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O LEAN MANUFACTURING – 8 DESPERDÍCIOS: O SUCESSO DAS

GRANDES EMPRESAS

Joel Cordeiro Júnior


Leonardo Weber
Carlos Sostisso
Rafaeli Klagenboech

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização e a competitividade na qual o mercado mundial se encontra,


as empresas optam pela necessidade de redução de custos, melhoria na qualidade e
produtividade. Por isso, empresas buscam a utilização de novas técnicas eficazes para sua
melhoria contínua e crescimento. Assim, expõem-se a filosofia do Lean Manufacturing
ou Manufatura Enxuta (RIANI, 2006).
O termo Lean surgiu primeiramente citado por Womack et al. (1992), na qual em
seu livro intitulado A Máquina que Mudou o Mundo, o mesmo efetuou um estudo na
indústria automobilística. A partir do estudo detalhado da filosofia Lean, foram
identificados vantagens para qualidade, produtividade e desenvolvimento de produtos
com a utilização desta nova metodologia (PACHECO, 2013).
A filosofia do Lean aliada as suas ferramentas têm como objetivo a eliminação de
desperdícios, correta utilização e aproveitamento do tempo, identificação do que agrega
valor ao seu cliente, mapeamento das etapas necessárias, deste modo, prevendo assim,
desvios, retornos e refugos (SILVA et al, 2011).
Desperdícios existem em todas as empresas e devem ser identificados e
trabalhados, ou seja, a correta adequação de processos produtivos, geram valor e os que
não agregam valor ao cliente devem ser eliminados. Em vista disso, foram identificados
oito desperdícios no Lean, que são: sobreprodução, movimentação, transportes, esperas,
sobreprocessamento, inventários, defeitos e por último a subutilização de pessoas
(CRUZ, 2013).
Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar um estudo sobre o Lean
Manufacturing, tal como os desperdícios identificados pela aplicação dessa filosofia e
suas ferramentas de diagnóstico.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Riani (2006), a Manufatura Enxuta é a incansável busca de eliminação


de todo e qualquer desperdício. Por conta disso, um dos seus objetivos é atenuar tais
desperdícios de forma contínua. Para tal, torna-se necessário identificar e entender onde
se encontram os principais tipos de desperdícios e consequentemente trabalhados e
transformados em valor.
Muda é uma palavra japonesa que significa desperdício, “especificamente,
qualquer atividade humana que absorve recursos, mas não cria valor.” (WOMACK,
JONES, 2004, p.3). Ou seja, são gastos em excesso com materiais, matérias-primas,
tempo e outros, que poderão aumentar o custo dos bens produzidos, mas não trarão
benfeitorias à organização e ao cliente.
No Quadro 1 são identificados e detalhados os oito tipos de desperdícios.

Quadro 1 – Categorias de desperdícios


Desperdício Definição
Superprodução A filosofia do Just in Time serve como base para a produção do Sistema
Toyota de Produção, ou seja, apenas o necessário quando realmente for
necessário. Caso contrário, a produção com excesso gerará estoques, o
qual encobre problemas reais da empresa que acarreta na dificuldade de
descobrir as falhas no processo.
Espera Este desperdício é em relação à espera para que o produto seja
processado, o qual pode ocasionar filas e estoques indesejados. O
sistema Just in Time não se preocupa com a taxa de utilização dos
equipamentos, mas sim com o fluxo de materiais. Ou seja, caso tenha
uma sincronização entre o balanceamento das linhas de produção com
o fluxo de trabalho, consequentemente este desperdício será reduzido.
Transporte Desperdício de transporte se caracteriza por distâncias maiores do que
realmente é necessário, pois movimentação de materiais e estoque em
processo não tem valor agregado no produto. Este desperdício pode ser
reduzido com mudanças de layout, organização do espaço do local de
trabalho e com melhorias nos métodos de transporte.
Sobreprocessamento Os processos existentes para a fabricação de um produto devem agregar
valor ao próprio e não somente custos. Ou seja, deve-se questionar ao
máximo se realmente todas as etapas do processo de fabricação são
necessárias, pois podem existir fontes de desperdícios que podem e
devem ser eliminadas.
Movimento O local de trabalho deve ser organizado de forma inerente ao processo
e simples para que não ocasione o desperdício de movimentos, o qual
acarreta baixas performances em aspectos ergonômicos e também
frequente perda de itens.
Defeitos Produtos defeituosos está diretamente ligado com a baixa
confiabilidade e consequentemente clientes insatisfeitos. Além disso,
ocasiona desperdícios com matéria-prima, armazenagem destes,
disponibilidade de mão de obra, movimentação, entre outros.
Estoques Estoques excessivos são desnecessários, pois representam perda de
investimentos, matéria-prima parada, além de reduzir o espaço físico,
entre outros desperdícios.
Subutilização de Não utilização de habilidades criativas, físicas e mentais das pessoas.
pessoas
Fonte: DELFINO, 2014.

