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Análise Do Comportamento Aplicada
Análise Do Comportamento Aplicada
COMPORTAMENTO APLICADA
Equipe de Elaboração
Grupo ZAYN Educacional
Coordenação Geral
Ana Lúcia Moreira de Jesus
Gerência Administrativa
Marco Antônio Gonçalves
Revisão
Ana Lúcia Moreira de Jesus
Mateus Esteves de Oliveira
2ºAndar – Centro
Piracema –MG
CEP: 35.536-000
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Boas-vindas
Olá!
Liderança
Comunicação
• Grupo
Trabalho em equipe
Conflito
Planejamento de trabalho
Estrutura
• Sistema Efeitos da política de RH
Cultura organizacional
Mudança
O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO
O ser humano
Por meio das relações que mantém com o outro, ele vê seu desejo e sua
existência reconhecidos ou não.
O ser humano é um ser espaço-temporal, na medida em que ele está inserido
no tempo e em algum lugar – espaço.
O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se
transforma de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar
pela sobrevivência opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem
ao transformar o mundo pelo seu trabalho.
De acordo com Freitas (1999), o controle exterior passa para o próprio sujeito;
ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las, o processo decisório se
dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das
organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no
caminho que pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e nas
consequências que estas acarretam, o que confirma a necessidade de uma identidade
maleável, mas estável.
Freitas (1999) acrescenta que se antes era a figura do superego, como
instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais,
agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos
e as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcísicos. A obediência passiva
dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e
cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o
indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mas essa
aliança tende a se fortalecer.
O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que
se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que em todo
sistema social o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus
desejos, suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de
liberdade, sabe o que pode atingir e que preço está disposto a pagar para consegui-
lo no plano social.
O homem e o trabalho
Personalidade
Análise transacional
ADULTO - ( - ) ADULTO - ( + )
Não informado ou mal-informado, frio, calculista, Ético, informado, responsável, autônomo.
impessoal.
Robotizado.
CRIANÇA NATURAL ( - ) CRIANÇA NATURAL ( + )
Egoísta, cruel, brutal, manipuladora. Alegre, afetuoso, emoções autênticas, criativo, curioso,
intuitivo.
Figura - Impulsores.
Veja abaixo o perfil do seu impulsor predominante:
Seja perfeito
Perfil
• Pode perder-se nos detalhes.
• Tem prazer em corrigir os outros.
• Certifica-se de tudo.
• Aponta falhas em tudo que lhe apresentam.
Resultado
• Colhe mais informação do que o necessário.
• Está sempre insatisfeito.
• Gasta muito tempo com detalhes, frequentemente inúteis.
• Segue rigorosamente normas e procedimentos.
• Gera fortes pressões para si mesmo.
Seja forte
Perfil
• Não pede ajuda.
• Não fala de seus sentimentos.
• Não mostra suas emoções.
• Tem pouca receptividade pelos sentimentos dos outros.
Resultado
• Não compartilha decisões.
• Não delega. Centraliza.
• Assume a maioria dos problemas, mesmo quando não seria necessário.
• Tende a trabalhar mais do que os outros, sempre.
Seja apressado
Perfil
• Tem necessidade de terminar tudo “agora mesmo”.
• Quer as coisas para ontem.
• Interrompe as pessoas por já saber o que vão dizer.
• Está sempre pensando no que vai fazer depois.
• Cria clima de ansiedade a sua volta.
Resultado
• Pela pressa, deixa de avaliar alternativas.
• Pode perder informações valiosas.
• Gosta de ser “bombeiro”.
• Comunicação truncada e ruim.
Seja esforçado
Perfil
• Permanente esforço para conseguir as coisas.
• Repetitivo e pouco objetivo.
• Tem dificuldade em entender as coisas.
• Vacila frente a situações.
Resultado
• Posterga decisões e tarefas.
• Resultado de seu trabalho é sempre lento, moroso e estafante.
• No início da semana já está cansado.
• Rodeia tentando dizer o que quer.
• Seja agradável ou agrade sempre
Perfil
• Tem necessidade de ser querido.
• Precisa da aprovação de todos.
• Precisa fazer com que os outros se sintam bem.
• Preocupa-se sempre com que os outros vão pensar.
Resultado
• Avalia as coisas em termos emocionais.
• Tem dificuldade e insegurança para tomar decisões.
• Pode ser manipulado.
• Tem dificuldade em dar e receber feedback.
Seja esforçado Você pode encontrar uma forma de fazer as coisas que
não lhe custe tanto.
Seja apressado Tenha calma.
Valores e atitude
Outro aspecto importante a ser estudado são os valores, pois eles estabelecem
a base para a compreensão das atitudes e da motivação e influenciam na nossa
percepção.
Segundo Robbins (2008), os valores representam convicções básicas que
contêm um elemento de julgamento baseado naquilo que a pessoa acredita ser
correto, bom ou desejável. Os valores possuem dois tipos de atributos: de conteúdo –
determina que um modo de conduta é importante; e de intensidade – determina o
quanto é importante.
Quando entramos em uma organização, trazemos nossos valores e isso
influenciará na forma de vermos e lidarmos com as situações.
A cultura tem uma forte influência sobre nossos valores e é preciso entender
que os valores variam de cultura para cultura.
As nossas atitudes estão diretamente relacionadas aos nossos valores e, de
acordo com Robbins (2008), as atitudes são afirmações avaliadoras favoráveis ou
desfavoráveis e possuem três componentes: cognição, afeto e comportamento.
Algumas de nossas atitudes são aprendidas por meio de nossas famílias, nossa
cultura, mas, na grande maioria, elas são desenvolvidas por meio de experiências
vividas e observações.
Ainda segundo o mesmo autor, a convicção de que “discriminar é errado” é
uma afirmação avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude, ou
seja, a crença e o conhecimento sobre um estímulo e avaliação que faço do mesmo.
O componente afetivo se refere ao sentimento e às emoções, e o sentimento pode
provocar resultados no comportamento, ou seja, a tendência a se comportar de uma
determinada maneira.
Nossas atitudes são adquiridas por meio de diversos processos, entre eles:
nossa experiência, nossos preconceitos, pela observação de situações ou pessoas.
Se nossas atitudes não estiverem muito arraigadas em nós, será possível uma
mudança de atitude por meio de treinamento, educação e comunicação. Importante
ressaltar que, apesar da atitude levar a uma intenção de se comportar, pode ocorrer
de uma atitude não passar da intenção, pois irá depender da situação ou
circunstância.
Robbins (2008) coloca que as pessoas buscam consistência em suas atitudes
e seus comportamentos, de maneira que ambos pareçam racionais e coerentes.
Quando surge uma inconsistência, desencadeiam-se forças que levam o indivíduo de
volta ao estado de equilíbrio, para que as atitudes e o comportamento voltem a ser
coerentes. A isso se dá o nome de dissonância cognitiva.
Dissonância cognitiva – Festinger propôs a teoria da dissonância cognitiva.
Dissonância é uma inconsistência e isso gera desconforto. De acordo com Robbins
(2008), Festinger diz que o desejo de reduzir a dissonância é determinado pela
importância dos elementos que a criam, pelo grau de influência que a pessoa acredita
ter sobre esses elementos e pelas recompensas decorrentes. Exemplo de dissonância
cognitiva: uma pessoa fuma e, embora tenha consciência de que o cigarro é prejudicial
à saúde, ela pode tentar justificar racionalmente com argumentos (todo mundo vai
morrer um dia, por exemplo) numa tentativa de redução de seu conflito interno ou para
diminuir o seu desconforto.
Imagine uma pessoa bem-sucedida.
Agora pense nos traços de personalidade dessa pessoa.
Você acredita que se essa pessoa escolhesse outro tipo de trabalho ela obteria
êxito?
