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1. Transcendência (imanência)
Transcendental: Na escolástica, o termo era utilizado para designar categorias mais gerais que
transcenderiam as categorias aristotélicas. Os transcendentais seriam assim o ser, o verdadeiro, o
bem e o belo, caracterizando tudo aquilo que é, sendo no fundo aspectos da mesma coisa, o Ser.
Na filosofia kantiana, também caracterizada como filosofia transcendental, trata-se do ponto de vista
que considera as condições de possibilidade de todo conhecimento. Nesse sentido, não deve ser
confundido com o termo “transcendente”. “Chamo transcendental todo o conhecimento que, em
geral, se ocupa menos dos objectos do que de nossos conceitos a priori dos objectos. Um sistema de
conceitos desse tipo seria denominado filosofia transcendental... Não devemos denominar
transcendental todo conhecimento a priori, mas apenas aquele pelo qual sabemos que e como certas
representações (intuições e conceitos) são aplicadas ou possíveis simplesmente a priori
(“transcendental” quer dizer possibilidade ou uso a priori do conhecimento)” (Kant, Crítica da Razão
Pura).
Carácter de tudo o que ultrapassa uma média. No sentido estritamente filosófico, a transcendência
implica uma natureza absolutamente superior às outras, ou de uma ordem radicalmente diferente.
É, portanto, mais particularmente Deus, com relação ao mundo e aos seres imanentes (o que exclui
qualquer concepção panteísta). Em Kant é transcendente o que está além de qualquer experiência
possível. Na fenomenologia e, depois, no existencialismo, o transcendente caracteriza o que visa a
consciência, ou seja, aquilo em direcção ao que ela tende ao mesmo tempo que daí permanece
distante.
1.1. A pseudoTranscendência
Na explicação sobre a transcendência, vimos que esta é a faculdade que o ser humano tem de romper
os interditos ou os seus limites; a pseudo transcendência é muito mais alem da transcendência e,
actualmente esta é promovida de maneira inflacionada.
Exemplos e as experiências encontrados no marketing, do show bizz, do entretenimento nacional e
mundial.
A maior de todas as pseudotranscendências é a droga. Ela permite uma viagem fantástica, feita não
pela espiritualidade, mas pela química. Com elas rompem-se todos os limites, vive-se a onipotência
e se voa para além dos limites da condição humana cotidiana.
O problema da droga não é a viagem, é a volta da viagem, quando então não se suporta mais o
cotidiano. O cotidiano que é a imanência, que é a rotina chata, a obrigação diuturna de trabalhar, de
levantar, de seguir horários, de pagar contas, tudo isso é enervante. Então, é melhor viajar, saltar para
fora dessas limitações, artificialmente, a preço de destruir a liberdade e a vida.
Para se saber se a transcendência é boa, se potencializa o ser humano ou o diminui, se representa uma
fuga do cotidiano ou não; se a experiência não amplia nossa liberdade, não nos faz mais compassivos,
generosos e solidários, podemos dizer seguramente: fizemos uma experiência de
pseudotranscendência.
Como se pode notar, na pseudotranscendência saímos mais empobrecidos em nossa realidade
essencial, pois, exploramos a capacidade de ultrapassagem, mas, não confere uma experiência de
duradoura, a química presente nela não confere liberdade.
Boa transcendência: É diferente a viagem feita a partir de um trabalho de busca de sua identidade e
de um caminho espiritual mais árduo. Um trabalho onde domesticamos passo a passo os demônios
que nos habitam, sem recalca-los, sem cortar-lhes os chifres, mas controlando-os e canalizando a
energia poderosa deles para o nosso crescimento. É a experiência da transcendência fecunda,
verdadeiramente humana.
2. Religião
Religião é uma palavra de origem latina (re-ligere) e pode significar rigidez, releitura, reeleger e/ou
religar. Assim, a religião seria aquilo que nos religa ao sagrado.
Desde os tempos mais primitivos, os primeiros seres humanos sentiram necessidade de explicar
fenómenos naturais como a chuva, vento, eclipses, etc. Da mesma forma, queriam entender os
acontecimentos como o nascimento e a morte. É esta necessidade de explicação que vai gerar a busca
por um mundo metafísico ou seja: além da física, além daquilo que posso ver e tocar.
