Você está na página 1de 19

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/289148875

ANEMIA INFECCIOSA DAS GALINHAS E MICOPLASMOSE AVIÁRIA: UMA BREVE


REVISÃO E ABORDAGEM DE COINFECÇÕES CHICKEN INFECTIOUS ANEMIA AND
AVIAN MYCOPLASMOSIS: A BRIEF REVIEW AND APP....

Article · December 2015

CITATIONS READS
0 2,440

7 authors, including:

Carolina Prezotto Thiago Santos Araújo


Federal University of Minas Gerais Federal University of Pernambuco
10 PUBLICATIONS   8 CITATIONS    11 PUBLICATIONS   29 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Sandra Yuliet Marín Gómez Nelson Rodrigo da Silva Martins


University of Caldas Federal University of Minas Gerais
37 PUBLICATIONS   198 CITATIONS    137 PUBLICATIONS   938 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Habitat modifications and parasite interactions: avian hemoparasites as a model View project

Alterações metabólicas em suínos causadas por agonistas de receptores B-adrenérgicos View project

All content following this page was uploaded by Thiago Santos Araújo on 04 January 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015

ISSN 2318-5465
www.pesquisaanimal.com

ANEMIA INFECCIOSA DAS GALINHAS E MICOPLASMOSE


AVIÁRIA: UMA BREVE REVISÃO E ABORDAGEM DE
COINFECÇÕES

CHICKEN INFECTIOUS ANEMIA AND AVIAN MYCOPLASMOSIS: A BRIEF


REVIEW AND APPROACH ON COINFECTIONS

Carolina Fontes Prezotto¹*, Thiago Santos Araújo², Sandra Yuliet Marín Gomez¹,
Ana Paula Peconick², Priscilla Rochele Barrios Chalfun², Raimundo Vicente de
Sousa², Nelson Rodrigo da Silva Martins¹

Resumo: O vírus da Anemia Infecciosa das Galinhas (CAV) e o Mycoplasma


gallisepticum (MG) são importantes patógenos para galinhas da avicultura industrial,
causando, respectivamente, anemia aplástica com imunodepressão e doença crônica
respiratória. CAV está disseminado em galinhas e frangos, além disso, o MG é alvo de
erradicação obrigatória dos plantéis de reprodução. Na condição natural, ambas
infecções podem ocorrer simultaneamente. Esse artigo teve como objetivo fazer uma
breve revisão sobre essas duas doenças e abordar também aspectos de coinfecções
comuns na avicultura.
Palavras-chave: anemia infecciosa das galinhas, avicultura, coinfecção, micoplasmose
aviária

Abstract: The Chicken Anemia Virus (CAV) and Mycoplasma gallisepticum (MG) are
important pathogens in poultry production worldwide, causing, respectively, aplastic
anemia with immune deficiency and chronic respiratory disease. In natural conditions,
both infections can occur simultaneously. This article aims to make a brief review of
these two diseases and also address common aspects of co-infections in poultry.
Keywords: chicken anemia virus, poultry production, co-infection, avian
micoplasmosis

Introdução religiosas e possuir boas características


Atualmente a avicultura nutricionais que a tornam um atrativo
brasileira ocupa posição de destaque no para o consumidor. Apesar de gerar
cenário mundial. O Brasil encontra-se uma importante receita, prejuízos são
entre os maiores produtores de carne de observados desde a produção até o
frango, sendo o maior exportador. O abate, onde as condenações parciais de
alto consumo da carne de frango pode carcaça podem chegar a mais de 90%
ser associado ao preço mais acessível das condenações post-mortem. Dentre
quando comparado a outras proteínas essas condenações parciais, pode-se
animais, além de não sofrer restrições destacar a aerossaculite causada por

¹ Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais. *Aautor para correspondência:


carolfonpre@gmail.com
² Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Lavras
128
Prezotto et al.

diversos agentes, como Mycoplasma doença imunodepressora pode atuar


spp.. como porta de entrada para outros
Os Mycoplasma spp. são agentes patogênicos. CAV foi descrito
pequenos procariotos desprovidos de na literatura em associação com alguns
parede celular. Na criação de frangos de agentes como o vírus da doença de
corte destacam-se o Mycoplasma Marek, o vírus da doença infecciosa
gallisepticum (MG) e o Mycoplasma bursal e o reovírus aviário.
synoviae (MS), sendo o MG Dessa forma, objetivou-se fazer
considerado o mais virulento. O MG é uma breve revisão sobre Anemia
conhecido por causar doença Infecciosa das galinhas e micoplasmose
respiratória aguda e crônica com nas aves de produção e abordar algumas
inflamação e produção de exsudato coinfecções existentes na avicultura.
catarral na mucosa do trato respiratório,
esse agente tem a habilidade de produzir Avicultura Brasileira
a doença isoladamente ou se associar O Brasil destaca-se como grande
com outros agentes que causam doenças produtor de proteína animal, sendo o
respiratórias, como vírus e bactérias. O segundo mais importante na produção
Mycoplasma gallisepticum (MG) possui de carne bovina (atrás apenas dos
distribuição mundial e tem grande Estados Unidos), terceiro produtor
importância na avicultura por causar mundial de carne de frango e quarto
doença respiratória aguda e crônica. maior na produção de carne suína. Em
Sabe-se que o MG possui a capacidade 2011, a exportação de proteína animal
de atuar sinergicamente com alguns gerou uma receita pouco maior que 15,6
agentes, como o da Doença de bilhões de dólares (Reuters, 2013).
Newcastle e da Bronquite Infecciosa, Ao lado de Estados Unidos e
além de interagir com cepas vacinais China, o Brasil encontra-se como um
dessas mesmas doenças. dos maiores produtores de frango do
O vírus da anemia infecciosa da mundo, sendo que desde 2004 detém a
galinha (CAV) foi relatado pela posição de maior exportador mundial
primeira vez em 1979. Desde então já desse produto. Em 2012, o Brasil
foi encontrado em diversos tipos de produziu mais de 12 milhões de
criações de aves por todo o mundo, toneladas de carne de frango, dos quais
inclusive em aves de criações de quase quatro milhões de toneladas
subsistência. Por se tratar de uma foram destinadas a exportação gerando

