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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE GRAJAÚ


BACHARELADO EM ENFERMAGEM

SOFRIMENTO E ADOECIMENTO PSÍQUICO NO PUERPÉRIO

Grajaú - MA
2022
BEIBIANE REZENDE CARVALHO
DÉBORA NATHIELE DE ANDRADE SOUSA
DENISE COELHO DE ANDRADE SOUSA
ISADORA GIANA BORGES BARROS
LAIZA NOGUEIRA CAPUCHINHO MARTÍNEZ
THACILA DE ANDRADE MONTEIRO

SOFRIMENTO E ADOECIMENTO PSÍQUICO NO PUERPÉRIO

Trabalho apresentado para obtenção de


nota parcial na disciplina de Obstetrícia
do curso de Bacharel em Enfermagem
do Centro de Estudos Superiores de
Grajaú da Universidade Estadual do
Maranhão.

Docente: Profa Esp.  Marcela Martins


Rocha

Grajaú - MA
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................3

2 TRISTEZA MATERNA (BABY BLUES)............................................................4

3 DEPRESSÃO PÓS-PARTO...............................................................................5

3.1 Definição............................................................................................................

3.2 Fisiopatologia....................................................................................................

3.4 Sintomas............................................................................................................

3.5 Consequências para a mãe e a criança.........................................................

3.6 Diagnóstico.......................................................................................................

3.7 Diagnóstico Diferencial..................................................................................10

3.8 Medidas de Prevenção...................................................................................10

3.9 Tratamento......................................................................................................11

4 PSICOSE PUERPERAL..................................................................................11

5 TRANSTORNOS PUERPERAIS E ASSISTÊNCIA A MULHER....................12

6 REDE DE APOIO E CUIDADOS.....................................................................13

REFERÊNCIAS...........................................................................................................15

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) .................


9

FIGURA 2 – Principais medicamentos utilizados na DPP ................................ 11


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1 INTRODUÇÃO

Puerpério é o nome dado ao período do pós-parto, que tem uma duração


aproximada de três meses, nos quais a mulher vivencia uma série de adaptações
físicas e emocionais. É também nesse período que a mulher se depara com o
confronto entre as expectativas construídas durante a gestação e a realidade trazida
pela chegada do bebê. (SOUZA, 2013)
A experiência de maternidade sofre influência de circunstâncias diversas
como a personalidade da mulher, o modo como se adapta à situação que está a
vivenciar, a eficácia dos seus mecanismos de defesa, a imagem que interiorizou de
sua mãe e de si própria enquanto mãe e “mãe ideal”, as expectativas que foi
construindo durante a sua vida no meio familiar e na sociedade a que pertence.
Principalmente no primeiro filho, tem sido considerado por diversos autores como
um evento propício ao aparecimento de problemas emocionais e manifestações
psicossomáticas, que podem resultar em discordâncias ou desarmonias na interação
com o bebê real. (HORTA, 2009)
A importância da prestação de cuidados nos primeiros tempos de vida
torna-se cada vez mais um imperativo de todo o ser humano que tem ao seu
alcance a responsabilidade se cuidar de um bebê. Da qualidade da relação na
prestação desses cuidados materiais e psíquicos, resultará o desenvolvimento das
reais competências emocionais e cognitivas do bebê (LOURENÇO, 2005).
A amamentação sofre influência de circunstâncias diversas, tanto
presentes como passadas, tanto individuais como coletivas; pelas relações que a
mulher estabelece com a família e amigos, pelas suas idiossincrasias e história
individual, tanto quanto por outras circunstâncias que a assemelham a outras tantas
mulheres, do mesmo grupo sociocultural ou sujeitas aos mesmos padrões
socioculturais. (HORTA, 2009)
As causas dos desacertos no cuidado da criança são múltiplas:
desorientação da mãe e família, falta de formação dos profissionais da área da
saúde, obstáculos criados pelo trabalho fora de casa, atitudes adversas de
empregadores, propagandas enganosas e legislação omissa ou não cumprida.
(HORTA, 2009)
A maternidade, é um processo de mudança que, implica perdas e ganhos,
associadas às representações individuais de cada mulher e requer respostas
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(cognitivas, emocionais e comportamentais) que não são habituais no


comportamento da mãe e exige uma adaptação específica (CANAVARRO,2001).