Assim, como um fenómeno inerente à cultura humana, as religiões se configuram como conjunto de
sistemas culturais e crenças. Possuem conteúdo Metafísico, nos quais se busca relacionar a
humanidade com o mundo espiritual. De toda forma, esta é uma definição ocidental. Isso porque não
existe uma palavra equivalente na cultura oriental (no hinduísmo e budismo, Dharma é o conceito
mais aproximado).
As possuem em comum alguns aspectos religiões como:
i. carácter público,
ii. hierarquias clericais,
3. Divindade
O termo divindade é sinónimo de Deus ou deidade, ou seja, um ser supremo idolatrado pelos humanos
que exerce algum poder sobre eles. Ao longo da história da humanidade existiram várias maneiras de
entender o termo divindade e cada uma delas tem formado uma tradição religiosa e cultural. As mais
variadas divindades são avaliadas como força de ordem superior e, ao mesmo tempo, como entidades
criadoras e sagradas.
O judaísmo, o cristianismo e o islamismo são três religiões monoteístas. Embora cada uma delas
tenha suas próprias doutrinas e dogmas, há um elemento em comum: a crença em um único Deus
verdadeiro.
A divindade cristã tem uma característica única, já que a natureza de Deus é a Trindade, isto é,
formada por Três pessoas em uma só: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O dogma da Trindade é
maioritário dentro do cristianismo, mas algumas igrejas não aceitam plenamente, por exemplo, as
testemunhas de Jeová e os Mórmons.
No judaísmo, acredita-se em um Deus que se revela ao povo judeu e que tem influência na história
para que os judeus alcancem sua libertação. Trata-se de um Deus não acessível e, ao mesmo tempo,
próximo ao seu povo. É o criador de tudo o que existe.
No Islamismo, Deus ou Halá é um ser único, omnipotente e criador do universo em sua totalidade.
Ao mesmo tempo, deve ser adorado e obedecido pelos seres humanos.
Durante a Idade Média, predominava a Filosofia Escolástica quando o Teocentrismo será valorizado.
Será durante o Renascimento que este modelo começará a ser questionado. Vale destacar também o
advento da expansão europeia pelos continentes levou a religião ocidental pelo mundo. Contudo,
também travou contacto com culturas e religiões muito distintas daquelas conhecidas até então.
Actualmente, nos países da Europa, há certo declínio da religião, sobretudo cristã. Por outro lado, o
Cristianismo cresce nos Estados Unidos, na América Latina e na África. O Islamismo se expande
pelo sudeste asiático e Europa; e o Hinduísmo, Budismo e Xintoísmo ainda são a maioria no Extremo
Oriente. Importa destacar também o Protestantismo, em sua vertente pentecostal, que vem crescendo
na América Latina.
Por fim, enquanto componente fundamental da cultura humana, a Religião foi motivo de inúmeras
guerras. Além disso, estruturou sociedades e definiu o conhecimento científico, filosófico e artístico
durante muitos séculos.
Panteístas: as mais primitivas manifestações religiosas, não possuem livros sagrados, divinizam
elementos naturais como o vento, a água, o fogo, os animais, dentre outros.
Ateístas: negam a existência de um ser central e supremo (o qual, para elas, seria o Vazio ou um
Não-Ser). Não crêem em deuses personificados, mas acreditam em forças invisíveis, como
fenómenos da natureza inexplicáveis. Deste modo, prega-se a interdependência harmónica do
Universo, equilibrado por meio do Tao ou encontrado no Nirvana. São exemplos, o Budismo, na Índia
e na China, o Taoísmo e o Confucionismo.
Monoteístas: são as religiões mais recentes e populares (cerca de 50% da população mundial),
possuem Livro Sagrado no qual está presente a verdade da Revelação Divina, onde se estabelece a
divindade soberana e eliminam-se adorações independentes. É curiosa a escassez de representações
do Deus supremo, enquanto as entidades menores (como os anjos) são muito retratadas. Outro detalhe
é que o Deus único (Hebreu, Cristão e Islâmico) são masculinos e absorveram os elementos femininos
como a bondade.