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


129
Prezotto et al.

uma receita de aproximadamente 7,07 outros animais, além disso, a carne de


bilhões de dólares ao país (Reuters, frango não sofre restrições religiosas
2013). No Brasil, a região Sul destaca- quanto ao seu consumo e possui boas
se com cerca de 63% da produção características nutricionais que atraem o
nacional de carne de frango, seguido consumidor (Rutz et al., 2011).
pela região Sudeste e Centro-Oeste Desta forma destaca-se a
(Reuters, 2013). Os maiores importância econômica da avicultura no
importadores da carne de frango país por ser responsável por quase 1,5%
brasileira são Arábia Saudita, União do Produto Interno Bruto (PIB) do
Europeia, Japão, Hong Kong, Emirados Brasil, englobando toda a cadeia
Árabes, China, África do Sul, Egito, produtiva desde empregos oferecidos na
Kuwait e Iraque (Reuters, 2013). produção até processamento e mercado
Segundo a Associação Brasileira varejista, como também pelas atividades
de Produtores e Exportadores de Frango de pesquisa desenvolvidas nessa área
(UBABEF) o aumento no consumo de (Gonçalves, 2005).
carne de frango pelo brasileiro passou Porém, sabe-se que de toda a
de cerca de 13kg/habitante em 1989 carne de frango produzida anualmente
para quase 39kg/habitante em 2009. Em no Brasil, cerca de 30 mil toneladas são
2011 o consumo de proteína de frango perdidas por condenações devido a
atingiu pouco mais de 43kg/habitante de problemas respiratórios com
acordo com os dados da Companhia envolvimento das micoplasmoses,
Nacional de Desenvolvimento acarretando um prejuízo anual de cerca
(CONAB), incentivando o aumento da de 30 milhões de dólares (Machado,
produção desse produto. Segundo dados 2010).
de Estudos e projeções do agronegócio Estudos com outras espécies de
(2010), a previsão de aumento do Mycoplasma spp. mostraram que
consumo interno da carne de frango que existem associações com agentes
atualmente gira em torno de sete imunodepressores, por exemplo, com o
milhões de toneladas por ano, deverá vírus causador da Doença Infecciosa
aumentar para quase 11 milhões de Bursal (Gambrone et al., 1977),
toneladas em 2020. Esse aumento no inclusive sabe-se que o MG tem
consumo deve-se ao fato da carne de capacidade de se associar a alguns vírus
frango ter preços menores se como o vírus da Doença de Newcastle e
comparados com carnes derivadas de da Bronquite Infecciosa das aves

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


130
Prezotto et al.

agravando o quadro respiratório das subsistência (McNulty et al., 1988;


aves (Timms, 1972; Rodriguez & Farkas et al., 1998; Schat, 2003; Barrios
Kleven, 1980; Weinack et al., 1984). O et al., 2009), mesmo assim atualmente
vírus da Anemia Infecciosa das se desconhece na legislação brasileira a
Galinhas (CAV) é um agente obrigatoriedade do monitoramento de
imunodepressor que acomete, dentre CAV em produções comerciais que não
outras células, os linfócitos T (Adair, sejam de aves SPF e galinhas
2000; Ley, 2003). Dessa forma com produtoras de ovos controlados para
uma resposta imunológica deprimida produção de vacinas inativadas, sendo
pode ocorrer agravamento das lesões que essas galinhas devem apenas ser
decorrentes da infecção por MG. livres de manifestações clínicas da
Devido aos prejuízos doença.
econômicos acarretados pelas
micoplasmoses, controle e vigilância Anemia Infeciosa das Galinhas
são exigidos pelo Ministério da
Etiopatogenia
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
O vírus da anemia infecciosa das
(MAPA) através da Instrução
galinhas (CAV) teve sua primeira
Normativa n° 44 de 23 de agosto de
descrição em 1979 no Japão em aves
2001, onde estão previstas medidas de
livres de patógenos específicos (SPF)
monitoramento das micoplasmoses em
citado por Mohamed (2010). O agente
estabelecimentos avícolas. Quando se
foi classificado como pertencente à
trata de um estabelecimento comercial
família Circoviridae e sendo único
que cria linhas puras, como bisavós e
agente pertencente ao gênero Gyrovirus
avós, as galinhas devem ser
(Pringle, 1999), é atualmente um dos
obrigatoriamente livres de Mycoplasma
menores vírus de aves conhecidos,
gallisepticum e Mycoplasma synoviae.
variando de 23-25nm, não envelopado,
Quando a criação é de matrizes, as
possui forma icosahédrica e seu genoma
fêmeas deverão ser livres de
é um DNA circular de fita simples
Mycoplasma gallisepticum e sob
negativa com cerca de 2kb (McNulty et
vigilância e acompanhamento para
al., 1989; Gelderblom et al., 1989;
Mycoplasma synoviae (Brasil, 2001).
Noteborn et al., 1991).
Diversos estudos demonstram
Seu genoma com três janelas
que CAV está amplamente distribuído
abertas de leituras (ORF) codificam três
na avicultura comercial e de