2 TRISTEZA MATERNA (BABY BLUES)

O baby blues é considerado um período prodrômico de alterações de


humor que acomete a mulher entre o 2º e 10º após o parto. Não é classificado como
doença pelo DSM V, nem é dependente de medicação, porém requer atenção e
olhar apurado de familiares e profissionais da saúde por ser um preditivo de
Depressão Pós-Parto (ANDRADE, 2021).
A gravidez é um período delicado que envolve uma transição biológica,
essa transição possui o poder de produzir um estado temporário de instabilidade
emocional em virtude das mudanças tanto nos papeis sociais da mulher, quanto em
seu interior com as mudanças hormonais. Essas mudanças se estendem também ao
puerpério, que pode trazer um choque de realidade ainda maior (CAMPOS, 2021).
Desse modo, a melancolia maternal se mostra estar associada a uma
combinação de perdas, bem como a adaptação que a puérpera vivencia, isso inclui
mudanças no corpo, a experiência real com o bebê e não o idealizado, e as
necessidades básicas, coisas simples que antes eram facilmente feitas e que com a
chegada de um bebê, não poderão mais ser realizadas pois o tempo naquela fase, é
exclusivamente dele (CAMPOS, 2021).
O baby blues ocorre nos primeiros dias após o parto e dura em média
entre uma a duas semanas, esse fator acomete de 50% a 80% das mães. Um
estudo realizado na Índia revelou que, das 64 mães puérperas participantes da
pesquisa, 94% tiveram baby blues e somente 6% tiveram DPP (Jayasankari,
Kirthika, Priya, & Varghese, 2018).
Os sintomas podem incluir ansiedade, choro, apetite diminuído, exaustão,
perda de interesse nas atividades habituais, mudanças de humor, tristeza,
problemas no sono e preocupação. No entanto, mesmo tendo que lidar com esses
sintomas, a mães que apresentam o quadro de baby blues não têm rejeição ao
bebê, e o tratamento pode ser feito com apoio emocional (CAMPOS, 2021).
Em relação ao baby blues, devido à frequência mais alta dos casos, essa
condição é considerada um estado fisiológico possivelmente associado a mudanças
biológicas, sendo sua intensidade influenciada por fatores psicológicos. A baixa
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autoestima materna e altos níveis de estresse em relação aos cuidados com o bebê
foram identificados como fatores significativos na intensidade do baby blues. Esse
quadro parece ocorrer devido a uma crescente reação emocional a sentimentos
agudos, que leva a uma labilidade afetiva e não a um estado de tristeza (CAMPOS,
2021).

3 DEPRESSÃO PÓS-PARTO

3.1 Definição

A depressão pós-parto (DPP) pode ser definida como um episódio de


depressão maior, que se manifesta até 4 semanas após o parto, com duração
mínima de 14 dias, podendo durar vários anos. (ALVES E PASSOS, 2022);
(PEREIRA E ARAÚJO, 2020); (FEBRASGO, 2020).
A DPP é um transtorno psiquiátrico de alta prevalência que promove
alterações cognitivas, emocionais, comportamentais e físicas, com várias
repercussões negativas sobre a paciente, a criança e as relações familiares, estando
relacionada a um aumento no risco de outros quadros depressivos recorrentes.
(PEREIRA E ARAÚJO, 2020).
Em relação à prevalência da DPP no Brasil, a Fiocruz realizou um estudo
entre os anos de 2011 e 2012, publicado no ano de 2016, que foi o maior estudo a
respeito de parto e nascimento no país já ocorrido. Foram avaliadas 23.894
mulheres no puerpério, provenientes de hospitais públicos e privados, e a
prevalência de DPP foi de 26,3%. (FILHA et al, 2016).
A DPP é uma doença de forte impacto social em nível mundial, e se não
for realizado o tratamento adequado pode se tornar incapacitante. (ALVES E
PASSOS, 2022); (SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR, 2021).

