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Uma chave no Rito de York britânico

António Jorge 17/09/2022

"A chave é considerada como símbolo de inteligência, tesouro, prudência e discrição. Na


antiguidade, a chave era vista como símbolo do silêncio e da circunspecção. Nos
mistérios de Elêusis, o hierofante colocava sobre a língua dos iniciados uma chave feita
de ouro para lembrar que se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. A própria palavra
MISTÉRIO significa algo de oculto e secreto, de que não se desvia falar. Como
sacerdotisas de Ceres, em Elêusis, usavam uma chave como insígnia do seu místico
ofício. Nos mistérios de Isis, a chave representava a abertura ou a revelação do coração
e da consciência, no reino da morte, para que fossem submetidas ao juízo final. Como
Chaves em todos os tempos foram símbolos de poder e de predominância. O porta-
chaves, entre os gregos, era o título de uma carga elevado. Entre os romanos, no dia do
casamento, foram entregues à noiva as chaves da casa, indicando-se desta forma que
ele era confiada à autoridade do mando. Por ocasião do divórcio, retira-se como chaves
como símbolo da privação desse direito. Entre o hebreus, como chaves eram usadas no
mesmo sentido. No catolicismo, como chaves são atributo do Papado, e São Pedro,
considerado o primeiro Papa, é sempre representado portando dois chaves, símbolos do
poder temporal e do poder espiritual. Quem diz que a chave é a língua obediente, a
razão, que fala bem na presença, como na ausência de quem se fala. Nos Altos Graus
Maçónicos a chave é um símbolo de segredo e, segundo Mackey, em muitas Lojas
alemãs uma chave de marfim faz parte da indumentária maçónica de cada irmão, para
lembrar-lhe que deve ou ocultar os segredos da Maçonaria no seu coração. É com a

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chave que se abrir as portas do conhecimento, chave simbólica (que pode ser de ouro,
prata, cobre ou marfim) que cada um deve forjar para si mesmo, pois, como dizia Louis-
Claude de Saint-Martin: "É ao homem que compete para subir ir buscar a chave, pois,
com certeza, ninguém virá depositá-la em suas mãos, neste planeta" "[1].

Na Quarta Seção da Primeira Preleção do Ritual de A. F-M. do RY, ensina-nos, sobre a


E. de J., e Nela, há uma divisão didáctica e simbólica na sua Base, Meio e Topo e as
Virtudes Teologais: Fé Esperança e Caridade [2]. No entanto, a chave é-nos exortada na
Primeira Secção da Primeira Prelecção [2].

A caridade é simbolizada no RY por um coração ou uma bolsa que representa. Também


verdade o é um esclarecimento do Ir. Colin Dyer, nas pp. 118 e 119 do O Simbolismo na
Maçonaria, no capítulo A Escada de Jacob, em que descreve sobre a chave, que
segundo Dyer, desenhado nas Tábuas de Delinear de Josiah Bowring, pouco antes da
União das Grandes Lojas (Antigos e Modernos), e adotar a prática de pendurar uma
chave na Escada, representando um "Excelente Chave". O Graal representando a
Caridade. Nota-se aí, também haver um outro simbolismo à Caridade: o Graal.

"Não existiam desenhos oficiais, e foi deixado ao bel-prazer dos artistas a sua criação de
tal forma que, embora um Livro tenha sido usado durante um certo tempo para
representar a Fé o que fez com que as três figuras femininas desaparecessem, como
Tábuas que vieram mais tarde muitas vezes voltavam à Cruz. Outros dispositivos
também aparecem. Josiah Bowring desenhava Tábuas de Delinear pouco tempo antes
da União e adota a prática de pendurar uma chave na Escada – representando aquela
"Excelente Chave", e não como uma das Virtudes – enquanto para representar o Céu no
topo da escada, alguns artistas ilustram o Santo Graal sendo levados ao Céu por uma
que, novamente, era um retorno a um símbolo cristão. Alguns artistas que vieram depois
copiaram esses Símbolos, muitas vezes sem entender o significado e, em alguns
exemplares, o Graal aparece representando a Caridade, uma vez que não há nenhum
outro símbolo para isso e a chave aparece como um lance adicional" [3].

Há, ainda constante em Colin Dyer, um Certificado outorgado a William Preston pela Loja
de Antiguidade n° 1, em que aparecem colunas arquitecturais representando as Virtudes
Teologais em figuras femininas e, a da Caridade, cuida de uma criança, ajuda um pobre
e um coxo. Trata-se, também, de um outro aspecto simbólico interessante.