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


131
Prezotto et al.

proteínas virais (VP1, VP2 e VP3). ambiente de desinfetantes pH 2,0


Dentre elas a VP1 é a maior proteína mostra-se eficiente para inativar o vírus
presente no capsídeo, sendo que as (Brentano, 2009).
partículas virais criadas por essa Logo após a infecção com o
proteína podem ser encontradas em vírus, os hemocitoblastos na medula
estágios tardios do ciclo do vírus em óssea são uma das primeiras células
diversos órgãos como timo, baço e alvo do agente, sendo que sua
fígado (Yuasa et al., 1983). A VP2 é destruição causa uma grave depleção de
uma proteína não estrutural, células eritróides e mielóides, levando à
normalmente encontrada nas células na anemia e hemorragia (Adair, 2000). Os
fase de replicação do agente. Ambas as precursores de células T no timo
proteínas são reconhecidas por também são alvos do agente e sua
possuírem a capacidade de induzir capacidade de infectar linfócitos
anticorpos neutralizantes (Koch et al., TCD4+ faz com que ocorra uma
1995 e Noteborn & Koch, 1995). A redução tanto na resposta imune celular
proteína VP3 (uma proteína não quanto na resposta imune humoral da
estrutural) é também conhecida como ave, influenciando diretamente na
apoptina, e após a transformação viral defesa da ave contra outros patógenos
de células linfoblastóides, ela pode ser (Adair, 2000; Brentano, 2009). Porém,
encontrada em associação tanto com a estudos demonstram que as células
cromatina nuclear das células como TCD8+ são mais susceptíveis ao vírus
com estruturas apoptóticas. A VP3 do que as células TCD4+, fazendo com
sozinha é capaz de induzir apoptose de que ocorra uma maior dificuldade na
células T linfoblastóides (Noteborn et eliminação de patógenos intracelulares,
al., 1998). o que irá permitir uma maior ocorrência
Por se tratar de um vírus não de infecções crônicas (Adair et al.,
envelopado, o agente é altamente 1993; Brentano, 2009).
resistente ao ambiente, a inativações Macrófagos também são
químicas e por calor (Brentano, 2009). afetados através de alterações na
Possui resistência à fumigação com expressão de seus receptores Fc,
formol por 24 horas, ao tratamento fagocitose e outras atividades
ácido (pH 3,0) por 3 horas e aos microbicidas dessas células. A
desinfetantes a base de glutaraldeído influência do vírus nos macrófagos
1%. Em criações de aves SPF, o uso no pode tanto ser diretamente através da

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


132
Prezotto et al.

ligação de partículas virais aos mesmos mortalidade, redução no ganho de peso,


quanto por mediação de fatores anemia, atrofia generalizada de órgãos
secundários (Adair, 2000; Marín et al., linfoides e hemorragias no tecido
2012). subcutâneo e intramuscular são
encontrados nas aves (McNulty, 1991;
Epidemiologia Todd, 2000; Dhama et al., 2002;
Desde sua descrição, o CAV Natesan et al., 2006). Em aves adultas
pôde ser detectado em criações pode-se encontrar a doença em sua
comerciais e de subsistência em várias forma subclínica. Por se tratar de uma
partes do mundo, causando a doença doença imunodepressora, uma vez que
denominada anemia das galinhas afeta hemocitoblastos na medula óssea e
(Schat, 2003; Barrios et al., 2009). precursores de células T no timo,
Apesar de ser uma doença específica de predispõe a ocorrência de doenças
galinhas, anticorpos para a infecção secundárias além de falhas vacinais
foram detectados em codornas e não há (Adair, 2000).
relatos em outras espécies de aves Em aves necropsiadas
domésticas ou selvagens (McNulty et normalmente observa-se palidez na
al., 1988; Farkas et al., 1998). A musculatura, hemorragias ocasionais,
transmissão do vírus pode ser tanto redução no tamanho do timo além de
horizontal quanto vertical. A rota fecal- outros órgãos linfoides, a medula óssea
oral apresenta-se como principal forma pode estar amarelada devido à presença
de infecção horizontal, porém o vírus já de tecido gorduroso e proliferação do
foi detectado no eixo de penas, estroma celular substituindo as células
sugerindo outras formas de transmissão hematopoiéticas mortas (Kuscu &
horizontal (Yuasa et al., 1983; Davidson Gürel, 2008). Nas lesões microscópicas
et al., 2008). A transmissão vertical pode ser observada no timo depleção
também é possível quando o macho ou focal no córtex, corpos apoptóticos,
a fêmea estão infectados (Hoop, 1992; inclusões intranucleares e observa-se
Cardona et al., 2000). também a re-população do córtex. No
fígado encontra-se inchaço de
Sinais Clínicos e Lesões hepatócitos, degeneração vacuolar e
Em aves jovens de duas a cinco focos linfoides (Smyth et al., 1993;
semanas de idade pode ser observada a Kuscu & Gürel, 2008; Haridy et al.,
doença clínica. Aumento na 2012).

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


133
Prezotto et al.

Mollicutes, a ordem Mycoplasmatales, a


Diagnóstico e Controle família Mycoplasmataceae e ao gênero
O diagnóstico de CAV pode ser Mycoplasma. O primeiro micoplasma
realizado através de isolamento viral, cultivado em 1898 foi agente da
detecção de anticorpos ou por detecção pleuropneumonia contagiosa dos
do genoma do vírus através de técnicas bovinos (PPCB), sendo que na
moleculares como a reação em cadeia avicultura a infecção foi descrita pela
da polimerase (PCR) (Simionatto et al., primeira vez na Inglaterra, em perus,
2005). por Dodd em 1905. Porém, apenas em
O controle da doença é realizado 1952, quando descoberta a associação
através do monitoramento sorológico de entre o agente causador da Doença
matrizes. Através de testes como ensaio Crônica Respiratória e da Sinusite
imunoenzimático (ELISA indireto.) do Infecciosa dos Perus, que tal patógeno
plantel, estratégias de imunização de foi denominado Mycoplasma
lotes podem ser implantadas. gallisepticum (Ley, 2008; Santos et al.,
Atualmente há vacinas atenuadas 2009; Nascimento & Pereira, 2009).
disponíveis no mercado, porém sabe-se Esses procariotos são caracterizados por
que apesar de atenuadas elas não são possuírem uma sequência de genes
totalmente apatogênicas, o que pode RNA ribossômicos 16S, pequeno
limitar o uso em aves muito jovens e genoma (580-1350kb), com baixa
atuar como fator predisponente de quantidade de citosina (C) e guanina
outras infecções. Objetivando evitar a (G) e requerem colesterol para seu
imunodepressão em aves jovens o uso crescimento (Ley, 2003; Kleven, 2008).
da vacinação deve ser no máximo até Os MG são gram negativos, com
quatro semanas antes do início da formato cocóide, se coram por Giemsa e
postura a fim de se evitar a transmissão não possuem parede celular, além de ter
do vírus vacinal para a progênie um crescimento muito característico de
(Brentano, 2009). suas colônias em forma de ovo frito.
Mycoplasma spp. em geral precisam de
Micoplasmoses um meio rico em proteínas, por isso,
soro é adicionado uma vez que provê ao
Etiopatogenia
meio, lipídios (colesterol) e proteínas
Os Mycoplasma spp. são
(Ramirez et al., 2008) para crescimento
bactérias pertencentes à classe
do agente. Além disso, penicilina e