3.2 Fisiopatologia

Existem várias linhas de pesquisa sobre a etiologia da DPP, sendo que os


principais incluem a redução dos níveis de hormônios reprodutivos e vulnerabilidade
genética, em associação com os fatores de risco. A mulher gestante apresenta um
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aumento intenso dos níveis de progesterona (20 vezes) e o incremento de estradiol


é ainda maior (200 a 300 vezes). Ambos demonstram abrupta redução concomitante
à expulsão da placenta, levando à hipótese de que a cessação repentina da ação
desses hormônios durante as primeiras semanas após o parto favorece a origem da
DPP. (FEBRASGO, 2020).
É possível verificar na literatura dois modelos explicativos possivelmente
complementares: um biológico, que considera a existência de uma vulnerabilidade
hormonal ou genética, e o outro modelo psicossocial, que leva em consideração as
transformações na vida da mulher pós-parto. (SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR,
2021).

3.3 Fatores de risco

A DPP se mostra como um transtorno multifatorial, sendo que a sua


ocorrência está intimamente ligada aos fatores de risco. Estes fatores de risco
incluem: despreparo e incapacidade da mulher ante a maternidade; baixa renda
econômica; baixa escolaridade; a instabilidade na relação conjugal; conflitos
familiares; falta de suporte social ou emocional; gravidez indesejada; pouca idade;
histórico de sintomas depressivos e/ou diagnóstico de depressão (antes ou durante
a gravidez); transtornos afetivos; dificuldades ao engravidar, na gestação e/ou no
parto ou ser sua primeira gravidez; a vivência de perdas; o nascimento de bebês
com anomalias; histórico de abuso sexual; histórico familiar de transtorno
psiquiátrico, inclusive alcoolismo, DPP ou psicose pós-parto; histórico de transtorno
psiquiátrico prévio; gravidez na adolescência ou idade inferior a 16 anos; eventos
estressantes experimentados nos últimos 12 meses; estado civil de solteira ou
divorciada; desemprego (puérpera ou seu cônjuge); a espera de um bebê do sexo
oposto ao desejado; abortamentos espontâneos ou de repetição; uso de tabaco
antes da gestação; consumo de bebida alcóolica; vivência de violência na gestação;
parto por cirurgia cesárea; (ALVES E PASSOS, 2022); (PEREIRA E ARAÚJO,
2020); (SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR, 2021); (SANTOS et al, 2022);
(FEBRASGO, 2020).
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3.4 Sintomas

Os sintomas da DPP incluem: desânimo persistente; sentimento de culpa;


distúrbios do sono; ideias suicidas; temor de machucar o filho; redução do apetite e
da libido; diminuição do nível de funcionamento mental e presença de ideias
obsessivas; indisposição para a realização de atividades; falta de entusiasmo; perda
de peso; ansiedade extrema (ataques de pânico); irritabilidade; raiva e incapacidade
de cuidar do recém-nascido. (PEREIRA E ARAÚJO, 2020); (ALVES E PASSOS,
2022).