Os traços de personalidade se aplicam a qualquer tipo de trabalho?
Como a organização pode usar a diversidade a seu favor?
PERCEPÇÃO
Há muita coisa para ver, mas nossos olhos da manhã descrevem um mundo
diferente do que os olhos da tarde contemplam, enquanto os olhos da noite, cansados,
só podem registrar um mundo noturno cansado (STEINBECK, 1962).
A percepção é algo individual e influi na forma como as pessoas se comportam
na organização, é a base para o entendimento do comportamento humano nas
organizações, se entendermos os fatores que levam a moldar ou distorcer a
percepção.
O que você percebe nessas figuras?
Você pode ter percebido algumas coisas que outras pessoas não perceberam
e vice-versa.
• Cada pessoa compreende a realidade de forma diferente.
• O fato de um perceber de uma determinada forma não exclui a
percepção do outro (certo-errado).
• A não percepção do ponto de vista do outro pode acarretar problemas
nos níveis prático e relacional.
• Percepções diferentes podem aprofundar relacionamentos.
Segundo Robbins (2008), percepção é o processo em que as pessoas
selecionam, organizam e interpretam informações existentes por meio de suas
impressões sensoriais (tato, olfato, paladar, audição e visão), com a finalidade de dar
sentido ao ambiente ou ao modo como vemos objetos e situação.
A percepção é um processo pelo qual um indivíduo recebe um conjunto de
estímulos por meio dos sentidos, selecionando-os, comparando-os e interpretando-os
convenientemente. Segundo Kemp (1975, p. 13), percepção é “o processo pelo qual
um indivíduo se apercebe do mundo que o rodeia”. Os diferentes órgãos sensoriais
(olhos, ouvidos, mãos etc.) são submetidos a uma “multidão” de estímulos e produzem
uma sensação no indivíduo. Esta sensação é uma resposta imediata dos órgãos
sensoriais aos estímulos.
A sensação é um fato fisiológico, já que se trata de uma resposta do organismo
aos estímulos, enquanto que a percepção constitui a tomada de consciência dessa
reação. Mais que um simples fenômeno sensorial, a percepção é uma conduta
psicológica complexa que corresponde a um quadro de referência particular,
elaborado segundo a nossa experiência pessoal e social, diz Moderno (2000).
Pensamos de modo usual, criando um padrão que se ajusta ao nosso padrão
tradicional, ou àquilo que gostaríamos que nosso padrão fosse, e raramente tentamos
a verdadeira interpretação de uma situação. A percepção não reflete a realidade
objetiva. Vemos o mundo da forma como fomos condicionados a vê-lo; na verdade,
quando descrevemos o que vemos, estamos descrevendo a nós mesmos, nossas
percepções e nossos paradigmas.
MOTIVAÇÃO
Necessidade de segurança
Maslow nos diz que quando a necessidade fisiológica é atendida, surge a
necessidade de segurança. Necessidade de estar livre do medo do perigo físico e da
privação das necessidades básicas. Se esta necessidade não for satisfeita, não
surgirão outras. Nas organizações essas necessidades estão relacionadas à
segurança dos colaboradores, tanto física quanto psicológica, tais como:
equipamentos de segurança, prevenção de acidentes e estabilidade no emprego.
Necessidades sociais
Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas e de segurança surgem as
necessidades sociais, ou seja, tendo alimento, descanso, condições para suprir as
necessidades básicas e de segurança, a pessoa quer pertencer a um grupo ou a
vários grupos. As organizações atendem a essas necessidades nos processos de
integração, nos grêmios, nas confraternizações etc.
Necessidade de estima
A partir do momento em que a pessoa pertence a um grupo, ela deseja ser
reconhecida por esse grupo ou ser estimada. O atendimento dessa necessidade faz
com que a pessoa se sinta confiante, útil, com poder e prestígio. Quando um
colaborador recebe um elogio, é promovido ou reconhecido pelo seu trabalho, ele
experimenta esses sentimentos.
Necessidade de autorrealização
Depois de satisfeita a necessidade de estima surge a necessidade de
autorrealização. Segundo Hersey e Blanchard (1986), Maslow afirmou que essa
necessidade está ligada ao desejo que temos de nos tornar aquilo que somos capazes
de ser, quando ele diz que “o que um homem pode ser deve sêlo”. Para ele, essa é a
necessidade mais difícil de ser suprida, uma vez que ela se manifesta de formas
diferentes. A organização tenta atender a essas necessidades ao oferecer bolsas de
estudo, incentivos aos colaboradores naquilo que eles são capazes.
Devemos entender a hierarquia das necessidades como algo cíclico, na qual
as necessidades se revezam continuamente, pois, na medida em que uma
necessidade não é satisfeita, ela prevalecerá em detrimento de outra.
Com base nos dados coletados, Herzberg nos diz que o oposto de satisfação
não é a insatisfação. A eliminação de características de insatisfação não levaria
necessariamente à satisfação. Observou que, quando as pessoas se sentiam
insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com o ambiente em que
trabalhavam. Por outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se do
trabalho em si.
Os fatores que descrevem o ambiente (extrínsecos) Herzberg chamou de
fatores de manutenção ou de higiene, por serem fatores primários, com a função de
prevenir a insatisfação no trabalho, portanto, a presença desses fatores não leva à
satisfação, mas a sua ausência leva à insatisfação. Portanto, a organização deve
cuidar dos mesmos, mantendo o que está bom, para que não gere insatisfação. Os
fatores motivacionais (intrínsecos) estão associados ao trabalho em si ou aos
resultados derivados dele.
Herzberg propõe que as organizações trabalhem com uma estratégia que
chamou de enriquecimento do cargo, ou seja, as organizações devem oferecer
incentivos e tornar o trabalho mais desafiador, no qual a pessoa possa dar um sentido
ao mesmo, mas, ao mesmo tempo, devem cuidar dos fatores higiênicos para não
gerar insatisfação.
Teoria do reforço
Abordagem comportamentalista em que o comportamento do indivíduo pode
ser controlado por meio do reforço, ou seja, quando o indivíduo dá uma resposta
adequada, essa resposta deve ser reforçada para que ela se repita. Embora não
possa ser considerada uma teoria motivacional, Robbins (2004) nos diz que inúmeras
pesquisas indicam que as pessoas empenham-se mais em tarefas que recebem
reforços do que nas demais.
COMPORTAMENTO MESO-ORGANIZACIONAL E MACRO-
ORGANIZACIONAL
Liderança
“Liderança é comunicar o valor e o potencial das pessoas com tanta clareza
que elas passam a ver isso em si mesmas” (COVEY, 2003).
As mudanças ocorridas no mundo dos negócios e das organizações trazem à
tona várias questões, dentre elas o papel da liderança. Segundo Soto (2002), as novas
realidades macroeconômicas e tendências em um mundo globalizado estão
modificando o ambiente comercial e industrial e isso requer organizações
competitivas, que possam responder de forma positiva a essa realidade e tendência
dos mercados futuros. Para atender a essas novas exigências, compete aos líderes
conhecerem e poderem transformar a cultura organizacional dentro de uma dinâmica
competitiva de esforço, adaptação, desafios e mudança constante.
A liderança tem desempenhado um papel fundamental nas relações humanas
e a capacidade de liderar fica associada ao sucesso ou fracasso das equipes e
organizações. Embora a liderança seja algo que as pessoas vivenciem de alguma
forma no cotidiano, o conceito varia de pessoa para pessoa, suscitando inúmeras
discussões sobre o tema.
Quando falamos em liderança, as pessoas conseguem identificar alguns
líderes, tais como: Gandhi, Nelson Mandela, Adolf Hitler, Juscelino Kubitschek, Getúlio
Vargas, Papa Paulo II, Henry Ford e Bill Gates, entre outros.
Observação
• O que eles possuem em comum?