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


134
Prezotto et al.

acetato de tálio são acrescidos com a aerossaculite (Vogl et al., 2008). O MG


finalidade de evitar contaminantes pode evoluir para uma infecção
(Hannan, 2000; Kleven, 2008; Khiari et sistêmica, causando salpingite, artrite e
al., 2011). passagem do microrganismo do
Hoje, são conhecidos mais de 20 hospedeiro para o ovo (Winner et al.,
espécies de Mycoplasma spp. que 2000). A aerossaculite é considerada
infectam frangos ou perus, sendo uma das mais importantes lesões
descrito principalmente o Mycoplasma responsáveis por condenação total e
gallisepticum (MG) e o Mycoplasma parcial de carcaça na linha de inspeção
synoviae (MS) que causam doença em do frigorífico pelo Serviço de Inspeção
frangos e perus, o Mycoplasma Federal (SIF) (Ley, 2003; Gonçalves,
meleagridis (MM) que causa importante 2005).
doença respiratória em perus e o Os mecanismos da patogenia dos
Mycoplasma iowae (MI) isolado Mycoplasma spp. envolvem desde a
primariamente em perus (Kleven, 1998; competição com as células dos
Kleven, 2008; Buim et al., 2009; hospedeiros por substratos metabólicos
Nascimento & Pereira, 2009). Porém como lipídios, a adesão às células do
quando discutido doenças respiratórias, hospedeiro (Goh et al., 1998; Papazisi et
epidemiologicamente os Mycoplasma al., 2000; Papazisi et al. 2002; Ley,
spp. mais importantes são os M. 2008). Em 1989, houve o primeiro
gallisepticum e M. synoviae, sendo que relato de um M. fermentans com
o MS causa sinovite e aerossaculite e o capacidade de invadir células do
MG causa doença respiratória aguda e hospedeiro, sendo que o MG mostrou-se
crônica, com inflamação e produção de hábil invasor de células HeLa (linhagem
exsudato catarral na mucosa do trato celular humana utilizada em pesquisas)
respiratório (Sprygin, 2010). Dessas e fibroblastos de embrião de frango,
duas espécies, o MG é considerado o além de conseguir invadir eritrócitos de
mais virulento (Gonçalves, 2005; Ley, aves, o que possibilita uma melhor
2008). distribuição sistêmica, uma vez que
Seus sítios de ligação são dessa maneira o patógeno tem a
membranas mucosas e serosas do trato vantagem de escape do sistema imune,
respiratório e genital, iniciando sua redução na eficácia do antibiótico
infecção com colonização do trato durante tratamento além de benefícios
respiratório, seguido de traqueíte e nutricionais (Vogl et al., 2008).

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


135
Prezotto et al.

Uma importante característica protegidos do sol (Nagatomo et al.,


dos Mycoplasma spp. é sua capacidade 2001; Machado, 2010).
de persistência, devido a sua localização A transmissão pode ocorrer tanto
intracelular. Isso ocorre de forma de maneira horizontal como vertical,
forçada no MG devido a pressão sendo que aerossóis, acasalamento ou
ambiental, especialmente causada por inseminação artificial, contágio direto
antimicrobianos (Santos et al., 2009). com outras aves e indireto por meio de
Além disso, Mycoplasma spp. têm pessoas, animais, ração e água são os
grande capacidade mutagênica por principais meios de transmissão
deficiência no sistema de reparo do horizontal. A transmissão vertical se dá
DNA (Ghosh et. al., 1977), sendo principalmente quando o ovócito toca
comum uma grande diversidade os sacos aéreos infectados ou quando o
fenotípica do MG devido à fenômenos ovo é depositado em um ambiente
como variação antigênica e switch contaminado (Olanrewaju et al., 2009 e
fenotípico, permitindo um escape do Santos et al., 2009). A transmissão
sistema imune, estratégias horizontal ocorre de maneira muito
diversificadas para invasão em rápida no galpão e isso permite a
diferentes tecidos do hospedeiro e contaminação do lote em poucas
cronicidade da doença semanas, a transmissão vertical é o
(Noormohammadi, 2007). principal motivo que dificulta o controle
e a erradicação da doença (Nagatomo et
Epidemiologia al., 2001; Ley, 2008; Machado, 2010).
As micoplasmoses têm
distribuição mundial e todas as idades Sinais Clínicos e Lesões
são susceptíveis. Seu período de Os sinais clínicos causados pela
incubação é de 6 a 21 dias, sendo que infecção por MG são tosse, secreção
situações de estresse, alterações de ocular e nasal, diminuição na ingestão
temperatura ambiental, transporte e alta de alimento, retardo de crescimento
densidade animal em galpões com animais de tamanhos diferentes no
favorecem a infecção por Mycoplasma mesmo lote, além de queda na produção
spp. (Gonçalves, 2005). Apesar da de ovos e mortalidade variável. Na
ausência de parede celular, os necropsia, depósitos de fibrina nos
Mycoplasma spp. mantêm-se viáveis no sacos aéreos podem ser observados,
ambiente por vários dias desde que assim como peri-hepatite fibrinosa e

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


136
Prezotto et al.

pericardite com aderência – lesões que Diagnóstico e Controle


levam a condenação da carcaça, No diagnóstico, a
especialmente quando ocorrem soroaglutinação rápida (SAR) é
infecções secundárias (Ley, 2003; utilizada como procedimento sorológico
Nascimento & Pereira, 2009). É inicial em criações de aves, uma vez
importante considerar que fatores como que possui grande sensibilidade, é
baixa temperatura, alta concentração de rápido, de baixo custo e fácil realização
amônia, estresse e associação com vírus (Santos et al., 2007), porém devido a
imunodepressores podem influenciar na ocorrência de falsos positivos,
severidade das lesões causadas por essa caracterizando baixa especificidade,
infecção (Ley, 2008; Machado, 2010). outros testes podem ser utilizados no
Alterações microscópicas na laboratório como o ELISA indireto,
traqueia como perda de cílios, variação reação em cadeia da polimerase tipo
na espessura da mucosa, infiltrações de competitiva (PCR) e inibição da
células mononucleares, hiperplasia das hemaglutinação (HI) (Rhoades, 1978;
glândulas mucosas e reações Slavik et al., 1993; May & Branton,
linfofoliculares podem ser encontradas. 1997; Takase et al., 2000; Brasil, 2001;
O pulmão também pode ser afetado, Raviv et al., 2008).
encontrando-se áreas de pneumonia
intersticial, granulomas em algumas Co-infecções na Avicultura
ocasiões e alterações linfofoliculares Co-infecções ocorrem
(Yoden Jr, 1991; Chin et al., 2003; Ley, comumente em diversas produções
2003; Kleven, 2008). A redução na animais e na avicultura não é diferente.
eficiência alimentar, crescimento No âmbito de doenças do trato
reduzido da ave, diminuição na postura respiratório, alguns dos agentes mais
de ovos, aumento de mortalidade, importantes causadores dessas doenças
redução da uniformidade do lote além são conhecidos não só por terem a
de depreciação do produto no capacidade de causar a doença por si só,
processamento de carnes são apenas mas por interagirem uns com os outros,
algumas das perdas econômicas geradas ou então com outros agentes virais e
pelos Mycoplasma spp. (Minharro et al., bacterianos. Dentre esses agentes
2001; Ley, 2003; Pakpinyo et al., 2007; podem ser citados o pneumovírus
Santos et al., 2009). aviários, o vírus da influenza aviária, o
vírus da bronquite infecciosa, o vírus da