3.5 Consequências para a mãe e a criança

A DPP, se não tratada adequadamente, pode durar meses e até tornar-se


em um distúrbio depressivo crônico, trazendo muitas consequências negativas para
a mãe, para o bebê e para o binômio mâe-bebê. (FEBRASGO, 2020).
Os sintomas da DPP, experimentados por tempo prolongado pela mãe,
são extremamente incapacitantes e podem até levar ao suicídio. (SOUZA,
MAGALHÃES E JUNIOR, 2021); (FEBRASGO, 2020).
O impacto sobre a criança também é significativo, pois a doença limita a
habilidade da mãe em responder à demanda envolvida nos cuidados, sua
capacidade de engajamento positivo e limita também o contato emocional com o
bebê. Por esse motivo, filhos de mulheres deprimidas são susceptíveis a
doenças diarreicas, distúrbios nutricionais, desordens linguísticas e alterações no
desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social. Além disso, são crianças
que tendem a ter o cartão de vacinação atrasado pelo não cumprimento do
calendário vacinal pela mãe. (PEREIRA E ARAÚJO, 2020); (ALVES E PASSOS,
2022); (FEBRASGO, 2020).
Podemos perceber ainda uma instabilidade no sono dos bebês, em
decorrência da DPP. O bebê tem dificuldade em encontrar sua mãe como alguém
que lhe proporcione segurança, uma vez que a mesma não tem autoconfiança nos
cuidados maternos, o que influencia de maneira significativa no padrão do sono.
(SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR, 2021); (FEBRASGO, 2020).
Além disso, vale destacar que são muitas as complicações para o binômio
mãe-bebê na DPP. O desenvolvimento de certas questões emocionais e sociais do
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bebê está relacionado à maneira como essa relação mãe-bebê é estabelecida. Por
isso, a presença de uma mãe com comportamentos depressivos e pouco responsiva
pode gerar déficits na interação do binômio, trazendo consequências na regulação
emocional, autocontrole e a interação da criança com o mundo. (SOUZA,
MAGALHÃES E JUNIOR, 2021); (FEBRASGO, 2020).
Outro ponto importante na DPP que afeta o binômio mãe-bebê é o fato de
a mãe acometida interromper precocemente a amamentação. A amamentação é
gesto de amor, carinho e admiração, e fato marcante no inicio de ciclo da mulher
como mãe. O abandono do aleitamento materno provoca um sentimento de
frustação e nervosismo em relação ao exercício da maternidade, além de a
mãe não experimentar todos os benefícios que a amamentação proporciona a ela.
Esse sentimento de incapacidade materna é responsável também pela
dificuldade na produção do leite, levando a um ciclo vicioso que leva à interrupção
do processo de amamentação, implicando assim em prejuízo nutricional para o
bebê. (SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR, 2021); (FEBRASGO, 2020).

3.6 Diagnóstico

Segundo o DSM-5 (2014), o quadro de depressão se caracteriza quando


o paciente apresenta, por no mínimo 14 dias, pelo menos cinco dos seguintes
sintomas: perda do interesse/prazer nas atividades na maior parte do tempo; humor
deprimido na maior parte do tempo; frequente pensamento sobre morte e/ou ideação
suicida; alteração no peso corporal (sem dieta específica); indecisão, dificuldade de
concentração ou com o pensamento; alteração do sono; sentimento de culpa ou
inutilidade; alterações psicomotoras (aumento ou diminuição); diminuição da energia
ou aumento da fadiga. O DSM-5 (2014) cita também a necessidade de um dos
sintomas ser o humor deprimido ou a perda de interesse/prazer.
A FEBRASGO (2020), chama a atenção para estudos que mostram que
somente 14% das mulheres com DPP receberam algum tipo de tratamento nos
Estados Unidos, e que ainda, em serviços de Obstetrícia e Ginecologia, 60% a 80%
das mulheres que apresentavam depressão não foram diagnosticadas.
Assim, os pesquisadores têm apontado para a necessidade do
rastreamento de rotina para a DPP. Atualmente, o rastreamento da DPP por meio de
instrumento validado é recomendado pela FEBRASGO e por órgãos internacionais,
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inclusive a OMS. Nesse sentido, a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo


(EPDS) é o instrumento de rastreamento mais recomendado e mais utilizado em
ambientes clínicos e de pesquisa. A EPDS é utilizada para triagem, portanto não
define o diagnóstico nem a gravidade da doença. A figura 1 mostra a EPDS e a
forma com deve ser aplicada. (PEREIRA E ARAÚJO, 2020); (SOUZA, MAGALHÃES
E JUNIOR, 2021); (FEBRASGO, 2020); (WHO, 2022).

Figura 1 - Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS)


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3.7 Diagnóstico Diferencial

Como principais diagnosticos diferenciais, pode-se citar as alterações


comuns do puerpério, onde estão presentes alterações do apetite, energia e sono.
Blues puerperal, com presença de sintomas autolimitados, que se resolvem cerca de
duas semanas após o parto. Distúrbios da tireoide, anemia e delirium também são
citados. (PEREIRA E ARAÚJO, 2020).