• Os líderes nascem prontos ou podem se desenvolver?
• O que torna essas pessoas com características tão diferentes líderes?
• Qual o estilo de liderança mais apropriado?
Pretendemos discutir neste capítulo essas e outras perguntas.
Desde os primórdios da humanidade, estamos organizados em hierarquias,
com claros relacionamentos de dominação entre os membros. Segundo Gardner
(1996, p. 23), os “processos de dominação” observáveis em primatas não humanos
são evidentes, mesmo entre os pré-escolares.
As crianças dominantes controlam os brinquedos, iniciam e organizam jogos, e
ajudam a manter o grupo unido; as crianças menos dominantes orientam-se com
referência aos mais dominantes. Tamanho, força, habilidade, inteligência, atratividade
e gênero, tudo isso contribui para determinar quais organismos ocuparão posições
superiores na hierarquia social emergente.
As primeiras pesquisas sobre liderança tratavam da identificação de
características de líderes e não líderes, ou de líderes bem-sucedidos e malsucedidos.
Alguns consideram apenas os fatores de personalidade, outros, as características
físicas, entretanto, devemos considerar a liderança como algo além disso, um fator
decisivo na definição dos rumos da organização e na motivação pelo cumprimento
dos propósitos estabelecidos. A liderança passa a ser catalisadora do potencial em
realidade.
Considerando o caráter fundamental da liderança para o sucesso das
organizações, abordaremos as questões que nos levem a uma compreensão básica
sobre o tema.
Definição de liderança
“Para ser líder é preciso ter um caráter forte o suficiente para fazer a coisa certa.
Caráter é algo mais profundo do que personalidade. É a maturidade moral e o
compromisso de agir corretamente com as pessoas” (HUNTER, 2004).
Ao analisarmos o tema liderança, nos deparamos com inúmeras definições
propostas ao longo dos anos. Conforme definições apresentadas abaixo, veremos
que, na grande maioria, há um ponto comum em considerar a liderança como a
capacidade de influenciar pessoas para a consecução de um objetivo numa dada
situação.
Etimologicamente, liderar significa conduzir e líder é aquele que conduz o
grupo. Assim, Lacombe e Heilborn (2003) dizem que liderar é conduzir um grupo de
pessoas, influenciando seus comportamentos e ações para atingir objetivos de
interesse comum desse grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada num
conjunto coerente de ideias e princípios.
Kim e Mauborgne (apud DuBrin, 2006) definiram liderança como a habilidade
de inspirar confiança e apoio entre as pessoas cujo desempenho depende do
compromisso e da competência.
Bennis (apud Lacombe e Heilborn, 2003) faz referência à diferença entre
administrar e liderar: diz que administrar é assumir responsabilidade, fazer acontecer,
enquanto liderar é influenciar, guiar em direção a um dado objetivo. Desta maneira, o
líder age segundo os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus
valores, comprometimento e aspirações, enquanto o administrador age sobre os
recursos físicos da organização: seu capital, habilidades humanas, matérias-primas e
tecnologia.
Liderança é a influência que uma pessoa exerce sobre outros indivíduos e
sobre as atividades do grupo. Essa influência, segundo Krech (1969, p. 489), envolve
acontecimentos de comportamento interpessoal - casos de interação - nos quais o
líder influi o seguidor e este, por sua vez, influencia o líder. Assim, em algum momento
de nossas vidas, estaremos exercendo a liderança. Sempre que uma pessoa procurar
influenciar o comportamento de outra, a primeira é o líder potencial e a segunda, o
liderado potencial.
Para Tannenbaum e Schmidt (1973), a liderança baseia-se em três aspectos
ou forças e é por meio dessas três forças que o líder é capaz de escolher o estilo de
liderança que vai adotar naquele momento, com aquelas variáveis, para poder
sintonizá-las:
• forças no gerente: a motivação interna do líder e fatores externos que
ele sofre;
• forças no subordinado: a motivação externa, proveniente do líder, e
fatores externos que atuam sobre os subordinados;
• forças na situação: as condições pelas quais a liderança é exercida.
Bergamini (1994, p. 103) aponta dois aspectos comuns às definições de
liderança: primeiro, que a liderança está ligada a um fenômeno grupal, isto é, envolve
duas ou mais pessoas; segundo, que fica evidente tratar-se de um processo de
influência exercido de forma intencional por parte dos líderes sobre seus seguidores.
Liderar é ter capacidade de influenciar um grupo em direção à realização de
metas, visto que a posição de liderança em um ambiente de trabalho está relacionada
com o processo de interação entre as pessoas: como as pessoas interagem para
responderem por metas e objetivos a serem atingidos. Para tanto, entende-se que a
posição de liderança está associada ao desenvolvimento das seguintes habilidades:
saber lidar com a complexidade; saber manter, buscar e integrar parceiros; saber
comunicarse; saber desenvolver a cultura da organização; saber assumir
responsabilidades e ter visão estratégica, sem esquecer-se da determinação, caráter,
integridade e intuição. Intuição, segundo DuBrin (2006), é uma maneira, com base na
experiência de saber ou de raciocinar, na qual o julgamento e o equilíbrio são efeitos
automáticos.
Podemos observar, portanto, que considerar como definição de liderança
somente a capacidade de influenciar pessoas nos leva a crer que qualquer indivíduo,
até mesmo um assaltante, ao induzir que as pessoas lhe entreguem os seus
pertences, esteja exercendo a liderança, e talvez esteja mesmo. Entretanto, este
enfoque não esgota o tema. Primeiro, porque a influência deve ser, de certa maneira,
sancionada pelos seguidores. Em segundo lugar, uma definição completa de liderança
precisa descrever o contexto e o simbolismo captado no líder, e, por último, dentro de
um contexto real e principalmente organizacional, o líder tem como missão atingir os
objetivos propostos.
Neste sentido, McGregor (1999) afirma que a liderança não é uma propriedade
do indivíduo, mas sim uma relação complexa entre as seguintes variáveis:
• Características do líder;
• As atitudes, necessidades e outras características pessoais dos
seguidores;
• Características da organização, tais como sua finalidade e estrutura.
Tendo em vista um ambiente competitivo global, a liderança deverá criar uma
arquitetura social capaz de gerar capital intelectual dentro de um contexto em que se
obtenha um desempenho em seu máximo de eficiência, respondendo de forma
adequada e rápida às mudanças.
Na Escola de Administração Científica, Taylor considerava as pessoas como
instrumentos, apêndices da máquina e, portanto, manipuladas pelos seus líderes. Os
trabalhadores deveriam se adaptar à gerência. A função do líder era a de estabelecer
e fazer cumprir critérios de desempenho para atender aos objetivos organizacionais.
“Taylor reduziu o homem a gestos e movimentos, sem capacidade de
desenvolver atividades mentais, que depois de uma aprendizagem rápida, funcionava
como uma máquina” (NOULIN, 1992).
“A redução do trabalho mental também é enfatizada na medida em que a
superespecialização da tarefa levou a simplificação do trabalho a um nível elevado,
desprovendo o indivíduo de sua capacidade pensante” (DALLAGNELO, 1994).
Na Escola das Relações Humanas, com Elton Mayo, a organização deveria se
desenvolver em torno dos trabalhadores, considerando sentimentos e atitudes. A
função do líder passa a ser a de facilitar a consecução dos objetivos, dando
oportunidade aos liderados de se desenvolverem.
Diante do exposto, vale a pena discutir como os líderes desempenham esse
papel, a natureza da liderança, habilidades, teorias, estilos de lideranças e o poder
nas organizações. Para entendermos o processo de liderança nas organizações
precisamos verificar como os gerentes utilizam o seu “poder” para influenciar o
comportamento das pessoas.
Poder e liderança
“O melhor de todos os líderes é aquele que ajuda seus seguidores para que
eles não precisem mais dele” (LAO TSÉ).