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


137
Prezotto et al.

doença de Newcastle e o Mycoplasma Japão, Estados Unidos, Itália,


gallisepticum (Yashpal et al., 2004). Alemanha, Israel (Otaki et al., 1987; De
As interações de Mycoplasma Boer et al., 1989; Fehler & Winter,
spp. com outros agentes têm sido 2001; Zanella et al., 2001; Davidson et
estudadas, sendo que o MG interage al., 2004). A co-infecção de CAV com o
sinergicamente com os agentes da vírus da Doença de Marek em aves com
Doença de Newcastle e da Bronquite menos de duas semanas de idade causa
Infecciosa e, inclusive, interage com as a síndrome da mortalidade precoce
cepas vacinais dessas mesmas doenças (EMS) (Goryo & Okada, 1994; Zanella
(Kleven, 1998). O MG também interage et al., 2001). Além de CAV e MDV, um
com outros patógenos como os vírus estudo demonstrou que o CAV e o
causadores de Doença Infecciosa da reovírus aviário também possuem a
Bolsa Cloacal, da laringotraqueíte, o capacidade de atuar de maneira
adenovírus, o reovírus e o Avibacterium sinérgica quando administrados
paragallinarum e a E. Coli (Kleven, concomitantemente em aves SPF de um
1998; Machado, 2010). Descrições de dia de idade, levando à uma redução no
infecções experimentais assim como ganho de peso e um dano mais grave
levantamento sorológico em plantéis observado nos tecidos (McNeilly et al.,
comerciais mostram que diferentes 1995). Outras publicações
agentes podem atuar de maneira demonstraram a habilidade do CAV e
sinérgica na produção de lesões (Naylor do vírus da doença infecciosa bursal
et al., 1992; Toro et al., 2005; Roussan afetarem o desenvolvimento das aves
et al., 2008; Toro et al., 2009; Leigh et através de lesões musculares, de timo
al., 2012). entre outros tecidos, além de causarem
Além dos Mycoplasma spp., o imunodepressão e anemia (Toro et al.,
CAV também tem a capacidade de 2009; Gallardo et al., 2012).
interagir com outros agentes como o
vírus da doença de Marek (MDV), o Conclusão
reovírus e o vírus da doença infecciosa A avicultura brasileira está entre
bursal (ou doença de Gumboro) as maiores produções do mundo, sendo
(McNeily et al., 1995; Haridy et al., o Brasil o maior exportador de carne de
2009; Toro et al., 2009). O CAV foi frango. Porém algumas doenças são
detectado em diversos surtos da doença responsáveis por importantes perdas ao
de Marek em diferentes países como longo da produção especialmente no

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


138
Prezotto et al.

abate das aves, com condenações post- gallisepticum, synoviae e meleagridis).


Brasília: Secretaria de Defesa
mortem. A Anemia Infecciosa das
Agropecuária, 2001.
Galinhas e as micoplasmoses têm sido
BRENTANO, A. Anemia infecciosa das
amplamente pesquisadas em todo o
galinhas. In: Doença das Aves. Editora
mundo como causadoras desses Fundação APINCO de Ciência e
Tecnologia Avícolas. Campinas. p. 735-
prejuízos econômicos na avicultura. O
762. 2ª ed. 2009.
conhecimento através de estudos dessas
BUIM, M.R.; METTIFOGO, E.;
doenças assim como suas interações é
TIMENETSKY, J. et al.
de extrema importância, uma vez que Epidemiological survey on Mycoplasma
gallisepticum and M. synoviae by
permite não apenas o diagnóstico e
multiples PCR in commercial poultry.
tratamento corretos como também, a Pesq. Vet. Bras., v.29, n.7, p.552-556,
2009.
melhor maneira de preveni-las evitando
dessa forma maiores despesas na CARDONA, C.J.; OSWALD, W.B.
SCHAT, K.A. Distribution of chicken
produção.
anaemia virus in the reproductive
tissues of specific-pathogen-free
chickens. J Gen Virol, 81:2067–2075.
Referências
2000.
ADAIR B.M. Immunopathogenesis of
chicken anemia virus infection. CHIN, R.P.; GHAZIKHANIAN, G.;
Develop. Comp. Immunol. 24:247-255. KEMPF,I. Mycoplasma meleagridis
2000. infection. In: Saif YM, Barnes HJ,
Fadly AM, Glisson JR, McDouglad LR,
ADAIR, B.M.; MCNEILLY, F.; Swayne DE. Diseases of poultry. Ames:
MCCONNELL, C.D.G. et al. Iowa State University Press; 2003;
Characterization of surface markers p.744-756.
present on cells infected by chicken
anemia virus in experimentally infected DAVIDSON, I.; ARTZI, N.;
chickens. AvianDis. 37: 943–950. 1993. SHKODA,I.et al.The contribution of
feathers in the spread of chicken anemia
BARRIOS, P.R.; MARIN, S.Y.; virus. Virus Res, 132:152–159. 2008.
RESENDE, M; et al.Occurrence of
chicken anemia vírus in backyard DAVIDSON, I.; KEDEM, M.;
chickens of the metropolitan region of BOROCHOVITZ, H.; et al. Chicken
Belo Horizonte, Minas Gerais. Rev. infectious anemia virus infection in
Bras. Cienc.Avic. vol.11 no.2 Campinas Israeli commercial flocks: virus
Apr./June 2009. amplification, clinical signs,
performance, and antibody status. Avian
BRASIL. Instrução Normativa n.44, 23 Diseases, 48, 108-118. 2004.
ago. 2001. Dispõe sobre a aprovação de
normas técnicas para o controle de DE BOER, G.F.; JEUNSEEN, S.H.M.;
certificação de núcleos e VAN ROOZELAAR, D.J.; et al.
estabelecimentos avícolas para Enhancing effect of chicken anemia
Micoplasmose Aviária (Mycoplasma agent (CAA) on Marek’s disease