3.8 Medidas de Prevenção

Seguindo o conceito de prevenção precoce da DPP, é imprescindível que


a equipe de saúde estabeleça uma adequada relação profissional/paciente, que o
auxilie a identificar as mulheres com fatores de risco, durante o acompanhamento
pré-natal. Neste período, eventuais conflitos quanto à maternidade e situações
psicossociais adversas podem ser resolvidos. Desta forma, o profissional de saúde
tem a chance de atuar na perspectiva de prevenção e promoção da saúde, sendo
capaz de modificar a alta prevalência e o impacto social desse transtorno.
(PEREIRA E ARAÚJO, 2020).
Outra forma de prevenir a DPP, é dar a oportunidade para a gestante
realizar o pré-natal psicológico, que é uma inovação no atendimento perinatal,
aprimorando e humanizando o processo gestacional. Tem como objetivo a
integração da gestante e da família a todo o processo da gravidez e pós
gravidez, com encontros temáticos em grupos, enfatizando a psicoterapêutica na
preparação psicológica dos pais e a prevenção da DPP. O pré-natal
psicológico, vem complementar o tradicional pré-natal, trazendo um perfil
psicoterapêutico, oferecendo apoio emocional, colocando em pauta soluções
para demandas que poderão surgir no período gravídico-puerperal, como por
exemplo: mitos relacionados a maternidade, gestação de risco, à malformação
do feto, medo do parto, transtornos depressivos e de ansiedade, às
mudanças de papéis familiares e sociais, às alterações na libido, entre outros).
(SOUZA, MAGALHÃES E JUNIOR, 2021).
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3.9 Tratamento

É essencial que a abordagem seja multidisciplinar levando em conta a


gravidade da doença. Em quadros leves a moderados devem-se iniciar a
psicoterapia, com enfoque em técnicas cognitivo-comportamentais e também
terapias em grupo. A psicoterapia pode ser indicada como monoterapia nos casos
de intensidade leve a moderada ou em associação com medicamentos nos casos de
intensidade moderada a grave. (PEREIRA E ARAÚJO, 2020).
A figura 2 mostra os principais medicamentos utilizados na DPP.

Figura 2 - Principais medicamentos utilizados na DPP

4 PSICOSE PUERPERAL

A psicose pós-parto, ou psicose puerperal, é o transtorno psiquiátrico


mais grave e menos frequente que pode acometer a mãe após o nascimento do
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bebê. Tem início súbito e costuma aparecer no segundo ou terceiro dia depois de
ela dar à luz.
É um transtorno psicótico que demanda (exige) muita atenção profissional para o
diagnóstico e para o tratamento. A psicose puerperal é marcada por um início súbito,
então, geralmente não se ver grandes sinais de que a pessoa vai ter esse transtorno
ali nas primeiras semanas ou até nos primeiros meses. Porém, apesar de ter início
súbito ela vêm com uma gravidade muito rápida. Portanto, assim que começa já vem
com uma gravidade intensa. Que é marcada também por delírios, alucinações, essa
quebra com a realidade da mulher no puerpério.
O que traz grandes problemas para a saúde dela e do bebê. Então
quando se fala de psicose puerperal, se fala também de risco muito grande de
cometer suicídio e também de cometer infanticídio. É muito comum delírios e
alucinações em relação ao bebê e em relação a ela mesma. Geralmente são
alucinações auditivas tipo:
- Ouvir vozes que dizem que seu bebê é um demônio, que ela deveria mata-lo;
- Delírio persecutório, sensação de que está sendo perseguida pelo bebê ou por
uma pessoa da família;
E de via de regra sempre que abrir um quadro psicótico no puerpério
precisa entrar com a medicação. A psicose puerperal começa muito rápido, no
entanto ela também não dura mais de 1 mês. Pode ser um episódio de pelo menos
um dia, então não vai ser menos, mas pode ser um episódio de uma semana, duas
semanas, só que apesar do pouco tempo a medicação (prescrita pelo médico) se faz
necessária nesses casos, pelo alto risco que isso pode trazer para família.