O ser humano é único que pode conscientemente escolher e direcionar as suas acções, tornando claras
as intenções de sua essência e, através de suas atitudes, demonstrar o valor de suas palavras, o poder
de seus pensamentos e o calor de seus sentimentos em tudo o que realiza. As atitudes ocupam um
espaço considerável na vida, influenciando inúmeras decisões e comportamentos. E, à medida que as
pessoas se relacionam com o meio social, formam atitudes em relação a esse ambiente. Para
Rodrigues (2001), atitude é uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de
carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, e que predispõe a uma ação coerente com as
cognições e afetos relativos a esse objeto.
A essência da religião não poderia ser obtida nem dogmaticamente nem indutivamente por
comparação entre as religiões instituídas. Enquanto expressão vivencial do ser humano deve ser
captada em estado originário partindo do modo como desponta na consciência.
Michener, Delamater e Myers (2005) afirmam que as atitudes são constituídas de três dimensões
principais: o componente cognitivo, o componente afetivo e o componente comportamental. O
primeiro consiste na elaboração (pensamentos) e considera as crenças que o indivíduo têm a respeito
de algo ou de alguém; o componente afetivo refere-se às emoções ou sentimentos do indivíduo,
gerados a partir da experiência afetiva da situação, e, por fim, vem o componente comportamental,
que está relacionado com a probabilidade ou tendência do indivíduo em comportar-se de maneira
específica.
Contudo, apesar de as atitudes serem consideradas boas preditoras de comportamentos, não é seguro
acreditar com total confiança que, para prever um comportamento de uma pessoa, basta conhecer
suas atitudes, uma vez que, em situações concretas, nem sempre as pessoas agem de acordo com suas
atitudes expressas; portanto, as atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem e como elas
gostariam de se comportar em relação ao objeto atitudinal.
O comportamento não é apenas determinado pelo que as pessoas gostariam de fazer, mas também
pelo que elas pensam que devem fazer, ou seja, pelas normas sociais, pelo que elas geralmente têm
feito, isto é, pelos hábitos e pelas conseqüências esperadas de seu comportamento. Na verdade, o que
as atitudes criam é um estado de predisposição à ação que, quando combinado com uma situação
específica desencadeante, resulta em um comportamento (Hockenbury & Hockenbury, 2003).
Hellern, Notaker e Gaarder (2000) afirmam que, no mundo atual, a religião ainda desempenha um
papel bastante expressivo na vida social e política em todas as partes do globo, e que as maneiras de
agir em relação às diversas religiões variam, podendo ser: de tolerância respeito à diferença ou de
intolerância, como resultado do conhecimento insuficiente do assunto. Para o referido autor, a religião
pode ser estudada por quatro ângulos: o conceito (crença) o aspecto intelectual da religião; cerimônia
regras predeterminadas que devem ser seguidas, ritual; organização a irmandade entre seus
seguidores e a experiência as emoções vivenciadas nos rituais religiosos. Fazendo um paralelo com
Michener et al. (2005), pode-se perceber a existência dos três componentes atitudinais: o cognitivo as
crenças religiosas; o comportamental o ritual a ser seguido, e o afetivo as emoções vividas nos rituais.
Tomando por base a descr ição do conhecimento religioso de Heller et al.(2000) e do conceito de
atitude da Psicologia social, Aquino (2005) construiu um instrumento para aferir o nível de atitude
religiosa de um indivíduo, que foi testado inicialmente em uma amostra de 169 estudantes
universitários. Por meio de uma análise fatorial, observou que a mesma apresenta uma única
dimensão, explicando 41,7% da variância total, o que indica uma coerência entre comportamentos,
conhecimentos e afetos religiosos.
O estudo de Panzini e Bandeira (2005), dedicado à construção e à validação de uma escala para aferir
o grau em que os indivíduos utilizam a fé para lidar com eventos estressantes, demonstrou que a
Escala de Atitude Religiosa apresenta forte correlação com o coping religioso-espiritual.