Com base no Quadro 1, realizou-se a análise sobre os desperdícios que acarretam


em toda a cadeia produtiva, considerando-o na forma de material, estoque, equipamento,
movimentos, documentos, utilidades, infraestrutura, e qualquer outra ação que não
agregue valor.
De acordo com os princípios do Pensamento Enxuto, sendo eles: o valor, o fluxo
de valor, o fluxo contínuo, a produção puxada e a perfeição, as ferramentas Lean são
essenciais para colocar em prática, segundo Werkema (2012): Mapeamento de Fluxo de
Valor, Métricas Lean, Kaizen, Kanban, Padronização, 5 Sensos, Redução de Set Up,
Manutenção Produtiva Total, Gestão Visual e Poka-Yoke.
3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo foi feito uma pesquisa bibliográfica do tema
em livros, teses, dissertações, artigos e materiais específicos, assim essa pesquisa se
caracteriza como qualitativa.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir da introdução da filosofia Lean Manufacturing pela Toyota, este tema


tem sido tema de estudo de vários autores, com o objetivo de utilizá-la para melhoria não
somente na gestão produtiva, mas sim em toda a dimensão do negócio. Assim, o
pensamento Lean tornou-se uma questão de sobrevivência para algumas empresas.
No estudo de Oliveira et al. (2015), os autores avaliaram a aplicação das
ferramentas Lean de 5S, Gestão Visual, Kanban, Documento A3 e Kaizen em um hospital
de grande porte para redução de desperdícios, entrega rápida e qualidade dos serviços.
Como resultado obteve-se eliminação dos desperdícios no almoxarifado, redução de custo
na farmácia central e redução de desperdício de horas trabalhadas.
Melo e Trabasso (2009) realizaram estudo para elaboração de método de
mapeamento e redução de desperdícios no processo produtivo de material composto em
indústria aeronáutica a partir dos conceitos Lean. A partir da aplicação do mapeamento
de fluxo de valor, conceito de desperdícios e melhoria contínua, os autores verificaram
que houve ganho de 70% na produtividade, com redução de set up, redução de não
conformidades e diminuição de retrabalhos.
Contudo, algumas empresas podem ter dificuldade para a implementação da
filosofia Lean. Bastos et al. (2017) efetuaram um estudo para elencar quais as principais
dificuldades na implementação do Lean Manufacturing nas empresas do setor têxtil de
Santa Catarina. Dentre os fatores que ameaçam a mentalidade Lean se encontram:
problemas culturais entre funcionários, falta de investimento financeiro, variações na
demanda, falta de comprometimento da alta administração, problemas de comunicação
entre os envolvidos, falta de entendimento sobre o Lean, falta de planejamento a longo
prazo, dificuldade com fornecedores e falta de motivação dos colaboradores.
Assim, com base nesse estudo efetuado com 22 empresas as maiores dificuldades
encontradas foram: dificuldades com fornecedores, falta de planejamento a longo prazo,
variações da demanda e falta de motivação dos funcionários (BASTOS et al. 2017). Desta
forma, afirma-se que como desvantagem da filosofia Lean é a sua implantação, que pode
ser um processo longo e trabalhoso, na qual nem todas as empresas estão prontas para
realizar, somente após uma mudança de mentalidade, este processo será possível de
realização.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto num processo produtivo fabril quanto numa prestação de serviço, a redução
de desperdícios é o ponto primordial para nada atrapalhar o bom andamento de ambos.
Tempo, organização, controle e padronização, são fatores a serem avaliados
constantemente. Após a identificação e detalhamento dos desperdícios existentes, a
produção enxuta pode ser trabalhada por meio de ferramentas que auxiliam na melhoria
da qualidade da produção, tendo como consequência produtividade e lucratividade com
confiabilidade.
Salienta-se que, a utilização dessas ferramentas não garantem o sucesso das
grandes empresas, mas as direcionam para o favorecimento da produção puxada, fazendo
o processo fluir, reduzindo estoques, produzindo o necessário e, consequentemente,
resultando a redução dos 8 desperdícios.

REFERÊNCIAS

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CONTI, F.F. Dificuldades na Implementação do Lean Manufacturing nas Empesas do
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01-12, 2017.

CRUZ, N.M.P. Implementação de ferramentas Lean Manufacturing no processo de


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Industrial - Instituto do Minho, Escola de Engenharia, 2013.

DELFINO, E.L.de.M. O Estudo da Produção Enxuta na Eliminação de Desperdícios e


sua Aplicação em uma Empresa de Gelados Comestíveis. 62 f. Graduação em
Engenharia de Produção - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Minas Gerais – IFMG, 2014.

OLIVEIRA, J.M., BEZERRA, G.F., BARBOSA, M.V., FERREIRA, s.l. Ferramentas


do Lean Manufaturing como Diferencial na Redução de Custos em Estoques e na
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MELO, J.M.G.de., TRABASSO, L.S. Proposta de Melhoria no Processo Produtivo de


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PACHECO, D.A.J. Teoria das Restrições, Lean Manufacturing e Seis Sigma: limites e
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RIANI, A.M. Estudo de Caso: O Lean Manufacturing Aplicado na Becton Dickinson.


2006. 44f. Graduação em Engenharia de Produção - Faculdade de Engenharia, B.Sc.,
Engenharia de Produção, Minas Gerais, 2006.

SILVA, I.B. da, MIYAKE, D.I., BATOCCHIO, A., AGOSTINHO, O.L. Integrando a
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WERKEMA, Cristina. Lean Seis sigma: Introdução às ferramentas do Lean


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WOMACK, J.P.; JONES, D.T. A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o


desperdício e crie riqueza. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2004. 408p.

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