas e clientes na barraca”, afirmou Eliane Gomes.

ATIVIDADE PESQUEIRA

Para receber a carteira de pesca, o pescador precisa de duas testemunhas


registradas na Federação para comprovar que ele, realmente, desenvolve o trabalho
de pesca. Os sócios pagam uma quantia mensal à colônia para sua manutenção de
espaço e para ajudar com o deslocamento da presidência nas reuniões. Lá, eles
renovam a carteira de pesca, vão à procura de benefícios como salário maternidade,
pensão por invalidez, aposentadorias, empréstimos, financiamentos em bancos,
entre outros.
Os pescadores associados são, na maioria, filhos de pescadores que seguem
a profissão do pai ou do avô com quem aprenderam a pescar. Utilizam como
instrumentos de trabalho barcos, redes, tarrafas, anzóis, facas, caixas de isopor
(alguns usam para armazenar o peixe com pedras de gelo). Eles possuem canoas,
lanchas pequenas e barcos movidos a remo, outros com motor a diesel; uns pescam
sozinhos, outros, em dupla.
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As famílias atendidas pela colônia de pescadores são simples e contam com


pouca escolaridade. O que torna válido um trabalho voltado aos filhos desses
pescadores, visto que, muitas vezes, por não terem frequentado à escola, os pais
não incentivam seus filhos a estudarem nem a adquirirem o hábito de ler.
Todo aprendizado é de grande valia para o educando principalmente na área
de pedagogia. Esses aprendizados são riquíssimos para que o aluno em formação
possa chegar na prática com muito conhecimento na bagagem.

REFERÊNCIAS

Jodevaldo Pereira. Colônia de pescadores e piscicultores de Sampaio aprendem


técnicas de processamento de pescado. Disponível em:
<https://www.to.gov.br/secom/noticias/colonia-de-pescadores-e-piscicultores-de-
sampaio-aprendem-tecnicas-de-processamento-de-pescado/53fdbwr9478z> Acesso
em: 20/07/2022

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