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SUMARIO DETALHADO

Prólogo CAPiTULO 2
VIA AÉREA E VENTILACÃO 22
PreÍácio vtl
Objetivos 23
Agradecimentos XV
lntrodução 24
Análise Geral do Curso XXXI
Via Aérea 74

CAPiTULO Í VentiLação 76
AVALIACÃO E
1 Trata mento da Via Aérea )-7
ATENDIMENTO INICIAIS
Objetivos 3 Controte de Oxigenação 36

lntrodução 4 Tratômento da Ventitação 38

Preparação 4 TrabaLho em Equipe 38

Triagem 6 Resumo do Capítuto 39

Avaliaçâo Primá ria e Bibtiografia 39


Reanimâção SimuLtânêa 7

Medidas AuxiLiares à Ava[iacão CAPíTULO 3


Primária e Reanimacão i0 CHOOUE 42
Considere a Necessidade de
Transferência do Doente t2
Objetivos 43

Poputação Especiat t'z lntrodução 44

AvaLiação Secundária r3
Fisiopatologia do Choque 44

Medidas Auxitiares à Avaliação lnicial do Doente 45


Avatiação Secu ndária t8
Choque Hemorrágico 48
ReavaIiação r9
Abordagem lniciaI do
Tratamento Def initivo t9 Choque Hemorrágico 5l

Registros e Consideracões Legais r9 Sangue


Reposição de 54

TrabaLho em Equipe t9 Considerações Especiais 5ó

Resumo do Capítu[o ') f, Reavaliação da Resposta do Doente


e Prevenção de Complicações 58
Bibtiograf ia 2t

xtix
L SUMARIO DETALHADO

Traba[ho em Esq u ipe 58 Revisão Anatômica t04

Resumo do Capítu[o 58 Revisão da FisioLogia t07

Recursos Ad iciona is 59 Ctassif icação das Lesões


C ra n iencefá[icas r09
BibLiogrãfia 59
Protocotos de Tratamento
Baseados em Evidências lil
CAPITUTO 4
TRAUMATORÁCICO 62 AvaLiação Primária e Reanimaçào il7

Objetivos 63 AvaLiação Secu ndária 120

lntrodução 64 Proced imentos Diagnósticos r20

Avatiação Primária: Lesões com Tratamento CLínico do


Risco de Vida 64 Trauma Craniencefá[ico t20

Avatiação Secundária 7Z Tratamento Cirúrgico t72

Trabalho em Equipe 78
Prognóstico 124

Resumo do Capítuto 78
Morte Encefática 124

Tra balho em Equipe t74


Bibliografia 79
Resumo do CapítuLo t74
CAPhULO 5 BibLiografia 125
TRAUMAABDOMINAL E PÉLVICO 87

Objetivos 83 CAP|TUTO 7
TRAUMA VERTEBROMEDULAR r28
lntrodução 84
Objetivos 129
Anatomia do Abdome 84
lntrodução r30
Mecanismo de Trauma 85
Anatomia e Fisiologia r30
Ava[iacão 86
Documentacão das Lesões
Trabatho em Eq u ipe 98 Medutares Éaumáticas r35

Resumo do CapítuLo 98 Tipos Especif icos de


Lesão da CoLuna r36
Bibtiografia 99
Ava[iação Radiográf ica t39

CAPITULO 6 Conduta GeraI l4t


TRAUMA CRANIENCEFÁLICO r02 Tra ba[ho em Equipe 144
Objetivos r03 Resumo do Capítu[o t44
lntrodução t04 Bibtiograf ia 145
SUMÁRIO DETALHADO Li

CAP|IUIO 8 LesÕes por Frio:


TRAU MA MUSCULOESOUELÉTICO 148 Efeitos Teciduais Locais t8r

Objetivos t49 Lesôes por Frio:


Hipotermia Sistêmica r83
lntrodução r50
Trabatho em Equipe r83
Avatiação Primáriâ e Reanimacão Resumo do Capítuto r83
de Doentes com Lesões de
Extremidade Potencia[mente Bibtiograf ia 184
Fatais r50
CAPITUTO ÍO
Medidas Auxitiares à
Avaliação Primária r52 TRAUMA PEDIÁTRICO r86

AvaLiação Secundária r53 Objêtivos 187

Lesões que Co[ocam o Membro lntrodução r88


em Riscô r56
Tipos e Padrões de Lesões r88
Outrâs Lesôes dos Membros t6l
Carâcterísticas Próprias dos
PrincÍpios da lmobilizacão r63 Doentes Pediátricos r88

ControLe da Dor r63 Via Aérea 190

Lesões Associadas t64 Respiração r95

Lesões Ósseas OcuLtas ró5 Circutação e Choque Í95


Trabalho em Equipe r65 Reanimação Cardioputmonar 199

Resumo do Capítuto r65 Trauma Torácico 199

BibLiograf ia t66 Trauma AbdominaL 200

Trauma CraniencefáLico 207


CAPITUTO 9
LESÕES TÉRMICAS r68 Trauma RaquimeduLar 205

Obletivos t69 Trauma M u scu Loesq ue[ético 206

lntrodução 170 Maus Tratos 707

Prevenção 208
Avaliação Primária e Reanimação
de Doentes com Oueimaduras 170 Trabatho em Equipe 208

AvaLiação do Doente t74 Resumo do Capítu[o 709

Avaliação Secu ndária e BibLiografia 709


Medidas Aux i[ia res 176
Í1
CAPITUTO
Lesões Específ icas TRAUMA NO IDOSO 2t4
por Queimaduras t78
Objetivos 2t5
Transferência de Doentes r80
Lii SUMÁRIO DETALHADO

lntrodução 216 CAPITULO 13


TRANSFERÊNCIA PARA O
Efeitos do Envethecimento e
TRATAMENTO DEFINITIVO 240
lmpacto das Condiçôes
Preexistentes 216
Objetivos 24l.
Mecanismo de Trauma 7t7
lntrodução 742
AvaLiação Primária com
Determinação da Necessidade de
Reanimaçào
Transferência do Doente
717
242
Lesões Específicas 270 Tratamento antes da Transferência 245
Circu nstâ ncias Especiais 227 Responsabi[idades da Transferência 246

Trabatho em Eq u ipe 223 Modos de Transporte 248

Resumo do Ca pítu Lo 223 Protocolos de Transferência 749

Bibliografia 223 Dados


Transferência de 251

TrabaLho em Equipe 251

CAPiIUIO 12 Resumo do Capítulo 251


TRAUMA NA GESTANTE E
VIOLÊNCIA CONJUGAL 226 Bibtiografia 251

Objetivos 227
APÊNDICES 255
lntrodução 278

Atteraçôes Anatômicas e
APÊNDICE A: Trauma Ocular 257
Fisiotógicâs da Gravidez 728 APÊNDICE B: Hipotermia e

Diferenças Anatômicas 228


Lesôes peto Cator 265

APÊNDICE C: lncidentes com Vítimas


Mecanismo de Trauma 731 em Massa, Traumas em Ambientes
Gravidade da Lesão 732
Hostis e ConfLitos Armados 775

APÊNDICE D: Conduta em Desastres


AvaLiação e Tratamento 233 e Prontidão para Emergências 289

Cesariana "Perimortem" 235 APÊNDICE E: ATLS e Equipe de


Trauma - Manejo de Recursos 303
Vio[ência Doméstica 235
APÊNDICE F: Cenários deTriagem 317
Trabatho em Equipe 237
APÊNDICE G: Estações Práticas 335
Resumo do Capítu[o 238

Fontes Adicionais Referentes


àVioLência Doméstica 238

Bibtiograf ia 238
CAPÍTULO I SUMÁRIO
OBJEIIVOS NêuroLóBica) N' EDIDAS AUXILIARES À AVALIAÇÃO
. Exposição/Controte do Ambiente SECUN DÁR A
INTRODUCÀO
MEDIDAS AUXILIARÉS À AVALIACÃO REAVALIACÀO
PR EPA RAçAO PRIMÁRIA E REANIMAÇÀO
. Fase Pré-Hospitêlâr . l'4onitoração Eletrocardiográf ica CUIDADOS DEFINITIVOS
. Fase HospitaLar . Oxímetria de PuLso
. FrequênciaRespiratória, REGISTROS E CONSIDERAÇÕES LEGAIS
TRIAGEM Capnografia e Gasometria . ReSistros
. MúttipLas Vítimas . Sondas U.ináriâ e Gástrica . Consentimento para Tratamento
. Vítimas em Massa . Radiografias e Outros Estudos . Evidência Forense
Diagnósticos
AVALTAÇÃO PRrMÁR|A COM TRABALHO EI'4 EOU IPE
REANIMAçÃO slMULTÂNEA CONSIDERAR A TRANSFERÊNCIA DO
. Manutencão de Viâ Aérea com DOENTE RESU NIO DO CAPíTU LO
Restricào aos l'4ovimeôtos da
CoLuôa Cervlcà[ PÔPU LÀCÔES ÉSPECIAIS B BL OG RAF A
. Ventilacào e Resp racão
. CircuLacào corn Coôtrole de AVALIAçÀO SECU NDÁRIA
Hemorragia . Histó.ia
. DisÍuôcão Neurológicâ (Avaliação . Exame Físico

OBJETIVOS

Após a Leiturô deste côpítuLo e ô compreensão dos tópicos de descÍever as medidas pâra evitá-Las
aprendizado do curso AÍL5, você estará apto a:
8. Explicar as técnicas de tratamento aplicadas
l. Expticar a importância do preparo pré e intra- durante a avaliação primária e a estâbil.ização de
hospitatar para facititar a rápida reanimação do mú[tiplas vítimas traumatizôdâs.
doente traumatizado.
9. ldentaficar as medidas auxiLia.es para ãvâLiãção
2 ldentificar sequência correta de prio.idades para
a a e tratamento dos trâumatizados como parte
avaLiaçào do traumatizado. da avaLiação primáaia e rêconhecer as contra-
indicaçÕes parâ utiLizá-tas.
f. úpLicar os princípios da avaLiaÉo primária ê como êLes
se apLicam no atendimento do doênte traumatizado 10. Reconhecer os doentes quê necêssitam de
transferência para outro Serviço paÉ o tratamento
4. Explicar como o passado médico do paciente definitivo.
e os mecanismos de trauma contribuem Para ã
identificaçâo das Lesões. ll. ldentificar os componentes da avaliação secundária
incluindo ês medidôs auxi[iares pertinentes durante
5. Expl"icar a necessidade da reanimação imediata a avatiação.
durante a avaLiôção pÍimária.
12. Discutir a importância da reavatlaçâo do doente
6. Descrever o atendimento inicial de múltiplas que não está respondendo adequadamentê ao
vítimas de tÍauma, utilizando ã sequência corretâ de tratamento e reanimação.
prioridades.
13. ExpLicar a importância do trabatho em equipe na
7 ldentifica. as armadilhas âssociadas com a avaLiação aval"iação iniciaI de doentes traumatizados.
iniciat e o tratamento de pacientes traumatizâdos e

3
4 CAPíTULO I r AvaLiacào e Atendimento niciais

I
o tratar os doenles trâumàrizados, os médicos
i;r+
A *truirirsi:#l;::' :#:T:il;T:
t

ü
crucial, é essencial uma abordagem sistemática que possa F \r*t_ L
!i§àÉ-
ser aplicada com rapidez e precisáo. Essa abordagem,
denominada "avaliação inicial", inclü os seguintes elementos: !r
. Preparação I a) §'

. Triagem r-\
. Avaliação primária (ABCDEs ) com reanimaçáo
imediaLa dos doenres com lesões que àmeacem
a vida
I *
. Medidas auxiliares à avaliação primária e à .lr
reanimaçâo
. Considerar a necessidade de traruferência do doente . FIGURA 1-1 Fase Pré-Hospitalar. Duranteê fare pré'hosplralat deveser
. Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e dâda ênÍâre a manutenaão da viê aéreâ, aontro e de gangraT1lênto externo
história do doente êahoque, imobiizaçãodôdoenteetranrporte medratopàraohospta
êproprâdo mai5prox mo, de preierênciê Lrm ce ntro de 1ra u ma credenciado.
. Medidas auxiliares à avaliação secundária
o hospital de referência antes que a equipe transpone o
. Reavaliaçâo e monitoração contínuas após a
doente da cena.lsto permÍte amobilização dos membros
Íeanrmaçâo
da equipe de trauma do hospital para que todo o pessoal
. Cuidados definitivos e recuÍsos necessários esteiam prontos no serviço de
emergência (SE) no momento da chegada deste doente.
As avaliações primária e secundáriadevem ser repetidos - Durante a fase pré-hospitalar, os socordstas enÍatizam
com frequência para identificar qualquer alteração apermeabilidade davia aérea, controle do sangramento
no estado do doente que indique a necessidade de externo e choque, imobilização do doente e o tÍansporte
intervenções adicionais. A sequência de avaliaçâo imediato para a hospital apropriado mais próximo,
apresentada neste capítulo reflete uma progressão de preferência um centro de trauma credenciado. Os
linear ou longitudinal de eventos. Contudo, numa socorristas devemfazertodos os esforços paraabreviar o
situaçáo clínica real, muitas destas atiüdades ocorrem tempo nacenâ, um conceito que é sugerido pelo Esquema
simultaneamente. A progressão longitudinal do processo de Decisáo de Triagem de Campo, mostrado na (. FtGURA
de avaliação permite ao médico aoportunidade de rever t-z) e no oplicctivo mwel MyATLS.
mentalmente opÍogresso real de uma reanimaçâo de um Deve-se dar ênfase também na obtenção e na
doente traumatizado. documentação das informações necessárias para a
Os princípios do ATLS@ orientam a avaliação e a triagem na chegada ao hospital, incluindo o tempo do
reanimaçáo do doente traumatizado. É necessário trauma, os eventos relacionados ao trauma e a história
o julgamento adequado para determinar quais os do doente. Os mecanismos de trauma podem sugeriÍ
procedimentos necessários, pois nem todos os doentes o grau de lesào, bem como as lesões específicas que
necessitam de todos esses procedimentos. precisam ser avaliadas e tratadas.
O Comitê de Suporte de Vida Pré-Hospítalar em
PREPARACAO Trauma da Associaçáo Nacional de Técnicos de
Emergências Médicas, em cooperação com o Comitê
A preparação ocorre em dois cenários clínicos de Trauma (COT) do Colégio Americano de Cirurgiôes
diferentes: na cena e no hospital. Durante a fase pré- (ACS), desenvolveu o curso de suporte de vida pré-
hospitalar, todos os eventos devem ser coordenados em hospitalar no trauma (PHTLS). O PHTLS é semelhante
conjunto com os médicos do hospital que irá receber ao curso ATLS no seu formato, embora abranja o
o doente. Durante a fase hospitalar, devem ser feitos âtendimento pré-hospitalar dos doentes traumatizados.
preparativos para facilitar a rápida reanimação do A utilizaçáo de protocolos de atendimento pré-
doente traumatizado. hospitalar e a possibilidade de obter orientação médica
em tempo reaL (ou seja, regulação médica direta)podem
FASE PRÉ.HOSPITALAR facilitar e melhorar os cuidados iniciados na cena. A
revisão multidisciplinar periódica do atendimento
O enüosamento da equipe do pré-hospitalar pode agilizar ao doente através de um processo de melhoria da
muito o tratamento na cena (r rtGunA t-t ). Idealmente, o qualidade é um componente essencial do programa
sistema pré-hospitalar deve ser estruturado para informar de trauma de cada hospitâl.
PREPARACÀO 5

Lqsri. d. D.ciraô d. Írl€sn l. C.l!.

H.didà dos Sin.i. Yrt lr c Níy.|. dc Con.ciênd.


. Escôtà de Coma dê Glasgow !13
. Pressão srstótica .90 mm Hg
. Frequêncià respiratória .t0 ou
'29 ventiLaçào/min (<20 nas crianças.tano)
oo necessidôde de suporte venúLatório
Passo l
NÂO s['1
+
Avàtre é ânàtomia dà terào TÍansportê pâra um centro de trauma. Passo I e 2 para identifi<àr à lesào mais
gràve do trâumàtizôdo. Estes doêntes dêvêm s€r trânsportados de preÍerênciô
NÃO pà.a o hospitat de maioÍ comptêridade definido no sistema de trauma.

. Todàs
!
penetrantês dacâbêça. pêscoço
às Lesôês . Âmputação prorrm.t ao punhoou
t
stM
tronco e êxtremrdades proxrmàis âo cotoveLô êloelho quàdr
.lnstabrlidade da pà rede torác rca ou dêfoí m rdade {tórâx instávet)
.2 ou môls fràtu.as p.oximais dê ossolon8o . Fraturâ êxposta ou afundàmênto
. EsmaSamento. desLuvâmento, ou êxtremrdadês àmputadàs

Passo 2 NÂo
+
AvàLlê o mecôniimodê Transporte parâ um cêhúo dê trauma depêndêndo das definçÕes do sasteÍnà de
traumâ eas êvidêôcias trauma, não é necesírio quê sêjâ o centro dê traumâ de maior comPlexidàde.
de âtta eoerSiâ

. Quedã
'Adultos'20 pés ou 6 m€tros (2 andãÍêsl
T
5rH
'Criônçâs'10pés ou I metros (2-l vez€s à attu.à da cria6ça)
. Acidente de veicu to âutohoto r de àtto nso
'lntrusâo, incLuindo teto:
'12 poteSàdàs (30 cm)do tâdo do o€upântê:
18 poLê8àdàs (45 cnr)quâtquer tàdo
"'Ejeçào (par.iatou compteta)dà vítimà do veicuto
'MoÍte no mesmo compdrtrmento do passrgêrío
'l.formaçÕes d. tetem€trià do vêÍcuto consrste côm ôtto riso de lesáo
Passo 3 . Auto versus pedestre/brcictêtà ou atrope lamento .om rmpâcto
significàtivo (>20 mph:32 tm/h)ou com ejecão dà vltima
. Âcidentê dê moto,20 mph/32tm/h

Avalie ôs consideraçô€s Transporte parâum cêntro detraumà ou pôraum hospitâl onde sê possà
especiais do pacient€ ou fàzêr a âvâtiaçào ê inrcial e trôtaíÍrento das lêsões potenciàtmente Sraves.
Considerar â orlêntÀção de um médico rê8ulàdor.

. Âduttos mais vêthos


'Risco dê tesôes/mo.t€ àumenta após 55 ânos
'PA Sistólica <ll0 podê repÍesentàr choquê após ó5 anos
" Mecànismo d€ bairc impãcto (er quedà no nívet do 5tM
soto) Podê resulta. em Lesào Srave
. Criancâs
'TnaSem preferencratmentê pârã cêntro dê traumâ
com capàcitaçro pêdiátric.
. Uso de antrcoàtutântes e discrôgia san8uÍnea
'Pàcrêntes com treuma crànrâno têm alto nsco pãrà
Passo 4 ráprdà deterioração
. Ouermados
'5€m mêcân|smo dê trauma. úja8em pàrá centro de quemados
'Com me€anismo de Íaumà. tri,Sem para um €entro dê trauÍiâ
'. Gràvrdeu,20 s€lnânas
Ju[8âmento do El4S

Transpôrte d€ âcordo

Ourndo .m dúvid., h.nrpoÊ.r p.r. um c.ntro d. tr.u6.

a fIGURA 1-2 Esquêrnâ d€ De(isào de Triagem na Cena


6 CAPÍTULOlr Avallacào e Atendimento nicgis

FASE HOSPITALAR

O planejamento antes da chegada do doente


traumatizado é essencial (ver listo de verificaçõo pÍé' I
alerta no aplícativo móvel MyATLS.) A passagem do
caso entre os socoÍristas do pré-hospitalar e aqueles t
do hospital receptor deve ser um processo tranquilo,
Iiderado pelo chefe da equipe de trauma, garantindo que
todas as infôrmaçoes importantes estejam disponÍveis
para todâ a equipe. Os aspectos crÍticos da preparação
hospitalar incluem o seguinte:
À '1.,
. Uma área de reanimação disponível para
receber os doentes traumatizados.
. Equipamentos próprios para a abordagem de t FIGURA 1-3 05 mem broJ da equrpê de trâumê sào trernados pa ra
úllizarêrn pre(auções padíào incluindo, máÍara, o(Lrlos de prote(ào,avenlà
via aérea (laringoscópios e tubos) devem estar iÍnpêrmeáve, pemeiras, lwad quando em contato(omÍ uidotorgánlcot.
organizados, testados e colocados de forma a
estarem imediatamente disponíveis. a priorldade do tralamento incluem a gravidade da Lesào,
. SoluÇôes cristaloides aquecidas devem estar
a possibilidade de sobrevÍda e os recursos disponíveis.
A triagem também se aplica à classiÍicaçào dos doentes
prontamente disponíveis para infusão, assim
na cena para ajudar a determinar o hospital apropriado
como disposrtivos para monitorizaçáo
para recebê-los. Deve-se considerar o acionamento da
. Deve existir um protocolo para a solicitação equipe de trauma para os doentes gravemente Íêridos. Os
de avaliação médi.ca adicional, bem como um socorrisLas e os médicos controladores são responsáveis
meio pâra garantir respostas rápidas por parte por assegurar que doentes adequados cheguem aos
do pessoal de laboratório e radiologia. hospitais apropriados. Por exemplo, transpoÍtar um
doente que sofreu trauma grave para um hospital que
. Devem ser eslâbelecidos e estar em vigor não sejaum centro de trauma é inapropriado se tal centro
acordos de transferência com centros de estiver disponível (ver r FTGURA 1-2). Escalas de trauma no
trauma cerificados. (Ver Resources for Optímal pré'hospitalar geralmente são úteis na identificaçào de
Care of the Injured Patient do ACS COT, 2ot4). doentes gravemente feridos que justificam o trânspofie
para um centro de trauma. {Ver Escala de Trauma:
Devido às preocupaçôes com as doenças Revisada e Pediátrico.)
transmissíveis, particularmente ahepatite e a síndrome As situaçoes de triagem são classificadas como
da imunodeficiência adquirida (AIDS), o Centro para múltiplas vítimas e vítimas em massa.
Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e outras agências
de saúde recomendam fortemente o uso de precâuções MÚLTIPLAS víTIMAS
padrão (por exemplo, máscara, óculos de proteção,
avental impermeável, perneiras, luvas) quando em Em incidentes com múltiplas vítimas, o número
contato com fluidos orgânicos (t FTGURA 1-3). O ACS de doentes e a gravidade das lesôes náo excedem a
COT considera que estas rnedidas sào às pr ecauções capacidade de atendimento do hospital- Nesta situação,
mínimas de proteção a todos os profissionais de saúde. os doentes com risco de morte iminente e os doentes
Nos EUA estas medidas sào também uma exigência da com traumatismos multissistêmicos serão atendidos
Occupotionai Sofety and Health Administrotion (OSHA). primeiro.

TRIAGEM VíTIMAS EM MAssA

Em eventos comútiInas emmassa, o número de doentes e a


A triagem envolve a classiÍicação dos doentes de acordo graüdade das iesões excedem a capacidade de atendimento
com o tipo de tratamento necessário e os recursos que da instituição
e daequipe. Nestâsituaçâo, os doentes com

realmente estào disponíveis. A sequência de tratamento maior possibüdade de sobrevida, cujo atendimento implica
baseia-se nas pdoridades ABC. (Via aérea com proteçào da em menor Easto de tempo, equipanlentos, recursos e
coluna cervical, respiração e circulação com controle da pessoal, serão atendidos primeiro. (Ver Apêndíce D:
hemorragia). Outros fatores que podem afetar a triagem e Gerenciamento paraDesastres e Preporo para Emergências.)
AVALIACÃ' PRIMÁRIA E REANIMAÇÃO SIMUTTANEA 7

Lembre-se de que os procedimentos de avaliaçâo e


AVALTAÇAO PRtMAR|A E tratamento prioritários descritos neste capítulo sào
REANIMACÃO SIMULTÂNEA apresentados como etapas sequenciais em ordem de
importância e para garantir clareza; na prática, essas
Os doentes são avaliados e asprioridades de tratamento são etapas são frequentemente realizadas simultaneamente
estabelecidâs de acordo com suas Iesóes, seus sinais vitais e por uma equipe deproÍissionais dasaúde (verTrabalho
mecanismo da lesào. Nosdoentes comlesões graves, deve ser em Equipe, na página 19 e Apêndice E).
estabelecida uma sequêncialógicade tratamento de acordo
com as prioridades ebaseada na avaliaçâo geral do doente. MANUTENçÃo DA vrA AÉREA coM REsrRrçÃo
As funções útais do doente devem ser avaliadas rápida e DO MOVIMENTO DA COLUNA CERVICAL
eficientemente. O üatamento do doente deve consistir de
uma avaliaçào primaria rápida, reanimaçáo das funções Naavaliação inicialde um doente traumatizado, primeiro
vitais, uma avaliação secundárÍa mais pormenorizada e, avalie a via aérea para verificar a sua permeabilidade.
Íinalmente, o início do tratamento definitivo (ver vídeo de Esta rápida avaliaçáo busca os sinais de obstruçào davia
Auoliaçâo Iniciol nocplicotiuomrívelMyAILS). aérea como a detecção de corpos estranhos, identificaçâo
Este processo constitui oABCDE dos cuidados do doente de fraturas de face, mandíbula e/ou fraturas traqueal/
traumatizado e identificaas côndições que implicamem Iaríngea e outraslesóes quepodem resultar em obstruçào .
risco de morte através da seguinte sequência: da via aérea; aspiraçâo para limparo sangue acumulado
ou secreções que podem causar ou estar causando
. A Via aérea com restrição do movimento da coluna obstrução da via aérea. tnicie âs medidas para estabelecer '
. B Ventilação e respiraçâo uma via aérea pérvia enquanto restringê o movimento
da coluna cervical.
. C Circulaçáo com controle da hemorragia
Se o doenteé capazde se comunicarverbalmente, épouco
. D Disfunção, avaliação do estado neurológico provável que uma obstrução devia aérea represente um
. EExposição/controle do ambiente: despir risco imediato;no entanto, éprudente fazer reavaliaçóes
completamente o doente, prevenindo a da permeabilidade da üa aérea. Além disso, os doentes
hipotermia com trauma craniencefálico grave e rebaúamento do nível
de consciência ou um escore de Coma de Glasgow (GCS)
Os médicos podem avaliar rapidamente o A, B, C e Dem menorouigual a 8, geralmente exigemo estabelecimento
um doente traumatizado (avaliação em to segundos) ao de uma via aérea deÍinitiva (isto é, tubo na traqueiã,
se apresentar ao doente ou perguntando o seu nome eo com balonete insuflado e fixado de forma segura). (O
que aconteceu. Uma resposta apropriada sugere que não GCS é explicado e demonstrado no Capítúlo 6: TÍauma
existe umgrande comprometimento daviaaérea (ou seja, Craniencefálico e no aplicativo MyATLS. ) Inicialmente,
a habilidade de falar claramente), a respiraçáo nào está a manobra de tração da mandíbula ou de elevaçâo do
comprometida (ou seja, a capacidade de gerar movimento mento geralmente sào suficientes como uma intervenção
do ar para permitir a fala) e o nível de consciência náo inicial. Se o doente está inconsciente e não tem reflexo
está certamente diminuído (ou seja, alerta o suficiente da deglutição, a colocação de cânula orofaríngea pode ser
para descrever o que aconteceu). Um resposta negativa útil temporariamente. Estabelêça uma via aérea definitiva
â estas perguntas sugere anormalidades emA, B, C ou D se houver alguma dúvida sobre a capacidade do doente
e exige uma avaliação e condutas urgentes. de manter integridade da via aérea.
Durante a avaliaçào primária, as condiçôes que A descoberta de respostas motoras descoordenadas
implicam em risco de morte devem ser identificadas sugere fortemente a necessidade do estabelecimento
em uma sequência de prioridades com base nos efeitos de uma via aérea definitiva. A abordagem da via
Íisiológicos das lesôes, pois inicialmente, pode nào ser aérea em do€ntes pediátricos requer conhecimento
possível identiÍicar as lesões anatômicas especíÍicas. das características peculiares anatômicas da posição e
Por exemplo, o comprometimento da via aérea pode ser tamanhodalaringe,bemcomoequipamentosespecíÍicos
decôrrenteaumtraumadiretodaviaaéreaousecundário para crianças (ver Copítulo ro: Trauma Pediánicol.
a um traumatismo craniano ou ao choque causado por Durante a avaliação, abordagem e tratamento da
lesões. Independentemente da lesâo que esteia causãndo úa aérea do doente, tome muito cuidado para eütar a
o comprometimento da úa aérea, aprimeira prioridade é movimentaçáo excessiva da coluna cervical. Baseando-
otratamento da mesma;limpeza davia aérea, aspiraçâo, se no mecanismo do trauma, assuma que existe uma
abertura davia aérea e administração de oxigênio. Como lesâo na coluna. O exame neurológico isolado nâo exclui
asequência de prioridades é baseada no grau de ameaça o diagnóstico de lesão da coluna cervical. A coluna
davida, a anormalidade que representa amaior ameaça vertebrâl deve ser protegida quanto à movimentaçáo
àvida é abordada primeiro. excessivapara evitar o desenvolvimento ou aprogressão
I CAPíTULO Ir AvaLracão e Atendimênto niciais

ARMADILHA PREVENCÀO

Fâtha de Teste regutarmeôte o equipamento


equiparnento Assê8ure-se de quê um equrpàmênto
e bêtêriâs sobressaLênte estejam
I
proôtâmente disponívêis
rr
Fa[ha na ldêntrfrcêr doeôtes com anatomrâ
intubação dificrl. da via aérea.
I ldêntifique na sua equipe. o
prof issionaI mars experiente/
quôtiÍicado êm vrô ãé.ea.
Assegure-se de que o equipêmento
âpropriado de resgate da vias
aéreas esteja digponíveI caso hajã
fatha faLha na tentativa
r HGITRA 1-4 Íé(ni(à de restri(ão do movimento da colunô
Estela preparado para obter umâ via
(erui(al. Quando o colar cervr(al é rêmovido, um membro da equipe
aéreâ cirúrgrca
de trâurna estabiliza manualmente a (âbeça e o pêscoço do doente.

de um déficit. A coluna cewical é protegida com colar Perda Reconhecer o estàdo dinâmrco das
progresgiva da vias aéÍeas.
cervical. Durante a abordagem e tratamento da via
vià âéreâ. Reconhêcer ês lesôes que podêm
aérea, se for necessário, o colar cervical pode ser aberto, resuLtâr êm perdà píogressiva das
enquantoummembrodaequiperestringemanualmente vias àéreas
o movimento da coluna cervical (i ttcURA 14). ReêvàLiar com frequênciâ o doente
Todo esforço deve serfeitopara identificar rapidamente em busca de srnôis de deterioração
das vras âéreâs.
o compromeümento da via aérea e para assegurar uma üa
aérea deÍinitiva; igualmente importante é reconhecer o
potencial de perdaprogressiva de üa aérea. A reavaliaçãô
fÍequente da permeabilidade da via aérea é essencial durante a avaliação primária e muitas vezes requerem
para identificar e tratar os doentes que estào perdendo a atenÇão imediatâ para garantir uma ventilação efetiva.
capacidade de manter uma via aérea adequada. Umavez que um pneumotórax hipertensivo compromete
Estabeleça cirurgicamente uma via aérea se a intubação a ventilação e a circulação de forma drâmática e agudâ,
for contra-indicada ou nào puder ser realizada. a descompressão no tórax deve ocorrer imediatamente
quando existir suspeita na avaliaçáo clínica.
RESPTRAçÃO E vENTTLAçÃO Todo doente traumatizado deve receber oxigênio
suplementar. Se o doente não for intubado, o oúgênio
A permeabilidade da via aérea por si só nào assegura deve seradministrado porum dispositivo de máscara com
ventilaÇão adequada. É necessária uma troca gasosa reservatório para obter oxigenâção ideal. Use um oximeho
adequadapara maximizara oxigenação e a eliminação de pulso para monitorar a saturação adequada de oxigênio
de dióxido de carbono. A ventilaçào requer umâ na hemoglobina. Pneumotórax simples, hemotórax, Ítâhrra
funçào adequada dos pulmôes, da parede torácica e de arcos costais, afundamento de tórax e a contusão
do diafragma; portanto, os médicos devem examinar e pulmonar podem comprometer a ventilação em menor
avaliar rapidamente cada componente. grau e geralmentê são identificados durante a avaliaçáo
O pescoço e o tórax do doente devem ser expostos para secundária. Um pneumotórax simples pode evoluir para
que se possa avaliar adequadamente a distensão dasveias pneumotórax hipertensivo quando um doente é intubado
jugulares, a posição da traqueia e a expansibilidade da e ventilado com pressão positivaantes de ter o hemitórax
parede torácica. Auscr te o tórax para assegurar o fluxo descomprimido com um dreno de tórax,
de gás nos pulmões. A i-nspeçào üsual e a palpação podem O tratamento da via aérea e ventilação são descritos
detectâr lesôes na parede torácica que podem comprometer posteriormente em detalhe no Capítulo 2.
aventilação. Apercussáo do tóraxtambémpode identificar
anormalidades, mâs, durante uma reanimaçào em um crRcuLAçÃo coM coNTRoLE DA HEMORRAGTA
ambiente ruidoso, esta avaliação pode ser imprecisa.
Lesões que prejudicam signúcativamente aventilação O comprometimento circulatório em doentes trauma-
em curto prazo incluem pneumotórax hipertensivo, tizados pode ser resultado de uma variedade de lesões.
hemotórax massivô, pneumotórax aberto e Iesôes traqueaJ Dev€m ser considerados principalmente: volume
ou brônquica. Essas lesões devem ser identificadas sanguíneo, débito cardiaco e sargramento importantes.
AVALIACÂO PRIMARIA E REANIMACÃO SIMULTANEA 9

Votume Sanguíneo e Débito Cardíaco estabilizador pélvico e/ou de talas de extremidade. O


tratamento deÍinitivo pode exigir cirurgia ou tratamento
A hemorragia é a principal causa de mortes evitáveis após o por radiologia intervencionista, estabilização pélvica
trauma. IdentiÍicar e controlar rapidamente a hemorragia e de ossos longos. Solicite precocemente a avaliação
e iniciar a reanimação são, portanto, etapas cruciais da ciúrgica ou a transferência desses doentes.
avaliação e ftatarnento destes doentes. Uma vez que o O controle definitivo do sangramento é essencial,
pneumotórax hipertensivo tenha sido excluído como causa juntamente com a reposição volêmica apropriada. Deve'
do choque, coruidere que a hipotensão após o trauma seja se estâbelecer o acesso vascular;tipicamente, dois acessos
devida a perda sanguínea até prova em contrário. A avaliaçáo venosos periféricos de grande calibre devem ser obtidos para
rápida e precisa do-estado hemodinâmico de um doente administrar fluido, sangue e plasma. São colhidas amostras
traumatizado é essencial. Os elementos de observação clínica de sangue pârâ estudos hematológicos basais, incluindo
que produzem hformações importantes em segundos são teste de gÍaüdez para todas as mulheres em idade fértil, .

o nível de consciência, perfusão da pele e opulso. tipagem sanguínea e provas cruzadas. Para avaliar a presença
e grau de choque, obtém-se gasomeüa e/ou dosagem do
Nível de Consciência quando o volume Iactato. Quando o acesso venoso periférico não puder ser
-
de sangue circulante é reduzido, a perfusão obtido, poderáo ser utilizados a infusão intraóssea, acesso
cerebral pode ser prejudicada criticamente, venoso central ou dissecçãovenosadependendo das lesôes
resultando na alteração do nível de consciência do doênte e do nível de habilidade do médrco.
Perfusão da Pele este sinal pode ser útil
A reanimação volêmica agiessiva e contínua não
-
na avaliação de doentes hipovolêmicos o controle deÍinitivo da hemonagia. O choque
substitui
traumatizados. Um doente com pele corada, hipovolêmico é o mais ftequentemente associado às
especialmente na face e nas extremidades, lesôes. Nesses casos, inicia-se a terapia com fluídos IV
raramente está com uma hipovolemia crítica com soluções cristaloides. Todas as soluções IV devem
ser aquecidas por armazenamento em ambiente quente
após trauma. Por outro lado, um doente com
pele acinzentada e extremidades pálidas
(isto é, 37 " Ca 40 " C ou 98.6' F a 104 " F) ou administradas I

provavelmente está hipovolêmico. por meio de dispositivos de aquecimento de fluidos. Um


bolusde 1L de soluçào isotônicapode ser necessário para
Pulsos pulso rápido e fino geralmente é
-
sinal de hipovolemia. Avalie o pulso central
obter resposta apropriada em um doente adulto. Se um
doente não responde àterapia inicial com cristaloides, ele
bilateralmente (por exemplo, artéria femoral ou ela deve receber umatransfusão de sargue. Os fluidos
ou carótida) quanto à qualidade, frequência e são adminisúados de forma criteriosa, pois, a reanimaçào
regularidade. Pulsos centrais ausentes que não volêmica agressiva antes do controle do sangramento
podem ser atribuídos a fatores locais signiÍicam a demonstrouaumentara mortalidade ea morbidade.
necessidade de ação para reanimação imediata. Doentes üaumatizados gravemente feridos correm o risco
de coagulopatia, que pode ser ainda mais estimulada por
Hemorragia medidas de reanimaçãovolêmica. Esta condição estabelece
potencialmente um ciclo de hemorragia contínua e
IdentiÍique fonte de hemorragia se externa ou interna.
a reanimação, que pode seratenuada pelo uso de protocolos
A hemorragia extemaé idenüficada e controlada durante de transfusão maciça com componentes sanguíneos
a avaliação prímária- A hemorragia externa signiÍicativa adrninistrados em pequenas proporções pré-deÍinidas
deve ser tratada por pressáo manual direta sobre o (ver Capítulo 3; Choque)- Um estudo que avaliou doentes
ferimento. Torniquetes são efetivos na exsanguinaçâo traumatizados que receberam fluido no P,S encontrou que
maciça de uma Iesão de extremidade, mas existe o risco a reanimaçào volêmica com mais de 1,5 L com soluçôes
de causarem lesão isquêmica. Use o torniquete somente cristaloides aumentou de màneüa independente a taxa de
quando apressão direta não for eficaz e avida do doente mortalidade. AIguns doentes gÍavemente feridos chegam
estiver âmeaçada. O clampeamento às cegas pode causar com coagulopatia ;á estabelecida, o que levou alguns
danos aos nervos e veias. serviços a administrarácido traaexâmicopreventivâmente
As principais áreas de hemorragia interna sáo o tórax, em doentes gravemente feridos. Estudos mütares europeus
abdômen, retroperitônio, pelve e os ossos longos. A e americanos demonstram melhor sobrevida quando o
fonte de sangramento geralmente é identificada por ácido tranexâmico é administrado nas primeiras I horas
exame fisico e por imagem (por exemplo, radiograÍia daoconênciado ferimento. Quando administrado na cena-
de tórax, da pelve, avaliaçâo direcionada por ultra- a infusão subsequente deve ser adminisüada durante 8
sonograÍia no trauma IFAST] ou lavagem peritoneal horas no hospital (ver Docrrmmto de Guia de üientaçãa'
diagnóstica IDPL]). O tratamento imediato pode incluir a pm o Í! so hé-hospitolar de Ãcido Tmnetômico em Doeúes
descompressão do tórax e a aplicaçâo de um dispositivo Tnuratizadosl.
lO CAPÍULO I r AvaL acào e Atendimento niciais

DrsruNçÃo (lvllrlçÃo Nruaolócrcl) corporal do doente é mais importante do que o conforto


dos proÍissionais de saúde e a temperatura da sala de
A avaliação neurológica rápida estabelece o nível de emergência deve ser aumentadapâra minimizar a perda
consciência, o tamanho e a reação pupilar do doente, de calor corporal. Recomenda-se o uso de um aquecedor
identiÍica a presença de sinais Iateralização e determina de fluido de alto fluxo para aquecer fluidos cristaloides
o nível de lesão medular, se presente. a 39 "C (102.2'F). Quando aquecedores de fluidos não
O Glasgowé ummétodo rápido, simples e objetivo para estão disponíveis, um microondas pode ser usado para
a determinação do nÍvel de consciência. A pontuaçáo aquecer fluidos cristaloides, mas nunca deve ser usado
do nÍve1 motor da Glasgow se correlaciona com o para aquecer produtos sanguineos.
prognóstico. A diminuição no nível de consciência do
doente pode indicar diminuição da oxigenação e/ou
perfusáo cerebral ou pode ser causada por uma lesâo
ARMADILHA PREVENCÀO
cerebral direta. O alteração do nível de consciência
A hipotermia Assegure um ambiente aquecido
i-ndica a necessidade de reavaliação imediata do pode estãr Use cobêrtores térmicos
estado de oxigenação, ventilação e perfusão do doente. presente na Aqúeçà os fluidos ântes de
Hipoglicemia, álcool, narcóticos e outras drogastambém àdmissào admrnistrá-Los
podem alteraro nível de consciência do doente. Até que
se prove o contrário, sempre presuma que as mudanças A h potermra Controtê a hêmorragra
no nível de consciência resultam de lesóes no sistema pode se râpidamente-
nervoso central. Lembre-se que intoxicação por drogas desenvotver após Aqueça os ftuidos antes dê
a ãdmrssão administrá-tos.
ou álcool podem acompanhar lesão cerebral traumática. Assegurê um ambientê aquecido
A lesão cerebral primária resulta do efeito estrutural Use cobertores téímrcos
da lesão no cérebro. O principal objetivo no tratamento
inicial é a prevenção da lesão cerebral secundária,
mantendo a oxigenação e perfusão adequadas. Como MEDIDAS AUXILIARES A AVALIACAO
a evidência de lesão cerebral pode estar ausente ou ser
mínima no momento da avaliação inicial, é crucial a
PRIMÁRIA E A REANIMACÀO
repetição do exame. Doentes com evidência de Iesão
cerebral devem ser tratados em uma instituição que As medidas auxiliares utilizadas durante as fases
tenha pessoal e recursos para diagnosticâr e tratar as da avaliaçâo primária e da reanimaçáo incluem a
necessidades desses do€ntes. Quando os rêcursos para monitoramento eletrocardiográfi co contínuo, oximetria
cuidar desses doentes não estiverem disponíveis, as de pulso, monitoramento de dióxido de carbono,
providências para transferência devem ser iniciados avaliação da ftequência respiratória e gasomêtria arterial.
assim que essa condição for reconhecida. Da mesma Adicionalmente, pode-se passar uma sondavesical para
forma, soliciLar a avaliaçào de um neurocrrurgiào, assim verificar o débito urinário e a presença de hematúria. A
que uma lesão cerebral for suspeitada. sondagem gástrica pode descomprimir a distensão do
estômago e avaliar apresença de sangue. Outros exames
EXPOSTçÂO E CONTROLE AMBTENTAL úteis incluem Iactato sanguíneo, radiografias (porexemplo,
tórax e quadril), FAST, a avaliação focada estendida com
Durante a avaliação primária, o doente deve ser ultrassonograÍia parâ trauma (eFAST)e LPD.
completamente despido; geralÍnente cortando suas roupas Parâmetros fisiológicos como frequência de pulso,
para facilitar o exame e avaliação completos. Ao término pressão arteria.l, pressão depulso, frequênciaventilatória,
da avaliaçâo, cubra o doente com cobertores térmicos ou gasometria arteria.l, temperalura corporal e débito urinário
com um dispositivo de aquecimento externo para evitar são medidas que refletema adequação dareanimaçâo. Os
que ele desenvolva hipotermia na área de atêndimento. valores para esses parâmetros devem ser obtidos assim
Aqueça os fluidos intravenosos antes de os infundir e que for possivel durante ou após à conclusão do exame
mantênha um ambiente aquecido. Odoentepodejá estar primário e reavaliados periodicamente.
hipotérmico nachegadaao hospital ou pode desenvolver a
hipotermia rapidamente no departamento de emergência MONTTORAçÃO ELETROCARDTOGRÁFrCA -
se estiver descoberto e for submetido à administração
rápida de fluidos à temperatura ambiente ou sangue A monitoraçáo e le tro card io gráfica de todos os
refrigerado. Como a hipotermia é uma complicação tÍaumatizados é importante. A presença de arritmias,
potencialmente letal em doentes traumatizados, tome incluindo taquicardias inexplicáveis, Íibrilação atrial,
medidas agressivas para eütar a perda de calor corporal e extra-sístoles ventriculares e alteraçôes no segmento
restauraratemperatura do corpo ao normal. Atemperatura ST, podem indicar trauma cardíaco contuso. A atividade
MEDIDAS AUXILIARES ÀAVALIACÃO PRIMÁRIA E A REANIMACÀO II

elétrica sem pulso (AESP) pode indicar tamponamento acidobásica. No cenário do trauma, baixos níveis de pH
cardíaco, pneumotórax hipertensivo e/ou hipovolemia e excesso de base indicam choque; portanto, a tendência
profunda. Quando há bradicardia, condução aberrante desses valores pode refletir os resultados da reanimação.
ou extra-sístoles e batimentos prematuros, deve-se
suspeitar imediatamente de hipóxia ou hipoperfusão. SONDAS URINÁRIAS E GÁSTRICAS
A hipotermia extrema também pode provocar estas
arritmias. {Ver Copítulo 3: Choque.) A introdução de sondas urinárias e gástricas deve ser
considerada como parte da fase de reanimaçáo. Uma
OXIMETRIA DE PULSO amostra de urina deve ser enviada ao laboratório para
a realização dos exames de rotina.
A oximetria de pulso é um método auxiliar valioso
na monitoração do doente traumatizado. Um pequeno Sondas Urinárias
sensor é colocado nos dedos, no hálux, lóbulo da
orelha ou em outro locâl conveniente. A maioria dos O débito urinário é um indicador sensivel da volemia
dispositivos exibe frequência de pulso e saturação de do doente e reflete a perfusâo renal_A monitoração do
oxigênio continuamente. A absorção relativa de luz débito urinário é realizada de forma mais adequada pela
pela oxihemoglobina (HbO) e desoxihemoglobina é inserçáo de uma sonda vesical. Além disso, uma amostra
avaliada medindo-se a quantidade de Iuz vermelha e de urina deve ser submetida a análise laboratorial de
inftavermelha que emerge dos tecidos atravessados pelos rotina. O cateteÍismô transuretral dabexiga estácontra-
raios de Iuz e processados pelo dispositivo, produzindo indicado nos casos em que se suspeita de uma lesão de
um nível de saturação de oxigênio. A oximetria de pulso q!gt!ê. A lesào uÍetral deve ser suspeitada quando há
não mede a pressão parcial de oxigênio ou dióxido de sangue no meato uretral ou equimose perineal.
carbono. A medição quantitativa desses parâmetros Consequentemente, nào se deve inserir uma sonda
ocorre rapidamente o que o torna prático e repêtitivo vesical antes de examinaro perÍneo e a genitália. Quando
periodicamente para estabelecer tendências. há suspeita de lesão uretral, a integridade da uretra deve
Além disso, a saturação da hemoglobina do oxímetro ser conÍirmada através de uma uretrografia retrógrada
de pulso deve ser comparada com o valor obtido pela antes quê a sonda seja inseriàa.
análise da gasometria arterial. Inconsistência indica Algumas vezes, alterações anatômicas (como por
que uma das duas determinações está errada. exemplo: estenose uretral ou hipertrôÍia prostática)
impedem o posicionamento adequado dos cateteÍes
FREOUÊNCIA RESPIRATóRIA, CAPNOGRAFIA na bexiga, mesmo utilizando-se a técnica adequada.
E GASOMETRIA ARTERIAL Médicos nào especialistas devem evitar a manipulaçào
excessiva da uretra ou usar instrumentos especiais.
A ftequência respiratória, capnografia e gasometria Consulte antes um urologista.
arterialdevem ser utilizadas para monitorar as alteraçôes
do processo respiratório. A ventilaçáo pode ser Sondas Gástricas
monitoradautilizando-se dióxido de carbono
os níveis de
no final da expiração. O CO, ao final da expiração pode A sonda gástricaestá indicada parareduzir adistensão
ser detectado por meio de colorimetria, capnometria do estômago, para diminuir os riscos da aspiraçào e
ou capnografia, uma técnicà de monitoramento não verificar se há hemorragia gastrointestinal alta devido
invasiva que fornece informações sobre a ventilaçâo, a trauma. A descompressão do estômago reduz o risco
a circulação e o metabolismo do doente. Como o tubo de aspiraçâo, mas não a impede totalmente. O conteúdo
endotraqueal pode deslocar'se acidentalmente sempre gástrico espesso e semlsólido nào retornará através da
que o doente for transportado, a capnograÍia pode ser sondaea suacolocaçào poderá induzir o vômito. Para que
utilizada para confirmar a intubaçào da via aérea (vs asondagástrica se.ja eficiente, é necessário que esteja bem
o esôfago). No êntanto, a capnografia não conÍirma posicionada e conectada a um sistema eÍiciente de sucção.
a posiçào correta do tubo na traqueia (ver Capítuiã A presença de sangue no aspirado gástrico pode
z': Yia Aérea e Ventiloção). O fluxo de CO, pode ser representar sangue orofaríngeo (deglutido), trauma na
usado para controle rigoroso da ventilação para evitar hora da colocação da sonda ou lesões no trato digestivo
hipoventilação e hiperventilação. EIe reflete o débito alto. Caso haja fraturas ou mesmo suspeita de ftaturada
cardíaco e é usado parapredizer o retorno da circulação placa crivosa, a sonda gástrica deve serpassada porvia oral
espontânea (RCE) durante a RCP. para evitar que seja introduzida acidentalmente dentro
Adicionalmente, a capnografi a fornece informações do crânio. Nesta situação, qualquer instrumentação
sobre a adequação da oxigenação e ventilaçâo, a nasofaríngea será potencialmente perigosa e recomenda-
gasometriã fornece informações sobre a condição se o uso da via oral.
12 CAPÍTULO Ir AvaLiacào e Atendimento lniclais

laparotomia prévia ou são obesos. Na maioria das vezes


ARMADILHA PREVENCÃO a avaliação ciúrgica deve ser feita antes de realização
deste procedimento. Além disso, a obesidade e o gás
A inserção da sonda Esteja preparêdo para rotrr o doêâte intestinal int raluminal podem comprometer as imâgens
gástricà podê Certifique-sê dê que o âspirador obtidas no FAST. O achado de sangue intra-abdominal
induzro !ômito esteja imediatamente disponívêL. indica a necessidade de intervenção cirúrgicaem doentes
com alterações hemodinâmicas. A presença de sangue
Os àchêdos do Certifique-se de que a no FASTou LPD no doente hemodinamicamente normal
oxÍmetro de cotocaçáo do oxímetro de puLso requer a avaliação de um cirurgião, pois uma mudança
pulso podem nào êsteja acimã do manguito do na estabilidade do doente pode indicar a necessidade
ser corretos esfigmomanôrnetro de Íntervenção.
Confirme os achados com os
valores da gâsometrià arterjÀt. CONSIDERE A NECESSIDADE DE
TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE
EXAMES RADIOLóGICOS E ESTUDOS
DIAGNóSTICOS Durante a avaliação primária e a fase de reanimação,
o médico que está atendendo o do€nte costuma ter
A utilização de radiografias deve ser feita de maneirã informaçôes suficientes para verificar a necessidade
racional e de modo a náo retardar a reanimaçáo do de transferência para outra instituição. O processo de
doente. As radiografias ântero-posteriores (AP) do transferência pode ser iniciado imediatamente poÍ um
tórax e da pelve podem oferecer informaçõ€s úteis para profissional administrativo sob a orientação do médÍco
guiar os esforços de reanimação nas vítimas de trauma que está atendendo, enquanto estão sendo tomados
contuso. As radiografias de tórax podem mostrar lesões cuidados adicionais de avaliação e reanimação. É
potencialmente letâis que requerem tratamento ou importantê não atrasãr a transferência para realizaruma
investigação adÍcional, e as radiograÍias pélvicas avaliação diagnóstica aprofu ndada. Realiza-se somente
podem mostrarfraturâs que indiquem a necessidade de exames que auxiliem na reanimação, estabilizem e
transfusão sanguinea precoce. Estas radiograÍias podem garantam â transferência segura do doente. Uma vez
ser realizadas na sala de emergência com um aparelho tomada adecisãode transferir um doente, a comunicação
portátil, mas não devem interromper o processo entre o médico atendente e o médico que irá receber
de reanimação (. rteuna 1-5). Obtenha radiografias o doente é essencial. . FTGURA 1{ mostra um paciente
diagnósticas essenciais, mesmo em pêcientes grávidas. monitorizado durante um transporte crítico.
FAST. eFAST eLPDsão ferramentâs úteis para detecção
rápida de sangue intra-abdominal, pneumotórax e
hemotórax. O seu uso depende da qualificação e da I
experiência do médico. A LPD pode ser desafiadora
para realizar em doentes grávidas, doentes que tiveÍam \
-l
)
í 4t

! FIGURA l-5ôs estudos râdiográÍi(os tão medidas auxiliares f HGURA l-6 A monitoíização deve 5êr mantada mesmo durantê
importânles no exôme primário. o transporte intaa-hospilalar.
AVALIACÀO SECUNDÁRIA I]

disso, muitos doentes ob€sos apr€sentam doença


POPULACÕES ESPECIAIS
cardiopulmonar, o que limita sua capacidade de
compensar Iesões e estresse. A reposição volêmica mais
Crianças, gestantes, idosos, obesos e atletas sâo doentes rápida pode exacerbar suas comorbidades subiacentes.
que merecem consideraçáo especial durante a avaliação Devido ao excelente condicionamento, os atlêtas
inicial. As prioridades para o atendim€nto d€sses podem não manifestar sinais precoces de choque, como
doentes são as mesmas d€ todos os traumatizados, taquicardia e taquipneia. Eles também podem terpressão
mas esses indivíduos podem apresentar respostas arterial sistólica e diastólica normalmente mais baixa.
fisiológicas que não seguem os padróes esperados e as
diferenças anatômicas podem requerer equipamentos
ou consideração especiais. AVALIACÀO SECUNDÁRIA
Doentes pediátricos têm fisiologia e anatomia únicas.
As quantidades de sangue, fluidos e medicamentos Inicia-se a avaliação s€cundária somente após a arra.liação
variam de acordo com o tamanho da criança. Além primária (ABCDES) ter sido completaà e quando as
disso, os padrões do trauma, grau e rapidez da perda medidas indicadas pãrà a readrnação tiverem sido
de calor são diferentes. As crianças geralmente têm adotadâs eo doente demonstrar melhora de suas funções
uma reserva Íisiológica grande e frequentemente ütais. Quando mais pessoas estiverem d§oniveis, pârte da
aprêsentam poucos sinais de hipovolemia, mesmo avüação secundáriapode ser conduzida enquanto a ouüa
após grande perda de volume. Quando a deterioração parte da equipe realiza a avaliação primária. Esse método
ocorre, é rápida e catastróÍica. Questóes especíÍicas não deve interfeú de maneira alguma no desempenho da
relacionadas a doentes traumatizados pediátricos sáo avaliação primári4 que é a maior prioridade.
abordadas no capítulo 10: Trauma Pediátrico. A avaliação secundária é um exame do doente
As alterações anatômicas e fisiológicas da gravidez traumatizado da cabeça aos pés, isto é, uma história
podem modificar a resposta da doente à lesão. O clínica e um exame físico completos, incluindo
reconhecimento precoce da gravidez por palpação de a reavaliação de todos os sinais vitais. Cada região
umútero gravídico e exames laboratoriais (por exemplo, do corpo deve ser examinada por completo. A
gonadotrofina coriônica humana [beta-HCG]), bem possibilidade de uma lesão passar despercebida ou de
como a avaliação fetâl precoce, são importantes para não servalorizadaé grande, principalmente em doentes
a sobrevivência materna e fetal. Questões específicas que não respondem a estimulos ou que se encontram
relacionadas a traumatizadas gráúdas são abordadas no instáveis. (Ver Tobela l-r: Avaliação SecuniláÁa e o vídeo
capítulo 12: Trauma naGestante eViolência Doméstica. da Ávoliaçõo Secuntláia no aplicativo do MyATLS. )
Embora as doenças cardiovasculares e o câncer sejam as
principais causas de morte em idosos, o traumatambém HISTOR.IA
é uma causa crescente de morte nessa população. A
reanimação de idosos merece atenção especial. O Toda avaliação médica completa deve incluir uma
processo de envelhecimento diminui a reserva Íisiológica história dos mecanismos do trauma. Frequentemente,
desses indivíduos e doenças cardíacas, respiratórias e náo se consegue obteruma história do próprio doente.
metabólicascrônicaspodemprejudicarsuacapacidade Nestes casos, os familiares e os socorristas devem ser
de resposta ao trauma. Comorbidades como diabetês, consultados com o intuito de se obter informaçôes
insufi ciência cardíaca congestiva, doença coronariana, que possam esclarecer melhor o estado fisiológico do
doença pulmonar restritiva e obstrutiva, coãgulopatia, doente. A utilização do código "AMPIÁ" é uma fórmula
doença hepática e doença vascular periférica são mais mnemônica útil para alcançar estâ finalidade.
comuns em pacientes idosos e podem prejudicar os
resultados após o trauma. Além disso,o uso prolongado . Alergia
de medicamentos pode alterara resposta fisiológica ao . Medicamentos de uso habitual
trauma e ftequentemente leva a distorçóes durante a . Passado médico / Prenhez
reanimação nessapopulação de doentes. Apesar desses
fatos, a maioria dos idosos traumatizados se recupera . Líquidos e alimentos ingeridos recentemente
quando tratados adequadamente. Questões específi cas . Ambiente e eventos relacionados ao trauma
para idosos traumatizados são descritas no Capítulo 11:
As condições do doente são fortemente inÍluenciadas
Trauma Geriátrico. pelo mecanismo do trauma. O conhecimento do
Doentes obesos apresentamum desafio particular no mecanismo do trauma pode melhorar a compreensão
cenário do trauma, pois sua anatomia pode dificultar do estado fisiológico do doente e fomecer pistas paÍa
procedimentos como a intubação. Testes diagnósticos reconhecer antecipadamente as Iesões. Alguns tipos de
como FAST, LPD e TC também são mais difíceis. Além lesões podem ser suspeitados de acordo coma direçáo da
14 CAPíTULO I! Aval acào e Atendimento niciais

TABELA I-I MECANISMOS DE TRAUMA E PADRÕES DE LESÔES SUSPEITAS

HECANISMO DE iaDRôEs DE LEsÀo MECANISMO DE PÂDRÕES oe lEsÃo


TRAUMA SU§PEITAS TRAUMA SUSPEITA

TRAUMA CONTUSO

lmpàcto frontaL . Ératurã de colunã cervrcaI lmpâcto traseiro . Trauma da coluna cervicêL
Col sáo aL-rtomob listrca . Tórax rnstávêL anteriôr CcLLsão automôbrLÍst ca . Trà!mâ craniencêfático
. Contusão mDcárdicà . LêsÕes de partes moles do
. Deformaçào do voLante pescoço
. Lmpressão do loetho no . Roturâ traLrmática dà aorta
parneL . F.atuÉs do bâço ou fíBado E eção do vêícul,o . Aejeção do veícuLo impedê
. Sinat do
otho de boi no . Fratura posteÍioÍ/ a previsão de pâdrôes
parãbrisas deslocarnento da petve ê/ de Lesào, mas o doente
ou joêLho tem maior risco paaà
. Trauma crâniêncefá[co pràticamente todos os
. Faàturas de fàcê mêcanismos de trauma

lmpacto tatêrâL . Lesâo Ligamentar lmpacto do vêículo com o . Traumã craniencêfáL co


Cotisào automobi[ística contratãteEI do pescoço pêdêstre . Rotura traLrmáticà da aorta
. Trauma craniencêfáLico . Lesóes de vísceras abdomrnais
. FÍatura da coLuôô ce.vrcaL . Fraturas de rnembros
. Tórêx instáveL lateràL inferioíes/pelve

. Roturã tràLrmática dâ âortã Oueda de alàrra . Trâumà.rãniencêfáUco


. Rotura drafragmáücê . Lesào ãxiàl da coluna
. Fratura de bacofígado e/ou . Lesões de üsce1_as âMoíniíÉis
rim, dêpendendo do Lado . Fràtura péLvicà ou acetábulo
do impacto . F.àtlrra bitaterat de membros
. Fràhrrà de pelr'e ou ãcetábuto iníerto.es {incbindo cãlcáneo)

TRAUMA PENETRANTE LESÃO TÉRMICA

ArÍnâ brancô Oueimâduras . Escarâ crrcL.Jnferencral no


. Àntêrro. do rórax . Tamponâmento cardíaco membro ou tórâx
. Trauma oculto (mecànismo
de trêuma/meio de fuga)
. Hemopôeumotórax

. Tóraco àbdonrnôL . Lesào diafragmáticâ


esquerdê esquerda/lesão do bâco/ Oueimadure eÉüka . Arritmia cardíaca
hemopnêumotórax . NecÍose miocá.dica/
sr'ndrome compartimentá
. Possib Ldade de Lesàô
dê v scera àbdomlnâLse
penetracào peritoneàL

Arma de fogo Lesào por inalâção . Envenenamento por


. Allo risco de Lesão monóxido de cârbono
. Tralêtória do prqéüV . Edemà de gLote
projétil.etjdo âuxiLiâ . Edema puLmonar
predizer têsào

. Lesão neurovasculàr

. Síndrome compãrtimental
AVALTAÇAO SECUNDARTA 15

força e a quantidade de energia desprendida. (. ÍABELA


mesmo tenlperaturas moderadas (15 a 20 "C ou 59 a 68
t-t ) Os padrões de lesão também sào influenciados por
F) podem resultar em pêrdas significâtivas de calor.
faixas etárias e atividades.
Estas informaçôes devem ser obtidas com os socorristas
As Iesões são divididas em duas grandes categorias: do pÍé-hospitalâr. As lesôes térmicas são abordadas em
trauma contusô e penetrante (ver Biomecâníca mais detalhes no Copíulo g: LesõesTérmicas e Apênd.íce
do Trauma ). Outr os tipos de lesôes para os quais a B: Hípotermía e Lesões pot ColoÍ.
informação sobre a história é imponante incluem Iesões
térmicas e aquelas causadas em ambientes hostis. Ambiente de Risco

Trauma Contuso A históriâ de exposição a elementos quÍmicos, tóxicos e


radiação é importãnte por duas razões. Primeiro, estes
O trauma fechado frequentemente é resultante de agentes podem produzir uma grande variedade de
colisôes automobilÍsticas, quedas e outros mecanismos disfunçôes pulmonares, cardíacas ou de outros órgàos
relacionados ao transporte, recreaçào ou ao trabalho. internos. Segundo, estes mesmos agentes também
Também pode ser resultante de agressôes. Informações representam um perigo ao pessoal médico-hospitalar.
impoftantes sobre colisões de automóveis incluem uso Frequentemente os únicos meios que o médico possui
de cinto de segurança, deformaçào do volante, presença pãra realizar o atendimento e garantiÍ suâ proteçâo são
e ativaçào de air-bogs, direção do impacto, danos no a compreensão dos princípios gerais de abordagem de
veículo em termos de grande deformação ou intrusão tais situaçôes e o estabelecimento de contato imediato
no compartimento de passageiros e posição da vítima com o Centro (Regional de Controle) de lntoxicaçôes.
no veÍculo. A e.jecção do veículo aumenta sobremaneira O Apêndice D: Gerencíamento de DesastÍes e Preparação
a possibilidade de lesóes graves. para Emergêncíos fornece informaçôes adicionais sobre
ambientes perigosos.
Trauma Penetrante
EXAME FíSICO
No trâuma penêtrante, os fatores que determinam o
tipo e a extensáo da lesáo e o tratamento subsequente Durante a avaliação secundária, o exame físico segue a
dependerão da região do corpo que foi afetada, dos sequência da cabeça, estruturas maxilo faciais, pescoço
órgãos próximos ao trajeto do objeto penetrante e da e coluna cervical, tórax, abdome, pelve, períneo/
velocidade do pro)étil. Portanto, velocÍdade, o calibre,
a reto/vagina, sistema musculoesquelético e sistema
a trajetória presumida do projétil e a distância entre a neurológico.
arma e o doente podem fornecer pistâs importantes na
compreensão da extensáo das lesôes. (verBiomecânico Cabeça
do Traumo.)
A avaliação .secundária começa com a ãvaliação
Lesões Térmicas da cabeça e com a identificação de todas as lesões
neurológicas relacionadas e significativas. Toda a
As queimaduras representam outro tipo signiÍicativo de cabeça e o couro cabeludo devem ser examinados à
trauma que pode apresentar-se isolado ou acompanhado procura de laceraçóes, contusóes ou evidências de
de trauma fechado e/ou penetrante, resultante de um fraturas. (Ver Capítulo 6: Trouma Craniencefálico, )
incêndio em automóvel, explosões, queda de ftagmentos Visto que o edema periocular pode dificultar um
incândescentes, tentativa de fuga do fogo. As lesôes por exame ulterior mais pormenorizado, os olhos devem
inalaçâo ou a intoxicação por monóxido de carbono ser reavaliados para determinar:
frequentemente complicam as queimaduras. As
informações sobre as circunstâncias da queimadura Acuidade visual
podem aumentar o índice de suspeita de lesâo por Tamanho da pupila
inalaçáo ou exposição tóxica porcombustão de plásticos
e produtos químicos. Hemorragias do fundo de olho e da conjuntiva
A hipotermia aguda ou crônica sem proteção Lesões penetrant€s
adequada contra a perda de calor produz lesôes
Lentes de contato (remover antes que ocorra
Iocalizadas ou generalizadas provocadas pelo
edema)
frio. Quando a capacidade do doente em mânter a
temperatura está comprometida pelo uso de roupas Deslocamentos do cristalino
molhadas, por redução da atividade física e/ou por Encarcerâmento ocular
vasodilataçáo causada por uso de álcool ou drogas,
16 CAPíTULO Ir Avaliação e Atendimento lniciais

Médicos podemfazer uma rápida avaliação da acuidade e essa lesào deve ser presumida até que a avaliação da
visual de ambos os olhos através daleitura do Quadro de coluna ceruical seja concluída. A avaliação pode incluü
Snellen ou de palavras escritas em rótulos de frasco de séries de radiograÍias e /ou TC, que devem ser revisadas por
soro ou emumpacote de gaze. A mobüdade oculardeve um médico experiente na detecção radiológica de fraturas
seravaliada para excluiro bloqueio de músculos extra- da coluna cervical. A avaliação radiográÍica pode não ser
oculares devido aftaturas daórbita. Estes procedimentos realizada em pacientes que atendem aos critérios do Esrudo
geralmente identiÍicam Iesôes ópticas não aparentes Nacional de Uülização de Radiografia X de Emergência
de outra forma. Apêndice A: Trauma Ocular apresenta (NEXUS), Critérios de Baúo Risco (NLC) ou C-Spine Rule
informações detalhadas sobre Iesôes oculares. Canadense (CCR). (Y er Copítalo 7:Troumatismo da Coluna
Vertebral e Meduln Esprnhal.)
Estruturas MaxitofaciaI O exame do pescoço inclui inspeção, palpação e
ausculta. Dor ao Iongo da coluna cervical, enÍisema
O exame da face deve incluir a palpação de todas as subcutâneo, desvio da traqueia e fratura de laringe
€struturas ósseas, avaliação da oclusão, exame intraoral podem ser evidenciados emum exame mais detalhado.
e avaliação das partes moles. O trauma maxilofacial As artérias carótidas devem ser palpadas e auscultadas
que não está associado à obstrução da via aérea ou para verificar a presença de frêmitos e sopros. Um
sangramento importante deve ser tratado somente sinal comum de Iesâo potencial é a marca de cinto de
após a estabilização do doente e as lesóes com risco de segurança. A maioria das lesôes vasculares cervicais
morte terem sido tratadas. A critério de umespecialista, importantes é por trauma penetrante; no entanto, a
o tratamento definitivo pode ser adiado com segurança forçado traumacontuso no pescoço oualesão por tração
sem comprometero atendimento. Doentes com fraturas cervical com uma retenção dos ombros pode resultar
do terço médio da face também podem ter uma fratura em ruptura da íntima, dissecção e trombose. O trauma
da placa crivosa. Para esses doentes, a inserção de sonda contuso da carótida pode estar presente em doentes em
gástrica deve ser realizada por via oral. (Ver Copítulo 6: coma ou sem sinais neurológicos. A angiotomograÍia,
Troumatísmo Cran ienc ef álic o.) arteriografia ou a ultra-sonografia dúplex podem ser
necessárias a fim de excluir a possÍbilidade de lesão
vascular cervical importânte, quando o mecanismo de
ARMADILHA PREVENCAO tràuma sugeriÍ esta possibilidade.
Paraos doentes que usam qualquer tipo de capacete,
O êdêma faciaL em Reâlize o êxãmê ô.utar
são obrigatórias as medidas de proteção relacionadas a
doentes com trauma antes quê o edema sê
dê fâce complexo pode desênvoLva.
uma possível Iesão instável de coluna cervical. Deve-se
ímpossibititar um exame Mrnimize o tomar extremo cuidado durante a retirada do capacete.
oftaLmoLógico compLeto dêsênvoLvimento do A remoção do capacete é descrita no CapÍtulo 2: Via
êdema pela eLevêçào Aérea e Ventilação.
dà câbecei.a da
Ferirnentos cervicais peneEantes podem lesar diferentes
cama {posição de
TrendeLenburg invertidâ órgáos e sistemas. As lesóes que se estendem além do
quândo há suspeita de platisma náo devem ser exploradas manualmente ou
Lesôes na coLuna). com instrumentos no serviço de emergência. Tampouco
devem ser exploradas por profissionais que não sejam
AtSumas fràturàs l'4antenha um aLto índrce tr€inados nos cuidados de tais lesões. É necessária a
maxrloÊaciais, como fÍaturas de suspeita e obtenha avaliação de um cirurgiáo para sua avaliação e tratamento.
ôasals. fÍatlrras zigomáticas imaSens quàndo
O achado de hemorragia arteria.l ativa, hematoma em
nàô cominuüvas e fiaturas nêcessário.
de órbita podem ser Reâvalie os doentes com expansào, ftêmito arterial ou comprometimento da
difÍceis de se identificar frequência. via aérea frequentemente exigem avaliação ciúrgica.
precocemente no Processo Paralisia isolada ou inexplicadados membros superiores,
de âvatiâção. develevantara suspeitadelesão de raiz de nervo cervical
e deve ser documentada cuidadosamente.