Se liderar é influenciar pessoas na direção de um determinado objetivo, em que
este conceito se difere do conceito de poder?
Influenciar tem um significado muito próximo do de poder, pois se refere
também à habilidade de mudar comportamentos, mas tende a ser mais sutil e mais
indireto que o poder. Poder indica a habilidade de afetar os resultados com maior
facilidade do que a influência, dizem Lyness e Thompson (apud DuBrin, 2006).
Segundo Lacombi (2003), o poder é a capacidade de controlar indivíduos,
eventos ou recursos, impondo a vontade própria e fazendo com que aconteça aquilo
que deseja.
Faces do poder
Segundo David McCleland, existem duas faces do poder:
• face negativa - expressa em termos de domínio-submissão.
— Se eu vencer, você perde!
— Pessoas como peões do xadrez a serem usados.
— Atitude voltada contra quem exerce o poder.
• face positiva - caracterizada por uma preocupação com os objetivos do
grupo.
— Implica exercer a influência “em favor de” e não “sobre” os outros.
— Mais eficácia no exercício do poder.
Etzioni (apud Hersey, 1986) diferencia poder pessoal e poder de posição e
sustenta que o poder deriva de uma função organizacional, de influência pessoal ou
de ambos, de maneira que a melhor situação para os líderes é quando possuem os
dois tipos de poder: pessoal e de posição.
• poder de posição: os gerentes que conseguem a realização de um
trabalho em virtude de sua posição na organização induzem o comportamento,
possuem o “poder sobre”;
• poder pessoal: os gerentes que derivam seu poder dos seus
subordinados, influenciam o comportamento, possuem o “poder junto a”.
DuBrin (2006) diz que um ponto de partida útil é o reconhecimento de que o
poder pode ser usado para incentivar os interesses da organização ou interesses
pessoais, classificando-os como:
• poder socializado - uso do poder para alcançar fins construtivos. Ex.:
um gerente que tenta alcançar o poder para desenvolver um programa de total
satisfação do cliente.
• poder personalizado - uso do poder principalmente para grandeza de
ganhos pessoais.
Os gerentes e profissionais com frequência usam o poder para influenciar seus
liderados na medida em que conhecem as fontes e os recursos do poder para
conseguirem seus objetivos. O poder de posição dos gerentes vem de três fontes:
poder de recompensa, coercitivo e legítimo.
• poder de recompensa: as pessoas concordam com os desejos ou
orientações de outrem porque fazer isso produz benefícios positivos, portanto, alguém
que possa distribuir recompensas que outros vejam como valiosas terá poder sobre
eles. A pessoa é capaz de dar benefícios ou recompensas especiais para os outros,
e é entendido então como vantajoso trocar favores com ele (ROBBINS, 1998).
Para French e Raven (apud Aguiar, 1997), esse tipo de poder está relacionado
à estrutura organizacional, na qual os gerentes influenciam o comportamento de seus
liderados utilizando-se de uma variedade de recompensas para motivar o funcionário.
• poder coercitivo: as pessoas reagem a este poder por medo dos
resultados negativos que possam ocorrer se falharem em sua concordância. Ele se
apoia na ameaça ou na aplicação de sanções físicas como infligir dor, geração de
frustração por meio de restrições de movimento ou de controle à força de
necessidades básicas fisiológicas ou de segurança. A pessoa pode tornar as coisas
difíceis para os outros e, portanto, esses evitam zangá-la (ROBBINS, 1998).
Para French e Raven (apud Aguiar, 1997), este poder está relacionado à
capacidade do gerente de punir como meio de influenciar o comportamento de outras
pessoas. A punição se manifesta de várias maneiras, desde a advertência até a
demissão. É uma poderosa ferramenta de intimidação.
O poder coercitivo é o controle dos outros por meio do medo, e as punições
típicas dentro das empresas incluem, principalmente, deixar de promover ou despedir
o funcionário. Funciona como uma restrição ao poder legítimo e é referida como poder
subordinado, diz DuBrin (2006).
• poder legítimo: representa o poder que uma pessoa recebe como resultado
da sua posição na hierarquia organizacional. É uma posição de autoridade que
oferece poderes de coerção e de recompensa. Porém, o poder legítimo é mais amplo
do que o poder para coagir ou recompensar. Inclui a aceitação, por membros de uma
organização, da autoridade de uma posição. A pessoa tem o direito, considerando a
sua posição e as responsabilidades do seu cargo, de esperar que você concorde com
pedidos legítimos (ROBBINS, 1998).
Para French e Raven (apud Aguiar, 1997), este poder deriva do local específico
ocupado por uma pessoa dentro da organização. As bases do poder legítimo são os
valores culturais, aceitação da estrutura social, especialmente da hierarquia de
autoridade, e a nomeação por uma autoridade legítima. Quando o indivíduo deixa o
cargo, o poder continua a existir na posição e não pode seguir o indivíduo.
A eficácia dos poderes coercitivos e de recompensa depende das percepções
das necessidades dos funcionários e do quanto temem a punição ou, ainda, da
importância que dão ao fato de serem membros da organização, diz DuBrin (2006, p.
303).
O poder dos gerentes origina-se, também, de duas características pessoais:
conhecimento e personalidade. São os poderes de especialização ou competência e
poder de referência.
• poder de especialização ou competência: é a influência exercida
como resultado de habilidade especial ou conhecimento. A especialização tornou-se
uma das mais poderosas fontes de influência à medida que o mundo se tornou mais
orientado tecnologicamente. Como os empregos tornam-se mais especializados,
tornamo-nos cada vez mais dependentes de especialistas para alcançar metas. As
pessoas têm experiência e conhecimento para ganhar seu respeito, e suas avaliações
são acatadas nos assuntos nos quais são especialistas. Algumas pessoas não
passam informações para reter este tipo de poder (ROBBINS, 1998).
Para que a especialização seja uma eficaz fonte de poder, os integrantes do
grupo devem respeitá-la. O exercício do poder da especialização é o ponto de partida
lógico para a criação de uma base de poder, diz DuBrin (2006).
• poder de referência: sua base é a identificação com a pessoa que tem
recursos desejáveis ou traços pessoais. Se eu admiro e me identifico com você, você
pode exercer poder sobre mim porque quero agradá-lo. O poder daquele que
influencia é baseado no desejo do influenciado de ser parecido ou identificar-se com
quem o influencia (ROBBINS, 1998).
Para French e Raven (apud Aguiar, 1997), este é o poder de influenciar o outro
pela força do seu carisma ou por características pessoais que são admiradas e servem
como referência. Tem como base a identificação com o outro, o desejo de ser
semelhante ao outro.
Segundo Kelman (apud Hollenbeck,1999) é provável que existam três tipos
distintos de respostas ao tipo de poder: obediência, identificação e internalização.
Estilos de liderança
“Líderes natos podem existir, mas, com certeza, poucos dependerão deles. A
liderança deve e pode ser aprendida” (DRUCKER,1996).
Em 1960 foi publicado o livro Autocracia e democracia: uma investigação
experimental, que tinha como conteúdo um novo estudo da abordagem “estilos de
liderança”. Kurt Lewin orientou, na década de 30, Ralph White e Ronald Lippitt numa
pesquisa que tinha como participantes três grupos de crianças submetidas a
lideranças diferentes: autocrática, democrática e liberal (laissez–faire). Essa teoria foi
denominada “Os Três Estilos de White e Lippitt”.
O resultado da pesquisa demonstrou que os indivíduos se comportam de forma
diferente, de acordo com os tipos de liderança a que são submetidos.