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


139
Prezotto et al.

pathogenesis. In Proceedings of the 38th


Western Poultry Disease Conference, GHOSH, A.; DAS, J.; MANILOFF, J.
Tempe, AZ (p. 28). Provo, UT: Lack of repair of UV light damage in
Brigham Young University. 1989. Mycoplasma gallisepticum. J. Mol.
Biol., v.116, p.337-344, 1977.
DHAMA, K.; KATARIA, J.M.; DASH,
B.B., et al.Chicken infectious anaemia GIAMBRONE, J. J.; EDSON,C. S.;
(CIA): a review. Ind J KLEVEN, S. H. Effect of infectious
CompMicrobiolImmunolInfectDis 23, bursal disease on the response of
1–15. 2002. chickens to Mycoplasma synoviae,
Newcastle disease virus, and infectious
DODD, S. Epizootic pneumo-enteritis bronchitis virus. Am. J. Vet. Res.
of the turkey. J. Comp. Pathol. Ther. 38:251–253. 1977.
18:239-245. 1905.
GOH, M.S.; GORTON, T.S.;
ESTUDOS DE PROSPECÇÃO DE FORSYTH, M.H.; TROY, K.E.;
MERCADO: SAFRA 2011/2012. GEARY, S.J. Molecular and
Brasília: CONAB, 2010. biochemical analysis of a 105 kDa
Mycoplasma gallisepticum cytadhesin
FARKAS, T.; MAEDA, K.; SUGIURA, (GapA). Microbiology 144 (Pt 11),
H.et al.A serological survey of 2971–2978. 1998.
chickens, Japanese quail, pigeons,
ducks and crows for antibodies to GONÇALVES, P.M.R. Escherichia coli
chicken anaemia virus (CAV) in Japan. com detecção do gene iss por PCR,
Avian Pathol. 27:316–320. 1998. micoplasmas e salmonelas na qualidade
sanitária de frangos de corte ao abate.
FEHLER, F.; WINTER, C. CAV 2005. 84p. Dissertação (Doutorado em
infection in older chickens, an Ciências Veterinárias) – Universidade
apathogenic infection?In Proceedings of Federal Fluminense, Niterói.
the 2nd International Symposium on
Infectious Bursal Disease and Chicken GORYO, M.; OKADA, K.
Infectious Anemia (pp. 391394). Histopathology in chicks dually
Giessen, Germany: Institute fur inoculated with chicken anemia virus
Geflugelkrankheiten, Justus Liebig and Marek’s disease virus at various
University. 2001. ages. In International Symposium on
Infectious Bursal Disease and Chicken
GALLARDO, R.A.; VAN SANTEN, Infectious Anemia (pp.
V.L.; TORO, H. Effects of chicken 392405).Rauischholzhausen, Germany.
anaemia virus and infectious bursal 1994.
disease virus-induced
immunodeficiency on infectious HANNAN, P.C.T. Guidelines and
bronchitis virus replication and recommendations for antimicrobial
genotypic drift.Avian Pathol. minimum inhibitory concentration
Oct;41(5):2012. (MIC) testing against veterinary
micoplasma species. Vet. Res. v.31,
GELDERBLOM, H.; KING, S.; LURZ, p.373-395, 2000.
R. et al. Morphological characterization
of chicken anaemia agent (CAA). Arch HARIDY, M.; SASAKI, J.;
Virol; 109: 115-20. 1989. IKEZAWA, M. et al. Pathological and
immunohistochemical studies of

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


140
Prezotto et al.

subclinical infection of chicken anemia route and concurrent infectious


virus in 4-week-old chickens. J Vet bronchitis virus vaccination on
Med Sci. Jun;74(6):757-64. Jan 30. Mycoplasma gallisepticum disease
2012. pathology in an experimental
model.Avian Pathol. Oct;41(5). 2012.
HARIDY, M.; GORYO, M.; SASAKI,
J. et al. Pathological and LEY, D.H. Mycoplasma gallisepticum
immunohistochemical study of chickens infection. In Diseases of poultry (Y.M.
with co-infection of Marek‘s disease Saif, ed.), 12th Ed. Blackwell
virus and chicken anaemia virus. Avian Publishing, Ames, Iowa, 807-834. 2008.
Pathol. 38, 469–483. 2009.
LEY,D.H..Mycoplasma gallisepticum
HOOP, R.K. Persistence and vertical infection. In: Saif YM, Barnes HJ,
transmission of chicken anaemia agent Fadly AM, Glisson JR, McDougald LR,
in experimentally infected laying hens. Swayne DE. Diseases of poultry. Ames:
Avian Pathol, 21:493–501. 1992. Iowa State University Press; 2003.
P.722-744.