Col,una Cervical e Pescoço Tórax

Doentes com üauÍra craniencefálico e maxilofacia.l devem A inspeção visual do tórax, em sua face anterior e
ser considerados como portadores de Iesão instável de posterior, permite identificar lesôes como pneumotórax
coluna cervical {ftaturas e/ou lesões de ligamentos) e os aberto e grandes segmentos instáveis (tórax flácido).
moümentos cervicais dsvem ser restringidos. A ausência Uma avaliaçáo completa do tórax requer a palpaçào
de déÍicit neurológico não exclui a lesão da coluna cervical, de toda a caixa torácica incluindo clavículas, costelas
AVALIACÃO SECUNDÁRIA 17

e esterno. A pressão esternal é dolorosa se o esterno Períneo, Reto e Vagina


estiver fraturado ou quando há disjunçào costocondral.
Contusões e hematomas da parede torácica devem O períneo deve ser examinado à procura de contusôes,
alertar o médico para a possibilidade de Iesóes ocultas. hematomas, lacerações e sangramento uÍetral. (Ver
lesôes torácicas signiÍicaüvas podem manifestar-se por Capítulo 5: Trauma Abdominal e Pálvico. )
dor, dispneia, ou hipóxia. A avaliaçáo inclui a ausculta e O toque retal deve ser realizado antes da introdução
radiogrúa do tórax. O murmúrio vesicular é auscultado da sonda urinária. O médico deve avaliar a presença de
na parte ântero-superior do tórax para a identificação de sangue na luz intestinal, a integridâde dâ parede do reto
pneumotóraxenafaceposteriordasbasesparaadetecção eo tônus do esfincter.
de hemotórax. A auscultapode ser difícil em um ambiente Oexame vaginal deve ser realizado em doentes com
barulhento, mas pode ser de extrema utilidade. Bulhas ' risco de lesão vaginal. O médico deve avaliar a presença
abafadas e pressão de pulso diminuída podem indicar de sangue na vaginã e a existência de laceraçóes
um tamponamento cardiaco. O tamponamento cardíãco vaginais. Além disso, um teste de gravidez deve ser
e opneumotórax hipertensivo podem sersugeridos pela realizado em todas as mulheres em idade fértil.
presença de distensão das veias do pescoço, embora a
hipovolemia associada possadiminuir ou mesmo abolir Sistema Muscutoesquetético
este sinal. Apercussâo do tórax revela timpanismo. Uma
radiografia do tórax ou um e-FAST pode confirmar a Asextremidadesdevemserinspecionadas paraverificar
presençâ de hemotórax ou pneumotórax simples. apresença de contusóes e deformidades. Apalpação dos
Fraturas de arcos costais podem estar presentes e não ossos deve ser feita pesquisando dor ou movimentos
serem visualizadas nas râdiografias. O alargamento do anormais para ajudar na identiÍicação de fraturas ocultas.
mediastino ou outros sinais radiológicos podem sugerir
ruptura de aorta. (Ver Copítulo a: Traumo Torácico,) ARMADILHA PREVENCÀO
Abdome e Petve As fraturas A cotocaçào de uma cintô pétvrcâ
péLvicâs podem ou [eôçoI pode [imitar a pêÍda
As lesôes abdominais devem ser identiÍicadas e tratadas produzir de sangue das frâturas péIvicas.
de maneira agressiva. O diagnóstico específico não é tão grandes perdas Nào manipu[e repetidamente
importante quanto a identiÍicação da presença de uma sânguíneas ou vigorosamentê a petve êm
lesão abdominal que necessita tratamento imediato. doentes com fraturâs, pors os
Um exame inicial normal do abdome não exclui lesões coá8uLos podem se sottar ê
intra-abdominais significativas. O doente com contusáo aumêntâr ê pêrda dê sangue
abdominal deve serobservâdo de perto ecom reavaliações
frequentes do abdome, preferencialmente pelo mesmo Fraturas e lmagem dê todâs as áÍeas de
observador, porque com o passar do tempo, os achados Lesóês na suspeitô.
extremidade sào Reâ[ize reavaIiàcõês frequentes
abdominaispodem mudar. Oacompanhamentoprecoce
pàrticuláÍmente para identaficar qua[quer
por um cirurgião é essencial.
difíceis de êdemâ ou hêmâtomâ em
Deve-se suspeitar de fratura pélvica pela identificação
diaSnosticar desenvotvimento
de equimoses sobre as asas do ilíaco, púbis, grandes em pacientes Reconheça quê achados sutrs
lábios ou escroto. A dor à palpação do anel pélvico é em doentes com traumà
um achado importante em paci€ntes conscientes. Além cràniencefáüco ou craniêncefáLico, tàrs como
disso, a avaliação dos pulsos periféricos pode identificar lesões na meduta Lamitâção de movimento de umê
lesóes vasculares. espanhaI êxtremidâdê ou resposta âo
Doentes com hipotensão inexplicada, Iesóes estímuto de uma área, podem sêr
neurológicas, alteraçãô do sensório decorrente do âs únicâs prstâs pâra a presençô

uso de álcool e/ou drogas com achados abdominais


e de uma Lesão
duvidosos devem ser considerados como candidatos
a uma lavagem peritoneal, a uma ultra-sonografia Deseôvolvimento Mantenhê um aLto nível dê
abdominal ou. caso esteiam hemodinamicamente de 5índrome suspeita e reconheça LesÕes com
Compãrtimenta[. ãLto nsco de desenvotvimênto
normais, a uma tomograÍia computadorizàda do
de síndrome compârtimentâL
abdome. As fraturas de pelve e dos últimos arcos
(por exempto, fraturàs de ossos
costais tâmbém podem dificultar o diagnóstico preciso longos, Lesôes por êsmagêmênto
e a interpretação dos achados do exame de abdome, isquemra proLongada e LesÕes
pois a palpaçáo abdominal pode despertar dor neste térmicâs circunferenciars).
local. (Ver Copítulo 5: Trouma Abdominal e Pélvico. )
18 CAPÍTULO It AvaL açôô e Atendimento lniclais

Lesões significativas d€ extremidades podem existir um neurocirurgião ou cirurgião ortopédico. (Ver


sem que seja possível identificar fraturas quer nô exame C apítulo z: TÍ auma V ertebrome dulor,)
físico quer na radiografia. A ruptura dos ligamentos
provoca instabilidade da articulaçáo. A Iesão de tendões
interfere com a movimentaçáo ativa da estrutura MEDIDAS AUXILIARES A
afetada. Perdas da sensibilidade ou da contÍatilidade AVALIAÇÀO SECUNDÁRrA
muscular voluntária podem ser decorrentes de
uma lesão nervosa ou de isquemia, incluindo o Durante a avaliação secundária, podem ser realizados
desenvolvimento de síndrome compartimental. testes diagnósticos específicos para identificar
A avaliação musculoesqueiética nâo está completa determinadas lesóes. Eles incluem radiografias
sem o exame do dorso do doente. Se o dorso do doente adicionais da coluna e das extremidades; tomografia
não for examinado,lesóes significativas podem passar computadorizada da cabeça, tórax, abdome e coluna;
despercebidas. (Ver Capítulo 7: Troum aVeÍtebromeduloÍ, urografi a excretora e arteriograÍia; ultra-sonografia
e Capítulo 8: Trauma Musculoesquelético. ) transesofágica; broncoscopia; esofagoscopia e outros
procedimentos diagnósticos. (r rtcuaa t-r).
Sistema Nervoso Durante a avaliação secundária, pode-se obter
imagens completas da coluna cervical e toracolombar
O exame neurológico abrangente náo inclui apenas a se o o atendimento do doente não for comprometido e
avaliação sensorial e motora das extremidades, mas o mecanismo de trauma sugerir a possibilidade de Iesào
também a reavaliação do nível de consciência e do medular. Muitos centros de trâuma abandonaram as
tamanho e da resposta das pupilas do doente. A EscaLa radiografias simples e usam aTC para detectarlesÕes na
de Coma de Glasgow facilita â identificação precoce de coluna. A restrição do movimento da coluna vertebral
alterações no estado neurológico. deve ser mantida até que a lesão da coluna tenha sido
Nos doentes com trauma craniencefálico, é necessário excluída. Deve ser obtido uma radiografia de tórax
um parecer precoce do neurocirurgião. O doente deve AP e filmes adicionais pertinentes ao{s) local(is} de
ser monitorado com frequência para detecÇão de suspeita de lesão. Geralmente, esses procedimentos
deterioÍação no nível de consciência ou modiÍicações exigem o transporte do doente para outras áreas do
no exame neurológico, que podem indicar progressâo hospital, onde equipamentos e pessoal para tratar
de uma lesão intracraniana. Se um doente com trauma situaçõês que âmeaçam a vida podem náo estar
craniencefálico piora do ponto de vista neurológico, imediatamente disponíveis. Portanto, esses testes
a oxigenação e a perfusão do cérebro e a adequação especializados não devem ser realizados até que o
da ventilação (ABCDEs) devem ser reavaliadas. Pode paciente tenha sido cuidadosamente examinado e seu
ser necessária uma intervenção neurocirúrgica ou a estado hemodinâmico tenha sido noÍmalizado. Lesões
adoçáo de medidas que visem a redução da pressão despercebidas podem ser minimizadas, mantendo um
intracraniana. Cabe ao neurocirurgião tomar esta alto Índice de suspeita e fornecendo monitoramento
decisáo quanto à necessidade de drenar hematomas contínuo do status do doente durante a realização de
epidurais ou subdurais ou de corrigir fraturas testes adicionais.
cranianas com afundamento. (Ver Copítulo 6; Trouma
CraniencefáIico .)
Fraturas da coluna torácica e Iombar e/ou lesões "4'Çr
neurológicas devem ser sempre consideradas com
base nos achados físicos e no mecanismo de trauma.
Outras lesôes podem mascarar os achados físicos de -e.
uma Iesão de coluna, a qual pode passar despercebida
se o médico não solicitar as radiografias apropriadas.
Qualquer evidência de perda de sensibilidade,
paralisia ou fraqueza sugere lesão importante na \ I
coluna vertebral ou no sistema nervoso periférico. Os Li
déÍicits neurológicos devem ser documentados quando
identificados, mesmo quando a transferência para outra
instituição ou a avaliação de um êspecialista forem
necessárias. A proteção da coluna vertebral é necessária
t U
em todos os momentos até que uma lesão raquimedular
seja excluÍda. Se uma lesão vertebromedular for ! tIGURA 1-7 Testes d agnósti(or etpecla izados podem 5er
detectada, será necessária uma consulta precoce com reê izâdos durânte a êvaiiação se(undár a parâ identiÍlcar lesóes
TRABALHO DE EOUIPE 19

REAVALIACÃO REGISTRO E CONSIDERACÔES


LEGAIS
O doente traumatizado deve ser reavaliado
constantemente para assegurar que fatos novos não Consideraçõeslegais específicas, incluindo o prontuário,
passem despercebidos e para ÍdentiÍicar o agravamento o consentimento para o tratamênto e€údências forenses,
de anormalidades já conhecidas. À medida que as são relevantes para os alunos do ATLS.
lesões com risco de morte são tratadas, outras Iesôes
igualmente graves, ainda que menos críticas, podem PRONTUÁRIO
tornâr-se aparentes. Doenças clínicas pré-existentes
podem também tornar-se evidentes e afetar seriamente Reâlizar anotações detalhadas é crucial durante
o prognóstico do doentê. Um alto índice de suspeita a avaliação e tratamento do doente, incluindo a
facilita o diagnóstico precoce e seu tratamento. documentação cronológica de todos os eventos. Muitas
A monitoraçâo contínua dos sinaisütais, saturação de vezes, vários médicos cuidam de um único doente e
oxigênio e do débito urinário é essencial. Para um doente registros precisos são essênciais para que os mesmos
adulto é desejável amanutenção de um débito urinário possam avaliar as necessidades e estado clínico do
de 0,5 mL,&g,&. Nos doentes pediátricos, acima de 1ano, traumatizado. A manutençáo precisa de registros durante
débito de 1mL/kg,4r. Gasometrias arteriais periódicas, a fase de reanimação pode serfacilitada, atribuindo a um
e a capnometria são úteis em alguns destes doentes. membro da equipe de trauma a responsabilidade de
O alívio da dor é uma parte importante no tratamento rêgistrar ê agrupar com exatidão todas as informações
do traumatizado. Muitas lesões, especialmente as pertinentes ao doente.
musculoesqueléticas provocam dor e ansiedade no Problemas médicoJegais ocorrem frequentemente e,
doente consciente. A analgesia, para ser efetiva, requer o registro preciso dos fatos ajuda em todos os aspectos.
geralmente a utilização de opioides intravenosos ou Anotaçôes cronológicas por meio de fluxogramas
ansioliticos. Injeções intramusculares devem ser evitadas. facilitam tanto ô médico atêndente como o médico
Esses agentes devem ser administrados cautelosamente receptor na rápida identiÍicação de alteraÇões nas
e em pequenas doses para alcançar o nível desejado de condições do doente. VerExemplo de Ficho de Trauma,
confôrto para o doente e alíüo da ansiedade evitando ao eCopítulo 13: Trons ferência para o Tratamento Definitivo.
mesmotempo,adepressãorespiratóriaeomascaramento
de lesões sutis ou de mudanças no estado do doente. CONSENTIMENTO PARA O TRATAMENTO

TRATAMENTO DEFINITIVO O consentimento deve serconseguido, se possível, antes


de se iniciâr o tratamento. Nos casos com risco de morte,
geralmente nâo é possível a obtenção deste consentimento
Sempre que as necessidades de üatamento do doente previamente. Nestes casos o tratamento deve seriniciado
excederem a capacidade da instituição que o está primeiro eo consentimento obtido depois.
atendendo, a transferência deve ser considerada. Esta
decisào requer avaliação detalhadadas lesôes do doente EVIDÊNCIA FORENSE
e conhecimento das capacidadesda instiluição, inciuindo
equipamentos, recursos e pessoal. Caso se suspeite qu€ uma lesão tenha sido decorrente
Os critérios de triagem inter-hospitalar aiudam a de atividade criminosa, a equipe de atendimento
determinar o grau, o ritmo e a intensidad€ do üatamento deve preservar as evidências. Todos os itens, como
inicial que devem ser minisüados ao doente Eaumatizado roupas e proiéteis devem ser guardados para a
(ver ACS COT, Resources for Optimal Care ofthe Injured polícia. As determinaçôes laboratoriais dos níveis
Potients, 2014). Estes critérios levam em corxideração o sanguÍneos de álcool e de outras drogas podem ser
estado fisiológico do doente, a presença de lesôes eüdentes, particularmente pertinentes e possuem implicações
os mecanismos de trauma, as doenças associadas, e fatores legais substanciais.
outros que podem â.lterar o prognósíco do doente. O pessoal
do serviço de emergência e as equipes ciúrgicas devem
usar estes critérios para determinar se o doente necessita t .L: TRABALHO EM EOUIPE
ser transferido para um centro de trauma ou para um outro
hospita.l capaz de ofereceÍ um Eatamento mais especializado. Em muitos centros, os doêntes traumatizados são
O hospital apropriado mais próximo deve ser escolhido com avaliados por uma equipe cujo tamanho e composição
base na sua capacidade de tratâr o doente traumatizado. Ver variãm de instituição para instituiçáo (i FTGURA 1-8). A
Capítulo 13: Transferência para o Tratamento Definitivo. equipe de trauma geralmente inclui um 1íder de equipe,
20 CAPíTUIO Ir Avatiacào e Atendimento Iniciais

um responsável pelavia aérea, enfermeira e técnico de doente, a menos que condições imediatas de risco de
trauma, bem como vários residentes e estudantes de morte sejam óbvias {ou seja,"hands-off hands-over").
medicina. A especialidade do líderdaequipe de trauma Um acrônimo útil para gerenciar esta etapa é MIST:
e do responsável pelavia aérea depende da prática Iocal,
mas devem ter um profundo conhecimento prático dos . M ' Mecanismo (e tempo) do trauma
princípios do programa ATLS. . I- Lesões encontradas e suspeitas
Para atuar de forma eÍicaz, cada equipe de trauma deve
ter um membro àtuando como líder da equipe. O líder
. 5- Sinais e sintomas
da equipe supervisiona, verifica e düeciona a avaliação; . T- Tratamento iniciado
idealmente, eleou ela não está diretamente envolüdo na
avaliação em si. O lider de equipe não é necessariamente À medida que a avaliação {ABC} prossegue, é vital
a pessoa mais antiga presente, embora ele ou ela deva que cada membro saiba o que os outros membros
ser treinado pelo curso ATLS e noçôes básicas de descobriram e/ou estào fazendo. Este processo é
gerenciamento de equipe médica. O lÍder da equipe facilitado verbalizando-se cada açáo e cada achado
supervisiona a preparação para a chegada do paciente em voz alta sem que mais de uma pessoa da equipe
para garantir uma transiçáo tranquila do ambiente pré- fale ao mesmo tempo. Ordens e pedidos não devem
hospitalarpara o hospital. Ele atribui flrnções e taÍefas aos ser feitos em termos gerais, mas sim direcionados a
membros da equipe, garantindo que cada parlicipante um indivíduo, pelo nome. Esse indivíduo então repete
tenha o treinamento necessário para atuar na função a solicitação/pedido e d€pois confirma sua conclusáo
designada. A seguirestão algumas dasfunções possíveis, e, se aplicável, seu resultado.
dependendo do tamanho e da composição da equipe: O líder da equipe verifica o progresso da avaliação,
resume periodicamente os achados e a condição do
Avaliação do doente, incluindo avaliação e doente e solicita especialistas conforme necessário. Ele
abordagem da via aérea ou ela também solicitam exames adicionais e, quando
apropriado, sugerem/procedem a transferência do
Despireexporodoente doente.
Colocação de equipamentos de monitorização Durante todo o processo, espera-se que todos
os membros da equipe façam comentários, façam
Obtenção de acesso venoso e coleta de amostras
perguntas e ofereçam sugestões, quando apropriado.
de sangue
Nesse caso, todos os outros membros da equipe devem
Servir como escrevente ou realizar o resgistro prestaratençâo e seguir as instruçoes do lider da equipe.
das atividades de reanimação Quando o paciênte deixa o departamento de
emergência, o líder da equipe conduz uma revisão
Na chegada do doente, o líderdaequipe supervisiona "após a ação". Nesta ocasião, a equipe aborda aspectos
garantindo que
a passagem do caso pelos socoÍristâs, técnicos e emocionais da reanimaçáo e identiÍica
nenhum membro da equipe comece a trabalhar no oporrunidades de melhoria do desempenho da equipe.
Todos os capítulos subsequentes contêm um recurso
especial no fim do capítulo intitulado "Trabalho em
Equipe". Esse recurso d€staca aspectos especíÍicos
da equipe de trauma que se relacionam ao capítulo.
O tópico do trabalho em equipe também é explorado
/ \ em detalhes no apêndice E: ATIS e Gerenciamento de
à Recursos da Equipe de Trauma.
I í a
RESUMO DO CAPiTULO

1. A sequência correta de prioridades pâÍa o tratamento


I de um doente traumatizado multisistêmico é:
t preparação, triagem, avaliação primária, readmação,
medidas auxüares à avaliação primiária e realimação,
)
considerar necessidade de transferência, ava-liação
f HGUnA l-8 Em muitos (êntros, os doentes traumatizados são secundária, medidas auxüares à avüação secundári4
âvâliâdos poí uma equipê. PaÍa atuar de Íorma eíi(àz, (âdâ equipe reavüação e cuidados definiüvos, considerando
tem um membro ql/e atua (omo l;der da equipê novamente a necessidade de transferência.
BIBLIOGRAFIA 2I

2. Os princípios da avaliação primária e secundária shorten the interval from trauma patient
e os protocolos e técnicas nas fases de reanimação arrival to decision to transfer?.1 Trauma 2Ol7;7 O:
e tratamento definitivo se aplicam para todos os 315-319.
doentes traumatizados. 9. Lee C, Bernard A, Fryman L, et al. Imaging
may delay transfer of rural trauma victims:
3. A história clínica do doente e o mecanismo de üauma a survey of referring physicians. J Traumo
são importantes para a identificação das lesões. 2009;65:1359-1363.
10. Lêeper WR, Leepr Tr, Yogt K, et al. The role
4. As armadilhas associadas com a avaliação inicial of trauma team leaders in missed injuriesr
e tratamento de doentes traumatizados devem does specialty matter? ,l Trauma 2073:7513):
ser antecipadas e geridas de modo a minimizar o 387-390.
seu impacto. 11. Ley E, Clond M, Srour M, et al. Emergency
departm€nt crystalloid resuscitation of 1.5 L or
5. A avaliação inicial deve ser repetidaftequentemente more is associâted with increased mortality Ín
e qualquer anormalidade deverá ser reavaliada- elderly and nonelderly trauma patients.,JTroumo
2011;70(2):398-400.
6. A identificação precoce de doentes que requeiram 12. Lubbert PH, Kaasschieter EG, Hoorntie LE, et al.
transferência para um Hospital de maior Video registration of trauma team performance
complexidade, melhora o prognóstico. in the emergency department: the results of a
2-year analysis in a level l trauma center.I Trauma
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.rl
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TRATAMENTO DA VIA AEREA
2 E DA VENT!IACAO

As prioridad,es iniciais no tratamento do doente troumotizado são garantir uma via aérea
intacta e reconhecer umavia aérea comprometida.
CAPITULO 2 SUMARIO
OBJETIVOS coNTROLE DE OXTGENAÇÃO

INTRODUCAO TRATAMENTO D VENTILAçÃO

VIA AÉREA ÍRABALHO EM EOUIPE


. Reconhecimento do Prob[ema
. Sinais Objêtivos de Obstrução da Via Aérea RESUMO DO CAPíTULO

VENTILACÀO BIBLIOGRAFIA
. Reconhecimento do ProbLema
. Sinâis Objetivos de Ventitação lnãdequadâ

TRATAMENTO DA VIA AÉRÉA


. Antecipando a Vià Aérêa DifíciL
. Esquema de Decisão da Via Aérea
. Técnicas de Manutenção da Via Aérea
. Via AéÍea Definitiva

OBJETIVOS

Após a l4itura deste capítulo e â compreensão dos tópicos de 5. Descreve. as técnicas parâ confirma. a adequaçâo
aprendizado do curso ATLS. você estará apto a: da ventllrção e dã oxiEenação, lnctuindo oximetrlâ
de pulso e monitoramento dê CO? expirádo.
l. ldentiflcar as sltuações cl,Ínlcas em que há o
comPrometlmento da úa aérea 6. Definir o termo "via aérea definitiva".

2. Reconhecer os slnâis e sintomas de obstruÉo Z Listar â3 lndicaçô€s parâ intubeção asslstida por
aguda da vla aérea drogas.

!. Rêconhecer o comprometimento ventitatório ê E. Descrever os passos necessários para mant€r a


sinais dê Yêrltllição lnadequadã. oxlgenaÉo antes, durante e depols de estabeLecer
uma vla aérea definitiva.
4. Descrever as técnicas para manter e estabel,ecer
uma vla aérea pâtente.
?4 CAPÍTULO 2 r Tratamento da Via Aérea e da Ventilacào

I oferta inadeouada de sangue oxigenado para o ftequentes da permeabüdade daúa aérea e da adequação
cérebro e outras estruturas vitais é a causa mais da ventilação.
f!l rápida de morte em doentes traumatizados. Durante a avaliaçáo inicial da via aérea, um "doente
Uma via aérea protegida e desobstruída e uma que fala" fornece garantia momentânea de que a via
ventilação adequada são fundamentais para prevenir aérea é patente e neo está comprometida. Portanto, a
a hipoxemia- De fato, a garantia de uma via aérea não medida inicial mais importante é conversar com o doente
comprometida, fornecimento adequado de oxigênio e estimular uma resposta verbal. Uma resposta verbal
e suporte à ventilaçáo têm prioridade na assistência e positiva e apropriada, com voz clara, indica que a via
sobre todas as outras condições. Oxigênio suplementar aérea do doente está patente, a ventilação está intacta
deve ser administrado a todos os doentes gravemente e a perfusão cerebral é suficiente. A falta de Íesposta
traumatizados. ou uma resposta inadequada sugere nível alterado de
As mortes precoces evitáveis devido a problemas na consciência que pode ser resultado de comprometimento
via aérea, geralmente resultam de: da via aérea ou da ventilação, ou de ambos.
Doentes com um nível alterado de consciência estào
Falha em avaliar adequadamente a via aérea em risco de comprometimento daüa aérea e geralmente
Falha em reconhecer a necessidade de uma requerem uma via aérea definitiva. Via aérea definitiva é
intervenção na via aérea definida como um tubo locado na traqueia, com o ba.lonete
Incapacidade de estabelecer uma via aérea insuflado abaüo das cordas vocais e conectãdo a umã
Incapacidade de reconhecer a necessidade de fonte de ventilação assistida enriquecida com oxigênio.
um plano alternativo no contexto de repetidas Doentes inconscientes com traumatismo craniencefálico,
tentativas de intubação malsucedidas doentes menos responsivos deúdo ao uso de álcool e/
Falha em reconhecer uma via aérea mal locada ou outras drogas e doentes com lesôes torácicas podem
ou em utilizar técnicas apropriadas para
garantir o posicionamento correto do tubo têr comprometimento da mecânica ventilatória. Nesses
doentes, a intubaçâo endoüaqueal serve para assegurar
Deslocamento de uma via anteriormente
estabelecida uma via aérea, fomecer oxigênio suplementar, auxiliar
Não reconlecer a necessidade de ventilação a ventilaçâo e prevenir a aspiração. A manutenção da
oúgenaçâo e a prevençào da hipercarbia são fundamentais
Existem muitas estratégias e €quipamentos para o no tratamento de doentes traumatizados, especialmente
manejo da via aérea em doentes traumatizados. É de naqueles que sofreram traumatismos cranianos.
fundamental importância levar em conta o contexto em Além disso, doentes com queimaduras faciais e
que o atendimento deste doente está acontecendo. Os com potencial lesão por inalaçáo correm risco de
equipamentos e as estratégias que têm sido associados comprometimento respiratório insidioso (. rtcum
a maior taxa de sucesso são aqueles que são bem z-r ). Por essa razão, deve-se considerar a intubaçâo
conhecidos eusados regularmente no cenário específico. precoce nesta situação.
Equipamentos de via aérea recentemente desenvoMdos Em qualquer doente traumatizado, é importante
podemteÍ um desempenào ruim em mãos destreinadas. antecipar a possibüdade de vômitos e saber como agir

VIA AEREA r
Os primeiros passos para identificar e detectar o

5
comprometimento da via aérea potencialmente fatal
são reconhecer sinais objetivos de obstrução da via
aérea e identiÍicàr qualquer trauma ou queimadura
envolvendo a face, o pescoço e a laringe.

RECONHECIMENTO DO PROBLEMA

O comprometimento da via aérea pode ser súbito


€ completo, insidioso e parcial, e/ou progressivo e
recorrente. Embora a taqúpneia esteia frequentemente
relacionada à dor ou ansiedade, ou ambos, ela pode ser
um sinal sutil, porém precoce, de comprometimento da . FIGURA 2-l Doentêr com quêimaduras de Ía(e e/ou possivel lesào
via aérea e/ou comprometimento ventilatório. Portanto, por inalaçáo correm ris(o de comp.ometimento rêspiratório insidioso,
é fundamental a avaliaçáo inicial e as reavaliações logo, considerar a int!bà(ão prêaoce.
VIAAÉREA 25

caso isso ocorra. A presençâ de conteúdo gástrico na geral, sedação e relaxamento muscular podem levar à
orofaringe representa risco significativo de aspiraçào, obstrução daüaaéreapordimhúção ouausência de tônus
que pode ocorrer na próxima inspiraçáo do doente. Dessa muscular. A compreensão do tipo de trauma é mandatória
formâ, estão indicadasa aspiração imediata da orofaringe para proporcionar um manejo adequado da via aérea,
e a rotaÇão em bloco do doente para o decúbito lateral. antecipando-se os riscos. A intubação endotraqueaJ pode
ser necessária para manter a permeabüdade da via aérea.

ARMADILHA PREVENCÀO
Trauma Cervical .

Asprração após vômrto 6âranta que o equipâmênto


Os ferimentos penetrantes do pescoço podem causar
de aspirâção estera
funcionante e disponíveL.
Iesões vasculares com hemâtomas significativos,
Esteja preparâdo para
resultando em deslocamento e obstrução daüa aérea.
tâterâtizar o doente Pode ser necessário estabelecer uma via aéreaciúrgica
enquanto rêstínge o com emergência se o deslocamento e a obstrução
movimento da coLuna impedirem a intubaçeo endotraqueal. A hemorragia
cervicaI se indicado. decorrente de lesões vasculares adjacentes pode ser
maciçâ, exigindo tratamento ciúrgico.
O trauma cêrvical côntuso ou penetrante pod€m
Trauma Maxi[ofaciat causar rotura da laringe ou da traqueia, seguido de
obstrução da via aérea e/ou sangramento maciço na
O trauma de face exige uma abordagem agressiva, porém árvore traqueobrônquica. Nessas condiçôes, torna-se
cuidadosa da via aéÍeâ (. HGURA 2-2). Esse tipo de trauma imperativo assegurar uma via aérea definitiva.
frequentemente acontece quando um passageiro sem Lesões cervicais envolvendo ruptura da laringe e da
cinto de segurança é arremessado contra o para-brisâ traqueia, ou compressão da via aérea por hemorragia
ou o painel em uma colisão automobilística. Traumas em partes moles do pescoço, podem causar obstrução
do terço médio facial podem ocasionar fraturas e parcial da via aérea. Inicialmente, doentes com essa
luxações que comprometem a nasofalinge e a orofaringe. grave lesão de via aérea podem conseguir manter a
Fraturas faciais podem ser associadas a hemorragia, permeabilidade da üa aérea e aventilação. Entretanto,
edema, aumento de secreçóes e avulsôes dentárias se houver suspeita de comprometimento da üa aérea,
que aumentam a dificuldade para a manutenção da deve-se garantir uma via áerea deÍinitiva- Para evitar
permeabilidade da via aérea. Fraturas da mandÍbula, a exacerbação de uma lesão d€ via aérea existente, o
principalmente fraturas bilaterais do corpo, podem tubo endotraqueal deve ser inserido cuidadosamente
levar à perda do suporte estrutural da via aérea, e pode e, preferencialmente, sob visualização direta. A perda
ocorrer obstrução quãndo em posiçáo supina. Doentes da permeabilidade da via aérea pode ser precipitada,
que se recusam apermanecer em decúbito dorsalpodem e uma via aérea ciúrgica está usualmente indicada.
apresentar dificuldade para a manutençáo da üa aérea
oupara a eliminaçáo de secreçôes. Além disso, anestesia Trauma de Laringe

Embora as fraturas laríngeas raramente ocorram, elas


podem se manifestar com obstrução aguda daviaaérea.
Estalesão é indicadapor uma tríade de sinais clínicos:

1. Rouquidão
2. Enfisema subcutâneo
3. Fratura palpável

A obstrução total da via aérea ou à insuficiência


respiratória grave devido a uma obstrução parcial
justificam uma tentativa de intubaçáo. A intubaçáo
T
guiada por fibroscópio flexível pode auxiliar nessa
situaçáo, mas somente se puder ser realizada
prontamente. Se houver insucesso na tentativâ de
intubação, a traqueostomia de emergência está indicada,
. IIGURA 2-2 O trauma de Ía.e exige manejo agressivo, porém seguida de reparo cirúrgico da lesão. Entretanto, a
(uidadoso da viô aérea. traqueostomia é um procedimento de difícil execução
26 CAPíTULO 2 r Tràtamento da Via Aérea e da Vcntilacào

em situações de emergência, demanda um tempo 3. Avalie o comportamento do doente. Doentes


maior e pode resultar em sangramento profuso. A abusivos e agressivos podem €star, de fato,
crÍcotireoidostomia cirúrgica, embora não se.ia hipóxicos; não assuma que estão intoxicados
o procedimento de escolha nessa situaqão, pode
constituir-se em uma manobra salvadora de vida. VENTILACÃO
O trauma penetrante da laringe ou da traqueia pode
ser eüdente e exige tratamento imediato. Transecção
completadatraqueia ou oclusão da via aérea por sangue ou Garantir a permeabilidade da via aérea é um passo
paÍes molespode causar compromeümento que necessite importante pâra a oxigenação do doente, mas é apenas o
de correção imediata. Essas lesões são frequentemente primeiro passo. Umaüa aérea permeável não serábenéÍica
associadas a trauma do esôfago, da artéria carótida, da ao doente a menos que a ventilação esteja, tâmbém,
veiajugular, bem como extensa lesào tecidual ou edema. adequada. O médico deve procuraÍ no exame físico do
A respiração ruidosa indica obstrução parcial da via doente por sinais objetivos de ventilaçáo inadequada.
aérea que pode subitamente converter-se em obstrução
tota.l. Aausênciade sons respiratórios sugere que o doente RECONHECIMENTO DO PROBLEMA
já apresenta obstrução total deüa aérea. Quando o nivel
de consciência do doente está rebaixado, a detecção de A ventilação do doente pode estar comprometida por
obstrução importante da via aérea torna-se mais sutil obstrução da via aérea. por alteraçâo na mecânica
e o esforço respiratório pode ser a única evidência de ventilatória e/ou por depressão do sistemanervoso cenüal
obstrução de via aérea ou lesão traqueobrônquica. (SNC). Se a ventilação do doente não melhorar após a
Se houver suspeita de ftatura de laringe, seja pelo desobstrução da via aérea, outras causas do problema
mecanismo de trauma ou por achados sutis no exame devem ser identiÍicadas e tratadas. O trauma torácico
físico do doente, a tomografia computadorizada pode direto, principâlmente na presença de ftatura de arcos
auxüar na conÍirmação diagnóstica. costais, provoca dor durante a mecânicaventilatória com
consequente ventilação rápida e supeúcial e hipoxemia.
SINAIS OUETIVOS DE OBSTRUCÃO DA VlA AÉREÂ Doentes idosos e com disfunçâo pulmonarpré-existentes
apresentam risco signiÍicativo de falha na ventilação
Doentes com sinais objetivos de via aérea difícil ou nessas condições. Doentes pediátricos podem sofrer
reserva Íisiológicâ limitada devem ser tratâdos com trauma torácico significativo sem ftaturâ de arcoscostais.
extremo cuidado.lsso se aplica, entre outros, a doentes A lesào cerebral traumática pode causar padrões
obesos, pediátricos, idosos e aqueles que sofreram respiratórios anormais e comprometer a vêntilação
traumatismos faciais. adequada. Lesão medular cervical pode resultar em
Os seguintes passos podem aiudar os médicos a paresia ouparalisiados músculos da respiração. Quanto
identiÍicar sinais objetivos de obstrução da via aérea: mais proximal a lesão, mais provável a ocorrência de
comprometimento respiratório. Lesôes abaixo do nível
1. Obsewe o doente para determinar se ele está C3 resultam na manutenção da função diafragmática,
agitado (sugerindo hipóxia) ou obnubilado mas naperda da contribuição dos músculos intercostais
(sugerindo hipercarbia). A cianose indica e abdominais para a respiração. Normalmente, esses
hipoxemia por oxigenação muito inadequada e doentes exibem um padráo de respiração no qual o
é identificada pela inspeção dos Ieitos ungueais abdome é empurrado com inspiraçáo, enquanto a
e pele arroxeada. No entanto, a cianose é um caüa torácica inferior é puxada. Essa apresentação é
sintomatardio de hipóxia, e pode ser difícil chamâda de "respiração abdominal" ou "respiração
detectar na pele pigmentada. Procure por retraçôes diafÍagmática". Esse padrão de respiração é ineÍiciente
e uso dos músculos acessórios da ventilação que, e resultaem respirações rápidas e superficiais que podem
quando presentes, fornecem eüdências adicionais levar a atelectasia, ventilaçáo inadequada e, Íinalmente,
de comprometimento da via aérea. A oximetria de insufi ciência respüatóriâ.
pulso usada no início da avaliação primária pode
detectar uma oxigenação inadequada antes do SINAIS OBJETIVOS DE VENTIUCÃO INADEOUADA
desenvolvimento da cianose.
2. Ouça a via aérea atentamente procura de
à As êtapas a seguirpodem ajudar os médicos a identificar
ruídos anormais. Respiração ruidosa indica sinais ob;etivos de ventilação inadequada:
obstrução. Roncos, gorgolejos e estridores 1. Observe no tórax do doente se os movimentos
podem êstar associados a obstruçáo parcial respiratórios são simétricos e adequados. A
da faringe ou da laringe. Rouquidão (disfonia) âssimetria sugeÍe fiaturas de arcos costais,
implica em obstrução funcional da laringe. pneumotórax ou tórax instável (retalho costal
TRATAMENTO DA VIAAÉREA 27

móvel). Esforço respiratório indica uma ameaça também pode ser usada em doentes intubados
iminente à ventilação do doente. para confirmar o correto posicionamento do
2. Ausculte o tórax bilateralmente. Diminuição tubo na via aérea do doente.
ou ausência de murmúrio vesicular em um
ou em ambos os lados do tórax deve alertar o
médico quanto à presença de lesâo torácica.
TRATAMENTO DA VIA AEREA
{Yer Capítulo 4:Troumo Torácico). Atente
para o aumento da frequência respiratória do A avaliação da permeabilidade da via aérea e da
doente - a taquipneia pode indicar insuficiência qualidade da ventilação deve serfeita de forma rápida e
respiratória. precisa. A oximetria de pulso e a medida do COrexpirado
3. Use o oxímetro de pulso para medir a saturação são fundamentais. Se alguma alteraçâo for identiÍicada
de oxigênio no sangue e a perfusão periférica, ou se houver supeita de comprometimento da viâ
mas observe que este dispositivo não garante aérea, medidas devem ser tomadas imediatamente
que a ventilação esteia adequada. AIém disso, para melhorar a oxigenação e reduzir o risco de piora
uma saturação baixa de oxigênio pode ser
do comprometimento ventilatório. Essas medidas
indicação de hipoperfusão ou choque.
incluem técnicas básicas para a manutenção da via
4. Use capnograÍia em doentes respirando áerea, medidas para instalação de via aérea definitiva
espontaneamente e intubados para avaliar (inclusive a via aérea ciúrgica) e métodos para fornecer
se a ventilãção está adequada. A capnografia
suporte ventilatório. Como todas essas medidas podem
ocasionar alguma movimentação no p€scoço do doente,
ARMADILHA PREVENCAO é importante a restrição do movimento da coluna em
todos os doentes traumatizados com risco de lesão
Fâ[hâ em Monitore a frequêncià respiratória
medular até que lesão vertebromedular tenha sido
reconhecer do doente e o esÍorco respiaatório excluída por medidas auxiliares radiológicas e avaliaçáo
Obtenhê gasometría arteriaL ou clínica.
ventitâçào
venosa A ofertâ de alto fluxo de oxigênio deve ser realizada
inadeqLrêda
. Obtenha capnografia contínuâ tanto antes como após a instituiçáo de medidas para o
controle daviaaérea. A sondade aspiração componta

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FIGURA 2-3 Remoçáo do Càpa(ete. A remoção (orreta do (apacete deve seÍ rêêlizâda por duêr pessoa5. Enquênto uma pessoa íeâlizã o
alinhàmento manual da cabeça e do pescoço (Â), a outra pessoa "abíe" o (apã(ete lateralmente. Em seguida, d segunda pessoa rêmovê o
(apacete (B) com cuidado parô não ferir o naíi2 ê a regiào occipital. Uma vez removido o (apacete, à primeira pe5loa segura ê Gbeça do doente
(C), enquânto ê sêgunda pessoã reãliza ã restrição do movimento da (oluna (D).
28 CAPíTULO 2 r Tratamento da Via Aérea e da VentlLacào

rígida é fundamentale deve estar sempre disponível. . Trauma maxilofacial ou mandibular graves
Doentes com ftaturas faciais podem apresentàr fraturas . Abertura limitada da boca
da placa crivosa associadas e a introdução de sondas . Obesidade
através do nariz pode resultar na passagem da sonda
para o interior da caixa craniana.
. Vâriações anatômicas (p.ex.,micrognatismo,
prognatismo e pescoço curto)
Doentes usando capacete e que necessÍtem d€
abordagem da via aérea, precisam que sua cabeça e
. Doentes pediátricos
p€scoço sejam mantidos em posição neutÍa durante a Quando tais dificuldades são encontradas, médicos
remoção do capacete. (.
HGUnA 2-l;ver tambémvídeo de mais experientes devem auxiliar.
Renrada do Capacete no oplicativo MyATLS). Este é um O mnemônico LEMOM é uma ferramenta útil para
procedimento para duas pessoas: uma pessoa restringe avaliar o potencial de dificuldade da intubação. (r quagpg
o movimento da coluna cervical por baüo, enquanto 2{ ; vertambémAvoliaçôo LEMOMno oplicotivoMyATLS).
a segunda pessoa expande os lados do capacete e o LEMOM se mostrou útil na avaliação pré-anestésica e vários
remove porcima. Emseguida, os médicos restabelecema de seuscomponentes são particularmente relevantes no
restriçáo do movimento da coluna cervical e assegurama trauma (p. ex.,lesão da coluna cervical e abertura limitada
imobilizaçâo da cabeça e pescoço do doente comumcolaÍ da boca). Procure por eüdências de via aérea difícil (p.
cervical semirrígido, durante a abordagemdavia aérea. ex., boca ou mandíbula pequenas, micrognatismo,
Pode ser necessário usar um cortador de capacete parâ prognatismo ou trauma faciall. Qualquer obstruçáo
removê-lo enquanto se estabiliza a cabeça e o pescoço óbvia da üa aérea apresenta um desafio imediato e a
em doentes com lesão da coluna cervicâl diâgnosticada. restrição do movimento da coluna venebral cervica.l é
necessária na maioria dos doentes após úaumatismo
ANTECIPANDO A VIA AÉREA DIFíCIL contuso, aumentardo a dificuldade de se estabelecer uma
úa aérea. Confle no julgamento clínico e na experiência
Antes de tentar a intubação, deve-se avaliar a via aérea para determinaÍse a intubação assistida por drogas deve
do doente para prever a dificuldade do procedimento. ser utilüada imediaürmente.
Fatores que indicam possíveis dificuldades nas
manobras da úa aérea incluem: ESOUEMA DE DECISÃO DA VIA AÉREA

Lesão da coluna cervical r FIGURA 2-4 fornece um esquema para determinar


Artrite grave da coluna cervical o fluxo apropriado para o mane;o da via aérea. Este

ouaDRo 2-t AVALTAçÀO LEMON PARA TNTUBAçÀO DtFíCrL

L . (Lool E*..n.tly) Olha Ext m.m.nt : Procure por Em doentes em decúbito do6aL o médico pode estimar
caractêrísticas que sâo conhêcidas por causar intubâcão à pontuaçáo de Matlâmpati pedlndo eo doênte perâ abrir
ou ventiláção difíciL (p. ex., bocê ou mandÍbulá pequenas, a boca comptêtamente e sobressâlr a tÍngua; a ll,z da
pro8nâtismo ou trâuma faciâl). lâringoscopiâ é di.ecionada de cima parâ â hipofâringe para
avatiar a extensão visível
E . (Ev.l,u.t l Av.tl. . LlÍ. permitir o
Para
'.l.2:
atinhâmento dos eixos farínteo, lrríngeo ê orâL e, portânto. O . Ob.truÉol Ouâl4uer condiçáo que leve à obst uÉo da úa
uma fácil intubação, observe as seguintês relâçôês: aéreô tornôé a tâÍingoscopia e a \rendlâÉo difícêis.

A distâôciâ entre os dentes incisavos dêve ser de pelo N . (N.cfMoblt tyl lticuUdrdo CrrúcrL Este é um
menos 3 dedos. {3) requisito vitát parô a intubâção bem-sucedida- Em um
Adistánciâ entre o osso hioade e o mento devê ser de pelo doênte com Lesôes não tÍâumáticas, os médicos podem
menos 3 dêdos. (3) avaliâr faciLmêntê a mobiudade pedindo ao doente para
Adistâôcia êntre a pÍoeminência tireoidea e o assoaLho da colocar o mento no peito e estênder o pescoco olhândo
boca dêve ser de pêLo menos 2 dedos. (2) para o teto. Os doentes quê necessitam de restriÉo do
movimênto dâ cotuna ve.tebral cervicaL obvaamente não
lí . il.lLmp.d: Certifique-se de quê e hipoÉârin8e apíêsêntam movimento do pescoço e, portânto, são mâis
seia âdêquadâmênte visuaLizada. Esse processo é fêito difíceis de serem intubados.
trádicionaLmentê peb cLssificação de Mal.Lâmpati.

Continua
TRATAMENTO DA VIAAÉREA 29

oUADRO 2-r AVALTAçÃO LEMON PARA TNTUBAçÀO OtFíCtL (continuaçáo)

\ I \
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\
I
I
1
[,,r
t

CLessificâção de Matlâmpati. E5sâ cLâssificôção é usâdâ para visualizâção da hipofaringe. CLaise l: pâláto moLe, úvuLa, fauces e
piláres iÍrteiramente visíveis; CLasse ll: pâlàto moLe, úvulá e fauces parciaLmênte visÍveis; Ctâsse lll: pal"ato moLe e base da úyuta
vigiveis;Ct sse lV apenas paláto duro visível-

Ert F PrGF..do

ÂsÉEdd. O?, cârut s o.darlnSeâ6 (Guêd€oe msofâílaeis.


dispositivo boLâ+átvutâ-rnás.arâ. taíiÍrto.cqro, gub i.Érodltor
de lohSação (bot4iê), dsposidi,os .rü_dg!ót cos, tit pe
cÍicotnêoido§oÍüà po. punçãô ê dÍ -uÍ8ki. uóo5 êndoEaSEÉ
(vári6 tâmànlE). oúneEo d€ DUGo, detector dê COz e tnêdt anento!,

t ár*.ntaffid.É.üDqí..1!

Pra.ori!.r.
02 ,- d'spos.úvo botsã-vátvuLà-máscàrà +/-
. fIGURA 2-4 Esquema de De(irâo
ceo!la o.ofariô8ea./-cãnuLa nasofâringeà dê Via Aéreã. Ot médi(os usâm
esse algoritmo para determinar o

Consegue oxiSenâr? NÀo- VÉ Áérêa Dêínibvà/Crrúrgic. fluxo apropriado para o mane]o dâ


via aérea do doente traumôtizado.
M u itos centrot dese nvolverà h outros

t
5tH
algoritmos detalhados. CettiÍique-se
de íevitar e aprcnder o padtão usado
Avàü€ àànàtom,a da via àérea
otFtctL pelas equipes em seu sistema de
Antecrpe â dÍrcuidâde da rôtubasão

FÁCIL

t
lntubacão àsrstdã poí d.ogas
Pe ..à àiudà. se poisivel

t
tNsucEsso

Consid€fê ouEas tnêdidE


(p. êx., GEB. ML. Tr)

Vr. Aére! o€fin,tN./C rú.8rcâ


30 CAPÍTULO 2 r Trêtêmento da Va Aérea e da Ventilacào

algoritmo aplica-se apenas a doentes com insuficiência


respiratória aguda ou com apneia, necessitando de
uma via aérea imediata e com potencial para lesâo de
coluna cervical baseado no mecanismo de trauma ou
nos achados do exame físico. (Ver também Esquemo
de Decisã.o de Via Aérea no aplicatívo MyATLS.)
A primeira prioridade do manejo da via aérea é
garantir a oxigenação contÍnua, enquãnto restringe-se o
movimento dacoluna cervical. Os médicos realizam esta
tarefa inicialmente por posicionamento (isto é, manobra
de elevação do mento ou mandíbula) e por técnicâs "/
preliminares da via aérea {isto é, cânula naso ou oro
faríngea). Um membro da equipe, então, passa umtubo
endotraqueal, enquanto uma segunda pessoa restringe
manualmente ô movimento da coluna cervical. Se um
tubo endotraqueal não puder ser inserido e o estado r FIGURA 2-5 Mànôbrâ de Elevà(áo do Mento para Estabele(er umã

respiratório do doente estiver em risco, os médicos Viâ Aéreà. Os profls5ionais devem evitar hipêrextender o pee(oço ao

podem tentâr a ventilação via bolsa-válvula-máscara ou usar etla mônobra,


outro dispositivo extraglótico como uma ponte para avia
aérea deÍinitiva. Se esta medidâ falhar, deve-se realizar dispositivo bolsa-vávula-máscara, essa manobra pode
a cricotiÍeoideostomia. Esses métodos são descritos em resultar em uma boa vedação e ventilação adequada.
detalhes nas seçôes a seguir. (Ver também Esquema de Como na manobra de elevaçáo do mento, tenha cuídado
Decisão de Vía Aérea no aplicativo MyATLS.) para não estender o pescoço do doente.

TÉcNrcAs DE MANUTENçÃo oa vta lÉnel Cânuta Nasofaríngea

Em doentes com rebaixamento do nível de consciência, A cânula nasofarÍngea é inserida em uma narlna e
a base da Iíngua pode cair e obstruir a hipofaringe. Essa passada suavemente para a orofaringe posterior. Deve
forma de obstrução pode serprontamente cordgida pelas estar bem Iubrificada e ser inserida na narina que parece
manobras de elevação do mento etração da mandíbula. estar desobstruida. Se houver resistência durante a
A manutençâo da permeabilidade da via aérea pode inserção da cânula por possível obstrução, pare e
ser alcançada com uma cânula oro ou nasofaríngea. tente na outra narina. Este procedimento náo deve
Manobras empregadas para permeabilizar a via aérea ser realizado €m doentes com suspeita ou potencial
podem causar ou agravar lesões cervicais, portanto, fratura da placa cribiforme. {Ver Apêndice G: Estoçôo
a imobilização da coluna é fundamental durante a Prático A: Vía Aéreo e vídeo de Inserção de Via Aérea
execuçáo desses procedimentos. Nasoforíngea no aplicativo My ATLS.)

Etevação do Mento

Na manobra de elevação do mento (chin-lift), os dedos de


uma mão são colocados sob a mandíbula, que é elevada
cuidadosamente para deslocar o mento em direçâo
anterior. O polegar da mesma mào afasta ievemente
o lábio inferior, para abrir a boca. (r rteuu z-s). O
polegar pode também ser colocado posteriormente
aos incisivos inferiores e, simultaneamente, o mento
é delicadamente elevado. Essa manobra náo deve
provocar a hiperextensáo do pescoço.

Tração da MandíbuLa xi
Para realizar a manobra de tração da mandíbula (jaw
thÍust), segure os ângulos das mandÍbulas com uma
das mãos em cada lado e desloque-a para frente (r . FIGURA 2-6 lvlanobra de Tração da Mandíbula para Estabele<er
ttcuRA 2-6). Quando usada com a máscara facial de um uma Via Aérea. E! 1e estender o pesaoço do doenie
TRATAI.4ENTO DA VIAAÉREA 3I

Cânuta Orofaríngea intubação. {Ver Apândice G: Estação Prática A: Yía


Aérea.l
A cânula orofaríngea é inserida na boca, por trás da
língua. A técnica preferidaé inserir a cânula orofaríngea Dispositivo Extraglóticos e Suprag[óticos
com parte curva voltada pâra cima até tocar o palato
a
mole. Nesse ponto, deve-se girar o dispositivo 180 graus Os seguintes dispositivos extraglóticos, ou supraglóticos,
para que a curvâtura fique voltada para baixo e deslizá- sáo úteis no manejo de doentes que requêrem uma
Ia até que se encaixe sobre a lÍngua. (r p16gg4 2-7 u". via aérea avançada, mas a tentativa de intubação foi
também vídeo de Inserção da Cônulo Orofaríngea no malsucedida ou naqueles emque se sabe que dificilmente
aplicotivo MyATÍ-S). a intubação será bem-sucedida. Esses dispositivos
Não use este método em crianças porquê a rotaÇão da incluem a máscara laríngea (ML), a máscara laríngea para
cânulapode provocarlesâo nabocae nafaringe. Ao invés intubação (MLI), o tubo laríngeo (TL), o tubo larÍngeo
disso, use um abaixador de lÍnguaparapressionara língua para intubação {TLI), e o tubo esofágico multilúmen.
e, em seguida, inserir a cânula com a concaüdade para
baixo, tomando-se o cuidado para não empurrar a língua Máscara Laríngea ê ML parâ lntubâ€ão
para trás e causar a obstrução da via aérea.
Ambas as técnicas podem induzir engasgos, vômitos A máscara larÍngea ea máscara larÍngêa para intubação
e aspirações; pôrtanto, use-os com cuidado em têm se mostrado eficazes no tratamento de doentes
doentes cônscientes. Doentes que toleram uma cânula com via aérea difÍcil, particularmente se as tentativas
I
orofaríngea são altamente propensos a necessitar de de intubação endotraqueal ou ventilação com bolsa-
I vál,,ula-máscara falharem. Um exemplo de ML aparece
em ir FIGURA 2,s). Observe que a ML não fornece uma via
aérea deÍinitiva e a colocação correta deste dispositivo
\t !t é difícil sem treinamento apropriado.
A IML é um aprimoramento do disposit ivo que permite
aintubação através da ML (ver rrídeo do Máscara Laringea
no Aplicativo MyATLS). Quando um doente chega no
Departamento de Emergência com ML ou IML, os
médicos devem planejar uma via aérea deÍinítiva.
Outros dispositivos que não necessitam insuflação do
balonete, como o dispositivo de via aérea supraglótica
i-gel@, podem ser usados no lugar de uma ML, se
disponível (r FrcuRA 2-9).

Tubo Laríngco ê TL pârâ lntubação


A
O tubo IarÍngeo é um dispositivo de via aérea
extraglótico com capacidade similar à máscara Iaríngea

I
,a
,

B
.ry'
. FIGURA 2-7 Té(nica Alternativa paÍa lnser(ão da Cânula
Orofaríngeâ. A. Nêsta té(.Ticã, â (ánulâ orofaringea é rnseridâ com
a curvatura voltada para (ima até quê se atinja o pa àto mole. B. O
dispositivo é êntão girado 180 graus, deslizândo'o sobre à lingua
Não use esta té(n ica e m (rian?s. Nata O navinenta da caluna cervcal
deve ser restnlo. na enlanlo a procedimenlo de reslriÇão da movjmento
da coluna náo está sendo demonslêdo na frgura para enfatpar a técnica
de inserçào da cânula orafaringeâ r rIGURA 2.8 Ex€mplo dê uma máscâra laringêa.
a) CAPíTULO 2 r Tratâmento da Via Aéreâ e da Ventilâcão

- ---7F l'
7

I FIGURA 2-9 Dispo5itivo 5upraglóti.o i-gel@. A ponta do . FIGURA 2-11 Exemplo de um tubo esoÍágico multilúmen
dispositivo deve estar lo<alizada na abertura supêrior do e5ôÍago. o
manguito deve estar localizado na "armaçào" laringea e 05 n(isivot com um balão e a outra via é usada para ventilar. Um
devem estar apoiados inteqralmente no bloco de mordida.
detector de CO, fornecerá evidências de ventilâção
da via aérea. O tubo esofágico multilúmen deve ser
removido e/ou uma via aérea definitiva providenciada
após avaliação apropriada. O CO, ao Íinal dâ expiração
deve ser monitorado pois fornece dados úteis sobre
ventilaçàoe perfusão.

VIA AÉREA DEFINITIVA

Lembre-se que umavia aérea definitiva requer um tubo


colocado natraqueiacomobaloneteposicionadoabaixo
das cordas vocais, e conectado a um dispositivo de
ventilaçáo assistida enriquecido com oxigênio. Existem
três tipos de via aérea definitiva: tubo orotraqueal, tubo
nasotraqueal e via aérea ciúrgica (cricotireoidostomia
e traqueostomia). Os critérios para o estabelecimento
FTGURA 2í0 Exemplo de um tubo lànngeo. de uma via aérea deÍinitiva são baseados em achados
clinicos e incluem:
no quetange àventilação do doente (r FTGURA 2-10). O ru
é uma evoluçáo do TL que permite a intubação através A Impossibüdadê de manter ã rria
do dispositivo. O TL não é uma via aérea definitiva e, âérea permeável d€ outÍa forma. com
portanto, é necessário planejar sua substituiçáo por uma comprometimento iminente ou potenciâI da
via aérea definitiva. Assim como a máscara laríngea, mesma (p. ex.,lesões por inalação, fraturas faciais
o tubo laríngeo é colocado sem visualizaçáo direta da ou hematomas retrofaríngeos )
glote e não demanda manipulação significativa da B de manter a oxigenação
cabeça e do pescoço do doente para sua inserçào. -Incapacidade
adequada pela suplementâção de oxigênio por
máscara facial ou presença de apneia
Tubo Esofágico Muttitúmen
C ou combatividade resultãntes
-Obnubilação
Alguns profissionais do pré-hospitalar usam o tubo de hipoperfusão cerebral
esofágico multillumen para fornecer oxigenaçáo e D indicando a presença de
-Obnubilação
ventilaçáo quando uma via aérea de6nitiva não é trauma craniencefálico com necessidade
possível (r rtcum 2-t t ). Um dos lumens se comunica de ventilaçáo assistida (Escala de Coma de
com o esôfago e o outro, com a via aérea. Profissionais Glasgow IGCS] de 8 ou menos], atividade
que usam este dispositivo sào treinados para observar convulsiva sustentada e a necessidade de
qual lúmen está posicionado no esôfago e qual fornece protegerâ via aérea inferior de aspiração de
ar para a traqueia. A via esofágica é, então, ocluída sangue ou vômito-
TRATAMENTO DA VIA AÉREA 33

r TABELA 2-1 descreve as indicaçóes para uma via aérea pode ser obtida. Entretanto, uma radiografia de perfil
definitiva. de coluna cervical normâl não exclui apossibilidade de
A urgência da condição do doente e as indicações para Iesáo da coluna cervical.
intervenção na via aérea determinam o caminho e o A intubação orotraqueal é a via preferida para
método apropriados a serem utilizados- A ventilação proteger avia aérea. Em algumas situações especíÍicas
assistida contínua é facilitada pelo uso de sedaçâo e dependendo da experiência do médico, a intubaçáo
suplementar, analgésicos ou relaxantes musculares, nasotraqueal pode seruma alternativa para doentes com
conforme indicação. A avaliação do quadro clínico respiração espontânea. Ambas as técnicas são seguras e
do doente e o uso do oxímetro de pulso podem ser eÍicazes quando realizadas adequadamente, embora a
úteis para determinar a necessidade de uma via aérea üaorotraqueal seiâ mais comumente utilizadae resulte
definitiva, a urgência desse procedimento e inferir em menos complicações naunidade de terapia intensiva
a eÍicácia da via aérea instâlada. A possibilidade de (UTI) (p. ex., sinusite e necrose por pressáo). Seodoente
haver lesão concomitante da coluna cervical é uma apresenta apneia, está indicadaa intubação orotraqueal.
das grandes preocupaçôes na avaliaçeo do doente que Fraturas de face, seio frontal, base de crânio e placa
necessitâ de intervenção sobre a via aérea. cribiforme são contraindicações relativas à intubaçáo
nasotraqueal. Evidência de fratura nasal, olhos de
lntubação EndotrâqueaI guaxinim (equimose periorbitária bilateral), sinal de
Battle (equimose retroauricular) e possíveis fístulas
Embora seja Ímportante estabelecer a presença ou Iiquóricas (rinorreia ou otorreia) são sinais dessas Iesões.
ausênciade uma fratura da colunavertebral, não obtenha Assim como naintubação orotraqueal, tome precauções
estudos radiológicos, como tomograÍia computadorizada para restringir o movimento da coluna cervical.
ou radiografias da coluna vertebral, até estabeleceruma Se os médicos decidirem realizar a intubação
via aérea defilitiva quando necessário. Doentes com orotraqueal, recomenda-se a técnica de três pessoas
escore na GCS de 8 ou menos, requerem intubação com restrição do movimento da coluna cervical (ver
imediata. Se não houver necessidade imediata de vídeo deYía Aéreo Avançodo no aplicativo MyATLS).
intubação, a avaliação radiológica da coluna cervical A pressão nacricoide durante a intubaçào endotÍaquêãl
pode reduziro risco deaspiração, emboratambém possa
TABELA 2-I INDICACÔES PARA reduzir aüsão dalaringe. A manipulação laríngeapela
VIA AÉ REA D E FIN ITIVA pressâo para trás, para cima e para a direita {BURP) na
cartilagem tireoide pode ajudar a üsualizar as cordas
]€CEs§IDADE DE NECESSIDADE DE VENNLA. vocais. Quando a adição de pressão cricoide comprometer
Piqr4Ão DAVTAAEREA çÃoouoxro.rlçÀo aüsão da laringe, essa manobra deve ser descontinuada
ou reajustada. Mãos adicionais são necessárias para
Fraturas mâxitof aciais Esfoço respiratório administrar drogas e realizar a malobra de BURP.
8ràves inedequado Ao longo dos anos, dispositivos alternativos de
. Risco de aspiração de . Taquipneià
sanSue e/ou vômitos . Hipóxra
intubação foram desenvolvidos para integrar técnicas
. Hipêrcarbia de vídeo e imagem óptica. Doentes traumatizados
. Caanose podem se beneficiar de seu uso por profissionais
. Combatividâde experientes €m circunstâncias específicas. É obrigatória
a avaliação cuidadosa da situação, a disponibüdade de
Trâume ceíYicâl eqúpamento e pessoa], e a existência de planos de resgàtê.
. Hematoma cervical Mudança prog.essiva . FIGURA 2-12 ilustra a intubaçáo através da máscara
. Lesôes de taringe ou Uso dâ muscuLaturâ
trâqueia àcessóriâ
laríngea de intubação. Uma vez que a máscara é
. Lesão por inâl-âção e Parâlisiâ dos múscuLos da introduzida, um tubo endotraqueal é inserido,
queimaduras de Êôcê respir-àçâo permitindo uma técnica de intubação às cegas.
. Estridor Respiração àbdominaL O introdutor de tubo traqueal Eschmann (ITTE),
. Alteràção dô voz também conhecido como bougie elástico {GEB), pode
ser usado quando a pessoa encontra uma via aérea
problemática (r rtcuRA 2-13). Os médicos usam o GEB
Trauma craniêncefáUco . Detel.ioràçào neuroLógicâ quando as cordas vocais de um doente nâo podem ser
.lnconciência ou herniãção visualizadas por laringoscopia direta. De fato, o uso
. Combâtividâde . Apnêia por perda de
do GEB permitiu a intubação rápida de quase 80oá dos
consciência ou paratisia
neuromuscu[ar doentes pré hospitalares nos quais a laringoscopia
direta era difícil.
34 CAPÍTULO 2 t Tratamento da V a Aérea e da Ventilacáo

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. FIGURA 2-.|2 lntubação através de umâ más(ara laríngea para
intubàção. A. Urna vez que a Ínáscarê laringeê é introduzidâ, B. um
tubo endotràqueal é insêíido, permitindo arsim uma técniaâ de
intubâção à5 "cegà5".
c
. tlGURA2J4 lnrerçáode um GEB para âjudãrem intubâções.A. O
GEB é lubrificado colo(ado na pârte de trás da epiglote com à ponta
e
in(Linada em dlreção à fÍente do pescoço. B- Deslize-o 5ob a epiglote
e mânobíe'o às cegâs pàra dentro da traqueia. C. A (olo<ação do GEB
na traqueiê pode 5êr detectâda pelos "(liques" à Ínedida que â sua
po,]ta pãrtã per05 daei! càrtilagrnosos dà t.aouêiê.

cordas vocais. Se o tubo endotraqueal ficar retido nas


aritenoides ou nas pregas epiglóticas, retraia o tubo
ligeiramente e gire-o 90 graus no sentido anti-horário
para facilitar o avanço além da obstrução. Em seguida,
retire o GEB e confirme a posiçáo do tubo auscultando
o murmúrio vesicular e a capnografia.
I FIGURÂ 2-13 lntÍodutor de Tubo Traquêãl Es(hmãnn (ITTE). Este
Após a laringoscopia dlreta e inserção de um tubo
dirpositivo também é conhecido como bougiê elártico (GÉB) orotraqueal, insufle o balonete e institua a ventilaçáo
assistida. A colocação correta do tubo é sugerida,
Com o laringoscópio posicionado, passe o GEB às cegas mas não confirmada auscultando-se os murmúrios
para além da epiglote, comaponta inclinada posicionada vesiculares bilateralmente simétricos e sem detectar
anteriormente (vervídeo do Boryie Elástico no aplicotivo qualquer borborígmo (ou seja, ruÍdos surdos ou
MyATLS.)ConÍirme aposiçáo traqueal ao sentir cliques gorgolejantes) no epigástrio. A presença de borborigmo
quando aponta distaldeslizaao longo dos anéis traqueais no€pigástrio com inspiração sugere intubação esofágica
cartilaginosos (presente em 65% a 90% das utilizações e indica a remoção do tubo.
de GEB); um GEB inserido no esôfago passará por todo Um detector de dióxido de carbono (idealmente
o seu comprimento sem resistência (r FTGURA 2-r4). um capnógrafo ou um dispositivo colorimétrico
Depois de confirmar a posição do GEB, passe um de monitoramento de COr) é indicado para ajudar
tubo endotraqueal lubrificado sobre o bougie, além das a confirmar a adequada intubação da via aérea. A
TRATAMENTODAVIAAÉREA 55

pres€nça de CO, no ar exalado indica que a via aérea 1. Tenha um plano que inclua a possibilidade de
foi obtida com sucesso, mas não garante a posiçáo realizar uma via aérea cirúrgica em caso de falha
correta do tubo endotraqueal dentro da traqueia (p. ex., do procedimento. Saiba onde seu equipamento
de via aérea de resgate está Iocalizado.
a intubação do tronco principal ainda é possível). Se
o CO, não for detectado, ocorreu intubação esofágica. 2. Certifique-se de que o aspirador e a pressão
O correto posicionamento do tubo dentro da traqueia positiva sejam funcionantes.
é melhor confirmado pela radiografia de tórax, uma 3. Preoxigene o doente com oxigênio a 100%.
vez excluída a possibilidade de intubaçâo esofágica. Os
4. Aplique pressão sobre a cartilagem cricoide.
indicadores colorimétricos de CO, náo são úteis para
monitoramento Íisiológico ou avaliação da adequação 5. Administre uma droga indutora (p. ex.,
etomidato, 0,3 mgÂg) ou sedativo, de acordo com
daventilação, o que requeranálise de gasometria arterial
o protocolo local.
ou analise contínua de dióxido de carbono expirado.
Depois de determinar a posição correta do tubo, 6. Administre 1a 2 mg/kg de succinilcolina
Íixe-o. Se o doente for movimentado, reavalie o intravenosa (a dose habituâl é de 100 mg).
posicionamento do tubo por meio de ausculta pulmonar Depois que o doente relaxar:
bilateral para a presença de murmúrios vesiculares
simétricos e reavalie o CO, exalado. 7. Intube o doente por via orotraqueal.
Se a intubaçáo orotraquealnão forbem-sucedida na 8. Insufle o balonete e conÍirme o correto
primeira tentativa, ou se a fenda glótica for difícil de posicionamento do tubo auscultando o tórax do
ser visualizada, use um GEB e inicie os preparativos doente e determinando a presença de CO, no ar
para a abordagem da via aérea difícil. exalado.
9. Libere a pressâo cricoide.
ARMADILHA PREVENCÃO 10. Ventile o doente

lnêb I dade
O etomidato nâo afeta negativamente a pressão
pa ra Utili2e drsposrtivos de resgate
intubâ. para aéíea
a via sanguÍnea ou a pressão intracraniana, mas pode
ReaLi?e umê cricotrreoideostomia diminuir a função adrenal e não está universalmente
por punção seBUida de via aérea disponível- Esta droga fornece sedação adequada, o
cirúrgicà que é vantajoso para esses doentes. Use etomidato e
Estabe[eça uma vrà àérea cirúlgicà
outros sedativos com bastante cuidado para evitar a
perda da via aérea à medida que o doente for sedado.
Fatha no Cheque frequentemente o
Em seguida, administre succinilcolina, que é uma droga
êqurpamento equipamento.
AsseSure-sê de que o de curta duração. Tem um início rápido (< 1 minuto) e
equipame.to esteja disponíveI duração de 5 minutos ou menos.
A complicação mais perigosa do uso de sedativos
e agentes bloqueadores neuromusculares é a
lntubação Assistidâ por Drotas (lAD) incapacidade de estabelecer uma via aérea. Se a
intubação endotraqueal não for bem-sucedida, o
Em alguns casos, a intubação é possÍvel e é segura sem doent€ deve ser ventilado com um dispositivo de
o uso de drogas. O uso de medicamentos anestésicos, bolsa-válvula-máscara até que a paralisia se resolva;
sedativos e bloqueadores neuromusculares para intubaçâo por esse motivo, drogas de açâo prolongada nâo são
endotraqueal em doentes traumatizados é potencialmente rotineiramente usadas na IAD- Devido ao potencial
perigoso- Todavia, ocasionalmente, a necessidade de de hÍpercalemia grave, a succinilcolina deve ser usada
uma via aérea justiÍica o risco de se administrar esses com cautela em doentes com lesóes poÍ esmagamento
medicamentos; por isso, é imponante conhecer sua graves, grandes queimaduras e lesões elétdcas. Extrema
farmacologia, ter habilidade nas técnicas de intubaçâo cautela é iustificada em doentes com insuÍiciência
endotraqu€al e ser capaz de garantir uma via aérea renal crônica preexistente, paralisia crônica e doença
cirúrgica, se necessário. A intubaçáo assistida por drogas neuromuscular crônica.
é indicada em doentes que precisam de controle da via Agentes indutores, como tiopental e sedativos, são
aérea, mas têmreflexo dovômito intacto, especialmente potencialmente perigosos em doentes traumatizados
aqueles que sofreram trauma craniencefálico. com hipovolemia. Padrôes de prática, preferências
por determinados medicamentos e procedimentos
Atécnicapara intubação assistidâpor drogas é a seguinte: específicos para o manejo da via aérea variam entre as
instituiçÕes. O princípio crítico é que o indivíduo que
usa essas técnicas deve conhecer os protocolos usados
56 CAPíTULO 2 t Tratamento da V a Aérea e da Vent Lacào

em sua instituição, precisa seÍ criterioso e habilidoso e a 15 L/min (40 a 50 psi) por meio de uma conexáo em
ser capaz de detectar e tratar as possíveis complicações. Y ou por meio de um tubo que apresente um orificio
cortado na lateral. A insuflação intermitente, um
Via Aérea Cirúrgica segundo sim e quatro segundos não, é realizada com o
posicionamento do polegar sobre a extremidade aberta
A impossibilidade de intubação da traqueia é uma do conectôr em Y ou sobre o orifício Iateral. (Ver víd€o
indicação clara para o uso do plano alternativo de da C'icoüreoid,ostomia no aplicatfuo MyATLS.)
abordagem davia aéreaque inclui a máscara Iaríngea, o O doente traumatizado pode ser oxigenado
tubo laríngeo e aüa aérea ciúrgica. Avia aéreacirúrgica adequadamente por 30 a 45 minutos usando-se essa
(p. ex., cricotireoidostomia ou traqueostomia) está técnica. Durante os quatro segundos em que o oxigênio
indicada qualdo hápresençade edema de glote, fratura náo é ofertado sob pressão, ocorre alguma expiração.
de laringe, hemorragia orofaríngea grave que obstrua a Como essa expiração nào é adequada, existe um
via aérea, ou quando o tubo endotraqueal não puderser acúmulo lento e gradativo de dióxido de carbono, o que
posicionado entre as cordas vocais. A cricôtüeoidostomia Iimita o uso desta técnica, especialmente em doentes
ciúrgica é preferível à traqueostomia para a maioriados com traumatismo craniencefálico.
doentes que necessitam de uma üa aérea cirúrgica, Use a oxigenação percutâneâ transtraquea.l com cautela
porque ela mais fácil de serrealizada, apresenta menor
é quando há suspeita de obstmção completa daárea da glote
sangramento associado e requer um tempo menor para por corpo estranho. A insuflaçáo a jato pode prôvocar
sua execuçáo do que uma trãqueostômia de emergência. barotrauma importante, incluindo ruptura pulmonar
com pneumotórax hipertensivo. Portanto, deve-se prestar
Cricotireoidostomia por Punção muita atençáo ao fluxo de entrada e saída de ar.

Cricotireoidostomia por punçáo envolve a inserção de Crlcotirêoidostomia Cirúrgica


um cateter sobre agulha pela membrana cricotireoidea
em situaçóes emergenciais para fornecer oxigênio ao A cricoüeoidostomia ciúrgica é realizaà por meio de uma
doente em um curto espaço de tempo, até que avia aérea incisão na pele que se estendepela membrana cricotireoidea
definitiva possa ser realizada. Com a cricotireoidostomia (r flGURA 2-i6). Uma pinça hemostática curva pode ser
por punção oferta-se oxigênio suplementar de forma utüzâda para dilatar a abertura, e um tubo endotraqueal
temporária e a intubação endotraqueal passa a ser ou um tubo de traqueostomÍa de pequeno calibre (de
necessária de forma urgente e não mais emergente. preferência de 5 a 7 mm de diâmetro)pode serinserido.
A técnica de oxigenaçáo percutânea transtraqueal é Deve-se tomar cuidado, especialmente em crianças, para
realizada por meio da inserção de um cateter plásüco de evitaralesáo da carLilagem cricoide, que é o único suporte
grosso calibre - U a 14 gauge para adultos, e 16 a 18 gauge para circunferencial para a parte superior da traqueia. Portanto,
crianças - âüavés da membrana cricotireoidea e em düeção a cricotireoidostomia ciúrgica não é recomendada para
à traqueia, abaüo do nível da obstrução (. FTGURA 2-1s). crianças com idade inferior a 12 anos. (Ver Copítulo to;
O cateter é, então, conectado a uma fonte de oigênio Trouma Pedió.trico.) Quando um tubo endotraqueal é
usado, ele deve ser Íixado adequadamente para evitar
o mau posicionamento, como o deslizamento para os
brônquios ou o completo deslocamento do tubo.
Nos r.r]timos anos, a üaqueostomia percutânea tem sido

I proposta como uma altemativa à traqueostomia aberta. Esse


procedimento não é recomendado durante o atendimento
inicial do traumatizado pois o pescoço do doente deve ser
hiperextendido para o adequado posicionamento da cabeça
durante a execução desse procedimento com segurança.

CONTROLE DE OXIGENACÃO

A melhor maneira de se ofertar ar oxigenado é através de


. flGtlRA 2-15 Cri@úreoido5tomia poí Punção. Ertê procedimento é
uma máscara facial com reservatório de oxigênio bem
realizêdo colo(âôdo{e um catetêrsobre umâ âgulha ou sobre um fio aiustada, com uma taxa de fluxo de pelo menos 10 L/min.
u'a ndo a téoi(â de 5eld tnget. Nata' O mavtnenla da caluna eNÊal deve set Outros métodos (p. ex., cateter nâsal, cânu.la nasal, e mascara
reslÍfta. rD entanlo. o ptaNudinento de reslri;ao do ÍttlJvtmenlo dê &luna nâo esté nào reinalante) podem melhoral a concentração de oxigênio
senda demonstrada na figurà para eníalizat a lecnica de inseÍ@a da via eéea. inspirado-
CONTROLE DE OXIGENACÃO 17

Ç.1

Proeminência da /
{r cartilagem tireor'de
Cartitagem tireoide
Entathe Membrana cricotireoidea

Cartjtagem cricoide
.---: Traqueia

F Fs'

áNr'

B c D
t FIGURA 2'16 Cricotireoidostomia CirúrgiG. A. Palpe a pÍoeminência da cartilagem lireoidea, o e5paço êntre a cartilagem tireoide e â
cri(oidê e a Íúrcula esternal para orientação. B. Façô uma incisão na pele tobre a membrànã (ricotireoidea e (uidadosamente inaise a membíana
transversalmente. C. lnsira umâ pinça hemostáticâ ou de bisturi na inai5ào e girê-a 90 grâu5 parâ âbrir a viâ âêreô. D. lnsira um tubo endotíaqueal
ou um tubo de traqueostomia de tamanho adequado nâ inci5áo dâ membrânâ (ricotirêoidea, dirê(ionando o tubo distalmênte para dêntro dâ
traqueiâ.
58 CAPíTULO 2 r Trôtâmento da Vta Aérea e da Vent Lacão

Como as alteraçóes da oxigenação ocorrem pessoâs, sempÍe que possível. {Vervídeo de Ventiloçõo
rapidamente e náo podem ser detectadas clinicamente, Bolsa-Válvula-Máscoro no aplicotivo MyATLS. )
deve-se utilizar sempre a oximetria de pulso. É A intubação do doente com hipoventilaçâo e/ou
inestimável quando são previstas diÍjculdades na em apneia pode não ser bem-sucedida inicialmente,
intubaçáo ou na ventilação, inclusive durante o e demandar múltiplas tentativas. O doente deve
transporte de doentes gravemente traumatizados. ser ventilado periodicãmente durante tentativas
A oximetria de pulso é um método não invasivo de prolongadas de intubação. Todos os esforços devem ser
medida contínua da saturaçáo de oxÍgênio do sangue feitos paraotimiz as condiçóes de intubação e assegurar
arterial. Não se trata de medida da pressào parcial de o sucesso do procedimento na primeira tentativa.
oxigênio (PaOr) e, dependendo da posiçâo da curva de Realizada a intubação traqueal, inicia-se ventilação
dissociação da oxihemoglobina, a PaO. pode variar assistida com pressão positiva. Dependendo da
amplamente (. TABELA 2-2). Entretanto, uma saturaçào disponibilidade de equipamento, pode ser empregado
maior ou igual a 95%, medida pela oxirnetria de pulso, um respirador a volume ou a pressão. O médico
é forte evidência que corrobora para uma oxigenaçào deve permanecer alerta para possíveis complicaçôes
arterial periférica adequada (PaO. > 70 mm Hg ou 9,3 KPa). secundánas a alteraçóes da pressão intratorácica, que
Aoximetriadepulsorequerperfusáoperifédcaintacta podem transformar um pneumotórax simples em
e não permite fazer a distinção entre oxihemoglobÍna, um pneumotórax hipertensivo ou, ainda, causar um
carboxihemoglobina ou metahemoglobina, o que limita pneumotórax secundário ao barotrauma.
sua aplicabi.lidade no doente com vasoconstrição intênsa Mantenhaa oxigenaçâo e a ventilaçâo antes, durante e
e no doente com intodcação por monóxido de carbono. A imediatamente após a obtenção da via aérea definitiva,
anemiaprofunda (hemoglobina< 5 g/dL),e ahipotermia Evite perÍodos prolongados ou ausentes de oxigenação
(< 30'C ou 86 "F) reduzem a confiabilidade do método. e ventilação.
Entretanto, na maioria dos doentês traumatizados, a
oximetria de pulso é útilcomo umamonitoração contínua
da saturação de oxigênio e oferece umaavaliação imediata ARMADILHAS PREVENCAO
das intervenções terapêuticas.
l',1á vêdàção dà máscàrà Cubra o espaço êntre as
bochechas e a Sengiva
TABELA 2-2 PaOz APROXTMADA VERSUS NtVEtS desdentado com gaze para meLhorar o
DE SATURAçAO DA HEMOGLOBTNA PELO O) ajuste da máscarê

NÍvEIs DE SATURACÃo DA Pêrda da vra aérea em Consrdere à necess dãde


ívEts DÊ P^or HEMOGLOBINA PELO O. um centro dê menor de transfêrênc a
recurso (rura[) precocê de doentes que
necessrtêm de tíêtâmento
90 mm H8 00%
defiôitlvo da via àéreà.
ReàvaLie com frequênciã
60 mm Hg 90% doentes êm risco de
detenoràçào.
30 mm Hg 60%
Pêrda da via aérea . ReôvaLie com frequência â

27 mm He 50%
durante o transporte via aérea antês e durâôte a
taànsferência.
. Discuta â necessrdâde dê
controLe da via âéreâ com
o médico que irá receber o
TRATAIV ENTO DA VENTILACÀO
doente
. Considere a necessidade de
Assistência ventilatória pode ser necessária antes intubaçào precoce antes da
da intubação em doentes traumatizados. VentilaÇão transferência.

efetiva pode ser alcançada por meio da ventilaçáo


com dispositivo bolsa-váhula-máscara. Entretanto,
a ventilaçào executada por uma única pessoa com
esse dispositivo é menos eÍiciente do que técnicas de
o JT V TRABALHO EM EOUIPE
ventilação executadas por duas pessoas, quando as
duas mãos podem ser empregadas para assegurar bom
A maioria dos doentes traumatizados requerem
aiuste da máscara à face. Por isso, a ventilaçào com
bolsa-válvula-máscara deve ser executada por duas atenção individual no manejo da via aérea.
BIBLIOGRAFIA 39

Durante a instrução da equipe, antes da chegada 4. Astécnicasparaoestabelecimentoeamanutençâo


do doente, o líder da equipe deve estabelecer o de uma via aérea patente incluem as manobras de
grau de conhecimento prático do médico que elevação do mento e tração da mandíbula, uso de
irá assumir a via aérea no atendimento. Por cânulas oro ou nasofarÍngeas, dispositivos extra
exemplo, alguns médicos em treinamento, e supraglóticos e intubação endotraqueal. Uma
via aérea cirúrgica e indicada sempre que uma via
como residentes juniores, podem não se sentir
aérea é necessáriae a intubação é malsucedida.
confortáveis em manejar uma via aérea difícil,
como de um doente que sofreu queimaduras por 5. Em todas as manobras deviaaérea, amovimentação
inalação. O líder da equipe deve identiÍicar quem da coluna cervical deve ser restrita quando houver
pode ser necessário para ajudar a equipe e como lesão ou suspeitâ de Iesão.
eles podem ser rapidamente contactados.