O líder autocrático era dominador, agressivo e tinha o poder de decisão
centralizado nele. O resultado foi o seguinte:
• Houve forte tensão, frustração e agressividade; nenhuma espontaneidade,
iniciativa nem formação de grupos de amizade. Embora aparentemente gostassem
das tarefas, não demonstraram satisfação em relação à situação. O trabalho somente
se desenvolvia com a presença física do líder. Quando este se ausentava, as
atividades paravam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimidos, chegando
a explosões de indisciplina e de agressividade.
A liderança autocrática (também chamada de autoritária) baseia-se no uso do
poder de coerção e posição, que despende alta quantidade de energia, procurando o
maior controle possível sobre as ações e reações do liderado, o que tende a gerar
passividade e alienação. Ameaças, punições e pressões por parte do líder se
multiplicam. Isso significa atenção contínua no sentido de evitar desvios dos padrões
rigidamente estabelecidos e presença física constante de uma figura de autoridade
para assegurar o cumprimento das atividades (RAMOS, 2004, p.07).
O líder democrático era comunicativo e seu objetivo era orientar e motivar o
grupo, tornando-o participativo. O resultado foi o seguinte:
• Houve formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais entre
os meninos. Líder e subordinados passaram a desenvolver comunicações
espontâneas, francas e cordiais. O trabalho mostrou um ritmo suave e seguro, sem
alterações, mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido sentido de
responsabilidade e comprometimento pessoal.
Na liderança democrática, o grau de controle exercido sobre os liderados é
menor. Os relacionamentos face a face tendem a ser mais frequentes. O liderado, por
sua vez, goza de um espaço confortável para atuar, desde que não ameace a
autoridade, experiência, prestígio e conhecimento dos que ocupam posições de
liderança. As normas, regras e procedimentos normais são reduzidos: isso libera o
líder da necessidade de exercer um controle maior sobre o liderado, uma vez que esse
tem consciência dos limites tolerados pelo contexto social (RAMOS, 2004, p. 8).
O líder liberal (laissez–faire) era ausente; deixava a tarefa da tomada de
decisão para o grupo. O resultado foi o seguinte:
• Notou-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com relação ao líder.
A produção foi medíocre, as tarefas se desenvolviam ao acaso, com muitas
oscilações, perdendo-se muito tempo com discussões mais voltadas para motivos
pessoais do que relacionadas com o trabalho em si.
Na liderança liberal (laissez-faire) o líder não se envolve com as atividades de
áreas de seus funcionários e exerce pequenas influências, sendo conhecido como
“deixa rolar”, tem, portanto, menor visibilidade por parte dos funcionários.
O tipo autocrático pode ser mais eficaz em situações estruturadas e com
objetivos bem definidos. Apesar de oferecer mais segurança aos liderados em
momentos de tensão, provoca um clima sócio-afetivo negativo e alguma
agressividade interna que pode conduzir a uma fraca coesão do grupo. Por outro lado,
o tipo democrático parece ser mais eficaz em situações moderadamente estruturadas
e com objetivos pouco claros. O incentivo à participação estimula a satisfação e
promove uma elevada coesão do grupo. No entanto, ao repartir as responsabilidades,
pode aumentar os níveis de ansiedade de alguns membros do grupo. Em relação ao
tipo liberal, este pode conseguir elevados níveis de motivação, mas em contrapartida
pode ser desacreditado e visto como fraco (RAMOS, 2004, p. 10).
Autoritário Democrático Liberal
O líder determina as tarefas. Os membros são livres para O líder não participa da atribuição
trabalhar, podem escolher e a de tarefas.
divisão das tarefas é deixada ao
grupo.
As execuções das atividades são A atividade é discutida. Os passos Subsídios são oferecidos pelo líder,
ditadas pela autoridade, um de gerais para as metas do grupo são que deixa claro que ele fornecerá
cada vez, de modo que futuros esquematizados e, quando o informações quando solicitado.
passos ficam, em grande parte, aconselhamento técnico é Fora isso, o líder não toma parte na
incertos. necessário, o líder sugere dois ou discussão.
mais procedimentos alternativos,
entre os quais o grupo pode
escolher.
Pessoal nos elogios e críticas do O líder é “objetivo” ou “orientado Evita fazer comentários sobre as
trabalho de cada um; permanece aos fatos” em seus elogios e atividades dos membros, a não ser
distante da participação ativa. críticas. quando interrogado; não tenta
avaliar.
Abordagem comportamental
Do final dos anos 40 até meados dos anos 60 pesquisas deram ênfase aos
estilos de comportamento que os líderes demonstravam. Imaginava-se que muitas
características associadas à liderança podiam ser adquiridas. Vejamos algumas
teorias comportamentais.
Estudos de Ohio State University
Esta teoria comportamental teve início na Ohio State University, no final dos
anos 40. Os pesquisadores procuraram identificar dimensões independentes do
comportamento do líder, chegando a duas categorias que respondiam pela maioria
dos comportamentos de liderança descritos pelos subordinados, conforme quadro
abaixo:
Itens similares aos encontrados no questionário de descrição do comportamento
do líder
Itens de estrutura inicial ou estrutura de iniciação:
1. Conta para os membros do grupo o que é esperado
2. Promove o uso de procedimentos padronizados
3. Toma decisões quanto aos métodos de trabalho
4. Esclarece as relações de papéis entre os membros do grupo
5. Estabelece metas específicas e acompanha de perto o desempenho
Itens de consideração:
1. É fácil conviver com ele
2. Põe em prática as ideias geradas pelo grupo
3. Trata a todos da mesma forma
4. Permite que os seguidores saibam das mudanças por vir
5. Explica as ações a todos os membros do grupo
Quadro – Fonte: Wagner III; Hollenbeck (1999).
Blake & Mouton (1982) propuseram uma grade gerencial baseados nos estilos
de “preocupação com pessoas” e “preocupação com produção”, que representam as
dimensões da Ohio State de consideração e estrutura inicial ou as dimensões da
Michigan de orientação para pessoas e orientação para a produção.
A Grade Gerencial é uma representação gráfica de uma visão bidimensional
que apresenta 81 posições diferentes, nas quais o estilo do líder deve se encaixar. A
grade distingue cinco estilos básicos de liderança:
• Posição 1.1 – Gerência empobrecida – preocupação mínima tanto com
a produção quanto com as pessoas. Este estilo algumas vezes é chamado de liberal
(lassez-faire) porque o líder abdica de seu papel de liderança.
Figura: Fonte: Wagner III; Hollenbeck (1999).
Segundo Robbins (1999), o gerente na posição 1.1 não está preocupado nem
com pessoas nem com organização, espera pouco e oferece pouco, fazendo o mínimo
para evitar a demissão. Comumente justifica sua apatia e improdutividade, atribuindo
culpa a algo fora dele e, com essa racionalização, acredita que justifica sua conduta
e não admite que a causa seja seu não envolvimento. Em relação ao planejamento,
confere amplas atribuições sem especificar metas e programações, deixando os
subordinados cada um por sua conta. Quanto à organização do trabalho, acredita que
não há o menor problema em deixá-lo sob a responsabilidade dos subordinados, pois
considera que esses conhecem sua tarefa melhor que ninguém. Esse tipo de gerência
só é compatível quando a pessoa ou grupo possuir alto grau de maturidade. Veremos
mais adiante na teoria situacional de Hersey e Blanchard.
• Posição 1.9 – Gerência de clube de campo – muita preocupação com
os empregados e pouca preocupação com a administração. Cria um ambiente de
trabalho amigável e confortável, mas compromete o trabalho.
Segundo Robbins (1999), o gerente na posição 1.9 baseia-se nas incertezas
criadas por ele mesmo e não nas propriedades objetivas da situação. Em seu
empenho, para evitar a rejeição, mostra-se atencioso, bondoso e, sobretudo, solícito
no atendimento às pessoas. Ser diferente é um grande recurso para sua própria
segurança emocional. Confere a máxima importância aos sentimentos das pessoas,
ao clima de calor humano, ao relacionamento amistoso e à afeição dos outros. Para
ele, é fundamental sentir a compreensão, o apoio e a aceitação dos que o rodeiam.
