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Fitovirologia

R$ 12,00

Prof. Alexandre Capucho


CONTEÚDO

Histórico e importância dos vírus e viroides

O que são vírus e viroides?

Características

Como são transmitidos e multiplicam?

Diagnose

Taxonomia dos vírus

Controle
HISTÓRICO

Tulipas Variegadas:

 Importância histórica: Holanda, séc. XVII


 Preço pago por um único bulbo – exposição em 1626:
4 toneladas de trigo
8 toneladas de cevada
4 bois gordos
8 porcos gordos
12 ovelhas gordas
2 barris de vinho...

Agrios, 2005
Foto:etNorth
Foto: Brunt Carolina
al., 1996 - TulipState University
breaking virus
HISTÓRICO

Adolf Mayer - 1886, Holanda

Mosaikkrankheit

Transmissão do mosaico do fumo por meio de


injeção de extrato de planta doente em planta
sadia

Comprovação da natureza infecciosa

Propõe que a doença é causada por fungo ou


bactéria, mas não consegue isolá-lo
HISTÓRICO

Beijerinck - Holanda, 1898


Ivanowski - Rússia,1890
• Repete o experimento de
• Repete o experimento de Mayer, Ivanowski, com os mesmos
porém filtra o extrato de planta resultados
infectada em filtro de porcelana,
capaz de reter bactérias • Propõe que o mosaico do fumo
é causado por um agente
etiológico distinto de fungos e
• Filtrado transmite a doença
bactérias Contagium vivum
• Não confiou nos próprios fluidum (fluido vivo contagioso) -
resultados
vírus
HISTÓRICO

Wendel Stanley -
EUA, 1935 Frederic Bawden e G.A. Kausche -
Início do período Willian Pirie - Alemanha, 1939
moderno da virologia Inglaterra, 1936 Desenvolvimento do primeiro
- Purificação de uma Purificação do TMV e microscópio eletrônico de
“proteína com as determinação de sua transmissão
propriedades do constituição química
vírus do mosaico do Primeira eletromicrografia:
fumo” => não são Detecção de nitrogênio, TMV
microrg. fósforo e carboidrato
(ribose) => ác. nucleico
Prêmio Nobel de
Medicina, 1946
HISTÓRICO

Clark e Adams - EUA, 1977


Powell-Abel et al. - EUA,
Adaptação da técnica de 1986
ELISA para diagnose de
viroses vegetais Plantas transgênicas
resistentes ao TMV

Silenciamento gênico pós-transcricional (PTGS)


VÍRUS E VIROIDES
Tamanho:

Vírus:
menor 2,5 x 10nm
maior 200 x 2000 nm

Menor entidade
biológica capaz de
causar doença em
plantas
(250-350
nucleotídeos)

Foto: Agrios, 2005


VÍRUS E VIROIDES
Ácido nucléico Capa protéica
Vírus:

- Ácido nucléico
RNA ou DNA
Fita simples ou
Fita dupla

- Capa protéica

- Replicação no hospedeiro

Capsômero

O que são VIROIDES?: RNA, fita simples, circular,


sem capa protéica.
Algumas viroses de plantas de importância econômica
Tomato spotted wilt virus (TSWV)
Tomato chlorotic spot virus (TCSV)
Vira-cabeça do tomateiro Groundnut ringspot virus (GRSV)
Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV)

>800 espécies botânicas, em 82 famílias


Solanaceae e Compositae
Algumas viroses de plantas de importância econômica

Mancha anelar do mamoeiro (PRSV-P) Papaya ringspot virus – strain P


Algumas viroses de plantas de importância econômica

Amarelo letal do mamoeiro (PLYV)

• Vírus com capacidade de


sobrevivência no solo:

transmissão mecânica e por mãos


contaminadas

(Nascimento et al., 2010)


Algumas viroses de plantas de importância econômica

Mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus - GMV)

 São Paulo e Paraná, podem causar danos


acima de 80% na produção

 Transgênico Embrapa => sementes em 2015


Bemisia tabaci

Foto: Comitê Internacional de


Taxonomia de Vírus

Foto: University of Georgia


Algumas viroses de plantas de importância econômica

Mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus - GMV)

Cerca de 151 espécies


e/ou isolados de
Geminividae foram
inteiramente sequenciados.