Se a inlormaçào pré hospitalar sugerir que o


6. A avaliação da permeabilidade da via aérea e da
adequaçào da ventilação devem ser realizadas de
doente necessitará de uma via aérea definitiva,
forma rápida e precisa. A oximetria de pulso e a
pode ser aconselhável separar os medicamentos
medição de CO ao final da expiraçào são essenciais.
apropriados para sedação e intubaçáo assistida
por drogas antês da chegada do doente. O 7. Uma via aérea deÍinitiva requer um tubo colocado
equipamento pâra manejo da via aérea difícil na traqueia com o balonete insuflado abaixo
deve estar localizado com fácil acesso à sala de das cordas vocais, conectado a alguma forma de
reanimação, ventilação assistida enriquecida com oxigênio, e
fixado de maneira apropriada. Exemplos de via aérea
O momento para abordagem da via aérea
deÍinitivas incluem intubaçáo endotraqueal e via
deÍinitiva pode exigir discussão com
aérea cirúrgica (p. ex., cricotiroideostomia ciúrgica).
consultores da equipe de trauma. Por exemplo,
Uma via aérea deÍinitiva deve ser estâbelecida se
em doentes com trauma de crânio, que nào houver quaiquer dúvida sobre a integridade da via
estão em situação crítica, uma discussão entre o aérea do doente. Uma via aérea deÍinitiva deve ser
neurocirurgião e o lÍder da equipe pode ser útil. estabelecida precocemente após o doente ter sido
Os doentes podem necessitar de transferência para ventilado com ar enriquecido com oxÍgênio, para
atomografia computadorizada, sala de cirurgia evitar perÍodos prolongados de apneia.
ouUTI. Portanto, o líder da equipe deve esclarecer
8. A intubação assistida por drogas pode ser necessária
quem será responsável por controlar aüa aérea e a
em doentes com reflexo de vômito presente.
vent ação do doente após a inrubaçào.

9. Para manter a oxigenação do doente, a melhor


RESUMO DO CAPITULO maneira de se ofertar ar oxigenado é através de uma
máscara facial com reservatório de oxigênio bem
ajustada, com uma taxa de fluxo de pelo menos 10
Situações clínicas em que pode haver L/min. Outros métodos (p. ex., cateter nasal, cânula
comprometimento da via aérea incluem nasal, e máscara não reinalânte) podem melhorar
traumatismos c ran iencefál ico, maxilofacial, a concentração de oxigênio inspirado.
ceruical, laríngeo e obstrução davia aéreâ por outras
razÕes. BIBLIOGRAFIA
2. A obstrução real ou iminente da via aérea deve ser
suspeitada em todos os doentes traumatizados. Os 1. Alexander R, Hodgson P, Lomax D, et al. A
sinais objetivos da obstrução da via aérea incluem comparison of the laryngeal mask airway and
agitaçâo, cianose, sons respiratórios anormais, voz Guedel airway, bag and facemask for manual
rouca, estridor, deslocamento traqueal e redução ventilation following formal training. Anaesthesio
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do comprometimento ventilatório e a garantiâ de stabilization and cervical collar immobilization: a
uma ventilaçáo eficaz. crossover in vivo cinefluoÍoscopic study. ) Trauma
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40 CAPÍTULO 2 r Tratamento da V a Aérea e da Vent [acào

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cHoQUE

O posso iniciol na aborilagem do choque é o reconhecimento dasuo presença.


CAPíTULO 5 SUMÁRIo
O B-]ETIVO S . CoaSutopatia
. Reposição de Cálcio (
INTRODUÇÃO
coNsrDERAÇôES ESPECTATS

I FISIOPATOLOGIA DO CHOOUE
. FisioLogia CardÍaca Básica
. FisiopatoLogiâ da Perda Sanguíneâ
. Equiparação dà Pressão Arterial ao Débito Cardíaco
.ldadeAvançada
. Atletas
. Gestaçâo
AVALTAÇÃO rNrCrAL DO DOENTE .14edicamentos
. Reconhecimento do Choque . Hipotermia
. Diferenciação Ctinica das Causas do Choque . Presença de Marcapasso ou de Cârdlovêrsor
Desf ibriLadoÍ lmp[antávet
CHOOUE HEI"IORRÁGICO
. Definicão de Hemorragia REAVALIAçÃO DA RESPOSTA DO DOENÍE E
. CIassificaçãoFisiotógica PREVENÇÃO DE COMPLICAçõES
. Fatores de Confusão . Hemorra8iâ Contínuá
. ALteracóes HidroeLetroLíticâs Secundárias .lYonitoracáo
à Lesão de Partes MoLes . Reconhecimento de Outros ProbLemas

ABORDAGÉM INICIAL DO CHOOUE HEMORRÁGICO TRABALHO EM EOUIPÉ


.
Exame Físico
.
Acesso VascuLar RESUMO DO CAPÍTULO
. Reposição VoLêmicô lnicial
RECURSOS ADICIONAIS
REPOSTçÃO DE SANGUE
. Sangue com Provas CÍuzadas, Tipo Específico e BIELIOGRAFIA
Tipo O
. Prevenção da HipoteÍmia
. Autotransfusáo
. Transfusão Maciça

OBJETIVOS

Após a Leitura deste capítutio e a compreensão dos tópicos de 5- Descrever a abordaSem inacial adequada do choque
aprendiado do curso ATLS. você estrrá apto a: hemorrágicg nos doentes traumâtlzados.

l. Definir choque 6. Descrever os fundamentos para a contÍnua avaliação


da reanlmação vol,êmica, da perfusâo ortânlca e da
2 Descrever as causâs prováveis de choque nos doentes oxlgenação teciduaI nos doentes traumatizôdos.
traumatizâdos.
Z Expticar o papel da transfqsão sanguínêa no
5. Descrever os sinais clínicos de choque e relrcloná- tratamento do choque.
los ao grau de perda sanguÍnea.
8. Descrever as consideraçôes especiais no dlaSnóstlco
4. Expticar a importância dâ identificação Épida e e no trôtamento do choque, retrcionadas a idade
do controte precoce da fonte de hemorragia nos avançôda. attetismo, gestâção, medlcâmêntos,
doentes traumatizados. hipotêrmla e presença de marcapasso ou de
cardioverssores desf Ibritâdorês imptantáveis.

43
44 CAPÍTULO 5 r Choque

,-. passo iniclal na abordagem do choque em associadas. O choque séptico é inftequente, entretantô
f lum doente üaumatizado é reconhecer a sua deve ser considerado nos doentes cuja chegada à sala de
\f pr"r"rrç".Umavez identificado o choque, inicie emergência tenha sido pôstergada por muitas horas. Nos
o tratamento baseado na provável causa. A deÍinição doentes idosos, a razào subjacente ou a causa precipitante
de choque - uma anormüdade do sistema circulatório da lesãotraumáücapode ser uma infecção nào reconhecida,
que resulta em perfusào orgânica e oxigenaçâo tecidual mais comumente uma infecção do trato urinário.
inadequadas - também guia a equipe de trauma para A responsabilidade do médico no atendimento do
seu diagnóstico e tratamento. O diagnóstico do choque doente se inicia com o reconhecimento dapresença do
no doente traumatizado é baseado em uma síntese de choque.Inicie o tratamento imediatamente e identiÍlquê
achados clínicos e exames laboratoriais. Nenhum sinal a sua causa provávei. Aresposta do doente ao tratamento
vital ou teste laborâtorial isolado é câpaz de diagnosticar inicial, associada aos achados das avaliações primária
o choque de forma deÍinitiva. e secundária, habitualmente fornece informaçôes
O segundo passo na abordagem do choque é identi-ficar a suficientes para determinâr a causa do choque. A
sraprovávelcausa e 4ustÀr o tr'atarnento adequadânente. hemorragia é a causa mais comum de choque nos
Nos doentes traumaüzados, esse processo está relacionado doentes traumatizados.
âo mêcanismo de trauma. Em sua maioria, os
traumatizados
em choque apresentam hipovolemia. PoderL entretanto,
FISIOPATOLOGIA DO CHOOUE
apresentar também choque cardiogênico, obstrutivo,
neurogênico e/ou, raramente, séptico. Como exemplo, o
pneumotórax hipertensivo pode reduzir o retomo venoso Umavisão geral da fisiologia cardÍaca e da fisiopatologiâ
e produzirchoque obstrutivo. O tamponamento cardíaco da perda sanguínea é essencial para a compreensão do
também produz choque ôbstrutivo, pois a presença de estado de choque.
sangue no hterior do saco pericárdico inibe a contratilidade
miocárdica e o débito cardiaco. Esses diagnósticos devem FISIOLOGIA CAR,DíACA BÁSICA
ser considerados pelos membros da equipe de trauma
principalmente nos doentescompotenciais lesôes acima do O débito cardíaco é deÍinido como o volume de sangue
diaftagma. O choque neurogênico resulta delesão extensa bombeado pelo coração a cada minuto. Esse valor é
da medula cervica.l ou torácica alta, causado pela perda determinado através da multiplicação da frequência
do tônus simpáüco e pela vasodilatação subsequente. O cardíaca pelo volume sistólico (a quantidade de sangue
choque náo resulta de trauma de crânio isolado, a menos ejetado a cada contraçáo cardíaca). Ovolume sistólico
que o tronco cerebrâ.1 esteia envolvido, apresentando, neste é classicamente determinado pela pré-carga, pela
caso, prognóstico reservado. AsvÍtimas de lesão medular contratilidade miocárdica e pela pós-carga (t F|GURA 3.í).
podemapresentar, inicialmente, choque porvasodilatação A pré-carga expressa o volume de retorno venoso para
e hipovolemia, especialmente se houvermütiplas lesôes o coraÇào e é determinada pela capacitância venosa,

Votume sistó[ico [Ébito cardíaco


x lmL/batimento) (Lhisuto)

I flGUtA 3-l O débito caídiaco á


o volume de sangue bombeado pelo
Pré-carga Contratilidade Pós-cãrga
coração por minuto, determinado
miocárdica
atràvés dà multipli(ôçâo da Írequência
.ardia(a pelo volume 5irtóli(o
(quantidade de sangue ejetado do
(oração a cada contràção mio(àrdi(a).
Aorta
O volume sistôli(o é classicamente
dêterminado pela píé-carga, pela
contratilidade miocárdicà e pêla pós-
cargà.

Artérias Sistêmicas
AVALTAçAO rNtCrAL DO PACTENTE 45

pelo estado da volemia e pela diferença entre a pressão de compensação é limitado. A maneüa mais efetiva
venosa sistêmica média e a pressão do átrio direito. A de restaurar o débito cardíaco, a perfusão aos órgãos-
diferença entre estas pressões determina o fluxo venoso. alvo e a oxigenação tecidual, é o restabelecimento do
O sistema venoso pode ser considerado um resewatório retorno venoso ao normal, por meio da identificação e
ou um sistema de capacitância, dentro do qual ovolume da interrupção da fonte de sangramento. A reposição
sanguíneo é dividido em dois componentes: volêmica permitirá a recuperação do estado de choque
somente se o sangramento estiver contÍolado.
1. O primeiro componente representa o volume A nível celular, as células inadequadamente
de sangue que permaneceria no circuito de perfundidas e oxigenadas Íicam privadas de substratos
capacitância caso a pressâo do sistema fosse igual essenciais para o metabolismo aeróbico normal e para
a zero. Esse componente não contribui para a
a produçáo de energia. lnicialmente, a compensação
pressão venosa sistêmica média.
ocorre através da mudança para o metabolismo
2. O segundo componente representa o volume anaeróbico, o que resulta na formação de ácidolático e no
venoso que contribui para a pressào venosa desenvolvimento de acidose metabólica. Caso o choque
sistêmica média. Estima-se que cêrca de 70"/" do seja prolongado, pode resultar em dano subsequente
volume sanguíneo total esteia contido no circuito aos órgãos-alvo e em disfunção de múltiplos órgãos.
venoso. A complacência do sistema venoso
A administração de quantidades apropriadas de soluçôes
envolve uma relaçáo entre o volume venoso
e a pressão venosa. Esse gradiente de pressào
eletrolíticas isotônicas, de sangue e de hemoderivados
movÍmenta o fluxo venoso e, portanto, o volume ajuda a combater esse processo. O tratamento deve
de retorno venoso ao coração. A perda sanguínea ser focado na reversão do estado de choque através da
espolia esse componente de volume venoso e interrupção do sangramentoe dapromoção de oxigenação
reduz o gradiente de pressão; consequentemente, âdequada, ventilaçào e apropriada reanimaçâo volêmica.
o retorno venoso é reduzido. Acessos intravenosos devem ser obtidos rapidamente.
O conüole definitivo da hemorragia e a restauração
Ovolume de sanguevenoso que retornapara o coração do adequado volume circulante são os objetivos do
determina o comprimento das fibras musculares tratamento do choque hemorrágico. Vasopressores são
miocárdicas após o enchimento ventricular ao final da contraindicados como primeira linha de tratamento do
diástole. De acordo com a lei de Starling, o comprimento choque hemorrágico, pois pioram a perfusão tecidual.
das Íibras musculares está relacionado com as propriedades Monitore frequentemente os índices de perfusão do
contráteis do músculo cardíaco. A contratilidade doente, para que qualquer deterioração na sua condição
miocárdica éa bomba que movimenta o sistema. possa ser detectada de forma mais precoce possível,
A pós-carga, também conhecida como resistência tornando-se passível de reversão. A monitoração também
vascular periférica, é sistêmica. Simplificando, a pós- perrnite a avaliação darespostado doente ao tratam€nto.
carga é a resistência ao fluxo do sangue adiante. A reavaliação auxilia os médicos a distinguirem os
doentes em choque compensado daqueles que não
FISIOPATOLOGIA DA PERDA SANGUINEA atingem uma resposta compensatória antes que o colapso
circulatório ocorra.
As respostas circulatórias iniciais à perda sanguínea são A maioria dos doentes traumatizados que esteo
compensatórias e incluem a progressiva vasoconstriçào em choque hemorrágico exige intervenção cirúrgica
muscular e visceral para preservar
das circulaçôes cutânea, ou angioembolização precoces para que esse estado
o fluxo sanguíneo para os rins, o coração e o cérebro. A seja revertido. A presença de choque em um doente
resposta habitual à perda aguda de volume circulante ütima de trauma requer o envolvimento imediato de
se dá por meio de um aumento da frequência cardíaca, um cirurgiáo. Considere providenciar a transferência
na tentativa de preservar o débito cardíaco. Na maioria precoce destes doentes parà um cenEo de Eàuma quando
das vezes, a taquicardia representa o sinal circulatório eíiverem recebendo atendimento inicial em hospitais
mensurável mais precoce do choque. A liberaçáo de despreparados para o tratamento dessas lesões.
catecolaminas endógenas aumenta a resistência vascular
periférica, o que, por suavez, aumenta a pressão sanguínea AVALIACÀO INICIAL DO DOENTE
diastólica e reduz ã pressão de pulso. No entanto, esse
aumento dapressão não resulta em aumentos signiÍicativos
na perfusão orgânica e na oxigenação tecidual. Idealmente, deve-se reconhecer o estado de choque
Para os doentes nas fases iniciais do choque durante a avaliação iniciâ]. Parâtanto, é importante estar
hemorrágico, o retorno venoso é preservado até certo íamiliarizado com a diferenciação clÍnica das causas de
limite através do mecanismo compensatório da contraçào choque - principalmente as causas hemorrágicas e as
dovolume sanguÍneo no sistemavenoso. Esse mecanismo não hemorrágicas.
4.6 CAPÍTUIO 3 r Choque

RECONHECIMENTO DO CHOOUE DTFERENCTAçÃO CLíNrCA DAS CAUSAS DE


CHOOUE
O profundo choque circulatório, evidenciado pelo
colapso hemodinâmico com inadequada perfusão da No doente trâumatizado, o choque pode ser classiÍcado como
pele, dos rins e do sistema nervoso central, é Íacilmente hemorrágicoou nào hemonágico. Um doente, cuiâs lesôes
reconhecido. Após assegurar ao doente uma via aérea se situam acima do diaÍiagma, pode apresentar eúdências
pérviae uma adequada ventilação, os membros daequipe de perfusão orgânicae oxigenação tecidual inadequadas,
de trauma devem cuidadosamente avaliaras condiçôes devido a um desempenho cardÍaco insuficiente causado
circulatórias do doent€ para identiÍicar as manifestàções por connrsào miocárdica, tamponamento cardÍaco ou
iniciais do choque, como taquicardia e vasoconstrição pneumotónx hipertensivo, resultando na redução do retomo
periférica. venoso {pré-carga). Para recoúecer e üatâÍ todas as formas de
Confiar exclusivamente na pressào sistólica como choque, o médico deve estar constartemente alerta e observar
indicador de choque pode resultar em reconhecimento cuidadosamente a respostâ do doente ao tratamento iÍricia.l.
tardio deste estado, pois mecanismos compensatórios A determinação inicial da causa do choque depende
podem prevenÍr a queda mensurável na pressão sistólica de uma história clínica apropriada e de um minucioso
até que uma perda de 30% da volemia do doente tenha e cuidadoso exame fisico. Exames diagnósticos
ocorrido. Avalie cuidadosamente a frequência cardÍaca, a complementares, como radiografias de tórax ou de
qualidade do pulso, afrequência respiratória, aperfusão pelve e a avaliação focada para o trauma com o uso de
periférica e a pressâo de pulso (diferença entre as ultrassonograÍia (Focused Assessment with Sonogrâphy
pressôes sistólica e diastólica). Na maioria dos adultos, forTrauma - FAST), podem conÍirmar a causa do choque,
a taquicârdia e a vasoconstriçâo cutânea são os sinais enüetanto não devem retardaÍ a reanimaçáo apropriada
mais precoces da perda sanguínea. do doente. (Ver uídeo FÁST no oplicativo mtivelMyATLS.)
Consequentemente, todo doente traumatizado que
se apresentar com a pele fria e taquicárdico deve ser Visão Gerat do Choque Hemorrágico
considerado em estado de choque, atéprovaem contrário.
Ocasionalmentê, a perda aguda de volume sanguíneo A hemorragia é a causa mais comum de choque devido
pode estar associada à frequência cprdíaca normal ou, ao trauma e virtualrnente todo doente politraumatizado
até mesmo, à bradicardia. Nestas circunstâncias, outros tem um componente de hipovolemia. Assim, se sinais de
índices de perfusão devem ser moritorados. choque esüverem presentes, o tratam€nto é instituÍdo,
A frequência cardiaca normal varia conforme a tipicamente, como se o doente estivesse hipovolêmico.
idade do doente. Considera-se como taquicardia uma Entretarto, enquanto se inicia o tratamento, é importante
frequência superior a 160 batimentos por minuto (bpm) idenüÍicar o pequeno número de doentes cuia causa do
no Iactente, a140 bpmnascrianças em idade pré-escolar, choque possui etiologia diversa (exemplo; uma condição
a 120 bpmaté apuberdade e acimade 100 bpm no adulto. secundária, como um tamponamento cardíaco, um
Os doentes idosos podem não apresentar taquicardia pneumotórax hipertensivo, um traumatismo raquimedular
devido à sua limitada resposta cardíaca ao estÍmulo ou uma contusâo miocárdica), o que pode complicar a
das catecolaminas ou ao uso de medicamentos, como apresentação do choque hemorrágico.
agentes bloqueadores beta-adrenérgicos. A presença de
marcapasso é outro fator que pode limitar a capacidade
de aumentara frequência cardÍaca. A reduçâo dapressão
depulso sugere perda sanguínea signiÍicativa e ativaçào I'
de mecanismos de compensação.
A perda sanguínea maciça pode produzir decréscimos
mínimos nos valores iniciais de hemãtócrito e na -
concentração de hemoglobina. Assim, a presença de um
nÍvel muito baixo de hematócrito, obtido precocemente
após o trauma, sugere uma perda sanguínea signiÍicativa
ou uma anemia pré-existente; no entânto, um valor
normal de hematócrito não descarta uma perda
sanguínea significativa. Os valores do déÍicit de base
e/ou do lactato sérico na gasometria arterial podem
ser úteis para determinar a presença e a gravidade do
choque. Avaliaçôes seriadas desses parâmetros podem
ser utilizadas para monitorar â resposta dô doente ao r FIGURA 3-2 Utrlizàndo o ultíâtsom (FASÍ) pârâ pesquitãr à (au5à
tratamento instituído. do (hoque.
AVALIACÀO INICIAL DO PACIENTE 47

A
t B

ffi
c D
I FIGURA 3-3 A ava lia(ào da circ! la(ào ncu ô determina(ào raplda da fonte de perdà sánguínêa. Em adiçàoà perdâsanguinêa extêma, osangue pode
ser proveniente de quatro outros lo(ais ("no chào eem mais quatro")rA, o tórax;8. oabdome;C. â pelvee o rêtroperitônêo; e D. ossos longos e partes moles.

Os aspectos especíÍicos do tratamento do choque Choque Cardiogênico


he morrágico serão discutidos em detalhes na próxima seção A disfunção miocárdica pode ser causada por contusão
deste capítulo, porém o objetivo principal da abordagem cardíaca, tamponamento cardíaco, embolia gasosa, ou,
é identificar esse estado e interromper rapidamente a raramente, por infarto agudo do miocárdio. Deve-se
hemorragia. Fontes potenciais de perda sanguínea - suspeitar de contusâo cardíaca quando o mecanismo de
tórax, abdome, pelve, retroperitônio, extremidades e lesãô torácica envolve uma rápida desaceleração. Todos os
sangramentos extemos - devem ser rapidamente avaliadas doentes que apresentam trauma torácico contuso devem
através de exame fÍsico e de exames complementares. ser continuamente monitorados eletrocardiogrúcamente
RadiograÍias de tórax e de pelve, avaliação abdominal para identificar a presença de padrões de lesão ou de
através do FAST ou do lavado peritoneal diagnóstico (LPD ) arritmias. lYer Capítulo 4:Trauma Torácico.) O estado
e sondagem vesical de demorapodem ser necessários parâ de choque pode ser secundário a um infarto agudo do
determinar a fonte do sangramento (r FrcuRÂs 3-2 e3-3). miocárdio nos idosos e em outros doentes de alto risco,
como os que apresentam intoxicação exógenapor cocaína.
Visão Geral do Choque Não Hemorégico Portânto, níveis de marcadores de necrose miocárdica
(enzimas cardíacas) podem auxíliar no diagnóstico e
A categoria de choque náo hemorrágico inclui o choque no tratamento dos doentês traumatizados na sala de
cardiogênico, o tamponamento cardíaco, o pneumotórax emergência. Do mesmo modo, uma isquemia miocárdica
hipertensivo, o choque neurogênico e o choque séptico. aguda pode ser o fator desencadeante do trauma.
Apesar da ausência de perda sanguínea, a maior parte dos
casos de choque nâo hemorrágico respondem de forma Tãmponãmento Cardíaco
transitória à reanimaçáo volêmica. Apesar de ser mais liequentemente encontrado em doentes
que foram útimas de ferimentos torácicos penetÍântes, o
tamponamento cardÍaco também pode resultâi de tnumãs
48 CAPíTULO 5 r Choque

torácicos contusos. Taquicardia, abafamento de bulhas efeito 6siopatológico da denenração simpática A apres€ntação
cardíacas, e veias do pescoço dilatadas e engugitadas clássica do choque neurogênico é a presença de hipotensão
(turgência jugular) com hipotensão e resposta insuÍiciente com ausência de taquicardia ou de rasoconstrição cutânea. Os
à reposição volêmica, sugerem tamponamento cardíaco. doentesportadoresdetraumatismomedul frequentemente
Entretanto, aausência desses sinais clássicos não exclui a âpresentam lesões concomitêntês no tronco; portanto, doentes
presença dessa condiçáo. com suspeita ou diagnóstico de choque neurogênico devem
O pneumotórax hipertensivo pode simular um ser tratados inicialmente comô portadores de hipovolemia.
tamponamento cardíaco, através de achados que são O insucesso no restabelecimento da perfusão orgânica e
comuns a ambos, como turgência jugular e desvio de da oxigenaçáo tecidual com a reposiçâo volêmica sugere a
traqueia. No entanto, a ausência de murmúrio vesicular presença de hemorragia contínua ou de choque neurogênico.
e o timpanismo à percussão não estão presêntes no A monitoração da pressão venosa cenEal pode auxiliar na
tamponamento cardíaco. O ecocardiograma pode ser útil abordagem desse problem4 mütas vezes complexo. (Ver
no diagnóstico do tamponamento cardíaco e de ruphrras Copítulo z: Traúma V ertebromedular.l
valvares, porém fiequentemente não é úável e não se
enconüa imediatamente disponível na sala de emergência. O ChoquG Séptitco
FAST realizado na sala de emergência é capaz de identiÍicar Choque causadopor infecção, imediatamente após o [aum4
um derrame pericárdico, o que sugere o tâmponamento é incomum. Enüetãnto, esse problema pode oconer caso a
caldíaco como causa do choque. O tamponamento cardíaco chegada do doente ao serviço de emergência demore aigumas
é mais bem trâtado âtravés de inte rvenção ciúrgica formal horas. O choque séptico pode ocorrer particularmênte
(toracotomia), pois a pericardiocentese é uma manobra em doentes com ferimentos penetrantes no abdome
apenas temporári4 quando a realização de cirurgia imediata com contaminação peritoneal por conteúdo entérico. Os
não for possÍvel. {Ver Copítulo + TrowtoTorácico.) doentes sépticos que estão hipotensos e afebris sao de dificil
diferenciação daqueles em choque hipovolêmico, pois ambos
Pncumotórax Hipcrtcnrivo os gn-tpos podem apresentar taquicardia, vasoconstriçáo
O pneumotórax hipertensivo uma verdadeira emergência
é cutânea" diminüção do débito urirüírio, diminüção dapressão
cirúrgica que requer diagnóstico e tratamento imediatos. EIe sistólica e diminuição da pressão de puJso. Na fase precoce
se desenvolve quando se forma um mecanismo de váhrr.la, do choque séptico, os doentes podem apresentar volume
que permite a enEadã de ar no espaço pleural, mas náo a sua cirarlante normal discreta taquicardi4 pele aquecid4 pressâo
saída. A pressáo inüapleural aumenta progressivamente, sistólica próxima da normalidade e ampla pressão de pulso.
causardo colapso total do pulrnâo e desvio do mediastino
para o lado oposto, resu.ltando em redução do retomo
venoso e do débito cardíaco. Os doentes que estão ventilando CHOOUE HEMORRÁGICO
espontaneamente, geÍalmente, manifestam extrema
taquipneia e "fome de âr", enquanto que os doentes que estão
em ventüção mecârica fÍequentemente apresentâÍn colapso A hemorragia é a causa mais comum de choque nos
hemodinâmico. A presença de insuficiência respüatória doentes traumatizados. A resposta do doente üaumatizado
aguda de en-fisema subcutâneo, de ausência de murmúrio à perda sanguínea toma-se mais complexa em úrt.trde
vesicular, de Umpamsmo à percussão e dê dewio da traqueia das transferências de fluidos entre os diferentes
corrobora com o diagnóstico de pneumotórax hiperte nsivo compartimentos do organismo, particularmente no
e exige a descompressão torácica imediata, sem esperarpor compartimento extracelular. Lesóes de partes moles,
uma conÍirmaçào radiológrca. A descompressâo por agulha mesmo que não apresentem hemorragia severa, podem
ou toracocentese resolve temporariamente essa condição resultar em transferências de fluidos ao compartimento
ameaçadora da úda. Na sequência, deve ser realizada a extracelular. A resposta à perda sanguinea deve ser
irserçáo de um dreno de tórax, utilizando técnica asséptica considerada no contexto dessas tÍansferências de fluidos.
apropriada, (Ver Âpándice G: Estação hótticaVetíloção e Devem ser consideradas, também, as alteraçôes associadas
o vídeo de ümogem Pbural rc opücatiw mfuel MyA7J§'.) ao estadode choque severo e prolongado, e aos resultados
fisiopatológicos inerentes àreanimação eà reperfusâo.
Choguc Neurogênico
lesões intra<raaianas isoladas não causam choque, a menos DEF|NTçÃO DE HEHOnRAGIA
que haja envolvimento do tronco ceróral- Entâo, a presença
de choque em um doente com trar]ma de crânio indica a A hemorragia é deÍinida como uma perda aguda de
necessidade de buscar outra causa de choque. lesoes na medula volume sanguíneo. Embora exista uma considerável
espirüal cervical ou toÉcica alta podem prcduzir hipotensâo variaçào individual, o volume sanguÍneo de um adulto
aüavés da perdâ do tônus simpático, o que agrava os efeitos da normal corresponde a aproximadamente 77ó do seu
hipovolemia Poroutro lado, ahipovolemiatâmMm acentuao peso corporal. Por exemplo, um indivíduo de 70 kg tem
CHOOUE HEMORRÁGICO 49

aproximadamente 5 litros de volume sarguíneo cüculante. . A hemorragia das-se III é um estado de hemorragia
complicado. no qual é necessária a reposiçào de-
O volume sanguíneo nos adultos obesos é calculado de
cristâioides e, poisivelmente, de sangue.
acordo com o seu peso corporal ideal, pois, se considerado
o peso real, seuvalorpoderia ser superestimado de modo
. A hemorragia dasse IV é considerada um evento
pré-terminal; a menos que medidas agressivas
significativo. Para criarças, o volume sanguíneo é calculado sejam adotadas, o doente entrará em óbito dentro
comodeS a97odo seupeso corporal (80 a90 rrúr/kg). (Ver de poucos minutos. A transfusão saÍrguÍnea é
Capítulo ro; Tmuma Pediáttico.) necessana.

cLASSTFTCAçÃO FTSTOLóGrCA t TABELA 3-'t resume aperda sanguínea estimada e outrâs


medidas críticas para os doentes em cada classificaçâo
Os efeitos Íisiológicos da hemorragia são divididos em do choque.
quatro classes baseadas em sinais clínicos; essa classiÍicação
éuma ferramenta úti.lpara estimaraporcentagem de perda Hemorragia Ctasse l: <15Í de pcrda do volumc
sanguínea aguda. Os sinais clínicos repÍesentam uma sanguíneo
continuação da hemorragia em andamento e servem
somente para guiar o início do tratamento. A rq)osição Os sintomas clínicos daperda de volume na hemorragia
volêmica subsequentê é d€terminada pela resposta do classe Isào mínimos. Em situaçôesnâo complicadas, ocorre
doente à terapia instituída. O sistema de classificação taquicardia leve. Nâo ocorrem alteraçôes mensuráveis na
apresentado a seguiré útil para enfatizar os sinais precoces pressão arterial, na pressáo de pulso ou na frequência
e a fisiopatologia do estado de choque: respiratória. Desse modo, em doentes saudáveis, essa
. A hemorragia classeI é exemplificada pela perdavolêmica náoexige reposição, pois o reenchimento
condição do doador de uma unidade de sangue. capilare outros mecanismos de compensaçào conseguúão
. A hemorragia classe II é representada pela restaurar o volume sanguÍneo dentro de 24 horas,
hemorragia não complicada, mas na qual a geralmente sem necessidade de transfusão sanguínea.
reposiçáo de cristaloides é necessária.

TABELA 5-t SINAIS E SINTOMAS DA HEMORRAGIA, POR CLASSE

crÁssE l cLASSE tV
PARÂMETRO ctASsE I CLASSE II (LEVE} fiODERÁDA (SEVERA)

Perda sanSuínêâ .tS% r5-30% 3l-44% >+0%


âproximôda ( ]soJ l\o - lr,ro^-1 / 504 - Zo oc) > Zoac^)
Frequência cardÍaca
. .loo s P- !o§ - lZo l2r tq0 )''l ,,
Pressão a rtêriâ I
[] !
Prêssão de putso

Frequênciâ .espirâtóriâ
I r - tJ -l :./.1'.

Débito Uíinário II

E5câLâ de Comâ de
Gl-as8ow

Déficit dê bâses' 0 a -2 mEq/L -2 a -6 mEq/L -6 a -10 mEq/L -10 mEq/L ou menos

Necêssidadê de Monitorâr Sim Protocolo dê


Hemocomponentes transfusão maciçe

.O lrcêrrô dc b3ic! é â qtránt'dad. d€ bâs.sIHCO3 -.mmEq/L)que catá âciín ou.b.ito d. t r. norm.t do or8àn'rmo. Um vâtor nê8âtivô é
dênomi..do de déÍicit de b.rêr . i,|drc. à.ido.ê mlt bóUc.

lnfornaçàa de Mutschtêr A, Nienabêr U. B.ockômp T. et aL A cític.l reappraisât of the ATLs ctâssification of hypovoLemic shock: does it.eaLl.y
.êf !ect cLinicó! rêatity? Resusc,táron 20ll.E:t:309-313

l) +) t'- ..-^. I
50 CAPÍTULo 3 r Choque

Hemorragia Ctasse ll: 15 a 50% de perda do


votume sanguíneo ARMADILHAS PREVENCAO

Os sinais clÍnicos da hemorragia classe ll incluem O diagnóstico do Use todas as informàções


tâquicardia, taquipneia e redução da pressão de pulso. choquê pode pâssar clínrcas, inc[uindo a
despercêbido quando frêqLlência cardíacà.
Este último sinal está relacionado primâriamente com apênas um pãrâmetro é a pressào arteriat, a
um aumento da pressáo arterial diastólica, devido ao utilizâdô pêrfusão cutânea e o nível
aumento das catecolaminas circulantes, o que produzum de cônsciência
aumento dotônus e da resistência vasculares periféricos. Ouândo disponível, obtenhà
uma gasomêtria êrterial
As alteraçôes napressão arterial sistólica sâo mÍnimas no
com medidàs depH, pO.,
choque hemorrágico inicial; portanto, toma-se impôrtante pCO: saturàcào de oxigênio
a ava.liação da pressão de pulso ao invés da pressão arterial e défrcit de bàses
sistóLica. Outros achados clínicos pertinentes, associados As medldas da pressào
ao volume de perda sanguínea, incluem mudanças suüs no parciâ|. de CO- no finalda

nível de consciência, comoansiedade, medo e hostilidade. expiíaçào e do lactato séí.o


podem taàzer inf ormações
Apesar da significativa perda sanguínea e das alterações
cardiovasculares, o débito urinário é apenas levemente
afetado. O débito urinário mensurado costuma ser de 20
Lesões traumát cas em Sempre obtenhã um
â30 mLporhoraem um adulto com hemorragia classe II. dosos podem estàr exame de urina.
Perdas hidroeletrolíticas concomitantes podem agravar relacionadas com Procure evrdênclas sutis
as manifestações clÍnicas dahemorragia classe II. AIguns rnfeccões subjacentes de rnfecção
doentes incluÍdos nessa categoria podem, eventualmente,
necessitar de transfusão sanguÍnea, mas a maior parte dos classe lV frêquentemente necessitam de transfusão
doentes com esse vo)ume de perda sanguÍnea consegue sanguínea rápida e de intervenção ciúrgica imediata.
ser estabilizada iniciâlmente com soluções cristaloides. Essas decisões baseiam-se na resposta do doente às
técnicas de reanimaçâo iniciais, descritas neste capítulo.
Hemorragia Ctasse lll: 3l a 1O% de perda do
voLume sanguíneo FATORES DE CONFUSAO

Os doentes com hemorragia classe III geralmente A classificaçâo fisiológica do choque é útil, entretanto
apresentam sinais clássicos de perfusão inadequada, vários fatores podem confundir e alterar profundamente a
incluindo taquicardia e taquipneia pronunciadas, clássica resposta hemodinâmica à perda aguda de volume
alteraçóes significativas do estado mental e uma sanguíneo circulante; todos os indivíduos envolvidos
queda mensurável da pressão arterial sistólica. Em um na abordagem e na reanimação inicial dos doentes
caso não complicado, esse é o menorvolume de perda traumatizados devem prontamente reconhecê-los:
sanguínea que causa uma queda consistente napressão
arterial sistólica. A prioridade da abordagem inicial é . Idade do doente
a interrupÇão da hemorragia, através de intervenção . Gravidade da lesão, particularmente o tipo de
cíúrgica ou de embolizaçào, se houver necessidade. A trauma e a localização anatômica da lesão
maioriados doentesincluídos nestacategoria necessitará . Reposição volêmica no pré-hospitalar
de transfusâo de concentrado de hemácias e de outros . Tempo decorrido entre a lesão eo início do
hemoderivados para reverter o seu estado de choque. tratamento
. Medicamentos utilizados para doenças crônicas
Hemorragia CLasse lV >4O% de perda do volrime
sânguíneo É perigoso aguardar que o doente traumatizado se
enquadre em uma classificação Íisiológica precisa
O grau de exsanguinação da hemorragia classe IV antes de iniciar a reanimaçào volêmica apropriada.
constitui uma ameaça imediata à vida. Os sintomas O controle da hemorragia e a reposição volêmica
incluem taquicardia acentuada, redução signiÍicativa da balanceada devem ser prontamente iniciados tão
pressão sistólica e presença de uma pressão de pulso muito logo haja suspeita ou presença de sinais e sintomas
estreitâ ou de uma pressão diastólica não mensurável precoces de perda sanguínea - e não quando a pressão
(a bradicardia pode se desenvolver nos doentes pré- arterial iá estiver em queda ou inaudível. Interrompa
terminais). O débito urinário é desprezível e o estado o sangramento,
de consciência está notadâmente deprimido. A pele
encontra-se fria e pálida. Os doentes com hemorragia
ABOROAGEM INICIAL DO CHOOUE HEMORRÁGICO 5I

ALTERACõES HIDROELETROLíTICAS de outra etiologia que não a hipovolêmica. O princípio


sEcuNDÁRrAs À lesÃo DE pARrEs MoLES básico a ser seguido no tratamento é interromper o
sangramento e Íepor as perdas vOlêmicas.
As Iesões extensas de partes moles e as Ê:aturas comprometem
o estado hemodinâmico do doente haumatizado de duas EXAME FíSICO
maretas. A primeira é aperda sanguÍnea no loca.llesado,
principalrnente no caso de ftaturas graves. Por exemplo, O exame físico é dirigido para o diagnóstico imediato
uma Íiatura de úmero ou de trtria pode ocasionar perdas das lesôes que ameaçam a úda e inclui a avaliação dos
eqüvalentes a 750 mI de sangue. Uma perda duas vezes ABCDE. O registro e aânotação das condições iniciais são
maior, 1.500 mI, está comumente associada â ftahrras de importantes paraamonitoraçâo da resposta do doente ao
Êmur, e vários litros de sangue podem ser acumulados em tratamento. Avaliações repetidas dos sinais útais, do débito
um hematorna rekoperitoneal consequente a umâ fÍatura urinário e do nível de consciência são medidas essenciais.
de pelve. Os doentes obesos apresentam risco para perdas A seguir, assim que as condiçóes do doente permitüem,
sanguíneas extensas em Iesões de partes moles, mesmo deve ser realizado um exame mais pormenorizado.
na ausência de fraturas. Os idôsos também estão em úco
devido à fragilidade da pele e do tecido subcutâneo, que Via Aérea e Respiragão
são lesâdos mais rapidamentê e são menos eficazmente
tamponados, em adição às paredes inelásticas dos vasos A primeira prioridade é o estabelecimento de uma via
sanguíneos que não sofrem espasmo ou trombose quando aérea pérvia com ventilaçáo e oxigenaçáo adequadas.
traumatüados ou seccionados. Deve-se fornecer oxigênio suplementar para manter
O segundo fator a ser considerado é o edema que ocone uma saturaçáo de oxigênio superior a 95%.
nas partes moles üaumatüadas, o qual constitui outrâ fonte
de perda de fluidos. A extensào dessa perda adicional de Circutacào: Côntrôl,e da Hemorragia
flúdos é proporcional à magnitude da lesão de partes moles.
A lesáo tecidual acarreta a ativação de resposta irúlamatória As prioridades para o maneio da circulação incluem o
sistêmica e a pÍodução e liberação de multiplas citocinas. controle de hemorragias eüdentes, aobtenção de acesso
Muitas dessas substâncias são localmente ativas e exercem venoso adequado e a avaliação da perfusão tecidual. O
profundos efeitos no endotélio vascular, resultando no sangramento por ferimentos externos nas extremidades
aumento da permeabilidade. O edema tecidual resulta da geralmentepode ser controlado através da compressão
transferência de liquidos, Íiradamentalmente do plasÍna para direta do local, apesar de perdas sanguíneas maciças
o espaço extravascul , ou extracelula-r, como resultado das provenientes de extremidades poderem necessitar de
altêraçõês na permeabilidade do endotélio. Esta trârsferência torniquetes. Um Iençol ou uma cinta pélvicapodem ser
espolia ainda mais o volume inüavascular. utilizados para controlar o sangramento proveniente
de fraturas pélvicas. (Ver vídeo sobre Cinto Pélvico no
apliccrivo móvel MyATLS. )Parao controle de hemorragias
ARMADILHA PREVENÇAO
internas, intervenção cirúrgica ou angioembolização
pode ser necessária. A prioridade é a interrupção do
A pe.dâ sân8uínea pode AvaLe e aptrque curativos
sangramento, e não o cálculo de perdas volêmicas.
ser subestimada nàs Precocemênte Parâ
[esôes de partês motes, controtar o sângramento
partrcuLarmente em com compressâo direta e Disfunção Neuro[ógica: Exame Neurotógico
indivíduos obesos e em fechâmento temporário.
idosos. ReavãLie os fêrimentos,
Um exame neurológico sumário determinará o nível
[impê-os e feche-os
de consciência do doente, o que é útil na avaliaçáo da
definitivamente, uma vêz
que o doente tênhã sido perfusão cerebral. ModiÍicações na função do sistema
estabaIizado. nervoso central nos doentes em choque hipovolêmico
não sugerem necessariamente Iesões intracranianas
diretas, mas podem refletir apenas aperfusão inadequada
ABORDAGEM INICIAL DO
do cérebÍo. O exame neurológico deve ser repetido após
CHOOUE HEMORRÁGICO a perfusão e a oxigenãção têrem sido restauradas. (Ver
Copítulo 6; Trauma de Crônio.)
O diagnóstico e o tratamento do choque devem ser
realizados quase simultaneamente. Para a maioria Exposição: Exame Compteto
dos doentes traumatizados, o tratamento é instituÍdo
inicialmente considerando que o choque seja Depois de realizadas as manobras prioritárias de
hemorrágico, a não ser que existam claras evidências reanimação, o doente deve ser complêtamente despido
52 CAPÍTULO 3 r choque

e cuidadosamente examinado "da cabeça aos pés" zubdávia). (Ver Apândice G: Estaçõo Prática C: Ciratlação e
para a pesquisa de lesões associadas. Ao deryt o funtê, o vídeo Punçõo iníaóssea no oplicativo mrivel MyATXS.) A
a prorer@ da bip<termia é essencial, pois se u-ata de urna experiência e a pnítica do máiico são fatores determinantes
condiçfu qu€ pode €loceÍbâÍ a perda sanguinea anaves da para avaliaro procedimento ou a maneüa mais apropriada
picradacoagulopatiaedaridme ma:bólic: Paraprwenir de estabelecer os acessos venosos. O acesso intraósseo com
ahipotermia sempre devem serutilizadosflüdos aquecidos, eqúparnento especialmente desenvolüdo para esse âm é
bemcomotÁ:ricasdercaquecimento extemopassivoeativo. factível em todas as faixas e gmpos etários. Esse acesso pode
ser utilizado no hospital até que um acesso in[avenoso
Ditatacào Gástrica: Descompressào sejaobtido, devendo serdescontinuado quando não mais
necessário.
A dilatação giísüica ocorre ftequentemente no úauma, Assim que forem inseridos cateteres venosos, amosEas
especiaLnente em sianças, e pode ser car.rsa de hipotensão sanguíneas devem ser coletadas paratipagem sanguÍnea
inexplicada ou de arritmias caÍdÍacas, comumente e provas cruzadas, para exames laboratoriais adequados,
bradicardia emdecorrência do estímulo\râgal. Em doentes para estudos toicológicos e para teste de graúdez em
inconrientes, a di$ensão gástrica aumenta o risco de todas as mulheres em idade féúil. Nesse momento,
broncoa.ryinção de conteúdo gá*ico, uma complica@o pode ser coletado sangue para gasometria arterial-
potenciá.lrnente fãtâl Considere realizar a descompressáo Umaradiogrúa de tórax deve ser obtidâ após tentativa
gástrica através da introdução de uma sonda naso ou de cateterismo venoso central em veias jugulares ou
orogástrica e àsuaconer<ão a um eqr-ripammtode aspiração. subcláüas, para documentar o posicionamento do cateteÍ
Esteia atmto que, apesar do posicionamento adequado da e avaliar a presença de complicaçóes, como pneumotórax

sonda, esta não previne totalmente o risco de aspiraçâo. ou hemotórax. Em situações de emergência, o acesso
venoso central pode não ser inserido em condições
Sondagem Vesicai estritamente controladas e totalmente estéreis. Quando
isso ocorre, os acessos venosos devem ser substituídos
A sondagem vesica.l permite a avüação da presença de tão logo as condições ambientais e do doente permitam.
hemaúria, o que pode indicar o sistema genitourinário
como fonte de sangÍamento. A monitoração constante REPOSTçÃO VOLÊHrCA rNrCrÂL
do débito urinário permite a avaliação contínua da
perfusão renal. A presença de sangue no meato uretÍal A quanüdade de flüdo que seÉ necessáriapara a reanimaÉo
ou de hematomas/acerações perineais pode indicar uma volêmica do doente é difícil de ser estimadâ durante a
Iesão de uÍetr4 contrâindicando a inserção de uma sonda awa.liação inicia.l. Comece administrando um bolus inicial
trdnsureúalantes daconfirma$o radiológicadaintegridade de solução isotônica aquecida Adose habitual é de lütro pan
da uretra- (Ver Copítulo s:Trauma AMominal e Pétvico.l aduitos e de 20mlÂgparacriançaspesando menos de 40 kg.
O volume total de flúdos de reurimação deve ser baseado
ACESSO VASCULAR na resposta do doente à reposiçáo, tendo em mente que a
quantidade de flüdo inicial indü o volume adminis&ado
O acesso ao sistema rrasc{lar deve ser obüdo rapidamente. duÍante o atendimento pré-hospitalar. Av-dlie a resposta
A melhor forma de fazê-lo é através da inserção de dois do doente à reposição volêmica e identifique evidências de
catetêres intravenosos periféricos (calibre mínimo de 18). perftxão de órgãos-alvo e de oxigenação tecidual adequadas.
A taxa de fluxo é proporcionâI à quaÍta pôtência do raio do Observe a resposta do doente durante a administrâção inicial
cateter e inversâmente proporcional ao seu comprimento, de flüdos e tome como base essa resposta para as decisões
como descrito na [,ei de Poiseui]le. Portanto, cat€teres diagnósticas e teraÉuticas posteriores. A infusâo contimra
intravenosos perüéricos curtos e cübrosos são preferiveis de grandes volumes de flüdos e de sangue, na tentatin de
pananpiàinirão de fluidoq ao invés de cateteres longos atingi r u13 plgssão arterial nonnal rÉo srbstitui o conuole
e finos. t.tilize flüdos aquecidos e bombas de infusão ápida definitivo à hemorragia
na presença de hemorr:agias maciças e severà
de hipotensão . TÁIELÀ :l2 reflrne os protocolos gerais para estabelecer
Os Iocais mais adequados para os acessos vênosos a quantidade de fluidos e de sangue que são gera.lmente
periféricos no adulto são as veias do antebraço ou necessários durante a reanimação. Caso a quantidade
antecubitais. Isso pode ser desâfiador em crianças, idosos, de fluidos necessária para restauraÍ ou manter a
obesos e em usuários de drogas injetáveis. Carc um acesso perfusão orgânica e a oxigenação tecidual adequadas
venoso periférico não possa ser obtido, considere a punçáo exceda consideravelmente essas estimativas, r€âvüe
e a introdução de um acesso intÍaósseo como medida «ridadosamente a situação e procure por Iesôes ainda não
temporária. Se as circunstâncias náo permitüem o uso diagnosticadas ou outras causas de choque.
de veias periféricas, estará indicada a cateterização de um Oobjetivoüreanimagoé restaurarãperÂ.§ãoorgânicae a
acesso venoso cenEal (exemplos: veia femod jugr.t.lar ou oxigernçao tecidual o que é obüdo au-avés da adminis[-ação
ABORDAGEM INICIAL DO CHOOUE HEMORRÁGICO 53

TABELA 3-2 RESPOSTA À NEANIMACÀO INICIAL"

RESFOSTA MíNI]íA
RESPOSTA RÁPIDA RESPOSTA TRÂNsITóRN OU ÂUSEMÍE

Sinals vitâis Retorno ao normal Mdhora tÍânsiúria, recidiva de Persistêm ânorínais


d,minuicão dá oressào à.têíiât ê
ôumentó da fréqu&rc'à cardhc.

Pêrdâ sântuÍnea êstimadô Mínima {<15 Í} fffiâ ê pe.§*ntÊ (lsX-lOX) sêvero ('{OX)

Necêssidade de trânsfusão Baixâ Moderadâ a aLtâ lmediata

Preparo do sangue Tipo-êspecífico e com Tipo-êspêcÍfico Llbêrâdo êm c.ráter dê


proves cruzâdas emergênciâ

Necessidade de intê.vênção PosslvêtÍnente líuito píovável


crn Erca

Pr€sença de um ciruíBião Sim Sim Sim

.sotuçáo círstâtordê r3otônicô. àté 1.000 m[ êm àóuttos. 20mt/k8 em crianç.s

oxigenaçáo tecidual com a prevenção do ressangramento


A RMAD ILHA PR EVE N CAO
através da aceitação de uma pressão arterial abaixo do
normal tem sido denominada "reanimação controladâ",
Choque não . Procure foôtes de hemorrôgra
'readmação balanceadã", "reanimação hipotensiva" e
rêsponde ao bolus de não controládas: "chão
"hipotensão permissi\rà". Essa estÍatégia de reanimação
cristaLoide iniciaL. e mâis qúãtro' (abdome.
petve/ retrope.itônio, tórâx e
pode ser urna ponte para o controle cirúrgico definitivo
extremidades). do sangrdmento, mas não um substituto.
. Considere uma possív€l A reposição precoce de sangue e de hemoderivados deve
câusa não hemorrá8icâ para o ser considerada em doentes com evidência de hemorragias
choque. dasses Itr e IV. A administração precoce de hemoderivados
. lnicie a trênsfusão dê sângue em uma baixa proporção entre concentrado de hemácias,
e hemoderivâdos- plasma e plaquetas pode prevenir o desenvolvimento de
. Obtenhâ consultoria cirúrgica coagulopaüa e de Eombocitopenia.
para o controle definiüvo da
hêmorragia-
Avatiação da Resposta à Reposição Votêmica

de soluções de cristaloide e de hemoderivados para substituir Os mesmos sinais e sintomas de perfirsão inadequada
o volume inhrrâsculaÍ p€rdido. Entretanto, s€ a pressão utilizadmpanodiagnóstimdochoquesãouteispanarraiiara
arterial do doente aumentar rapidamente antes que a respostadodoenteaotratamento.AnomElizaÉodãpressão
hemorragia tenlra sido definitirramente conEolada, pode arterial, da pressão de pulso
e da frequência cardíaca são sinais
ocorrer mais sangramento. Poressa raáo, a administraÉo de que a perfi.rsão tamtÉm esteia retornando ao nomnl
excessirra de solução cristaloide pode ser prejudicial. enEetanto, essas obsenrações não fomecem inÍormaç5es
A reposição volêmica e a prevenção da hipotensão são a respeito d perfu§o orgânica e da oxigernção tecidual A
princípios importantes no maneio inicial dos do€ntes com melhorado eslado dovolumeintrarrascularéumaevidência
tÍaumatismos contusos, particularmente nos doentes importante de aumento da perfrr§o, mas s€ toma di§cil de
com traumatismo craniano associado. No traumatismo quantificar. )á o volume do débito urin ário é um indicador
peneEànte com hemorragi4 retardar a reposiÉo agessiva bastante sensÍvel da perfu§o renal diurese nonnal desde
de flüdos, até que o controle definitivo à hemorragia tenha quenão iníuenciaàpelaadministnçaodediuréticos, lesões
sido alcançado, pode prevenü a ocorrência de sangramento renâjs ou ac€ntuadâhiperglicemia implica gerâ.knente, em
adicional; hz-se necessária uma abordagem cuidadosa e fluxo sanguíneo renal satisfatório. Por essa raáo, o débito
balanceada através de rearraliaçôes ftequentes. A estratégia urinário éumdosprincipaisindicadoresparaamonitoração da
de reúzar o balanço do obietivo da perfusáo orgâlica e da reanimaÉo e paraarraliararespostado doente aotatamento.
54 CAPíTULO 3 r Choque

Dentro de certos limites, o débito urinário pode ser teciduais iaadequadas. Quando isso ocorre, avelocidade
utilizado para monitorar o fluxo sanguíneo renal. A de infusão pode ser reduzida para taxas de manutenção.
reposição adequadadevolume deve restabelecerumvalor Usualmente esses doentes apresentam uma perda menor
de débito urinário de aproximadamente 0,5 ml/kg/h do que 15% do seuvolume sanguíneo {hemorragia classe
no adulto, enquanto que, para os doentes pediátricos, I). Neste caso, náo está indicada a reposição adicional de
é adequado um débito urinário aproximado de I mU fluidos embolus oude transfusão sanguÍnea. Apesardisso,
kg/h. Para crianças abaixo de l ano de idade, devem ser sangue deüdamente tipado e com provas cruzadas deve ser
manüdos 2 mllkg,4r. A incapacidade de manter o débito mantido disponível. Durarte a avaliação e o tratamento
urinário nesses níveis ou o decréscimo do débito urinario iniciais dos respondedores rápidos, sáo indisp€nsáveis a
com aumento de densidade sugerem uma reanimaçào presença e a avaliação por um cirurgião, üsto que uma
inadequada. A presença dessa situação deve estimular o intervençáo cirúrgica pode ainda se tomar necessária.
médico a aumentar a reposiçáo volêmica € a continuar a
investigaçâo da causa do choque. Resposta Transitória
Os doentes em choque hipovolêmico inicial têm alcalose
respüatória deüdo à taquipnei+ seguida frequentemente Os doentes do segundo grupo, os "respondedores
por acidose metabólica leve, não requerendo trataÍnento. transitórios", respondem à reposição volêmica em bolus
Ertretanto, a acidose metabólica grave pode surgir quando inicial. Enüetanto, eles começam a demonstrar sinais
o choque é severo ou prolongado. A acidose metabólicã de deterioração dos índices de perfusão assim que a
decorre do metabolismo anaeróbio deüdo à perfusáo administração de fluidos inicial é reduzida para taxas
tecidual inadequada e à produçâo de ácido láctico. Sua de manutenção, o que pode indicar reposição volêmica
persistência reflete, habitualmente, uma reanimação inad equ ad-a ou a presença de sangramento ativo persistente.
inadequada ou a presençã de sangramento ativo. Em doentes A maiorparte desses doentes apresenta uma perda sanguínea
em estado de choque, a acidose metabólica é tratada através inicial estimada entre t5% a 40% do seu volume sanguÍneo
da reposiçào de fluidos e sangue, e de intewençôes para {hemorragias classes II ou III). A transfusão de sangue e de
controlaÍ a hemorragia. Os va.lores do lactato e/ou do déficit hemoderivados está indicada, porém o mais importante é
de bases podem ser úteis para determinar a presença e a identificar e reconhecer que esses doentes necessitam de
severidade do choque; a análise seriada desses parâmeEos controle cirúrgico ou angiográÍico da hemorragia. Uma
pode ser utilizada na avaliação da resposta ao trataÍnento. O respostâ Eansitória à administração de sangue idenüfica os
bicarbonato de sódio não deve ser utilizado para o b:-atamento doentes que persistem com sangramento ativo e que exigem
da acidose metabólica decorrente de choque hipovolêmico. rápida intervençâo ciúrgica. Considere também dar início
ão protocolo de transfusão maciça (PTM).
Padrôes de resposta do doente
Resposta Mínima ou Ausente
A resposta do doente à reposição inicial de fluidos é a
chave paÍa a determinàção do tratamento subsequente. A falta de resposta à administraçáo de cristaloide e de sangue
Estando estabelecidos um diagnóstico preLimilar e um na sala de emergência indica a necessidade de htervenção
planejamento terapêutico baseados na avaliação inicia.l, deÍinitira imediata (exemplo: cinugiaou angioembolização)
o médico pode modificar o plano de tratamento de para conüolar uma hemorragia exsanguinante. Em casos
acordo com a resposta de cada doente. A observação da muito raros, uma resposta inadequada pode ser deúda à
resposta do doente à reanimaçào inicial pode identiÍicar insuficiência da bomb4 resultante de traumatismo cardíaco
os doentes cuja perdasanguínea tenha sido maiordo que a fechado, de tamponamento cardiaco ou de pneumotórax
esúmada e aqueles com sangramento aúvo persistente que hipertensivo. O choque náo hemorrágico deve ser sempre
necessitarão de controle cirúrgico de hemorragiaintema. considerado no diagnóstico diferencial nesse grupo de
Os padrões de resposta à reposição volêmica inicial podem doentes {hemorragia classe IV). Técnicas de monitoração
ser diüdidos em três categorias: resposta rápida, resposta avançad4 como a ultrassonograÍia miocárdica são úteis na
üansitoria e resposta mÍntna ou aus€nte. Os sinais vitais e os identiÍicação da causa do choque. O protocolo de üansfusão
protocolos deâboÍdagemparaôs dôentes em cada uma das maciça deve ser iniciado nestes doentes (. aeuna r+).
câtegorias foram destacados preüamente (ver Ta.bela 3-2).
REPOSTÇÀO DE SANGUE
Resposta Rápida

Os doentes deste grupo, denominados "respondedores A decisão de iniciar a transfusão sanguínea baseia-se na
rápidos", respondem rapidamente à reposição volêmica resposta do doente, como descrito na seqão anterior. Os
inicial e se tornam hemodinamicamente normais, náo doentes respondedores transitórios ou não-respondedores
apresentândo mais sinais de perfusão e oxigenação necessitam de transfusào precoce de concentrado de
REPOSICÀO DE SANGUE 55

aquecidas, enüetanto, podem ser aquecidos através da


1,1
passagem por aquecedores de flüdos intravenosos.

I
:âb/* AUTOTRANSFUSAO

Disposiüvos ajustáveis aos tubos de drenagem detóraxque


\''\
r.Ll
jr! § permitem a coleta estéril, a anticoagulaçáo (geralmente
com solução de citrato de sódio e não de heparina) e a
7 retransfusão do sangue drenado, são comercialmente
.F disponíveis. A coleta do sangue para autotransfusãô deve
\/ hemotórax

{ts
ser considerada nos doentes que apresentarem
maciço. Esse sangue normalmente possuipequenos nÍveis
.t, de fatores de coagulação, o que faz com que atransfusão dê
t/ ', plasma e de plaquetas ainda possa ser necessária.
f FIGURA 3-4 Tran5fu5áo ma(iça de hemoderivados em om
doente trêumâtizado.
TRANSFUSÃO MACIçA

hemácias, plasma e plaquetas durante a reanimação Um pequeno gmpo de doentes em choque necessitará de
inicial. transfusão maciça, mais ftequentemente deÍinida como
a transfusão de mais de 10 unidades de concentrado de
SANGUE COM PROVAS CRUZADAS, TIPO hemácias dentro das primeiras 24 horas da admissáo
espEcírrco E TrPo o hospitalar, ou mais de 4 unidades dentro da primeira hora.
A administração precoce de concentrado de hemácias,
O objeüvo principal da b:-a-nsfusão sanguínea é restabelecer a de plasma e de plaquetas, em umaproporção balanceada
capacidade de transporte de oxigênio do volume intrarascular. para eütar a administração excessiva de cristaloides,
Para esse propósito, o sangue com todas as prol'as cmzadas é pode aumentar a taxa de sobrevivência dos doentes.
prefeível porém esse processo de cmzamento completo exige Essa abordagem tem sido denominada de reânimação
aproximadamente t hora na maioria dos bancos de sangue. "balanceada", "hemostática" ou "de controle de danos".
Para os doentes que estabilizam rapidamente, deve ser obtido Os esforços simultâneos para rapidamente controlar
e estar disponível sangue com todas âs provas cmzadas para o sangramento e minimizar os efeitos deletérios da
transfi.rsão, quando houver indicaçào. coagulopatia, da hipotermia e da acidose nesses doentes
Caso o sangue com todas as provas cruzadas não estêja sào extremamente importantes- Um PTM que inclua
disponível, sangue tipo O é indicadopara osdoentes com a disponibilidade imediata de sangue e de todos os
hemorragias exsanguinantes. Plasma tipo AB é utilizado hemoderivados deve estar estabelecido,paraproporcionar
quando plasma semprovas cruzadas for necessário. Para uma reanimação adequada para esses doent€s, pois vastos
, eütar sensibüàção e complicações futuras, sangue tipo O recursos são necessários para disponibilizar essas volumosas
negativo é preferível para mulheres em idade fértil. Assim quantidades de sangue. A administração apropriada de
quedisponível, o usode sangueüpo específico sem provas hemoderivados tem demonstrado melhorar o desfecho
cruzadas é preferível ao uso de sangue tipo O. Uma exceçâo nesse grupo de doentes. Pode ser um desúo identificar
a essâ regra ocoÍre quando várias ütimas não identificadas o pequeno grupo de doentes que irá se beneÍiciar desta
são atendidas simultaneamente, o que implicaem grande estratégia, portanto, vários escores têm sido desenvolvidos
risco de troca inadverlida de bolsas de sangue. para auxiliar o médico na decisão de dar inicio ao PTM,
apesar de nenhum deles ainda ter demonstrado completa
PREVENCÃO DA HIPOTERMIA acurácia. (Ver Escores de Trauma: Revisado e kdiritrico e
Protocolos de Tmnsfirsão Maciça no Tmuma do ÂCS TQIP. )
A hipotermia deve ser evitaà e revertida quando o doente
apresenta-se hipotérmico à admissão hospitalar. O uso de COAGULOPATIA
aquecedores de sangue impoÍtãnte, apesar da sua dificuldade-
é

Amaneiramaisefi cientedepreveniÍ ahipotermiaemqua.lquer Traumatismos e hemorragias severas consomem os


doente que receba reposição maciça de cristaloides e desangue fatores de coagulação e podem Ievar precocemente à
qC
éo aquecimento dos cristaloides a 39 (102,2 eF) antes da zua coagulopatia. Essa forma de coagulopatia está pres€nte em
infrrsão. Isso pode ser conseguido através do arnazenamento até30% dosdoentes traumatizados graves àadmissão, na
dos cristaloides em estufas aquecidas ou através da inÍ.rsâo ausência de uso préúo de medicamentos anücoagulantes.
utilizando aquecedores de fluidos intravenosos. Sangue e Areposição maciçade fluidoscom a resultante diluiçãode
hemoderivados não podem ser armazenados em estufas plaquetas e defatores de coagulaçâo, bem como os efeitos
5ó CAPÍTULO 3 t Choque

adversos da hipotermia na agregação plaquetária e na


cascata de coagulação, contribuem para a coagulopatia ARMADILHA PREVENCAO
nos doentes traumatizados.
As medidas do tempo de protrombin4 do tempo de Perda sanguínea Obtenha uma tistâ de
tromboplastina paÍcial e da contagem de plaquetas, são dêscontrobda pode medicamentos à5sim quê
ocorrêr em doentes possÍveL.
estudos \ràliosos naprimeira hora especialmente nos doentes
quê fazem uso de Administre antídotos assim
com história de coagulopatia ou de uso de medicamentos quê possível
que a.lterem a coagulação sanguinea (Ver tabela de Reversão anticoagul,antes Ouândo disponírel" rnonitore
dos AnticoagrÍantes no Copítulo 6; Traumo de Cránio ). Esses ou antia8regântes a coôgutação ag_ãvés de
exames tambémpodem serúteis no cuidado dos doentes em ptaquetários Íomboelâstogrêfiâ [f EG)
ou de úomboêlâstometria
que não haja informações cúnfiáveis quanto ao seu estado
rotaciorÉt (ROTEH).
préüo de coagr:lação. Testes nos locais de atendim€nto Considere administrar
estão disponíveis em várias unidades de emergência. transfusão de ptaquetês,
A Tromboelastogrúa (TEG) e o Tromboelastometria mesmo com contaSem
Rotacional (ROTElvÍ) podem ser valiosos na d€terminação dê plaquetas dêntro da
noÍmaIidade-
da deficiência de htores de coagulação e dos hemoderivados
apropriados para a correção desta deficiência.
Compticações Ava[ieecompareorisco
Algunslocaisadminisn:drnoácidoü-anêxâmiconoarnbiente
tromboembótrcâs de sângràmento com o
préhospitalarem doentes traurnatizados gràves, ern resposta podem ocorrer âpós rasco de comp[icações
a estudos recentes que demor§ü-âram um aurnento da a administração de tromboembólicas.
sobrevida quando esse medicamento é adrniniitràdo dentro agentes utiLizâdos para Ouando disponíveL, monitore
dasprimeirx 3horas dotraurnÀ Nesses casos,aprimeiradose revêrter medicàmentôs ô coagutâçào com ÍEG ou
ântlcoâgulánte5 ROTEI.,l
égenlmenteadminisrradadmtrodel0minutos enoaÍnbimte
ou antiagre8antes
péhospitala4 adose seguintedelgramaé infr:ndiàdurante ptâquetários.
8 horas. (Ver Guia a Respei a do!-lso dc ÁridoTruexômico no
héawspitolo rya futes Trawndizados.l
Nos doentes que não necessitam de tÍansfusão maciça, a pressão arterial como uma medida direta do débito
o uso de plaquetas, de crioprecipitado e de plasma ftesco cardiaco. A respostapode ser diferente da esperada nos
congelado deve ser guiado por exames laboratoriais, em doentes idosos, aüetas, gestantes, hipotérmicos, emuso
coniurto com os nÍveis de fibrinogênio e com os princípios de medicamentos ou em portadores de marcapasso ou
da reanimaÉobalanceada É importante pontuarque mütos de cardioversores desfibriladores implantáveis (CDI).
anticoagulantes e antiagregantes plaqueuários de ultima
geraÉo não sao detectados através dos exames convenciornis EOUTPARAçÀO DA PRESSÃO ARTERtAL AO
de TP, TTPA, RM ou de contagem de plãquetas. Algurs dos DEBITO CAROIACO
anücoagulantes orais não possuem antídotos.
Doentes útimas de traumatismo craniano grave O tratamento do choque hemorrágico requer a correção
são particularmente suscetíveis as anormalidades de da perfusão orgânica inadequada através do aumento do
coaguiação. Os parâmetros de coagulação devem ser flr:xo sanguíneo para os órgãos e da odgenação tecidual.
monitorados atentamente nesses doentes; a administração O aumento do fluxo sanguíneo demalda um aumento do
precoce de plasma ou de htores de coagu.lação e/ou de débito cardíaco. A lei de Ohm (V = I x A), apLicaà àfisiologia
plaquetas auÍnenta a sobrevida dos doentes que estiverem cardiovascular, estabelece que a pressão sanguínea (V) é
em uso de anticoaguJantes ou de antiagregantes plaque,tSrios. proporcional ao débito cardíaco {l ) e à resistência vascular
(R; pos-carga). Um aumento da pressáo salguínea
sistêmica
REPOSTçÃO DE CÁLC|O pode não equivaler a um aumento concomitante do
débito cardíaco ou da reversão do estado de choque. Por
A maioria dos doentes que recebem u'ansfirsão de sangue exemplo, um aumento dà resistência vas«rlar periférica
não necessita de Íeposição de cá.lcio. Qrando ftlr necess'ária a por meio do uso de vasopressores, sem alteração do débito
admini*-agodecflciodeve serguiadapeladosagemdocalcio cardíaco, resulta em aumento dâ pressâo sanguÍne4 mas
iomzado. Asuplernena@oexcessivadeácio pode sernocila- não melhora a perfusão e a oxigenação teciduais.