• Posição 9.1 – Gerência de obediência/autoridade – muita
preocupação com a produção e eficiência e pouca preocupação com as pessoas. Os
gerentes que adotam este comportamento podem conseguir que as tarefas sejam
realizadas, mas não proporcionam um bom ambiente de trabalho.
Segundo Robbins (1999), o gerente na posição 9.1 é estimulado, ao mesmo
tempo, pela necessidade do poder, de controlar e dominar e pelo medo do fracasso,
da derrota e da perda de controle. Ele se empenha firmemente porque sua meta é
vencer e provar a si mesmo que é capaz de dominar a todos e de não se submeter a
ninguém. Procura até as últimas consequências evitar o fracasso, mas, se é mal-
sucedido, se enraivece e imputa a culpa aos outros. Na maioria das vezes, conclui
que não se pode confiar nas pessoas e desta conclusão emana sua ideia de
autossuficiência.
• Posição 5.5 - Gerência moderada ou do meio do caminho –
adequação entre a orientação para a produção e para as pessoas. Gerente realista.
Segundo Robbins (1999), a motivação do gerente na posição 5.5 é
participativa, buscando causar boa impressão, obter aceitação do seu grupo, ser
sociável, angariar um extenso círculo de relacionamento e demonstrar status. Por
outro lado, a motivação negativa deste gerente é causar má impressão, tornarse
marginalizado pelo grupo, cair no ridículo, sentir-se impopular e isolado, mesmo que
sua posição possa ser a mais válida. Assim, o gerente 5.5 faz o possível para
conquistar popularidade, desenvolvendo maneiras agradáveis nos seus
relacionamentos.
• Posição 9.9 – Gerência de equipe – muita preocupação tanto com a
produção quanto com as pessoas. Esta posição fundamenta-se nas necessidades
organizacionais de produção, assim como nas necessidades das pessoas. Busca a
participação ativa e a integração dos indivíduos por meio da responsabilidade
compartilhada e na consecução de metas claras e desafiadoras.
A grade gerencial apresenta uma definição de estilos de liderança e não
informações tangíveis para o esclarecimento da questão de liderança, na qual também
não se pode afirmar que o estilo 9.9 seja o mais apropriado em todas as
circunstâncias. Parte-se do princípio de que não existe um único estilo de liderança
válida para toda e qualquer situação, visto que cada uma requer um tipo de liderança
para se alcançar a eficácia dos funcionários.
Abordagem contingencial
Segundo esta teoria, os líderes oferecem apoio aos empregados nas tarefas e
nos aspectos psicológicos e podem eliminar restrições do ambiente que possam inibir
o desempenho do funcionário. Os líderes exercem influência nos níveis superiores,
concedem reconhecimento pelo esforço e desempenho e apoiam psicologicamente
os funcionários, estimulando o desejo de realização das metas. A figura a seguir
apresenta a correlação entre a situação, o estilo de liderança, o impacto nos
seguidores e os resultados.
Correlação entre a situação e o estido de liderança
Liderança transformacional
Liderança visionária
COMUNICAÇÃO
Princípios da comunicação
• comunicação
• intencionalidade ou não
• de forma irreversível
• não repetível
A comunicação é um instrumento de integração, troca mútua e
desenvolvimento entre as pessoas em quaisquer atividades realizadas. A
comunicação não ocorre de forma linear. Quando você gesticula, escreve, fala, franze
a testa etc. está se comunicando. Portanto, quando estou emitindo uma mensagem,
estou em contato com o meio e percebendo o que acontece. Exemplificando: quando
estou em sala de aula falando sobre um conteúdo, estou também recebendo sinais.
Quando um aluno franze a testa, isso pode ser um sinal de que não concordou ou não
entendeu. Ao perguntar o que está acontecendo, tenho uma retroalimentação no
processo.
A figura abaixo nos mostra que, ao mesmo tempo em estamos transmitindo
uma mensagem, também estamos recebendo mensagens.
Figura – Fonte: Griffi n e Moorhead (2006)
Comunicação Interpessoal
Comunicação Organizacional
Comunicação entre diversos indivíduos ou grupos.
Pessoais
Você gasta boa parte do seu dia de trabalho comunicando-se com outras
pessoas. Sendo assim, podemos dizer que a metade do seu tempo gasto em
comunicação é destinada a ouvir.
A maioria das pessoas pensam que ouve bem, mas ouvir é, na verdade, um
dos aspectos mais esquecidos na comunicação.
Felizmente, pode-se aprender a ouvir e esta capacidade é importante, pois
pode levar a melhores resultados.
Quando estamos recebendo alguma informação, devemos nos preocupar com
certos aspectos, os quais poderão facilitar o desenvolvimento da capacidade de ouvir,
que são:
1 coloque-se em frente da pessoa e olhe para ela quando você a ouve,
isto facilita a comunicação;
2 ouça sem interromper, mesmo quando estiver em desacordo. Dê ao
outro a oportunidade de expressar-se até o fim;
3 enquanto ouve, não faça outra coisa. Evite distrair-se com sons ou
acontecimentos do ambiente. Concentre-se totalmente em ouvir a pessoa;
4 o primeiro objetivo ao ouvir alguém deverá ser o de tentar compreender
exatamente o que o emissor pretende comunicar. A resposta virá depois.
5 o ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras o conteúdo e o
sentimento daquilo que o outro está dizendo, para que o interlocutor confirme se a
mensagem que transmitiu foi realmente recebida.
6 O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a velocidade da fala (100
a 150 palavras por minuto) e a velocidade do pensamento (400 a 500 palavras por
minuto) para refletir sobre o conteúdo e buscar o seu significado.
7 Muitas vezes a aparência engana. Não julgue pelo modo de se vestir,
pelas expressões, pelo jeito, se o que a pessoa tem a falar vale ou não ser ouvido. O
que a pessoa fala é importante para ela.
8 Não antecipe o que o outro vai dizer, mesmo que você tenha certeza do
final. A pessoa sente-se desrespeitada, desvalorizada, podendo ter reações
emocionais.
9 Não desligue, mesmo que suas convicções estejam abaladas. A opinião
do outro pode abrir novas perspectivas. O espírito aberto se enriquece mais. “O pior
surdo é aquele que não quer ouvir”.
10 Procure não se deixar levar pelas emoções, selecionando, isto é,
ouvindo só o que lhe convém ou adaptando o que ouve às próprias conveniências.
11 Tente descobrir os fatos que o levam a selecionar o que ouve:
preconceitos, tabus, inveja, insegurança, sentimento de inferioridade ou de
superioridade, hostilidade, desejo de dominar, rivalidade etc.
12 Quando ouvir, distinga fatos de opiniões e impressões. Muitos
desentendimentos surgem quando confundimos fato, acontecimento com impressões,
opiniões ou interferências.
13 Enquanto ouve, esforce-se para compreender o ponto de vista do outro.
Tente perceber como o outro percebe.
TRABALHO EM EQUIPE
Grupo ou equipe?
Segundo Spector (2002), um grupo de trabalho é a união de duas ou mais
pessoas que interagem umas com as outras e dividem algumas tarefas, visando a
objetivos inter-relacionados.
Sherif (apud Aguiar, 1997) propõe algumas características que distinguem um
grupo de uma coleção de pessoas: interação entre os membros, objetivo e conjunto
de normas comuns, conjunto de papéis e uma rede de atração interpessoal.
Para Wagner III e Hollenbeck (apud Fiorelli, 2000), “grupo é um conjunto de
duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influencia e
é influenciada pela outra”. Para eles, equipe é um “tipo especial de grupo em que,
entre outros atributos, evidencia-se elevada interdependência na execução das
atividades”.