RNA-antisenso
Hibridização RNA-antisenso
e mRNA pode interferir no
processamento do pré-
mRNA, inibindo o splicing, ou
ainda o transporte do mRNA
do núcleo para o citoplasma
Algumas viroses de plantas de importância econômica

Tristeza dos citros - Citrus tristeza virus (CTV)

Toxoptera citricidus

Controlar vetor: ineficiente

• Causa a morte de laranjeiras doces enxertadas sob


laranjeira azeda
• Principalmente família Rutaceae

Outros vetores: Aphis gossypii, Aphis spiraecola, Toxoptera aurantii e Myzus persicae
Algumas viroses de plantas de importância econômica

Tristeza dos citros - Citrus tristeza virus (CTV)

Laranja doce
ou P. trifoliata
Laranja azeda
2000 x 12 nm
Moreira, 1954
Algumas viroses de plantas de importância econômica
CABMV
Endurecimento dos frutos do maracujazeiro

Inclusões de
PWV

PWV - Infecta 44 espécies em 5 famílias


Passion fruit woodiness virus (PWV)
Cowpea aphid-borne mosaic virus (CABMV) Vetores: Aphis gossypii, Myzus persicae
PWV é 85% igual ao CABMV Transmitido de forma não-persistente
Algumas viroses de plantas de importância econômica

Mosaico dourado do tomateiro - Begomovirus

• 35 famílias de mono e dicotiledôneas


• Controlar vetor

Tomato golden mosaic virus – TGMV


Tomato chlorotic vein virus – TCIVV
Tomato yellow vein streak virus – TYVSV
Tomato rugose mosaic virus – ToRMV
Tomato chlorotic mottle virus - ToCMV Deficiência
de Mg
Algumas viroses de plantas de importância econômica

Mosaico das cucurbitáceas (PRSV-W, ZYMV, WMV - Potivirus)

• Transmitido por cerca de


9 espécies de afídeos
• Transmitido por 38 espécies de afídeos

• Além de: CMV, SqMV (coleoptera), ZLCV (tripes), MYaV (mosca branca)
IMPORTÂNCIA DE VIROIDES
Tubérculo Afilado da Batata

 Primeiro a ser identificado: Diener, 1971


Potato spindle tuber viroid
 “Praga” quarentenária ausente para o Brasil
 Sintomas podem confundir com deficiências nutricionais (P)
 Transmissão: contato

Mackie et al., 2006


IMPORTÂNCIA DE VIROIDES
Cadang-Cadang
 Menor viroide conhecido - 246 nucleotídeos
Coconut cadang-cadang viroid
 “Praga” quarentenária ausente para o Brasil
 Não se sabe como é transmitido => difícil controle

Fotos: Agrios, 2005


IMPORTÂNCIA DE VIROIDES
• Porta-enxertos tolerantes a tristeza (P.
Exocorte dos Citros trifoliata) são sensíveis à exocorte

 Muito importante para limão Tahiti:


Complexo de até 13 viroides
 Combinação: laranja Bahia sob limão cravo é muito sensível
 Transmissão: propagação vegetativa ou instrumentos corte
 Controle: Família Rutaceae
Indexação de mudas
Mudas certificadas

Citrus exocortis viroid - CEVd Fendilhamento


Barbosa, 2010
FITOVÍRUS SÃO CAPAZES DE INFECTAR
OUTROS ORGANISMOS E VICE-VERSA?
- AIDS, Poliomielite, Gripe, etc = Humanos e mamíferos

- Bacteriófagos = Bactérias

- Fitovírus = Plantas

Alguns fitovírus multiplicam-se no inseto vetor:

Vira cabeça do tomateiro => tripes


Leprose dos citros => ácaro

Não há registros de vírus de


humanos/mamíferos que infectam
plantas, e vice-versa !!!
CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS
O que são vírus?
 Definição – Hull, 2002:
Um vírus consiste em um grupo que apresenta
moléculas de DNA ou RNA como ácido nucléico,
normalmente cobertas por um capsídeo protetor
composto de proteína e/ou lipídeo, capaz de se replicar no
interior de uma célula hospedeira.
Ácido nucléico:
(ssRNA ssDNA)
(dsRNA dsDNA)
ou
Capsídeo
CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

• Ausência de maquinaria para síntese de proteínas

• São parasitas obrigatórios

• A replicação: é organizada a partir da síntese dos seus


componentes em separado, capa protéica e ác. nucléico.

• Não é isolada dos componentes celulares por meio de


membranas lipoprotéicas

• Leva ao surgimento de variantes por meio de mudanças na


sequência de nucleotídeos, ou seja, evoluem
CARACTERÍSTICAS - VÍRUS
Constituintes:
Ácido nucléico: molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral.

Capsídeo: envoltório protéico que envolve o material genético.


Capsômeros: subunidades protéicas (monômeros) que agregadas
constituem o capsídeo.

Nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido


nucléico que ele engloba.
CARACTERÍSTICAS - VÍRUS
9 nm 9 nm

RNA

Subunidades
da proteína
capsidial

A B

Levy et al., 1994

A
Subunidades
da proteína
capsidial

TMV (300 x 18 nm) CMV (28 nm)


CARACTERÍSTICAS - VÍRUS
 Formas dos vírus:
• Alongado rígido e flexuoso, icosaédrico, baciliformes...

TMV (300 x 18 nm) PVX (560x 13 nm) CMV (28 nm) CoSRV (110 x 40 nm)
CARACTERÍSTICAS - VÍRUS
 Formação de capsídeos icosaédricos:

• Os vírus possuem capacidade codificadora reduzida, e


codificam uma ou poucas proteínas estruturais (a maioria
codifica apenas 1 proteína capsidial)

• Proteínas são moléculas assimétricas

• Para que uma única proteína forme um capsídeo esférico,


ela deve estar arranjada de forma simétrica e que permita
interações entre as subunidades => estabilidade!
CARACTERÍSTICAS - VÍRUS
4,3% 13% 76,6%
Tipos:

TAMANHO

Isométricos:
17 – 300 nm

Alongados:
3 – 25 nm X
200 – 2000 nm
2% 4,1%

nm =
1/1.000.000 mm Figura: ICTV
QUANTOS INTEGRANTES?
 Relatório do ICTV de 25/03/2013:

• 7 Ordens
• 96 Famílias
• 420 Gêneros
• 2618 Espécies descritas
• Metade causa doença em plantas

http://talk.ictvonline.org/files/ictv_documents/m/msl/4440.aspx
CARACTERÍSTICAS DOS VIROIDES
O que são viroides?
 Definição – Hull, 2002:

Os viroides são um grupo que apresenta molécula


de RNA circular como ácido nucléico, seu RNA não
apresenta ORF, não possui capsídeo, capaz de se replicar
no interior de uma célula hospedeira.
São considerados os menores agentes infecciosos
causadores de doenças em plantas.
CARACTERÍSTICAS DOS VIROIDES

• Viroides são independentes de um vírus auxiliar

• São parasitas obrigatórios só encontrados em plantas

• ssRNA, circular

• Não codificam proteína => não tem ORF

• Não possuem capsídeo

• Transmissão por contato, por semente/pólen e por


propagação vegetativa
CARACTERÍSTICAS - VIROIDES
 Formato de viroides:
• Difícil a observação mesmo com microscópio eletrônico
• Pode ser confundido com componentes celulares
• Exemplo - CCCVd - 246 nucleotídeos:

loops

região central conservada => Pospiviroidae Foto: Agrios, 2005


QUANTOS INTEGRANTES?
Família Gênero Espécie (total 40) Comp. (nt)
Pospiviroidae Pospiviroid Potato spindle tuber viroid 356-360
Citrus exocortis viroid 370-375
Chrysanthemum stunt viroid 354-356
Hostuviroid Hop stunt viroid 297-303
Cocadviroid Coconut cadang-cadang viroid 246-247
Apscaviroid Apple scar skin viroid 329-330
Citrus viroid III 294-297
Australian grapevine viroid 369
Coleviroid Coleus blumei viroid 1 248-251
Avsunviroidae Avsunviroid Avocado sunblotch viroid 246-250
Pelamoviroid Peach latent mosaic viroid 336-339
Chrysanthemum chlorotic mottle 399
Elaviroid Eggplant latent viroid 335
CARACTERÍSTICAS DOS VIRÓIDES

• A taxa de Mutação é muito alta => a taxonomia não


avança muito => pouca similaridade entre os grupos

Science - Gago et al., 2009


COMO SÃO CLASSIFICADOS OS VÍRUS DE PLANTAS?

Taxonomia
A classificação dos microrganismos começou
em 1753 com Linnaeus.

As viroses eram classificadas em grupos.

Esforço para que fosse feito um sistema de


família e gênero.
COMO SÃO CLASSIFICADOS OS VÍRUS DE PLANTAS?
Taxonomia
Histórico:

Décadas de 30-40:
Gama de hospedeiro e sorologia

Homes (1939):
Proposta de sistema binomial

Décadas de 50-60:
Microscopia eletrônica

Brandes & Vetter (1959):


1ª Classificação baseada em morfologia da partícula e
propôs a nomenclatura em inglês

Necessidade de uma unificação...


COMO SÃO CLASSIFICADOS OS VÍRUS DE PLANTAS?
Taxonomia
Histórico:

Criação em 1966 do Comitê Internacional de Nomenclatura de


Vírus (ICNV):

Hierarquia:
Comissão executiva
Sub-comitê de vírus de plantas
Grupos de estudo (por famílias)

Princípios da taxonomia de vírus:


Estabilidade
Utilidade
Aceitabilidade
Flexibilidade
COMO SÃO CLASSIFICADOS OS VÍRUS DE PLANTAS?

6o Relatório ICTV importante mudança na


classificação de viroses de plantas

Viroses de plantas estavam distribuídas em


grupos ou gêneros e famílias de viroses de
animais vertebrados e invertebrados;

1995: 41 gêneros organizados

19 gêneros em 7 famílias

Mais de 20 gêneros não se adequaram


as características de nenhuma família
Critérios para classificação em família e gêneros

Tipo de ácido nucléico

Número de componentes do genoma

Morfologia da partícula

Modo de transmissão

Gama de hospedeiro

Organização do genoma viral

Relacionamento filogenético
CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAR TÁXONS DE VÍRUS

Ordem
1. Composição bioquímica
2. Estratégias de replicação
3. Estrutura das partículas
4. Organização geral do genoma

Família
1. Composição bioquímica
2. Estratégias de replicação
3. Estrutura e natureza da partícula
4. Organização do genoma
Gênero
1. Estratégia de replicação
2. Tamanho do genoma, organização ou
número de segmentos
3. Sequências homólogas
4. Vetores de transmissão
5. Na maioria das vezes, os nomes dos
gêneros são derivados dos vírus tipos.
ORTOGRAFIA

Ordem: virales
Família: viridae
Subfamília: virinae
Gênero: virus

Ex.: Ordem Nidovirales www.ncbi.nlm.nih.gov

Família Bromoviridae
Gênero Cucumovirus
Espécie Cucumber mosaic virus
Nomenclatura
Em inglês: Geral – nome hospedeiro+sintoma+virus

Espécies aceitas pelo ICTV são grafadas em itálico

Exemplos:

Tobacco mosaic virus (TMV)


Tomato leaf curl virus (TLCV)
Bean yellow mosaic virus (BYMV)
Potato virus X (PVX), PVY, PVM, PVS
Citrus tristeza virus (CTV)
Nomenclatura
1. Mosaic e Mottle
M = mosaic Mo = mottle
Ex.: CPMV – Cowpea mosaic virus
CPMoV – Cowpea mottle virus
2. A palavra ringspot é abreviada como RS

3. A palavra symptomless é abreviada com SL

4. A 2ª ou 3ª letra, ou a 2ªconsoante ou a última letra


do nome da planta hospedeira pode ser usada em
alguns casos para diferenciar abreviações que podem
gerar confusão.