IDADE AVANçADA
CONSIDERACÕES ESPECIAIS
No sistema cardiovascular, o processo de envelhecimento
Consideraçôes especiais no diagnóstico e tratamento produz uma relativa redução da atividade simpática.
do choque incluem considerar, de maneira equivocada, Acredita-se que isso se deva a um déficit na resposta
CONSIDERACÕESESPECIAIS 57

dos receptores às catecolaminas, ao invés daredução da o débito cardíaco pode aumentar até 6 vezes, o
produçào destâs. A complacência cardíaca diminui com volume de ejeçáo sistólica pode aumentar em 50olo e
a idade e, ao contrário dos doentes mais jovens, os idosos a ftequência cardíaca em estado de repouso peEnanêce,
são incapazes de aumentar a fÍequência cardíaca ou a em média, em torno de 5O bpm. Atietas altamente
eficiência da contração miocárdica quando submetidos treinados possuêm uma habilidade extraordinária
a uma perda de volume sanguÍneo. para compensar perdas sanguíneas e podem não
A doença vascular aterosclerótica oclusiva faz com manifestar as respostas habifuais à hipovolemia,
que muitos órgãos vitais se tomem extremamente mesmo apresentando perdas significativas de sangue.
sensíveis a reduções, mesmo insignificantes, do fluxo
sanguíneo. Muitos doentes idosos apresentam uma GESTACÃO
depleçáo de volume pré-existente, deüdo ao uso crônico
de diuréticos ou a um estado subclínico de desnutriçâo. Tendo em üsta a hipervolemia fisiológica da gestação,
Porestes motivos, o doente idoso tolera mal a hipotensão toma-se necerrária uma perda sanguínea maior para que
secundária à perda sanguÍnea. Por exemplo, umapressâo se manifeíem anormalidades de perfusão na mãe, as quâis
arterial sistólica de 100 mmHg pode repr€sentaÍ um estado tamtÉm podem se refleú na redução da perflxão fetal. [Ver
de choque em um doente idoso. O uso de bloqueadores Capítllo tz:Trauma na Gestonte e Violên cia Interconjtgal .l
beta-adrenérgicos pode mascarar a taquicardia como
indicador precoce do choque. Outros medicamentos MEDICAMENTOS
podem comprometer a resposta sistêmica ao trauma,
quardo não abloqueiam completamente. Tendo em üsta Medicamentos específicos podem afetar a resposta
aestreita faixa terapêutica para a reposição volêmica no do doente ao choque. Por exemplo, os bloqueadores
idoso, é prudente considerar precocemente a conveniência dos receptores beta-adrenérgicos e os bloqueadores
de uma monitoração hvasiva com o htuito de eütar uma dos canais de cálcio podem alterar signilicativamente
reposiçâo excessiva ou insuflciente de volume. a resposta hemodinâmica do doente à hemorragia. A
A reduçào da complacência pulmonar, a dirninuição da superdosagem de insulina pode ser responsável por uma
capacidade de difusão eaftaqueza geral da musculatura hipoglicemia e pode ter contribúdo para os eventos qu€
respiratória limitam a resposta do doente idoso ao resultaram no úaumatismo. O uso crônico de diuréücos
aumento da demanda de trocas gasosas imposta pelo pode explicar uma hipocalemia inesp€rada e os agentes
traumatismo. Tal fato compromete a hipóxia celular já anti-infl amatórios nâo-hormonais podem prejudicar a
prejudicada pela redução do aporte tocal de oxigênio. agregaçáo plaquetária e aumentaj o sangramento.
O envelhecimento glomerular e tubular dos rins reduz
a capacidade do idoso de preservar o volume como H IPOTE RM IA
resposta à liberaçáo de hormônios de fase aguda, tais
como a aldosterona, as catecolaminas, a vasopressina e o Os doêntes que apresêntam hipotermia e choque
cortisol. Os rins sáotambémmais susceptíveis aos efeitos hemorrágico não respondem como o esperado à
do hipofluxo;e a ação de agentes nefrotóxicos, tais como administração de sangue e hemoderivados e à reposiçáo
determinados medicamentos, contrastes radiológicos e de fluidos. Na hipotermia, a coagulopaüa pode aparecer
produtos tóxicos da destruiçáo celular, pode prejudicar ou piorar. A temperatura corporal é um sinal vital
ainda mais a função renal. importante a monitorado durante a reanimação inicial.
ser
Por todas essas razóes, as taxas de mortalidade e de A temperatura esofágica ou vesical é uma medida clínica
morbidade aumentam diretamente com a idade. Apesar acurada da temperatura central. Um doente vítima de
dos efeitos adversos do processo de envelhecimento, as trauma, sob influência de álcool e exposto a temperaturas
comorbidades decorrentes de doenças pré-existentes, baixas, é mais suscepúvel a apresentaÍ hipotermia em
e a redução geral da "reserva fisiológica" dos doentes resposta à vasodilatação. O rápido reaquecimento em
geriátricos, a maioria desses doentes podem se recuperar ambiente dotado de dispositivos de aquecimento extemo
e retornar ao seu estado pré-trauma. O tratamento d€ve apropriados - lâmpadas de aquecimento; cobertores
começar comuma rêanimação precoce e agressiva, bem térmicos; aquecimento de gases respiratórios, de
como com uma monitoração cuidadosa. (Ver Copítulo liquidos intravenosos e de sangue - g€ralm€nte corrige
tt: Traumo Ge'iátrico .) a hipotensão e a hipotermia leve a moderada. Técnicas de
reaquecimento central incluem a irrigação das cavidades
ATLETAS peritoneal ou torácica com soluçôes de cristaloides a
39 aC 1702,2 eF); para hipotermia severa, a circu.lação
As rotinas de treinam€nto atlético rigoroso alteram extracorpórea está indicada. O melhor tÍatamento para a
a dinâmica cardiovascular nesse grupo de doentes. hipotermia é a sua prevençáo. (Ver Apên dice B: Hipotetmia
O volume sanguíneo pode aumentar de 75 a 2Oo/", e ksões Prwocadas pelo Calor .l
58 CAPíTULO3 r Choque

PRESENçA DE MARCAPASSO OU DE ou choque neurogênico. A reavaliação constante,


CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR IMPLANTAVEL especialmente quando a condiçào do doente está
desviada dos padrões esperados, é a chave para o
Os doentes com marcapasso ou com CDI são incapazes de reconhecimento e o tratamento desses problemas da
responder à perda sanguínea da maneira habitua-I, pois o forma mais precoce possÍvel.
débito cardíaco é diretamente propoÍcional à frequência
cardÍaca. A ftequência cardiaca pode permanecer nâ tâxa
programada do aparelho, independente do estadovolêmico I. U TRABALHO EM EOUIPE
do doente. Em um significativo número de doentes que
apresentam defeitos miocárdicos de conduçào que são Uma das situaçôes mais desafiadoras que a equipe
portadores desses aparelhos, uma forma de monitoração de trauma enfrenta é a abordagem de uma vítima de
adicional pode ser necessária para guiar a reposiçào trauma em profundo estado de choque. O líder deve
volêmica. Muitos aparelhos podem ser ajustados para direcionara equipe de forma calma e decisiva, utilizando
aumentar â ftêquência cardíaca se houver indicação clínica. os princípios do ATLS.
A identificaçâo e o controle das fontes de hemorragia
com a reanimação simultânea envolvem múltiplos
REAVALTAÇAO DA RESPOSTA DO DOENTE
esforços coordenados. O líder da equipe deve assegurar
E PREVENC, ÃO DE COM PLICACÕES que um acesso intÍavenoso seja obtido de maneirarápida
até mêsmo nos casos mais desaÍiadores. A decisão de
A reposição volêmica inadequada é a complicaçâo ativar o protocolo de transfusáo maciça deve ser feita de
mais comum do choque hemorrágico. Os doentes em forma precoce para evitar atríade letal de côagulopatia,
choque necessitam de tratamento imediato, apropriado hipotermia e acidose. A equipe deve estar ciente da
e agressivo para restaurar a perfusão orgânica. quantidade administradade fluidos e de hemoderivados,
bem como da resposta fisiológica do doente, e deve
HEMORRAGIA CONTíNUA realizar os aiustes necessários.
O líder da equipe assegura que as áreas de hemorragia
A principal causa de resposta inadequada à reposição externa esteiam controladas e determina quando realizar
volêmica é a hemorragia oculta ou não diagnosticada. exames adicionais, como radiograÍias detórax e de pelve,
Esses doentes, também classiÍicados como respondedores FAST e/ou LPD. As decisões referentes à necessidade de
transitórios, exigem investigação persistente para cirurgia ou de angioembolizaçào devem ser tomadas
identificar a fonte de sangramento. Uma intervenção da maneira mais rápida possível e os especialistas
cirúrgica imediata pode ser necessária. necessários devem ser consultados. Quando os recursos
necessários não estiverem disponíveis, a equipe de
MONTTORAÇÃO trauma deve providenciar a transferência precoce e
segura do doente para o trãtamento definitivo.
O objetivo da reanimaçãô é restaurar a perfusão orgânica
ea oxigenação tecidual. Esse estado é identificado através
de um débito urinário adequado, do nÍvelde consciência,
RESUMO DO CAPÍTULO
da coloração da pele e do retorno da pressão arterial e dâ
pressão de pulso para valores normais. A monitoração da 1. Choque é uma anormalidade do sistêma circulatório
respostâ à reanimação é realizada de forma ótimaem um que resulta em perfusào orgânica e oxigenaçáo
ambiente em que são utilizadas técnicas mais sofisücadas. tecidual inadequadas.
Para os doentes idosos e para os que apresentam causas
nào hemorrágicas de choque, considere a trãnsferência 2. A hemorragia é a causa do choque na maioria dos
precoce para uma unidade de terapia intensiva ou para doentes tÍaumatizados. O tratamento desses doentes
um centro de trauma. exige o conLrole imediaro da hemorragia e a reposição
de fluidos e de sangue. Interrompa o sangramento.
RECONHECIMENTO DE OUTROS PROBLEMAS
3. O diagnóstico e o tratamento do choque devem
Quando um doente apresenta falha na resposta ocorrer simultaneamente.
terapêutica, as causas podem incluir: sangramento nâo
diagnosticado, tamponamento cardÍaco, pnêumotórax 4. A avaliação inicial do doente em estado de choque
hipertensivo, problemas ventilatórios, perdas 1íquidas requer um exame físico cuidadoso àprocurade sinais
não reconhecidas, distensão gástrica aguda, infarto de pneumotórax hipertensivo, de tamponamento
do miocárdio, cetoacidose diabética, hipoadrenalismo cardíaco e de outras causas de choque.
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TRAUMA TORACICO

O trouma torácico é frequente em politroumotízad,os e apresento quodros com risco de vido se


não identificado rapidamente duronte o ovolioçôo iniciol.
CAPíTULO 4 SUMÁRIO
ÔBJETIVOS

INTRODUCAO

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: LESÕES OUE AI'íEAÇAM A VIDA


. Problemas de Via Aérêa
. Prob[emas de Ventitação
. ProbLemôs de Circutação

AVALIACÀO SECU NDÁRIA


. LesÕes Torácicâs PotenciâLmente Letâis
. Outras Maôifestagôes de Lesóes Toíácicas

TRABALHO EM EOU IPE

RESU MO DO CAPITULO

BIBLIOGRAFIA

OBJETIVOS

Após â t€itura dêste câpÍtuto e a compreensão dos tópicos de potenclalmente fatais durànte a âvatlôção
aprêndlzado do curso ATLS, você estaÉ apto a: sêcundária: pneumotórax slmpl,es, hemotóràx,
tórâx instávêl, contusão putrnonai lesão cardÍaca
ldentificar ê descrevêr o tratamento das contusa, ruptura aórtica trôumática, Lresão
[êsÕes quê ameâçam a vlda durante a avatiaÉo traumátlca do dlafragma e ruptura êsofágica contusa
prhária: obstrução da yia aérêa, lesão da árvore (trauma êchado).
traqueobrônquicâ, pnêumotórax hlpertensivo,
pneumotórâx abeÉo, hemotórax maciço e 5. Descrever a importãncia e tratamento do enfisema
tômponamento cardÍaco. subcutânêo, tesões toráclcâs por esmaSamento e
fraturas do êstêmo, costêlrs e cLavíçuLas.
2. ldentlftcár e descrever o tratâmento das Lesões
& CAPÍTULO 4r Trauma Torácico

.í\ trauma torácico é muito frequente e representa Obstrução da Via Aérea


Í I u-" rmponante causâ de mone, mesmo em
V oo"n,", atenoloos nas satas oe emergencras A obstrução da via aérea pode resultar do edema,
em ambiente hospitalar. No entanto, muitas dessas sangramento ou vômito que é aspirado para a üa aérea,
mortes poderiam ser eütadas, desde que o diagnóstico interferindo na troca gasosa. Vários mecânismos de trauma
das causas que ameaçam a vida do doente fossem podem produzir essas alteraçôes. A lesao laríngea pode
identiÍicadas e tratadas durante o atendimento primário. estar associada a gÍave trauma torácico, ou consequência
Menos de 10% deas lesóes torácicas contusas e apenas de trauma düeto do pescoço ouporcompresssão da cabeça
15% a 30% das lesões torácicas penetrantes requerem clavicular. O deslocamento posterior da cabeça claücular
intervenção ciúrgica. A maioriados doentes que sofrem ocasionalmente leva à obstmção da üa aérea. Já no trauma
trauma torácico pode ser tratada por procedimentos penetrante que compromete o pescoço ou o tórax as lesôes
técnicos simples, treinados
e capacitados durante o curso e as hemorragias podem produzir obstrução. Embora a
do ATI§. Muitos dos princípios descritos neste capítulo apresentação clínica seja ocasiona.lmente sutil, a obstrução
também se aplicam alesões torácicas iatrogênicas, como aguda da via aérea pelo traumatismo laríngeo é uma lesáo
hemotórax ou pneumotórax pós-punçào, para acesso potencialmente fatal (ver CopÍtulo z: Trotomento de Vio
central e lesão esofágica durante a endoscopia. aérea e Y e ntiloçõ,o.)
As consequências fisiológicas do trauma torácico são Durante a ava.liação primária, procure eüdências de
hipoxia, hipercarbia e acidose. Contusáo, hematoma falta de ar, como retraçóes da musculatura intercostal
e colapso alveolar, bem como, alterações nas relações e supraclavicular. Inspecione a orofaringe quanto a
de pressão intratorácica (por exemplo, pneumotórax obstrução por corpo estrarho. Ouça o moúmento do aÍ no
hipertensivo e pneumotórax abertol causam hipoxia narü, bocae ausculte os campos pulmonares do doente.
e conduzem acidose metabólica. A hipercarbia causa
a Ouçao estridorque eüdencia uma obstrução paÍcial dâs
acidose respiratória e, na maioria das vezes, também üas aéreas superiores ou perceba mudança marcante
ventilaçáo inadequada decorrente de alteraçôes nas na qualidade da voz esperada. Sinta se há crepitação à
relações de pressão intratorácica e rebaixamento do palpação da parede anterior do pescoço.
nível de consciência. Os doentes com sinais de obstrução daúa aérea podem
A ava-liação inicial e o tratamento de doentes com ser üatados inicialrnente com a aspiração de sangue ou
trauma torácico consistem na avaliação primária com vômitos da via aérea. Esta manobra, fiequentemente
ressuscitação das funçóes vitais, avaliação secundária é temporária, sendo necessário obter uma úa aérea
detalhada e cuidados definitivos. Como a hipoxia é a definitiva. Palpe à procura de deformidades na região
consequência mais grave de lesão no tórax, o obietivo da articulação estemoclaücular, reduza uma luxaçáo
da intêrvenção pÍecoce é prevenir e corrigila. posterior da cabeça clavÍcular, estenda os ombros do
Lesõesqueameaçamimediatamenteavidadevemser doente para reduzir uma ftatura de clavícúa, pince a
tratadas de formârápida e simples. A maioria das lesões claúcula com uma pinça de Backhaus, com o objetivo de
torácicas com risco de vida pode sertratada com controle aliviar a obstruçáo por compressão extema. A reduçáo
da via aérea, descompressão do tórax com uma agulha, normalmente permanece estável quando o doente é
descompressão digital e drenagem em selo d'água com colocado na posição supina.
dreno tubular. A avaliação secundária deve levar em
conta o histórico do trauma e manter alto índice de Lesão de Arvore Tragueobrônquica
suspeita, para Iesões específicas.
A lesão da traqueia ou de um grande brônqüo é uma
AVALTAÇÀO PRtMÁRtA: condição incomum, mas potencialÍnente fata.l. A maioria
das Iesões da árvore traqueobrônquica ocorre no limite
LESÕES COM RISCO DE VIDA de lpolegada {2,54 cm)dacarina. Essas lesôespodemser
graves e a maioria dos doentes morre no local. Aqueles
Naavaliação primfuia do doente com lesÕes torácicas, que chegam vivos ao hosp itâl têm alta taxa de mortalidade
abordamos inicialmente a via aérea seguida p€la consequente às Iesões associadas, abordagem de via
ventilaçáo e circulação. Os problemas críticos devem aérea inadequad4 ou desenvolvimento de pneumotórax
ser corrigidos à medida que sâo identificados. hipertensivo ou pneumopericárdio hipertensivo.
As desacelerações abruptas, seguidas d€ trauma
PROBLEMAS DE VIA AÉREA contuso, podem produzü ferimentos na intersecção de um
pontofixo comum segmento móvel da áwore brônquica.
É fundamental reconhecer tratar as lesoes graves de
e As explosões geralmente produzem ferimentos graves
vias aéres que põem em risco avida do doente, durante nas interfaces ar-fluido. Trauma penetrante produz
avaliaçáo primária. ferimentos porlaceração direta ou pela energia cinética
AVALTAçÃO PR|MÁR|A: LESÕES COM RISCO DE V|DA 65

I como efeito de cavitação. A intubaçáo pode provocarou doente enquanto o colar for retirado. Olhe, obsewe os
pioraÍ uma Iesão da traqueia ou dos brônquios proximais. moümentos respiÍatórios, veia se estão simétricos. Avalie
Os doentes gera-lmente apresentam hemoptise, enfis€ma se a ventilação está adequada. Escute o tórax avaliando os
subcutâneo cervical, pneumotórax hipertensivo e,/ou sons pulmonares e identifique ruídos adventícios que possam
cianose. A expansâo incompleta do pulmão e uma fístula indicar hemorragia e contusão prÍmonar. Palpe para localizar
aérea de alto débito após a drenagem torácica sugerem uma segmentos dolorosos, crepitaçóes ou deformidades-
lesão Faqumbrônqüc4 podendo ser necessário a colocação O aumento na ftequência respiratória e a mudança no
demais de um tubo toÉcico, para superar este vazamento de padrão dos moümentos da caixa torácica. especialmente
ar significaüvo. (Ver animação doTuboToró.cico no aplicativo a ocorrência de movimentos respiratórios cada vez mais
mwel MyATLS.) A broncoscopia conlirma o diagnóstico. superficiais, consütuem-se em eüdências, às vezes suú,
Se houver suspeita de Iesão traqueobrônquic4 solicite mas indicativos de lesó€s torácicas ou de hipóxia. A cianose
rapidamente a avaliâção de um cirurgião. é um sinal tardio de irsuÍiciência respiratória no doente
O tratam€nto imediato pode exigir a colocação de traurnatizado. A ausência de cianose, entretanto, não implica
uma via aérea definitiva. A intubação de doentes com necessariamente em oxigenaçào tecidual adequada ou em
lesões traqueobrônquicas é frequentemente dificil, via aérea pérvia. As principais lesões torácicas que afetam
devido à distorção anatômicaprovocada pelo hematoma a ventüação e que devem ser reconhecidas e abordadas na
paratraqueal, lesôes orofaringeas associadas e/ou a avaliação primária incluem o pneumotórax hipertensivo,
própria Iesão traqueobrônquica- Poderão ser necessárias pneumotórax aberto (ferida torácica aspüativa) e hemotórax
manobras avançadas da via aérea, como a colocaçáo de maciço. É imperativo que os médicos reconheçam e tratem
tubo endotraqueal com suporte de Íibra óptica após o local essas lesões durante a avaliação primária.
da lesão, ou intubaçáo seleüva do brônquio não afetado.
Nestes doentes, está indicada a abordagem ciúrgica Pneumotórax Hipertensivo
imediata. Em doentes mais estáveis, o tratamento cirúrgrco
daslesões traqueobrônquicas pode ser retardado até que O pneumotórax hipertensivo ocorre quando há a formação
a inflamação aguda e o edema regridam. de um mecanismo "vahrrlado unidirecional" de escape
de ar do pulmão para o espaço pleural (.
ncum+t).Oar
PROBLEMAS RESPIRATóRIOS entra pâra a caüdade pleural sem possibilidade de sair,
colapsando completament€ o pulmáo. O mediastino
O tórax e o pescoço do doente devem ser expostos é deslocado para o lado oposto, diminuindo o retorno
completamente para que se possa avaliar a ventilaçâo venoso e comprimindo o pulmão contralateral. O choque
e os vasos do pescoço. Esta avaliaçâo requer a abertura decorrente desta situação é consequente à acentuada
temporária do colar cervical, neste caso, a imobilização diminuição do retomo venoso determinando uma queda
da coluna cervica.l dever mantida segurando a cabeça do do débito cardíaco, e é denominado de choque obstrutivo.

{
Pulmáo cotabado

Pneumotórãx

I I fIGURA 4-l PneumotóÍax hipertensivo. Uma

I
? .:
fuga de ar de 'válvula unidire(ional' ocorre a partir
do pula-ào ou atíâves dà paÍede toÍáci(à e o dÍ é
Íorçàdo para dentro da (avidad€ toráaica, acabando
por colapsàr o pulmào a{êtâdo.

\reia
,
7 cava
66 CAPÍTULO 4r Trauma Torácico

A causa mais comum de pneumotórax hipertensivo é


âventilação mecânica com pressão positiva em doentes
com lesão dapleuravisceral. No entanto, o pneumotórax
hipertensivo pode representar a complicaçáo de um
pneumotórax simples devido a um trauma penetrante
ou contuso do tórar< no qual nào ocorreu o fechâmento
dalesão do parênquima pulmonar ou após tentativas mal
direcionadas de inseÍção de cateter venoso central, seia
por via subclávia ou jugular interna. Ocasionalmente,
o pneumotórax hipertensivo pode resultar de lesóes
traumáticas da parede torácica seja porque a l€sào constitui
um mecanismo valvular unidirecional, ou porque foi
recoberta, incorretamente, por um curativo oclusivo. O -Õ.
pneumotórax hipedensivo pode também resultar de ftaturas
com grande desvio da coluna torácica. O diagnóstico de
pneumotórax hipertensivo é clínico e resultado do acumulo
I FIGURA 4-2 Des(ompressào diqital. O pneLrmotôràx
hipertensivo pode eer tratado nicralmente ap i(ando rao damente a
de ar sob pressào no espaçopleural. O üatamento nãodeve técnica de detcompressào digità
ser adiado à espera de confirmação radiológica.
Doentes que estão respirando espontaneamente punção e a decompressão não ser bem sucedida. Neste
frêquêntemente manifestam taquipneia e "sênsação caso, a toracostomia digital pode ser uma alternativa
de fome-de-ar" extremos, enquanto doentes vertilados (r rGURA 4-2; ver também Apândice G:Estoçôo Prático
mecanicamente manifestam colapso hemodinâmico. O Ventílação.)
pneumotórax hipertensivo é caracterizado por algunsou A espessura da parede torácica irúluencia a probabüdade
todos os seguintes sinais e sintomas: de sucesso da descompressão pleural com agulha.
Evidências recentes sugerem que uma agulha de 5 cm
. Dor torácica atinge o espaço pleural > 50% das vezes, enquanto que uma
. Sensação de "fome de ar" agulha de 8 cm atinge o espaço pleural >90% das vezes.
. Dispneia importante Os estudos também demonstraram quê â colocação dô
. Desconfortorespiratório cateter napârede anterior do tórax tem eÍicácia média em
. Taquicardia 44% dos doentes. Eüdências recentes apoiam a colocação
. de um cateter (sobre agulha) grande, no quinto espaço,
Hipotensão
iigeiramente anterior à linha medioaxilar. No entanto,
. Desvio da traqueia para o lado contrário da
mesmo com uma agulha de tamanho apropriado o
lesão
. procedÍmento nem sempre será bem sucedido.
Ausência unilateral de murmúrio vesicular
A descompressão com agulhabem sucedida, converte
. Elevaçào do hemitórax sem movimento
o pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax
resprratono
. Distensão das veias do percoço simples. No entanto, existê apossibilidade de subsequente
. pneumotórax como resultado da manobra, então a
Cianose, como manifestaçào tardia
reavaliação contínua do doente é necessária. Após a
Faça uma avaliaçáo respiratóÍia, conforme o descrito descompressão por agulha ou digital, é obrigatório a
acima. A presença de percussão hipersonora, desvio de drenagem torácica em selo d'água.
trâqueia contra-lateral, distensâo dãs veias do pescoço
e ausência de sons respiratórios {murmúrio vesicular) Pneumotórax Aberto
são sinais de pneumotórax hipertensivo. A obtenção
da saturação baixa da hemoglobina pela oximetria de O pneumotórax aberto é provocado por grandes
pulso deve estar presente no pneumotórax hipertensivo. ferimentos da parede torácica que permanecem abertos
Quando o ultrassom estiver disponível, o pnêumotórax e são denominados ferimentos torácicos aspirativos
hipertensivo poderá ser diagnosticado por intermédio (r neuae +t). Nestas condiÇões, o equilíbrio entre as
de exame FAST (eFAST) estendido. pressôes intratorácica e atmosférica é imediato. O ar
O pneumotórax hipertensivo requer descompressão tende passar pelo local de menor resistência, por isto se
imediata e pode seÍ tratado inicialmente inserindo-se a abertura da parede torácica for de aproximadamente
rapidamente um grande cateter sôbre agulha no espaço dois terços do diâmetro dJ tràqueiaou maior, o arpassàÍá
pleural. Devido à espessura variável da parede torácica, preferencialmente pela lesão daparede a cadainspiração.
pode ocorrer diÍiculdades técnicas com o cateter como Porisso, aventilação efetiva é prejudicada, resultando em
torçáo e outras complicaçôes com a descompressáo por hipóxia e hipercarbia.
AVALIACÃO PRIMÁRIA: LESÔES COM RISCO DE VIDA 67

Pulmáo colabado

Pneumotórax

Feridã torácica
aspirativa f FIGURA 4-3 Pneumotóràx Âbêno.

.f Grande5 íerimentos na parede torácica que


mantêm-5e abertos, podem resultar em
)r pneumotóÍax aberto, ou fêrlmento torá(i(o
aspirativo.

Ar a

Geralment€, o pneumotórax abertô é diagnosticado e rl


hatado nacena do üaumapelo pessoal do pré-hospitâlar. Os -1
sinais e sintomas clínicos são dor, dificuldade respiratória,
taquipneia, diminuição dos sons respiratórios e movimento
ruidoso do ar através da parede torácica do lado afetado.
Para o üatamento inicial de um pneumotórax aberto, feche
imediatamente o ferimeRto com um curativo estéril, grande o
suficientemente para sobrepor as bordas da ferida. Qualquer
curativo oclusivo (gaze vaseliaad4 lâmina de p1ástico, etc.)
pode ser usado como medida temporária de modo a permitir
que a avaliaçâo prossiga rapidamente. O ferimento deve ser
coberto com seguança em apenas üês Iados para produzir
um efeito de válnü unidirecional (r FrcuRA /t-4). Quândo o
doente irspira, o curativo ocluiu a ferid4 impedindo a enüada
do ar. Na expiraçáo, o lado que náo está fixado permite o
I tIGURA 4-4 Curativo pârâ Íratâmento do Pneumotórãx Aberto
escape de ar de dentro da caüdade pleural. O vedamento
Cubra imedlatamente o ferimento com curãtivo estéril oclutivo,
de todas as quatro bordas do curativo pode fazer com que
làrqo o sufi(iente parà ultrapassar as bordôs do íerimento. Fixe-o
o ar se acumule na caúdade torácica, resu.ltando em um firmemente em três lados parâ obter o eÍeito dê válvula.
pneumotórax hipertensivo, a menos que um dÍeno torácico
seja irserido. Assim que possível, um dreno de tórâx deve
ser inserido longe do ferimento. Frequentemente o doente
necessitará da recor»truçâo cirurgca da parede torácica. {Ver
ARMADILHA PREVENCÀO
Apâ'rdice G. Eíoçâo kática Ymtilação.)
O pneumotórãx Certifiquê-se de que o
Hemotórax Mâcico hrPertensivo curativo ocLusivo é fechâdo
desenvoLve -se após a em apenas três Lados.
cotocaçào do curativo Tratar o Pneumotórax
O acúmulo maior que 1.500 mL de sangue em um sobre à ferida no tórax com a coLocàçào do tubo
hemitórax é classiÍicado como hemotórax maciço, êberto. torácicô âtrâvés da pêLe
que pode prejudicar de forma significativa o intacta.
esforço respiratório, pela compressáo do pulmão
68 CAPÍTULO 4 ! -..J..a -orác co

impedindo a oxigenação e a ventilaçâo adequadas. de pulso. Os doentes com trauma fechado de tórax estâo
Procede-se com uma drenagem do tórax para melhorar em risco de disfunçâo miocárdica, o que é aumentado
a ventilâção e oxigenação e solicita-se uma consulta pela presença de hipoxia e acidose. As disritmias devem
rapidamente com um cirurgião, prosseguindo-se uma ser tratadas de acordo com os protocolos padrão.
reanimação apropriada. Um acúmulo agudo e maciço
de sangue causa hipotensâo e choque que será discutidô Hemotórar Maciço
adiante neste capÍtulo.
t Í48ÉLÂ +1 mostra as diferentes apresentaçôes do O hemotórax maciço resulta de um rápido acúmulo de
hemotórax hipertensivo e hemotórax maciço. mais de 1.500 ml de sangue, ou um terço ou mais do
volume sanguíneo do doente, na cavidade torácica (r
PROBLEMAS DE CTRCULAçÃO flGuRA +5). É causado, mais comumente, por ferimentos
penetrantes que comprometem os vasos sistêmicos
As principais Iesóes torácicas que comprometem a ou hilares. Contudo pode estar presente também no
circulação e que devem ser reconhecidas e abordadas trauma contuso.
durante a avaliaçâo primária são hemotórax maciço, No doente com hemotórax maciço asveias do pescoço
tamponamento cardÍaco e parada cardíaca por trauma. podem estar colapsadas devido à grave hipovolemia
A atividade elétrica sem pulsos (AISP)é manifestada ou distendidas quando existir um pneumotórax
por um eletrocardiograma (ECG) que mostrã um ritmo, hipertensivo concomitante. Em casos raros, os efeitos
enquanto o doente não possui pulso identificável. Este mecânicos de um hemotórax maciço podem deslocar
quadro pode estar presente no tamponamento cardíaco, o mediastino a ponto de causar a distensâo das veias
pneumotórax hipertensivo, ou hipovolemia profu nda. cervicais. Um hemotórax maciço é diagnosticado pela
Um trauma torácico contuso grave pode provocar associação de choque com ausência de murmúrio
a ruptura dos átrios ou dos ventrículos e a única vesicular e/ou macicez à percussão de um dos
manifestaçáo pode ser AESP. Outras causas de AESP hemitórax.
incluem hipovolemia, hipoxia, íon hidrogênio (acidose ), O hemotórax maciço é tratado inÍcialmente pela
hipocalemia,4eipercalemia, hipoglicemia, hipotermia, reposição do volume sanguíneo e descompressão da
toxinas, tamponamento cardiaco, pneumotórax cavidade torácica, realizadas simultaneamente. Após
hipertensivo e trombose (coronária ou pulmonar). conseguir rápido acesso venoso com cãteter calibÍoso,
Examine a coloração da pele para detectar manchas, inicia-se a infusão de cristaloide e, assim que possível,
cianose e palidez. As veias do pescoço devem ser avaliadas administra-se sangue tipo- e specífico. O sangue
quanto àdistensáo, emborapossam não estar distendidas removido através do dreno de tórax deve ser coletado
em doentes com hipovolemia concomitante. Ouça a em um dispositivo que permita a autotransfusâo.
regularidade e a qualidade dos batimentos cardíacos. Insere-se um único dreno de tórax (ne 28-32 French)
Avalie a frequência, amplitude e regularidade do pulso geralmente ao nível do mamilo, logo anteriormente à
central. Em doentes com hipovolemia, os pulsos distais linha axilar média, simultâneo à reposição rápida de
podem estar ausentes devido à depleçào do volume. volume à medida que se completa a descompressào da
Palpar a pele para avaliar a temperatura e determinar cavidade torácica.5e o volume drenado imediatamente
ou suada.
se está seca for de aproximadamente 1.500 ml, é muito provável
Mensure pressão sanguínea e apressão do pulso e
a que seja necessário uma toracotomia de urgência para
monitore o doente com eletrocardiografia e oximetria o doente.

TABELA,í-l DIFERENCIANDO PNEUMOTORAX HIPERTENSIVO E HEMOTORAX MACICO

srNArs FrStcoS

soNs POSrCÃO VEIAS DO MOVIMENTO


coNDtcAo RESPIRATóRIOS PERCUSSAO TRAOUEAL PESCOÇO TORÁCrcO

Drmrnuidos ou Hiper-timpânico Desviado Drstend dês Expãndrdo


hipêrtensivo

Hemotórax Diminuídos Môciço CentraIizadâ Co[âpsâdâs f'lóvet


mâciço
AVALIACÀO PRIMÁRIA: LEsÕES COM RISCO DE VIDA ó9

Putmão pa rcialmente colabado

Pleura parietal

Pleura visceraI §

\ I Í|GURA a-5 Hemotórax Ma(i(o. Esta condição


Sangue no \ resulta do rápido acúmulo de mais de í-500 mL de
espaço pleu 5angue ou um terço ou mals do volume sanguineo do
doente na côvidade torácica.

t .J

Alguns doentes que apresentam um débito iniciai causa.r o preenchimento do pericárdio com sangue dos
menorqu€ 1.500 mL, mas continuam sangrando, podem grandesvasos ou vasos epicárdicos do coração i. acuRA a.6).
necessitar toracotomÍa- A decisão não é baseada pelo O tamponamento cardÍaco pode desenvolver-se devagar,
volume de sangue que continua drenando por hora (200 permitindo uma avaliaçãô menos urgente, ou rapidamente,
mL/h poÍ 2 a 4 horas), mas sim no estado Íisiológico requerendo diagnóstico e tratamento rápidos. A tríade
do doente. A necessidade persistente de transfusões clínica clássica de sons cardíacos abafados, hipotensão
sanguíneas constitui-se em indicação de torâcotomia. e elevação da pressão venosa, não está uniformemente
Durante a reanimaçáo do doente, para o cálculo da presente emtodos os casos detamponamento cardÍaco. A
reposição total de fluidos: deve se contabilizar ovolume ausculta cardiaca abafada é difícil de se avaliar em uma sala
de sangue perdido imediatamente após a drenagem de reanimação ruidosa e as veias distendidas do pescoço
acrescida do volume que continua drenando a seguir. podem estar ausentes deüdo à hipovolemia. O sinal de
A coloração do sangue {arterial ou venoso) não é um Kussmaul (ou seja, um aumento da pressão venosà com
bom indicador para avaliar a necessidade ou não de inspiração ao respira-r espontaneamente) é uma verdadein
toracotomia. anormalidade de pressâo venosa paradoxal associada ao
Os ferimentos penetrantes da parede anterior do tamponamento. AESP pôde sugerir tãrnponamento cardíaco,
tórax, entre as linhas dos mamilos ou posteriores e porém pode ter outras causas, como explicado anteriormente.
mediais às escápulas devem alertar o médico para a O pneumotórax hipertensivo, particularmente no Iado
eventual necessidâde de toracotomia, pela possível esquerdo, pode imitar o tamponamento cardíaco. Devido
Iesão dos grandes vasos, das estruturas hilares e à semelharça em seussinais, o pneumotórax hipertensivo
do coraçâo, com risco potencial de tamponamento pode inicialmente ser confundido com o tamponamento
cardiaco. A toracotomia não dev€ ser indicada se não cardiaco. A presença de hiperresonância na percussào
houver um cirurgião qualificado presente. indica pneumotórax hipertensivo, enquanto apresença de
sors respiratórios bilateràis indica tamponÀmento cardíaco.
Tamponamcr*o Cardíaco A avaliação ultra-sonográfica orientadapara o trauma
(FAST) é um método rápido e preciso de imagem do
O tamponamento cardÍaco é acompressào docoraçãopor coração e pericárdio que pode efetivamente identificar
um acúmulo de líquido no saco pericárdico. Isso resulta tamponamento cardíâco.
em diminuição do débito cardíaco devido à diminuiçáo A acurácia do FASTvaria de 90-95% na identificação da
do fluxo de entrada para o coração. O saco pericárdico presença de líquido no saco pericárdico parao operador
humano é uma estrutura fibrosa fixa e uma quântidãdê experiente (VervÍdeo FÁ§Ino aplicativ o méNeIMyATIS).
relativamente pequena de sangue pode restringir a O hemotórax concomitante pode explicar os exames
atiüdade cardíaca e intederircomo enchimento caÍdíaco. falsos positivo e falsos negativo. Lembre-se de que o
O tamponamento cardÍaco mais comumente resulta tamponamento podese desenvolver a qualquer momento
de Iesões penetrantes, embora lesões conrusas possam durante a fase de reanimaçáo e repetir exames FAST
pode ser necessário. Médicos com experiência em
70 CAPíTULO 4 r Trauma Torácico

n r I

I I
3d 7d
Saco "
A BPericárdico C
a FIGURA4-6 Tamponamento Cârdiã(o. A. Cora(ão noí.ôê . B. Tamponàmento cardiaco pode ser(aUsado por fer mento penetrante e trô!rÍra (ontu50
do coraçào, vasos da ba5e e vatog peri(ardicog que permitem o saco peí (árdio se encher de sêngue. C, U trassom: mostràndo um tamponamenlc aardraco

ultra-sonografia também podem avaliar a disfunção cârdÍaco, herniaçào cardíaca e contusão miocárdica
miocárdica e o preenchimento v€ntricular. grave. Devemos considerar que um evento cardÍaco pode
Métodos adicionais de diagnóstico de tamponamento ter sido a causa e portanto preceder o evento traumático.
cardíaco incluem ecocardiografia e/ou janela A parada circulatória é diagnosticada pelos achados
pericárdica, o que pode ser particularmente útil quando clínicos (vítima inconsciente e sem pulso) e requer ação
FAST não está disponível ou é duvidoso. imediata. Cada segundo conta, e não deve haveratraso no
Quando o Líquido pericárdico ou o tamponamento monitoramento de ECG ou ecocardiografia. Evidências
sáo diagnosticados, a toracotomia de emergência ou recentes mostram que alguns doentes em parada
a esternotomia devem ser realizadas por um cirurgião circulatória traumática podem sobreviver (1,9%) se RCP
qualiÍicado o mais rápido possível. A administraçáo fechada e reanimação apropriada forem realizâdas. Nos
de volume aumentará a pressão venosa do doente e centros que utilizam a toracotomia de reanimação, foi
melhorará o débito cardíaco transitório, enquanto os relatada mais de 10% de sobrevivência em doentes com
preparativos são feitos para a intervenção cirúrgica. Se parâda ciÍculatória após trauma penetrante e contuso.
a cirurgia não for possível, a pericardiocentese pode Comece a RCP fechada simultaneamente com o
ser utilizadã como teÍapêutica, mas náo constitui um trâtâmento do ABC. Garânta uma via aérea deÍinitiva
tratamento definitivo para o tamponamento cardíaco com intubação orotraqueal (sem indução assistida por
Quando a pericardiocentese subxiíoide é utilizada drogas). Execute a ventilação mecânica com 100% de
como manobra temporizadora, é ideal o uso de um oxigênio. Para descomprimir um possível pneumotórax
cateter de tubo grande, ou da técnica de Seldinger, hipertensivo, realize toracostomias digitais ou drenagens
para inserção de um cateter flexível, mas a prioridade torácicas bilaterais. Nào é necessária anestesia local, pois
urgente é aspirar o sangue do saco pericárdico. Como o doente está inconsciente. Monitore continuamente
as complicações são comuns com técnicas de inserçáo o ECG e a saturaçào de oxigênio e comece a reposiçào
cega, a pericardiocentese deve representar uma medida volêmica rapidamente por veias de grande calibre ou
de salvamento de último recurso, em ambiente acesso intraósseo. Administre epinefrina (1 mg) e, se a
onde nenhum cirurgião qualiÍicado está disponÍvel fibrilação ventricular estiver presente, trate-a de âcordo
para realizar uma torâcotomia ou esternotomia. A com ôs protocolos de ACLS (Advanced Cardiac Life
orientação por ultrassom pode facilitar a inserçáo Support).
precisa do cateter de tubo grande no espaço pericárdico. Conforme a política Iocale a disponibilidade de uma
equipe cirúrgica habilitâdâ para tratar estas Iesões,
Parada C ircutatória Trâumática pode-se indicar a toracotomia de reanimação, caso não
ha,a retorno da circulação espontânea (RPE). Se não
Os doentes traumatizados que estáo inconscientes e houver cirurgião disponÍvel para realizar a toracotomia
não têm pulso, incluindo AESP (como observado em e o tamponamento cardÍâco for diagnosticado, ou
hipovolemiaextrema), Íibrilaçáoventricular e assistolia aindã altamente suspeito, pode ser realizada uma
(parada cardíaca verdadeira), são considerados em pericardiocentese de agulha descompressiva, de
parada circulatória. As causas da parada circulatória preferência guiada por ultrassom.
traumática incluem hipoxia grave, pneumotórax . FIGURA it-7 apresenta um algoritmo para o tratamento
hipertensivo, hipovolemia profu nda, tamponâmento da parada circulatória traumática.
AVALIACÀO PRIMÁRIA: LESÔEs COI'4 RISCO DE VIDA 7I

Parada clrcuLtória tÍasmaücâ (panrtr.nt. or, conüE.) a.rn pulto


RCE - Reto.no
sâLa dc cirurSiô Equ pê de trauma alêrtàdà pelo dêspacho médico da ci.cutação
com cirurtiào esPontáneâ
Prês€ntê
.2 manutos
RCP fêched. em progresso
mândâtórios
(Viâ âéaêâ. compresiôes cardíàcas externas,
lntub.çao o,otrequeat. l00tú de orltên;o.
acêsso lV ou lO, fluídos. ôd.cnôUna

Íaatamêmo
u.rJaat
sem RCE

Dêscompresgào Drenos de
RCE
torácica bitâterà[ tórax

Sem RCE

.5 Íorecotômiâ ânterôlàterá[ ê
minutos peracàrdiotomiá verticaI

Lesào càrdíàca Hipovolêmia sêverà

.Rêduçào dâ [esào cardíaca Íóíar AbdómeÍr


.Liberação do tamponamento {pedÍcuto putmonar
.Reparo no ferimento cardlaco vô50s mediàstinàis)

Hemostâsê (ctampeômento) Compressão dâ


aorte descendente

Contrnuê a RCPatravés dàs [inhas dosSíavesvasos

Parada cardÍaca

RCE Massagem cardíôca iôterna e/ou choque etétrrco interno

TrutarDGnto Óbito 1apór 50 min dc RCP) . tGmp > 53'C


uaud

I FIGURA 4'7 Algoritmo para o lratâmênlo dá parâda (ir(ulátóriâ traumática. ECIú = massãgem cardiâca e)iterna; OTI = ntuba-cào
orotraqueal; IVL=linhê ntravenoSà; OL= inhà ntràósseà.
72 CAPíTULO 4r Trauma Torác co

Pneumotórax simples
AVALIACÀO SECUNDÁRIA
Hemotórax
A avaliação secundária em doentes com trauma torácico Tórax instável
envolve exame físico cuidadoso, monitoramento contínuo
Contusão pulmonar
do ECG e da oximetria de pulso, gasometia arterial,
radiografia de tórax em posição supina desde que nào haia Trauma cardiaco contuso
suspeita de instabilidade da colunavertebral e tomogrúa Ruptura traumática da aorta
computadorizada de tórax (CT)em doentes selecionados
com suspeita de lesão na aorta ou da colunâ vertebral. Lesáo traumática do diafragma
Na radiograÍia de tórax devemos avaliar a expansão Ruptura esofágica no trauma contuso
pulmonar, apresença de derrames, bem como a presença
de alargamento do mediastino, desvio da linha média
e perda de detalhes anatômicos. Fraturas de costelas Pneumotórax SimpLes
multiplas e particularmente as fraturas da primeüo ou
segundo arco costal sugerem que o tórax e os tecidos O pneumotórax resulta da entrada de ar no
adjacentes foram submetidos a uma força significativa. espaço virtual entre a pleura visceral e a parietal
Deve ser realizado exame doFASTestendido (eFAST)para (. FrcuRÂ +8). Normalmente, a cavidade torácica está
detectar pneumotórax e/ou hemotórax. Entretanto outJas completamente preenchida pelo pulmão, mantido em
Iesões potencialmente fatais não são bem úsualizadas pelo íntimo contato com a parede torácica por uma tênsâo
ultrassom, tomando a radiografia de tórax uma ferramenta superficial existente entre as superfícies pleurais. A
necessária na avaliação de um traumatizado (Ver Apêndice presença de ar no espaço pleural rompe a força de
G; Estaçôo Prática B Ventilaçôo ). âdesâo entre as pleuras visceral e parietal, permitÍndo
o colapso do pulmão. Isso resulta em alteração na
FERIMENTOS COM POTENCIAL RISCO À VIDA ventilação/perfusão, porque o sangue que perfunde
áreas não ventiladas não é oxigenado.
Ao contrário das condiçôes imediatamentê fatais Tanto o trauma penetrante como o contuso podem
que sâo reconhecidâs durante a avaliação primária, causar pneumotórax. A laceração pulmonar com
outras lesôes potencialmente letais geralmente não vazamento de ar é a causa mais comum de pneumotórax
são óbvias no exame físico inicial. O diagnóstico requer após um trauma contuso.
um alto índice de suspeita e o uso adequado de exames Realize um exame físico detalhado do tórax quanto a
complementares. Se não diagnosticadas podem ievar equimoses, laceraçôes e contusóes. Avalie o movimento
a complicaçôes importantes ou até a morte. da parede torácica e avalie e compare o murmúrio
As oito lesôes potencialmente letais que devem ser vesicular em ambos os lados. Na presença de um
identiÍicadas e tratadas durante a avaliação secundária pneumotórax, o murmúrio vesicular está diminuído no
são: Iado afetado e apercussão demonstra hipertimpanismo.

fâmada rnuscular Gordura Pele

L
T

t
I

ü I

r+Jff,rÊ.lr

fl -,À.
I

rI visceral parietãt

I FIGURA 4-8 Pneumotórax simples. Resu tante da entÍada de aÍ no potencia espaço entre as pleurar visceral e parietâ|.
AVALIACÃOSECUNDÁRIA 73

O hipertimpanismo é muito difÍcil de ser observado em também serve de modo significativo como método de
sala de emergência movimentada. monitoraçào do sangrâmento. A drenagem de sangue
Uma radiografia de tórax ântero-p o ste rior, em ou líquidos contidos na pleura permite também uma
expiraçáo, pode auxiliar no diagnóstico. Doentes com avaliaçáo mais precisa de potenciais lesóes diafragmáticas.
tÍauma contuso não são candidatos para essa avaliação, Embora muitos fatores este.iam envolvidos na decisào
porém nos traumas penetrantes pode ser útil. de operar ou não um doente com hemotórax, os mais
Todopneumotórax é melhor tratado com a inserçào de importantes são o estado Íisiológico do doente e o
um dreno de tóraxno quarto ou quinto espaço intercostal, volume de sangue eliminado pelo dreno de tórax.
Iogo anteriormente àlinha axilar média. A observaçâo e Como conduta normativa, a exploração ciúrgica deve
a aspiração de um pneumotórax assintomático pode ser ser considerada sempre que a drenagem inicial for
apropriada, mas a escolha deve ser feita por um médico igual ou maior que 1.500 mL de sangue, ou quando a
qualificado;caso contrário deve ser realizadaa drenagem drenagem for maior que 200 mr,& durante 2 a 4 horas
torácica. Após a inserção de um dreno de tórax e sua ou quando há necessidade de transfusão contínua de
adaptação a um sistema de selo d'água com ou sem sangue. A decisão final para realizar uma toracotomia
aspiração, é necessário um novo raio-X de tórax para de emergência é o estado hemodinâmico do doente.
conÍirmar a re-expansão pulmonar. Os doentes vítimas
de pneumotórax traumático ou que tenham risco de
desenvolver um pneumotórax no trans-operatório, não
ARMADILHA PREVENCÀO
devemser submetidos a anestesia gêral ou aventilação
Hêmotórax retido Assegurar â colocação
mecânica com pressão positiva, até que tenham seu
àdequadê do tubo torácico
tórax drenado. Em casos selecionados, por exemplo,
ConsuLtar o ciruEião.
quando um "pneumotórax subclínico" (ou seja, oculto)
for diagnosticado, a equipe de trauma pode optar pela
observaçáo cuidadosa do doente quanto a sinais clínicos
de expançáo do pneumotórax. A abordagem mais segura Tórax lnstável" e Contusão Putmonar
é colocarum dreno torácico antes que um pneumotórax
hipertensivo possa se desenvolver. O tórax instávêl ôcorre quando um segmento da parede
Doentes com pneumotórax que necessitem de torácica não tem mais continuidade óssea com o resto
trãnsporte aéreo, também devem ser drenados da caixa torácica e geralmente é consequente a um
previamente, mesmo em cabines pressurizadas. traumâ que provoca múltiplas fraturas de costelas, ou
seja, duas ou mais fraturas em dois ou mais lugares,
Hemotórax embora também possa ocorrer quando háuma separação
costocondral de uma única costela do tórax {r 66t RÂ ç91.
Hemotórax é definido quando o derrame pleural tem Uma contusão pulmonar é uma Iesão no pulmào
sangue acumulado na cavidade pleural (<i.500 mL). A causada por um trauma torácico. Sangue e outros
causa mais comumde hemotórax é a laceração pulmonar fluidos acumulam-se no tecido pulmonar, interferindo
ou a mptura de umvâso intercostal ou da artéria mamária na ventilação e levando potencialmente à hipoxia. A
interna, consequente tanto ao trauma penetrante quanto contusão pulmonar pode ocorrer sem fratura de costela
ao trauma contuso, As fiaturas de coluna tôrácica também ou no tórax instável, particularmente em doentes
podem Ievar ao hemotórax. Geralmente este sangramento jovens sem costelas completamente ossificadas. As
é autolimitado e não necessita de tratamento cirúrgico. crianças tôm a parede do tórax muito mais flexivel do
Exponha as áreas cervicais e torácica e observe o que os adultos e podem sofrer contusôes e outras lesôes
movimento da paÍede torácica. Olhe porl€sôespenetrantes no tórax interno sem fraturas de costeia.
na parede torácica, incluindo a parte posterior do tórax. Nos adultos, as fraturas de costelas estão
Avalie e compare o murmurio vesicular em ambos os frequentemente associadas à contusão pulmonar, sendo
hemitóraces. Normalmente, é difícil ouúr
diferenciar e a causa potencialmente mais comum de letalidade.
o som claro pulmonar da percussáo no lado normal em A insuficiência respiratória resultante pode ser de
relação ao lado afetado, contralateral. Obtenha uma instalação insidiosa, desenvolvendo-se ao longo do
radiografia de tórax com o doente em posição supina. tempo, ao invés de ocolrer instantaneamente. A reserva
Uma pequena quantidade de sangue será identiÍicada ventilatória limitada pode predispor doentes idosos a
como uma opacidade homogênea no lado afetado. insufi ciência respiratória precoce.
O hemotóÍax agudo suÍiciente para aparecer no raio-X Um segmento instável da parede torácica pode não
de tórax deve sertratado com um dreno detóraxdegrosso estar aparente no exame físico inicial, particularmente
calibre (n" 28 ou 32 French). O dreno de tórax remove logo após o trauma. O esforço respiratório diminuído,
o sangue, diminui o risco de formação de coágulos e combinado com contusão e atelectasia, podem Iimitar
74 CAPíTULO 4t Trauma Toráclco

!
A B

f FIGURA 4-9 Tóíâx lnstávêI. A presença de um seqmento de torax


instável resu ta em ruptura do movimento normêlda parede torá(icà
A. Tórax instável com múltiplat Íraturas de costelas. B. Íórâx instáve
pelà separaçâo costocondral. C, Raio x tiríp es Ínostíando trauma
torácico asso(iado a íraturàs de costelas múltiplas. Um segmento dâ
parede toíá(ica não possui continuidade ó5seê corn o rêsto do gíàdio

o movimento da parede torácica. Musculatura espessa crônica e insuficiência renal, ãumentamaprobabüdade da


da parede torácica também pode Iimitar a visualização necessidade da intubação precoce e ventilação mecânica.
do movimento anormal do tôrax. Se a lesão resultar O tratamento deÍinitivo do tórax instável e da contusão
em contusão pulmonar subiacente significativa, pode pulmonar envolve assegurar uma oxigenaçào adequada,
ocorrer uma hipoxia grave. A limitaçáo do movimento administração criteriosa de fluidos e analgesia adequada
da parede torácica, associado à dor e contusão pulmonar para melhorar a ventilaçáo. A estratégia do tratamento
subjâcente pode provocar a insuÍiciência respiratória. deÍinitivo pode mudar com o tempo a depender daresposta
A obsewação do movimento respiratório anormal e do doente, garantido pelo monitoramento cuidadoso e
a palpâção quanto a crepitação e fraturas de costela ou reavaliação sistemática.
cartilagem podem ajudar o diagnóstico. Uma radiografia A analgesia pode ser alcançada com sedativos
de tórax pode sugerir fraturas de costela múltiplas, mas intravenosos ou anestesia local, que evita a possível
pode não mostrar separação costocondral. depressão respiratória comum durante a analgesia
O tratamento inicial do tórax instável e contusão sistêmica. As opçóes para administração de anestésicos
pulmonar incluem a administraçào de oxigênio locais incluem bloqueio intermitente do nervo intercostal
humidificado, ventilaçáo adequada e reanimaçáo e anestesia percutânea intrapleural, extrapleural ou
parcimoniosa de fluÍdos. Na ausência de hipotensão peridural. Quando usado corretamente, os agentes
sistêmica, administração de soluçôes intravenosas de
a anestésicos locais podem fomecer analgesia excelente e
cristaloides deve ser cuidadosamente controlada, para evitar a necessidade de inrubação. No entantô, aprevenção
evitar a sobrecarga de volume, o que pode comprometer da hipóxia é de suma importância para os doentes com
ainda mais as trocas gasosas do doente. trauma e um curto período de intubação e ventilação
Doentes com hipóxia significativa (isto é, PaOr<60 mmHg podem sernecessários. Uma avaliação cuidadosa do Índice
[8,6 kPa] ou SaOr<90%), em ar ambiente, podem exigir de trocagasosa do doente, saturaçâo arterial de oúgênio e
inrubaçáo e ventilação na primeira hora após o trauma. do trabalho respiratório indicará o tempo adequado para
As doenças préüas associadas, como doença pulmonar intubaçào e ventilaçào, caso seja necessária.
AVALTAçÃOSECUNDÁR|A 75

pelo eletrocardiograma. Os doentes com contusão


ARMADILHAS PREVENCAO miocárdica diagnosticada através das anormalidades de
condução apresentam riscos de desenvolver arritmias
5ubestimôr o Monatore a satuaâção arteraaL. súbitas e devem sermonitorados nas primeiras 24 horas
efeito da contusão Monitorê ã capnografia após o trauma. Após este período, o risco de arritmias
putrnonâr CorreLâcione com a
súbitas parece decrescer substancialmente, em funqão
gasometrla.
Monitore a Íespiraçào disto, nos doentes sem alterações eletrocardiográficas
lntube, se necessário podemos dispensar a monitorização.
Administre sotLrçào cristaLoide
judiciosamente. Ruptura Traumática de Aorta

A rupturâ aórtica traumática é causa comum de morte


súbita após colisôes de automóveis ou quedas de grande
Trauma Contuso Cardíaco altura. Se o doente sobreüve ao evento inicial, a reanperação
costuma ser possível desde que a ruptura aórtica seja
Umarecente reüsào da Iiteratura demonstra que 50% dos identificada e tratada precocemente. Os doentes com
traumas cardíacos contusos (TCC) foram relacionados ruptura traumática de aorta, potencialmente tratáveis,
a acidentes de veÍculos motorizados, seguidas de costumam teruma ruptura incompleta perto do ligamento
atropelamentos, acidentes de moto e, em seguida, a arterioso daaortâ. A manutenção da integridade da camada
quedade alturas superiores a 6 metros (20 pés). O trauma adventÍcia, ou o hematoma mediastinal contido, previnem
cardíaco contusopode resultarem contusão do músculo exanguinaçao e a morte imediata (. trcuna +10).
cardíaco, ruptura de câmaras cardÍacas, dissecção e/ou O sangue pode sair para o mediastino, porém uma
trombose das artérias coronárias ou lacerãção vah'u1ar. característica comum a todos os casos que sobreúveram
A ruptura da câmaracardíaca manifesta-se tipicamente é que eles possuem um hematoma contido. Hipotensáo
por tamponâmento cardíaco e deve ser reconhecida persistente ou recorrente àerúnente é consequência de dois
durante a avaliação primária. No caso de uma ruptura pontos de hemorragia separados ainda não identificados.
atdal, entretanto, ocasional-rnente os sinais e sintomas de Embora a ruptura liwe de uma lesão completa da aorta
tamponamento podem surgir lentamente. A utilizaçào no hemitórax esquerdo não ocorra e possa evoluir com
precoce do FAST pode facilitar o diagnóstico. hipotensão, geralmente é fatal, a menos que a equipe de
Os membros daequipe de trauma devem considerar a trauma possa repará-la em poucos minutos.
importância do TCC. Doentes com contusáo miocárdica
podem queixar-se de desconforto torácico, embora tais
queixas se)am comumente atribuídas a contusões da I
parede torácicaou afraturas do esterno e/ou das costelas.
urà aortica
O diagnóstico definitivo de contusáo miocárdica pode
ser estabelecido apenas através da inspeçãô direta dô
miocárdio. Os sinas e sintomas relevantes clinicamente
da contusão miocárdica sáo a hipotensão, ârritmiâs âô r
exame eletrocardiográfi co ou aiterações da contratilidâde
da parede miocárdica vistas nâ ecocardiografia
bidimensional. As alterações eletrocardiográficas sâo
variáveis e podem até indicar um infarto miocárdico
evidente. Os achados eletrocardiográficos mais comuns
sào extra-sÍstoles ventriculares múltiplas, taquicardia
sinusal inexplicada, fibrilação atrial, bloqueio de ramo
(geralmente direito) e alterações do segmento ST. A
elevação da pressão venosa central, na ausência de
uma causa óbvia, pode indicar disfunção ventricular
direita secundária a contusão. Não deve ser desprezado
apossibilidade do evento traumático ter sido provocado
por um episódio de isquemia miocárdica. I ÍIGURA 4.Í0 Ruptura Aórti(â. A rupturâ tíaumática dê âorta ê

As troponinas cardÍacas podem diagnosticar o infarto uma (aura comum de morte súbita apos acidente automobi{istico
do miocárdio. Entretanto, seu uso no diagnóstico de ou quedâ de grande altura. Manter um êlto índi(e de suspeita
lesão cardíaca contusa é inconclusivo e não oferece diante de uma higtóriÀ de desâcê1êràção brusca e (ôracterkticê9
informação adicional além daquela disponivel encontradas nês radiogÍafiar de tórax.
76 CAPÍTULO 4r Trauma Torácico

Sinais e sintomas específicos de ruPtura de aorta cimrgião de trauma pode orientar melhor quais os exames
estão ftequentemente ausentes. Além da forte suspeita diagnósticos são necessárrios para cada caso.
despertada pelacinética do trauma em que ocorrauma Os contÍoles da frequência cardíaca e da pressào arterial
desaceleração abrupta, associado ao âchado de sinais podem diminuir a probabüdade de ruptura. A dor deve
radiológicos, naradiografia simples de tórax, reforçam primeüaÍrente ser controlada com analgésicos. Se náo
a suspeita. Os achados radiológicos, que podem ou não existirem contra-indicações, recomenda-se o controle da
estarpresentes e apontam para a possibilidade da lesão fiequência cardíaca com um beta-bloqueador de ação orrta
aórtica, são: para marter a frequência cardíaca menor que 80 batimentos
por minuto (BPM ) e controle de pressão arteria.l média entre
. Alargamento do mediastino 60 a 70 mrn Hg, como meta. Caso o betabloqueador esmolol
. Obliteração do botáo aórtico não for suficiente ou contra indicado,pode-se utilizar uma
. Desvio da traqueia para a direita droga bloqueadora dos canais de cálcio (nicardipina); se
isso falhar, nitroglicerina ou nitroprussiato podem ser
. Rebaixamento do brônquio-fonte esquerdo
cuidadosamente adicionados. A hipotensão é uma contÍa
. Elevação do brônquio-fonte direito indicação óbvia a esses medicamentos.
. Obliteração do espaço entre a artéria pulmonal Um cirurgião qualincado e experiente deve acompanhar
e a aorta {apagamento da janela da artéria e assistir os doentes com lesão traumática da aorta e
pulmonar)
auxiliar no diagnóstico. O tratamento ciúrgico da lesão
. Desvio do esôfago (sonda nasogástrica) para a envolve ressecção e reparo do segmento lesado ou, em
direita casos selecionados o, reparo primário da lesão que é
. Alargamento da faixa paratraqueal pouco ftequente. O reparo endovascular é a opçáo mais
. Alargamento das interfaces para-espinhais comum para abordar a lesão aórtica e tem excelentes
. Presença de um derrame extrapleural apical resultados a curto prazo. Um acompanhamento criterioso
deve ser realizado após a a.lta do doente para identiÍicar
. Hemotórax à esquegda
complicaçôes ao longo prazo.
. Fratura do primeiro e segundo arcos costais ou A transferência dos doentes com suspeita de ruptura
da escápula
traumática da aorta não deve ser retardada, pois pode
Estes achados radiológicos podem se apresentar como ocorrer ruptura livre do hematoma contido e morte
informaçôes falso-positivas e/ou falso-negativas, porém rápida por exanguinação. Todos os doentes com
raramente {1% a 13%) náo serão encontrados achados mecanismo de lesãoe achados simples de raios X detórax
anormais nas radiografias simples de tórax na presença sugestivos de ruptura aórtica devem ser transferidos
de lesões de grandes vasos. Caso haja a mínima suspeita para uma instituição capaz de realizar o diagnóstico
de lesão traumática da âorta, o doente deve ser avaliado rápido e o tratamento desta Iesão potencialmente letâl.
em um ambiente onde existam condições de confirmar
o diagnóstico e tomar as medidas terapêuticas cabiveis. Ruptura Traumática do Diafragma
A tomografia computadorizada helicoidal do tórax
tem-se mostrado atualmente como um método de grande A ruptura traumática do diafragma é mais comumente
acurácia para triagem dos doentes com suspeita de lesào da diagnosticada do lado esquerdo, ta.lvez porque o fígado
aorta torácicâ. A tomografia computadorizada helicoidal oblitere o defeito ou proteja o lado direito do diaftagma,
do tórax é mandatória, porque os achados daradiografia enquanto podemos detectar a presença do intestino,
simples do tórax, especialmente em posição ortostática o estômago e a sonda nasogástrica com facilidade
náo são confiáveis. Quando os resultados datomogrúa no lado esquerdo do tórax. O trauma contuso produz
são duüdosos ou inconclusivos, deve ser reüzada uma rupturas radiais grandes que Ievam ahemiação (. FTGURA
aortograÍia. Habitualmente o doente qu€ se encontra +11). Enquanto o trauma peneüânte produz perfrrrações
hemodinamicamente anormal náo deve sersubmetido a pequenas que podem permanecer assimtomáticas por anos.
tomografia. A sensibilidade e especificidade da tomograÍia As lesões diafragmáticas, fiequentemente, náo sáo
helicoidal contrastada é de 100%, resultado dependente diagnosticadas inicialmente, face â interpr€taçóes
da tecnologia. Se a tomograÍia helicoidal do tórax não equivocadas dos achados da radiograÍia simples do
identificar presença de rupturade aoda e hematoma do tórax como elevação de cúpula diafragmática distensão
mediasüno, não é necessária nenhuma outra investigação gástrica agud4 hemopneumotórax loculado ou hematoma
de imagem subsequente. Caso atomografiaseia positiva subpulmonar. Se houver suspeita de uma ruptura do
para ruptura de aorta por úauma conruso, a extensâo hemidiafragrna esquerdo, deve-se inserir uma sonda
da lesão pode ser melhor avaliada pela aortografia. A nasogástrica. Quando a sonda nasogástrica aparece na
ecocardiogrúa úans-esofágica também parece ser útil cavidade torácica ao raio-X de tórarÇ toma-se desnecessá,rio
por ser uma ferramenta diagnôstica menos invasiva. O o estudo conüastado. Ocasionalmente o diagnóstico não é
AVALIACÃOSECUNDÁRIA 77

Putmão

I {il
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I Iú!.j*.M B

LT \
lriêtc.!IrÁ: Conteúdo
aMominaI

r tlcuRÁ +'tl Ruptura Daaíragmáü@. A.


Traumã contu5o píoduz grandeí lêsões radiais quê
Hémiô
permitem hernia(ão, poroutro ladoosÍerimento5
DiafÍôgma penetíântês produzem pequenas perf urações.

A
IFFrrr{{I r que deroram ate aros para desenvolver he,nras
diafíagmáticar. B. Ràdiogràíia de tórax.

feito pelo estudo radiográfico inicial ou CT. Se o diagnóstico diagnóstico, que ftequentemente pode ser confirmado
não estiver claro, deve-se realizar um estudo contrastado por estudos contrastados e/ou esofagoscopia.
do trato gastrointestinal. A saÍda, pelo dreno de tórax, do O tratamento indicado para ruptura de esôfago é a ampla
líqúdo usado na lavagem peritoneal, também conÍirma o drenagemdo espaço pleura] e do mediasüno com sutura
diagnóstico. Procedirnentos endoscópicos minimamente primária da lesão. Quando realizada nas primeiras horas
invasivos (toracoscopia) podem ser úteis na avaliação do após o tÍauma, aco[eção ciúrgicatem umprognóstico
diafragma quando persiste a dúüda diagnóstica. mais satisfatório.
Frequentemente a ruptura do diafragma é descoberta
durante uma intervenção motivada por outra lesão ouTRAS HANTFESTAçõES DE LESÕES
abdominal. O üatamento deve ser a sutura primária. Deve- TORACICAS
se tomarcuidado ao colocarum tubotorácico emdoentes
com suspeitade lesão no diafragm4 já que os tubos podem Durante a avaliação secundária, outras Iesões torácicas
inadvertidamente ferir o conteúdo abdominal que se significativas como: enfisema de subcutâneo, asÍixia
deslocou para a caüdade torácica. traumática, fraturas de costela, esterno, escápuladevem
ser diagnosticadas. Embora tais lesões possam não
Ruptura Esofágica no Trauma Contuso implicar em risco de vida imediato, podem resultar
em prejuÍzos consideráveis para o doente.
O tr-auma esofágico resulta, mds comumente, de lesôes
peneúantes. Embora râÍ4 ã lesao conhsa do esôhgo pode ser Enfisema de Subcutâneo
causada poruma expr lsão forçãíli do conteúdo gástrico pan
'
o esôhgo, decorrente de um golpe forte no aMome superior e O enf,sema subcutâneo pode ser o resultado de uma
pode ser fatal se nào reconhecida. Esta ejeção forçaà produz Iesão daüa aérea, de Iesão pulmonarou, raÍamente, de
laceraçóes Iineares no esôfago inêrior, permitindo o escape explosão. Embora o enfisema subcutâneo nâo necessite
parâ o mediastino. A mediastinite resrrltante e sua rupturã tratamento, as Iesões subjacentes devem ser investigadas.
imediataouta-rdia parao espaço pleural causamo empiema Se for necessáriaa utilização deventilação compressão
O quadro clÍnico é idêntico ao da ruptura esefágica pós- positiva, deve ser considerada a drenagem do tórax do
emética. Deve-se considerar uma possível lesãó esofágica mesmo lado do enfisema subcutâneo,pela possibilidade
em todo o doente que: apresenta um pneumotórax ou de desenvolver um pneumotórax hipertensivo.
hemotórax a esquerda sem fraturas de costela, foi vítima
de golpe em região estemal inferior ou no epigástrio e Lesões Toácicas por Esmatamênto
apresenta dor ou quadro de choque fora de proporção
com alesão aparentee elimina material suspeito através Os achados associados àlesão torácicapor esmagamento
do dreno de tórax quando o salgue começa a clarear. incluem pletora em tronco, face e membros superiores
A presença de ar no mediastino também sugere o além de petéquias secundárias à compressão aguda e
transitória daveia cava superior. Podem esta-rpresentes
78 CAPÍTULO 4 r Traumâ Torácico

edema maciço e até mesmo edema cerebrâI. As lesões A existência de fraturas dâs últimas costelas (10 a 12)
associadas devem ser tratadas. deve aumentâra suspeita de lesôes hepática e-esplênica.
Doentes com fraturas de costelas apresentam dor
FÊtuÉs de CosteLas, Esterno e Escápula localizada, com piora da dor à palpação e presença de
crepitaçãô. Uma deformidade palpável ouvisível sugere
As costelas são os componentes da caixa torácica mais Íiatura de costela. O raio-X de tórax deve ser solicitado
comumente lesados. De modo geral, as Iesões das costelas fu ndamentalrnente para descârtar ouüa Iesão intratorácica
são clinicamente significantes. A dor à movimentação e náo apenas para identficar fratura de costelas. As ftaturas

resulta em restrição dos movimentos respiratórios, o que da cartilagem anteriorou as disjunçôes costocondÍais têm
prejudicaaventilaçáo, aoigenaçãoe atosse. Aincidência de as mesmas implicaçôes das fraturas de costela, mas nâo
atelectasias e pneumonias aumenta, de modo significativo, serão üstas no raio-X de tórax. As técnicas radiológicas
napresença de doença pulmonar pré-existente. especiais para o estudo dos arcos côstais são onerosas
A escápula, o úmero e a clavícula, juntamente com e podem não detectâr todas as lesões das costelas, não
suas inserções musculares, atuam como umabarreira acrescentam nada ao tratamento, além de obrigaro doente
protetora para as costelas superiores {l a 3). As fraturas aadotarposições dolorosas e não têm utilidade.
da escápula, da primeira e segunda costela ou do Imobilizaçôes, ataduras, cintas costais e Íixação externa
esterno sugerem um trauma de alta intensidade, que são contraindicadas. O alívio da dor é importante para
frequentemente estão associadas a trauma d€ outros permitü uma ventilaçáo adequada. O bloqueio intercostâI,
segmentos como trauma de crânio, pescoço, coluna aanestesia epidural, ânalgésicos sistêmicos são eficazes e
vertebral, pulmôes e grandes vasos. Pela gravidade das podemser necessários. Os controles agressivos eprecoces
lesões associadas, a mortalidade pode chegar a 35%. dador, incluindo o uso de narcóticos sistêmicos e anestesia
As fÍaturas do esterno e escápulas resultam, geralÍnente, local ou regional, melhoram o resultado dos doentescom
de um impacto direto. As fraturas de esterno podem ftaturas de costelas, esterno e escápula.
ser acompanhadas de contusão pulmonar. Da mesma O uso crescente de TC resultou na identificação de Iesões
forma, devemos lembrar a possibilidade de lesáo náo diagnosticadas, como lesôes aórticas mínimas e
cardíaca contusa, sempre que existir lesão do esterno. pneumotórax oculto e hemotórax. O tratamento adequado
Ocasionalrnente pode estar indicada a correção ciúrgica dessas lesôes ocultas deve serdiscutido com o especialista.
de fraturas esternais ou escapulares. RaÍamente uma
Iuxaçâo posterior da articulação esterno'clavicular resulta
no deslocamento da extremidade medial daclaúculapara V TRABALHO EM EOUIPE
dentro do mediastino causardo uma obstruçáo da veia
cava superior. A redução imediata é obrigatória.
As costelas intermediárias (4 a 9) softem a maioria dos O 1íder da equipe deve
traumas contusos. A compressão ântero-posterior da
caixa torácica força as costelas para fora, fraturando-as Râpidamente estabelecer as competências dos
na sua porção média. A força aplicada diretamente sobre membros da equipe para a realização de técnicas
as costelastendeã ftaturá-las e adirecionaros segmentos de descompressáo por agulhae drenagem torácicâ.
ftaturados para dentro do tórax aumentando o risco de Considerar a necessidade potencial da drenagem
Iesôes intratorácicas, como pneumotórax. bilateral do tórax
e avaliar os recursos disponíveis.
Como regra geral, o doente iovem, apresenta a parede Acompadrar os doentes submetidos a
torácica mais elástica, com menorprobabüdade de softer procedimentos no pré-hospitalar, como
Íiaturas de costelas. Porconseguinte, a presença de fraturas descompressão porpunção ou drenagem do
múltiplas de costelas em doentes jovens implica em uma tórax, avaliar a resposta do doente e determinar a
transferência de força muito maior do que em doentes necessidade de intervenções adicionais.
mais velhos. Reconhecer quando a toracotomia beneficiâÍá
A osteopenia é comumemadultos maisvelhos; portanto, o doente e agüzar de forma rápida e segura a
váriaslesóes ósseas, incluindo fiaturas de costela, podem transferência do doente, quando indicado, para um
ocoIrer mesmo em trauma menor. Esta população pode serviço apropriado e qualiÍicado.
desenvolver hemotórax mais tardiamente e portanto
merece um acompanhamento màispróúmo. A presença
de fratura de costela em idosos deve provocar uma
RESUMO DO CAPíTULO
preocupação mais signúcativa, umavez que aincidência de
pneumonia e mortalidade é dobrada quando comparadas 1. O trauma torácico é comum nos doentes
adoentes mais jovens. {Ver @tr-rlo u: Trulrl'ageriâaico.) politraumatizados e condições que ameaçam a vida
do doente podem ser fatais se não identificadas e
BIBLIOGRAFIA 79

tratadas na avaliaçâo primária. Estes doentes podem aorta. ,l Thorac Cardiovasc Surg 2O06;131(3):
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TRAUMA ABDOMINAT
E PÉw|CO

Quando não controlado ou não reconhecido, a perda sanguínea decorrente de lesões d,a
cavidade abdominal e pélvica pode acarretar em morte evitável.
CAPíTULO 5 sUMÁRIo
OBJ ETIVOS TRABALHO EM EOUIPE

INTRODUÇÀO RESUMO DO CAPÍTULO

ANATOMIA DO ABDOME BIBLIOGRAFIA

MECANISMO DE TRAUMA
. Contuso/Fechado
. Penetrâôtê
. Explosão

AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO IN ICIAL


. História
. Exame Físico
. Complementos do Exame Físico
. Avaliação de Lesõês Pênetrantes Especificas
. lndicaçõês de Laparotomiâ
. AvaLiaçào de Outras Lesões Especificas

OBJETIVOS

Após a teitura deste capítuto e â comp.eensão dos tópicos de do cirurgião e possíveis intervenc,ões cirúrgicas e/ou
aprendizado do cursoATLS, você estará apto a: hemodínâmicas.

ldentificar as reSlôes anâtômicas do abdome que ,+. Usar os procedimentos diagnósticos apropriados
são críticâs na avatlação e atendimento iniciâis dê para determinar 5e um paclente tem uma
paclentes traumatizados. hemorratia em curso ou outEs lesôes que possam
ser causa tardía de morbidade e mortâtidade.
2. Reconhecer pacientes que estão em risco de lêsôês
abdominaI e pétvica bâseado no mecânismo de 5. Descrever o tratamento precoce de tesões
trauma. àbdominais e pé[vicas.