5 TRANSTORNOS PUERPERAIS E ASSISTÊNCIA A MULHER

O período gestacional é marcado por muitas alterações físicas,


hormonais, psíquicas, econômicas, onde é marcado por transições decorrentes do
processo normal do desenvolvimento que, no entanto, podem refletir diretamente na
saúde mental da mulher. Nas gestantes adolescentes, foi verificada a prevalência de
16% e 44% de transtornos mentais, valor correspondente a quase duas vezes mais
que nas mulheres adultas, isso em razão do fato de grande parte dessas
adolescentes não possuírem maturidade afetiva, assim como a maioria precisar
abandonar os estudos em razão da maternidade. (RODRIGUES et al., 2020).
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O puerpério é o período que se inicia com o desprendimento da placenta


e termina com o retorno as suas condições pré-gravídicas, e a sua duração pode
variar de mulher para mulher, levando em média de 6 a 8 meses de duração. O
puerpério é fisiológico para todas as mulheres no pós parto (RODRIGUES et al.,
2020).
Alguns elementos estão relacionados a incidência de transtornos
puerperais como relacionamento conjugal e familiar, violência e rede de apoio) e
alguns outros elementos contextuais como planejamento da gestação, eventos
estressores que contribuem como fatores de risco em potencial para depressão e
quadros de ansiedade, visto que se tratam de fenômenos complexos e multifatoriais
(DOS SANTOS et al., 2022).
A assistência de enfermagem no âmbito da saúde mental é ferramenta
fundamental para o reconhecimento precoce de sintomas dos transtornos mentais
puerperais, antes que a puérpera possa cometer alguma ação danosa contra si ou
contra o bebê. A formação em saúde mental por parte da enfermagem é crucial para
a abordagem eficaz dessa mãe em sofrimento mental. O enfermeiro deve ser um
educador em saúde para que os sintomas percebidos sejam tratados e essa mãe
seja amparada por todos que a cercam (BARBOSA et al., 2022).
O planejamento do enfermeiro e suas orientações são necessárias, como
também a realização do exame físico diariamente, acompanhando e observando as
manifestações evolutivas. Dentro das orientações deve ser ressaltado a importância
do autocuidado dessa puérpera assim como os cuidados com o recém-nascido. Na
atenção primária o enfermeiro é responsável pela educação em saúde durante todo
o período de pré-natal e puerperal. Desta maneira, a consulta de enfermagem se
define como instrumento necessário e considerável na promoção de saúde e bem-
estar gestacional e forma especial no pós-parto (BARBOSA et al., 2022).

6 REDE DE APOIO E CUIDADOS

A mulher em situação delicada, necessita habitualmente de atenção


familiar, bem como uma rede de apoio e assistência profissionalizada voltada às
suas demandas, contudo, uma mulher passando pelo puerpério e desenvolvendo
transtornos psicoemocionais exigem ainda mais tais acompanhamentos, uma vez
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que a privação de sono, aumento da responsabilidade e mudança abrupta de vida


exigirão muito dessa mulher, que por vezes não conseguirá buscar ajuda.
Deste modo, é importante que os profissionais da saúde estejam atentos
aos fatores de risco que possam levar essa mulher a desenvolver sintomas ligados a
DPP, para que seja possível trabalhar na identificação precoce, prevenção, e
intervenção mediante sintomas no pós-parto através de estratégias juntamente à
uma equipe multidisciplinar, sendo muito importante essa abordagem uma vez que
não se tem indicativos reais e locais sobre um enfrentamento tão difícil e recorrente
na vida das mulheres na rede de saúde (BAPTISTA, 2017).
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REFERÊNCIAS

CAMPOS, Paula Azevedo e Féres-Carneiro, Terezinha. Sou mãe: e agora?


Vivências do puerpério. Psicologia USP [online]. 2021, v. 32 [Acessado 22 Setembro
2022] , e200211. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-6564e200211>. Epub
18 Ago 2021. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/0103-6564e200211.

ALVES, Lindomar Sousa; PASSOS, Sandra Godoi de. Fatores de risco para a
depressão pós-parto e a atuação da enfermagem. Revista JRG de Estudos
Acadêmicos. v. 5. n. 10. p. 269-280. 2022.

BAPTISTA, Ana Ramos. Assistência de enfermagem á parturiente com depressão


pós parto (DPP) no serviço de maternidade do Hospital Dr. Baptista de Sousa.
Trabalho de conclusão de curso - Universidade do Mindelo Escola Superior de
Saúde. Mindelo,2017. Disponível em < http://hdl.handle.net/10961/4987 > aceso em
Fevereiro de 2020.

BARBOSA, Ana Luíza Nascimento et al. Revisão integrativa sobre a assistência de


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et al. Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli et al. 5. ed. Porto Alegre. Artmed,
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FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.


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