Ex.: TMV e ToMV


Nomenclatura
5. Quando as viroses são distinguidas por sua localização
geográfica, é adicionado um número mínimo de letras
depois da palavra vírus e separado por hífen

Ex.:Tomato yellow leaf curl virus da Thailândia


= TYLCV-Th
COMO SE MULTIPLICAM OS VÍRUS?

Multiplicação: refere-se a duplicação de ácido


nucléico, tendo por base a pré-existência de um
molde. Etapas da replicação das partículas virais:

• Penetração na célula hospedeira;


• Desnudamento do ácido nucléico;
• Síntese de ácido nucléico; e
• Maturação ou acoplamento dos dois componentes
(ac. nucléico e proteínas), dando origem a uma nova
partícula.
Papaya ringspot virus
Papaya ringspot virus

Precisa de
2200 - 2600 CPs
e excesso de
outras proteínas
gera inclusões:

Zerbini, 2009
Papaya ringspot virus

Proteínas de
Potyvirus são
multifuncionais
Tobacco mosaic virus

A regulação se dá
pela maior ou
menor afinidade
do complexo com
os promotores de
cada sgRNA
>>>>>
afinidade
Zerbini, 2009 : >>> CP
COMO SE MULTIPLICAM OS VÍRUS?
MOVIMENTO DE FITOVÍRUS
Entrada do vírus na célula do hospedeiro:
Ferimentos - expõe o interior da célula, permitindo a
entrada do vírus.
Vetor - deposita o vírus diretamente no interior da célula

Etapas da infecção sistêmica de plantas por fitovírus:


Replicação viral na célula inicialmente infectada,
Movimento célula-a-célula (curta distância)
Movimento sistêmico (longa distância).

Disseminação do vírus na planta


Curta distância: movimento célula-a-célula via plasmodesmos.
Longa distância: movimento sistêmico via floema
MOVIMENTO CÉLULA-A-CELULA DE FITOVÍRUS
vRNA MP PC Modelo proposto para o movimento célula-a-célula
de fitovírus que utilizam túbulos.
Os túbulos (TB) são formados pela proteína de
TB
CP movimento (MP) a partir da modificação estrutural de
V plasmodesmas primários. As partículas virais (V),
formadas pela associação da proteína capsidial (CP)
com o RNA viral (vRNA), passam através dos túbulos
PD de forma específica, devido à interação entre a
RE
proteína capsidial e a proteína de movimento.
Legenda: PC, parede celular; RE, retículo
endoplasmático; PD, plasmodesma.

PC
MT Modelo proposto para o movimento célula-a-célula de
fitovirus que modificam o limite de exclusaõ dos
plasmodesmos.
O vírus se replica em associação com o retículo
endoplasmático (RE). A proteína de movimento (MP) se
? associa ao RE, direcionando o RNA viral (vRNA) para os
PD plasmodesmas (PD). A proteína de movimento aumenta o
MP
? limite de exclusão dos plasmodesmas, permitindo a
vRNA passagem do RNA viral. Após a passagem do RNA viral, a
proteína de movimento se associa aos microtúbulos (MT)
e é degradada. O possível envolvimento de proteínas do
hospedeiros, provavelmente como auxiliares do transporte
RE ativo do complexo formado pela proteína de movimento e
o RNA viral, não está descartado.
MOVIMENTO DE FITOVÍRUS NO FLOEMA

• Entrada do vírus no elemento do tubo crivado


• Transporte via floema segue o fluxo norma de
fotoassimilado: FONTE => DRENO
• Saída do vírus do floema e volta ao mesófilo:

Infecção sistêmica
INFECÇÃO SISTÊMICA
INFECÇÃO SISTÊMICA
TRANSMISSÃO NATURAL DE VIRUS DE PLANTAS

Sementes

Um número considerável de viroses são transmitidas pelas sementes: Mosaico


comum do feijoeiro, mosaico da alface, mosaico da abobora, vira cabeça do
tomateiro

Semente infectadas pode ser importante fonte de inóculo para epidemias => o
uso de sementes sadias é em muitos casos a forma eficiente de se obter
plantas livres de vírus

Material propagativo

Importante para culturas propagadas vegetativamente (fruteiras, batata,


morango, alho)

Limpeza clonal – cultura de meristema


Indexação

Indexar é demonstrar a presença ou não de uma virose nas


plantas em análise => vários métodos (diagnose)

Cultura de meristemas
Extração do ápice meristemático (onde ainda não apresenta
feixes vasculares).

Ex.: Banana, orquídea,


morango, batata...
TRANSMISSÃO NATURAL DE VIRUS DE PLANTAS
Fungos:
Poucos casos conhecidos
Apenas 3 gêneros de fungos habitantes do solo (Polymixa,
Olpidium, Spongospora).
O fungo adquire o vírus colonizando o sistema radicular de uma
planta doente e a transmite para a planta sadia.
Nematoides:
Apenas 7 gêneros de nematoides (Xiphinema, Xiphodorus,
Longidorus, Trichodorus, Paratrichodorus, Monotrichodorus e
Allotrichodorus com várias espécies) são capazes de transmitir 2
gêneros de vírus (Nepovirus e Tobravirus).

A transmissão exige que o nematoide alimente de planta


infectada para adquirir o vírus. É necessário que as
partículas virais fiquem retidas na porção anterior do
nematoide;
Uma vez adquirido o vírus o nematoide o transmitirá ao inserir o
estilete na raiz e secretar pequena quantidade de
secreções esofagianas.
TRANSMISSÃO NATURAL DE VIRUS DE PLANTAS
Ácaros
Apenas 3 gêneros de ácaros transmite 2 gêneros de vírus
O vírus é capaz de replicar no ácaro
Doença de fácil controle: basta controlar o ácaro
Doença importante - leprose dos citrus e mancha anular do cafeeiro

Insetos: 90% das virose são transmitidas por insetos.


Afídeos (pulgões) (> 80 espécies) – transmitem todos os potyvirus;
Cigarrinhas(> 35 espécies);
Mosca branca (4 espécies) – transmitem todos os begomovirus;
Tripes (8 espécies);
Besouros
TRANSMISSÃO NATURAL DE VIRUS DE PLANTAS

Forma de adquirir o vírus: 1) picada de prova e 2) de alimentação

Período de aquisição – tempo que o inseto leva para


adquirir o vírus ao se alimentar de uma planta infectada.
Período latente – intervalo de tempo entre aquisição e a
capacidade de transmissão do vírus para outras plantas.
Período de retenção – intervalo de tempo em que vetor
virulífero pode transmitir o vírus sem voltar a se alimentar
de uma planta infectada.

Relacionamento inseto-vetor e vírus:


Não-circulativo: PRSV – Pulgão
Circulativo-propagativo: TSWV – Tripes
Circulativo-não-propagativo: BGMV – mosca branca
Picada de prova Picada de Alimentação

Não-circulativo Circulativo não-propagativo Circulativo propagativo


Relação c/vetor Período de aquisição Período latente Período de retenção
Não circulativo Segundos a minutos - Minutos a horas
Circulativo não-propagativo Algumas horas Minutos a horas Alguns dias
Circulativo propagativo Horas a dias Alguns dias Resto da vida
Métodos de Diagnose
 Observação dos sintomas da doença a nível de campo

 Observação dos sinais ou sua indicação em laboratório:

Inoculação mecânica em plantas indicadoras


Microscopia de luz: observar inclusões
Microscopia eletrônica
Métodos sorológicos: difusão dupla em gel, ELISA
Métodos moleculares: Hidrid. Sondas, PCR...
Fatores que Influenciam a Diagnose
• Nível taxonômico a que se deseja chegar

• Tempo para obter resultados: plantas indicadoras ou PCR?