5. ldentificar pacientes que necessitâm de avaliação

83
84 CAPÍTULO 5 r Trauma Abdominal e PéLvicô

I avaliacão da circulacão durante a avaliação A região tóroco-obdominal é a área inferior à linha


!l n.imiila envolve investigação precoce de dos mamilos anteriormente, à linha infra-escapular
rFl possÍveis sargramentos intra-abdomrnais e/ou posteriormente e superior aos rebordos costais. Esta
çÉlvicos em pacientes submetidos a traumas contusos. área inclui diafragma, fígado, baço e estômago, e é
Ferimentos penetrantes no tronco, entre a linha dos de certa forma protegida pelo arcabouço costai. Por
mamilos e operÍneo, devemser considerados como causa causa da ascensão do diafragma até o níveL do 4a espaço
potencial de lesões intraperitoneais. O mecanismo de intercostal durante a expiraçáo plena, fraturas das
trauma, a intensidade da lesão, sua Localizaçáo, eo estado costelas inferiores e ferimentos penetrantes abaixo da
hemodinâmico do paciente determinam as prioridades e linha dos mamilos podem lesar vísceras abdominais.
os melhores métodos de avaliação abdominal e pélvica. O flanco é uma área entre a linha axilar anterior e
t esões aMominais e pelvicas despercebidas continuam a posterior do 6e espaço intercostal até a crista ilíaca.
ser causa demorte eütável após trauma no tronco. Rotura O dorso é a área localizada na região posterior e tem
de úscera oca e sangramento de víscerâmaciça ou de ossos como limites as linhas axilares posteriores, as pontas
dapelvepodem nâo ser facilmente recoúecidos. Soma-se a das escápulas e as cristas ilíacas. Isso repÍesenta a
isso o fato de que a avaliação do paciente éftequentemente região tóraco-abdominal posterior. A musculatura nas
comprometida por intoxicação por álcool, uso de drogas regiões do flanco, dorso e paravertebral atuam como
ilícitas,lesôes cerebrais e medulares e lesôes a estruturas um mecanismo de proteção parcial de lesôes viscerais.
adjacentes, tais como arcos costais e coluna. Perda salguínea O flanco e o dorso contêmo espaço retroperitoneâI. Este
signiÍicativa pode estâr presente na caüdade abdomina.l espaço é a áreaposterior ao revestimento peritoneal do
sem mudanças dramáticas naaparênciaodema ou volume abdome. Eie contém a aorta abdominal;veia cava inferior;
do abdome e sem sinais óbvios de irritaçáo p€ritoneal. a maior parte do duodeno, pâncreas, rins e ureteres; a
Qualquerpaciente submeüdo a lesões no tronco por golpes porção posteÍior do cólon ascendente e descendente; e
diretos, desaceleração, explosão oupeneEaçóes devem ser os componentes retroperitoneais da cavidade pélvica.
considerados como portadores de lesôes viscerais, vasculares l,esóes deórgãos eúsceras retroperitoneais são de difícil
ou pélvicas até que se prove o conüário. reconhecimento e diagnóstico, pois sãobemprofundas e
não apresentarão sinais e sintomas inicialmente. Outra
diÍiculdade diagnóstica é que esse espaço não é acessado
ANATOMIA DO ABDOME pelo Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD) e é difícil de
ser adequadamente estudado durante a realização da
Uma revisão da anatomia do abdome com ênfase nas ultrassonografi a direcionada para trauma (FAST).
estruturas que são críücas na avaliaçáo e atendimento inicial A cavid.ad.e pélvrca é limitada pelos ossos pélvicos,
em pacientes üaumatizados é demonsE:-ado na ( . SGURA 5.1 . )
consistindo êssencialmente na pârte inferior dos espaços
abdome é parcialment€ protegido pelo tórax inferior.
O retro e intraperitoneal. Ela contém o reto, a bexiga e os
O abdome anterior é deÍinido como a área entre os vasos ilíacos e, nas mulheres, os órgáos reprodutores
rebordos costais superiormente, entre os ligamentos internos. Aperdade sangue pode sermuito signiÍicaliva
inguinais e a sínÍise púbica inferiormente e a linhaaxilar nessaregião e ocorrer a partir de qualquer ferimento nos
anterior lateralmente. A maioria das vísceras ocas está órgãos pélücos ou na estrutura óssea.
em risco quando há qualquer lesâo no abdome anteÍior.

Diafragma Estôma
Aorta a cava
abdominat
Região tanco
toraco- Âbdome
abdomi anterior
Cóton ndente
ascen Cavidade
pelvica
Linha no
axitar Bexiga
anterior or
Orqàos
T! \ ? reprodutivos
Reto

! FIGURA 5.Í Anatomia do Abdome A. Abdorne ãnteÍior e reg ão tóra(o abdomina B. F anco C. Dorso D. Cavidade pélvlca
MECANISMO DE TRAUI.4A 85

I.4ECANISMO DE TRAUMA §-'

Compreender o mecanismo de trauma facilita a


identiíicaçâo precoce de possÍveis lesoes abdominais,
direcionando quais possíveis estudos diagnósticos podem
ser necessários para avaliação e identifica as necessidades
t
de transferência do paciente. Lesões comuns de traumas
contusos ou penetrantes são descritos nesta seção.

TRAUMA CONTUSO

O impocto direto, como o contato com o volante, guidão


de bicicleta ou motocicleta ou com a intrusão da porta
em uma colisào de veículos pode causar compressào ou
esmagamento de vísceras abdominopélvicas e da estrutura
óssea da pelve. Tais forças deformam órgãos sólidos e
vísceras ocas podendo causar sua ruptura, acarretando
hemorragia secundária, contaminação pelo conteúdo
intestinal e, consequentemente, peritonite.
O cisalhamento é umaformade lesão poresmagamento
que pode ocorrer quando um dispositivo de segurança 7r,
de restrição é usado de forma inadequada (r rt6uRA 4241.
Pacientes traumatizados por acidentes automobilísticos
--t ü
l
E
..
e por queda de altura são submetidos a lesões por -/
desaceleração, nos quais há um movimento diferente
das porçôes fixas e móveis do corpo. Exemplos desse tipo
de lesáo inclui as lacerações do fígado e do baço, ambos
órgâos móveis que se encontrâm fixos em seus sÍtios por
iigamentos. Lesões extensas do mesentério do intestino f FIGURA 5-2 Lesão por Cinto Abdominal e Alç de Balde. A. Lesoes 5ào
ma s aornuns quando o alnto de seguran-ca não ertiver adequadamente
delgado também são exemplos de Iesão por desaceleração
co ocado. B. Lerào extenta de mesenterio ("alçê de bê de").
(. F|GURÂ r2B).
Em pacientes vítimas de trauma fechado, os órgãos Ferimentos por arma de fogo podem causar Iesões intra-
mais frequentemente acometidos são o baço (40-55%), o abdominais adicionais em decorrência de suatÍaietória, do
fígado (35-45%)e o intestino delgado (5-10%). Alémdisso, efeito de cavitação e dapossível fragmentação do proiétil.
observa-se também uma incidência de 15% de hematoma Os ferimentos por arma de fogo ftequentemente acometem
retroperitoneal nos pacientes com trauma abdominal mais o intestino delgado {50%), o cólon (40%), o fígado
submetidos à laparotomia. Embora os dispositivos de {30%) e as estruturas vasculares abdominais (25%). O
contenção preünam ferimentos mais graves, eles podem tipo de arma, o formato do cano e o tipo de munição
acarretarpadÍões específicos de Iesôes, como demonstrado sâo determinantes do grau de Iesão tecidual. As lesões
nar TABELA t1 O acionamento do aübag náo impede lesão
. decorrentes de arma do tipo escopeta ou espingarda
abdominal. dependem também da distânciaentre a arma eo paciente.

TRAUMA PENETRÂNTE TRAUMA POR EXPLOSÃO

Ferimentos por arma branca e projéteis de baixa Ferimentos por arma de fogo podem causarlesões intra-
velocidade causam danos aos tecidos por corte e abdominais adicionais em decorrência de suatraietória, do
laceração. Ferimentos por proiéteis de alta velocidade efeito de cavitação e da possível ftagmentação do projétil.
transferem mais energia cinéüca causando aumento do Os ferimentosporarma de fogo frequentemente acomêtem
dano ao redor do traieto do projétil devido à cavitação mais o intestino delgado (50%), o cólon (40%), o fígado
temporária. (30%) e as estruturas vasculares abdominais (25%). O
Ferimentos por armabranca atravessam as estruturas tipo de arma, o formato do cano e o tipo de munição
abdominais adjacentes e mais frequentemente envolvem sáo determinantes do grau de Iesão tecidual. As lesôes
o fÍgado (40%), o intestino delgado (30%), o diafragma decorrentes de arma do tipo escopeta ou espingarda
{20%) e o cólon (15%}. (. neuu +: ). dependem tambem dà distância entre a armâ eo paciente.
86 CAPÍTULO 5 r Trâumâ Abdominal e PéLvico

O médico assistente deve considerar a possibilidade de


TABELA 5.I LESÕES ASSOCIADAS A
mecanismos combinados, como penetrante e contuso,
DlsPosrTrvos DE coNTENcÀo nesses pacientes. Pacientes próximosà fonte daexplosão
podem apresentar lesôes nas membranas timpânicas,
DISPOSITIVO DE
LESAO pulmões e lesóes de vísceras ocas relacionadas a
coNTENÇÃO
onda de pressão de choque. Essas lesóes podem ter
Cinto Abdominàl, Laceraçào ou âvul.são do apresentações clínicas tardias. A possibilidade de haver
. Compressào mesentéflo (Lesão em atça um ferimento decorrente dessa sobrepressão não deve
. Hrperflexào de batde). atrapalhar o médico na sua abordagem sistemática, que
Rotura do intêstino tem por objetivo a correta identiflcação e tÍatamento
dekado ou cóton dos ferimentos mais comuns decorrentes dos traumas
Trombosê dà àrtérià i[,aca fechados e penetrantes.
ou aorta àbdomrna[.
Fratura de Chânce das
vértebras Lombares.
Lesão duodenô[ ou ARMADILHA PREVENCAO
pancreáticâ.
Lesão despercebidà Entender o papeI do
Cinto dê Três Pontos Rotura dâs víscerâs do âbdomina[. mecanismo de trauma
. Submergrndo âbdome superior na tê5ão abdomiôat. Não
subestrme a êxtensão de
{escorregando para Laceraçào da íntima ou
trànsferêôcia de enêrgra
debaixo do cinto) trombosê da ârtéria para o abdomê em
. Comprêssão inominada, carótida, um trãuma abdominâL
subcláviâ ou ve.tebral. fechado
Fraturô ou [uxâção da Reconhecer quê Lesôes
coluna cervicaL. pequenas e de baixa
Fraturas de arcos costais ênerSia (facadas, por
Contusâo puImonar êxêmpto)podêm cãUsar
Lêsóes viscerais e/ou
vasculãres.
Air Bag Abràsôes dê fôce e oLho
Rêà[izar reavatiaçóes
. Contato Lesôes cô.díacàs
âbdom,nais frequentes.
. Desâceteraçào Fratuaas dâ coluna uma vez quê um Únrco
. FLexáo (sem crnto de exame não descêTtâ ê
contençào) paesença de Lesõês.
. Hiperextensào {sem Projéteis de alta
cinto de contencão) vetocidade podem
píovocar Lesôês
tôÔSencrars na sua
traletória
As trâjetórias dos
projéteis podem sofrer
âlterâções por peídâ de
energia, cÍiando trâjeto
É secundáÍio apó5 rêchaçar
em estrutura óssêâ ou
il
fragme^tação. lsto pode
àcarretâr lesôes remotâs

T (em retãçâo ao ferimento


cutâneo).

J AVALIACÀO E TRATAMENTO

Em pacientes hipotensos, o objetivo é determinar


rapidamente se existem Iesôes abdominais ou pélvicas
I fIGURA 5-3 Lesõêsporarma branca geralmente causàm esâo e se esta é a causa da hipotensão. A história do paciente
do Íígâdo, intestino delgâdo, diaÍragma e cólon. e exame fÍsico, associâdos ã métodos diagnósticos
AVALIACÃO 87

rápidos e disponíveis, pode confirmar a presença de lnspeçào, Auscu[ta, Percussão e Pal,paçào


Iesões abdominais e pélvicas que requerem o controle
urgente da hemorragia. Pacientês hemodinamicamente Na maioria dos casos, o paciente deve estaÍ
normais, sem sinais de peritonite, podem passar completamente despido, para permitir uma inspeção
por uma avaliaÇão mais detalhada com o intuito completa. O abdomê anterior e posterior, bem como â
de determinar se existem lesões específicas e que parte inferioÍ do tórax eperíneo, devem ser inspecionados
podem causar morbidade e mortalidade tardia. Estas à procura de abrasões e contusóes pelos dispositivos de
avaliaçÕes devem incluir exames clÍnicos repetidos para contençâo, laceraçôes, ferimentos penetrantes, corpos
determinar se os sinais de sangramento ou peritonite estranhos empalados, de evisceração de epiplon ou de
aparecem ao longo do tempo. intestino delgado e se existe evidência de gravidez.
Inspecione o flanco, oescroto, a uretra ea área perineal,
HISTóR.IA aprocura de sangue, de edemas abrasôes. Laceração do
e
perineo, da vagin4 do reto ou nádegas, pode estarassociada
Ao avaliar pacientes vítimas de colisões automobilísticas a uma fratura pélüca aberta em pacientes com trauma
éimportante obter informações sobre a velocidade do contuso. Dobras cutâneas em pacientes obesos podem
veículo, o tipo de colisão (por exemplo: capotamento, mascarar lesões penetrantes e aumentar a dificuldade
impacto frontal, lateral ou traseiro), a intrusáo de de avaliação do abdome e pelve. Para uma completâ
partes do veículo no compartimento de passageiros, avaliação do dorso, execute cuidadosamente uma manobra
os tipos de dispositivo de contenção, o acionamento de rolamento (Verüdeo Rolomento no oplicativo mrível
dos airbags, a posição do paciente no veÍculo e status MyÂIxS. )
dos outros ocupantes. No caso de quedas, é importante Ao concluir um Épido exame físico, cubrà o pacimte mm
determinar a altura da queda devido ao potêncial cobertores aquecidos para aluda-r a prevenir hipotermia.
de lesão relacionada à desaceleração em grandes Embora a ausculta seja necessári4 a presença ou a ausência
alturas. Tais informações podem ser fornecidas pelo de mídos hidroaérms não se correlacionam necessariamente
paciente, por outros passageiros, pela polícia ou por com a presença efetiva de lesão, e a capacidade de ouvü
integrantes da equipe de atendimento pré-hospitalar. os ruÍdos hiüoaéreos pode estar comprometida em um
Informações sobre sinais vitais, Iesôes aparentes e ambiente ruidoso como a sala de emergência.
resposta ao tratamento pré-hospitalar também Apercussáo causaum ligeiro movimento do peritônio
devem ser fornecidas pelos prestadores de cuidado epode eüdenciar sirrais de irritaçáo peritoneal. Quando a
pré-hospitalares. sensaçâo positiva à descompressão estiver presente, não
Ao avaliar um paciente vítimâ de trauma penetÍante, procue provas adicionais de irritação, pois pode p rovocar
devem ser obtidas informações relacionadas ao tempo da dor adicional desnecessária ao paciente.
Iesão, ao tipo de arma (faca, revólver, rifle ou escopeta), A defesa abdominal voluntária por part€ do paciente
a distância do agressor (importante, particularmente, pode fazer com que o exame abdominal seja pouco
em ferimentos por escopetas, pois a probabilidade de conÍiável. Por outro Iado, defesa involuntária é um siral
lesões viscerais graves diminui quando a distância é conÍiável de irritação peritoneal. A palpaçáo tambémpode
maior que 3 m), ao número de facadas ou tiros que revelar e distinguir dor superficial (parede abdominal)
o paciente recebeu e também quanto ao volume de ou profunda. A presença de um útero gravídico, bem
sangue perdido pela vÍtima na cena da agressão. Se como a estimativa da idade fetal, também podem ser
possível, deve-se obter informaçôes do paciente sobre a determinados.
Iocalizaçáo e a intensidade de qualquer dor abdominal.
Quando os ferimentos sãocausados por um dispositivo Avatiação da Pelve
explosivo, a probabilidade de lesôes viscerais por onda
de choque aumenta com aproximidade do paciente da Como a hemorragia pélüca grave ocorre rapidamente,
explosão e diminui com o aumento dessa distância. o diagnóstico deve ser realizado imediatamente para
que o tratamento adequado seja iniciado. Hipotensáo
EXAME FíSICO inexplicável pode ser inicialmente a única indicação de
ruptura pélvica grave. Instabilidade mecânica do anel
O exame físico abdominal é conduzido numa sequência pélüco deve ser considerado em pacientes com ftaturas
sistemática: inspeçáo, ausculta, percussáo e palpaçâo. pélvicas com hipotensão e nenhuma outra fonte de
Deve ser seguida pelo exame dapelve e das nádegas, bem sangramento. A colocação de dispositivos que fechem o
como da uretra, perÍneo, e, quando indicados exame anel pélvico é uma prioridade e pode ser salvadora nesta
retal e vaginal. Os achados, sejam eles positivos ou circunstância.
negativos, devem ser documentados cuidadosamente Achados de exame físico sugestivos de fratura
no prontuário do paciente. pélvica incluem a evidência de ruptura de uretra
88 CAPÍTULO 5 r Traumâ AbdominaI e Pé[v co

(hematoma no escroto ou sângue rro meato uretral), Exame Uretral" Perineal. Retat, Vaginal. e Gúteo
de discrepância entreo comprimento dos membros ou
de uma deformidade rotacional da perna sem fratura A presença de sangue no meato uretral, sugere
óbvia. Nesses pacientes, a manipulação da pelve pode fortemente uma lesào uretral. Equimose ou hematoma
serprejudicial, uma vez que pode desalojarum coágulo no escroto e períneo também são sugestivos de lesáo
já formado, precipitândo assim hêmorragia adicional. uretral, embora estes achados possam estaÍ ausentes
A palpação cuidadosa do anel pélüco, em busca de dor precocemente- Em pacientes que sofreram trauma
pode fomecer informaçôes úteis sobreapresença de ftaturas contuso, os objetivos do exame retal são avaliar o tônus
pélvicas. A manobra de distração (girar a pelve htemaÍnente do esfíncter e integridade da mucosa retal e identÍÍicar
e em seguida externamenteida pelve não é recomendada quaisquer fraturas palpáveis da pelve. A palpação da
durante a avaliação precoce das lesões, porque pode piorar próstata não é um sinal conÍiável de lesão uretral. Nôs
ou gerar sangramento pélvico recorrente. pacientes com ferimentos penetrantes, o exame retal
A hemipelve instável migra cranialmente por causa é utilizado para avaliar o tônus do esfíncter e buscar a
das forças musculares e apresenta uma rotação externa presença de sangue na luzdo reto, o que pode indicar
secundariamenteaoefeitodagraüdadesobreahemipelve uma perfuração intestinàI. Não realize cateterismo
instável. A rotaçáo externa da pelve instável resulta em vesical em um paciente com hematoma perineal ou
um acréscimo significativo do volume pélvico que pode sangue no meato uretral, antes de uma avaliação
acomodar grandes volumes desangue. O uso de cinta deve deÍinitiva de possível Iesào da uretra.
ser centrado sobr€ os trocanteres maiores ao invés das cristas Fragmentos ósseos de fraturapélvica ou ferimentos
ilÍacas. A identiÍicaçeo dê anôrmalidades neurológicas penetrantes, podem lacerar a vagina. Realize um
distais ou feridas abenas no flarco, períneo, vagina ou reto exame vaginal na presença de lesões suspeitas, como
podem representar evidências de instabilidade do anel Iaceraçôes perineais complexas, fratura pélvica ou
pélüco. Uma radiografia anteroposterior (AP) da pelve é lesâo transfixante de pelve por projétil de arma de
um complemento útil pâra identiÍicaruma ftatura péMca, fogo. Em mulheres menstruadas, que não respondem
atendendo as limitaçõesdo exame c1ínico {VerApêndice ao comando verbal, examine a vagina em busca de
G: Estação Prática Circulaçâo). tampôes deixados no local, que podem ser foco tardio
de sepse em traumatizados.
A regiâo glútea se estende das cristas ilíacas até
ARMADILHAS PREVENCAO as pregas glúteas. As lesôes penetrantes nessa área
estão associadas a uma incidência de até 50% de Iesôes
ManipuLaçào repetrda Manipu[acào cL.ridadosa intra-abdominais significativas, incluindo Iesão do reto
da fraturâ péLv ca pode do àneL pétvico pode abaixo da reflexão peritoneal. Esses ferimentos exigem
agravar as hemorraSiàs fornecer informaçÕes uma busca por tais lesóes.
útejs sobre a presenca
das frâturas péLvrcas;
êvite exâmes repetidos MEDIDAS AUXILIARES AO EXAME FISICO
da pelve.
Use umà c,nta péLvicà Sondas gástricas e urinárias sáo fr€quentemente
corretamente para inseridas durante a fase de reanimação, à medida que
Limitar precocemente a
os problemas com a via aérea, ventilação e circulação
hemorragia
são diagnosticâdos ê trâtãdos.

Dobràs cutâneas em Exêmine cada dobra


Sondagem Gástrica ê Vesicat
pàc entes obesos cutánea à procurà
podem mâscarêr te9ôês de feridas. corpos Os objetivos terapêuticos de inserção de sondas
penetrântes e àumentêr estranhos e outras gástricas no início do processo de reanimação são
a dificutdâde do exàme lesôes
abdominaI e péLvico
aliviar uma possÍvel dilatação gástrica aguda e
descomprimir o estômago antes de realizar uma LPD
(quando indicada). Sondas gástricas podem reduzir a
O exame êbdominàL dê Utit ze ferramentas
uma criãnca pode ser de dragnósticãs (por
incidência de aspiração nesses casos. No entanto em
dif ícit rnterpretêção. exêmpto FAST, TC um paciente acordado com reflexo de vômito presente,
ou outro método a sondagem pode provocar o vômito. A presença de
de imagem) quando sangue no conteúdo gástrico sugere Iesão no esôfago
necêssáno parâ o
ou no trato gastrointestinal superior, após a exclusão
correto dragnóstico
de quaisquer sangrâmentos da nasofaringe e/ou da
orofaringe. Na presença de fraturas graves da face ou
AVALIAçÃO 89

suspeita de fratura de base de crânio, a sondã gástrica feito com FAST ou LPD. A única contraindicação para
deve ser inserida pela boca para impedir que atravesse realização desses exames é a indicaçáo de Iaparotomia.
a placa crivosa e penetre no cérebro. Pacientes com os seguintes achados requerem avaliação
A sondagem vesical durante a reanimação vai aliviar abdominal adicional para identificar ou excluir Iesões
retençôes, identificar sangramentos, monitorar o intra-abdominais:
débito urinário como índice de perfusão tissular e
descomprimir a bexiga antes da realização de LPD Sensório rebaixado
(quando indicado). Uma bexiga cheia facilitâ a obtenção
Sensibilidade alterada
de imagens no FAST. Portanto, se o FAST estiver
indicãdô, retarde o cateteÍismo vesical, até que o exame Lesões a estruturas adiacentes, como arcos
tenha sido concluído. Hematúria macroscópica é um costais inferiores, pelve e coluna Iombar
sinal de trauma do trato genitourinário, incluindo
Exame fÍsico nâo conÍiável
rins, ureteres e bexiga. A ausência de hematúria não
exclui [esões do trato geniturinário. Na incapacidade Perda prolongada de contato com o paciente
de urinar espontaneamente, na presença de fratura como anestesia geral para tratamento de 1esões
pélvica instável, de sangue no meato uretral, hematoma extra-abdominais ou estudos radiológicos
escrotal ou equimose perineal, a realização de demorados
uretrografia retrógrada é mandatória para confirmar
aintegridade da uretra ántes de inserira sondavesical. Sinal do cinto de segurança com suspeita de
A detecção de Iesão uretrãl durante âavaliação primária lesão intestinal
ou secundária pode necessitar da inserção de uma
sonda suprapúbica por um médico experiente. Quando uma lesão intra-abdominal é suspeitada,
uma série de exames pode fornecer informações
úteis. Entr€tanto, quando existirem indicaçóes para
ARMADILHAS PREVTNCAO
transferência, a realização destes exames, atrasando â
transferência, não deve ocorrer, inclusive tomografias.
Em paciêntes com frãturas
do terÇo médio dà face,
Evite sonda nasogástricê
em lesôes de terço
. ÍABELA 5-2 resume as indicações, vantagens e
desvantagens do uso da LPD, FAST e TC na avaliação
uma sonda nãsogástricâ médio da face; use a via
pode passar pe[os seios orogástrica
de Lraumas abdom inais contu sos.
da face âté â cãvldade
craniana. Radiograflas no Trauma AbdominaI

Pac entes ped átícos têrn Uma sonda nasogástíca Uma radiograÍia AP do tórax é recomendadana avaliação
nc dênclã êltá de distensão é útiL em pacientes de pacientes com trauma fechado multissistêmico.
gástrica águda após trauma pêdiátricos pa.a Pacientes hemodinamicamente instáveis com
reduzir r sco dê ferimentos penetrantes do abdome nâo necessitam
baoncoaspiracão e de triagem radiográfica na sala de emergência. Se o
estímuLo vêgàL pãciente está hemodinamicamente normal e tem um
trauma penetrante acima da cicatriz umbilical ou uma
A passaSem de uma Para evitar iatrogenia lesão toracoabdominal suspeita, a realização de uma
sonda gástr ca pode ser não force â passagem
radiografia de tórax em posição ortostática pode ser útil
impossiveI em pacientes de sondã nasogástrica
para excluirapresença de hemotórax oupneumotórax ou,
com hérniâ hiâta[ (mais após muitas tentativas
ainda, para documentâÍ apresença de ar intraperitoneal.
comum em idosos) EventuaImente será
Em pacientes hemodinamicamente normais, os orifícios
necessário o auxítio de
métodos râd ográficos de entrada e saída podem ser marcados com materiais
ou outros exarneS pâTa metálicos, como clipes ou moedas, para que aradiograÍia
sua inserçâo do abdome em posiçáo supina seja obtida com o intuito
de determinar o trajeto do projétil ou a presença de ar
retroperitoneal. A obtenção de duas incidências (AP e
Outrog Estudos lateral) pode permitiÍ a orientação espacial de corpos
estranhos. Uma radiografia AP pélvica pode ser útil
Com preparo e uma equipe organizada, o exame físico no estabelecimento da origem da perda de sangue em
pode ser realizado rapidamente. Em pacientes com pacientes com estado hemodinâmico instável e em
alterações hemodinâmicas, uma rápida exclusáo de pacientes com dor pélvica. O paciente acordado, alerta
sangramentos intra-abdominais é necessária e pode ser e sem dor, não necessita de uma radiografia pélvica.
90 CAPÍTULO 5 r Trauma AbdomlnaL e Pélvlco

TABELA 5-2 COMPARACÃO DO LPD, FAST E TC NO TRAUMA ABDOMINAL

LPD FAST TC

Vântagêns lndicêcão precoce de lndicaçào precoce de Diagnóstico anâtômico


Laparotomia Iaparotomia Nâo invasivo
Rápido Nào invasivo Pode ser repetido
Pode detectar Lesào intestinaI Rápido Visuãti?ã o retropêritônio
Realizâdo na Sala deTraUmê Pode ser rêpetido Vrs!atiza têcidos mo[es e ossos
Rea[izâdo na Sata de Trauma VisuaLiza ar extraLuminaI

Desvôntageís lnvasivo Opêrador dependente ALto custo e demorado


Risco inerente ao Gás intra àbdominâl ou Exposiçâo a radiaçào e
procedimento sLrbcutâneo distorcem as
Necessita descompressâo imagens Pode perder Lesões
gástrica e urinária Pode perder Lesôes diafragmáticas
Nào pode se repetir diaf ragmáticas, intestinais e Pode perder Lesõês de intestino
lnterfere com interPretãçào pãncreáticâs det8ãdo e pancreáticàs
da TC ou FAST subsequentes Nào ãcessa o retroperitônio Requer transporte da SãLâ de
Baixa especifacidade Não visualizâ gás êxtra Tràuma
Perde Lesões diaf raBmáticas LuminaL
Obesidade podê Limitãr
nitidez da imagem

lndicaçôes . lnstabitidadehemodinâmica lnstabiLidâde hemodinâmica . Pâciêntê êsLívêt.om trãLrmê


no traumê abdominal fêchado no traLrma abdominaI ãbdominaI fêchado ou
. Lesões penetrãntes fechado penetrante
abdominais sêm quatquer Lesões penetrantês . Trâuma penetrânte no dorso
indicêçào imediata de abdomina s sêm quaLquer ou fLânco sem quâiquer
Laparotomia outra indicãçào imediatã de oLrtG ndrcãçào imêdiata de
Lâpàrotomiê. Laparotomia

Ava[iação U[trassonogÉfica Direcionada para o O FAST inclui o exame de quatro regiões: o saco
Trauma pericárdico, o espaço hepatorrenal (Espaço de Morrisson),
espaço esplenorrenal e a pelve ou o fundo de saco de
Quando realizado por profissionais devidamente Douglas (r FTGURA 5-5A). Uma vez que o primeiro exame
treinados, o FAST é umaferramentaconsiderada aceitável, foi realizado, uma segunda série de imagens pode ser
rápida e executável para a identificação de fluidos obtida para detectar hemoperitônio progressivo (. FTGURA
intraperitoneais (. FTGURA 54). Tem a vantagem de poder s'sa). O FAST pode ser realüado à beira do leito, na sala de
ser repetida e poder detectar tamponamento cardíaco, reanimação ou simultaneamente a outros procedimentos
uma das causas náo hipovolêmicas de hipotensão. diagnósticos ou terapêuticos. Yer Apêndice G: Estação
Prátíca Circulaçõo, e vídeo FAST no aplicatívo móvel
ARMADILHA PREVENCAO MyATrS.

FAST fàLso . Reconhecer que a obesidade


Lavado PeritoneaI Diatnóstico
negativo. prejud ca as imagens obtidas
peto FAST O LPD é outro exame rápido para identificar (. FIGURA
. Nlanter sempre um âlto índ ce de Porque ele pode alterar signiÍicativamente exames
5-6).
suspeiçào subsequentes do paciente, a equipe cirúrgica que cuida
. Usàr êxames diagnósticos do paciente deve executá-la. Note que o LPD requer
alternatrvos ou reprta a avaLraçào descompressão gástrica e urinária para prevenção de
pelo FAST complicações. Esta técnica é mais comumente utiLizada
. Reconhecer que o FAST nào faz
em pacientes que estão hemodinamicamente instáveis
dràBnóstico em tesão de víscerâ oca.
com trauma abdominal fechado ou em pacientes
AVALTAÇÃO 9l

E.
4,.-'*\

f tIGURA 5-4 AvaliaGo Ultrâssonográfica Direcionada para o r FIGURA 5.6 [avado Perito neal d gnóstico (LPD). O LPD e um
ia
Tràuma (Fo(used Assessmênt with Sonography Íor Trauma - FAST). p Íoaedjmento invâsivo, rápldo que é senrivel pêra a detecçãô dê
No tAST ueâmoç tecnolog ê e ultra5som pêrã dete(tarmos a pre5enaâ h emopeíitónio.
de hemoperitôn o.

portadores de trauma penetrante com múltiplas


entrâdas ou âparente traieto tangencial. Finalmente,
pacientes hemodinamicamente estáveis que necessitam
de avaliação abdominal por FAST e TC que não estão
disponíveis podem se beneficiar do uso do LPD. Em locais
onde o FASTe/ouTC estão disponíveis, o LPD raramente
é usado por ser invasivo e requerer habilidade cirúrgica.
C o ntraindicaçõ es relativas para a LPD incluem
cirurgias abdominais prévias, obesidade mórbida,
cirrose avançada e coagulopatia preexistente. Tanto
l a técnica aberta como a fechada (Seldinger), realizadas

r por ac€sso infraumbilical, são aceitáveis nas mãos


de médicos treinados. Em pacientes com fraturas
pélvicas a abordagem supraumbilical âberta deve
ser usada, para evitar invadir um hematoma pélvico
pré-peritoneal formado. Em pacientes com gravidez
avanÇâda, uma abordagem aberta acima do fundo
A uterino deve ser usada para evitar lesôes no útero. A
"it|5!iG+*q
aspiração de conteúdo gastrintestinal, de fibras vegetais
ou de bile, através do cateter indica laparotomia. A
aspilaçáo de to mL ou mais de sangue em pacientes
hemodinamicamente anormais, requer laparotomia.
(Yer Apêndice G: Estoçôo Prática Circulaçõo.)

Tomograf ia Computadorizâda
.' I
A TC é um procedimento diagnóstico que requer o
!à-
transporte do paciente para o setor de radiologia
_a*:,+ (isto é, removendo o paciente da sala de reanimação),
*:r| i ç -4*-: administração de contrastes endovenosos, e expondo
o mesmo a radiação. A TC é um procedimento
demorado (embora menos demorado com scanners de
B tomógrafos mais modernos) que deve ser usado apenas
em pacientes hemodinâmicamente normais em que
f FIGURA 5-5 A. Loca i2ê(ôee do pÍobe. B. lmàqen de FASÍ no nào haja indicação inicial de uma laparotomia de
quadrante superior direito mostrando o Íigado, nín e lrquido livre
92 CAPÍTULO 5 I Trauma AbdomlnaL e Pélv co

emergência. Não realize TC se atrasar a transferência soluçáo é infundida na bexiga até que o fluxo pare, que
de um paciente para um centro de trauma. o paciente urine espontaneamente ou que o paciente
ATC fomece informâÇões sobre apres€nçae a extensão sinta desconforto. Isto é seguido pela instilação de 50
das lesôes de órgãos específicos epode identificar lesóes mr adicionais de contraste para assegurar a distensâo
de órgãos retroperitoneais e pélvicos, que são difíceis de da bexiga. Radiografias nas incidências AP antes do
avaliar com exame fisico, FAST e LPD. As contraindicações contraste, distendida e pós-miccional são essenciais
relativas para a realizaçáo da TC incluem a demora em para defi nitivamente excluir quaisquer Iesões vesicais.
se obter um tomógrafo, a falta de colaboraçâo de um A avaliaçào dabexiga e dapelve pelaTC (cistograÍia por
paciente que náo pode ser sedado com segurança e TC)é uma alternativa particularmente útil para fornecer
âlergia ao contraste. A TC pode deixar de diagnosticar informaçóes adicionais sobre os rins e os ossos pélvicos.
algumas alteraçôes gastrointestinais, diafragmáticas Suspeita de Iesôes do sistema urinário são avaliadas
e pancÍeáticas. Na ausência de lesões hepáticas ou melhor por TC com contraste. Se a TC não estiver
esplênicas, a presença de liquido livre na cavidade disponível a urograÍia excretorâ é uma alternativa.
abdominal sugere lesão no trato gastrointestinal e/ou Uma dose elevada e rápida de contraste é realizada com
no mesentério e muitos cirurgiões de trauma acreditam 200 mg de iodo,iKg de peso corporal. A visualização
que este fato sejauma i.ndicação para Iaparotomiaprecoce. radiográÍica dos cálices renais deverá aparecer 2
minutos após o término da infusão do contrâste. A não
Laparoscopia Diâgnóstica ou Toracoscopia visualização unilateral indica ausência de um dos rins,
I rombose, avulsào da a11ériâ renalou compromel imento

A laparoscopia diagnóstica é um método aceitável gravíssimo do parênquima renal. A não visualizaçáo


para avaliar pacientes hemodinamicamente normais, pode justiÍicar uma avaliaçáo radiológica adicional.
vítimas de trauma penetrânte com possibilidade de Lesões isoladas de órgàos gastrointestinàis
traieto tangencial e sem indicação de laparotomia. retroperitoneais (como por exemplo duodeno, có1on
A laparoscopia é útil para diagnosticar lesões ascendente, cólon descendente, reto, vias biliares e
diafragmáticas e penetraçáo peritoneal. A necessidade pâncreas) podem nào causarperitonites e não ser detectadas
de anestesia geral lÍmita seu uso.

Exames Contrastados ARMADILHA PREVENCÀO

Uma série de exames contrastados pode ajudar no Reconheclmento Recoôhecêr os mecanrsrnos


diagnóstico na vigência de suspeita de lesões específicas, tardio de LesÕes de tíaumâ e Lesôes intrâ-
mas eles não devem atrasar o tratamento de pacientes abdornina s ou abdominais que podem
hemodinamicamente anormais. Esses exames incluem: péLvicas, levando â causat
óbito p.ernaturo por Reconhecêr fatores que
. UretrograÍia hemorrà8ia ou tardaa podem Limitar os resuttados
por [esão de vÍ5cêra
. CistograÍia
dô exâmê fís,co
Usàr exâmes diagnósticos
. Urografia excretora complementares, como
. Estudo contrastado do tubo diBestivo FAST, LPD OU TC,

A uretrogrofia deve ser realizada antes da inserçào de Saber que os l'1anter âtto índice de
uma sonda vesical, quando houver susp€ita de lesào susperção por lesões
de uretra. O exame é realizado com uma sonda vesical complementàres, como abdominais ou ÉLvrcas
número 8 French fixada no meato uretral pelo balonete FAST ou RX. podêín nos pacientes obesos com
inflado càm 1,5 a 2 ml. Cerca de 30 a 35 mL de contraste estar comprometrdos mecênlsmo detrauma
sem diluição sáo instilados com uma Ieve pressão. nos pacientês obesos comPatí!€L
Nos homens a radiograÍia é obtida com uma projeção Reconhecer âs UmltacÕes dos

anteroposterior, com umpequeno estiramento do pênis exêmês comp[êmeotares

em direção a um dos ombros do paciente. Um estudo


adequado é capaz de mostrar o reÍluxo de contraste para SabêÍ que [esóês Têrêpia àSressiva e precoce
o interior
da bexiga. Lêves ãbdomrnâis ou são fundâmentais parâ um
péLvicas podem Levôr bom dêsfecho.
Uma cistogrofio ou uma cistogrofia por TC é o método
a sangramento severo Determine o grau da
mais eficaz para diagnosticar uma rotura intra ou nos idosos âssim como coag(][opatia e faça ã
extraperitoneal da bexiga. Um recipi€nte com 350 pacientes em uso de reversão. quaôdo possível.
mL de contraste hidrossolúvel é conectado à sonda ãnticoagulantes
vesical e elevada a cerca de 40 cm acima do paciente. A
AVALIACÃO 93

pelo LPD ou FAST. Quando há suspeita de lesão em uma


dessas estruturas, a realizaçâo deumaTCcom contraste ou ARMADILHA PREVENCAO
exames contrastados especÍf icos do trato gastrointestinal
alto e baixo e exames de imagens büopancreáücas também Diagnóstrco târdio PAFS "tángenciais" podem não ser
podem ser úteis. No entanto, esses exames devem ser de lesão âbdominaI !erdâdeiràmente tanSenciais e
guiados pelo cirurgião que cuidará do paciente. em pàcrentes com penetrarem a cavidade perrtoôêal
Lesôes poa arma de PAFS de attã velocidade podem
AVALTAçÃO DE LESõES PENETRANTES fogo tàngenciais âo provocâr lêsão §em penetÊt na
ESPECIFICAS âbdome cávidade pelo seu efeito expLosilo
lsto ocorre mais comumente com
A etiologia da lesão (por exemplo de arma branca ou
bombas e munição miútar
arma de fogo), localÍzação anatômica (por exemplo
toracoabdominal, anterior, posterior ou flanco) e os
recursos disponíveis influenciam a avaiiação do trauma
Sinais de penetraçâo peritoneal (por exemplo,
abdominal penetrante. Nos feÍimentos porarma branca evlsceraçao)
naparede abdominal anterior, as opções incluem exame
físico seriado, FASTou LPD. A laparoscopià diagnóstica
é um estudo confiável para determinar a penetração Ferimêntos Toracoabdominais
peritoneal ou diafragmática em Iesões toracoabdominais,
além do escaneamento com TC com duplo (via oral e As opções de avaliação para pacientes sem indicações
endovenoso) ou triplo (via oral, retal e endovenoso) de Iâpârotomiâs imediatas, mas com possíveis Iesôes do
contraste. AsTCs com duplo ou triplo contraste também diafragma e de estruturas do abdome superior incluem
são úteis nas Iesões do flanco e do dorso. Em todos os toracoscopia, laparoscopia, LPD e TC.
casos de trauma penetrante, a cirurgia imediata pode
ser necessária para o diagnóstico e tratamento. Ferimentos da Parede Abdominal Anterior:
Tratamento não Operatório
ARMADILHAS PREVENCÀO Aproximadamente 55% a 60% de todos os pacientes com
ferimento por arma branca que penetram o peritônio
Retardôr a tránsferêncrâ . Ouando há a necessidadê
apresentam hipotensão, peritonite ou evisceração
parà reaLizâçào da TC de de transferência pâra um
abdome Centro dêTrauma não do omento ou do intestino delgado. Esses pacientes
deve sêr âtaasado parà à necessitam de Iaparotomia de emergência. No entanto,
reatizaçâo daÍC. o tratamento não operatório pode ser considerado em
. AÍC deve sêr reã[izada pacientes hemodinamicamente estáveis, sem sinais
câso vá àLterar a condutâ
de irritação peritoneal ou evisceraçào. As opções de
êpós suê reà[ização ou
faciLitâr a estabiLização diagnóstico menos invasivo para estes pacientes (que
do paciênte para a podem ter dor no Iocal do ferimento) incluem exames
trânsferéncra físicos seriados por um período de 24 horas (com ou sem
FAST seriado), LPD, TC ou Iaparoscopia diagnóstica.
Embora um FAST positivo possa ser úül nesta situação,
um FAST negativo náo exclui a possibilidade de uma
A maioria das lesôes por arma de fogo são tratadas lesão visceral sem um grande volume de lÍquido intra-
por laparotomia exploradora. A incidência de lesÕes abdominal. Os exames físicos seriados são muito
inEàperitoneais signi6catÍvâs se aproxima de 987. quando trabalhosos, mas têm uma taxa de precisão global de
a penetÍaçáo peritoneâl está presente. Os ferimentos por 94%. A TC e LPD podem permitir o diagnóstico precoce
arma branca podem ser manuseados de forma mais de lesões em pacientes relativamente assintomáticos.
seletiva, mas âproximâdamente 3070 causam lesâo A Iaparoscopia diagnóstica pode confirmar ou excluir a
intraperitoneal. Assim, as indicaçôes para laparotomia penetraçào peritoneal, mas é menos útil na identificação
em pacientes com ferimentos abdominais penetrantes de lesôes especlÍicas. O cirurgião é quem determina
incluem: quando LPD ou laparoscopia devem ser usados.

Instabilidade hemodinâmica Lesões no Ftanco e Dorso: Trâtamento não


Ferimento por arma de [ogo com trajetória Operatório
transÍixante
Sinais de irritaçâo peritoneal
94 CAPÍTULO 5 . T.auma Ab,domlnaL e PéLvlco

A espessura do flancoe dos músculos do dorso protege contraste. O acompânhamento ambulatorial precoce é
as vísceras subjacentes contra lesôes causadas por mandatório após um período de observação hospitalar
ferimentos por arma branca e alguns ferimentos por de 24 horas, por causa da apresentação sutil de ceftas
projétil de arma de fogo. Para aquelas Iesôes que não Iesões colônicas.
têm indicaçào de laparotomia imediata, as opçôes OLPDtambémpodeserusadonestespacientescomo
de diagnóstico menos invasivas incluem exame um teste de triagem precoce. O LPD positivo é indicaçáo
físico seriado {com ou sem o FAST), TC com duplo ou dê Iaparotomia de urgência. No entanto, o LPD pode
triplo contraste e LPD. Em pacientes com ferimentos não identificar lesóes do có10n retroperitoneal.
posteriores a linha axilar anterior, o exame físico
seriado na identificaçáo de peritonite é muito preciso na rNDrcAçÕES DE LAPAROTOMTA
detecçãodelesóesretroperiIoneaisou intraperitoneais.
A TC com duplo ou triplo contraste é um estudo Uma ãvaliação cirúrgica é necessário para determinar
demorado que pode avaliar mais completamente as o tempo e a necessidade de laparotomia (r 116up^ t-r1.
porções retroperitoneais do cólon, no lado da ferida. As seguintes indicaçôes são comumente usadâs para
A precisão é comparável à do exame físico seriado. No
entanto, a TC permite um diagnóstico precoce da Iesào facilitaro processo de tomada de decisão aeste respeito
quando ela for realizada corretamente. . Trauma abdominal fechado, com hipotensão,
Râramênte, as lesões retroperitoneais podem não com FAST positivo ou evidência clinica de
ser percebidas pelo exame fÍsico seriado ou TC com sangramento intraperitoneal, ou sem outra
fonte de hemorragia

ARMADILHAS PREVENCÀO . Hipotensão com ferida abdominal penetrante


. Ferimentos porproiéteis de arma de fogo que
Lesões por concussào Façà a investrgâc,ão para [esôes transÍixam a cavidade peritoneal
ou expucsivas podem abdominars/pétvicas nestes
caLrsar [esão sem a mecanismos dêtaauma, . Evisceração
penetracào dâ cavidade rnesmo 5em evidências . Hemorragias do estômago, reto ou trato
PêritoneaL. externas dê frêndas.
geniturinário em traumas penetrantes
O exame físico, o Màntênha um abo nÍvel . Peritonite
ultrãssom e radiogrâfiâs de suspeicão para lesôes
sào comprometidos abdominais/pétvicas
. Pneumoperitôneo, ar retroperitoneal ou
ôo Pâciente obeso em paciêntês obesos, ruptura do diafragma
As imagêns de todas independentemênte do . TC com contraste que demonstre ruptura do
as râdiografiàs sào mêcanrsmo d€trauma.
comprometrdas e o LPD ATCéameLhormodaüdade
trato gastrointestinal, lesão intraperitoneal
é de difícit execuçào, se de imagem nesta populacào da bexiga, lesão de pedÍculo renal ou lesão
ôão impossÍvel nâ 5a[â Em casos selecionàdos â parenquimatosa visceral severa após
deTrãuma bpa.otomia dlagnósticâ deve traumatismo fechado ou penetrante

Exptorâcào tardrê
nos Paoentes
hêmodinamicamente
instáveis com [esão
abdominaI por êrmê
Todos os pâcrentes com
instabitrdade hemodinâmicã
dêvem ser submetidos â
[àparotomiâ
Exâmê físico seriãdo
I t

brânca. nâo é umâ opção nestes


pacientês ou naquetes que
âpresentarem Pêritonite ou
eviscerêcão
ATC.oLPDeoFASTnão
estão rndrcados naqueLes \
pacientes com instâbitrdade
hemodinâmicà ê lesào
abdomrnâL penetrante
I fIGURA 5-7 Làparotomia. A avalia(ão cirúrgi(a é necessária parô
deteÍminêr o momento e a ne(essidade de lapaíotomia.
ASSESSMENT AND I'4ANAGEMENT 95

Trauma abdominal fêchado ou penetrante outro lado, o nivel de amilase pode ser elelado por lesões não
com aspiração de conteúdo gastrointestinal, pancreáticas- ATC de duplo conüaste pode não identificar
Íibras vegetais ou bile no LPD, ou aspiraçào lesões pancreáticas signiÍicativas no peíodo Ímediato pós-

de l0 mL ou mais de sangue em pacientes üauma (até 8 horas). Pode ser repetido ou outras imagens
de estudo pancreático realizada se se suspeitar destas lesÕes.
hemodinâmicamente instáveis.
Caso os achados de imagem sejam inconclusivos, uma
exploração cirúrgrca do pâncreas é recomendada.
AVALTAçÃO DE OUTRAS LESõES ESPECíFTCAS
Lesões Geniturinárias
O fígado, o baço e os rins são órgâos predominantemente
envolvidos em trauma abdominal fechado, embora a Trauma no dorso ou nosflancos que resultam em contusões,
incidência relativa de perfuraçào de víscera oca e as hematomas ou equimoses são marcadores de possíveis
lesões de coluna vertebral lombar aumentem com o uso lesôes renais e exigem uma avaliação (TC ou urograÍia
inadequado do cinto de segurança (ver Tabela 5-1). O excretora)do trato urinário. A hemaúria macroscópicajá
diagnóstico de Iesões no diafragma, duodeno, pâncreas, é um indicativo de avaliação por imagem do trato urinário.
sistema geniturinário e intesüno delgado pode serdifícil. Hematúria macroscópica e microscópica em pacientes
A maioria das Iesôes penetrantes sâo diagnosticadàs na em choque são marcadores para aumento do risco de
laparotomia. Iesões renais. UmaTC abdome com contraste venoso pode
documentar a presença e a extensão de uma iesão renal
Lesões do Diaf ragma contusa, que pode sertratada de forma não-operatória. A
trombose daartédarenal e ampturado pedículo renalpor

Lacerações podem ocorrer em quaisquer porções das desaceleraçàosãolesõesrarasnasquaisahemaúriapode


cúpulas diafragmáticâs, emborâ a hemicúpula esquerda estâr âus€nte, €mbora o paciente possa ter dor abdominal
seja mais fÍequentemente comprometida. Uma lesão intensa. Urografia excretora, TC ou arte ogrâfia renal,
comum tem cerca de 5 a 10 cm dê extensáo e envolve podem serúteis no diagnóstico de ambas.
a regiáo póstero-lateral da hemicúpula diafragmática Uma ftatura pélvica anterior gera.lmente está presente
esquerda. As anormalidades na radiografiade tóraxinicial empâcientes com lesão da uretra. fu rupturas da uretra são
incluem elevaçào ou "borramento" do hemidiafragma, divididas em duas: acima (posterior) ou abaixo (aaterior)
hemotórax, uma sombra gasosa anormal que obscurece do diafragma urogenital. Uma lesão da ureüa posterior
o hemidiafragma ou uma sonda gástrica posicionada geralrnente ocorre em pacientes com Eauma multissistêmico
acima da lhha da hemicúpula diaftagmática. No entanto a e fraturas pélvicas.Jáa lesao uretra.l anterioré resultado de
radiografia de tórax inicial pode ser normal num pequeno um üauma a cavaleiro e pode ser uma lesão isolada.
percentual de pacientes. Suspeite deste diagnóstico para
qualquer lesão penetrante toracoabdominal e confirme Lesões de Visceras Ocas
com Iaparotomia, toracoscopia ou Iaparoscopia.
As lesões contusãs do intestino geralmente sào
Lesões Duodenais resultantes de desaceleração brusca que acarreta um
esgarçamento próximo a um ponto Íixo de sustentação
A ruptura duodenal é encontrada classicamente em visceral, principalm€nte quando o cinto de segurançafoi
motoristas sem cinto de segurança, envolvidos em usado de maneira incorreta. Lesôes intestinais devem ser
colisáo automobilistica com impacto frontale pacientes pesquisadas frente a equimoses lineares e transversas
submetidos a golpes diretos sobre o abdome, como na parede abdominal (sinal do cinto de segurança) ou
aqueles produzidos por "guidão" de bicicleta. Um uma fratura Iombar com desvio detectada na radiografia
aspirado gástrico hemorrágico ou a presença de ar (fratura de Chance). Embora alguns pacientes possam
retroperitoneal em uma radiografia de abdome ou TC aprêsentâr dor abdominal precoce, o diagnóstico de
deve levantar â suspeita desta lesão. Radiografias de lesão de víscera oca pode ser difícil pois nem sempre
abdome seriadas,TC comduplo contraste ou laparotomia está associada a sangramento signiÍicativo.
de urgênciasão indicados para pacientes com alto risco.
Lesões de Órgãos Sól,idos
Lesôes Pancreátícas
Lesões do fígado, baço e rim, que resultam em choque,
l€sôes pancreálicas gera]rnente resultam de um golpe instabilidade hemodinâmica ou evidência de hemorragia
epigástrico diÍeto que comprime o pârcreas contra a coluna ativa, são indicações de Iaparotomia de urgência. Lesáo de
vertebral. Um nível inicial de amilase sérica normal não órgão sólido en.r pacientes hemodinamicamente estáveis,
exclui um trauma pancreático de maior magnitude. Por muitas vezes pode ser tratada não operatoriamente.
96 CAPÍTULO 5 r Trauma Abdom naL e PéLv co

Internação hospitalar destês pacientes para observaçào Mecanismo dê Trauma e Ctarsificacão


cuidadosa e avaliação por um cirurgião é fundamental.
Lesões do fígado, baço e rim, que resultam em choque, Lesões do anel pélvico podem ser causadas por acidentes
instabilidade hemodinâmica ou evidência de hemorragia automobilÍsticos, acidentes de moto, atropelamentos,
ativa, são indicações de laparotomia de urgência. Lesão de esmagamento direto da pelve ou quedas. As fraturas
órgáo sólido em pacientes hemodinamicamente estáveis, pélvicas sào classiÍicadas em quâtro tipos, com base nos
muitas vezes, pode ser tràtada não operatoriamente. padrôes de força da lesão: compressão anteroposterior
lnternação hospitalar destes pacientes para obsewaçào (AP), compressão Iateral, cisalhamento vertical e
cuidadosa e avaliação por um cirurgião é fundamental. mecanismos combinados (r Rcual s+).
Compressdo AP é frequentemente associada com
ARMADILHAS PREVENCÀO colisôes frontais de motocicleta e carros. Este mecanismo
produz rotação externa da hemipelve com afastamento
da sínfise púbica e esgarçamento do complexo Iigamentar
Lesôes diafÍagmáticas Reatize uma làparotomlâ,
posterior. O anel pélvico rompido se afasta rompendo
despercebidas em toracoscopra oLl
o plexovenoso posterior e os ramos do sistemaarterial
Lesáo penetrànte [aparoscopia para exclu rr
Ílíaco interno. A hemorragia pode ser grave e fatal.
toràcoabdomrnat. a lesào diafragmática em
Alesõo por compressâo ioterol. que envolve força lateral
fer mentos penetràntes.
diretamente aplicada à pelve, é o mecanismo mais
comum de fratura pélvica em uma colisão de carros.
Lesão despercebrda de AvaIaçóes adrcionais
Em contraste com a compressáo AP, a hemipelve gira
viScerà ocà (exame físico seriado,
internamente durante a compressão lateral reduzindo
ÍC seriêdê uLtrassom
o volume pélvico e reduzindo a tensão nas estruturas
seriêdo, LPD ou
vascularespélvicas. Esta rotação internapode direcionar
[âpârotomia)estão
o púbis ao sistemageniturinário inferior, causando Iesões
lndicadas quando â Lesào
potenciais na bexiga e/ou uretra. A hemorragia e outras
de víscerâ oca for uma
sequelas de lesão por compressão lateral raramente
suspeitô
sáo fatais, mas podem produzir morbidade grave e
permanente, e, pacientes idosos podem desenvolver
Fraturâs Pél,vicas e Lesões Associadas sangramentos significativos por fraturas pélvicas com
este mecanismo. Quando isso ocorre, estes pacientes
Como pacientes com fraturas pélvicas e hipotensão requerem técnicâs de controle de hemorragia precoce,
têm uma alta taxa de mortalidade, qualquer tomada de como a angioembolizaçáo. Pacientes frágeis e idosos
decisào é fundamêntal para um bom desfecho clínico. podem sangrar significativamente após um trauma de
Fraturas pélvicas associadas a hemorragia comumente menor intensidade comfÍaturas de compressão lateral.
apresentam ruptura dos ligamentos ósseos posteriores O cisalhamento vertical da articulação sacro ilÍaca
(sacro ilíaco, sacro tuberoso, sacro espinhoso e também pode romper a vascularizaçào ilíaca e causar
fibromuscular do assoalho pélvico) evidenciado por hemorragia grave. Neste mecanismo, uma força de
uma fratura sacral, uma fratura saco ilíaca e/ou luxaçào cisalhamento de alta energia ocorre ao longo de um
da articulaçào sacro ilÍaca. plano vertica.l nos aspêctos anterior e posterior do anel.

Ç
r
!
+ +
+ + t
ú
Compressáo anteroposterior Compressào Iateral Cisathamento vertical
A (tjvro aberto) 15-20% dos casos B (íechâdâ) ó0'70% dos <asos c 5-15% dos càsos

I IIGURA 5-8 Fráturas Pélvicas. A. Fratura por compressáo. B. FratLrras poÍ compresrão lateral. C. tratura poí c sàlhanrento vertica
AVALIACÃO 97

Este cisalhamento rompe os ligamentos sacrotuberoso em hospitais sem recursos para tratar deÍinitivamente
e sacroespinhoso levando à instabilidade pélvica. Uma a hemorragia associada. Nesses casos, técnicâs simples
queda de altura superior a 3,66 metros geralmente resulta podem ser usadas para estabilizar a pelve, antes de
em uma lesão por cisalhamento vertical. transferiro pãciente. Como
as Iesões pélvicas associadas a
A mortalidade em pacientes com todos os tipos de grandes hemorragias rodam externamente a hemipelve,
ftaturas pélvicas é apÍoximadamente uma em cada seis a rotaçâo interna dos membros inferiores também
(variações de 5 a 30%). A mortalidade aumenta para pode reduzir o volume pélvico. Ao aplicar um suporte
cerca de um em cada quatro (variações de 10 a 42%) em diretamente a pelve do paciente é possível estabilizar
pacientes com fratura pélvica lechada e hipotensão. Em a pelve fraturada, reduzindo ainda mais o potencial de
paciêntes com fratura pélvica aberta a mortalidade é hemorragia pélvica. Um lençol, cinta pélvica ou outro
de aproximadamente 50%. A hemorragia é o principal dispositivo pode produzir uma Íixação temporária
fator potencialmente reversÍvel, que contribui para a eÍiciente para a pelve instável quando aplicãda ao nível
mortalidade. {VerApândíce G: Estaçõo kática Circulaçôo. ) dos trocânteres maiores dos fêmures (r TtGURA 5-9). (Ver
também vídeo Cinta Pélüco no aplicotivo mwel My ATLS.I
Tratâmento Nos casos de lesões por cisalhamento vertical, a tração
longitudinal aplicada através da pele ou do esqueleto
O tratamênto inicial de uma fratura pélvica grave também pode ajudar a proporcionar estabilidade. Isso
associada a choque hemorrágico requertanto o controle deve ser feito com a consultâ de um oaropedista.
do sangramento como a reposição volêmica. O controle da Cintas pélvicas externas sào um procedimento
hemorragia é obtido por meio de estabilizaçáo mecânica de emergência temporário. A aplicação adequada é
do anel pélvico e contrapressão extema. Os pacientes com obrigatória e os pacientes com cinta pélvica exigem
estas Iesôes podem ser avaliados e tratados inicialmente monitoramento cuidadoso. Clntas apeftadas ou as que

r-

r \lI \

lo B

C D

! ÍIGURA 5-9 Ertabiliza(ào Pélvi.a. A. Cinta pélvi(a. 8. Estabi!zacào pélvicê com lençol. C. Antes de apli(ar a (inta pélvica. D. Após a
aplicêção da (inta pélvicà.
98 CAPÍTULO 5 r Trauma Abdominal e Pé[vico

ARMADILHAS PREVENCÀO

T.atâmento tardio da . Controle a hemor.âgia Avà|.i.çao ckúrgl.a e aptl€áçào da .lntâ pélvlc./Lênçot


hemorrêgia péLvica aptrcando a crntô pélv ca.
angioembolizaçào e/ou
tratàmento c rúrgico.
Sõn8r.mênto lntr.pe.iton..t?
Útcera de pressão lÍontore os pacientes com

rfrrl)
NÂo

I
Slta
sobre o trocânter após c nta péLvicà pãra evtar
â permênência dâ cinta úlceràs dê pressào
pétvica po. mais de 24 Dêsenvolva um plrno
horas têràpêutrco precoce parà o
controte da hemorragia t AntioSr.fi.

Hipotensào sem Procure âtivàrnente


Dispositivo pârã fir.çao dâ bàcia e controlêdê s.n8.ânEnto
diâgnóstrco no9 hemorragiâ subcutâneá.
pacientes idosos âpós Reconheca que, nos f FIGURA 5-'10 Algoritmo de abordagem nas Írãturas pélvi(as (om
história de queda. pàcientes idosos, traumas (hoque hemorrági(o.
de baixa energia podem
côusar fratuaas pétvrcas com
sângramentos srgnrf icativo, transferência precoce para um centro de trauma com
que necessitem de
recursos disponíveis.
tratamento agíessivo e
transfusôes.

t I U TRABALHO EM EOUIPE
permaneceram na posição por períodos prolongado
podem causar lesôes na pele ou ulcerações sobre as
proeminências ósseas.
A equipe deve ser capaz de determinar as
Para o tratamento definitivo dôs pacientes com
prioridades de tratamento e identÍÍicar quais
alteraçôes hemodinâmicas relacionadas a uma ftatura
pélvica, é necessária uma equipe composta por um os procedimentos ou intervenções simultâneas

cirurgião de trauma, um cirurgião ortopédico, um necessitem ser realizados. O líder da equipe


radiologista intervencionista e um cirurgião vascular. deve reconhecer a necessidade de aplicar uma
A embolização angiográfi ca é frequentemente utilizada cinta pélvica e garantir a sua correta aplicaçào
para parar hemorragia arterial relacionada a fraturas enquanto continua a avaliar a resposta do
pélvicas. O empacotamento pré-peritoneal é um método paciente à reanimação.
alternativo paÍa controlara hemorragia pélvica quando
Certifique-se que os membros da equipe
a embolização demorar ou não estiver disponível. As
técnicas de controle da hemorragia não sâo exclusivas e trabalhem de forma eficaz e rápida para evitar
pode ser necessário mais de umatécnicapara o controle qualquer atrâso na trânsferência de um paciente
satisfatório desta. Um cirurgião de trauma experiente deve com lesâo abdominal para cuidados deÍinitivos.
construir um plano terapêutico para um pacíente com
hemorragia pélúca com base nos recursos disponíveis.
Embora o tratamento deÍinitivo de pacientes com RESUMO DO CAPÍTULO
choque hemorrágico e fraturas pélvicas seja variável,
um algoritmo terapêutico é mostrãdo em (r 116uRA t-r41. 1. As três regiôes distintas do abdome são.a cavidade
São necessários recursos signiÍicativos para tratar de peritoneal, o espaço retroperitoneal e a cavidade
pacientes com fraturas pélvicasgraves. A consideração pélvica. A cavidade pélvica contém componentes
precoce de transferência para um c€ntro de trauma tanto da cavidade peritoneal quanto do espaço
é essencial. Em ambientes de recursos limitados, a retroperitoneal.
ausência de recursos ciúrgicos e/ou angiográficos
para pacientes hemodinamicamente instáveis com 2. A avaliaçáo precoce com um cirurgião é necessária
fraturas pélvicas ou pacientes hemodinamicamente para um paciente com possíveis lêsões intra-
normais com lesão significativade órgãos sólidos requer abdominais. Uma vez que as funçôes vitais do
paciente tenham sido reestabelecidas, a avaliação e
BIBLIOG RAFIA 99

o tratamento variam de acordo com o mecanismo Angioembolização e empacotamento pélvico


de trauma.
Selecionar os exames diagnósticos especiais
conforme a necessidade e realizá-los com
3. Pacientes hemodinamicamente instáveis com mínimâ perda de tempo possível
múltiplas lesões fechadas devem ser avaliados
rapidamente em busca de sangramento Manter sempre um alto índice de suspeiçáo
intra-abdominal ou contaminaçáo do trato de possíveis lesões ocultas dos vasos e órgãos
gastrointestinal, através da realização de um FAST retroperitoneais
ou LPD.

4.
BIBLIOGRAFIA
Os pacientes que necessitam de transferência para
um centro de trauma devem ser reconhecidos e
estabilizados precocemente sem realizar testes
diagnósticos não essenciais. 1- Agolini SF, Shah K, )affe J, et al. Arterial
embolization is a rapid and effective technique
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normais incluem a incapacidade de avaliar de forma Trouma 1997;43(3):395-399.
confiável o abdome com exame físico, bem como a 2. Anderson PA, Rivara FP, Maier RV, et al. The
presença de dor abdominal. A decisão de operar é epidemiology of seat bêlt-associated injuries. ,l
baseada no(s) órgão{s) especíÍico(s) envolvido(s) e Troumo 1991;31:60-67.
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abdome com hipotensão, peritonite ou evisceração 20o4;263):319-321.
necessitam de laparotomia de uÍgência. Os pacientes 4. Ball CG, lafri SM, KirkpatÍick AW, et al.
com ferimentos por projétil de arma de fogo que Traumatic urethral injuries: does the digital
tenham transfixado a cavidade peritoneal ou áreas rectâl examination really help us? Injury
de visceras e vasos do retroperitônio, quando 2009Sep;40(9):984-986.
diagnosticados pelo exame físico ou radiográÍico, 5. Ballard RB, Rozycki GS, Newman PG, et al. An
também necessitam de laparotomia. Pacientes algorithm to reduce the incidence of false-
assintomáticos com ferimentos por armabranca na negative FAST examinations in patients at
parede abdominaI anterior, que tenham penetrado high risk for occult injury. ,l Am Coll Surg
o peritônio naexploração local da ferida, requerem 1999;189(2):145-1s0.
uma avaliação mais completa, existindo diversas 6. BoulangerBR, Milzman D, Mitchêll K, et al.. Body
alternativas aceitáveis. habitus as a predictor ofiniury pattern afterblunt
trauma.,f Trouma 1992;33 :228-232.
7. Os pacientes assintomáticos com ferimentos por 7. Boyle EM, Maier RV, SalazarJD, et al. Diagnosis of
arma branca nos flancos ou no dorso, que náo sáo injuries after stab wounds to the back and flank.
obviamente superÍiciais devem ser avaliados com J T r oumo 1 997 42 \21 :260 -265.
:

exame físico seriado ou TC com contraste. 8. Como Il, Bokhari F. Chiu WC, et al. Practice
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8. O tratâmento do trauma fechado ê penetrante do management of penetrating abdominal trauma.
abdome e da pelve inclui: ,l Trauma 2010Mar ;68131 :721.-733.

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Í-T---r---TIri l.

TRAUMA CRANIENCEFÁtICO

O objetivo principal do tratamento dos doentes com suspeito d e trauma craniencefálico


(TCE) é prevenir alesão cerebral secundária.
CAPíTULO 6 SUMÁRIO
OBJETIVOS AVALIACÀO SECUNDÁRIA

INTRODUCAO PROCEDIMENTOS DIAGNóSTICOS

REVTSÀO DE ANATOMIA TRAÍAMENTO CLÍNICO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO


. Couro Cabetudo . FLuidos lntravenosos
. Crânio . Correçào da Anticoagu[ação
. Meninges . HipêrvêntiLaçâo
. Encéfalo . ManitoL
. Sistema VentriccuLàr . SoLuçào SaLina Hipertônica
. Compartimentos lntracranianos . Barbitúricos
. AnticonvuLsivantes
REVISÀO DA FISIOLOGIA
. Pressão lntracrâniana TRATAI.4 ENTO CI RÚ RG ICO
. Doutrina de l'1onro-KeLLie . Lesôes do Cou.o CabeLudo
. FLuxo Sanguíneo CerebraL . Fraturas no Crânio com Afundamento
. Lêsôes lntrâcrânianas com Efêito dê f4assa
cLASStFTCAçÃO DAS LESÕES CRAN rEN C EFÁ LrCAS . FerimentosCraniencefá[icos Penetrantes
. Gravidade dâ Lesão
. MorfoLogia PROGNÓSTICO

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO BASEADO EM EVIDÊNCIAS MORTE ENCEFÁLICA


. Trâtamento do Trauma CraniencefáLico Leve
{Escore na GCS 13-15) TRABALHO EM ÊOUIPE
. Tratamento do Trauma CraniencefáLico l'4oderado
{Escore na GCS 9-12) RESUMO DO CAPíTULO
. Trâtamento do Trauma CraniencefáLico Grave
(Escore na GCS 3-8) BIELIOGRAFIA

AVALIAÇÀO PRIMÁRIA E REANIMAçÃO


. Via Aérea e Respiração
. Circulacào
. Avaliâção NeurotóBica
. Anestésicos, AôaLgésicos e Sedativos

OBJETIVOS

a compreensão dos tópicos de


Após a Lêiturâ deste capítuLo e 3. Descrever os componêntes dã avaliação neurotó8ica
ap.endizado do curso ATLS, você estará âpto a: dirigida.

Desc.ever a anatomiã intracr-âniana básica e os princípios 4. Expl-icâr a importância da reanimação adequada para
fisiológicos da pressão inü'acianiana, a Douúina Monro- Limitar a lesão cerebràt sê€undária.
Keüie e o ff,uxo sanguíneo cerebral
5 ldenüficar as considerâc,ões para transfeÍência, admissáo,
2. Dscrever a avatiação primária ê a reânimêÉo do doente consutta, e alla do doeftte com b'auma cÍirnienceíálico.
com tÍauma craniencefático.

r03
l04 CAPÍTULO 6 r Trauma Cran encefél co

tl s lesões craniencefálicas encontram-se entre retardar a transferência do doente paÍa um centro de


I or,rpo, o", rauma mars r requentemente vrslos trauma capaz de realizar intervenção neurociúrgica
ra nor r"p"a,amenlos Ge t mergencla rut,. rvtultos imediata e defilitiva.
doentes com lesões cerebrais graves morrem antes A triagem do doente com TCE depende da graüdade
de chegar ao hospital; de fato, quase 90% das mortes da lesão e dos recursos disponíveis na comunidade em
pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem questão. Para os hospitàis sem cobertura neurociúrgica,
Iesão cerebral. Aproximadamente 75% dos doentes com devem estaÍ em úgor acordos de transferência preúamente
lesão cerebral que recebem cuidados médicos podem ser estabelecidos com serrriços mais capacitados. Recomenda-
classificados como vítimas de [auma Ieve, 15oÁ como se que se consuJte precocemente um neurocÍrurgião.
útimas de üauma moderado e 10% como útimas de trauma i QUADRo &1 Lista de informações importantes para
grave. Dados mais recentes dos zuA estimam 1.700.000 fomecer ao neurocinugião ã respeito do doente comTCE).
traumatismos craniencefálicos (TCE) anualmente,
incluindo 275.000 hospitalizaçóes e 52.000 moÍes.
As vítimas sobreviventes de TCE frequentemente REVISÀO DE ANATOMIA
apresentam dano neurofisiológico que resulta em invalidez,
comprometendo o trabalho e as atiüdades sociais. Nos Uma revisão da anatomia craniana inclui o couro cabeludo,
EUA, estima-se que anualmente cerca de 80.000 a 90.000 o crânio, as meninges, o encéfalo, o sistemaventricular, e
pessoas sofrem algum tipo de invalidez de longaduraçáo os compartimentos intracranianos {r F|GURA Çí ).
como resultado de tÍaumâ craniencefálico. Nos países
eruopeus, como por exemplo, na Dinamarca, 300 entre COURO CABELUDO
cada I miihão de habitârtes sofrem trauma craniencetálico
moderado ou grave anualmente, sendo que mais de um Em razão da sua irrigaçáo abundante, a laceração
terçô dessâs útimas requerem reab ilitação. Considerando do couro cabeludo pode Ievar a perdas sanguíneas
êssas estatísticas, mesmo uma pequena redução na significativas, choque hemorrágico e mesmo morte.
mortalidade e na morbidade resultantes de trauma Isso é particularmente verdadeiro em doentes com
craniencefálico teria impacto importante na saúde pública. tempo muito Iongo de transporte.
O obietivo principal do tratamento dos doentes
com suspeita de TCE grave é prevenü a lesão cerebral CRÂNIO
secundária. A mareira mais importante para limitâr o
dano cerebral secundário e, consequentemente, melhorar A base do crânio é irregular, possibilitando a ocorrência
o resultado do doente é garantir oxigenaçáo adequada de lesôes quando o cérebro se desloca e desliza no interior
e manter a pressão arterial suÍiciente para garantir a do crânio, emdecorrência de movimentos de aceleração
perfusão cerebral. Após a realização dosABCDE, osdoentes e desaceleração. A fossa anterior alojaos Iobos ftontais,
que são identjficados por meio da avaliação clínicacomo afossa média aloja os Iobos temporais e a fossaposterior
doentes comTCE que necessitam de tratamento em um aloja a porção inferior do tronco cerebral e o cerebelo.
centro de trauma, devem ser prontamente transferidos.
Se exisür capacidade neurociúrgica local é crucial que se MENINGES
identifiquem lesões comefeito de massa que necessitem
de drenagem cirúrgica, e isso é obtido da melhormaneira As meninges revestem o cérebro e consistem em três
pela realizaçáo imediata de tomografi a computadorizada camadas: dura-máter, aracnoide e pia-máter (r rrcunc
(TC) do crânio. EntÍetanto, a obtençào de TC não deve Ê2 ). A dura-máter é uma membrana resistente e fibrosâ

OUADRO 6-I LISTA DE INFORMACÕES IMPORTANTES PARA FORNECER AO


NEUROCIRURGIÀO A RESPEITO óO OOEruTE COM TCE

Ao consuLtar um neurocirur8ião sobre um doente com TCE, forneça ôs seguintes informacÕes:


.ldadedodoente Presença de atSum défice neurológico focâ[
. Mecanismo e hoí'â do trauma Prêsença de suspeita de anormalidade do estado
. Estado respiratório e cardiovascutnr do doente neuromusculár
(particulã.mente pressão arteíiâl e saturação de oxigênio) Presença e tipos de tesôês associadas
. Resuttados da avaliâção nêuroLó8ica, anctuÍndo o escore Resu[tados dos exames diaSnósticos, particuLarmente a
da GCS (particulármente a resposta motora), tamanho das TC (se disponÍvel)
pupilas e reatividade à luz Trâtameôto dâ hipotensão ou hipóxia
Uso de anticoagu[antes
REVISÃO DE ANATOMIA IO5

Espaço Terceiro Ptexo Seio sagital


subaÍacnoide ventriculo coroide superioí

Vitosidâdes
aracnoides

I Seio reto

t.
Cerebelo
,iêsencéfato
EspaLo subaracnóide

cerebrat

qlaÍto
)
Ptexo coÍoidê canaL central
da medutâ
,áedula e6pinhat

f fIGURA 6-1 Visão GeraJ da Anatomia Craniana. As setas representam ã produção, c rcu açâo e Íêãbsorção do fluido cerêbroêspinhal.