Vergara (apud Fiorelli, 2000) acredita que “para que um conjunto de pessoas
se torne uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de
natureza simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não”.
Fiorelli (2000) sugere um conceito de equipe que procura integrar o
funcionamento com o vínculo emocional, no qual “uma equipe é um conjunto de
pessoas”:
1 com um senso de identidade, manifesto em comportamentos
desenvolvidos e mantidos para o bem comum;
2 em busca de resultados de interesse comum a todos os seus
integrantes, decorrentes da necessidade mútua de atingir objetivos e metas
específicas.
Segundo este autor, quando o vínculo emocional ou a interdependência deixam
de existir, a equipe transforma-se em grupo, ou um grupo pode se tornar uma equipe
com o surgimento desses dois aspectos.
Formação de grupos
Como vimos anteriormente, Maslow, em sua teoria motivacional, estabeleceu
uma hierarquia de necessidades humanas, na qual não é possível atender a uma
necessidade mais elevada se as necessidades primárias não estiverem satisfeitas. As
principais razões para a formação de grupos são, em primeiro lugar, a necessidade,
logo depois o desejo de proximidade e, finalmente, os desafios.
O desejo da proximidade física está ligado à atração que as pessoas exercem
umas sobre as outras e à possibilidade que elas têm de confirmar suas crenças e
valores. A interação social atende à necessidade de reconhecimento, estruturação do
tempo e a outras carências humanas.
Desafios fazem com que pessoas se reúnam para tentar superar coletivamente
as dificuldades e são uma poderosa razão para a formação de equipes de trabalho.
Nos campeonatos esportivos, podemos observar inúmeros exemplos de grupos de
alta competência movidos quase que exclusivamente pelos desafios. E não só os
atletas estão em busca da superação de seus recordes desportivos, como os
organizadores e patrocinadores estão atrás de seus recordes econômicos. O público
em geral assiste, torce e participa movido pelo desejo de proximidade (os que vão aos
estádios) e o de “pertencer” e expressar-se emocionalmente, mesmo assistindo pela
TV.
Segundo Minicucci (1995), há diversas razões pelas quais os indivíduos
passam a pertencer a vários grupos, tais como:
• Companheirismo: uma das necessidades básicas do homem é a
necessidade social. O homem necessita estabelecer relações interpessoais. Todos
sentimos necessidade de um companheiro.
• Identificação: identificar significa ser semelhante, parecer. Buscamos no
grupo o processo de identificação.
• Compreensão: nossas relações causam tensões, frustrações. Às vezes,
buscamos o grupo para sermos compreendidos.
• Orientação: o grupo coeso funciona como um guia para o
comportamento mais adequado. A palavra orientação, de oriente, rumo, norte,
significa, dá origem.
• Apoio: o grupo oferece apoio ao indivíduo em suas atividades.
• Proteção: se as pressões externas são muito fortes, o grupo protege o
indivíduo.
Portanto, as pessoas precisam do companheirismo dos elementos do grupo,
identificando-se com eles, para que sejam compreendidos, dando-lhes orientação,
apoio e proteção.
Equipes multifuncionais
• Equipe formada por trabalhadores de diferentes especialidades, mas
com aproximadamente o mesmo nível organizacional, que se reúnem para realizar
uma tarefa. DuBrin (2006) acrescenta que o propósito dessas equipes é juntar o
talento de trabalhadores para desempenhar uma tarefa que necessite dessa
combinação. Normalmente estas equipes são formadas para o desenvolvimento de
novos produtos, melhoria da qualidade e redução de custos.
• Existem ainda três tipos de equipes semelhantes às equipes
multifuncionais e importantes na organização. Equipes de projetos, comitês e força-
tarefa, que agregam pessoas fora de suas atribuições diárias, possuem fins
específicos e são lideradas por alguém designado.
Grupos de afinidade
• São diferentes tipos de equipes, um grupo de envolvimento de
empregados composto de trabalhadores que se reúnem regularmente fora de seus
grupos funcionais, com o objetivo de aplicar seus conhecimentos e sua atenção a
importantes questões do local de trabalho (círculos de qualidade, grupos de solução
de problemas etc.).
Equipes virtuais
• Pessoas que trabalham juntas e resolvem problemas por intermédio de
computadores e não com a interação cara a cara. Fazem reuniões eletrônicas guiadas
por um software especial e usando, às vezes, facilitadores de grupos.
2 Interação
Outro critério que distingue uma equipe de um grupo de pessoas é que na
equipe os membros interagem uns com os outros de tal forma que o comportamento
de um influencia no comportamento dos outros. Isso quer dizer que os membros são
de alguma forma comportamentalmente interdependentes. A interação refere-se às
modificações de comportamento. Algumas pessoas irão influenciar outras pessoas
por meio de linguagem, símbolos, gestos e postura.
3 Estruturação
Na estruturação da equipe estabelecem-se:
• normas da equipe;
• relações entre os membros e destes com a liderança;
• padrões aprovados de conduta;• sistema de recompensas e punições;
• sistema de comunicação.
Peter Drucker (apud Fiorelli, 2000), alerta: “a equipe certa não garante a
produtividade, mas a errada a destrói”.
Segundo Fiorelli (2000) existem várias causas que contribuem para falhas no
funcionamento de uma equipe:
1 Liderança despreparada ou sem perfil para a tarefa;
2 Escolha dos participantes sem preocupação com o perfil, com a tarefa e
com a disponibilidade de tempo;
3 Falta de preocupação em fixar missão a perseguir e objetivos a alcançar;
4 Supervisão inadequada ou inexistente.
“Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos
nascem as estrelas” (CHAPLIN).
O conflito é algo presente em nossas vidas. Vivemos em constantes dilemas.
Onde há relacionamento humano, há conflito.
Segundo Chiavenato (2002), conflito é a existência de ideias, sentimentos,
atitudes, interesses antagônicos, diferentes, que colidem e que se chocam. Os
conflitos são naturais e, em geral, se forem bem administrados, podem agregar
experiências e renovar relacionamentos.
Segundo Robbins (2004), o conflito precisa ser percebido pelas partes
envolvidas; sua existência ou não é uma questão de percepção.
Numa visão tradicional dos anos 30 e 40, o conflito era prejudicial e devia ser
evitado. Na visão de relações humanas, o conflito é ocorrência natural nos grupos e
nas organizações e, portanto, inevitável.
A visão interacionista encoraja a manter um nível mínimo e constante de
conflito, suficiente para manter o grupo viável, autocrítico e criativo.
O conflito pode ser encarado como:
• Funcional (positivo) – se utilizado para enriquecimento pessoal, como
algo construtivo.
• Disfuncional (negativo) – se percebido como algo destrutivo.
Na verdade, sabemos que o conflito não é necessariamente ruim, pois ele:
• Ajusta o relacionamento interpessoal, amenizando tensões, quando
existentes, ao promover a sua liberação.
• Provoca o diálogo, forçando a expressão de ideias e reivindicações,
favorecendo o feedback.
• Ativa o espírito criativo e inovador, na busca das soluções.
• Contribui para um aprimoramento no senso de propósito e direção,
expondo as adversidades e posições contrárias.
Mas o conflito disfuncional precisa ser encarado e resolvido para não haver
desgastes e, com isso, prejudicar as relações e os resultados organizacionais.
Causas de conflitos
Melhoria do
desempenho do
grupo
Redução do
desempenho do
grupo
Estresse
Hans Seley, citado por Chiavenato (1999), pôde perceber em estudos que,
quando se submete um organismo a estímulos que ameacem sua homeostase
(equilíbrio orgânico), ele tende a reagir com um conjunto de respostas específicas,
que instituem uma síndrome, que é desencadeada independente da natureza do
estímulo; a isso ele denominou de stress, que pode ser observado em pelo menos
duas dimensões: como processo e como estado.