• Custo e Infra-estrutura disponível para realização dos testes

• Quantas amostras que podem ser processadas por um


operador com a técnica escolhida?

• Observação de estruturas que levam ao nível taxonômico


desejado

• Nível de conhecimento do diagnosticador e, em alguns casos,


ter acesso à técnicas e literaturas específicas
Como identificamos um vírus ou viroide?
 Sintomas - manifestação visual das reações da planta a um
agente nocivo:
• Mosaico, mosqueado, amarelecimento, nanismo,
variegação, bronzeamento, epinastia...
• Pouco valor diagnóstico

Mosaicos: Mancha Café => SMV

Gonçalves et al., 2007 Yang, 1999


Como identificamos um vírus ou viróide?
 Sinais - estruturas do patógeno presentes no tecido doente,
ou indicações de sua presença detectados pelos sentidos:

• Observação do ácido nucléico e inclusões, ou


indiretamente => métodos biológicos, sorológicos e
moleculares
PCR
ELISA: só vírus! Barboza et al., 2007
Inclusões de Potyvirus Agrios, 2005
Zerbini et al., 1999

métodos biológicos sorológicos moleculares


Métodos de Diagnose

• Métodos biológicos: baseados nas propriedades biológicas dos vírus

• Métodos sorológicos: baseados na detecção da proteína capsidial

• Métodos moleculares: baseados na detecção do ácido nucléico viral


Métodos de Diagnose
MÉTODOS BIOLÓGICOS

• gama de hospedeiros

• microscopia ótica e eletrônica

• transmissão por vetores


Diagnose - Vírus
Mosaico dourado do feijoeiro
Bean golden mosaic virus (BGMV)

Diagnose: baseada nos sintomas (experiência), partículas virais


sob microscopia eletrônica, ELISA e PCR

Foto: University of Georgia Foto: Comitê Internacional de


Juliatti et al., 2005
Taxonomia de Vírus
Vira cabeça do tomateiro (Tomato spotted wilt virus- TSWV,
Tomato chlorotic spot virus- TCSV, Groundnut ringspot virus- GRSV,
Squash necrotic mosaic virus- SqNMV)

Diagnose: sintomas no ápice das plantas (envergadas), anelações


nos frutos, PCR, observação das partículas virais sob
microscópio eletrônico e ImmunoStrip (sorologia)

PCR: 5 dólares / amostra


Fotos: Eiras et al., 2002
Teste Sorológico: ImmunoStrip
- Diagnose Rápida -

Material:
Sacos plásticos especiais
Tampão
Caneta/lápis
Amostra: folha, pecíolo, semente...
Manter Immunostrip a 4°C, e antes do uso a 24°C

• Existe para 14 vírus: CMV, TMV, PVY...

• 4-5 dólares/teste
Fotos: www.agdia.com
Mosaico do mamoeiro
Papaya ringspot virus (PRSV)

Diagnose: Observação de sintomas, ELISA, partículas virais sob


microscópio eletrônico, inclusões

Fotos: Pereira et al., 2001

ELISA: 2 dólares/amostra
Mosaico-em-desenho do feijoeiro
Bean rugose mosaic virus (BRMV)

Diagnose: sorologia com a técnica de ELISA, além de observação


de inclusões sob microscopia de luz, difusão dupla em gel
(usado no passado)
Difusão dupla

Fotos: Bernard et al., 1998 Inclusões em tricomas e


vasos do xilema Agrios, 2005
Mosaico da soja
Soybean mosaic virus (SMV)

Diagnose: Observação dos sintomas da doença nas sementes,


inclusões nas células da epiderme, partícula viral

Fotos: Souza et al., 2003


Diagnose - Viróides
Exocorte dos Citrus
Citrus exocortis viroid, Hop stunt viroid, Citrus bark cracking
viroid, Citrus bent leaf viroid, Citrus dwarfing viroid...