Durà-mátêr: Crânio
Camàda periosteal
Camada meningea
Âràcnoide Espaço suMurat

Espaço
Subaracnoide
Pia-máter
Seio sagitâl
Cérebro:

tongitudina{)

t a pia_máter.
FIGuRA 6-2 As meninqes (obrem o cérebro e consistem em três camêdêsr a dura máter, a àracnoide
lfó CAPÍTULO ó r Trauma CraniencefáLico

que adere Íirmemente à superfície interna do crânio. funçóes da memória. O Iobo occipital é responsável
Em locais específicos, a dura-máter divide-se em duas pela visâo.
superfÍcies que envolvem grandes seios venosos que O tronco cerebral é constituído pelo mesencéfalo,
permitem a maior pârte da drenagem venosa cerebral. O ponte e bulbo. O mesencéfalo e à parte superior
seio sagital na Iinha média superior drenapara os seios da ponte contêm o sistema ativador reticular que
bilaterais transverso e sigmoide, que são ftequentemente é responsável pelo estado de alerta. No bulbo, que
maiores no Iado direito. Alaceraçâo desses seiosvenosos continua para formar a medula espinhal, alojam-se
pode resultar em hemorragia maciça. centros cardiorrespiratórios vitais. Mesmo pequenas
As artérias meningeas correm entre a dura-máter lesões no tronco cerebral podem ser acompanhadas
e a superfície interni do crânio no espaço epidural. de déÍice neurológico grave.
Fraturas cranianas acima dessas artérias podem O cerebelo, responsável principalmente
Iacerá-las e resultar em hematoma epidural. A artéria pela coordenação e pelo equilíbrio, projeta-se
meníngea média, que se encontra localizada sobre a posteriormente, na fossa posterior, e forma conexÕes
fossa temporal, é o vaso meníngeo Iesado com maior com a medula espinhal, o tronco cerebral e com os
frequência. Um hematoma em expansão, provocado hemisférios cerebrais.
pela laceração arterial nessa Iocalizaçáo pode causar
deterioração rápida e morte. Os hematomas epidurais SISTEMA VENTRICULAR
também podem resultar de lesôes dos seios durais e de
fÍaturas da calota craniâna, que tendem a expandir mais Os ventrículos são um sistema de espaços e aquedutos
lentamente, e provocam menorpressão sobre o cérebro preenchidos de LCR, localizados no interior do encéfalo.
subjacente. Entretanto, a maioria dos hematomas O LCR é produzido constantemente nos ventriculos e
epidurais representam uma emergência com risco de éabsorvido sobre a superfície do encéfalo. A presença
morte, devendo ser avaliados por um neurocirurgtào de sangue no LCR pode prejudicar a sua reabsorção,
tão Iogo quanto possível. produzindo aumento da pressào intrâcraniana. O
Abaixo da dura-máter situa-se a segunda meninge, a edema e as lesôes de massa (por exemplo, hematomas),
membrana aracnoide, que é fina e transparente. Como podem provocar obliteração ou desvio dos ventrÍculos
a dura-máter nào está aderida à aracnoide subjacente, que usualmente são simétricos. Tais alterações podem
existe um espaço potencial (o espaço subdural) ser facilmente identificadas na TC de crânio.
no qual podem ocorrer hemorragias. No trauma
craniencefálico, as veias que vão da superfície do COMPARTIMENTOS INTRACRANIANOS
cérebro para o seios venosos, no interior da dura (veias
em ponte), podem romper-se levando à formação de O encéfalo é separado em regióes por divisórias
hematoma subdural. de meninges bem resistentes. A tenda do cerebelo
A terceira meninge, a pia-máter, está firmemente ou tentório divide a cavidade intracraniana em
aderida à superfície do cérebro. O 1íquido compartimento supratentorial e infratentorial. O
cefalorraquidiano (LCR) preenche o espaço entre mesencéfalo passa através de uma abeftura no tentório
a aracnoide impermeável e a pia-máter (o espaço conhecida como incisura datenda do cerebelo. O nervo
subaracnoideo), acolchoando o cérebro e a medula oculomotor (IIl nervo craniano) passa ao longo da
espinhal. Hemorragia para dentro desse espaço margem da tenda do cerebelo, podendo ser comprimido
preenchido de líquido {hemorragia subaracnoidea) é contra ela durante uma heÍniação do lobo temporal.
frequentemente acompanhada por contusão cerebral Fibras parassimpáticas, que sáo constritoras dâs
ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo. pupilas, estão na superfÍcie do III nervo craniano- A
compressào dessas Íibras durante a herniação causa
ENCÉFALO dilatação pupilar devida à atividade simpática sem
oposiçâo, frequentemente chamada de pupila dilatada
O encéfalo compreende cérebro, cerebelo e tronco (. HGURA 6-3).
cerebral. O cérebro é composto pelos hemisférios A região do cérebro que habitualmente hernia
direito e esquerdo, separados pela foice cerebral. O através da incisura tentorial é a parte medial do
hemisfério esquerdo côntém os centros da linguagem lobo temporal, conhecida como uncus (. nGURA 6-4).
em virtualmente todos os indivíduos destros e em mais Herniação do uncus também causa compressão do
de 85% dos indivÍduos canhotos. O lobo ftontal controla trato corticoespinhal (piramidal) do mesencófalo.
as funçóes de execução, as emoções, as funções motoras O trato motor cruza para o lado oposto no forame
e, no lado dominante, a expressão da fala (árêa motora magno, e a sua compressão resulta em défice motor
da fala). O Iobo parietal dirige a funçáo sensorial e a do Iado oposto do corpo {hemiplegia contralãteral). A
orientação espacial. O Iobo temporal regula certas dilataçào da pupila ipsilateral associada à hemiplegia
REVISÀO DA FISIOLOGIA IO7

OOUTRINA DE MONRO-KELLIE

* 4 A doutrina de Monro-Kellie é um conceito simples,


mas de vital importância para a compreensão da
dinâmica da PIC. A doutrina afirma que o volume total
do conteúdo intracraniano deve permanecer constante,
I IIGURA 6-3 Pupilâs d íerentet com a esquerda màior que ô direitê já que o crânio é uma caixa rígida não expansível.
Quando o volume intracraniano aumenta, a PIC
também aumenta. O sangue venoso e o LCR podem
ser comprimidos para fora do espaço intracraniano
dando algum grau de compensação à pressão h rtcuruq
&5 e. FIGURÂ 6-6). Assim, na fase inicial após o trauma,
uma massa tal como um coágulo sanguíneo pode
aumentar e a PIC permanecer normal. Entretanto,
uma vez atingido o limite de deslocamento do LCR e
ô do sangue intravascular, a PIC aumenta rapidamente.

I FLUXO SANGUÍNEO CCNESNIL

O TCE suÍicientemente gÍave para produzir coma


pode causar redução impoftante do fluxo sanguíneo
cerebral (FSC) durante as primeiras horas após o
trauma. Habitualmente aumenta nos próximos 2 a 3
dias, mas nos doentês que permanecem em coma, o FSC
t permanece abaixo do normalpor dias ou semanas após o
trauma. Há evidências crescentes que tais nÍveis baixos
de FSC são inadequados para satisfazer a demanda
I tIGURA 6-4 Herniàçáo Latêral{Uncal). A êsão da ârtérla
metabólica do cérebro precocemente após o trauma.
meninqeà média 5ecundària â uma Íratura do osso temporal pode
(âusar um hematomê epidurâl ternporal o uncus<omprime ê Por razôes conhecidas e desconhecidas, a isquemia
porção tuperioí do tÍonco cerêbrâl onde 9e êncontrê o sirtema cerebral regional, e mesmo global, são comuns após o
reti(!lôr (dimin!indo o etcore na 6CS), o nervo o(ulomolor trauma craniencefálico grave.
(altera(ôes pupiJare5) e o trato (orticoêsp nhêl no mesencéfalo Os vasos cerebrais pré-capilares têm normalmente
(hemipaÍesia (ôntralêterà ).
a capacidade de contrair ou dilatar reflexamente em
contralateral é a síndrome clássica de herniação do resposta a mudanças na pressão arterial média (PAr\4f
uncus. Raramente, a lesão de massa pode empurrar o
lado oposto do mesencéfalo contra a margem da tenda
Curva volume-pre55áo
do cerebelo, provocando hemiplegia e dilatação da
pupila no mesmo lado do hematoma.
60
Herniação
55
50
REVISÀO DA FISIOLOGIA 45
a,o
!--
Os conceitos Íisiológicos relacionados ao trauma c5)
craniencefálico incluem a pressão intracraniana, a Êro
doutrina de Monro-Kellie e o fluxo sanguíneo cerebral. íru
À20
Footo de
Descoínpeniação
'15

í0
\
PRESSÃO INTRACRANIANA 5
Volume de ilarsa
A pressáo intracraniana (PIC) elevada pode reduzir a
perfusào cerebral e causar ou exacerbar a isquemia. A t FIGURA 6-5 Curva Volume-Pressão. O (onteúdo intÍa(raniano
PIC normal no estado de repouso é aproximadamente pode, inicià mênte, compensar a presen(a de umã nova massa
10 mmHg. PressÕes maiores do que 20 mmHg, rntÍêcranrana, (omo um hêmatoma 5ubdural ou epid!ral. lJma vez
especialmente se mantidas e refratárias ao tratamento, que o vo ume destà massâ atinjâ um limilê (ritico, Írequêntêmênte
ô(orre um aumêô1o rápido dâ prestão ntracraniana, que pode lêvar
são associadas a piorês resultados.
ã reducàô ou cesraçào do Í uxo sang!rneo (erebràl
l08 CAPÍTULO 6 r Traurnê Cran encefáLrco

Estado normal - PIC normal

e{§ Votume Volume


veno50 arterial
Ên.efalo LCR

Estado compensado - PIC normal

I Votume Volume Enceíalo Massa LCR


venoso arterial

3 Estado descompensado - PIC elevada


rl-!-

voLume Votume Encéfato Massa LCR


venoso arterial

75 mL 75 mL

! Eclri f; A Doutrina Monro-Kellie sobre a Compênsà(âo lntrà(râniêna pârâ MaStas em Ixpânsào. O voluÍne total do conteúdo
intracraniano p€rmane(e (onstante. 5e a adiçào de uma massa ta como um hematoma resultaí na saida Íorçada de um volume iqual de LCR
e sangue venoso para Íora do crânio, a PIC permanecê normâ1, Entrelânto, quândo e5ses mecànism05 dê (ompênsaçào 9ão esgotâdo5, o(orre
um aumento exponencial dà PIC mesmo para um pequeno aumento no volume do hemàtoma. (Adaptado com peÍmissão de Nârayan RKI
Head lnjury. ln: Grossman R6, Hamilton Wl eds., Pnnctples oÍ Neurosur.gery. New York, NY: Raven Pres9, 1991-)

Para efeitos clínicos, a pressão de perfusão cerebral por hipotensáo, hipóxia, hipercapnia ou por hipocapnia
(PPCI é definida como pressão sanguínea arterial média iatrogênicâ.
(PAM) menos a pressão intracraniana (PPC = PAM - PIC). Portanto, deve ser feito todo esforço para aurn€qLar
A PAM entre 50 e 150 mmHg é "auto-regulada" para a perfusào e fluro sanguÍneo cerebrais pela reduqâo
manter ô FSC constante {auto-regulação pressóricaf O ila pres§o intracraniala elevada, mantendo ovolume
trauma craniencefálico grave pode prejudicar a auto- intravascular e a PAM normais, e restaurando a
regulação pressórica de tal modo que o cérebro fica oxigenação e a ventilàção normais. Hematomas e
incapaz de compensar adequadamente as mudanças outras lesôes que aumentam o volume iatracraniano
na PPC. Assim, se a PAM for muito baixa pode ocorrer devem ser precocemente evacuados.A manutenção da
isquemia e infarto. Se a PAM for muito alta pode ocorrer PPC normal pode a;udar a melhorar o FSC; entretanto,
inchaço com aumento da PIC- a PPC não é igual nem assegura o FSC. Uma vez que os
O vasos cerebrais normalmente também se contraem mecanismos de compensação encontram-se esgotados
ou dilatam em resposta a alterações na pressão parcial e existe um aumento exponencial da PIC, a perfusão
de oxigênio (PaOr) ou na pressáo parcial de dióxido cerebral fica comprometida.
de carbono {PaCOr) do sangue (auto-regulação
química). Portanto, à lesào secundária pode ocorrer
cLAssrFrcAÇÀoDASLESÔESCRANTENCEFÁLtCAS t09

MORFOLOGIA
CLASSIFICACÀO OES LESÕES
CRANIENCEFÁLICAS O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de
crânio e lesões intracranianas tais como contusões,
As Iesôes craniencefálicas são classiÍicadas de várias hematomas, lesôes difusas e inchaço resultante de
maneiras. Para efeitos práticos, a gravidade da lesão e edema/hiperemia.
a morfologia serão usadas neste capítulo (r uerul +t ).
(Ver também Class ificaçõo dos Lesões Craníencefôlicas Fraturas de CÉnio
no aplicatívo móvel MyATLS.)
As fraturas de,crânio podem ocorrer na calota ou na
GRAVIDADE DA LESÃO base do crânio. Elas podem ser lineares ou estreladas
e expostas ou fechadas. Para identificação das fraturas
O escore na Escala GCS é usado como medida clínica da base do crânio habitualmente é necessário o uso de
objetiva da gravidade do trauma craniencefálico (r tomograÍia computadorizada com "janela" para osso.
TABETA 6-2). (Ver também Ferramenta de cálculo do Os sinais clÍnicos de fratura de base de crânio incluem a
escore na Escola de Coma de Glosgow no aplicativo equimose periorbital (olhos de guaxinim), a equimose
móvel MyATLS. ) Um escore na GCS igual ou inferior retroauricular (sinal de Battle), fístula liquórica através
a I tornou-se a deÍinição geralmente aceita de coma do nariz {rinorreia)ou do ouvido (otorreia)e disfunção
ou trauma craniencefálico grave. Doentes com trauma dos sétimo e oitavo nervos cranianos (paralisia facial e
craniencefálico com escore na GCS de 9 a 12 são perda de audição)que podêm ocorrer imediatamente
classificados como "trauma moderado", e aqueles com ou poucos dias após a lesáo inicial. A presença desses
escore de 13 a 15 são designados como "trauma leve". sinais clínicos deve aumentar o índice de suspeita e
Ao avaliar o escore na GCS, quando existe assimetria ajudar na identificação das fraturas da base do crânio.
direita/esquerda ou superior/ínferior, é importante Fraturas da base do crânio que atrâvessâm os canais
que se use aoelhor resposta motora no cálculo do carotídeos podem lesar as artérias carótidas (dissecção,
escore porque esta é o preditor mais confiável do pseudo-aneurisma ou trombose). Nesses casos deve-se
resultado. Entretanto devem-se anotar as respostas considerar a realização de arteriografia cerebral (angio
efetivas em ambos lados do corpo, face, braços e pernas. TC IATC] ou por cateterismo arterial).
Fraturas de crânio ab€rtas ou cominutivas podem
estabelecer comunicaçáo direta entre a laceraçâo do

TABELA 6.I CLASSIFICACÀO DO TRAUI.lA CRÂNIENCEFÁLICO

Grevidâdê . Escôrê na GCS 13-15


. Moderado . Escore na GCS 9-12
. Grave . Escore na GCS 3-8

Moíotogiâ . Fraturas de c.â n io . Calota . Linear X estreLada


. Com/sem âfundamento

. EasiLares . Com/sem fístuLa [iquórica


. Com/sem paratlsia de nervo

. Lesões lntracranianas . Epidurat


. Subdurat
.lntracerebràt

. D fusas Concussão
Contusões múttiplas
Lêsào hlpóxrca/isquêmica
Lesão A-xonaI

ForÍe: Adàptado com pe.mrssão de VaLadka AB. Nà.aya. RK Emergency .oom ma.a8êment of thê he.d-inju.ed patênt ln Nà.âyàn RK, Wil.bêr8ê. JE.
Povlrsho.k JT. eds Neúrctrauma New York NY llccràw'HrlL. 1996,120
llo CAPíTULo 6 r Trauma Cran encefél co

TABELA 6.2 ESCALA DE COMA OE GLASGOW (GCS)

E§CÂLA ORIGINAI- ESCALA REVISADA ESCORE

Abertura Ocutar (O) Abertura OcuLar (O)


Espontânêa Espontâneô
A êstímu[o verbal 3
')
A estímsto dotoroso À pressáo
Sem resposta
Não testáveL NT

RêspostaVerba[ (V) Resposta VerbaL {V)


Orientado Orientada 5
Confuso nâ conversaçâo Confusâ 4
Pal,avras inaproprjadas PaLavras 3
Sons incompreensÍveis Sons 2

Sem respostá Ausente


Não testável NT

Níethor Resposta Motora (l'4) It'1êthor Rêsposta Motorà (l'a )

Obêdece comandos A ordens 6


LocâLiza ê dor Locatizadora 5

Flexão normal (retjrâdâ) à dor Ftexào normaI


FLexão ênormà1.(decorticaçào) Flexão anormá[ 3

Extensào (descerebração) Extensão 2

Sem resposta (fLôcide2) Ausente


Não testável NT

Esco.ê Gcs = (O [,íl + v [5] . 11 [6]); Melhor êscorê possivêt = Is; Pior êscor€ possrvet :
l
'Sê uma árêa não pode ser âvàlrâdâ. nênhum êscore é dâdo pàra àquetà regrão e é consrderãdà nào testávef Fôntê wwv gtãs8owcomàscãtê org

couro cabeludo e a superfície cerebÍal, se a dura-máter cérebro devido a choque prolongado ou apneia que
encontrâr-se rota. A importância da fratura de crânio ocorrem imediatamente após o trauma. Nesses casos, a
não deve ser subestimada pois para que ela ocorra é TC pode ser inicialmente normal ou o cérebro aparece
necessária a aplicação de força considerável. Uma com edemadifuso comperdada distinçào habitual entre
fraturalineardacalotacranianaemdoentesconscientes cinza e branco. Outro padrão difuso, frequentemente
aumeÍí-ta-eú.cerca de 400 vez€s a possibilidade de visto em impactos de alta velocidade ou em lesões por
ocorrência de hematoma intracraniano. desaceleração, pode produzir hemorragias pontil.hadas
em todos os hemisférios cerebrais, concentrando-se nos
Lesões lntracranianâs Iimites entre as substâncias cinzenta e branca, Essas
"lesôes por cisalhamento" mencionadas como Iesão
Lesôes intracranianas podem ser classiÍicadas como axonal difusa (LAD) e deÍinem uma síndrome clinica
focais ou difusas, embora as duas formas de lesão de Iesáo cerebral grave, com desfecho variável, mas
frequentemente coexistam. geralmente reservado.

Lesões Cerebrais Dif usas Lesões Cerebrais Focais

Lesôes cerebrais difusas variam de concussões Ieves, As lesões focais incluem os hematomas epidurais, os
nas quais a TC de crânio é habitualmente normal, até hematomas subdurais, as contusóes e os hematomas
lesões hipóxicas isquêmicas graves. Nas concussóes, intracerebrais (. rtcunn o-z).
o doente tem um distúrbio neurológico não focal
transitório que frequentemente inclui perda de
consciência. Lesões difusas graves resultam mais
frequentemente de agressão hipóxica, isquêmica ao
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO BASEADO EM EVIDÊNCIAS III

frequentemente parecem assumirâ forma do contorno


do e(_rebro. O comprometimento cerebral subiacente
ao hemàtôma subdural costuma ser muito mais grave
do que nos hematomas epidurais devido à presença de
lesão parenquimatosa concomitante.

Contusões e Hematomas IntÍacéTEbmis ,

Contusôes cerebrais sãobastante comuns; eles ocorrem


A em cerca de 207" a 307" dos traumas craniencefálicos
graves. A maioria das contusões ocorre nos lobos ftontal
e lqqrpqllrl, embora possam oconer em qualqúer parte do

I,
I
cérebro. As contusôes podem, em um período de horas
ou dias, evoluir para formar um hematoma intracerebral
ou uma contusão coalescente com efeito de massa
suficiente parâ exigir evacuação cirúrgica imediata.
Isso ocorre em aproúmadamente 20% dos doentes que
apresentam contusão na TC de crânio inicia.l. Por esta
razão, doentes com contusão devem ser submetidos a
TC repetidas para avaliar as mudanças no padÉo da
c D
contusão nas 24 horas após a TC de crânio inicial.
I FIGURA 6-7 ÍC de Hematomas lntra(ranianos. A. Hematoma
epidural. B. Hematoma subdurâ1. C. Contutõe9 bilâterâis com
hêmorragia. D. Hemorragia intíaparenquimatosa direita, com
PROTOCOLOS DE TRATAI'4 ENTO
d€svio de linha media da direita para a e5queída e hemorragia5 BASEADOS EM EVIDÊNCIAS
biventriculare5 a55ociâdas.
Os protocolos baseados emevidência estão disponíveis
llemotomas Epidumis para o tratamento do TCE. A 4a edição das Diretrizes da
Broin Trauma Foundotion para oTratamento doTrauma
Hematomas epidurais são relativamente raros, Craniencefálico Grave foi publicada em setembro de
ocorrendo em 0,57o de todos os doentes com trauma 2016 e a sinopse impressa foi publicada no Journal of
craniencefálico e em 9oÁ dos doentes com lesão cerebral Neurosurgery em janeiro de 2017. As novas diretrizes
traumática que estâo em coma. Esses hematomas sâo diferentes em muitos aspectos das diretrizes antigas,
tipicamente adquirem a forma biconvêxa ou Ienticular Novos níveis de evidência são categorizâdos da mais
à medida em que empurram a dura aderente em alta qualidade para a mais baixa; níveis t,IIA, IIB e IIL
direção oposta à da tabua internâ do crânio. Estão As primeiras diretrizes abordando o TCE, Diretrizes
mais frequentemente localizados na regiáo temporal para o Tratamento do Trauma Craniencefálico Grave,
ou temporoparietal e habitualmente resultam da foram publicadas pelaBrain Troumo Foundation em 1995,
À!íúra da artéria meníngea média causada por uma revisadas em 2000 e atualizadas mais Íecentemente em
fratura. Esses coágulos em geral têm origem arterial; 2016. Desde então, revisões adicionais baseadas em
entretanto, podem também resultar de ruptura de um evidências foram publicadas a respeito do tratamento
seio venoso importante ou do sângramento da fratura pré-hospitalar doTCE; TCE grave em Iactêntes, crianças
de crânio. O intervalo lúcido entre o momento da lesão e adolescentes; indicadores prognósticos precoces em
e a deterioraçâo neurológica é a apresentação clássicâ TCE grave e TCE relacionado ao combate. As diretrizes
do hematoma epidural. do TCE da Broin Troumo Foundotion, mencionadas neste
capítulo, podem ser adquiridas no site da fundação:
Hematomas Subdurais http://www.braintrauma.org. AIém disso, o Programa
de Aprimoramento do Desempenho do Trauma do
Os hematomas subdurais são mais comuns que os Colégio Americano de Cirurgiões (TQIP) publicou uma
hematomas epidurais ocorrendo em aproximâdamente diretriz para o tratamento do TCE em 2015 {Ver ACS
- 30"/. dos traumas craniencefálicos graves. Eles TQIP Best Practic es in the Management of Troumotic
ocorrem mais frequentemente por dilaceração de Broin Injury, )
vasos5uperficiais pequenos ou vasos em ponte do Mesmo doentes com TCE aparentemente devastador
córtex cerebral. Contrastando com a forma Ienticular na avaliação inicial podem apresentar recuperação
do hematoma epidural à TC, os hematomas subdurais neurológica signiÍicativa. O tratamento vigoroso e a
ll2 CAPÍTULO 6 t Trauma CraniencefáLico

compreensão aprimorada da Íisiopatologia do TCE, doente com TCE leve que está consciente e falando
especialmente o papel da hipotensâo, hipóxia e perfusão pode referir história de desorientação, amnésia ou
cerebral, afetaram signifi cativamente os prognósticos perda momentânea de consciência. A história de
t
dos doentes. A ÍÂBELA 6-3 é uma visão geral do perda momentânea de consciência pode ser de difícil
tratamento do TCE. confirmação e muitas vezes o quadro Íica confuso pela
coexistência de abuso de álcool ou de outros tóxicos.
TRATAMENTO OO TNAUMA CR,ANIENCETÁLICO Nunca âtribua alterações do estado mental a fatores
LEVE (ESCORE NA GCS I5.I5I de confusão até quê a lesáo cerebral tenha sido
deÍinitivamente excluída. O tratamento do doente
Trauma craniencefálico leve é deÍinido por um escore com trauma craniencefálico Ieve está descrito na
de 13 a 15 na GCS após a reanimaçáo. Frequentemente, (r flGURÂ 6-8). (Ver também Algoritmo do Tratamento
estes doentes sofrem uma concussão com uma história doTCEleve no aplicotivo móvel MyÂTL5.)
de perda transitória da consciência após um TCE. Um

ÍABELA 6.3 VISÀO GERAL DO TRATAMENTO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO

Todo3 os doentâ: R.àlir.. oAECOt com.lpaciàt átênçâo p.r. hipórtâ. hlpotênsào

r3{5 }'r2 5-E


NA GCS TCE LEVE TCE MODERADO TCE GRAVE

AváLiacâo lniciat' Históraa AMPLA e avaLiação neuroLógicâi Avâtiação ConsuLta


Pergunte particuLarmênte peto uso de neurocirúr8ica ou neurocirúígicâ ou
anticoagutantes transferênc,a transf erência iJrgente

A[tô, se não preencher indicaçôes * Avatiação primáraa


Pàra as e 'AvaLiação primáriô ê
c.itéÍios dê adrnissão abaixo, internar: rêanlmêção reanimação

Determinar Sem TC disponível, ' Providenciâr â 'lntubação e


mecanismo, horâ do ÍC anormaL, transferêncaa para ventilrçâo pâra
trâumâ. GCS iniciât. fratura de crânio, âvâLiaçâo e tratâmênto protêcào da viâ âérea
confusào, âmnésia fístuLa [iquóricà nêurocirú8ico
Lacunãr, convuLsões, definitivo 'Tratâr hipotensâo.
grâvidâde dá cefaLeiâ, Défice neurotógico hipovoLemia e hipóxia
* AvãLiacão
etc. focâ[
neurotóEicâ dirigido ' AvaLiação neurol,ógica
*AvâLiàção secundária GCS não retornâ diÍi8ida
inc[uindo aváliação pârâ 15 ern 2 horas 'Avatiaçâo secundá.ia
neuroLógice diÍigida e históÍia AMPLA 'Avâtiacão secundária
e história AMPLA

Diâtnóstico * TC conforme TC não disponívet, * TC em *TC em todos os casos


todos os
determinôdo pelàs TC com âtteração,
Retras parô TC de fratura de crânio
Crânio (Tabelr 6-3) cuidadosameírtê
lntoxacàÉo cuidâdosâmente possibilidade de outrâs
' Exames de santue/ siSnificàtiva possabitidade de outras lesões
urinâ parâ á[coo[ e (internar ou Lesôes
perfiL toxicoLó8ico observâr) 'Tipagem sanguÍneà
* TipaS€m sânguíôea e prova cruzâdâ,
e pÍovâ cruzâda, coasuUoSra mâ
coaSu üogrâma

'ltêns ma..âdos com àst€rBco {') dênot.m.çâo ob.it tóri.


PROTOCOLOS DE TRATAMENTO BASEADO EM EVIDÊNCIAs II3

TABELA 6-3 VISÀO GERAL DO TRATAMENTO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO ;..I-T.'. '.


Todo. 03 do€ntêi Rc.th.Í o ABCDE coín esp.€iàt rt oc.ao p.r. hrp&iâ . h.Í,otcnsão
I
cLASStFtCACÃO 15-t5 9-12ÍCÉ. 3-8
NA GCs TCE TEVE MODERADO TCE GRAVE
I

AvaLiôcão * AvôtiaçÕes +
AvâLiaçôês seriâdas * AvâLiacões neuroLó8icas
'AvaLiâçôes
SecLindária seriadas até GCS 15 seriôdas seriâdas frequentes com GCS
e doente nào teôha
perseverâçáo ou t Realizar TC dê * PâCO, 35-40 mmHE
déficê dê mêmórià contÍoLe se â 'ConsideÍâí
primeira tiver sido ÍC de r l.íanitoL, hipêrventilaçào
anormô[ ou sê GCs breve com PaCOr mínima
+ Descartar indicâção permanecer menor l2-lE horâs de 25 mmHS em casos de
paíâ TC (Tabetâ 6-,+) do que 15 dêteriorêçáo

* PaCO? mínima de 25 mmH&

' Rêpetir TC (ou exceto com sinais de heaniâcáo


transferlr)sê cêrêbrà1. Evitar hiperYeôtilãçào
êstâdo nêuÍo[ógico nas primeiras 24 h após o
deteriorâr traumâ, quândo o ftuxo
sanguíneo cerebraL pode sêr
reduzido de formô crítica
Ouando hiperventitar, usar
â SjOr (saturaçào jugulâr de
O. venoso)ou PbTO, (PaO,
no têcido ceÍebraL). medidâ5
recomêndâdas parâ monatorar
o fornecamento de oxigênio

* ResoLver adeqúàdamente as
Lesôe5 intrâcraniânâs

* Atta sê o doente Obter ãvâLiação


ALtâ 'RepêtirÍC 'Trânsferir o mals rápido
ôão âtendeÍ neurocirúrgicâ se a possíveL parâ atendlmento
aos critérios de TC ou a avôLiáção neurocirúrgicô def initivo
âdmissão neurológica for
ânorma[ ou o
êstado do doente se
* ALta com deteíiorâr

Oriêntações ' Consuttâ dê


reLãcionadas ao rêtorno médlco
TCE e consuLta de e avaLiação
retorno agêndada neuropsico[ó8ica sê
nêce§sário (pode ser
feita
ambuLatoriaLmente)

'lt.os m.rc.dos coír .stcri§.o (') d.not m .Éo obÍit tóra..


ll4 CAPÍTULO 6 r Trauma CranlencefáLico

Definição: O doente está acordado ê pode estar orientado (GCS l5-15!

Hiitória
. Nome, idãde, sexo, raca, ocupaçào . Níve[ subsequente de alerta
. Mecanismo de trauma . Amnésia: retrógrada, anterógÍada
. Hora de ocorrência do traumô . Cefateia: [eve. moderada, grâve
. Perda de consciência imediatamente . Vômitos
após o t.auma

Exame geÍal para excluir lesóes sistêmicas

Avatiaçào neuroLógica [imitada

Radiografia de cotuna cervical e outras sê indicado

Níveas sanguíneos de átcoole perfi[ toxicológico da urina

A reatização deTC de cÍânio é indicada caso existam


cÍitéraos de risco moderado ou atto para intervençào
neurocirúrgica (ver Tabe[a 6-4)

lntêrnaÍ ou Transferir para Atta HospitaIar


o Hospit.t Adequado

. TC com atteraÇão . O doente não àpresenta


. Todos os traumatismos nenhum dos critérios para
craniencefá[icos penetrantes internação
. História de perda proton8ada . Discutir a necessidade de
de consciência retorno caso apareça quatquer
. Deterioração do nívet de um dos sinais e sintomas do
consciência Fo.muLário de Orientações
. CefaLeia moderada a Srave- .etacionadas ao TCE
. lntoxicação significativa por
á[coo[/drogas
. Fratura de crânio
. Fístuta liquórica: rinorreia ou
otorreia
. Lesões significativas associadas
. Fatta de acompanhante
confiáveI em casa
. Escore na GCS anormat (.15)
. Persistência de défices
neu.otógicos focais

I FGURÂ &8 Algoritmo para o Írâtâmênto do Traumê Cranien(eíálico Lêve. (Adâptado com permissào de Válâdka AB, Nâráyôn RKr ÉÍnergency
roommanagementoÍthehead-njuredpatrent,inNarayanRK,WilbergerJE,PovishocklT(eds)Neurotraumâ,NewYork,[,4(Graw'Hi l, 1996.)
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO BASEADO EM EVIDÊNCIAS II5

ARMADILHA PREVENCÀO TABELA 6-4 INDICACÕES DE TC NO


TRAUMA CRANIENCEFÁLICO LEVE
Doente sofre Mêsmo quêndo um doente
seSundoTCE Parece estâr ôeurotoSicamente ATC de crânio é em doeôtes com trâumâ
Logo âpós o oormâ1, aconseLhe-o a evrtaÍ ^ecessária
craniencefático Levê (por exemplo, perdâ de consciênciâ
trâtômento atividades que potenciatmente testemunhadã, amnésia lacunar ou desorientação
iniciaL pâra lesão possâm levàr a uma lesáo testêmunhada em doente com escore na GCS de 13 â 15) e
cerebral levê. ceÍebrâ[ secundária (por em quâtquer um dos seguintes casos:
exempto, exercícios viSorosos,
esportes de contato e outras Atto.isco pâra intêrvenção Risco moderado pàra
atividades que reproduzàm ou neurocirúrEica: lesão cerebrôl naTC
causem sintomas). . Escore na GCS menor . Perda de consciênciô
il RêavâLiâÇáo âmbulãtoriaI do que 15 âté 2 horas (mais do que 5 minutos)
dete.mina.á o tempo de rêtorno após o trauma . Amnésiâ pará fatos
à atividãde compteta ou ê . Suspeita dê fraturô anterioíes âo impâcto
necessidade de encaminhômento exposta ou com (mãis do que 30 minutos)
paÍa servicos de reabiLitaçào/ âfuôdamento . Mecanasmo peragos,o
cognatavos. . Ouâtquer sinal de (por exemplo,
fratura de base de atropêlãmento de
crânio (por exemplo, pedest e por vêícuto
A maioria dos doentes com TCE Ieve evolui com hêmotímpâno, othos d€ automotor, ejeção do
8uâxinim, otorreia ou ocupante de dentro
recuperaçáo sem intercorrências. Entretanto, cerca de 3olo
rjnoííeiô, sinôl de Bâttte) do veÍcuto automotoí,
desses doentes apresentàmpiorainesperada que resulta em
. Vômitos {mais do que queda de alturô maior
disfunçâo neurológica grave, a menos que a deterioração dois episódios) do que I metro ou 5
do estado mental seja identificada precocemente. . ldadê superior a 65 anos degraus)
A avâliãção secundária é de particular importância . Uso de anticoaguLantes*
na avaliação dos doentes com TCE leve. Identifique o
mecanismo de lesão, com particular atenção para a Forte: Adaptado de stiêl.t lG. wêtts GA. v.ndemheen K. et at The
Canadiân CT Head Rute for pàtiênts with minor head rnjury Láncel200l
ocorrência de qualquer perda da consciência, incluindo
357 t194-.
o tempo de duração de estado não responsivo, qualquer 'Doêntês êm uso dê ênticoâ8utânt€s forãm er.tuídos dâs Re8.ás
episódio de conr,rrlsão e o nível subsequente do estado Cànâdenses pâra Rêâtizâçáô dê TC
de consciência. Determine a duração da amnésia tanto
antes {retrógrada) quanto depois (anterógrada) do evento No caso de se obserqarem anormalidades na TC, ou se
traumático. O exame seriadoe adocumentaçáo do escore o doente permanece sintomático ou neurologicamente
naffSé importantê em todos os doentes. ATC é o método anormal, ele deve ser hospitalizado e um neurocimrgiào
de imagem preferido, embora a sua obtençâo não deva deve ser consu.ltado.
retardar a transferência do doente. Se o doente estiver assintomático, completamente
ATC deve ser realiz:da emtodosos doentes com suspeita acordado e alerta, e neurologicamente normal, ele
de lesào cerebral que apresentem suspeita clínica de ftatura poderá ser observado por algumas horas, reexaminado,
exposta de crânio, nos que apresentem qualquer sinal de e se ainda estiver normal, receber alta com seguÍança..
ftarura de base de crânio, ou naqueles que apresentem mais Emcondições ideais, o doente recebe alta devendo ficar
do que dois episódios de vômito, ou nos que apresentem aos cuidados de um acompanhante que possa íicarjunto
idade superiora 65 anos {.ÍaBEta64). A TC também deve ser dele e observá-lo durante as próximas 24 horas. Tanto
considerada se o doente apresentou perda da consciência o doente como sêu acompanhante são orientados de
por mais de cinco minutos, amnésia retrógrada por mais acordo com um protocolo de instruções de manter o
de 30 minutos, um mecanismo de trauma importante, doente sob observação cuidadosa e de trazê-lo de volta
cefaleia grave, corurrlsões, défice de memória de curto ao serviço de emergênciase aparecer cefaleia, se houver
prazo, intoxicação por álcool ou drogas, coagulopatia ou declínio no estado mental ou se houver desenvolvimento
um défice neurológico focal atribuivel ao cérebro. de défices neurológicos focais. Em todos os casos, deve
Aplicando esses parâmetros para os doentes com escore ser dado ao doente umprotocolo de instruçÕes para alta
de 13 na GCS, aproximadaÍnente 257" deles apresentarão por escrito, que deve ser cuidadosamente revisto pelo
achados indicativos de trauma naTC, e 1,370 necessitarào doente e/ou acompanhante (r F|GURASg). S€ o doente não
de intervençâo neurociúrgica. Usando essas regras em está suficientemente alerta ou orientado para entender
doentes comescore de 15 naGCS,10% apresentarão achados claramente as instruçóes escritas e verbais, deve-se
na TC e 0,57o necessirâJào de intervençào neurociúrgica. reconsiderar a decisão de alta.
lló CAPÍTULO 6 ! Traurna Cra.) encefállco

Countv
tÉnerol Orientaçôes de Atta e Sinajs de Alerta para
Hospitol Doentes com Trauma Craniencefático Leve
Nome do doente:
Data:

Nào encontramos evidências que indicam que o seu trauma


cranienceíático foi grave. Entretanto, novos sintomas e comptrcacoes
inesperadas podem desenvotver-se horas ou mesmo dias após o trauma.
As primeiras 24 horas são as mais cruciais e vocé deve permanecer
junto com um acompanhante confiávet, peto menos durante este periodo.
Se ocorrer qualquer um dos seguintes sjnajs, entre em contato com o seu
medico ou retorne ao hospitat.

fl Sonotêncio ou diÍiculdade crescente de acordar o doente (ocorde o


doente o coda 2 horas durante o período de sono)
Z Náuseo ou vômito
jl Convulsões ou espasmo
ll Sangromento ou drenagem de tíquido aquoso do noriz ou do ouvido
! tIGURA 6-9 Exemplo de
E Dor de cabeço Íorte ' Orientôções de Altâ ê Sinais de
El Froquezo ou perdo do sensíbilidode nos braços ou nos pernos Alerta paía Doentes (om Trauma
fl Confusoo ou comportamento estronho CraniênceÍálico [êve.

g pupíla (porte preto dos olhos) moior do que o outro, movimentos


l..lmo
estronhos dos olhos, visoo duplo ou outros distúrbios visuois
El Pulso muito lento ou muito rapido, ou podrõo respirotório incomum

Se houver inchaço no [oca[ do trauma, aplique uma bolsa de gelo, tendo


certeza de que exista um pano ou uma toatha entrê a bolsa de geto e a
pete. 5e o inchaço aumentar muitô, apesar da âpticação da botsa de geto,
entre em contato tetefônico conosco ou retorne ao hospitat.
Você pode comer e beber normatmente se desejar. Entretanto você NÀO
deve ingerir bebidas atcoóticas por peto menos 3 dias após o trauma.
Não use qualquer sedativo ou anatgesico mais forte do que acetaminofeno
por, peto menos, 24 horas. Nào use medtcamentos que contenhaÍn aspirina.
Se você tiver quatquer dúvida, ou em caso de emergência, podemos ser
tocatizados peto tetefone (número do tetefone).

Assinatura do medico

TRATAMENTO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO estão confusos ou sonolentos e podem apresentar déÍice


MODERADO (eSCOne NA GCS 9-t2) neurológico focal como hemiparesia. Aproximadamente
10% a 20% desses doentes apresentam pigra e entram
Aproximadamente l§7- dos doentes com trauma em coma. Por este motivo, é crítico realizar avaliação
craniencefálico examinados no Departamento de neurológica seriada para tratar estes doentes.
Emergênciaapresentam TCE moderado. Esses doentes são O tratamento do doente com trauma craniencefálico
ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral moderado encontra-se descrito na (r FTGURA 6-jo).
AVALTAÇÀO PR[.,]ÁR|A E REAN[.1ACÃO |7

Todos os doentes com TCE moderado necessitam de


hospitalização para observação em uma unidade com
Dêfiniçào: Escorc na GCS 9-12 capacidade para observação rigorosa da equipe de
enfermagem e frequente reavaliação neurológica nas
AY.ti.çao lôlcl.l primeiras 12 a 24 horas. É recomendada a realização
. Omesmoque pôra trauma cranieocêfático te{e. mais exames
de uma TC de controle em 24 horas se a TC inicial for
rotinêiros de sângue
. AÍC dê crânio é real,iradâ em todososcasos anormal ou houver deterioração do estado neurológico.
.lnternôr ou trâ nsferir o doente para umã lôstituiçàocom
capôodade crrúrgicô para tratâmento definitivo TRATAMENTO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO
GRAVE (ESCORE NA GCS 3-E)
Apó. . lntcÍn.çao
Aproximadamente t07o dos doentes vítimas de Iesão
. Ayal.aàçóês neurolóSicasfrequentes
. TC de controte se âs condicóes deteriorâram ou cerebral que são tratatlos no Departamento de Emergência
preferivelmente antes da alta apresentâm lesáo cerebral grave. Doentes que sofreram
TCE grave não são capazes de obedecer ordens simples
mesmo após estabilizaçáo cardiopulmonar. Embora essa
5. o dolnt Sê o doêôtê d.t.íora (lOI) definição inclua um amplo espectro de lesôes cerebrais,
'n.rfior.lr0;l l
elaidentifica os doentes que apresentam o maiorrisco de
r., softerem morbidade e mortalidade significativas. Para
. ALta quàndo apropriado . Sê odoeôte pa.a de obedecer tais doentes, â abordag€m à maneira "vamos espêrâr
. Seguime.to âmbutàtoriat
comandos simptês rêpetir a para ver como fica" pode ser desastrosa e o diagnóstico
ÍC e trata. deacordo €om o e o tratamento imediatos são de suma importância.-Náo
protocoto dê Trãtâmento do
retarde a transferência do doente para realizar uma TC.
Tráuma C.aôiencef ático Gravê
O tratâmento inicial do doente com trauma
craniencefálico grave encontra-se descrito na (r rtcuna
6-11 ). {Ver tâmbém Algoritmo de Tratamento do Traumo

f FIGURÀ 6-10 Alqoritmo paÍa Íratamênto do Trauma Craniencefálico Grave no oplicctivo móvel MyÁTLS).
CraniencêÍáli(o Moderado. (Adaptado com permissâo de Valadkâ
48, Nârâyan RK, Êmergency room managemênt oÍ the head,
injurêd patient. In: Narayan RK, Wilberger rE, Povlisho(k lT, eds.,
AVALIACAO PRIMARIA E
Neurclraumá. Nêw York, NY: McGraw-Hill, 1996.) REAN IM ACÀO

{Ver também Algoritmo do Trotomento do Trauma A lesão craniencefálica é frequentemente agravada


Craniencefólico Moderodo no aplicotivo móvelMyATI-S. ) por agressôes secundárias. A taxa de mortalidade em
Na admissâo no Departamento de Emergência, antes ãoentes com TCE grave que apresentam hipotensâo à
da avaliação neurológica, deve-se obter uma história admissão é mais doque o dobro do que naqueles que
breve e assegurar a estabilidade cardiopulmonar. A TC apresentam. A presença de hipóxiasomadaà hipotensâo
de crânio é realizada e um neurocirurgião é contatado, está associada a um aumento relativo no risco de
ou um centro de trauma se for necessária a transferência. mortalidade de 75-/.. Portanto, em doentes comtrauma
craniencefálico grave, é imperativo que a estabilização
cardiopulmonar seja alcançada rapidamente. r QUADRo
ARMADILHA PREVENCÀO 62 resum€ asprioridades nà avaliação inicial e triagemde

escore na GCS de
12 deteriôrâ pâra
Reavâ[iar o doente
frequentemente para detectàr
quâLquer dectínio no estado
doentes comtrauma craniencefálico grave. (Ver também
Apêndice G; Estaçôo Prático de DsÊrnçôo Neurológica.)

vrA AÉREA E VENTTLAçÃO


r
!m escore GCS mentaL
de9 Usâr nârcóticos e sedativos com A pârâda respirató a transitória ea hipóxia são comuns
cautela em doentes com Iesão cerebral grave e podem causar
Ouando necessário, usar lesão cerebral secundária. A intubação endotraqueal
o monitoramento de gases precoce deve ser realizada em doentes comatosos.
sân8uíneos ou capnografia para
O doente é ventilado com oxigênio a 10O% até
Sarantir venti[ação adequadâ. que seja colhida gasometria e seiam feitos os a.iustes
,ntubar o doente quândo à
venti[acào for inadequada. apropriados da FiO,' Oximetria de pulso é uma medida
auxiliar útil e saturações de O2 > 98y" são desejáveis.
l18 CAPÍTULO 6 r Trauma CraniencefáLico

Definição: O doente não é capar de obedccer comandos


3lmp[ês por â[t.r.ção dâ consclânci.
(cscore GC§ 5-E)

Avdiâçao . Trat.mcnto
. ABCDE . Reavatiâção nêurotógica: ! fIGURA 6-1'l Algoritmo pâÍa
. Avatiação primária e reanimação . GCS Íratamento lni.ial do Trauma
. Avaliação secundáriâ e história AMPLA - Abertura oculôr craniên(efáli.o Grave. (ModiÍicado
. Avatiaçào e tratamento - RêsPosta motora com licensa de Valadka AB,
. lnternação ou transferência para um - ResPosta verbat Naíayan RK, Emergency room
hospital com capacidade para tratamênto . Reação pupitar à luz management of the head-injured
neurocirúrgico defanitivo . Avatiaçào neurotó8ica focat patient. lnr Narayan RK, Wilbeíqeí
. ASentes terapêuticos (habituatmente lE, Povli5hock JT, ed5., Neur'olrauma
administrados após consutta com o New York, NY: M(Graw-Hill, 1996.)
neurocirur8ião)
- Manitol
- Evitar hiperventitação nas primeiras 24
horas a menos que haia sinais de herniação
- Sotução satina hipertônica

TC dc crânio

OUADRO 6-2 PRIORIDADES NA AVALIACÁO E ÍRIAGEM DE DOENTES COM TRAUMA


CRAN IE NCEFÁLICO GRAVE

Todos os doêntes devem ser submêtidos à avãLiâçáo pâ.à à sâta dê operaçào (5O) para uma [aparotomaa.
primária, ade.índo às prioradâdês do ABCDE. Acesse Após â taparotomia, é íeâlizada TC de cránio Se houver
iniciâlmêntê a via aéÍea- Se o doente requer cohtrote evidência clÍnica d€ massa antracranaana. serão reatizadas
dâ via aérea, realize e documentê uma brêvê âvaLiação pêíurâçôes diagnósticas com broca ou cranaotomra na SO
neuroLó8aca antes de adminlstrâr drogâs pôra a intubação. enquanto sê reatiza â [âparotomia.
Avâ[iê em seguida a efetividadê da respiraçào e monitore a
4 Se apó6 a reânimêção â pressão ôrteÍiêl sistólica do doente
saturaçáo dê oxigênio.
é > 100 mmHS e o doente apresenta eüdênciâ cLínicâ de uma
2- Tão Logo a pressão artêria[ (PA)êstêjâ normôtizada, reâlize possível massa intracÍ?n,ana (pupabs desaguaas ou resposta
uma brevê avaliâção neuroLógicâ, incluindo escore na GCS motora assimétrica), a prameira prioridade é reaLizar uma
ê reâtividade pupila. Se a PA não puder ser normaLizâdô, TC de crânio. A LPD ou o FAST podem ser rcâlizados no DE,
continLre parâ a reaLizâção da àvatiâção neurotó8ica e Áa área da ÍC, ou na SO. mas a avatiação e o tràtamento
.egistre a hipotênsáo. neuroLó8lco do doente não devem ser retardados.

3. Se à sistóLica não pudêr ser elevada parâ ' 100 mmHB


PA 5. Em casos [imítrofes, i5to é, quando a pressão arterial
a píio.idade é estabeLece.
a causa da hipotensãoj â sistóLica pode ser corriSidâ temporâíiâmente mas tende
avatÍação neurotógica passã â sêr â segunda pÍioridâde- a damanuir vâ8aro3amente, não se devem medir esforços
Em tâis casos, o doênte devê seí submetido a uma paÍâ reâLizar uma TC de crânio antês de levar o doente à
uttrâssonogíafia direcionada para trauma (FAST)ou a uma sâtâ de ciíuBia para urhê [áparotomia ou toracotomia. Tais
Lavagem peritoneàL diagnóstica (LPD) no Depêrtâmento de câsos exigem umã profunda àvâLiâção ctÍnica e coopeÍação
Emergência ê pode nêcesssitar de trânsferência imêdiatâ entre o ciruBiào de traumà e o neurocirurSião.

Os parâmetros ventilatórios devem ser aiustados para ' crncullçÃo


manter aPCO2 de aproximadamente 35 mmHg. Reserve
a hiperventilação dos doentes com lesão craniencefálica De modo geral, a hipotensão não é consequência da lesão
grave para aqueles com deterioração neurológica ou cerebral por si só exceto em estágios terminais, quando
sinais de herniação. Hiperventilação prolongada com sobrevém a insuficiência medular ou quando existe
PCO, < 25 mmHgnão é recomendada (Diretrizes IIB). lesão de medula espinhal concomitante- A hemorragia
AVALIAçÃO PRIMÁRIA E REANIMAçÃO 9

intracraniana nãg pode causar choque hemorrágico.


Se o doente está hipotenso, deve-se estabelecer a TABELA 6.5 OBJETIVOS DO TRATAMENTO
normovolemia logo que possível utilizando-se produtos DA LESÀO CEREBRÂL: CLíNICO, LABORÁTORIAL
de sangue ou soluções isotônicas conforme anecessidade. E PARÂMETROS DE MONITORIZACÃO
Déve-se enfatizar que a avaliaçáo neurológica do
doente hipotenso não é conflável. Doentes hipotensos CÂTE@RIA PARAMETRO VATORES NORI"IAIS
que não respondem a qualquer forma de estímulo
podem recuperar-se e melhorar substancialmente tào Pârâmetros PA5 > 100 mm Hg
logo a pressão seja restabelecida para níveis normais. CLínicos
A fonte primária da hipotensâo deve ser procurada e Tempeíàtura 36-18"C
tratada imediatamente.
Parâmetros Glicose 80-180 m8/dL
Monter o pressdo orteriai sistólica 100
(PÂS,) 2 [âborâtoriais
mmHg para doentes de 50 a 69 anos de idade ou > 170 Hêmogtobina z7 gldL
--à mmHg ou mais para doentes de 15 a 49 anos d,e idad.e
oumaiores de70 onos d.e íd.ade; pode ser considerodo
INR 31,4
para diminuir o mortalídade e melhorar os resultados.

Os objetivos do tratamento incluem parâmetros Na 135-145 meq/dL


clÍnicos, laboratoriais e de monitoramento.. TABELA Ê5.
PâOr > 100 mm H8
-.
AVALTAçÃO NEU ROLóGrCA
PâCOr 35-45 mm Hg
Tão logo tenhasido estabilizado oestado cardiopulmonar
do doente, realiza-se uma avüação neurológica rápida
]_-t 735745
PH
e direcionada. Essa ava.liaçào consiste primariamente
em avaliar o escore na Escala de Coma de Glasgow, a P13quetas à 75 X le/mm!
resposta pupilar ao estímulo luminoso e a ocorrência
de.défi ce neurológico localizado. Parâmetros CPP : 60 mm Hg'
E importante reconhecer a pres€nça de fatores de
de confusão na avaliação do doente com trauma Monito.i- PIC 5-15 mm Hg'
craniencefálico, incluindo autilizaçãodedrogas, álcool zâção
e outras substâncias intoxicantes bem como outras PbtO : l5 rnm Hg'
lesões associadas. Não deúe passar despêrcebido o
trauma craniencefálico grave porque o doente também Oximetrià de z 95%
se encontra intoxicado. puLso
O estado pós ictal que se segue a uma convulsão
traumática tipicamente piora a resposta do doente por
minutos ou horas, No doente comatoso, a resposta 'Dificitmênte êstá disponívet no DE ou €m tocais
motorapode ser produzida pÍnçando o músculo trapézio,
pressionando o leito ungueal ou a regiâo supraorbitária. Dados dê ÂCS TOIP Bêst Practicês in thê Manâgêment of Trãumatic
Braiô lniury ACS Committêe on Íraumâ, janeiro 2015.
Quando o doente apresenta diferentes respostas à
estimulação, a melhor Íesposta motora é indicador
prognóstico mais acurado doquea pior resrposta motora- O
teste dos movimentos dos olhos de boneca (ocüocefálicol, ARMADILHA SOLUCÀO
o teste calórico com água gelâda (oculovestibular) e o
teste das respostas da córnea são adiados para um Nota-se que um Evite o uso de agentes
neurocirurgião, O teste dos olhos de boneca nunca dsve doente com LCI fica pârâ|.íticos de longa duração
ser tentado antes de exclúr lesão da coluaa cervical. duaação, umâ vez que
apreensivo quândo o
estes confundem o exame
É importante obter o escore na GCS e realizar o exame efeito de um aSente neuroLógico
das pupiias antes de administrar sedativos ou relaxantes paratítico de Lon8a Use benzodiazepÍnacos parà
musculares pois é importante determinar a condição duração termina. tÍatar âBUdamente crises
clinica do doente para decidir sobre o tratamento convutsivasi os retaxantes
subsequente. Não sedeve utilizar relaxantes musculares musctiLàres mascaíâm âs
de longa duração e sedativos durante a avaliaçáo cÍises convulsivas ao invés de
traüá-Las.
primária. A sedação deve ser eútada, exceto quando o
120 CAPÍTULO 6 ! Trauma Cran encefálico

estado de agitação do doentepode colocá-lo em risco. Os alteraçáo no estado clinico do doente e rotineiramentê
agentes de curta duração disponíveis sãorecomendados dentro de 24 horas apósalesãoparadoentes comcontusoes
quandoparalisia farmacológica ou sedação breve forem intraparenquimatosas subfrontais/temporais, doentes
necessários para intubação endotraqueal segura, ou para que recebem terapia anticoâgulante, doentes com mais
a obtenção de resultados diagnósticos comboa qualidade. de 65 anose doentes comhemorragia intracraniana com
Quando o doente requerer intubação devido a umvolume > 10 mL.Yer Apêndice G:Medidos Auriliores.
comprometimento da via aérea, realize e registre Achados signiÍicativos daTC incluem inchaço no couro
uma breve avaliação neurológica antes de administrar cabeludoe hematomas subgaleais na regiáo do impacto.
qualquer sedativo ou relaxânte muscular. As ftaturas do crânio podem ser melhorüsualizadas nas
janelas ósseas, mas gerâlrnente são apârentes mesmo nas
ANESTÉSICOS, ANALGÉSICOS E SEDATIVOS janelas de tecidos moles. Os achados cruciais na TC são
hematoma intracraniano, contusões e desvio da linha
Anestésicos, analgésicos e sedativos devem ser usados média (efeito de massa) e obliteração das cisternas da
criteriosamente em doentes comlesão cerebral confirmada base. (Ver r FTGURA 6-7). Um desüo de 5 mm ou mais é
ou suspeita. O uso excessivo desses agentes pode causar frequentemente indicativo de necessidade de cirurgia
umatÍâso no reconhecimento daprogressão de uma Lesão para evacuar o coágulo ou contusâo causadores do desvio.
cerebral grave, prejudicar a respiração ou resultar em
tratamento desnecessário (p. ex., intubação endotraqueal).
Em vez disso, use agentes de curta duraçáo e fâciknente
TRATAMENTO CLíNICO DO
reversíveis na dose mais baüa necessária para efetivar o TRAUMA CRANI ENCEFÁLICO
alívio da dor e a sedação leve. Baixas doses de narcóticos
intravenosos podem ser administradas para ana]gesia e O objetivo principal dos protocolôs de cuidados
revertidas com naloxona, se necessário. Benzodiazapinas intênsivos é prevenir a lesào secundária em um
IV de ação curta, como midazolam (Midazolam), podem cérebro;á lesado. O princÍpio básico é que, se ao
ser usadas para sedaçáo e revertidas com flumazenil. tecido nervoso Iesado for oferecido um ambiente
ótimo para a recuperaçào, esta pode ser alcançada
Embora o diprovon (hopofol) seja recomendado para o e o neurônio pode recuperar sua funçào normal. O
controle da PIC, ele não é recomendado paro melhora d.o tratamento clínico do traumâ craniencefálico inclui
mortalidade ou resultodos em 6 meses. O diprovonpode líquidos intravenosos, correçào da anticoagulação,
red,uzir morbidade significativa qucndo usodo em oltas hiperventilaçáo temporária, manitol, solução salina
doses íIIBJ.
hipertônica, barbitúricos e anticonullsivantes.

AVALIACÀO SECUNDÁRIA LÍoUIDos INTRAvENoSOS


Os líquidos intravenosos, sangue e produtos de sangue
Realize avaliações seriadas (observe o escore na GCS, devemser administrados conforme a necessidade, para
sinais de lateralização e reaçáo pupilar) para detectar a reanimar o doente e para manter a normovolemia. A
deterioração neurológica o quanto antes. O sinalprecoce hipovolemia nesses doentes é prejudicial. Também
bem conhecido de herniação do lobo temporal {uncus) deve-se tomâro cuidado de não sobrecarregaro doente
é a dilatação da pupila e perda de sua resposta à luz. com líquidos, e eütar o uso de Íluidos hipotônicos. Além
O trauma direto do olho também é causa potencial de disso, o uso de soluçôesque contêmglicose podeproduzir
resposta pupilar anormal e pode dificultar a avaliação hiperglicemia, que se mostrou prejudicial ao cérebro
pupilar. Entretanto, dentro de um cenário de trauma Iesado- Portanto, paraa reanimação, recomenda-se o uso
craniencefálico, deve-se considerar em primeiro lugar de solução salina isotônica ou de Ringerlactato. Os níveis
a lesão cerebral. Uma avaliaçáo neurológica completa é séricos de sódio devem ser monitorados cuidadosamente
realizada durante a avaliação secundária. Ver Ápêndice em doentes com trauma craniencefá,lico. A hiponatremia
G: Estaçôo Prática de Disfrrnçôo Neurológica. está associada ao edema cerebral e deve ser prevenida-

CORRECÃO DA ANTICOAGULACÃO
PROCEDIMENTOS DIAGNOSTICOS
Tenha cuidado ao avaliar e tratar doentes com TCE
Para doentes com Iesão cerebral traumática moderada que estejam recebendo anticoagulação ou terapia
ou grave, deve-se obter uma TC de crânio o mais rápido antiplaquetária. Após a obtenção da razão normalizada
possível após a normalização hemodinâmica. A TC internacional (INR), deve-se obter prontamente uma
também deve ser repetidâ sempre que houver uma TC desses doentes, quando indicado. Geralmente é
TRATAMENTO CLÍNICO DO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO I2I

necessária uma rápida normalização da anticoagulação hematoma intrâcraniano em expansão até que a
{. raarLA o-o ). craniotomia de emergência seja realizada.

HTPERVENTTLAçÃO MANITOL

A normocapnia é preferida na maioria dos doentes. A O manitol é usado para reduzir a pressâo intracraniana
hiperventilação age reduzindo a PaCO" e produzindo elevada. Utiliza-se, habitualmente, uma soluçáo a 20%
vasoconstricção cerebral. A hiperventilaçáo agressiva (20g de manitol por 100 mL de solução). O manitol
e prolongada pode resultar em isquemia cerebral no nào deve ser administrado a doentes hipotensos
cérebro já Iesionado, causando vasoconstrição cerebral porque não abaixa a PIC em situação de hipovolemia,
grave e, portanto, prejuízo na perfusão cerebral. além de ser um diurético osmótico potent€. Isso
Esse risco é particularmente verdadeiro quando se pode exacerbar â hipotensão e a isquemia cerebral.
permite que a PaCO, caia abaixo de 3! mmHg (4,0 A deterioraçáo neurológica aguda - como quando
kPa). A hipercarbia (PCO, > 45 mmHg) promoverá um doente em observação desenvolve uma pupila
vasodilatação e aumentaÍá a pressão intracraniana, dilâtâda, tem hemiparesia ou perde a consciência - é
devendo, portanto, ser evitada. uma forte indicaçáo para a administraçào de manitol
em um doente normovolêmico. Nessas condiçoes, o
Ahipeltentilaçõo profilática (pCO" < 25 mmHg) nõ,o manitol (1 g/kg) deve ser rapidamente (por 5 minutos)
é recomend.ada (IIB). administrdíoêrii bolus e o doente deve ser transportado
imediatamente para a realização de TC ou diretamente
Use a hiperventilaçào apenas com moderação e pelo para a sala de cirurgia no caso da Iesão causadora já ter
período mais Iimitado possível. Em geral é preferível sido identiÍicada. Se não houver disponibilidade de
manter a PaCO, em aproximadamente § mmHg {4,7 serviço cirúrgico, transferir o doente para o tratamento
kPa), o limite inferior do intervalo de normalidade (35 a definitivo.
45 mmHg). Curtos períodos de hiperventilação (PaCO,
de 25 a 30 mmHg [3,3 a 4,7 kPa]] podem ser necessários llse0,25-1 g/kg.paro controlor o PIC elevada;
para tratar o défice neurológico agudo, enquanto outras hipotensoo arteriol ípressôo orterialsistólica < 90
medidas terapêuticas são iniciadas. A hiperventilação mmHg) deve ser evitoda.
reduz a PIC em doentes que estão deteriorando com

TABELA 6-6 REVERSÀO DA ANTICOAGULACÀO

ANTICOÂGULANTÊ TRATAMENTO COMENTARIOS

Antiâg.egante plaquetário (p. ex PLaquetas Pode sêr necessáflo repetiri coôsrderar acetàto de
aspirinâ, ptavix) desmopressina (Deamino De[tâ-D-ArSinina Vasopressinô)

Coumâdin (varfêrina) PFC, vitamina K, Normâtizar o INR; evatãr sobíecar8a de fauido em


concentrado de doentes idosos ou com lesão cardíâca
compLexo protrombínico
(Kcentra). Fator Vlla

Heparna SuLfãto de protamina f'1o n ito ía r TPPa

Hêpariôa dê baixo peso molecular SuLfato de protaminâ N/A


p. ex. Lovenox (ênoxaparinâ)

lnibidorês dirêtos dâ trombina ldârucizumab (Praxbind) Pode ser bêoefrciado pe[o concentrado de complexo
(Pradaxà) protrombÍnaco (p ex. Kcentra)

Xare[to {rivaÍoxàban) N/A Pode seÍ beneficiâdo peLo concentrado de compLexo


prôtrombínico (p ex. Kcentrâ)

PFC, Plasma fresco côngetàdo; INR Pâdráo internác,onat de Normàtizâcão: TPP Tempo parc,àt de tromboptastrnâ
122 CAPíTULO 6 r Trauma Craniencefálico

Use com monitoroçdo da PIC, o menos que hajo absolutamente necessários. Atualmente, lqnitoína
evidência de hemiaçõo, mantenho Sosm <320 m0sm, {Hidantal) e fosfenitoína são os agentes habitualmente
montenha a normovolemia e use bolus emvez de , empregados na fase aguda. Para adultos, a dose habitual
gotejamento contínuo. de âtaque é de 1 g de fenit oína por via intravenosa.
âdministrâdâ a não mais que 50 mg/min. A dose de
manutenção usual é de 100 mg/8 horas, com a dose
SOLUCÃO SALINA HIPERTôNICA titulada para atingir os nÍveis séricos terapêuticos. O
diazepamou lorazepam são fÍequentemente usados além
A solução salina hipertônica também é usada para da fenitoína em doentes com con!'ulsões prolongadas,
reduzir a PIC elevada, em uma concentração de 3 a até a parada da convulsão. O controle de convulsoes
23,4%. A solução salina hipertônica pode ser o agente contínuas pode exigir anestesia geral. É imperativo
preferido para doentes hipotensosjá quenão age como que a convulsão seia controlâda tão logo que possível
diurético- Entretanto, não existe diferença entre o porque convulsões prolongadas {30 a 60 minutos)
manitol e a solução salina hipertônica em relação provavelmente causam Iesão cerebral secundária.
à redução da PIC, e nenhuma das duas diminui
adequadamente a PIC em doentes hipovolêmicos.. O uso profilático de fenitoína (Hidantol) ou valproato
(Depakene)nõo é recomendado paro prevenír
BARBITÚRICOS crises pós-troumáticcs Íordias. Recom enda-se a
fenitoína pora diminuir o incidência de crises pós-
Os barbitúricos são efetivos na redução da pressão traumáticas precoces (dentro de 7 dios opôs alesõo),
intracraniana refratária a outras medidas, embora quando se considera que o benefícío geral supera
não devam ser usadas na presença de hipotensão as complicações ossociodas o ess€ trqtomento. No
ou hipovolemia. Além disso, o uso de barbitúricos entanto, crises pós- traumáticas precoces nõo forom
frequentemente produz hipotensão, portanto não estão associadas o piores resultados (IIA,).
indicados na fase aguda da reanimação. A meia vida
longa da maioria dos barbitúricos também prolonga
o tempo para a determinação da morte encefálica, TRATAMENTO CIRÚRGICO
uma consideração importante em doentes com lesóes
devastadoras e provavelmente incompatíveis coma vida. O tratamento ciúrgico pode ser necessário para Iesões
de couro cabeludo, fraturas com afundamento de
Os borbitúricos nâo sõo recomendodos para índrzir crânio, Iesões intracranianas de massa e ferimentos
supressdo de crises medidas pelo EEG paraprevenir penetrantes.
o desenvolvimento de hipertensôo inrracraniana.
"A administroçõo de altas doses de baÍbitúrico LESõES DO COURO CABELUDO
é recomendod.a para controlar a PIC elevada
Íefratóna ao tratamento clíníco e cirúrgico padrõ.o. É importante limpar e inspecionar a ferida
A normalidade hemodinômico é essencial ontes e cuidadosamente antes da sutura. As causas mais
dlurante a terapia com borbitúricos íIIB)." comuns de infecçáo de feridas do couro cabeludo são
a limpeza e o desbridamento inadequados. As perdas
sanguíneas oriundas de ferimentos de couro cabeludo
ANTICONVULSIVANTES podem ser abundantes, especialmente em crianças e
idosos (r ncum e t2). A hemorragia do couro cabeludo
A epilepsia pós-traumática ocorre em cerca de 57" pode ser controlada aplicando-se pressáo direta, e
de todos os doentes admitidos no hospital cà-m cauterizando-se ou Iigando-se os vasos maiores, Podem
trauma crani€ncefálico fechados e em 15o% daqueles então ser aplicados suturas, clipes ou grampeadores
com trauma craniencefálico grave. Os três fatores apropriados. Deve-se inspecionar cuidadosamente a
principais ligados à alta incidência de epilepsia tardia ferida, sob visáo direta, à procura de sinais de fratura
são as convulsóes que ocorrem durante a primeira ou de corpos estranhos. A presença de fístula líquórica
semana, o hematoma intracraniano e a fratura com indica que existe laceração da dura-máter associada. O
afundamento de crânio. As conn-rlsões agudas podem neurocirurgião deve ser consultado em todos os casos
ser controladas com anticonvulsivantes, porém o uso com fratura exposta ou afundamento. Não raramente,
precoce de anticonvulsivantes não muda a evolução uma coleção de sangue subgalealpode ser interpretada
das convulsôes pós-traumáticas de longo prazo. Os como uma frat urâ de crânio. Em tais càsos, a presença
anticonvulsivantes tamtÉm podem üribü a recuperação de fratura pode ser confirmada ou excluída por uma
do cérebro, portanto eles só devem ser usados quando radiografia simples da regiâo e/ou uma TC.
TRATAI.4ENTOCIRURGICO 173

conseguir o tratamento deÍinitivo por um neurocirurgião.


Ia O Comitê de Trauma recomenda enfaticamente que
aqueles que antecipam a necessidade desse tratamento
r sejam adequadamente treinados por um neurocirurgião.
,., l
I FERIMENTOS CRANIENCEFÁLICOS PENETRANTES

t A TC da cabeça é altamente recomendada para avaliar


doentes com lesão cerebral penetrant€. RadiograÍias
simples de crânio podem ser úteis para ava]iar a Eaietória
e a fragmentação da bala, bem como a presença de grandes

corpos esüanhos e ar intracraniano. Enüetânto, quando aTC


\ \ estiver disponível, as radiografi:s simples úo sâo essenciais.
a:. ATC e/ou angrografia convenciona.l são recomendadas em
qualquer lesáo cerebral penetrante e quando a tÍajetória
f FIGURA 6.12 A peÍdà de sang!Ê de {er .nentos do (ouro
passa aFavés ou perto da base do crânio ou de um seio venoso
càbel-do podê seÍ exlensa. erpecra rre'lte em ' Írà_ça\
dural importante. Hemorragia zubaracnoidea importante ou
hematoma tardio também devem levar emconsideração a
FRATURAS DE CúNIO COM AFUNDAMENTO realização de exame vascr:lar por imagem. Doentes útimas
de fêrimênto penetrantê envolvendo as regiôes orbitofacia.l
Para doentes com fraturas de crânio com afundamento, ou pterionàl devem ser submetidos a angiografia para a
atomografia computadorizadaévaliosanaidentificação identificaçáo de aneurisma ou físh:la arteriovenosa (AV)
do grau de depressào e, principalmente, na exclusão inEacraniana traumática. Quando um aneurisma ou uma
da presença de hematoma intracraniano ou contusão. físhrla AV é identificad4 recomenda-se tratamento cirugico
Geralmente a ftatura com afundamento de crânio deve ou endovascular. Imagens de Ressonância Magnética
ser reduzida cirurgicamente se o grau de depÍessão for podem desempenhar papel importante nâ avaliação de
maiordo que a espessura da calota adiâcente, ou seestiver ferimentos penetrantes pormadeiraou ouüos obietos não
exposta e grosseiramente contaminadâ. As fraturas com magnéticos. A presença de grandes contusões, hematomas
afundamento menos significativo podem ser tratadas ou hemorragia intraventricular na TC está associada a
com seguÍançacom fechamento do ferimento do couro aumento da mortalidade, especialmente quando estão
cabeludo, quando presente. envolüdos ambos hemisférios.
É adequada a utilização de antibioücoterapia proÍiláticâ
LESõES INTRACRANIANAS COM EFEITO OE MASSA de amplo especüo nos doentes com ferimentos encefálicos
penetrantes, ftatura exposta de crânio e fístula liquórica.
As lesóes intracranianas com efeito de massa devem ser lDiretrizes para Tratamento de Ferimentos Cerebrais
tratadas por um neurocirurgiào. Caso um neur ocirurgiào Penetrantes,recomendação I3l. A monitoração precoce da
não esteia disponÍvel no hospital que recebe de início o PIC é recomendada quando o clínico não é capaz de realizar
doente com lesão intracraniana com efeito de massa, é a avaliação neurológica de forma acurada; quando não está
essencialque se transfira precocemente esse doente para clara a necessidade de evacuar uma lesão em massa; ou
umhospital que possua um neurocimrgião deplantâo. Em quandoos exames de imagem sugerem uma PIC elevada.
cücunstâncias excepcionais, um hematoma intracraniano É apropriado trataros orifícios deentradade projétilde
em rápida expansào pode ser iminentemente fatal epode arma de fogo na cabeça com cuidados locais e comsutura
não permitir tempo para transferência se os cuidados quando essas lesôes forem pequenas, não apresentarem
neurociúrgicos estiverem a uma distância considerável, tecidos desvitalizados nem lesões intracranianas
como em áreas austeras ou remotas. A craniotomia de impo rtantes.
emergência por um não neurocimrgião, em um doente Os objetos que penetram o compartimento
em rápida deterioração, deve ser considerada apenas em intracraniano ou a fossa infratemporal e permanecem
circunstâncias extremas. Um cirurgiào treinado para parcialmente exteriorizados {por ex. flechas, facas ou
fazer tal procedimento pode realizá-lo apenas após o chaves de fenda)não devem ser retirados até que seiam
aconselhamento de um neurocirurgiào. excluídas possíveis lesôes vasculares e que o tratamento
As indicaçõesparaa realizaçâo de craniotomia por um neurociúrgico tenha sido estabelecido. A mobilizaçáo
médico que não é neurocirurgiáo são poucas e o seu uso ou a remoção precoce de objetos penetrantes pode levar
como uma manobra heróica, nào é recomendado nem a lesãovascular fatal ou a hemorragia intracraniana.
recebe o apoio do Comitê deTrauma. Esse procedimento é A trepanação, que envolve fazer um orifício de 10 a 15
jusüIicado somente quando não houverpossibilidade de se mm no crânio, tem sido defendida como um método de
124 CAPÍTULO 6 r Trauma Craniencefálico

diagnóstico emergencial de hematomas acessíveis em considere fazeresse diagnósüco somente depoisque todos
doentes com deterÍoraçáo neurológica rápida localizados os parâmetros Íisiológicos estiverem normalizados e a
em regióes austeras ou remot as onde os neurocirurgroes e funçáo do sistemanervoso central não sejapotencialmente
imagens não estão prontamente disponÍveis, InfeLümente, afetâda por medicamentos. Como as crianças costumam
mesmo em mãos muito experientes, esses orifícios sào se recuperar de lesões cerebÍais extremamente graves,
feitos incoretamente e raÍaÍnente resu.ltam na drenagem considere comcuidado o diagnóstico de morte encefáüca
suÍiciente do hematoma para fazer a diferença clÍnica. nesses doentes. Se houveralguma dúúda, especialmente
Em doentes que precisam de drenagem do hematoma, emcrianças, avaliações sedadas com intervalos devárias
a craniotomia com retalho ósseo (versus um simples horas são úteis paÍa conlrmar a impressão clínica inicial.
orifício ) é o procedimento definitivo para sa.lvar üdas para NotiÍique as agências locais de aquisiçáo de órgáos sobre
descomprimü o cérebro. Os membros da equipe de trauma todos os doentes com diagnóstico oudiagnóslico iminente
devem fazer todos os esforços para que um profissional de morte encefálica antes de interromper as medidas
treinado e experiente na execução do procedimento o artiÍiciais de suporte à vida.
execute em tempo hábil.