KHIARI, A.B.; LANDOULSI, A.;


AISSA, H. et al.Isolation of MACHADO, L.S. PCR na detecção de
Mycoplasma meleagridis from Mycoplasma gallisepticum e
chickens. American Association of Escherichia coli patogênica em frangos
Avian Pathologists. v.55, n.1, p.8-12, de corte com aerossaculite pela
2011 Inspeção Sanitária Federal. 2010. 63p.
Dissertação (Mestrado em Ciências
KLEVEN, S.H. Control of avian Veterinárias) – Universidade Federal
micoplasma infections in commercial Fluminense, Niterói.
poultry. Avian Diseases.v.52, p.367-
374, 2008. MARIN, S.Y.; BARRIOS, P.R.; RIOS,
R.L.et al. . Molecular characterization
KLEVEN, S.H. Mycoplasmas in the and epidemiology of chicken infectious
etiology of multifactorial respiratory anemia virus from subsistence and
disease.Poult.Sci. v.77, p.1146-1140, commercial chickens in Minas Gerais,
1998. Brazil. In: World Poultry Congress
2012, 2012, Salvador. World Poultry
KOCH, G.; VAN ROOZELAAR, D. J.; Science Journal. Salvador: World
VERSCHUEREN, C. A. J. et al. Poultry Congress, 2012. v. 1. p. 1-1.
Immunogenic and protective properties
of chicken anaemia virus proteins MAY, J.D.; BRANTON,S.L.
expressed by baculovirus. Vaccine 13, Identification of mycoplasma isolates
763–770. 1995. by ELISA. Avian Dis. Jan-
Mar;41(1):93-6. 1997.
KUSCU, B.; GUREL A. Lesions in the
thymus and bone marrow in chicks with MCNEILLY, F.; SMYTH, J.A.;
experimentally induced chicken ADAIR, B.M. et al. Synergism between
infectious anemia disease. J Vet Sci. chicken anemia virus (CAV) and avian
Mar;9(1):15-23. 2008. reovirus following dual infection of 1-
day-old chicks by a natural route.Avian
LEIGH, S.A.; BRANTON, S.L.; Dis. Jul-Sep;39(3):532-7. 1995.
EVANS, J.D. et al. Effect of infection

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


141
Prezotto et al.

MCNULTY, M.S.; CONNOR, T.L.; Rossini, L.I. Doenças das aves.


MCNEILLY, F. et al. Current status of Campinas: Fundação APINCO de
chickcn anemia agent. In: Proceedings Ciência e Tecnologia Avícolas. 2009.,
38th Western Poultry Disease p.485-496.
Conference, Tempe, Arizona; 12-3.
1989. NOORMOHAMMADI, A.H. Role of
phenotypic diversity in pathogenesis of
MCNULTY, M.S.; CONNOR, T.J.; avian mycoplasmosis. AvianPathology.
MCNEILLY,F.,et al.A serological v.36, n.6, p.439-444, 2007.
survey of domestic poultry in the United
Kingdom for antibody to chicken NOTEBORN, M.H.M.; DE BOER,
anaemia agent. Avian Pathol, 17:315– G.F.; VAN ROOZCLAAR, D.J. et al
324. 1988. Characterization of cloned chicken
anemia virus DNA that contains all
MCNULTY, M. S. Chicken anaemia elements for the infectious replication
agent: a review. Avian Pathol 20, 187– cycle. J Virol.; 65: 3131-39. 1991.
203. 1991.
NOTEBORN, M.H.M.; KOCH, G.
NATESAN, S.; KATARIA, J. M.; Chicken anaemia virus infection:
DHAMA, K.;et al.. Biological and molecular basis of pathogenicity. Avian
molecular characterization of chicken Pathol 24, 11–31. 1995.
anaemia virus isolates of Indian origin.
Virus Res 118, 78–86. 2006. NOTEBORN, M.H.M.; VAN
OORSCHOT, A.A.M.D.; VAN DER
MINHARRO, S.; LINHARES, G.F.C.; EB, A.J.. Chicken anemia virus:
ANDRADE, M.A. et al Envolvimento induction of apoptosis by a single
de Escherichia coli, de Mycoplasma protein of a single-stranded DNA virus.
gallisepticum e de Mycoplasma Seminars in VIROLOGY 8, 497–504
synoviae em lesões de sacos aéreos em 1998.
frangos abatidos no Estado de Goiás.
Ciência Animal Brasileira, v.2,n.2, OLANREWAJU, H.A.; PURSELL,
p.111-117, 2001 J.L.; COLLIER, S.D. et al. Effects of
broiler rearing environment on
MOHAMED, M.A. Chicken Infectious transmission of F-strain Mycoplasma
Anemia Status in Commercial Broiler gallisepticum from commercial layer
Chickens Flocks in Assiut-upper Egypt: hens to broiler chickens: role of acid-
Occurrence, Molecular Analysis Using base balance. International Journal of
PCR-RFLP and Apoptosis Effect on Poultry Science.v.2, n.2, p.145-150,
Affected Tissues. Int. J. Poult. Sci., 9 2009.
(6): 591-598, 2010.
OTAKI, Y.; NUNOYA, T.; TAJIMA,
NAGATOMO, H.; TAKEGAHARA, M.et al. Isolation of chicken anaemia
Y.; SONODA, T. et al.Comparative agent and Marek’s disease virus from
studies of the persistence of animal chickens vaccinated with turkey
mycoplasmas under different herpesvirus and lesions induced in
environmental conditions. Vet. chicks by inoculating both agents.
Microbiol., 82 (3), 223-232. 2001. Avian Pathology, 16, 291-306. 1987.

NASCIMENTO, E.R.; PEREIRA, PAKPINYO, S.; SASIPREEYAJAN,J..