Diagnose: Observação de sintomas, eletroforese em acrilamida


(PAGE), hibridização com bot-blot

PAGE
bot-blot
Fotos: Erias et al., 2009
Cadang-cadang em coqueiro e dendê
Coconut cadang-cadang viroid (CCCVd)

Diagnose: Observação de sintomas, eletroforese em acrilamida


(PAGE), hibridização com bot-blot e RT-PCR

RT-PCR :
Alvo 246 nt.

Poço 4: 240 nt.

Hodgson et al., 1998


Fotos: Agrios, 2005
Tubérculo Afilado da Batata
Potato spindle tuber viroid (PSTVd)

Diagnose: Observação de sintomas, eletroforese em acrilamida


(PAGE), hibridização com bot-blot, RT-PCR e tissue-printing

Tissue-printing
vs.
Dot-blot:

Gago et al., 2009


Serio, 2007
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Uso de materiais propagativos livres de vírus
Limites máximos de tolerância em campos de produção
de batata-semente básica
PORTARIA N.° 154, de 23 de Julho de 1987

Patógeno 1.ª inspeção 2.ª inspeção Máximo


(%) (%) (%)
1. Mosaico-leve 2,5 1,5 6,0
2. Mosaico-severo 0,5 0,3 2,0
3. Enrolamento das folhas 3,0 1,0 4,0
4. Outras viroses transmitidas 1,0 0,5 2,0
por tubérculo
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Uso de materiais propagativos livres de vírus
Limites máximos de tolerância em campos de produção
de batata-semente registrada
PORTARIA N.° 154, de 23 de Julho de 1987

Patógeno 1.ª inspeção 2.ª inspeção Máximo


(%) (%) (%)
1. Mosaico-leve 5,0 4,0 12,0
2. Mosaico-severo 1,0 0,5 3,0
3. Enrolamento das folhas 5,0 3,0 8,0
4. Outras viroses transmitidas 2,0 1,0 3,0
por tubérculo
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Eliminação de possíveis fontes de inóculo
Lavoura abandonada – brotações novas

Eliminar hospedeiros alternativos


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES

Evitar plantios sequenciais em áreas próximas

??? ???
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Controle químico de insetos vetores
PARA VIRUS COM RELACIONAMENTO DO TIPO PROPAGATIVO

VÍRUS DA MANCHA ANULAR (Coffee ringspot virus – CoRSV)

Brevipalpus phoenicis
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES

Rouguing – eliminação de plantas doentes

Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV)


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Rouguing – eliminação de plantas doentes
Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV)

 De acordo com a Instrução Normativa nº


4, de 01 de março de 2002, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), ao ser detectada a presença da
virose, a lavoura deve ser interditada pelos
técnicos do IDAF e os proprietários,
arrendatários ou ocupantes são obrigados a
eliminarem, às suas custas, as plantas
infectadas.
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Rouguing – eliminação de plantas doentes
Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV)

VARIAÇÕES NOS SINTOMAS


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Rouguing – eliminação de plantas doentes
Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV)

VARIAÇÕES NOS SINTOMAS


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Rouguing – eliminação de plantas doentes
Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV)

Pessoal treinado Retirada e enterrio


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES

Imunização Genética - Uso de variedades resistentes

Pimentão resistente a vírus


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Imunização com estirpe fraca de vírus = Premunização
TRISTEZA DOS CITROS
(Citrus tristeza virus - CTV)
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Pré-imunização de plantas de abobrinha

Pré-imunizada
Vírus agressivo
(Vírus “fraco”)
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Pré-imunização de plantas de abobrinha

Vírus fraco 2
Vírus fraco 1

Vírus
agressivo Sadia
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES

PRSV-W1 = Vírus fraco 1


PRSV-W2= Vírus fraco 1
PRSV-W = Vírus agressivo
PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Transformação genética para resistência a vírus

Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus - type P)

ss(+)RNA

Genoma: ~10.000 nt Gene da capa protéica


PRINCIPAIS MÉTODOS DE CONTROLE DE FITOVIROSES
Transformação genética para resistência a vírus

Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot virus - type P)

(Ferreira et al 2002)

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