PROG NÓSTICO t U TRABALHO EM EOUIPE


'
Todos os doentes devem ser tratados agressivamente O Iíder da equipe deve
enquanto se aguarda a consulta com o neurocirurgiâo.
Isto é panicularmente verdadeiro para crianças, que Assegurar se de que a equipe seja capaz de tratar
geralmente possuem capacidade considerável de a lesàbcerebral primária com o melhor resultado
possível, impedindo a lesão cerebral secundária.
recuperar-se de traumatismos que parecem devastadores.
Reconhecer a importância de tratar a via aérea para
garanür que doentes com Iesôes craniencefálicas
MORTE ENCEFALICA não sofram hipóxia desnecessáía.
Reconhecer a necessidade de envolver o
expertise neurocirúrgico na fase apropriada e
O diagnóstico de morte encefálica implica que não há em tempo hábil, principalmente quando um
possibilidade de recuperação da função encefálica. doente requerer intervençào cirúrgica.
A maioria dos especialistas estão de acordo que os Garantir atransferência oporluna de doentes com
seguintes critérios devêm ser âtendidos para estabelecer TCE paÍa um centro de trãuma quando necessário.
o diagnóstico de morte encefálica:
No entanto, o Iider da equipe deve garantir que
os doentes com TCE grave sejam transferidos
Escore na Escala de Coma de Glasgow = 3 ' para instalações onde possam ser monitorados
Pupilas não reativas , adequadamente e observados de perto quanto a
sinais de detêrioraçáo.
Ausência de reflexos de tronco cerebral {p.
ex., oculocefálico, corneal, olhos de boneca e Como alguns doentes requerem intervenção
ausência de reflexo do vômito) neurociúrgica precoce, ser capaz de priorizar o
tratamento de lesoes fatais como hemorragias
Ausência de esforço ventilatório espontâneo no com lesões cerebrais.
teste formal de apneia
Gerenciar a discussão entre representantes
Ausência de fatores de confusão, como de diferentes especia-lidades cirúrgicas para
intoxicação por álcool ou drogas ou hipotermia garantü que as lesões do doente seiaÍn tratadas na
sequência coneta. Por exemplo, um doente que
Estudos complementaÍes, que podem ser utilizados para está exsanguinando por uma fràtura pélüca requer
conÍirmar o diagnóstico de mofte encefálica, incluem: controle do sangramento antes de ser transferido
para um procedimento neurociúrgico.
EletroencefalograÍia: Nenhuma atividade com
alto ganho
Estudos de FSC: Ausência de FSC (p. ex., estudos RESUMO DO CAPITULO
com isótopos, estudos com Doppler, estudos de
FSC com xenônio)
AngiograÍia cerebral l. A compreensão da anatomia e da fisiologia
intracraniana básica é chave para o tratamento
Certas condições reversíveis, como hipotermiaou coma do trauma cÍaniencefálico.
barbitúrico, podem imitar a morte encefálica; portanto,
BIBLIOGRAFIA I25

2. Doentês com lesões craniencefálicas devem ser 5. Boyle A, Santarius L, Maimaris C. Evaluation
avaliados com eÍiciência. No doente comatoso, of the impact of the Canadian CT head rule
proteia mantenha avia aéreapor meio da intubação
e on British practice. Emerg Med J 2004;2714):
endotraqueal. Realize avaliação neurológica antes 426-428.
de paralisar o doente. Procure lesões associadas, e 6. Carney N, Totten AM, O'Reilly C, Ullman JS, et
relembre que a hipotensão pode afetar a avaliação al.: Guidelines for the Management of Severe
neurológica. Traumatic Brain Injury. Neurosurgery 2017;80:1
6-13.
3. Os membros da equipe de trauma devem 7. Carney N, GhaiarJ, ragoda A, et al. Concussion
familiarizar-se com a Escala de Coma de Glasgow guidelines step 1: systematic review ofprevalent
(GCS) e praticar seu uso, bem como a realização de indicators. Neurosurgery 2 014 Sep;75 (Supp I
avaliaçóes neurológicas rápidas e focadas. Reavalie 1):S3-S15.
ftequentemente o estado neurológico do doente. 8. Chestnut RM, Marshall LF, Klauber MR, et al. The
role of secondary brain injury in determining
4. A reanimação adequada é imponante para limitar a outcome from severe head injury. J Traumo
lesão cerebral secundária. Previna a hipovoiemia e a lAqa ?1 114-)22
hipoxemia. Trate âgÍessivamente o choqu€ e procure 9. Chibbaro S, Tacconi L. Orbito-cranial injuries
suascausas. Reanime com solução de Ringer lactato, soro caused by penetrating non-missile foreign bo-
fisiológico ou soluçôes isotônicas sâIinas equivalentes dies. Experience with eighteen patients. Acto
sem dexüose. Não usesoluções hipotônicas. O objetivo Neu rochir (Wien) 2006;148(9), 937-941; dis-
da reanimação do doente com ftauma craniencefálico cussion 941-942.
é prevenir a lesao cerebral secundária. 10. Clement CM, Stiell IG, Schull Ml, êt â1. Clinical
features ofhead iniury patients presenting with a
5. Determine a necessidade de transferência, Glasgow Coma Scale score of15 and who require
internação, consulta ou alta. Entre em contato o neurosurgical intervention. Ann Emerg Med
mais cedo possível com o neurocirurgião. Caso um 2Q06;4813):245-257 .
neurocirurgião não se encontre disponÍvel no seu 11. Eisenberg HM, Frankowski RF, Contant CR,
hospital, transfira todos os doentes com trauma et al. High-dose barbiturates control elevated
craniencefálico moderado ou grave. intracranial pressure in patientswith severe head
injury.,l Neurosurg 1988;69:15-23.
BIBLIOGRAFIA 12. Faul M, Xu L, Wald MM, et al. Traumatic brain
injury in the United States: emergency depart-
ment visits, hospitalizations, and deaths. Atlanta,
1. Amirjamshidi A, Abbassioun K, Rahmat GAr Centers for Disease Control and Prevent-
H. Minimal debridement or simple wound ion, National Center for Injury Prevention and
closure as the only surgical treatment in war Control;2010.
victims with low-velocity penetràting head 13. Giri BK, Krishnappa lK, Bryan RMJ, et â1. Regiônâl
injuries. Indications and management protocol cerebral blood flow after cortical impact injury
based upon more than 8 years' follow-up of complicated by a secondary insult in rats. Stroke
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TRAUMA
VERTEBROMEDUTAR

Como alesão da colunavertebral pode oconer com troumotismos fechodos ou penetrantes,


com ou sem déficits neurolôgicos, ela deve ser consideroda em todos os pocientes com múltiplos
lesões. Esses po cientes requerem alimitaçõo do mowmento da coluna pora proteger a medula
espinhol de dcnos odicionais, oté que alesão ila colunavertebral seja descartada.
CAPÍTULO 7 SUMÁRIO
OBJETIVOS AVATIAÇÀO RADIOLÓGICA
. Cotuna Cervical
INTRODUçÀO . Cotunas Torácica e Lombar

ANATOMIA E FISIOLOGIA CONDUTA TERAPÊUTICA


. Coluna VertebíaL . lmobiLizacão da CoLuna
. Anatomia da MeduLa Espinha[ . Reposiçào VoLêmica
. Dermátomos . fíedicamentos
. Miótômos . Trãnsferências
. Choque Neurogênico versus Choque MeduLar
. Efeitos em outros Órgãos e Sistemas TRABALHO EN4 EOUIPE

CLASStFtcAçÃo oAS LESÔES MEDULARES RESUMO DO CAPÍTULO


. Níve[
. Gravidade do Déficit Neurológico BiBLIOGRAFIA
. Síndromes Medulares
. MorfoLogia

TIPOS ESPECÍFICOS DE LESÀO ESPINHAL


. Fraturâs da CoLuna Cervical
. Fraturas da CoLunâ Torácica
. Fraturâs da Junção TóracoLombar (Tll a Ll)
. Fraturâs dâ Cotuna Lombar
. Ferimentos Pênetrantês
. Trauma Contuso das Artérias Cârótidas e Ve.tebrais

OBJETIVOS

Após â leltura deste capÍtu[o ê a compreênsão dos tópicos de de cohrna e seus aspectos radlogáficos que aludam a
âprendizâdo do curso ATLS, você estará apto a: idendflcár estas lrsões.

l. Descrever as bas€§ da anabmla e fislologia dô colrina 4. DescrÊ\rer o ãtendimento adequado a um pacieÍrb


rre.tebraL coín lesão de cotlna, durante as primelrôs horõ apó6
o tráuma.
2. Descrever a arraliaçâo ap.op.iadô de um paclente com
suspeita de lesão trauÍÍÉtica de colrJna ê seu regstÍp. 5 Determinar o momento aproprlado de avauar e tratar
o trauma vêrtebromedulff
3. ldentificar os tipos mais comuns de Uesões trêumáticâs

t29
130 CAPíTULO 7 r Traumâ Vertebromedu[ar

L. evemos sempre considerar uma lesáo da coluna prolongado que pacientes Íicam em umaprancha ígida
I ! venebral, com ou sem déÍicit neurológico, em e com um colar ceryical também pode ser perigoso. Além
Y oo"n,", aom traumas murrrplos. Lerca de 5.,o de causar muito desconforto em pacientes conscientes,
dos pacientes com trauma craniencefálico (TCE) podem ocorrer graves úlceras de pressâo e insuficiência
apresentam lesão associada na coluna, enquanto 25oZ respiratória, pelo uso prolongado destes equipamentos.
dos pacientes com trauma de coluna têm, pelo menos, Portanto, as pranchas rÍgidas devem ser usadas somente
umTCE moderado. Aproximadamente 55% das lesôes durante o transporte do paciente; todos os esforços devem
traumáticas da coluna ocorrem na região cervical, 15% ser feitos para removê-lo o mais rapidamente dela.
na região torácica, 157o na transição toracolombâr e
15% na região lombossacra. Até 10% dos doentes com
fratura da coluna cervical tem uma segunda fratura de ANATOMIA E FISIOLOGIA
coluna vertebral, nào contígua,
Em pacientes com suspeita de Iesão na colunavertebral,
a manipulaçáo excessiva e restrição inadequada do A revisão a seguir inclui a anatomia e fisiologia da
moümento da coluna pode causar danos neurológicos coluna vertebral e da medula, dermátomos, miótomos,
adicionais e piorar o desfecho clínico. Pelo menos 5% dos diferenças entre ô choque neurogênico e medular e os
pacientes com lesão da colunavertebral experimentam o efeitos da lesáo da coluna em outros sistemas.
início dossintomas neurológicos ou apiora dos sintomas
preedstentes após o atendimento no departamento de COLUNA VERTEBRAL
emergência {DE). Estas complicaçôes são deúdas à isquemia
ou progressão do edema da medula, mas tambémpodem A colunavertebral é formada por 7vénebras cervicais,12
resultar do movimento excessivo da colunavertebral. Desde torácicas e 5lombares além do sacro e do cóccix (. FTGURAT-1).
que a colunado paciente esteja devidâmente protegida, o Avértebratípica consiste em urn corpo vertebral na posiçâo
exame da colunae a exclusão de lesóes medulares podem anterior, que constitui a principal coluna de sustentaçáo. Os
ser adiados com segurança, especialmente na presença corpos vertebrais sáo separados pelos discos intewertebrais
de alguma instabilidade sistêmica, como, por exemplo, e são Íixados entre si, anteriormente e posteriormente, por
hipotensão ou insuficiência respirâtória. PaÍa proteger Iigamentos Iongrrudinais, respecdvamente, anter iores e
a coluna não é necessário que os pacientes fiquem horas postêriores. Póstero laterâlmente, 2 pedículos formam
sobre a prancha rigida; deixáJos deitados em posição os pilares sobre os quais se apoia a parte superior do
supina, sobre uma superfície lume e utilizar medidas de canal vertebral (constituído pelas lâminas). As facetas
proteção dacoluna quando se move é suÍiciente. articulares, os ligamentos intêrespinhosos e os músculos
A exclusão de Iesôes da coluna pode ser assegurada para vertebrais são estruturas que contribuem para dar
empacientes sem défcits neurológicos, ausência de dor estabüdade à coluna.
ou hipersensibilidade ao longo da coluna, evidência A coluna cervical, por causa de sua mobüdade e exposição,
de intoxicaçâo ou outras lesões dolorosas. Nesses é a parte mais rulnerável a lesões. O canal medular é do
casos, a ausência de dor ou a hipersensibilidade ao forame magno até a parte inferior de C-2. A maioria dos
longo da coluna exclui virtualmente a presença de doentes portadores deste tipo de lesão que sobrevive ao
uma lesão vertebral signiÍicativa. A possibilidade de trauma apresenta-se neuroLogicamente normal ao chegar
Iesões da coluna cervical pode ser eliminada através de ao hospital. Entretanto, cerca de um terço dos pacientes
ferramentas c1ínicas, descritas mais tarde nesse capítulo. com lesôes da parte superior da colunacerirical (acima de
No entanto, em outros pacientes, como aqueles que estão C3) morre no local do trauma em decorrência de apneia
comatosos ou têm um nível de consciência rebaixado, provocada por perda da inervação centraL dos nervos
o processo de avaliação da lesào da coluna vertebral é frênicos. Abaixo do nível de C-3, o diâmetro do canal
mais complicado. Nesse caso, o médico precisa obter a medular é bem menor em relação ao diâmetro da medula,
imagem radiográÍica apropriada para excluir uma lesão e lesóes da colunavertebralâ esse nível apresentam maior
na coluna vertebral. Se as imagens forem inconclusivas, probabilidade de provocar lesões medulares.
restrinja o movimento da colunavertebral até que sejam A coh.na cervica.l das crianças até 8 anos de idade tem
realizados testes adicionais. Lembre-se, a presença de algumas diferenças significathas em relação a colura cervical
um colarcervical e deumaprancha rígidapode fornecer dos adultos. Estas diferenças incluem maior fleibüdade
uma falsa sensação de segurança de que o movimento das cápsu-las articulares e dos ligamentos interespinhosos,
da coluna vertebral esteja restrito. Se o paciente não facetas articulares planas e corpos vertebrais que são em
êstiver coretamente fixado à prancha e o colarnão estiver cunha anteriormente e tendem a deslizar anteriormente
adequadamente colocado, o movimento ainda é possível. com a flexão. As diferenças vão diminuindo até os 12 anos
Embora osperigos do movimento excessivo dacoluna de idade quando a coluna cervical é mais parecida com a de
vertebral tenham sido bem documentados, o tempo um adulto (Ver Copítulo r o; Tro uma Pediátrico.)
ANATOI.lIA E FISIOLOGIA 13I

I
Curvatura E'í vértebra
cervicat cervicaL

B Processo espinhoso

Processo Lâmina Proces5o


articular superior transverso
Curvatura
torácica Vertebra
Discos toracica
intervertebrais Faceta para Forame
arco costat vertebral
Forame
intervertebrat
Cor iculo

CuTvatura Vértebra
lomba r lombar
t-
P
, Sacro
o
Curvatura
sacraI
cóccix

a ÍIGURA 7-1 A Coluna. A. A coluna vertebÍa , vl!ôes lâtera direita e porter or B. Uma véÍtebra torácicê tip (a, v sào superior

A mobilidade da coluna torácica é muito mais e as colunas dorsais. Estes tratos estão distribuídos aos
restrita do que a mobilidade da coluna cervical, além pares e as lesões podem ocorrer uni ou bilateralmente
de proteção adicional conferida pela caixa torácica. na medula espinhal. A localização na medula espinhal,
Assim, a incidência de fraturas torácicas é muito menor. função e os métodos para testar cada trato, são descritos
A maioria das fraturas da coluna torácica são fraturas de na. TAEELA 7-1.
compressào em cunha e não estão associadas à lesão da Quando um paciente não tem função sensitiva ou
medula. Entretanto, quando a lesáo vertebral ocorre por motora abaixo de um determinado nível, é dito ter uma
frâtura-luxação, quase sempre ocorre lesão da medula Iesáo completa da medula espinhal. A lesão incompleta
devido ao canal medular torácico ser relativamente é aquela em que permanece um certo grau de função
estreito. A iunção toracolombar é um fulcro entre a motora ou sensitiva; neste caso, o prognóstico para
região torácica inflexível e os níveis lombares mais recuperaçào é significativamente melhor que o de uma
móveis. Isso a torna mais vulnerável a lesões, 157o de lesão completa da medula espinhal.
todas as Iesôes na coluna vertebral ocorrem nesta região.
DERMÁTOMOS
ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL
Um dermátomo é a área da pele inervada pelos axônios
A medula espinhal origina'se na extremidade caudal sensoriais dentro de uma determinada raiz nervosa. O
da medula oblonga no forame magno. Em adultos, nÍvel sensitivo é o dermátomo mais caudal com função
geralmente termina na altura de Ll como cone medular. sensitiva normal e muitas vezes pode diferlr nos dois
Abaixo deste nível está a cauda eqüina, que é um pouco lados do corpo. Para Íins práticos, os dermátomos
mais resistente às lesões. Dos muitos tratos da medula cervicais superiores (C1 a C4) são um tanto variáveis em
espinhal, apenas três podem ser avaliados clinicamente: sua distribuição cutâneâ e não são comumente usados
o trato córtico-espinhal lateral, o trato espino-talâmico para localizar a lesão meduiar. No entanto, note que
132 CAPiTULO 7 r Trauma Vcrtebromedular

TABELA 7-r AVALTAçÀO CLíNrCA OOS TRATOS DA MEDULA ESptNHAL

TRATO LOCÂLrZAçÃO FUNCÃO AVALIACAO

Córtico-esplnhal Fâce póstêro-LêteraI dà Iorai] 'rai: .r 3s l.rtê_: Contrâturâ votuntánà ou


meduta nvotuntária em resposta aos
estimutos doLorosos

Espino-tatâmico Face antêrotàteraL da medutã Sensacào dotorosa e de Estímuto com a8uthâ


temperaturâ contralôteral

Côtunàs dôrsàrs Fôce pó5tero-media Paopfl ocepcão, vrbracào e Sensâção dâ posrcào dos dedos
medulê sensâçáo de toque suave do pé ou dà mào or.r peLa

ipsi[atêrâL sênsâçào de vrbraçào cagsâdâ


por um drapasào

os nervos supÍa cLaviculares lcz a Cal proporcionam


TABELA 7-2 NÍVEIS MEDULARES CHAVES E inervaçâo pâra a região que recobre o músculo peitoral
SUAS ÁREAS DE IN ERVAçÀO ("cervical cape"). A presença de sensibilidade nesta

c5
NiVEL MEDULÀR
M
Áreâ do dettoide
região pode confundir os examinadores, quando tentam
determinar o nível sensorial em pacientes com Iesões
cervicais mais baixas. Os pontos de referência em
termos de sensibilidade sâo descritos na. TABÉLA
7-2 e ilustrados na n FIGURa 7-2 (ver também
c6 Ie quirodáctito
Guio de Dermátomos no oplicativo móvel MyATLS).
As Diretrizes Internacionais para a Classificação
c7 3e quirodáctiio
Neurológica de Lesão Medular, publicado pelaAmericon
Spinol Injury Associotion (ASIA), podem ser utilizadas
c8 5! quirodácti[o para documentar o exame motor e sensitivo. Ela fornece
informações detalhadas sobre o exame neurológico do
T4 Mamito paciente. Os detalhes relativos ao exâme motor estâo
contidos no documento.
T8 Apêndice xifoide
MróroMos
Tr0 Cicatriz umbiLicaI
Cada raiz nervosa inerva mais deummúsculo e a maioria
Tt7 SÍnfise púbica dos músculos é inervada por mais de uma raiz neryosa
(geralmente duas). Entretanto, para simplificar o exame,
L4 Face mêdiaL da pànturrrLha certos músculos ou grupos musculares são identificados
como representando uma única raiz nervosa espinhal. Os
L5 EspâÇô intêrdiSità[ êntrê le ê
miótomos de referência sào mostrados na.
HGURA 7-3

pododáctiLo
(veÍtâmbémGuia de Miótomos de Nervos no aplicativo
2e
móvel MyATlSf . Os músculos de referência devem ser
testados quanto à força em ambos os lados e graduados
5 Face lâteral do pé
em uma escala de 6 pontos (0-5) da força normal à
paralisia (ver Guio de Clossificaçõo do Força Musculor
53 Tuberosjdâde ísquia
nooplicotivo mrÍvelMyATLS ). Além disso, o esfíncter anal
externo deve ser testado quanto à contraçâo voluntáÍia
54e55 Regrào per anà
durante o toque retal.
A documentação precoce e precisa do exame sensorial
e é essencial, para avaliar a melhora
motor do paciente
ANATOI"lIA E FISIOLOGIA 13]

9A!RÁO HIIRXT@IiAL PÁXA

.4SlÀ. cLÀsgÊr çio NELRo(oGLI ISC'S


DIREITO
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Espinha. L C ar!if cê(ôe5 C in,cas da5 Lerôes dê lúedL a Esprrha
134 CAPÍTULO 7 r Trauma Vertebromedular

BíceOs
7C5
--C6 Extensor do punho
\ c7 Tríceps
Ftexores dos quirodactilos
\:cE
LT1 Abdutores dos quirodáctitos

f ÍIGURA 7-3 MiótoÍnos dê Rêfêrên(ià.


lú ótomos sào utilizêdor pàra ô êvàliaçào do nive
dê funçào. motora.

L2 Ftexor do quadril

L3 Extensor do joetho

L4 Dorsiftêxão do pe

L5 Extensor longo dos


pododáctilos

S1 Ftexor ptantar do
tornozeto

AR MAD IL HA PREVENCÀO
ou piora neuroLógicâ nos exames subsequentes

DrÍraçào da avatiaçào ' Rêpita os exàmês quantas


sensitiva e motorâ peb dor vezês forem necêssáriàs.
CHOOUE NEUROGÊNICO X CHOOUE MEDULAR

O Choque Neurogênico resulta da perda do tônus


O paciente é capaz de olhar o Prêvina o paciente de vasomotor e da inervação simpática para o coração.
exâme. o quê pode atterar ôs othar o erâme ctínico. ou A Iesão na medula espinhal cervical ou torácica alta
âchâdos o dist ?D no momento da (T6 ou acima) pode causar comprometimento das
àvâLacào vias simpáticas descendentes. A perda resultante do
tônus vasomotor provoca a vasodilãtação dos vasos
UrÍ\ pâciente com nível Prêsurna [esào medu[âr sanguíneos viscerais e periféricos, redistribuiçáo do
de consclência rebâixadô êm todos os pacientes, sangue e, consequentemente, hipotensão. A perda
limitârá os ãchadôs em restrinja o movirnento da inervaçào simpática para o coraçào pode causar
um exame neurológico da cotunà durante o bradicardia ou, pelo menos, incapacidade de responder
defi^itrvo. tratamento dâs lesóês com taquicardla à hipovolemia. No entanto, quando
ômêaçadoras da vida, o choque está presente, ainda é necessário descartar
reãvaLie, e solicite os outras fontes de sangramentos, porque o choque
exames de imàgem hipovolêmico (hemorrágico) é o tipo de choque
mais comum em pâcientes tÍâumatizados e pode
estar associado ao choque neurogênico. Os efeitos
DOCUMENTACÃO DAS LESÔES MEDULARES TRAUMÁTICAS r35

fisiológicos do choque neurogênico não são rev€rtidos dos nervos espinhais ocorrer através dos foramens e
com reposiçào volêmica isolada e a ressuscitaçào ascendem ou descem dentro do canal espinhal antes
maciça pode resultar em sobrecarga Iíquida e/ou edema de entrar na medula espinhal- Determinar o nível de
pulmonar. O uso criterioso de vasopressores pode ser lesão em ambos os lados é importante.
necessário após uma reposição volêmica moderada Além das medidas iniciais para estabilizar a lesão
e a atropina pode ser usada para tratâr a bradicardia óssea, todas as descrições subsequentes do nível de
hemodinamicamente significativa. lesão são baseadas no nível neurológico.
O Choque Medulor refere-se à flacidez (perda de
tônus muscular) e à perda de reflexos que ocorrem GRAVIDADE DO DÉFICIT NEUROLóGICO
imediatamente após a lesão da medula espinhal. Após
um período de tempo, ocorre espasticidade. Lesóes medulares podem ser classificadas como:

EFEITOS DA LESÃO MEDULAR EM OUTROS Paraplegia completa (lesáo torácica) ou


SISTEMAS incompleta
Tetraplegia completa (lesão cervical) ou
Quando a coluna vertebral do paciente é lesada, a incompleta
principal preocupaçâo deve ser a possibilidade de
insuÍiciência respiratória. A hipoventilação pode Qualquer função motora ou sensorial âbaixo do nível
ocorrer por paralisia dos músculos intercostâis (i.e., da lesão constitui uma lesão incompletã e deve ser
lesão da medula espinhal cervical baixa ou torácica documentada adequadamente. Os sinais de uma lesâo
alta) ou do diafragma (i.e.,lesão de C3 a C5). incompletâ incluem qualquer sensação (incluindo
A incapacidade de perceber estímulos dolorosos o reconhecimento da posição) ou movimentos
pode mascarar lesôes potencialmente graves em voluntários nos membros inferiores. preservàçào
qualquer outra parte do corpo, como os sinais clássicos sacral, contração voluntária do esfÍncter anal e flexão
de abdome agudo ou dor pélvica associada com voluntária do dedo do pé. Os reflexos sacrais. como o
fraturas da bacia. reflexo bulbo cavernoso ou a contratilidade anal, não
se qualificam como preservaçào sacral.

DOCUMENTACÀO DAS LESÔES SíNDRoMES MEDULARES


MEDULARES TRAUMÁTICAS
Padrôes característicos de lesão neurológica são
encontrados em pacientes com lesões da medula
As lesões traumáticas da medula espinhal podem ser espinhal, como síndrome central da medula, síndrome
classificadas de acordo como nível, a gravidade do déficit anterior da medula e síndrome de Brown-Séquard. É útil
neurológico, o tipo de síndrome medular e a morfologia. reconhecer essespadrÕes, pois seus prognósticos diferem
das lesôes completas e incompletas da medula espinhal.
NívEL A síndrome centrol do medulo é caracterizada por uma
perda despropórcionalmente maior de força motora nos
O nível ósseo da lesão refere-se ao nível vertebral membros superiores do que nos membros inferiores,
especÍÍico ao qual ocorreu dano ósseo. Onívelneurológico com diferentes graus de perda sensitiva. Estâ síndrome
de Iesão descreve o segmento mais caudal da medula geralmente ocorre após uma Iesâo por hiperextensão em
espinhal que tem funçáo sensitiva e motora normal umpaciente comestenose do canal cervical pré-existente.
em ambos os lados do corpo. O nível neurológico O mecanismo é comumente o de uma queda para a ftente,
da lesào é determinado principalmente pelo exame resultando em um impacto facial. A síndrome central
clínico. O termo nível sensitivo é usado quando se refere da medula pode ocorrer com ou sem fraturà ou luxação
ao segmento mais caudal da medula espinhal com cervical. Oprognóstico e arecuperação daslesões são um
função sensitivâ normal. O níyel motor é definido de pouco melhores do que côm outras lesões incompletas.
forma semelhante em relação à função motora, como Estas Iesôes sâofÍequentemente encontradas em pacientes
o grupo de referência muscular mais baixo que possui idosos, que têm estenose preeústente do canal medular
um grau de força de pelo menos 3 em uma escala de cervical e sofrem queda da própria altura.'
6 (0-5) pontos. A zona de preservação parcial é a área A síndrome anLerior do meduia resulta da lesão nas
Iogo abaixo do nÍvel de lesão onde aigumas funçôes vias motoras e sensitivas na parte anterior da medula.
sensitivas e/ou motoras sào encontradas. Caracteriza-se por paraplegia e perda bilateral das
Frequentemente, há uma discrepância entre os sensações de dore temperatura. No entanto, âs sensações
nÍveis ósseo e neurológico de lesão devido ã entrada da coluna dorsal (i.e., posição, vibração e sensação de
13ó CAPÍTULO 7 r TTaL-,rra \/e.tebrornecuLar

pressão profunda) sáo preservadas. Esta síndrome tem que as lesóes da coluna cervicai inferior. Além disso,
o piorprognóstico entre aslesões incompletase ocorre as díferenças anatômicas, o sofrimento emocional ea
mais comumente após a isquemia da medula. incapacidade de comunicação tornam a avaliação da
A síndrome d.e Brown-Séquard resulta de uma coluna ainda mais desafiadora nessa população, (Ver
hemissecção da medula, geralmente devido a umtÍauma Capítulo to: Trauma Pedíáttico .)
penetrante. Em sua forma pura, a síndrome consiste Os tipos específicos de lesôes traumáticas da coluna
em perda ipsilateral motora {trato corticoespinhal) e cervical sáo luxaçáo atlanto-occipital, fÍatura de atlas
da sensação de posição (coluna dorsal), associada à iCl), subluxaçâo por rotação em C1e fraturas do iáxis (C2).
perda contralateral de dor e sensação de temperatura,
começando de um a dois níveis abaixo do nível de Iesão Luxação Atl.anto-Occipitât
(trato espinotalâmico). Mesmo quando a síndrome é
causada por uma Iesáo penetrante direta à medula, As luxaçôes crânio-cervical sâo incomuns e resultam de
geralmente existe algum grau de recuperação. movimentos acentuados de flexão e tração, de natureza
traumática. A maioria dos pacientes com esta lesão
MORFOLOGIA morre por destruição do tronco encefálico e apneia, ou
apresenta Iesôes neurológicas extremamente graves
As lesões traumáticas dâ coluna veftebral podem ser (por exemplo, dependência do ventilador e tetraplegia).
descritas como fraturas, fraturâs-luxaçõês, lesóes Os pacientes podem sobreviver se forem prontamente
medularessemanormalidadesradiográÍicas (SCIWORA) ressuscitados na cena do trauma. A luxação atlanto-
e Iêsões penetrantes. Cada uma dessas categorias pôde occipital é uma causa comum de morte nos casos de
ser descrita como estável ou instável. No entanto, síndrome do bebê sacudido.
determinar a estabilidade de um tipo particular de
Iesão nem sempre é fácil e, mesmo entre os especialistas, Fratu râs do Atl"as (Cl)
pode haver discordância. Particularmente durante o
tratamento inicial, todos os pacientes com evidência O atlas é um anel ósseo delicado com superfÍcies
radiográfica de lesão e todos aqueles com déÍicits articulâres Iargas. As fraturas do atlas representam
neurológicos devem serconsiderados como tendo uma aproximadamente 5% das fraturas da coluna cervical
lesão na coluna vertebral instável. A movimentação da e até 4oyo das fraturas do atlas estão associadas a
coluna desses pacientes deve ser restrita, e a mudança fraturas do áxis (C2). A fratura C1 mais comum é uma
de decúbito e/ou reposicionamento requer pessoal fratura por explosáo da vértebra (fratura de Jefferson ).
treinado usando técnica de Íolamento em bloco até O mecanismo típico de lesão é o sobrecarga axial, que
a consulta com um especialista, tipicamente um ocorre quando um objeto pesado cai verticalmente na
neurocirurgião ou ortopedista. cabeça ou quando um paciente cai, batendo a sua cabeça
em uma posição relativamente neutra, As fraturas de
Jefferson consistem na ruptura anterior e posterior
TIPOS ESPECÍFICOS DE LESÃO do anelde C1, com subsequente deslocam€nto lateral
das massas laterais. A fraturâ é melhor visualizada
DA COLUNA em uma radiografia transoral (boca aberta) da região
Cl a C2 e pela tomografia computadorizada axial (TC)
As lesões da coluna vertebral de especial preocupaçáo (r ncuna r<i.
no contexto do trauma incluem fraturas da coluna Essas fraturas geralmente não estâo associadas a
cervical, fraturas da coluna torácica, fraturas da iunção Iesôes da medula espinhal;no entanto, elas sàoinstáveis
toracolombar, fraturas lombares, lesóes penetÍantes e e devem ser tratadas inicialmente com um colar cervical
Iesões contusas das artérias carótidas e vertebrais. rígido apropriado. As fraturas unilaterais ou de mâssa
lateral não são incomuns e tendem a seÍ lesÕes estáveis.
FRATURAS DA COLUNA CERVICAL No entanto, trate todas essas fraturas como instáveis
até que o paciente seja examinado por um especialista,
As Iesóes na coluna cervical podem resultar de um geralmente um neurocimrgião ou ortopedista.
ou de vários dos seguintes mecanismos de lesão:
compressão axial, flexão, extensão, rotaçáo, flexão Subl"uxacão por Rotacão em CÍ
lateral e tràção.
A lesão da coluna vertebral em crianças é um evento A subluxaçáo por rotaçâo em C1é mais frequentemente
relativamente raro, ocorrendo em menos de 1% dos vista em crianças. Pode ocorrer espontaneamente,
casos. Notâ-se que as lesões da coluna cervical superior após traumatismo de grande ou pequeno porte, com
em crianças (Cl - C4) sào quase duas vezes mais comuns infecçóes das vias áereas superiores ou acompanhando
TIPOS ESPECÍFICOS DE LESÃO NA COLUNA 137

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f FIGURA 7-4 Frâtura de iêíferson. Ràdiograf a tíantorô f EIGURA 7-5 Fraturas do Odontoide. TC evidên(iando Írãtura do
mo5trando uma ÍratLJíâ de leÍÍer5on. É95a fratura envo ve ã rupturâ odontoide do t po ll, que aconete sua base.
dos anéis ênteriorer e porterioíês de C1, com desloaamento laterâ
da mesma

a artrite reumatóide. O paciente apresenta uma Fraturas dos Etementos Posteriores


rotaÇào persistente da cabeça (torcicolo). Nesta lesão,
o odontoide não está equidistante das duas massas A fratura típica do enforcado envolve os elementos
Iaterais de C1. Não force o paciente a corrigir a rotação, posteriores de C2 - a parte interarticular (r FTGURA 7{).
ele deve ser imobilizado com a cabeça em posição Este tipo de fratura geralmente é causado poruma Iesão
rodada mesmo e encaminhado para o centro de por hiperextensâo. CertiÍique-se de que os pacientes
referência e tratamento especializado. com esta fratura seiam mantidos em colar cerrdcal rígido
adequado até que haja cuidados especializados-
Fratura do Axis (C2)
Fraturas e Luraçôes (C3 a C7)
O axis é a maior vértebra cervical e tem o formato
mais incomum. Assim, é susceptível a várias fraturas, A área de maior flexâo e extensão da coluna ceryical
dependendo da força e direção do impacto. As fraturas ocorre a nível de C5 - C6 e, portanto, está maisvulnerável
de C2 representam aproximadamente 18% de todas a lesões. Em adultos, o nivel mais comum de fratura
as fraturas da coluna cervical. As fraturas do axis que vertebral cervical é C5, e o nível mais comum de subluxação
os emergencistas observarão incluem fraturas do é C5'C6. Outras Iesões incluem subluxaçâo dos processos
odontoide e fraturas dos elementos posterioÍes. articulares (incluindo as luxações das facetas articulares
uni ou bilaterais) e fraturas das lâminas, processos
Fraturas do Odontoidê espinhosos, pedículos ou massas laterais. Raramente
ocôrrem ruptuEs ligamentares sem que ocorram ftaturas
Aproximadamente 607o dâs fraturâs de C2 envolvem o ou deslocamentos das facetas aÍticulaÍes.
processo odontoide, uma protuberância óssea de forma A incidência de lesão neurológica aumenta
bem definida que se proieta para cima e normalmente signiÍicativamente com as luxações das facetas e é
está em contato com o arco anterior de C1. O processo muito mais severa com facetas luxadas bilateralmente.
odontoide é mantido fixo pelo ligamento tÍansverso. As
fraturas do tipo I normalmente envolvem à extremidade FRATURAS DA COLUNA TORÁCICA
do odontoide e são relativamente incomuns. As fraturas
do tipo II ocorrem nà base e sáo as mais comuns (r HGuRÂ As fraturas da coluna torácica podem ser classificadas
7-s). EmcÍianças com menos de 6 anos de idade, a epífise em quatro grandes categorias: lesóes em cunha por
pode sermais proeminente e se assemelhârauma fratura compressão anteÍior, lesôes por explosão, fraturas de
neste nível. As fraturas odontóides do tipo III ocorrem Chance e fraturas-luxações.
na base e se estendem obliquamente no corpo do axis. A sobrecarga axial com flexão produz uma Iesôo
em cunho por compressao anterioÍ. O encunhamento
geralmente é pequeno e a redução anterior do corpo
vertebral raÍamente é mais que 25% da face posterior.
138 CAPíTULO 7 r Trauma Vertebromedular

a t

,.rt

A B I c
f fIGURA 7-6 Fratuía do EnÍorcado (setai). Rê(onslrução dê TC. A. Axial; B. Saqita paramed ânê; e c. 5agrtê na llnha med anê. Note ê
angula(ào anterior ê â di5tân(iã excesslva entre os pro(esr05 esp nhosos de Cl e C2 (9etês duplas).

Devido à rigidez da caixa torácica, a maioria dessas da coluna torácica geralmente resultam em déficits
fraturas sâo estáveis. neurológicos completos.
A lesão por explosõo é causada por compressào Fraturas de compressão simples geralmente são
vertical-axial. estáveis e muitas vezes tratadas com um colete rígido.
As froturas de Chance sãô fraturas transversas no corpo As fraturas por explosáo, as fraturas de Chance e as
vertebral (r rtcunn 7-7). Elas são causadas por flexão em fraturasJuxaçôes são extremamente instáveis e quase
tomo de colunavertebral {hiperflexão)
um eixo anterior à sempre requerem Íixação interna.
e sáo mais frequentemente observàdas após colisões
automobilísticas em que o paciente usava cinto de FRATURAS DA JUNCÃO TORACOLOMBAR
segurança de dois pontos e colocado inadequadamente. (rr l t-r)
As ftaturas de Chance podem estar associadas com lesôes
úscerais retroperitoneal e abdominal. As fraturas ao nÍvel dajunçáo toracolombar sào devidas
Devido à orientação das facetas articulares, as fraturas- à imobilidade da coluna torácica em comparaçào com
luxações são relativament€ incomuns na coluna torácica a coluna lombar. Como essas fraturas, na maioria das
e Iombar. Essas lesões quase sempre resultam de flexão vezes, resultam de uma combinação de hiperflexão e
extrema ou traumatismo contuso severo na coluna rotação, geralmente são instáveis. Dentre os pacientes
vertebÍal, o que provoca a ruptura dos elementos que correm um risco particular para este tipo de lesão,
posteriores (pedículos, facetas e lâmina) da vértebra. estão os que caem de grande altura e os motoristas
torácico da colunavertebral é estreito em relação
O canal usando cinto de segurança que, no momento do
à medula espinhal, de modo que as fraturas-luxações impacto, sofrem uma flexão severa com grande
transferência de energia cinética.
A medula espinhal termina como o cone medular
aproximadamente no nÍvel de L1. Lesôes nesta parte
da medula geralmente resultam em disfunção vesical
\ e intestinal, bem como diminuição da sensaçào e
força nos membros inferiores. Pacientes com fraturas
toracolombares são particularmente vulneráveis ao
movimento rotacional, por isso seja extremamente
cuidadoso ao fazer o rolamento em bloco. (Ver vídeo
Movimentoçôo em bloco no aplicatiuo móvel MyATLS. )

Í) FRATURAS LOMBARES

Os sinais radiográflcos associados a uma fratura


T lombar são semelhantes aos das fraturas torácicas e
toracolombares. Entretanto, poÍ acometêrem apenas a
I FIGURA 7-7 Fraturas dê Chan(ê. Rad ogrâÍiâ mostrando uma cauda equina, a probabilidade de um déficit neurológico
Íratura de Chênce, que é uma íratura transversa pelo corpo vertebrêl completo é muito menor com essas lesões.
AVALIACÀORADIOLOGICA I39

LESõES PENETRANTES
AVALIACÀO RADIOLOGICA
As lesôes penetrantes frequentemente resultam emum
déficit neurológico completo quando a medula está no O exame clínico cuidadoso e uma avaliação radiológica
caminho do agente envolüdo (na maioria das vezes, um completa são fundamentais na identificação de uma
projétil de arma de fogo ou arma branca). Esses déficits Iesão significativa de coluna.
também podem resultar da transferência de energia
associadaa um projétil de altavelocidade que passaperto COLUNA CERVICAL
da medulaao invés de atravessá-la. As lesões penetrantes
da coluna geralmente são estáveis, a menos que o projétil Muitos pacientes traumatizados têm um colar cervical
destrua uma porção signiÍicâtiva da vértebra. colocadopelos serviços médicos de emergência (EMS)na
cena. As diretrizes aluais pré-hospitalares da imobilização
LEsõEs coNTUSAS DAs ARTÉRIAS CARóTIDAS da coluna vertebral permitem maior flexibilidade no
E VERTEBRAIS uso de prancha longa e colar cervical. Com o uso de
ferramentas de decisão e triagem clínic4 como a Canadian
O traumatismo contuso do pescoço pode causar lesões C-Spine Rule (CCR;. nGURA 7€) e a National Emergency
arteriais carotídeas e vertebrais; o reconhecimento e X-Radiography Utilization Study {NEXUS. Fl6URA 7-e),
trâtamento precoce dessas lesôes podem reduzir o risco o colar cervical e imobilizadores Iaterais de cabeça
de acidente vascular cerebral do paciente. Indicações podem ser retirados em muitos desses pacientes sem
específicas para a pesquisa dessas lesões incluem a necessidade de imagens radiológicas.
fraturas de C1a C3, fraturas cervicais com subluxaçâo Existem duas opções para pacientes que necessitam
e fraturas envolvendo o forame transverso. de avaliação radiográfica da coluna cervical. Em locais

Retrâ Canadmsa da Cohmr Ccrvicat (Canadhn G§lne Rute - CCR)

Paía paclentes conscientês (ÊCG = l5)e


estáveis aonde há suspeita de lesão cervicat

Attum fatoÍ dc rtto riico


quc obrlguc urm rrdognfie?
l. ldade >65 anos
Mecanismo dê tÍâuma:
2. Mêcanismo de tÍauha
. Oueda maior ou iguat a
3. PaÍêstesia nas extremidad€5
I metro
. Sobrecãrga axial na cabeça I tlGUnA 7-8 Regra Canâdense dâ Coluna
NÀO slM . Acidente automobi[Ístico: unà íerrêmenta para de«rao
Ceíviaâl(cCR).
- A[ta vetocidadade (l[n ca nê avaliaçâo da coluna cervical.
Atlum f.tor d. bàixo rltco (, t00 Km/h)
- Capotamento Adaptado de 5tie1l lG, Vandêmheen KL, êt
quc pcrmlt. . .v.[i.çao
rcgura da mobitidadc? - Ejeção al. The Canâdiân C-5pinê rule oÍ rêdioqíàphy
L Cotasào automobitística . Vêículos motorizâdos in alert ànd stable patients IAN4A
traseira de lazer 2001r28611841 1848.
2. Pacientê sentado na Sala de . Acidentes de bicicLeta
Emereêncra
3 Deamfutando
4. lnício târdio de dor cervacà[
5 Sem dor na tinha mediana
posterior cervicaL

sllí
+
Conseguc rcdar o pctcoço
.tivâmênt. (45t ô dir.ita .
. êôqu.rd.)
5tM NÀO
? -.
s.ln r.diolr.ff. Rdlolr.fi.
l4O CAPÍTULO 7 r Trauma Vertebromedu[ar

Xrttori.t Er!.rt oc, X-frdof.r}r, t tflh.tlcn Study Erpticàçôê!:


(I{ÉXUSI Crrt ri. - Crrüa.io. XÊXUS Com objetivo de esclarecer apênãs. Nào há uma dêfrn çào
precisa para os critéíos rndividuâis do NEXUS, que estào
ÂpÍr..trb TODO3 o. crftarlo, d. à.lro íl.co? sujeitos a interp.etàçào lndivrdual dos médicos
l. Sêm dôr ôâ 0nhâ madirna posterior de cot{.,na cervical
ê...
I Dor nà [rnha medrànô postefior da col!nã ceryrcàl é
conslderada quando há dor nô patpãção da Linhã ríed ana
2.sem êvidânciâ dê intoxicaçto êxóger'!â posterior da cervrcê[, desdê a basê do crânio até a
proerninênc a dà lc vérteb.a torácica
3- Nível ôorrnâ[ dê consclêôciâ
ê...
,(. Sarh dáflclt neuroLó8ico focat 2. Os pacientes serào consideràdos lntoxrccàdos se e[ês
tlverem os seguintes crltérios
5. Nênhurná tasão 8r.v6 {dis§'!çào} . Hlstór a recente de intoxrcaçào ou con5!mo dê sirbstância
entorpêcênte reiàtada p€io pacie'rte ou testemunha
. Evidênciê de sinais de intoxicação no exame fisico, tãis
stM NAO como odor de átcoot, Íâta embarathâdã, âtar á âchâdos
1--:. cerebetarês ou outros achâdos compàtívêis com
intoxrcaçào Também será coosaderôdo intoxrcàdo se os
Sêm R.diogr.fi. Râdio!r..fi. testês sênguíneos vierêm positivos parê d.o8as
(inctuindo o álcool. mas nào trmitado â etê)
l'4nemônico NEXUS
3. Um nívêl âtterado de consciência inclui quãlquer um dos
N- NeuroloSic déficit sê8uintês critérios
déficat nêurotóEico
' Escátâ dê Coma dê GtasSow,15
E- EtOH (àlcohot)/intoxicâtion
átcoot/intoxicaÇão
. Desorientaçào no tempo e no espaço
. lncôpacidade de sê (embrár de I obj€tos em 5 minutos
X- extíem€ distractin8 injury(ies) . Rêsposta [enta ou inadequada àos estímulos erternos
lesôes 8ràves que càusam distração . Outros
U- Unabte to píovide history (àtterêd tevet of consciousness)
iôcâpaz de retâtâr seu histórico (nível de consciência a(terado) 4 Ouà[q!er quêixa nêuroló8 ca focal (anamnese) ou achado
S- Spanat têndêrness (midtine) (êxame fÍsico - §ensitivo ou motor)
sensibilidàdê na coluna (tinha média)
5 Não há dêfiniçào prêcisâ do que é umà [€sào dotorosa que
desviâ a atenção Inctui quatquer condição que o êxaminador
considere rncapacitàÍ o pãcientê â cotàboràr no exame físico
I FIGURAT-9 NâtionalEmêrgên(yX-RadiogíàphyUtilization de umà s€gunda lesão (cêrvica[) Ex€mptos incluem. mas não
St'.rdy (NEXUS) Criteria and Mnemoni( (Crilérior e Mnemôni(os se [imitam a:
NtXt Íêrrâmentê de decisáo clini(a para à avaliação dâ
S). LJma . Oualquer fr.turà de ossos tôngos
'. L€sâo abdorninàt que rêquer consu[tá com o crrurgião
coluna (ervi(al. Adaptado de HoÍlman JR, líoveer wR, Wo í5on
Laceraçào extensa, desentLrvamênto o! esmagamento
AB, et al. Validity of a set oí (linical criteria to rule out injury to the . Grandês queimâdos
(ervical spine in patients with blunt traumâ. Nationêl Emergency X . Ouôtquêr outra lesào que [eve uma disfuncão â8uda
Radiography Utilization Study Group. N Engl I Med2000:34):94-99.
O médico pode consrderar quatquer tesão quê ete lutSàÍ
que àtràpafhe â câpàcidâde do paoênte êm seconcentrãr

com tecnologia disponível, a modalidade de escolha é a A incidência AP da coluna cervical auxilia na


Tomogra-fia Computâdorizada (TC ) multidetector (MDCT) identificação de luxaçôes unilaterais dâs facetas
do occipitalparaTl com reconstruções sagital e coronal. articulares, mesmo em casos em que pouca ou nenhuma
Em locais onde esse exame não está disponível, devem luxação é vista na radiografia lateral.
ser obtidas radiograÍias que mostram do osso occipital Se as imagens forem de boa qualidade e adequadamente
a T1, incluindo laterâI, anteroposterior (AP) e transoral interpretadas, as lesões na coluna cervical instáveis podem
para a identiÍicação do odontoide. ser detectadas com uma sensibüdade superior a 97%o. Um
Na incidência lateral devem ser visualizadas a base do médico qualificado püa interpretar essas imagens deve
crenio, todas as sete vértebras cervicais e a primeiÍa vértebra rever a série completâ de radiogrúas da coluna cervical
torácica. Pode ser necessário plxar os ombros do paciente antes que elaseja considerada normal. Não remova o colar
para baixo para que não passe despercebida uma lesão na cervical até que sejam feitas as avüaçÕes neurológica eda
coluna cewical inferior. Se as sete vértebras cervicais náo coluna cervical, incluindo a palpação da coluna vertebral
forem visualizadx no filÍne lateral, obtenha uma radiografla durante o movime nto voluntário em todos os sentidos, e
em posição de nadador para examinar a área cenrical inferior seiam excluídas as lesões.
e torácica alta. Quando a parte inferior da coluna cervical não é
A incidência transoral para a visua-lização do odontoide visualizada adequadamente nas radiografias ou sáo
deve induir todo o processo odontoide e as articulaçôes identificadas áreas suspeitas de Iesões, a avaliação com
düeita e esquerda de Cl e C2. MDCT deve ser obtida. Os exames MDCT podem ser
CONDUTA GERAL I4I

usados no lugar das radiograÍias simples para avaliar lateral; entretanto, note que a MDCT possui sensibilidade
a coluna cervical. superior.
É possível que ospacientesteúamumalesão [gamentar Nas imagens em AP, observe o alinhamento vertical dos
ilcompleta isolada que resulte em ilstabildade sem ftatura pedículos e a distância entre os pedículos de cada vértebra.
associada e/ou subluxação. Paci€ntes com dor cervical e Fraturas instáveis geralmente causarn o aumento da
radiogúa normal devem ser ava.liados por imagem de distância entre os pedículos. As incidências laterais
ressonância magnética (RM)ouporimagens de raios-X em det€ctâm subluxações, ftaturas porcompressão e fraturas
flexão-extensão. Os raios-X de flexão-extensão da coluna de Chance.
cervical podem detectaÍ instabilidade oculta ou determinar A tomografia computadorizada é particularmente
a estabildade de uma frauracoúecida. Quando o paciente útil pâra detectar fraturas dos elementos posteriores
tiver que ser transferido, a pesquisa radiográfica da coluna (pedículos,lâmina e processos espinhososl e determinar
pode ser adiada para a o serviço que receberá o paciente, o grau de comprometimento do canal causado por
enquanto se mantém a imobilização da coluna vertebra.l. fraturas por explosão. As reconstruções sagitais e
Em nenhuma circunstância, os médicos deverão forçar coronais das imagens axiais devem ser realizadas.
o pescoço do paciente a uma posição que provoca dor. Assim como na coluna cervical, uma série completa
Todos os movimentos devem ser voluntários. Obtenha de radiogrúas de alta qualidade deve ser deüdamente
essas radiogrúas sob a supervisão direta e conEole de um interpÍetadâ e descaÍtâdas lesôes por um médico qualiÍicado,
médico experiente em sua interpretação. antes que as precauçôes de movimentação da coluna sejam
Em alguns pacientes com lesão significativa nos tecidos retiradas. No entanto, deüdo à possibilidade de úlceras
moles, o espasmo muscular para vertebral pode limitar por pressão, não espere â interpretaçáo radiográflca final
severamente o grau de flexão e extensão que o paciente antes de retirar o paciente da prancha ígida.
permite. A ressonância magnética pode ser a ferramenta
mais sensível para identiÍicar lesôes nos tecidos moles
se realizada dentro de 72 horas após alesão. No entanto,
ARMADILHA PREVENCÀO
os dados relativos à correlaçào da instabilidade da
Uma ava[iacão secundária Íenha cêrtezá de
coluna cervical com achados de MRI positiva àinda sáo
inadequadâ resulta nâ reàlizar uma avatiaçào
insuÍicientes.
fatha em reconhecer neuroLógica detathadê
Aproximadamente 10ol" dos pacientes com fratura uma tesáo meduLar. durante â avâUaçâo
cervical têm uma segundaftatura de colunavertebral não particuLârmente as secundária ou àpós o
contígua. Este fato iustifica uma varredura radiológica incompLetas. trâtamento das Lesôes
completa da coluna vertebral em pacientes com fratura ameaçadoras da vidâ
cervical.
Na presença de déficits neurológicos, recomenda-se a Há dificutdade em âval.iar Para estes pãcrentes
RM para detectar qualquer lesão compressiva de tecido à presençà de Lesào faca àva(iacões
mole que nãopossa serdetectadanas radiografias simples meduLar êm pâcientês detathadàs repetidàs
ou MDCT, como um hematoma epidural ou hérnia de com rebaixamento do âpós o tratâmênto das
disco traumática. A RM também pode detectar contusôes nível de consciência e Lêsões âmeaçâdoras dà
aqueLes que dão entrada vidê
ou rupturas da medula espinhal, lesões de partes moles
em êstado de choque.
e de ligamentos paravertebrais. No entanto, a RM nào é
üável em pacientes com instabilidade hemodinâmica.
Esses estudos especializados devem ser realizados a
critério de um especialista em cirurgia da coluna.
r euAoRo 7-, apresenta noÍrnas para a avaliaçáo de CONDUTA GERAL
pacientes traumatizados com suspeita de lesào na coluna
vertebral.
O tratamento básico das lesóes de coluna e medula
COLUNA TORÁCICA E LOMBAR espinhal inclui imobilização, reposição volêmica,
medicações e transferência, se indicado. {VerApêndice
As indicações para a radiograÍia da coluna torácica e G: Estoção Prática D Défrce Neurológico.)
lombar sáo essencialmente as mesmas para a coluna
cervical. Onde disponÍvel, a varredura por MDCT da rMoBtLtzAçÃo DA coLUNA VERTEBRAL
coluna torácica e lombar deve ser usada como o exame
de escolha. As imagens de reconstruções da MDCT do Os profissionais do atendimento pré-hospitalar
tórax/abdome/pelve podem ser usadas. Se o MDCT não costumam imobilizar o paciente antes de transportá-lo
estiver disponível, obtenha imagens radiográÍicas AP e para o Serviço de emergência. Sempre que se suspeite de
142 CAPÍTULO 7 r Trauma Vertebromedular

OUADRO 7-I NORMAS PARA A TRIAGEM DE PACIENTES COM SUSPEITA DE LESÔES NA COLUNA

Os pacientes traumâtizâdos podem ter lesôes mêduLârês nào Em crianças, a compLementâçâo com TC é opcionãt. Se
reconhecidas. certifiquê-se de restriflSir a movimentâçáo dâ toda à coLuna cervicàL pode seí visuâ[izada e encontra-se
co[una vertebrâ[ até que possam ser submetidos a exames normal, o cotar pode ser removido âpós â avàliação
ctínicos e de imagem âpropriados. ôpropriadâ por um médico habiLidoso no exame ê
tratamento de pacientes com LesÔes na coluna vertebraL.
SUSPEITAS DE LESõES DE COLUNA CERVICAL Libera. a coiunâ cervical é pârticuLa.mente rmportante
em pacientes que necessitâm de cuidados putmonaÍes ou
l. Apresença de pârâpGgia ou têtraptegiê é evidênciâ de abordâgens diversas que seriam comprometidâs pela
paesunti\rà de instâbitidade de cotunâ
incapacidadê de mobítizâr o paciente
2. Use furramentas de tomâda de decisão clínicas valrdadas,
5. Na dúvidà. mantenhâ o coLâr adequâdêmente
como â Canadian C-Spine RuLe (CCR)e NEXUS para ajudâr a posicionado.
determinar â necessidade de avaÜôcão rad@grá6cô e clinica
dâ coÚnâ cêrvical É extremamente imp.ováveLquê os
pacaêntês que estejam âcordados, aLertas, consoentes, exame SUSPEITA DE LESÃO DA COLUNA
neuroLógico normal" sêm dor cervical" ausêocaa de dor na TORACOLOHBAR
Linhâ média e sêm LesÕes dastrativas apresêntem fratura ou
instabitidade da coLuna cervicaL. Com o pâciente em posição L A presença de parâpLeSia ou perda de sênsibitidâde
supiôâ, rêmo\.â o cdsr cervjcàl ê patpe a coluna vertebral no tórax ou ôo àbdorne é evidência prêsuntavà de
Se náo howerdor significâtiva, pêca ao pâciente que movê instábiLidâde da cotuna.
voLuntariamente seu pêscoço dê um {,ado para o outro, fLexionê
2. Os pacientês que estão neurolosicamente ôormâis,
e estenda o pe{oço dete tluncâ foÍce o pescoço do pacienê.
àcordados, aLertàs e consciêntes, sem mecanismo de
Se nâo hower dot as râdio8rafias da coLunô cervicaL não sâo
trauma significativo e sem dor ou sensibiLjdade na Linhã
necessáriâs eo cotârpode serremovjdo com segurança
média postêrior na reSiào toracoLombar, provavetmente
3. Pacientes com dor no pescoço ou sensibiLidade nâ Linhô não apresentarão Lesáo instáveL. RadaoSraf ias
média requêrem pêsquisa ràdiográficê. Cabe ao médico toracoLombãÍes podem náo ser necessárias
excluir uma Lesào na coluna vertebral. Ouando a tomogÍafiâ
3. Os pacientes com dor ou sensibiLidade na patpaçào
estjver dÍsponÍvel, todos esses pacientes devem fazer MDCT
da coLuna, défic,ts neuroLógicos, nível de conscaênciâ
do occipítâL a Tlcom reconstruções sagitaL e coronal.
atterado ou mecanismo signrficâtivo de trêuma devem
Ouando a tomogaafia náo estiver disponível, os pacientes
ser submetidos à triâgem com MDCT. Se o MDCT nào
devem sêr submetidos a êxames de radiografaas da coluna
estiver disponívet, ôbtenhà radiografiàs AP e Laterâis de
cervcôL nas incidênciâs laterais. AP e tÊnsoraI para avatiâr
toda a cotunà torácica e [omban Todãs as imâgens devem
o odontoide. As árêas suspeitês ou inàdequadamente
ser de boâ quâLadade ê interprêtadas como normais
visuatizadas nas rêdiografias requerem l.íDCT. As imagens
por um médico quâtificado antes quê se removam ôs
radiog.áficas dê coLunâ cervical devem ser avàUâdas para:
imobiLizaçôês e proteçôes da coluna.
. Deformidadê ósseafratura dos processos ou coÍpo
4. ConsuLtar um médico experiente na avaLiaçáo e
vertebraL
. tratamento dâs Lesôes de coLuna, em todos os pacientes
DesaLinhamênto poste.ror do corpo vertebraL
quê se suspeite ou se detecte lêsáo de cotuna.
(invadindo à parte anterior do cânal vertebrâL)
. Aumento dà distância entre os processos espinhosos 5 Avâtiê rapidâmente pàcaentes com ou sem déficits
. Est.eitamento do cânaL vê.tebraL neuíoLógicos (por exempto, tetraptê8ia ou pârapLegia) e
. Aumento do espãço das pàrtes moLes pré-vertebrais remova-os dâ prancha rígada o mais íápido possíveL. Um
paciente que é deixado êm uma prancha rÍElda por mais
Se essâsaâdiogrâfias forem normâis, o colâr cêrvical pode
de 2 horas corre âtto risco dê úLceras poÍ pressão.
ser removido para obtêr imaSens em flerão e exteôsáo.
Um médico quaLificado podê obtêí íôdiogrôfiâs laterôis de 6. Pôcientes trêumatizâdos que necessitem de cirurgia
cotuna cervicâL com o paciente ftexionando e êstendendo de emer8ência àntes da avatiâção compteta dâ cotuna,
votuntariamêntê o pêscoço. Se â5 imaSens nào mostram devem ser cuidadosamente transportados. assumando
subluxacão, a coluna cêrvica[ do paciente pode ser que uma lesão instável na coLunâ está presente. O
considerada sem Lesâo e o colár retiíâdo. No entanto, se coLâr cervicaL deve ser mantído e utiLizê a técn,ca
atgumas dessas imagens forem suspeitas ou duvidosas, de roLamento em b[oco quando forem €otocados e
reapLaque o colár e consúttê um especiâListá em cotuna. retirados dô mesa de cirurgrâ. Não delxê o paciente sobre
umâ pranchâ .ígidá durânte a ciruBla. Aequipe cirúr8ica
4. Os pacientes que têm um nível de consciência âLterado
devê ter um cuidado especiêl em proteger o pescoço o
ou que Sejam iôcapazes de descrever seus sintomàs
máximo possíveL durante ê cirurgia. O anestesista deve
necessitam de imagens. ldeâtmente. obtenha MDCT do
ser informâdo sobre o estado da avatràcáo.
occipital a Tl com cortes axlars e reconstruções sagitat e
co.onàis- Ouando estâ tecnotogia nâo êstiver disponíveL,
as radio8rêfias em Latera[, AP ê transoraI para âvaLiâção
do odontoide com coínptementação de TC nas áreas
suspeitas ou maL vjsuatizadas 9ào suficrentes
CONDUTA GERAL I43

lesão de coluna, o paciente deve ser imobilizado desde conforto, como movimento da colunavertebral restrito.
acima até abaixo do local suspeito, até que alesáo tenha Da mesma forma, um colar cervical pode não encaixar
sido excluída. Isto é realizado simplesmente colocando empacientes obesos, então use imobilizadores de cabeça
o paciente em decúbito dorsal sem girar ou dobrar a e ataduras para imobilüâr o pescoço. O preenchimento
coluna vertebral, em uma superfície firme com um colar complementaré muitasvezes necessário. As tentativas de
cervical rígido e de tamanho apropriado. Lembre-se alinhar a coluna venebral para a imobilização em prancha
de manter a imobilização da coluna vertebral até que longa náo sáo recomendadas se elas causarem dor.
uma lesão seja excluída. Ocasionalmente, pacientes Um colar semirrígido não garante a restrição completa
chegam no ED sem colar cervical, situações essas em do movimento da coluna cervical. A complementação
que o médico deve seguir as diretrizes para tomada com tirantes e imobilizadores laterais de cabeça fixos à
de decisão para determinar a necessidade de imagem prancha longa é mais eÍicaz. Em alguns casos, o uso de
de coluna cervical e colocação de colar cervical rígido. pranchas rígidas é recomendado para a retirada rápida
Os médicos não devem tentar reduziruma deformidade no resgate do paciente (Ver EMS Spinol Precautions
óbvia. As crianças podem ter torcicolo e os pacientes ond the use ofthe Long Backboard: Position Statement
idosos podem ter uma doença degenerativa severa da by the Notionol Associotíon of EMS Physicions ond
coluna vertebrãI que faz com que eles tenham uma Amerícan College ofSurgeons Committee on Trauma).
deformidade cifótica não-traumática na coluna vertebra.l. A manobra do rolamento é realizada para avaliar
Esses pacientes devem ser deixados em uma posição de a coluna e remover a prancha longa, Iimitando a

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I FIGURA 7-10 Rolamento em Bloco (om Quâtro Pêssoas. Pelo mênos quatro pessoas são ne(essárias paÍâ o rolamênto do pâciente e
remoçâo da pran(ha ríqida e/ou exame do doíso. A. UÍrê persoê seguía a (abeça para o controlê dâ (olunâ cervi(al e outrâs duat Íi(âm
ao lado do paci€nte para <ontrolar o corpo e às ertremidàdes. B. À medida que o paciente é rolado, três pessoas mantêm o alinhamento
dà coluna cervi(ai enquâ11to C. a quarta pessoa remove a prancha e examina o dorso. D. Uma vez que a pran(ha é íemovida, três pessoês
recolocam o paciente em posição suplna enquanto mantêm o alinhamento da co una.
144 CAPÍTULO 7 r Trauma VertebromeduLar

movimentação da coluna. (r rtcum z-to; ver também


vídeo Movimentação em Bloco no aplicatiuo móvel U TRABALHO EM EOUIPE
MyATLS). O líder da equipe determina quando esse
procedimento poderá ser realizado. Uma pessoa Íica
designadapara mantero alinhamento e a imobilização A equipe de trauma deve assegurar uma
da cabeça e pescoço. Indivíduos posicionados no mesmo imobilização adequada da coluna vertebral
Iado do tronco do paciente evitam manualmente a durante as avaliaçôes primárias e secundárias,
Íotâção segmentar, a flexão, a extensão, desalinhamento bem como durante o transporte de pacientes
laterâl ou encurvamento do tórax ou do abdome com lesão medular diagnosticada ou suspeita.
durante o rolamento do paciente. Uma outra pessoa
Enquanto a coluna vertebral do paciente estiver
Íica responsável por mover âs pernas do paciente, e a
protegida, um exame detalhado pode ser
quârta pessoa remove a prancha e examina o dorso.
postergado com segurança até o paciente Íicar
estável.
REPOSTçÃO vOLÊMtCA
Embora muitas vezes haia opiniões clínicas
Caso não se suspeite ou náo se detecte hemorragia diferentes, a equipe de trauma deve garantir a
ativa, a hipotensão persistente deve ser interpretada realização de um exame completo e adequado
como sendo por choque neurogênico. Pacientes com da coluna vertebral. O líder da equipe deve
choque hipovolêmico geralmente tem taquicardia, decidir o tempo apropriado para este exame.
enquanto, aqueles com choque neurogênico clássico,
tem bradicardia. Quando a pressâo arterial não melhora
após a infusão de líquidos e não se encontrou focos de RESUT.4O DO CAPITULO
sangramentos, o uso criterioso de vasopressores estaria
indicado. Fenilefrina, dopamina ou norepinefrina são
recomendados. A administração excessiva de Iíquidos 1. A coluna vertebral é constituída por vértebras
pode causar edemapulmonar em pacientes com choque cervicais, torácicas e lombares. A medula
neurogênico- Se existem dúvidas quanto a volemia do espinhal contém três tratos importantes: o trato
pâciente, o uso do ultrassom ou monitoração invasiva corticoespinhal, o trato espinotâlâmico e as colunas
parâ estimar o estado volêmico do paciente poderá ser dorsais.
útil. Deve ser passada a sonda vesical para monitorar
a diurese e prevenir distensão vesical. 2. Atentar-se primeiro a lesões com risco de morte,
minimizando o movimento da coluna vertebral.
MEDTCAçÔES Restringir o movimento da coluna do paciente até
que as fraturas vertebrais e as lesões da medula
Nâo existem evidências suÍicientes para indicar o uso espinhal tenham sido excluídas. Obtenha consulta
de corticosteroides nas IesÕes da medula espinhal. precoce com um neurocirurgião e/ou cirurgiáo
ortopedista, sempre que uma lesào na coluna
TRANSFERÊNCIAS vertebral é suspeita ou detectada.

Os pacientes com fÍaturas de coluna ou déficits 3. Documentar o histórico e exame fÍsico do paciente
neurológicos devem ser transferidos para um centro para estabeleceÍ uma base, parâmetro inicial
capaz de realizar o tratamento deÍinitivo (Ver Capítulo para qualquer altêração no estado neurológico
p: Transferência paro o Tratomento D€nnitivo € Critérios do paciente.
para Transferência Interhospitalar no oplicativo móvel
MyATLS.) O procedimento mais seguro consiste em 4. Obtenha imagens, quando indicado, assim que as
transferiÍ o pâciente depois do contato com o Iíder lesóes que ameaçam a vida sejam estâbillizadas.
da equipe de trauma e/ou o especialista em coluna.
Estabilize o paciente e aplique medidas necessárias para 5. As Iesões da medula espinhal podem ser completas
a sua imobilização, tais como talas, pranchas rígidas ou incompletas e podem envolver qualquer nível
e/ou colar semirrígido. Lembre-se de que as lesões da medula espinhal.
de coluna cervical acima de C6 podem resultar em
perda parcial ou total da funçào respiratória. Se existir 6. Quando necessário, transfira pacientes com
qualquer dúvida a respeito da eficiência da ventilaçâo, fraturas vertebrais ou Iesôes da medula espinhal
o paciente deve ser intubado antes de seÍ transferido. para um serviço capaz de fornecer cuidados
Demora desnecessária deve ser evitada. definitivos com segurança e o mais rápido possÍvel.
BIBLIOGRAFIA 145

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TRAUMA MUSCU LOESQUETETTCO

Lesões no sistemo musculoes quelético são comuns em doentes vítimos de trouma. A


demora no reconhecimento e tratamento dessas lesões podem acorretar hemorragias que
ameaçom avida oupodemprovocar a perda de um membro.
CAPITULO 8 SUMARIO
OBJETIVOS . Contusôes e Lacerôcóes
. Lesôes ArticuLares e LiSamentares
INTRODUCAO . Frâturas

AVALTAÇÀO PRtMÁRrA E REANIMAçÀO DE DOENTES PRrNCÍPrOS DE TMOBTLTZAçÃO


coM LESÕES DE EXTREMTDADÊS OUE AMEAçAM A VtDA . Fraturas de Fêmur
. Hemorragiô ArteriâL Grave e Amputação Traumáticô . Lesões dê Joelho
. Fíatura de Fêmur BiLateraL . Frâturas de Tíbia
. Síndrome de Crush . Fraturas de Tornozelo
. Lesões dos Membros Superiores e l.íâos
MEOIDAS AUXILIARES NA AVALIAÇÀO PRIMÁRIA
. lmobilizacão de Fratu ras CONTROLE OA DOR
. EstudosRâdiográficos
LE5ÕES ASSOCIADAS
AVAL]ACAO SECU NDARIA
. História LESÕES ÓSSEAS OCULTAS
. Exãme FÍsico
TRABALHO EM EOUIPE
LESÕES OUE COLÔCAM O MEN4BRO EM RISCO
. Fraturas Expostas e Lesôes A.tlcuLares RESUMO DO CAPITULO
. Lesões Vascuta.es
. 5índrome CompartimêntaL BIBLIOGRAFIA
. Lesão NeuroLó8icâ Secundáriâ à Fratura-Luxâçâo

OUTRAS LESÕES DE EXÍREMIDADES

OBJETIVOS

Após a Leitur. deste câpítulio e a compíeensão dos tópicos de 4. Descrever os elementos chave da avatiação
aprendlzado do cu6o AÍLs, você estará apto a: secundária em doentês com trâuma
l. ExpLicar a lmpoÉiincia das tesões
muscutoesquetético, incüuindo histó.ia e exame
muscutoesqueléticas em doentes com múttipt-as fÍsico.
lesôes. 5. Descrever os princípios da avatiação iniclâ[ de
lesões que comprometem os membros.
2. Descrever as prioridades no atendimento
e reanimaçâo dos doentes com lesóes de 6. Explicar os princípios do atendimento inlciat
extremidades, distingulndo rapidamêntê [esÕes de doêntes com contusões, lâceraçóês. tesões
potencialmente fatais daquel2s menos ur8entes. artlcutares e [ltamentares, e fraturas.
3. ldentificar as medidas auxiliares necessárias no 7. Descrever os princípios da imobitização âdequada
t.atamento imediato de hemorragla potenciatmente de doentes com lesões musculoesquetéticas.
fatal causada por lesões de extremidades.

t49
l5O CAPÍTULO S t TTauma Musculoesquelét co

I s lesôes do sistema muscu loesquelético Iesóes musculoesqueléticas, a fim de assegurar uma


o.or."rn muitos doentes que sofrem trâuma boa evoluçâo. Apesarda avaliação cuidadosa, as fraturas
t![ ! techado. ".n
Essas Iesóes lrequentemente possuem e lesões de partes moles podem não ser inicialmente
aparência dramática, mas râramente causam risco reconhecidas em doentes com múltiplas lesões.
imediato à vida ou ao membro. Entretanto, as lesôes A reavaliação contínua do doente é necessária para
musculoesqueléticas têm o potencial para distrair a identificar todas as lesões.
equipe de lesóes mais urgentes e com maior prioridade
de atendimento. Primeiro, o médico precisa reconhecer
AVALTAÇÃO PRrMÁRrA E
a presença de lesões de extremidades potencialmente
fatais durante a avaliaçâo prÍmária e compreender sua REANTMAÇÀO DE DOENTES
associação com lesões torácicas e abdominais graves. COM LESÕES DE EXTREMIDADE
O proÍissional também deve estar familiarizâdo com a POTENCIALM ENTE FATAIS
anatomia da extremidade para estar apto a proteger o
doente de sequelas e antecipar e prevenir complicaçôes.
Lesões musculoesqueléticas graves indicam que o Durante a avaliaçáo primária, é imperativo
doente foi submetido a forças significativas {r rtcunl reconhecer e controlar hemorragias oriundas de lesóes
&1). Por exemplo, um doente com fratura de ossos longos musculoesqueléticas.
nos membros superiores e iníertores possui um risco Lesóes de extremidades potencialmente fatais
maior de ter também lesóes internas de tronco. FÍatura incluem hemorragia arterial grave, fratura bilateral
instável da pelve e fraturas expostas de fêmur podem de fêmur e sÍndrome de Crush. (A ruptura pélvica é
estar acompanhadas de risco de hemorrâgia abundante. descrita no Capítulo 5: Trauma Abdominal e Pélvico. )
Lesões por esmagâmento graves causam a liberaçáo Laceraçóes profundas de partês moles podem
de mioglobina pelo músculo, que pode se acumular comprometer grandes vasos e acarretar hemorragia
nos túbulos renais e causar falência renal. Edema em exsanguinante. A melhorforma de controlara hemorragia
compartimentos musculofascíais intactos pode causar é por meio da compressão direta. Hemorragia oriunda
sÍndrome compãrtimental aguda que, se não for de fraturas de ossos longos podem ser signiÍicantes;
diagnosticadae tratada, pode levar ao comprometimento as fraturas de fêmur, em particular, frequentemente
e perda do membro. Embolia gordurosa é incomum, resultam em perda sanguínea impoftante. A redução
mas é uma complicação potencialmente fatal de ftatura apropriada de fraturas pode reduzir a perda sanguÍnea
de ossos Iongos, podendo causar falência pulmonar e e melhorar o efeito de tamponamento do músculo e da
comprometimento da fu nção cerebral. fáscia. Se a fratura for exposta, a aplicação de curativo
O trauma musculoesquelético não justifica a compressivo estéril geralmente controla a hemorragia.
alteração das prioridades de reanimação ABCDE, mas Uma reanimação com fluidos adequada é uma medida
sua presença representa um desaÍio para os médicos. complementar importante.
Lesões musculoesqueléticas não podem ser ignoradas
ê tratadas posteriormente; pelo contrário, os médicos ARMADILHA PREVENCÀO
devem tràtar o doente como um todo, incluindo as
Perda sanguinea Reconhecer que fraturas de
decorrente de Lesões fêmur e quaLquer fratora
muscuLoesquêtéticas exposta de ossos tongos

.i- quê não são


imediatamente
reconhecidâs.
com lesÕes importantes
de partes motes são fontes
signif icativas de hemorrêgia

HEMORRAGIA ARTERIAL GRAVE E


AMPUTACAO TRAUMATICA

Ferimentos penetrantes nas extremidades podem


r{ resultar em lesão vascular arterial grave. Trauma
contuso com fratura de extremidade ou luxação
próximos a uma artéria podem causar a ruptura desta.
podem provocar hemorragias significativas
Essas lesões
f ÊGURA8-l Lesões qÍaves indicam que o doente íoi s! bmetido a êplicãçào através de ferimentos abertos ou nas partes moles.
de Íor(a slgnif (ativa, eé possive hàverpeídà gangu nêa imponante. Doentes que sofreram uma amputação traumática
AVALTAÇÃO PRrMÁRrA E REANTMAÇÀO t5t

apresentam risco particular de hemorragia com risco o horário da aplicação do torniquete foi documentado-
à vida e podem requerer a aplicação de um torniquete. Nesses casos, é essencial uma avaliação imediata de
um cirurgião, devendo-se levar em consideração a
Avatiação transferência precoce ao centro de trauma.
Se o tempo para intervenção cirúrgica for superior a 1
Avalie todas as extremidades lesadas quanto à presença hora, uma única tentâtiva de desinsulflar o torniquete
de hemorragia âparente, perda de pulso palpável e pode ser considerada em um doente estável. Os riscos
mudanças na qualidade do pulso, alterações no Doppler do uso do torniquete aumentam com ô tempo; se o
e índicetornozelo/braquial. O índice tornozelo,6raquial torniquete precisar ser mantido no local por um tempo
é determinado mensurando-se o valor da pressão arterial prolongado para salvar a vida, a escolha da vida em
sistólica no tornozelo do membro inferior Iesionado e detrimento do membro deve ser feita.
diúdindo-se pela pressão aÍerial sistólica do membro OusodaarteÍiogrúaeoutrasfeIramentasdiagnósticas
superior não lesionado. Uma extremidade fria, pálida e é indicado apenas em doentes reanimâdos que não
sempulso indica a interrupção do suprimento sanguíneo possuam anormalidades hemodinâmicas; outros doentes
arterial. Um hematoma em rápida expansão sugere lesâo com Iesões vasculares evidentes requerem cirurgia
vascular signiÍicativa. imediata. Se houver suspeita ou confirmação de uma
lesão arterial grave, consulte imediatamente um cirurgião
Tratamênto especialista em trauma vascular e de extremidades.
A aplicação de clamp vascular em ferimentos abeÍos
Uma abordagem gradual para controlar a hemorragia com hemorragia ativa enquanto o doente está no
começa com a pressâo manual direta sobre o ferimento departamento de emergência não é recomendada,
(bleedingcontrol.org fornece treinamento pâra Ieigos em a menos que um vaso superficial seia claramente
controle de hemorragias). Um curativo compressivo é identiÍicado. Se houver uma fratura associada a um
então aplicado, uülizando-se umapilha de gaze mantidano ferimento aberto com hemorragia, realinhe e imobilize
Iocal poruma bandagem elástica para concentrara pressáo a fratura enquanto uma segunda pessoa aplica pressão
sobre a ferida. Se a hemorragia persistir, aplique pressão direta sobre oferimento. Se possível, asluxações devem
direta na artéria proximal à lesão. Caso a hemorragia ser reduzidas; se náo for possível reduzir a luxação, uma
continue,considereaaplicaçãodeumtomiquetemanual intewenção ortopédica de emergência deve sersolicitada.
(como um dispositivo de molinete) ou um torniquete A amputaçâo, uma forma grave de fratura exposta que
pneumático aplicado diretamente sobre a pele {r 66xçrq 8-2 I . resulta na perda de umaextremidade, é um evento traumático

Aperte o torniquete até que a hemorragia pare. Um paÍa o doente, tanto física como emocionaknente- Doentes
torniquete ãplicado corretamente deve ocluir o fluxo com amputação traumática podem se beneficiar do uso
arterial, pois a oclusão apenas do sistema venoso pode do torniquete. É necessária uma avaliação e intervenção
aumentara hemorragia e resultar em edema e cianose da de um cirurgiào. Certas mutilaçóes de extremidades com
extremidade. Um tomiquete pneumático pode exigiruma isquemia prolongada, lesão nervosa e danos musculares
pressâo superior a 250 mmHg nos membros superiores podem requerer uma amputaçâo. A arnputação pode salvar
e 400 mmHg nas extremidades inferiores. Assegure que aüda de um doente com anormalidades hemodinâmicas
decorrentes de lesão de extremidade.
Embora o potencial para reimplante deva ser
considerado nos membros superiores, deve-se levar em
{ consideração as outras lesões do doente.Um do€nte com
mütiplas Iesôes que necessita de reanimâçâo agressiva
e/ou cirurgia de emergência da extremidade ou ouEas
a Iesôes não éum candidato para reimplante. O reimplante
geralmente é realizado em doentes comlesão isoladade
§
.t extremidade. Para o tratamento e tomada de decisão,
- transporte os pacientes vítimâs de amputação traumáticâ
de extremidade superior para uma equipe cirúrgica

w,§.-, especialistã em procedimentos de reimplante.