Com o advento da União das Grandes Lojas e a decisão resultante de tornar a


Maçonaria na Inglaterra não-sectária, sob o ponto de vista religioso, muitos esforços
foram encetados quando foi definido que as novas Tábuas de Delinear deveriam conter
símbolos não associados com o Cristianismo [3].

Pode-se também encontrar citações outras, como exemplificativamente, sobre o Tronco


Elemonisário (para a caridade), e teria, Tronco este, duas chaves para abri-lo. Uma
alusão clara aos metais para a ajuda, para a caridade. Isto é encontrado em Jules
Boucher, em sua A Simbólica Maçónica, nota de n° 65, à luz da p. 145, [4]:

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"O Hospitaleiro, às vezes é chamado de Elemosinário (do grego, e/eemosyna, esmola).
No Código Maçonnique des Loges réunies et rectifiées de France, Convento Nacional de
Lyon, 5778, encontramos como seguintes descrições: "O tronco elemonisário terá dois
chaves, exigindo-se a reunião das duas para abri-lo; uma ficará em mãos do Venerável,
enquanto a outra está com o Elemosinário, que não poderia fazer nenhuma retirada sem
o consentimento do Mestre e dos Vigilantes".

Há de mencionar que o coração também é símbolo da hospitalaria, de socorro, de


caridade. Caridade que "dita o vosso coração". Estes aspectos são temas de inspiração
as peças de cantaria ou palestras, sobretudo sobre a temática dos desdobramentos
simbólicos múltiplos, porém adstritos aos objectos, figuras e símbolos universalmente
aceitos e entendidos no mundo maçónico e pelos maçons.

Todavia, é de suma importância o que as nossas sebentas do Rito de York nos ensinam
aos simpatizantes da maçonaria britânica e sobretudo aos alvinéis yorkinos. É neste
caminho que a simbologia sobre essa "Excelente Chave" nos é ensinada ao Lume da
Primeira Seção da Primeira Preleção do Ritual de A. F-M. do RY. "Esta excelente chave,
a língua de um Franco-maçom, deve falar bem de um Irmão ausente ou presente, mas
se desafortunadamente não se pode fazer-lo com honra e correcção, deve-se adotar
essa virtude excelente da Arte, que é o Silêncio [2].

Temos aí, parece-nos, alguns aspectos mui relevantes, pelo menos suscitam-se-nos, por
agora, uns cinco, que em muito explica-nos-iam melhor sobre o fulcro do simbolismo da
chave e o porquê de sua existência e colocação em algumas Tábuas de Delinear e seus
desdobramentos de significados simbólicos maçónicos:

John Cole [5] Jacó [5] Jacó [5]

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O primeiro dos artistas é John Cole, que publicou nas Ilustrações da Maçonaria em 1801.
Ali são três Tábuas de Delinear bem conhecidos, e que temriam gravuras naquela
publicação. Temos algumas cópias que depois da primeira edição na Biblioteca da
Grande Loja, mas mas nenhuma delas tem ou parece ter tido tais gravuras [5].

Outro artista é Jacob, que é conhecido por nós apenas por seu sobrenome (vide figuras).
Embora João Guilherme C. Ribeiro, em Painéis Maçónicos atribua a Josiah Bowring, em
p. 11 [6].

Por conseguinte, assim como nos aparece em diversas Tábuas de Delinear esta chave,
este emblemático símbolo, este articulista deixa como que "pendurada" uma das suas
mais iluminadas definições: "Esta chave, a língua de um Franco-maçom, deve bem falar
de um Irmão ausente ou presente, mas se desafortunada não se fazer-lo com honra e
correcção, deve-se adotar aquela excelente virtude da Arte, que é o Silêncio [2].

Alexandre L. Fortes, M. I.  – CIM 285969 – A. R. L. S. Irmão Cícero Veloso N° 4.543 –


GOB-PI – GOB

Referências
[1] - http://www.adonhiramita.org/chave.pdf .

[2] – Ritual de Aprendiz Franco-maçom para o Rito de York do GOB. 2020.

[3] - DYER, Colin F. W.. O Simbolismo na Maçonaria. Madras. 2006.

[4] BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçónica. Ed. Pensamento. 1979.

[5] DWOR, Mark S. . . Reflexões obre a História das Tábuas de Delinear. 1999.

[6] RIBEIRO, João Guilherme C.. Tradição de Cara Nova. JB News.2011.

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