V.L.A. Micoplasmoses. In: Di Fabio, J, Molecular characterization and

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


142
Prezotto et al.

determination of antimicrobial Mycoplasma gallisepticum in broiler


resistance of Mycoplasma gallisepticum chickens. Avian Dis. 24:800–807. 1980.
isolated from chickens Vet Microbiol.
Nov 15;125(1-2):59-65. May 18. 2007. ROUSSAN, D.A.; HADDAD, R.;
KHAWALDEH, G. Molecular survey
PAPAZISI, L.; FRASCA, S.; GLADD, of avian respiratory pathogens in
M. et al. A coexpression is essential for commercial broiler chicken flocks with
Mycoplasma gallisepticumcytadherence respiratory diseases in Jordan.PoultSci.
and virulence. Infect. Immun. 70, 6839– Mar;87(3):444-8.2008.
6845. 2002.
RUTZ, F.; ROLL, F.B.; ANCIUTTI,
PAPAZISI, L.; TROY, K.E.; M.A.et al.Nutrição e qualidade de carne
GORTON, T.S.et al. Analysis of de aves. 2011. Artigo técnico disponível
cytadherence-deficient, GapA-negative em http://pt.engormix.com/MA-
Mycoplasma gallisepticum strain R. avicultura/nutricao/artigos/nutricao-
Infect. Immun. 68, 6643–6649. 2000. qualidade-carne-aves-t607/141-p0.htm.
Acesso em 18 fev. 2013.
PRINGLE C.R. Virus Taxonomy at the
XIth International Congress of SANTOS, B.M.; MARIN, S.Y.;
Virology, Sydney, Australia. Arch. BARBOSA, A.C. Confiabilidade de um
Virol. 144:2065-2070. 1999. teste de triagem para micoplasmose
aviária. Vet. Zootec.1(1); 18-23, 2007.
RAMIREZ, A.S., FLEITAS, J.L.,
ROSALES, R.S., et al.A semi-defined SANTOS, S.B.; NASCIMENTO, E.R.;
medium without serum for small FACCINI, J.L.H., et al.Potentially
ruminant mycoplasmas. The Veterinary pathogenic mycoplasmas in the external
Journal. v.178, p.149-152, 2008 ear of clinically normal cattle in
southeast Brasil: first report. Brazilian
RAVIV, Z.; CALLISON, S.A.; Journal of Microbiology, v.40, p.455-
FERGUSON-NOEL,N.et al.Strain 457, 2009.
differentiating real-time PCR for
Mycoplasma gallisepticum live vaccine SCHAT, K.A. Chicken Infectious
evaluation studies. Vet Microbiol. May Anemia. In Diseases of Poultry.11th
25;129(1-2):179-87. Nov 22. 2008. edition. Edited by Saif YM, Barnes HJ,
Glisson JR, FadlyAM, McDougald LR,
REUTERS. Brazil poultry exports Swayne DE. Ames, Iowa: Iowa
should recover in 2013. Disponível em: StateUniversity Press;182–202. 2003.
<http://www.reuters.com/article/2013/0
1/15/brazil-grains-poultry- SIMIONATTO, S.; ROSA, C.A.V.L.;
idUSL2N0AKB6N20130115>. RUBIN, L.L. et al. Um protocolo de
Acessoem 20 fev. 2013. ‘nested-PCR’ para detecção do vírus da
anemia das galinhas. Pesq.Vet.Bras.
RHOADES, K.R. Inhibition of avian 25(2); 106-110., abr/jun. 2005.
mycoplasmalhemagglutination by IgM
type antibody.Poult Sci. SLAVIK, M.F.; WANG, R.F.;
May;57(3):608-10. 1978. CAO,W.W. Development and
evaluation of the polymerase chain
RODRIGUEZ, R.; KLEVEN, reaction method for diagnosis of
S.H..Pathogenicity of two strains of Mycoplasma gallisepticum infection in

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


143
Prezotto et al.

chickens.Mol Cell Probes. VOGL, G.; PLAICKNER, A.;


Dec;7(6):459-63. 1993. SZATHMARY, S., et al. Mycoplasma
gallisepticum invades chicken
SMYTH, J.A.; MOFFETT, D.A.; erytrochytes during infection. Infection
MCNULTY,M.S.et al.A sequential and Immunity, v.76, n.1, p.71-77, 2008.
histopathologic and
immunocytochemical study of chicken WEINACK, O.; SNOEYENBOS, G.;
anemia virus infection at one day of age SMYSER, C. et al. Influence of
Avian Dis.Apr-Jun;37(2):324-38. 1993. Mycoplasma gallisepticum, infectious
bronchitis, and cyclophosphamide on
SPRYGIN, A.V.; ANDREYCHUK, chickens protected by native intestinal
D.B.; KOLOTILOV, A.N., et microflora against Salmonella
al.Development of a duplex real-time typhimurium or Escherichia coli. Avian
TaqMan PCR assay with an internal Dis. 28:416–425. 1984.
control for the description of
Mycoplasma gallisepticum and WINNER, F.; ROSENGARTEN, R.;
Mycoplasma synoviae in clinical CITTI, C.In vitro cell invasion of
samples from commercial and backyard Mycoplasma gallisepticum. Infection
poultry. Avian Pathology, v.39, n.2, and Immunity.v.68, n.7, p.4238-4244,
p.99-109, 2010. 2000.

TAKASE, K.; MURAKAWA, Y.; YASHPAL, S.M.;DEVI, P.P.; SAGAR,


ARIYOSHI, R.et al. Serological M.G.. Detection of three avian
monitoring on layer farms with specific respiratory viruses by single-tube
pathogen-free chickens.J VetMedSci. multiplex reverse transcription-
Dec;62(12):1327-9. 2000. polymerase chain reaction assay. J. Vet.
Diagn. Invest. 16:244–248. 2004.
TIMMS, L.M. The effects of infectious
bronchitis superimposed on latent YODEN JR., H.W. Mycoplasma
Mycoplasma gallisepticum infection in gallisepticum infection.In>Calnek BW,
adult chickens. Vet. Rec. 91:185. 1972. Burnes HJ, Beard CW, Yoder Jr
HW.Diseases of poultry. 9 th ed. Ames:
TODD, D. Circoviruses: Iowa State University Press. 1991;
immunosuppressive threats to avian p.198-212.
species: a review. Avian Pathol 29,
373–394. 2000. YUASA, N., TANIGUCHI, T.,
IMADA, T.et al.Distribution of chicken
TORO, H.; HOERR, F.J.; FARMER, anemia agent (CAA) and detection of
K.,et al. Pigeon paramyxovirus: neutralizing antibody in chicks
association with common avian experimentally inoculated with CAA.
pathogens in chickens and serologic NatlInstAnim Health Q (Tokyo), 23,
survey in wild birds. Avian 78-81. 1983.
Dis.Mar;49(1):92-8. 2005.
ZANELLA, A.; DALL’ARA, P.;
TORO, H.; VAN SANTEN, V.L.; LAVAZZA, A.et al.Interaction between
HOERR, F.J., et al. Effects of chicken Marek’s disease virus and chicken
anemia virus and infectious bursal infectious anemia virus. In K.A. Schat,
disease virus in commercial chickens. R.M. Morgan, M.S. Parcells, & J.L.
Avian Dis. 53, 94–102.2009. Spencer (Eds.), Current Progress on
Marek’s Disease Research (pp. 1119).

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015


144
Prezotto et al.

Kennett Square, PA: American


AssociationofAvianPathologists. 2001.

Revista Eletrônica de Pesquisa Animal, v.03, n.06, p.127-144, 2015

View publication stats

Você também pode gostar