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Movimentos separatistas

Existem diversos movimentos separatistas no mundo de povos que não se sentem parte
do seu país original, até mesmo aqui no Brasil. Três desses movimentos chamam atenção
pelo seu tamanho e influência, fazendo qualquer separatismo brasileiro parecer
brincadeira. São eles o da Catalunha, Hong Kong e Curdos.

Catalunha:
A Espanha é dividida em Comunidades Autônomas, são como estados, mas com
autonomia legislativa, competências executivas, tem seu próprio parlamento e presidente,
porém respondem ao governo central da Espanha. Uma dessas comunidades é a
Catalunha, com língua própria e um gigantesco nacionalismo.
Em 2012, mais de um milhão de pessoas manifestaram pela independência da
Catalunha, 1/7 de sua população. Em 2015, foi eleito um governo pró-independência. Em
outubro de 2017, um referendo considerado ilegal pela Espanha foi realizado a respeito
de independência, e teve 90% “Sim” (2 milhões de votos). 10 dias depois, o presidente da
comunidade declarou independência e, ainda nesse mês, o Senado da Espanha aprovou
a instituição do artigo 155 da constituição, dando poderes ao governo central para intervir
e preservar a união do país. O presidente catalão, seu vice e muitos administradores
regionais foram depostos ou presos.
Os catalães querem se separar pois afirmam não recebem o que pagam ao
governo central de volta, além de terem uma cultura muito distinta do resto da Espanha.
20% do PIB da Espanha assim como sua segunda maior cidade, Barcelona, estão na
Catalunha, por isso, não está em seu melhor interesse permitir qualquer independência.

Hong Kong:
Hoje uma região administrativa especial da China, Hong Kong pertenceu ao Reino
Unido até 1997, quando foi devolvido a China com o acordo de que o sistema econômico
capitalista já implantado continuaria em vigor até pelo menos 2047. A China concordou…
do jeito dela.
Hong Kong era basicamente um estado chinês com benefícios que o resto da
China continental não tem, coisas simples como liberdade de expressão e mídia sem
censura. Mas isso mudou com a chegada do presidente Xi Jinping, que ao contrário do
governo levemente mais liberal de antes, via Hong Kong como uma ameaça. Então
lentamente, os laços em volta de Hong Kong foram ficando mais apertados.
Em 2014 começa a Revolta do Guarda Chuva. Ocorrem uma série de
manifestações exigindo eleições mais transparentes e o fim do controle do governo de
Pequim sobre quais candidatos poderiam disputar o poder local. A polícia dispersou os
manifestantes depois de quase 3 meses de protestos, o que eles não imaginavam era que
fosse acontecer de novo.
A Revolta retorna em 2019, quando um projeto de lei foi apresentado por Carrie
Lam, conhecido como “Lei da extradição” que permitiria que alguns cidadãos fossem
deportados para serem julgados na China continental. Os manifestantes exigiam o
descarte completo dessa lei. Os confrontos com a polícia foram escalando em violência,
até chegarem em níveis letais. O mais surpreendente é que o objetivo foi cumprido, e a lei
não foi aprovada.
Não existem um movimento claro de independência de Hong Kong da China, Xi
Jiping uma vez disse que qualquer tentativa de dividir a China terminaria em “corpos
esmagados e ossos quebrados”, logo é trivialmente fácil de perceber que ninguém em sã
consciência quer ser governado pela China.
Curdos:
Os Curdos são o quarto maior grupo étnico do Oriente Médio e a maior população
sem um Estado próprio do mundo, com cerca de 30 milhões de pessoas. O Curdistão,
nação proposta para o povo, pegaria parte da Turquia, Iraque, Irã, Síria e Armênia.
Não é difícil de entender porque a criação desse território é extremamente
improvável. Não menos que 5 países teriam que ceder uma grande parte de seu território
para o povo curdo. 20% da população da Turquia é curda, por isso o governo turco tenta
de todo modo reprimir a criação de um Estado curdo, por meio de investidas militares,
ilegalização de costumes e celebrações, etc.
No Iraque a história é bem parecida com a da Turquia, se não pior. Mais de 200 mil
curdos tiveram que fugir do país por conta da operação “Pilhagem de Guerra”, que levou
a destruição de mais de 2 mil aldeias e 100 mil vítimas.
O PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), foi fundado com o objetivo de
formar um Curdistão unido. A Turquia os considera como um grupo terrorista, o que não
está muito longe da realidade, já que eles de fato cometiam atentados terroristas até os
anos 90. Outro país que considera o PKK terrorista é os EUA, fato que é estranho
considerando que os americanos e os curdos já foram aliados em múltiplas ocasiões
contra o estado islâmico. Isso revela uma falta de união entre os próprios curdos. Existem
grupos armados que lutam pela própria independência, e existem outros que praticam o
terrorismo. A linha entre certo e errado é borrada aqui.
Os curdos ganharam mais espaço na mídia mundial com a guerra na Síria. Alguns
territórios ao norte do país foram conquistados e uma espécie de proto Estado foi
organizado. Exércitos formados por mulheres guerrilham contra o estado islâmico e,
inclusive foram aliados dos EUA nesse aspecto, deixando as coisas ainda mais confusas.
Para resumir, os curdos são um povo gigantesco, dividido entre pelo menos 5
países, com uma luta e repreensão diferente em cada um deles, fazendo com que
medidas tão drásticas precisassem ser tomadas por sua parte que fica difícil de dizer
quem está certo e quem está errado.

Alvaro Radavelli da Costa


4º Mod. Mecatronica

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