• Como processo: é tensão diante de uma situação de desafio, por
ameaça e conquista;
• Como estado: é o resultado positivo (eustress) ou negativo (distress) do
esforço gerado pela tensão mobilizada pela pessoa.
Segundo a mesma autora, pode-se dizer que os estressores advêm tanto do
meio externo, como frio, calor e condições de instabilidade, quanto do ambiente social,
como trabalho. E do mundo interno, como os pensamentos e as emoções: angústia,
medo, alegria, tristeza etc.
Em relação ao trabalho, o estresse é definido como o sintoma que é
desenvolvido por uma pessoa frente a uma situação na qual ela percebe seu ambiente
de trabalho como ameaçador às suas necessidades de realização pessoal e/ou
profissional e/ou à sua saúde física e/ou mental. Essa necessidade prejudica a
interação da pessoa com o trabalho e afeta ou é afetada pelo ambiente de trabalho, à
medida que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou quando ela não
se sente portadora de recursos adequados para enfrentar tais situações.
Limongi-França (2008), citando Rodrigues (1988) e Couto (1987), nos diz que
o mesmo evento pode produzir ¨eustress¨ ou estresse positivo em duas pessoas
diferentes, dependendo da interpretação que cada uma lhe confere. ¨Eustress¨
significa uma tensão que não leva à doença e ¨distress¨ designa reações
psicofisiológicas que podem desencadear situações de doenças.
A mesma autora nos coloca que uma das mais importantes contribuições de
Hans Seley é a Síndrome Geral de Adaptação, que se caracteriza por três fases:
• Reação de alarme – fase em que mecanismos são mobilizados para
manter a vida, a fim de que a reação não se dissemine.
• Fase de resistência – nessa fase a adaptação é obtida por meio do
desenvolvimento adequado de canais específicos de defesa. Podem surgir sintomas
somáticos específicos. Em muitos casos, essa pode ser a última fase.
• Fase de exaustão – caracterizada por reações de sobrecarga dos canais
fisiológicos, falhas dos mecanismos adaptativos.
Griffin e Moorhead (2006) dizem que nem todo estresse é ruim e que é
necessário certo nível de estresse para evitar a letargia e a estagnação, mas alertam
que muito estresse pode provocar consequências negativas.
Abaixo são apresentadas algumas síndromes associadas ao estresse, de
acordo com Limongi-França (2008):
• Somatizações – sensações e distúrbios físicos com forte carga
emocional e afetiva.
• Fadiga – desgaste de energia física ou mental, que pode ser recuperada
por meio de repouso, alimentação ou orientação clínica especializada.
• Depressão – uma combinação de sintomas em que prevalece a falta de
ânimo, a descrença pela vida e uma profunda sensação de abandono e solidão.
Limongi-França (2008) nos diz que os fatores do estresse vão desde questões
de personalidade até fatores sociais específicos.
Personalidade
Constituição orgânica
Estratégias de enfrentamento
Avaliação e percepção
Expectativas do ambiente
Expectativas pessoais Contextos organizacionais
Para Edwar Tylor (1887) cultura seria “todo o complexo que inclui
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos
e aptidões adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
Em 1936, Ralph Linton propôs que a cultura de qualquer sociedade consistiria
“na soma total de ideias, reações emocionais condicionadas a padrões de
comportamento habitual que seus membros adquirem por meio da instrução ou
imitação e de que todos, em maior ou menor grau, participam”.
Clifford Geertz, em 1973, propôs que cultura devia ser considerada como “um
conjunto de mecanismos de controle – planos, receitas, regras, instituições, para
governar o comportamento”.
Laplantine, antropólogo francês, afirma que a cultura “é o conjunto dos
comportamentos, saberes e saber-fazer característicos de um grupo humano ou de
uma sociedade, sendo estas atividades adquiridas por meio de um processo de
aprendizagem, e transmitidas ao conjunto de seus membros”.
Traços comuns entre os autores quanto à definição para cultura:
Cultura organizacional
É a cultura que forma o significado das coisas, que orienta e mobiliza, é aquela
energia social que move a empresa para o sucesso ou até sua destruição.
Segundo Schein (apud Freitas, 1991):
• Não é possível entender, administrar ou melhorar uma organização sem
uma compreensão de sua essência cultural (entender a “alma” da organização);
• A cultura organizacional tem fortes influências no conjunto de respostas
que a organização oferece ao ambiente externo e interno, afetando enormemente sua
estratégia, sua definição estrutural, seus processos e sistemas, bem como sua
produtividade e seu desenvolvimento tecnológico;
• A cultura organizacional ajuda e orienta os membros a adequarem-se
internamente para melhor lidar com as questões externas.
Segundo Robbins (2005), a prática de diferenciar cultura forte ou fraca tornou-
se cada vez mais popular. A força da cultura pode ser definida em termos de
homogeneidade, estabilidade e intensidade das experiências compartilhadas pelos
membros da organização.
O conceito de “forte” está ligado ao fato de que os valores essenciais da
organização são intensamente acatados e compartilhados. Uma cultura “forte”
demonstra elevado nível de concordância dos membros sobre os pontos de vista da
organização.
Funções da cultura
Desenvolvimento da cultura
Manutenção da cultura
Valores
• são as noções compartilhadas que as pessoas têm do que é importante
e acessível para o grupo a que pertencem;
• formam o coração da cultura, definem o sucesso em termos concretos
para os empregados e estabelecem os padrões a serem alcançados;
• explicitam para a organização o que é considerado importante ou
irrelevante, prioritário ou desprezível;
• representam a essência da filosofia da organização para atingir o
sucesso, pois eles fornecem um senso de direção comum para todos os empregados
e um guia para o comportamento diário.
Crenças
• é a compreensão que se dá como certa e que serve de base para o
entendimento das coisas;
• aquilo que é tido como verdade na organização.
Pressupostos
• são conjecturas antecipadas ou respostas prévias sobre o que é, o que
se faz, o que acontece;
• é uma solução pronta, disponível e, até certo ponto, inquestionável pelo
grupo.
Normas
• as normas dizem como as pessoas devem se comportar e se baseiam
ou refletem as crenças e os valores organizacionais.
Estórias e mitos
Heróis
Mudança cultural
Na vida temos duas certezas, a primeira é que todos nós vamos morrer um dia,
e a segunda é que tudo muda a todo instante.
As organizações sofrem influências dos ambientes interno e externo
continuamente e precisam identificar mecanismos para o gerenciamento das
mudanças que ocorrem no dia a dia.
Segundo Griffin e Moorhead (2006), quando os gestores tentam modificar a
cultura organizacional, estão, na verdade, procurando alterar as noções básicas das
pessoas sobre o que é ou não um comportamento adequado na empresa.
Os mesmos autores dizem que para se efetuar mudanças culturais os gestores
devem criar situações que permitam a introdução de novas histórias. Eles dão, como
exemplo, uma empresa em que a opinião do funcionário não tinha importância e a
partir de agora passa a ter. Nesse caso, os gestores podem, por exemplo, solicitar a
um funcionário que lidere uma discussão numa reunião, acompanhe e oriente esse
processo, de forma que seja um sucesso. Isso se transformará em uma nova história
que poderá substituir a antiga.
Mas os autores alertam que esse é um processo longo e difícil, pois não importa
quanto se dediquem à implementação de um valor novo, podem inadvertidamente
voltar aos padrões antigos de comportamento. Tal fato irá gerar uma nova história
com retorno aos antigos valores.
Para que a nova cultura se torne estável faz-se necessário um período de
transição, no qual são realizados esforços para a adoção de novos valores e, a longo
prazo, esses novos valores serão tão estáveis e influentes quanto os antigos.
Referências