Nesses casos, lave bem a parte amputadâ em solução
isotônica (p. ex., Ringer Iactato)e envolva-a em gaze estéril
umedecida. Então envolva a parte em uma toalhâ estéril
umedecida, coloque em uma sacola plásücâ e trãnsporte
I H6URÀ &2 O uso cíiterioso do torniquete pode sâlvár vidâs e/ou iunto com o doente em um recipiente resfriado com gelo
o membro na pregençà de hemorÍagia ativa. picado. Teúa cuidado para não congelar a parte amputada.
152 CAPíTULO 8 r Trauma IYusculoesqueLético

FRATURAS DE FÊMUR BILATERAL Tratâmento

Doentes que apresentam fratura de fêmur bilateral lniciar infusão precoce e agressiva de fluidos intravenosos
possuem um risco significativamente maior de durantê â reanimação é fundamental para proteger
complicações e morte. Essas fraturas indicam que o os rins e prevenir a insuficiência renal em doentes
paciente foi submetido a uma força significativa e com rabdomiólise. A insuficiência renal induzida
devem alertar aos médicos sobre a possibilidade de pela mioglobina pode ser prevenida com a expansão
lesões associadas. Comparados com pacientes com fluídica intravascular, alcalinização da urinâ através
fratura de fêmur unilateral. esses doentes apresentam da administração de bicarbonato e diurese osmótica.
maior risco de perda sanguínea significatÍva, Iesôes
associadas graves, complicaçôes pulmonares, falência
múltipla de órgãos e morte. Esses doentes devem MEDIDAS AUXILIARES A
ser avaliados e tratados da mesma forma do que
aqueles com fratura de fêmur unilateral. Considere a
AVALIACÀO PRIMÁRIA
transferência precoce para um centro de trauma.
As medidas âuxiliares à avaliação primária de doentes
portadores de trauma musculoesquelético incluem
ARMADILHA PREVENCÀO
imobilização de fraturâs e estudos radiográficos,
quando a fratura é suspeita como sendo a causa do
Demora na Transf,ra doentes com
choque.
transferência parà um lesào vascu[êr e fratura
centro dê trauma concomrtantê para um
centro de trâuma coÍn
rMoBrLrzAçÃo DE FRATURAS
capacidade cirúr8ica
vascuLar e ortopédica O objetivo inicial da imobilização de fraturas é realinhar
Fratura brlaterà[ de fêmur a extremidade Iesionada o mais próximo possível da
resuLtâ em um significàtrvo posição anatômica e prevenir o excesso de movimento
âumento no risco de no local da fratura. Isso é feito aplicando-se uma tração
complicôçôes e mortel para realinhar a extremidade e mantendo a tração
esses doentes se bêneficiàm com um dispositivo de imobilizaçâo (r 6t6gpa s-31.
da transferência precoce A aplicação adequada da tração auxilia no controle
pàrâ um centro de trauma.
da hemorragia, reduz a dor e previne posterior
comprometimento neurovascular e de partes moles.
Se uma fratura exposta estiver presente, não alinhe o
SíNDROME DE CRUsH osso exposto para dentro do ferimento, pois as fraturas

Asíndrome de Crush, ou rabdomiólise traumática, refere-


se aos efeitos clínicos da lesão muscular que, se não for
tratada, pode causar insuficiência renal aguda e choque.
Essa condiçáo é vista em indivíduos que apresentam
signiíicativa lesão muscular por esmagamento, mais
frequentemente nâ coxa ou panturrilha. A lesáo
muscular é uma combinação da Iesão muscular direta,
isquemia e morte celular com liberação de mioglobina.

Avatiacão
ri
A mioglobina produz urina de coloração âmbar escura §
positiva para hemoglobina. O exame de mioglobinapode
ser solicitado para confirmar sua presença. Urina de A B
coloraçâo âmbar na presença de creatinoquinase sérica
I FIGURA 8-3 O obiêtivo inicial da imobilizaçâo dê Íratuíà5 é
de 10.000 U/L ou mais é indicativo de rabdomiólise realinhar a extremidade lêgionada para o mâi5 próximo possívelda
quando os níveis de mioglobina na urina não estào pori(ãoãnalômi@ ê prevenií moviÍhentasão no lo(alda lrâtura. A.
disponíveis. A rabdomiólise pode levar à acidose Enaurtamenio e rotaçào externa dà pernê diíe tà em de<oíência
metabólica, hipercalemia, hipocalcemia e coagulação noteÍ(o médio doíêmurB. Aplicaçáo detraçãocom
de fràtura
intravascular disseminada. e(ãbi zação da perna em poslção anatôm cà norrnal.
AVALIACÀOSECUNDÁRIA I53

expostas necessitam de desbridamento cirúrgÍco. Em aparentes de imediato. (Ver Eiomecônico da Lesão,)


doentes com fratura exposta, remova a contaminação O médico deve reconstruir mentalmênte a cena do
grosseira e partículas de sujeira do ferimento e incidente, considerar outras potenciais lesões que o
administre doses de antibiótico de acordo com o peso doente pode apresentar e determinàr o máximo possÍvel
o mais precocemente possível. (VerApêndice G; Estaçõo das seguintes informações;
Prática Circuloçõo.)
Médicos qualificados podem tentar reduzir a Iuxaçào. 1. Qual era a localização do doente antes da colisão?
Se a redução for bem-sucedida, imobilize em posição Em uma colisão automobilística, a localização do
anatômica com imobilizadores pré-fabricados, doente antes do Íncidente (p. ex., motoristâ ou
travesseiros ou gesso para manter a extremidade passageiro) pode sugerir o tipo de fratura - por
reduzida na posição. exemplo, uma fratura Iateral por compressão da
Se a redução nâo for realizada com sucesso, imobilize pelve pode resultar de uma colisão lateral.
a articulaçáo na posição em que ela foi encontrada.
2. Qual era a localizaçáo do doente após a colisão -
Aplique imobilizadores o mais precocemente possível,
dentro ou fora do veículo? Estava fazendo uso do
pois eles ajudam a controlar a hemorragia e a dor.
cinto de segurança ou o airbag foi acionado? Essas
Entretanto, os esforços de reanimação d€vem ter informações podem indicar certos padrões de lesão.
prioridade sobre a imobilização. Avalie o estado Se o doente foi ejetado, determine a distância que
neurovascular da extremidade antes e após a
o doente foi arremessado, assim como em que
manipulação e imobilização.
condições ele atingiu o solo. A ejeçâo geralmente
resulta em padrões de lesão graves e impreüsíveis.
ESTUDOS RADIOGRÁFICOS
3. O veículo estava danificado externamente, por
Embora estudos radiográficos sejam apropriados exemplo, teve a frente amassada devido a um
durânte a avaliação secundária para a maioria das impacto frontal? Essa informaçáo Ievanta a
lesões de extremidades, eles podem ser realizados suspeita de luxação de quadril.
durante a avaliaÇÀo primária quando existe a suspeita 4. O veículo teve seu interior, como o painel,
de que umâ fratura é a causa do choque. A decisão sobre daniÍicado? Esse achado indica uma grande
quais estudos radiográficos obter e quando obtê-los é probabilidade de Iesào dos membros inferiores.
determinada pelos achados fisicos e clínicos do doente,
5. O doente caiu? Se sim, qual foi a altura e em que
seu estado hemodinâmico e mecanismo de trauma.
posição o doente foi encontrado? Essas infor-
mações auxiliam a identificar o espectro das lesôes.

AVALIACÃO SECUNDÁRIA 6. O doente foi esmagado por algum obieto? Em


caso aÍirmativo, identiÍique o peso do obieto, o
local da lesào e a duração da aplicação do peso
A história exame físico sáo elementos importantes
eo nesse local. Dependendo se uma superfície
na avaliação secundária de doentes portadores de lesÕes óssea, subcutânea ou área muscular foi atingida,
musculoesqueléticas. diferentes graus de lesão de partes moles podem
ocorrer, variando de uma simples contusão â uma
HISTóRIA grave lesào por desluvamento com síndrome
compartimental e perda de partes moles.
Os aspectos chave dahistória do doente sáo: mecanismo 7. Ocorreu uma explosáo? Em caso afirmativo, qual
de trauma, ambiente, estado anterior ao trauma, foi a magnitude e qual era a distância do doente
fatores predisponentes, observaçoes e cuidados em relação ao local da explosão? Um indivíduo
pré-hospitalares. próximo à explosáo pode sofrer lesâo primária
em decorrência da força da onda de explosão.
Uma lesâo secundáriapode ser causadapor
Mecanismo de Lesão debris e outros objetos acelerados devido à força
da explosão (p- ex., fragmentos), ocasionando
As informações obtidas do doente, familiares, equipe ferimentos penetrantes, Iàcerações e contusões.
pÍé-hospitalar e de transporte, e testemunhas no Iocal O doente também pode ser arremessado
da cena devem ser documentadas e incluÍdas como violentamente contra o chão ou outros objetos em
parte do prontuàrio do doente. É par ticularmente consequência do efeito da explosáo, acarretando
importante determinar o mecanismo de trauma, que lesôes musculoesqueléticas e outras lesôes (1esão
pode auxiliar a identificar lesóes que podem não ser terciária por explosão).
154 CAPÍTULO 8 r Trauma M uscu Loesquelético

{ .t I fIGURA 8-4 Os pontos de impôcto


variam de ô(ordo (om o vei(ulo e o
ü individuo, por exemplo, de ã(ordo (om
rJ ê altura do veiculô e o tamânho e rdade

tl\
; l-
do doente.

8. O doente estava envolvido em uma côlisão entre


veÍculo e pedestre?Lesões musculoesqueléticas Observações e Cuidados Pré-Hospitatares
seguem padrões previsíveis, tomando-se como
base o tamanho e a idade do doente (r rrcuRÂ 8-í). Todas asobservaçóes e cuidados pré-hospitalares devem
ser reportados e documentados. Achados no local do
incidente que podem auxiliar a identiÍicarlesóes incluem:
Ambiente
O horário da Iesão, especialmente se houver
A equipe de atendimento pré-hospitalar deve ser hemorraglà ativa, fratura exposra e demora
para chegar ao hospital.
questionada a respeito das sêguintes informaçôes
sobre o ambiente após a colisão: Posição em que o doente foi encontrado.
Hemorragia ou poças de sangue na cena, incluindo
1. O doente sofÍeu uma fraturâ exposta em um quantidade estimada de sangue perdido.
ambiente contaminado? Extremidades de ossos ou fraturas que possam
2. O doente foi exposto a temperaturas extremas? ter sido expostas.

3. Havia ftagmentos de üdro quebrado, o que Ferimentos àbertos próximos de ftaturas


evidentes ou em locâis com suspeita de ftaturas.
também pode causarlesões no examinador?
Deformidades ou luxaçôes evidentes.
4. Haüa alguma fonte de contaminâção bacteriana,
bem como sujeÍra, fezes de animais, água doce ou Qualquer mecanismo de esmagamento que
possa resultar em síndrome de Crush.
salgada?
Presença ou ausência de função motora e/ou
Essas informaçôes podem auxiliar o médico a antecipar sensorial em cada extremidade.
problemas e determinar o início do tratamento com
Qualquer demora nos procedimentos de
antibióticos. retrrada ou transporte.
Alteraçôes na funçâo, perfusào ou estado
Estâdo Antêrior ao Trauma e Fatores neurológico do membro, especialmente após
Prêdiiponentes a imobilização ou durante o transporte paia o
hospital.
Quando possÍvel, determine quais eram as condições Redução de fraturas ou luxaçôes duÍante a
de saúde do doente antes da I€sáo. Essa informação retirada ou imobilização na cena.
pode modificar a compreensão do estado do doente, Curativos realizados e talas aplicadas, dando
aiudara determinar o regime terapêutico e os resultados atenÇáo especial para a possibilidade de ter sido
do tratamento. Uma história AMPIA deve ser obtida, aplicada pressào excessiva sobre proeminências
ósseas, que pode resultar em lesões por
incluindo informações sobre a tôlerância do doente a
compressão de nervos periféricos ou síndrome
atividades fisicas e nível de atividade, ingestão de bebidas compartimental.
alcoólicas e/ou outÍos tipos de drogas, problemas ou
Horário da colocação do torniquete, se aplicável.
doenças emocionais e lesôes musculoesqueléticas
prévias.
AVALIACÃOSECUNDÁRIA I55

EXAME FÍSICO
TABELA E-r DEFORMAçoES EM
Para um exame completo, o doente deveser LUXACÔES ARTIC U LAR ES MAIS COM U NS
completamente despido, tomando-se cuidado para
eütar a hipotermia. As Iesôes evidentes de extremidades ARTICU-
geralmente sáo imobilizadas antes que o doente chegue LAçÂO DIRECÂO DEFORMIDADE
ao departamento de emergência. A avaliação das
extremidades do doente traumatizado tem três objetivos; Ombro Assume umà forma
retangutâr

l ldentiÍicar as lesões que podem colocar â üda em Posterior Fica travâdo em


rotaçào rnterna
risco (avaliaçào primária).
2. Identjficar lesões que podem colocar o membro em
risco (ava.liaçào secundária). Cotovêto Poster,or O otécrâno
faz saLiência
3. Proceder a uma reúsão siçemática a fim de eútar posteriormente
que quaisquerlesões muscu.loesqueléticas passem
despercebidas {rearaliação contínua ). Ouadr I Fletido.
ãbduzrdo. rodado
A avaliação do trauma musculoesquelético inclui
examinar e conversâr com o doente, palpando as Posterior
extremidades e realizando uma revisão lógica e
sistemática de cada extremidade. Para eütar que alguma
lesáo passe despercebida, a avaliação da extremidade
deve incluir quatro componentes: pele, que protege o Joetho Antero-posterioí Perdâ do contorno
norma[, estendido
doente da perda excessivade fluidos e infecções, funçâo 'Pode reduzrr-se
neuromuscular, estado circulatório e integridade de ossos espontaôeamente
antes que o exame
e ligamentos . (Ver Âpêndice Gr AvalioçAo S€cunddrio.) fí5ico seja reatizâdo

Othe ê Pergunte A mâis comun é Rodâdo


a lâteraI
maLéolo medraI
Avalie visualmente extremidades quanto à coloração
as proeminente
e perfusão, presença de ferimentos, deformidades (p.
ex., angulação ou encurtamento), edema e escoriaçôes. Articútaçào DesLocamento
Uma rápida inspeçâo visual de todo o doente iráauxiliar subtatâr â Lateral lateraL do osso do
caLcânêo
a identificar fontes de hemorragia externa importantes.
A palidez acentuâda de uma extremidade sugere a
falta de fluxo arterial. Extremidades edemaciadas na
altura de grandes grupos musculares pode indicar sinal de comprometimento funcional. Quando o doente
uma Iesão por esmagamento prestes a evoluir para colabora, os membros daequipe de traumapodem avaliar
síndrome compartimental. Edema ou equimose sobre a função muscular e nervosa solicitando ao doente para
uma articulaÇão ou ao seu redor, ou ainda no tecido movimentar grupos musculares importantes. A habüdade
subcutâneo que recobre um osso, é sinal de trauma de moúmentartodas as principais articulaçôes em toda a
musculoesquelético. A deformidade de uma extremidade sua extensâo de moúmento costuma indicar que a unidade
é um sinal evidente de trauma signiÍicativo. A r TABELA neuromuscular está intacta ê a articulação está estável.
8-1 descreve as deformidades articulares comuns.
Inspecione todo o corpo do doente à procura de Pa[pe
ferimentos e abrasôes. Ferimentos abertos podem não
ser eüdentes quando localizados no dorso; role o doente Palpe as extremidades para avaliar a sensibilidade dapele
cuidadosamente em bloco para procurar possíveis lesôes {fu nção neuro[ógica) e identifi car áreas de sensibi]idade,
nessa regiâo. (Ver vídeo Rolamento em Bloco no aplicativo as quais podem indicar possíveis fraturas. A perda da
móvel MyAILS) Qua.lquer ferimento abeúo no membro, sensibilidade à dor e ao toque indica a presença de lesão
com ftatura associada, é considerado fratura exposta até medular ou de nervos perifér icos. Áreas de sensibilidade
que um cirurgião prove o contrário. ou dor à palpação dos músculos pode indicar contusão
Observar a funçào motorâ espontânea da extremidade muscular ôu fratura. Se a dor, a sensibilidade e o edema
do doente aiuda a identificaÍ qualquer compÍometimento estiverem associados auma deformidade ou movimento
neu r ológico e/ou muscular.
Se o doente estiver inconsciente. anormal atravésdo osso,deve se suspeitar de ftatura. Não
a ausência de moümentos espontâneos pode ser o único
156 CAPÍTULO 8 l Trauma l"luscuLoesqueletico

tente provocar crepitação ou demonstrar moümentos


anormais do membro.
A estabilidade articular pode ser diagnosticada
simplesmente por meio da realização do exame clínico.
Movimêntos anormais através do segmento articular
indicam rupnrra ligamentaÍ ou tendínea. Palpe a articulação
n
para identiÍicar qualquer edema e sensibilidade dos
ligamentos, bem como a presença de fl uido inüa-articulàr.
Em seguida, a estimulação cautelosados ligamentos pode
ser realizada. Dor excessiva pode mascarar a movimentação
aaormal do ligamento emürtude da reaçào de defesa por
meio de conüação muscular ou espasmo;nessas condiçôes, \
o exame deve ser repetido posteriormente-

Avatiação da C ircu[ação \
! FIGURA 8-5 Pôlidez cutâneâ ê55ociada com íratura e luxàção irá
levâí rapidamente à ne(rose de pàrtes moles. o propós to da Íápida
Palpe os pulsos distais de cada extremidade e avalie o rêdução da lesão é prevenir â necrose por pressão das pôrtes moles
têmpo de reenchimento capilar dos dedos. Quando a dà Íêgião lêteral do tornozelo.
hipotensão diÍiculta a paipação do pulso, pode-se utilizar
um Doppler para detectar o fluxo sanguÍneo de uma Caso haja demora naobtenção dos estudos radiográÍicos,
extremidade. O sinal do Doppler deve ser trifásico para deve-se realizar redução ou realinhamento imediatos
assegurar que não exista qualquerlesão proximal. A perda da extremidade, a fim de restabelecer o suprimento
da sensibiiidade de distribuição "em luva ou meia" pode sanguíneo anerial, bem como reduzir a pressáo sobre
ser um sinal precoce de comprometimento vascular. a pele. O alinhamento pode ser mantido por meio da
Em doentes hemodinamicamênte normais, discrepâncias utilização de técnicas de imobilizaçáo adequadas.
entre pulsos, pele fria, palidez, paÍestesia e até mesmo
anormalidades motoras são sinais sugestivos de Iesào
arterial. Ferimentos abertos e ftaturas nas proximidades LESÔES OUE COLOCAM O
dê artérias podem ser indícios da presença de lesão arteria.l.
A h.rxação de joelho pode reduzir-se espontaneamente e
MEMBRO EM RISCO
pode apresentar-se sem nenhuma anormüdade exema
grosseira ou alteraçôes radiográÍicas até que o exame fÍsico Lesões de extremidade que podem comprometer o
da articulação seja realizado e a irxta.büdade seia detectada membro incluem fraturas expostas e lesões articulares,
clinicamente. Um índice tomozelo-braquialmenor do que lesôes vasculares, síndrome compartimental e Iesões
o,9 indica a presença de fluxo arterial anorma.l secundário neurológicas secundárias à fratura ou luxaçâo.
à lesão ou doença vascular periférica. Hematomas em
expansão e hemorragias pulsáteis provenientes de um FRÂTURAS E LESõES ARTICULARES EXPOSTAS
ferimento aberto também são indicativos de lesáo arterial.
As ftaturas e Iesões articulares expostas representâm
Estudo Radiotráfico uma comunicação entre o ambiente externo e o osso ou
articulaçáo (. FlGuRAa+). Para que isso ocorra, o músculo
O exame clínico de doêntes com Iesôes e a pele devem estaÍ lesionados e o grau de Iesâo das
musculoesqueléticas geralmente sugerem a necessidade pârtes moles é pÍoporcional à energia aplicada. Essa lesão,
de estudos radiográficos. Sensibilidade associada a iuntamente com a contaminação bacteriana, torna as
deformidade óssea frequentemente corresponde a fraturas expostas propensas a desenvolver infecçôes,
uma fratura. Se o doente estiver hemodinamicamente problemas de cicatnzaçào e de funçào.
normal, obtenha um estudo radiográfico. Apresença de
coleções líquidas, sensibilidade anormal ou deformidade Aval,iação
nas articulações sugere lesão articular ou luxaçáo que
deve ser estudada por meio de estudos radiográficos. A A presença de uma fratura exposta ou um ferimento
única razão para não se realizar um estudo radiográfico aberto da articulação deve ser imediatamente identiÍicada.
antes de rea.lizar a redução de uma luxaçào ou fratura é O diagnóstico de uma Ítatura expostabaseia-se no exame
a presença de comprometimento vascular ou de ruptura fisico da extremidade que apresenta, necessariamente,
iminente dapele. Essa condição é comumentevista em um ferimento aberto no mesmo segmento do membro
fraturas-luxação do tornozelo (. rteuna e-s). com uma fÍatura. Não se deve explorar a ferida-
LESÔES OUE COLOCAIY O MEI.4BRO EM RISCO 157

pulsos distais. Deve-se fazer a profilaxia para o tétano.


lY er Imunização antitetânico. )

r ,
T ARMADILHA PREVENCAO

ijL
,l Fâlhâ em ãdministrar
antibioticoterapia
Reconhêcer a infêcção
como um risco PotenciaL
precoce em doêntês êm doentês portâdores de
com fraturâs expostas
:-'4.'lÍ, fraturas expostas,
Administrêr doses
adêquadas de antibróticos
apropriêdos, de acordo com
o peso, â§sim quê houver
suspeita de frâtu ra exposta.
f fIGURA 8-6 Exemplo de íratura exposta. tratuÍa9 expostat
e luxaçôes são lesôe5 propensas a problêmâ9 como infe(Cào,
diÍi(uldade de ci<atrizaçào e disíunÇão do membro.
LESOES VASCULARES
A documentaçáo dâs feridas abertas inicia-se na fase
pré-hospitalaÍ com adescrição inicial da lesão e qua-lquer Deve-se suspeitar fortemente da presença de lesão
tratamento realizado na cena. Quando há uma ferida vascular sempre que for constatada a existência de
aberta sobre uma articulação ou nas proximidades desta, insuficiência vascular de um membro após um trauma,
deve-se presumir que êssa iesào está em conexão com a seia ele contuso, penetrante, aberto, fechado, por
articulaçáo ou nelapenetra. Apresença de uma lesâo aberta esmagamento ou por torção.
de articulação pode ser identificada utilizando-se a TC.
Se aTC indicar apresença de ar no interior da aniculação Avaliação
na extremidade afetada é um forte indício de uma lesão
aberta. Se aTC não estiverdisponível, considerara infusão O membro pode parecer inicialmente viável, pois muitas
de solução salina ou coÍante na ar|iculação paÍa determinar vezes a extremidade possui alguma circulação colateral
se a caüdade articular se comunica com aferida. Se houver que garante um fluxo sanguÍneo suÍiciente. Uma lesão
suspeita de uma lesão articular aberta, deve-se solicitar vascular parcial faz com que, distalmente à lesão, o
a avaliação de um ortopedista, uma vez que exploraçào membro apresente reduçào da tempeÍatura e que haia
ciúrgica e desbddamento podem ser indicados. alongamento do tempo de enchimento capilar, bem
como diminuição do pulso periférico e alteração do índice
Tratamento tomozelo,õraqulal. Quando eúste a interrupção completa
do fluxo sanguíneo, o segmento distal da extremidade
As decisôes de tratamento devem ser baseadas na torna-se frio e píido e nâo há pulsos palpáveis.
história completa do incidente e avaliação dalesão.Trate
com antibiótico, o mais precocemente possível, todos Trâtamento
os doentes com fratuÍas exposta§. As cefalosporÍnas de
primeirageraçáo sáo necessárias paratodos os doentes A intemrpção do aporte sârguíneo
a lrma extremidade deve
com fraturas expostas {. TABELA 8-2). Uma demora ser reconhecida prontamente e as medidas terapêuticas
maior do que 3 horas pâra iniciar a administração de cabíveis devem ser tomadas em caráter de emergência.
antibióticos aumenta o risco de infecçoes. A revascularização cirúrgica precoce é necessária
Remova toda a contaminação grosseira e partÍculâs para restaurar o fluxo arterial de uma extremidade
de sujeira do ferimento o mais brevemente possÍvel isquêmica. A necrose muscular inicia quando existe
e cubra o ferimento com curativo umedecido estéril. uma interrupção do fluxo arterial por mais de 6 horas.
Aplique imobilização adequada após descrever Os nervos são mais sensíveis àanóxia. Se houverfratura
detalhadamente o ferimento e determinar se existe associada, corrija-a tracionando gentilmente o membro,
algum comprometimento circulatório, neurológico e realinhando-o e mantendo a extremidade imobilizada.
de partes moles. É necessária a pronta avaliação de um Essa manobra geralmente é suficiente para restabelecer
cirurgião. O doente deve ser adequadamente reanimado ofluxo sanguÍneo a umaextremidade isquêmicaquando
e, se possível, estabilizado hemodinamicamente. A existe uma oclusão arterial causada por deformidade ou
seguir, procede-se ao desbridamento cirúrgico das encurtamento do membro emdecorrência de uma frarura.
feridas, à estabilização das frâturas e à confirmaçáo dos
158 CAPíTULO 8 ! Trauma 14uscuLoesquelético

TABELA E-2 GUIA DE ADMINISTRACAO DE ANTIBIOTIOS INTRAVENOSOS

SE ALERGIA A
PENICILINA(NO
CEFATOSPORôIAS DE LUGAR DE alítNoGLtcosÍDEo PIPERACILINA/
PiJr'íEnacBAçÃo CEFALOSPORINAS (COBERTURA GRAIí- ÍAZOBACTAM
(COSETÍURÂGRÁ}1- DE PRIMEIR.A NEGÂTIVA) (COBERTURA DE
POSITIVA GERAçÃOI AMPLO ESPECTRO
FRATURAS GRAM-POSITIVO E
EXPOSTAS CEFAZOUNA CLINDAMICINÂ GENTAMICINA NEGATIVO}

Ferimento <lcm, .50k8: l8OBh .80 kg: 600 m8 O 8 h


com coôtaÍninaçào 50-100kg:2gOEh '80 kg: 900 mg O 8 h

ou Lesão de partes '100 kg: 3 CO 8 h


moLês mínimá

FeÍimento I-10 cm, .50k9:lgOEh .80 k8: 600 m8 O 8 h


com Lêsão moderada 50-100kg:2gO8h ,E0 kB: 900 mg O I h
de partes motes, ,100 kC: 3 gO 8h
fratura cominutiva

Lêsão sêverâ de .50k8: lgO Eh .60 kg: 600 mg O 6 h Dose de ataque no PS

PArtes motes e 50-100kg:2gOEh 'E0 kg: 900 mg O E h


contâminâçáo "l00kg:3gOEh 2,5 mg/k8 pârã
substânciaL com crianças (ou <50 k8)
Lesào vascutar 5 m8/kg pâía âduLtos
aSsociâdâ
(p. ex.,l50 tb=3aO mg)

Campo, água paradô, 3,3758O6h(.l00kg)


so[o contâminêdo,
independentemente 45go6hPl00kg)
do tâmanho da lesáo
+' se a[érgico a

peniciLina, consultar
o departâmento de
doenças infecciosas
ou fâímâcêutico.

Fonte, sch hitt 5K. sêxton DJ. Bàron EL T.êâtmêõt ã^d Prevenion of Osteo myêtitis FoLtow rng Í.auma n Ad! tts U pÍo Datê http //ww. uptodâte . om/
,

contents/t.êatment-ànd-prevêntion-of-ostêoFyetitis-foltowr^8-trâuma-rn-âdults. O.tobêr 29. 2015: O B.ien CL. l'4enon l'4. Jomhà NH. Controvêrsrês in
the management of openfrcctutê.. Open Orthap J 20l,tr8 178-184.

Quando houver Iesão arterial concomitante com uma Portanto, é necessário realizai e documentar a avaliação
luxação, o médico deve se atentarpara reüzarmanobras neurovascularda extremidade antes e após a imobilizaçâo.
de redução suaves. Caso contrárrio, ele deve simplesmente O comprometimento vascularpode ser identificado pela
imobilizar a articulaçào lesionada e consultar um perda ou alteração do pulso distal, mas a dor excessiva
cirurgiâo. Uma angiotomograÍia pode ser realizadâ para após a imobüzaçãô deve ser investigada. Doentes com
avaliar a extremidâde, mas tal procedimento não deve talas também podem ter comprometimento vascular.
retardaro restabelecimento do fluxo arterial e é indicado AÍrouxe imediatamente imobilüadores, talas gessadas
apenas após a avaliação de um cirurgião. e curativos circunferenciais se houver qualquer sinal d€
O potenciai para comprometimento vascular existe comprometimento vasculare então reavalie a circulação.
mesmo quando a extremidade Iesionada é imobilizada.
IESÔES OUE COLOCAM O MEMBRO EI.í RISCO I59

SíNDROME coMPARTIMENTAL . Pressáo prolongada e localizada sobre a


extremidade
A síndrome compartimental desenvolve-se quando . Aumento da permeabilidade capilar secundária
a pressão no compartimento osteofacial do músculo à revascularizaçào da musculatura
é suficiente para produzir isquemia e necrose . Queimaduras
subsequente.Aisquemiapodesercausadapeloaumento
do tamanho do conteúdo do compartimento (p. ex.,
. Atividade física excessiva
hemorragia intracompartimental ou edema secundário à r
O QUADRo 8-1 lista os sintomas da síndrome
revascularizaçâo de uma extremidade isquêmica)ou pela compartimental. O diagnóstico precoce é o aspecto cenüa]
diminuição das dimensóes do compartimento (p. ex., no tratamento dâ síndrome compartimental. Um alto
curativo apertado). A síndrome compartimental pode índice de suspeição é importante, sobretudo quando o
ocorrerem qualquer lugaronde o músculo esteia contido doente possui alteração do nívelde consciênciae é incapaz
dentro de um espaço fechado delimitado pela fáscia. de responder apropriadamente àdor. A ausência de pulso
Lembre que, em determinadas circunstâncias, a pele distal palpável é um achado incomum e tardio, e não é
tambémpode funcionar como uma membrana inelástica. nece ssário para o diagnóstico de síndrome compartimental.
As regiôes nas quais a síndrome compartimental ocorre OtempodereenchimentocapilaÍtambémnàoéconfiável
com maior frequência incluem perna, antebraço, pés, para o diagnóstico. Fraquezaou paralisia da musculatura
máos, regiáo glútea e coxa (r rtouna a-z). no membro afetado é um sinal tardio e indicalesão nervosa
A demora no reconhecimento e tratamento da ou muscular. O diagnósüco c[ínicobaseia-se no mecanismo
síndrome compartimental é catastróÍica e pode resultar dotrauma e nos sinais clínicos associados auma.lto índice
em défice neurológico, necrose muscular, contratura de suspeita. Se opulso estiveranormal, a possibilidade de
isquêmica, infecçâo, demorâ na cicatrização de fraturas uma lesão vascularpródma à Iesão deve ser considerada.
e possível amputação. Quando se suspeita de síndrome compartimentâl, a
medida da pressão intracompartimental pode auxüar
AvaLiaçâo no diagnóstico. Pressão tecidual superior a 30 mmHg
sugere diminuição do flr-xo sanguíneo capilar, o que pode
Qualquer 1esâo de extremidades pode causar sÍndrome provocar lesão anóxica ao músculo e ao nervo. A pressão
compartimental. Entretanto, certâs Iesões ou atividades sanguínea tãmbém é importante: quanto menor for a
sáo consideradas de maior risco, incluindo: pressào sistêmica, menor será a pressão compartimentâl
necessária para provocar a síndrome compartimental.
Fraturas de tíbia e antebraço O diagnóstico dasíndrome compartimental é clínico. A
Lesões imobilizadas com curativos apertados mensuração dapressão é apenas uma medida para auxüar
ou gesso no diagnóstico.
Lesão por esmagamento grave

OUADRO 8.I SINAIS E SINTOMAS DA


síNDRoME coM PARTIM ENTAL
Compartimento
anterior Dor maior que â esperada e dêsproporcionà[ âo
estÍmuLo ou à lêsáo
Compartimento Tibia Dor ao estiramento passivo da musculâtura âfetâdâ
lateraI Edêma tênso do compàrtimento
Compartimento Pârêstesia ou aLteração da sensibilidade distat âo
posterior compê rti mento_ajetado
profundo
Fíbuta Nervos e
veias
Tratâmento
A síndrome compartimental é uma agressão cuia evolução
Compartimento depende dotempo e dapressáo. Quanto maiorforapressão
superficiat posterior
do compartimento e quanto mais tempo elapermanecer
I FIGURA 8-7 Sindrome Compartimental. Tal condlçào ocorre elevada, maior será o grau de dano neuromuscular e
quando a pressáo no interior do compaítimento osteoÍascial consequente défice funcional. Se houver suspeita de
aumenta, causando isqLlemia e nêcro9e subsequênte. A ilustração de
umà 9e((áo tÍa,]rve'sa, oê pa.le níeÍ.oí dà De ']a Ínostía à analoÍr,ô síndrome cômpartimental, afrouxe imediatamente
e as re a(õe5 dos quãtro (ompartimentos mus(ulofarcrais. curativos, imobilizações e talas gessadas da extremidade
160 CAPíTULO 8 r Trauma l''luscuLoesquelético

afetada e consulte imediatamente um cirurgiào. O A determinação do comprometimento neurológico é


único tratamento para a sÍndrome compartimental é importante e as alteraçôes progressivas, por ventura
a fasciotomia (r FTGURA s-8). A demora na realização da existentes, devem ser documentadas.
fasciotomia pode resultar em mioglobinúria, que pode Ao exame físico, costuma-se notar deformidade
causar diminuição da funçào renâl. A avaliaÇão de um da extremidade. A avaliação da função nervosa
cirurgião deve ser feita precocemente em caso de suspeita geralmente requer um doente cooperativo. Para cada
ou diagnóstico comprovado de síndrome compartimental. nervo periférico, é importante que se confirme, de
modo sistemático, a preservação dâ função motora
LESÃo NEURoLóGIcA SEcUNDÁRIA À voluntária e da sensibilidade. Asr ÍaBELÂ 8-3eTTABELA
FRATURA OU LUXAçÃO 8{ discriminam avaliação dos nervos periféricos dos
a
membros superiores e inferiores, respectivamente (Ver
Uma fÍatura ou, emparticular, umâ luxação pode causar também Avaliçôo dos Nervos Periférícos dos Membros
lesão neurológica significativa devido à proximidade Superiores e Ávoliaçõo dos Nervos Periféricos dos
do nervo com a articulaçào e o osso (p. ex., compressão Membros infeàores no oplicotivo móvel App MyATLS.)
do nervo ciático resultante da luxação posterior do A avaliação da musculatura deve incluir a palpação do
quadrile da lesão do newo axilar por Luxação anterior do músculo durante a contração-
ombro). Arecuperação funcional do membro depende do Na maioria dos doentes traumatizados portadores de
reconhecimento precoce e tratamento adequado da lesão. múltiplas lesões, é difícil proceder à avaliação inicial
da funçâo nervosa. Entretanto, a avaliação deve ser
Aval,iação repetida continuamente, principalmente depois que o
Umexame minuciosodo sistema neurológico é essencial doente estiver êstabilizado. A progressão de qualquer
em doentes portadores de lesão musculoesquelética. disfunção indica que a compressão sobre os nervos
continua. O aspecto mais importante da avaliaçâo
neurológica é a documentaçáo de sua evoluçáo ao
ARMADILHA PREVENCAO longo do tempo. Essa informâçâo também é importante
para decidir quanto à realização de um eventual
Demora no . l4anter aito índice de suspeita procedimento cirúrgico.
reconhecimento em qualquer doente com lesào
dã síndrome muscuLoesquetética âgudâ
compartimentà[ Trâtamento
. Estar ciente de que a síndrome
compartiínentâl podê ser de difícrL
dia8nóstico êm doentês com nível
A lesào deve ser reduzida e imobilizada. Esse
de consciência aLteràdo.
procedimento deve ser feito cuidadosamente por
. Reava [iar freq uentemente, em médicos qualificados, seguido pela reavaliação
busca de srnôis de síndrome neurológica do membro. Se a redução foi realizada com
compartimentâ1, aquetes doentes sucesso, o médico que conduzirá o caso no tratamento
com nível de consciência âtterado subsequente deverá ser notificado de que a articulaçãô
encontrava-se luxada e que foi reduzida com sucesso.

,l t

§
,t
t,1
t \
A B

I tIGURA 8-8 Ías(iôtomiâ para Íratamento da Síndrome Solnpartimental. A. Foto do intraoperatôrio mostrândo fas(iotomià do antebraço
de(orrente de 5indrome de Crush. B. Foto pôs-cirúrglca mostrando umê nc rão mediêl da pêrna pàrà descompressào da síndrome.
OUTRAS LESÕES DOS MEMBROS 16I

lesão vascular e/ou neurológica. Em geral, as lacerações


OUTRAS LESÕES DOS MEMBROS requerem desbridamento e fechamento. Se o ferimento se
estender até abaixo do nível da fáscia, toma-se necessária
Outras Iesões signiÍicativas de extremidades incluem uma intervenção cirúrgica para um desbridamento mais
contusôes, lacerações, lesões articulares e fraturas. completo e para avaliar se existem outras lesóes mais
profundas.
CONTUSõES E LACERACõES As contusôes são habitualmente reconhecidas pela
presença de dor, edema e sensibilidade. Se o doente for
Qualquer contusão e/ou ferimento, por mais simples arzliado precocemente, as contusôes são tratadas por meio da
que seja, deve ser avaliado à procura de uma possÍvel imobilizâção da parte lesada e aplicação de compressas frias.

TABELA E-3 AVALTAçÀO DOS NERVOS PERTFÉR|COS DOS MEMBROS SUPERTORES

NERVO MOTOR 5EN5AçÃO LESÃO

ULnar Abdução do dedo indlcador Dedo míniíÍ)o Lesão do cotoveto

l"lediano dlstat Contração com oposição tênar Dedo indicâdor Lesào do puôho

lYediano, interósseo FLexào da ponta do indicador Frãtu ra supràcondiLiana do


ênterior úmero (.Íançâs)

MuscuLocutâneo Ftexào do cotove[o Face LaterêL do Diáfise distâL do úmero e


antebraço Luxaçào anterior do ombro

Rad al Extensão do polêgat dos dedos Face dorsàL da máo CoLo drstaL do úmero, Luxação
entre o poLegàr ê do metâcêrpo entre le e 2e dedos ânterior do ombro

AxiLar Dettoide Face lateraI do omb.o Luxâção anterior do ombro


fratura proximaI do úmero

TABELA E-.Í AVALIAçÀO DOS NERVOS PERIFÉRICOS DOS MEMBROS INFERIORES

NERVO MOTOR SENsAçÃO tEsÃo

Femoral Extensào do joetho Face anterior do loe[ho Fratura de ramos púbicos

Obturado. Adução do quadriI Fêcê mediaI da coxa Fratura do anel obturador

Tibial postêr or Flexão do háLux Plânta do pé Luxação do loetho

Fistuta superfrcrat Eversão do tornozêLo Fâce dorsolateraL do pé Frâturã do coLo dâ fíbuLâ.


tuxação do joetho

Fibu[ar p.ofundo Dorsif lexáo do tornozeLo/hátux Face do.soLrterat do É €írEe Fratura do coLo da fíbuLâ,
o há!.lx e o seSundo dedo síndrome compartimentaL

Ciático Dorsiflexão do tornozeLo ou Pé Luxação porteraor do quadral


ftexão ptantâr

GLúteo super or Abdução do quôdriL PorÇão superior dâ náde8a Fratura de acetábuto

GLúteo infe.ior É(tensão do quâdril pdo 8üitÊo rnàiií Porcão inferaor da nádega Frâturà dê â.êtábuLo
|62 CAPÍTULO 8 r Trauma l'4uscuLoesqueLétlco

A síndrome de Crush e o desluvamento intemo devem a uma posição próxima à anatômica após a lesào e
ser suspeitados de acordo com o mecanismo de trauma. podem não s€r facilmente identiÍicadas. Em doentes
A síndrome de Crush pode ter inicio súbito e causar com múltiplas lesóes ligamentares de joelho, aluxação
dewascularização e nêcrose muscular. A avulsão de pode estar presente e colocar o membro em risco para
partes mol€s pode desconectar a pele da fáscia profirnda, lesão neurovascular. Geralmente é necessáriaa avaliaçào
permitindo o acúmulo de quantidades significativas de de um cirurgiâo para estabilização da articulação.
sangue na caúdade resultante (p. ex., Iesão de MoreLlava.llée ),
Altemaüvamente, a pele pode ter seu suprimento sanguíneo FRATURAS
interrompido e apresentar necrose após algurs dix. Essa área
pode âpresentaÍ abrasões sobrepostx oulesões de pele que As fraturas são deÍinidas como soluqôes de continuidade
podem ser indícios de uma Iesão muscular grave e potencial do córtex ósseo. Podem estar associadas a mobilidade
parasíndromedeCrush. Essas lesóes de partes moles podem anormal, lesão de partes moles, crepitação óssea e dor.
ser avaliadas melhor quando se tem conhecimento do As fraturas podem ser abertas ou fechadas.
meca-nismo de trauma e palpando-se esped.ficaÍnente a areâ
lesada. Considere obter a ava.liaçào de um cirurgião, pois a AvaLiação
drenagem ou o desbridamento podem ser necessários.
Orisco de tétanoaumenta em ferimentos que ocorreram O exame da extremidade geralmente revela a existência
há mais de 6 horas, apresentam contusões e/ouabrasóes, de dor, edema, deformidade, hiperestesia, crepltaçáo e
apr€sentam profurdidade superior a 1cm, produzidos por mobilídade anormal no local da fratura. A mobilizaçào
projéteis de altavelocidade, causados por queimaduras de do foco da fratura àprocurade crepitaçôes ou mobilidade
calor ou frio, e apresentam contaminaçáo significativa, anormal é dolorosa e pode âumentar a lesão das partes
particularmenteferimentoscomtecidosdesnervadosou moles. Essas manobras raramente são necessárias para
isquêmicos (Ver Imunizaçõo Anrttel,f,nica.] realizar o diagnóstico e não devem ser realizadas de forma
rotineira ou repetida. Reavalie periodicamente o estado
LESõES ARTICULARES E DE LIGAMENTOS neurovascular do membro fraturado, principalmente se
um dispositivo de imobilização estiver sendo utilizado.
Quando a articulação apresentâ uma lesão significativa, Estudos radiográficos em ângulos retos entre si confrmam
porém sem resultar em luxação, geralmente não representâ a história e os achados fuicos d€ fratura {. PGURÂ e9).
um risco para a vitalidade do membro. Entretanto, o Dependendo do estado hemodinâmico do doente, o estudo
diagnóstico e tratamento precoce sáo importantes para radiográfico pode precisar ser adiado âté que o doente esteja
que não haja comprometimento dâ funçáo do membro. estabilizâdo. Os estudos radiográficos do provável foco de
ô,'atura devem incluir as articulaçÕes proximais e distais, a fim
Aval"iacão de descartar luxaçôes ocultâs e oub:às lesões concomitantes.

Geralmente, o doente que apresenta lesões arti(ularês


refere ter sofrido algum impacto anorma.l sobre a articulação,
por exemplo, um impâcto na região fibial anterior impelindo .E
o joelho para trás, impacto na face lateral da pema que
empurra o joelho para dentro ou uma queda sobre o braço
estendido que ocasionauma hiperextensão do cotovelo.
O exame fÍsico demonstra hiperestesia ao longo dos
ligamentoscomprometidos. Frequentementeocorreuma
hemartrose, â não ser que a cápsula articular se rompa e
o sangue se espalhe nas partes moles. A movimentação
passiva do ligamento afetado revela instabilidade. O
exame radiológico gerâlmente não revela nen}lumalesâo;
entretanto, pode permitir a identiÍicação de pequenas
fÍaturas de alulsáo nos pontos onde os ligamentos se
inserem ou se originam.
A B
Tratâmento r RGURA &9 A hiíórid e o êxâmê firico rão (onÍirmados por êstudos
radiográÍi(os rêâlizâdosem incidêndai perpend iculares entre si. A.
As lesôes articulares devem ser imobilizadas e reavaliadas lncdênc a AP dofêmur d stal. B.ln( dênoa latera doÍêmurdistal.
Ava ia(ão rad og Íàír(a satisÍãtóriô do osso ongo lesionado deve ind Lrir d Llàt
quanto ao estado neurológico e vascular do membro in(idê na ôs ortogonait, porémtoda a extensão do osso deveser visuà izada.
distalà lesão. Asluxações dejoelho geralmente retornam A5rrrn, a9 lmàgens apíesentãdarâa rna porsi sósão inadequadas.
CONTROLE DA DOR 165

Trâtamento FRATURAS DE TíBIA

A Ímobilização deve incluir as articulaçôes acimâ e Imobilize as frâturas de tíbia para diminuir a dor e
abaixo da fratura. Após a imobilização, os estados lesões de partes moles subsequentes e reduzir o risco
neurológico e vascular do membro devem ser de sÍndrome cômpartimental. Caso prontamente
reavaliados. É necessária a avaliação de um cirurgião disponíveis, podem ser utilizados aparelhos gessados,
caso se planeje qualquer tratamento posterior. para imobiiizaraperna, o joelho e o tornozelo.

FRATURAS DE TORNOZELO
PRINCIPIOS DA IMOBILIZACAO
As fraturas de tornozelo podem ser imobilizadas com
talas acolchoadas a fim de diminuir a dor e evitar a
A menos que esteiam associadas a Iesões que ponham pressão sobre proeminências ósseas (. FTGURA B-10).
em risco a vida do doente, as l€sões de extÍemidades
podem ser imobilizadâs durante a avaliação secundária.
ARMAD IL HA PREVE N CAO
Entretanto, essas lesôes devem ser imobilizadas
antes que o doente seia transportado. Avalie o estado
Apticaçào de tração Evite o uso de traçào em
neurovascular do membro antes e após imobilização
em uma êxtrernrdâdê ertrêmidades com fratuíôs
ou realinhamento da fratura.
com fratura de tíbra/ de fêmur e tíbra/fibuLa
fíbuLa associada pode combinadas.
FRATURAS DO FÊMUR
resuttar êm lesáo Utitize umâ imobiLizaçào
posterior longa com
As fraturas de fêmur podem ser imobilizadas àssociaçào de tata gessadâ na
temporariamente com talas de traçáo (ver r rtcuaa a-:;
êxtrêmidâde inferior
ver tambémvídeo Imobilização comTraçõo no aplicotivo
móvel MyATLS). A força de tração exercida pelo
dispositivo é aplicada distalmente, no nível do tornozelo
ou na superfície da pele. Na sua porçào proximal, a tala LEsõEs DE EXTREMIDADE SUPERIOR E MÃO
é empurrada contra a coxa e o quadril por meio de um
anel que se apoia nas nádegas, no perÍneo e na viriiha. A mão pode ser temporariamente imobilizada em
Uma tração excessiva pode provocar lesão da pele do posição anatômica e funcional, com o punho em Iigeira
pé, do tornozelo ou do períneo. Devido ao risco de flexáo dorsal e dedos gentilmente fletidôs em 45 graus
comprometimento neurovascular após a aplicação da no nível das articulações metacarpofalangeanas.
tala de traçâo, deve-se realizar a avaliação dos estados Essa posição geralmente pode ser obtida por meio da
neurológico e vascular do membro antes e após a suâ imobilizaçâo da mào sobre um rolo grande de gaze,
aplicação. Não aplique a tala de tração em doentes que utilizando-se uma pequena tala de antebraço.
apresentam fratura de tíbia ipsilateral. As fÍaturâs de O antebraço e o punho são imobilizados estendidos
quadrilpodem ser imobilizadas de maneira semelhante sobre talas acolchoadas. O cotovelo é imobilizado em
com um dispositivo de traçáo, mas é mais conveniente posição fletida, utilizando-se talas acolchoadas ou
que sejam imobilizadas por meio de trâção na pele ou imobilizando-o contra o corpo por meio de uma tipoia.
em uma bota de tração feita de espuma, posicionando O braço costuma ser imobilizado apoiado contra o
o joelho em ligeira flexão. Uma forma simples de corpo ou utilizando-se tipoia ou faixas que podem ser
imobilizar um membro inferior é enfaixando-o junto aplÍcadas como uma bandagem toracoabdominal. As
ao membro contralateral. lesões do ombro sáo tratadas com tipoia e faüas ou por
um curativo feito à moda de Velpeau.
LESôES DE JOELHO

Para garantir a estabilidade e oferecer conforto


CONTROLE DA DOR
ao doente, podem ser utilizados dispositivos de
imobilizaçâo de joelho disponíveis comercialmente O uso adequado de dispositivos de imobilização diminui
ou talas ou aparelhos gessados longos. O joelho não significativamente o desconforto e a dor, reduzindo a
deve ser imobilizado em extensão completa, mas mobilidade das estruturas comprometidas pela lesão.
permanecer em flexâo de aproximadamênte 10 Se a dor não for aliviada ou retornar, a imobilização
graus, a fim de diminuir o estiramento das estruturas deve ser retirada e o membro deve ser reavaliado. O
neurovasculares. uso de analgésicos é indicado para doentes com lesão
164 CAPíTULO 8 Trauma l'4 uscuLoesq uelético

Êr
r- I
ns /I

A B

! FIGURA t-ro lmobilizasâo de frâtura de Íornozelo. Observê o uso exten!ivo do aparê ho 9e9sãdo e tala gê9sadâ posterior. A. Tala 9êssada
potterior Íixadê no local (om bãndagem elastica. B. Aparelho gesrãdo completo.

articulaÍ ou fratura. Os doentes que não âparentâm t€r TABELA 8-5 LESOES MUSCULOESOUELETICAS:
dor e desconforto signiÍicativos na presença de uma COMUMENTE DESPERCEBIDAS OU LESõES ASSOCIADAS
grande fratura podem ter outras Iesões âssociadas as
quais interferem na percepção sensorial (p. ex., lesâo LF,!§Ào assoclaDA/
intracraniana ou medular) ou estar sob a influência de LESAO NÂO IDENTIFICADA
álcool e/ou drogas.
O al.ívio efetivo da dor requer a administração de Fratura dê clavícu[à Lêsào torácrca gràve,

narcóticos, os quais devem ser administrados em Fraturô de escáputâ especiâLrnente coôtusào


pequenâs doses por via intravenosa e repetidos se Fraturâ e/ou luxâçào pulmonar e fratura de arcos
necessário. Os sedativos devem ser administrados conr de ombro costais
cautela em doentes com Iesào isolada de extremidades, Dissociâçào escâpulotorácica
bem como ao realizar a reduçào de uma luxaçào. Toda
vez que se administram analgésicos ou sedativos em um . Fratura/tuxaçào de Lesào de artéria brâq!raL
doente traumatizado, existe a possibilidade de parada Lesào dos nervos mediano
respiratória. Por isso, equipamentos de reanimaçâo utnar e râdrêL
adequados e naloxona devem estar prontamente
disponíveis. Frãturà de fêmur Fratura de coLo de fêmur
O bloqueio neurológico regional exerce papel Lesào [rSamentãr do Joelho
importantenoaliúodadorenareduçãodedeterminadas Luxacão posterior do qLrâdril
fraturas. Antes de realizar o bloqueio, é essencial avaliar
e documentar qualquer lesão nervosa. Sempre tenha em
. Luxâção posterior . FratuÍa de fêmur
mente o risco para sÍndrome compartimental, uma vez do joeLho . Luxação postêrior do quadriL
que essa condição pode ser mascarada em doentes que
foram submetidos ao bloqueio neurológico regional. Luxãcào do loeIho Lesão de êrtéria e nervo
F.àtura-luxação de poptíteo
pLatô trb êL
LESOES ASSOCIADAS
Fratura de caLcâneo Fraturã ou tesão de coluna
Em consequência de mecanismos de traumâ comuns, Fraturá-tuxação do ta[us e
algumas lesões musculoesqueleticas costumam eslar côLcâneo

associadas a uma segunda lesão que náo é aparente Fratura do platô tibiaI
de imediato ou pode até mesmo passar despercebida
(. ÍaBElâ &5). 70% de incrdência de lesões

Os passos para reconhecer e tratar essas lesões ôão esquetétrcas associadas


incluem:
RESUMO DO CAPíTULO 165

1. Rever a história do trauma, especialmente o Considerando-se que as lesões


mecanismo de trauma, para determinar quais musculoesqueléticas com risco potencial àvida
outras lesóes podem estar presentes.
podem ser identificadas durante a avaliaçâo da
2. Reavaliar completamente todas as extremidades, cüculação, o líder da equipe deve râpidamente
com ênfase especial nas mãos, punhos, pés,
orientar a equipe a controlar a hemoragia extema
articulaçôes acima e abaixo de fraturas e de
luxações. utilizando curativos compressivos, imobilizadores
ou torniquetes, conforme necessário. A habilidade
3. Examinar visualmente o dorso do doente,
da equipe de trauma paÍa trabalh êm diferentes
incluindo a coluna e a pelve.
tarefas simultaneamente é particularmente
4. Documentar ferimentos abertos e lesão de partes
relevante neste cenário.
moles que podem indicar uma lesão instável.
5. Rever os estudos radiográÍicos obtidos na Mais de um membro da equipe pode ser necessário
avaliação secundária para identiÍicar Iesôes para aplicar a tala de traçâo e o líder deve direcionar
pouco perceptíveis que podem estar associadas a outras pessoas ou especialistas (p. ex., cirurgiào
I râumatismos mais evidentes
vascular e ortopedista) para arxiliar a equipe.

A equipe deve estar apta a reconhecer Iesões que


LESÕES OSSEAS OCULTAS ameacem o membro e reaüzar o relato acurado
ao líder para que este possa tratá-las ao mesmo
Nem todas as lesões podem ser diagnosticadas durante a tempo que outras lesôes potencialmente fatais
avaliação inicial. Articulações e ossos que estão cobertos de via aerea, respiraçào e circulaçào.
ou bem acolchoados no interior de regiões musculares
podemter lesôes ocultas. ldentificar fraturas sem desvio Assegure que uma avaliação secundária completa
seja realizada, para que nenhuma lesão passe
ou lesões de ligâmentos articulares pode ser difícil,
pârticularm€nte se o doente nãoresponde a estímulos ou despercebida. Lesóes ocultas são particularmente
se existem outras lesões graves- E importante reconhecer
comuns em doentes com nÍvel de consciência
que comum que tais lesôes seiam descobertas dias após
é
alterado ou inconscientes, e o líder deve assegurar
a reavaliaçâo dos membros em tempo oportuno
o trauma - por exemplo, quando o doente está sendo
mobilizado. Portanto, é essencial reavaliar o doente para que lesões não passem despercebidas.
repetidamente e relatar essas possibilidades a outros
membros da equipe de trauma e à família do doente. RESUMO DO CAPITULO
ARMADILHA PREVENCÀO
1. As Iesões musculoesqueléticas podem apresentar
risco à vida e ao membro.
Lesões ocuLtas podem RoLeodoenteeretirê
nào ser identificadas todas às roupas parê
durante a àvâ[iação asseguràr umâ âvaUôçào
2. O objetivo da avaliação primária no trauma
pnmáÍia ou secundária compLetô e evitar a fatta musculoesquelético é identificar lesoes que podem
de identifacaçào de Lesôes. comprometer o membro e/ou a vida. Apesar de
Repita â êvaLiacão dâ incomuns, as Iesões musculoesqueléticas que
cabeçâ aos pés quando o comprometem a vida devem ser prontamente
doente estiver êstável parâ avaliadas e tratadas- A abordagem inicial do
identifrcar Lêsôes ocuLtàs controle de hemorragia é feitapormeio da aplicação
de pressào direta, imobilizaçào e torniquetes.

3. A maioria das lesões de extremidades são


o U TRABALHO EM EOUIPE identificadas e tratadas durante a avaliação

.
' secundária. A história completa do trauma e
um exame físico minucioso, incluindo despir
Lesões musculoesqueléticas, em especial fraturas
completamente o doente, são fundamentais para
expostas, ftequentemente possuem aparência
identlfi car lesões musculoesqueléticas.
dramática e podem distrair os membros da
equipe de condutas de reanimação prioritárias. O 4 E essencial reconhecer e tratar as lesÕes arteriais, a
líder da equipe deve asseguÍar que os membros síndrome compartimental, ft aturas expostas, Iêsôes
priorizem as Iesõ€s que causam risco à úda. por esmagamento e luxaçôes em tempo adequado.
166 CAPÍTULO 8 r Trauma lYusculoesqueLétlco

5. O conhecimento do mecanismo de lesão e a história 10. Kobbe P, Micansky F, Lichte P, et al. Increased
do evento podem guiar os médicos na busca de morbidity and mortality after bilateral femoral
lesões potenciais associadas- shaft fractures: myth or reality in the era of
damage control? Injury 2 013 Fe b;4 4 (2):221.-225.
6- A imobilizaçâo precoce de fraturas e luxaçôes 11. Konda SR, Davidovich RI, Egol KA. Computed
podem prevenir complicações e sequelas tardias. tomography scanto detecttÍaumatic arthrotomies
Uma avaliação neurovascular minuciosa deve ser and identilr periarticular wounds not requiring
realizada antes e após a aplicação de imobilização surgical intervention: an improvement over the
ou dispositivos de tração. saline load test.,l Tr ouma 2073:27l9J:498-504.
12. Kostler W, Strohm PC, Sudkamp NP. Acute
Agradecimento especial o Julie Gebhart, PA-C, Lead compaÍtment syndrome of the limb. Inlury
Orthopedic Physicion Assistant, e Renn Crichlow, MD, 20 0 4 :r221-t227.
;35 112)
Orthopedic Trcuma Surgeon, Ortholndy e St. Vincent 13. Lakstein D, Blumenfeld A, Sokolov T, et al.
Trouma Center,por toda ajuda e colaboraçdo neste projeto, Tourniquets for hemorrhage control on the
assim como fornecendo gronde parte das fotos usodos battleÍield: a 4-year accumulated experience..l
neste cap[tulo. Traumc 2003;54(5 Suppl):S221-S225.
14. Mabry RL. Tourniquet use on the bâttlefield. Mil
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(
)

o tESÕES TÉRMICAS

Em todos doentes com lesões térmicas, identificar e trctor os lesões mecônicas


ossociados e manter a normalidade hemodinâmico com reposiçã,o volêmica.
CAPíTULO 9 SUMÁRIO
OBJ ETIVOS . Antibióticos
. lmunizacão do Tétano
rNrRoDUçÃO
LESÕES CAUSADAS POR OUEIMADURAS ESPECÍFICAS
AVALI,AçÀO PRIMÁRIA E RÊANIMAÇÃO DO DOENTE . Ouêimaduras Ouímicas
OUEIMADO . Oueimaduras Elétricas
. lnterrupção do Processo de Oueimadura . Oueimaduras Causadas poí Piche Ouente
. EstabeLeceí o Controle dâ Via Aérea . Oueimadurâs que lndicam MausTratos
. Assegurar VentiLação Adêquada
. Tratamento da CircuLâçáo na Reanimacâo do Choque TRANSFERÊNCIA DE DOENTES
Causado pela Oueimadura . Critérios de trônsferênciô
. Procedimentos dê Transferêôcia
AVALIAçÃO DO DOENTE OUEIT4ADO
. História LESÔES POR FRIOi EFEITOS TECIDUAIS LOCAIS
. Área dê Superfície Corporal . Tipos de Lesão por Fíio
. Profundidade da Oueimadura . TÍatamêôto do CongeLamento ê das Lesôes Nâo
CongeLantes
AVALIAçÃO SECUNDÁRIA E MEDIDAS AUXILIARES
. Fothâ de R egistro LESÔES POR FRIO: HIPOTERMIA SISTÊMICA
. Examês Básicos para Doentes com Oueimaduras Graves
. Circulação Periférica em Oueimaduras Circunferenciais TRABALHO EM EOUIPE
de Extremidades
. 5oôdagem Gástrica RESUMO DO CAPÍTULO
. Narcóticos, Anâ[gésicos ê Sedativos
. Cuidâdos com a Ferida BIELIOGRAFIA

OBJETIVOS

Após a leitura deste capítu[o e a compreensáo dos tópicos de doeôte queimado


aprendizado do curso ATLs, você estará apto a:
5. Descrever as características êspecíficas das
ExpLicar como a fisiopatologia especÍfica das queimaduras que afetam a avaliação secundária.
queimaduras afeta ã abordagem do doente queimado
quando comparado com outrãs [,êsões traumáticas. 6. Descrever os mecanismos comuns de queimaduras
e expucâr o impacto desses mecanismos nâ
2. ldentificar os probtemas específicos que podem ser abordagem dos doentes queimados.
encontÍãdos na avatlâção iniciat dos doeotes com
queimaduras. Z Listar os critérios para a transferêncla de doentes
com quêimaduras para os centros de queimados.
3. Descrever como abordâr os probtemas específicos
que podem ser encontrados na avatiãção iniciat dos 8. Descrever os efeltos das tesões cau$das peto frio
doentes com quêlmaduras. sobre os tecidos e o trôtamento inicial de doentes
com [esôes devido à exposição ao frio.
4. Estimar a extensão das queimadurãs do doentê
queimado, inc[uindo o tamanho e profundidadê da 9. Descrever o manejo de doentes com hipotermla,
queimôdura e desenvotvê. um p[ano priorizâdo para incluindo os riscos do reaquecimento.
abordagem de emergênciô das lesóes específicas do

t69
I7O CAPÍTULO 9 t LesÕes TérmiCaS

I esões térmicas sáo umà das principais causas INTERROMPER O PROCESSO DE OUEIMADURA
I de morbidade e mortalidade, mas a aciesáo aos
Lpr,n.,pro, Dasrcos da reantmaçâo oo tlaumà Remover completamente toda roupa do doente para
inicial e a oportuna aplicaçâo de medidas simples de interromper o processo de queimadura; no entanto a
emergência pode ajudar a minimizar seu impacto. roupa aderida à pele não deve ser arrancada. Tecidos
Os maiores princípios da abordagem da Iesào sintéticos podem irúlamar e queimar rapidamente em a.ltas
térmica incluem manter um alto Índice de suspeita temperaturas derretem formando resíduos aquecidos
e
da presença de comprometimento da via aérea após que continuam a queÍmar o doente. Ao mesmo tempo,
inalação de fumaçae o consequente edema causadopela tome cuidado para eútar a hipotermia. Reconhecer que as
queimadura; identificar e abordar as Iesões mecânicas tentativas realizadas no local do atendimento para apagar
associadas; manter a normalidade hemodinâmica com o fogo (por exemplo, "Parar, molhar e rolar"), embora
reposição de volume; controlar atemperatura;e remover necessário, pode levar a contaminação da queimadura
o doente do ambiente hostil. Os médicos também devem com resíduos ou água contaminada.
tomar medidas para prevenir e tratar as potenciais Tenha cuidado ao remover qualquer roupa que esteja
complicações específi cas causadas pelas queimaduras. contaminada porprodutos químicos. Escove qualquer pó
Por exemplo, rabdomiólise e aritmias cardíacas, que químico seco da ferida. Os cuidadores também podem
podem estar associadas com queimaduras elétricas; ser feridos e devemevitaro contato düeto com o produto
desenvolvimento de síndrome compartimental abdominal químico. Depois de retirar o pó, descontamine as áreas
e de extremidades, que podem ocorrer após excessÍvas de queimadura enxaguando com irrigação abundante
reposições volêmicas decorrentes da queimadura; e ocultar com soluçáo salina mornaou Iavagemembanho quente,
Iesôes oculares devido a fogo ou explosôes. quando as instalaçóes estão disponíveis e o doente é
A diferença mais signiÍicativa entre queimâdurâs e capaz de ajudar.
outras lesôes é que as consequências das queimaduras Uma vez que o processo de queimadura foi
estáo diretamente relacionadas com a extensáo da interrompido, cubra o doente com lençol quente,limpo
resposta inflamatória para a Iesão. Quanto maior e mais e seco pâra prevenir a hipotermia.
profunda a queimadura, pior a inflamaçào. Dependendo
da causa, a energia transferida e o edema resultante PROVIDENCIAR CONTROLE DA VIA AÉREA
podem não ser evidentes imediatamente; por exemplo,
lesão causada por fogo é mais rapidamente evidente do A via aéreapode ficar obstruÍda náo só da Iesão direta (por
que os ferimentos causados por substâncias quÍmicas exemplo, lesão por inalação), mas também pelo edema
um fator importante no tratâmento das lesóes maciço resultante da Iesão causada pela queimadura.
-causadas por queimadura. Monitorar de perto os acessos Edemanormalmente nãoestápresente imediatamente,
intravenosos pâra garantir que eles não se percampelo e sinais de obstrução podem inicialmente ser sutis, até
aumento do edema nas áreas queimadas do doente. que o doente piore. É essencial a avaliação inicial para
Regularmente veriÍicar as fixações do tubo orotrâqueâl determinâr a necessidade de intubaçâo endotraqueal.
e sonda nasogástrica para garantir que eles não esteiam

L
muito apertados e que as etiquetas de identificação
este,am soltas e náo circunferencialmente colocadas.
Nota: Lesões causadas pelo calor, incluindo a
T
exaustão e a insolação, serão discutidas no Apêndice -q
B: Hipotermio e Ferimentos causodos pelo calor.
Í--)

AVALTAçÀO tNtCtAL E [-!


L'
REANIMACÀO DE DOENTES
COM OUEIMADURAS
\
Medidas salva-vidaspara os doentes comlesóes causadas
por queimadura incluem interromper o processo de
queimadura, garantirque aúa aérea e ventilação esteiam
! fIGURA 9-'t Fatores que aumentam o ris(o de obstrução de via
adequadas e estabelecer acesso intravenoso. aérea tupeíor sàor extentão e proíundÍdade da queimadura,
queimadurar o(âlizadas nê catleça e fa(e, lesão inalatóriô, traumâ
associâdo, e queimaduras no interior da bo(d.
AVALTACÃO rNrCrAL E REANTMAÇÃO DE DOENTES COty OUETMADURAS t7t

Fatores que aumentamo risco de obstrução daviaaérea prolongado, intube o doente ântes do transporte. Estridor
superior são o profundidade das queimaduras,
tamanho e pode ocorrertardiamente e indica a necessidade imediata
queimaduras localizadas na cabeça e face, lesão por de intubação. Queimaduras circunferenciais do pescoço
inalaçáo, trauma local, queimaduras localizadas no podem levar a inchaço dos tecidos ao redor da üa aérea;
interior da boca (r Et6uRA 9-í ). Queimaduras localizadas portanto, intubaÇão precoce também está indicada para
na face e boca causam edema Iocalizâdo e apresentam queimaduras de espessura total circunferencial do pescoço.
um risco maior de comprometimento da via aérea. Por
terem aviaaérea menor, as crianças têm um risco maior
de problemas de obstrução da via aérea.
História de queimadura com confinamento em um
ARMADILHA PREVENCÀO
ambiente fechado ou sinais de lesão de vias aéreas na chegada
ao departamento da emergência (ED) garantem a obtenção de
V a aérea obstruídâ . Reconhecer â inatâção dê
fumaça como urna causa
úas aéreas defiIitiva do doente. l€sões térmicas da faringe lesão térmica pode potenciàL de obstrução da via
podem produzir edema acentuado da via aérea superior, nào estar presente aéTea decorrentês de Lesão
sêndo a proteçáo precoce da üa aérea firndamental. As por partículrs e substânciâs

I manifestações clínicas da lesão por inalação podem ser sutis


e não apaJecem com ftequência nas primeiras 24 horas. Se
.
químicas.
AvaLie o doente parà qLre rnàduras
circunferenciais do pêscoço e
ll o médico atendente aguarda exames radiológicos de lesão tórêx, que podem comprometer
puhnonar ou alterações na gasometria sanguínea, o edema a via respirêtória e as trocas
daüa aérea pode progredü e impedir a intubação, e umaüa gasosas.

aérea ciúrgica pode ser necessária. . Doentes com Lesão por


inôtaçào estáo em risco para
Quando em dúüda, examine a orofaringe do doentepara obstrução brônquica por
detectar sinais de inflamação,lesâo da mucosa, presença secrecôes e detritos epodem
de fuligem e edema na faringe, tomando cuidado para exigir a broncoscopia. Coloque
não ferir ainda mais a área. Embora a laringe prote.ja a uma cânuLa de tamanho
via aérea subglótica da lesão térmica direta, aüa aérea é adequado ôâ via aérea de
-
preferência um tâmanho 8 mm
extremamente susceptível à obstrução como resultado da
de diâmetro interno {lD) (tubo
exposição ao calor. Segundo aAmericon Bum Life Support endotraquêât mínimo Z5 mm
(ABLS) as indicações para intubâçâo precoce são: lD em adultos).

. Sinais de obstrução da via aérea (rouquidão,


estridor, uso de músculos respiratórios ASSEGURE VENTTLAçÃO ADEOUADA
acessórios, retração esternal)
. Extensão da queimadura (área de superfície Lesão direta da üa aérea inferior é rara e geralmente
corporal queimada > 4O%-5Q%)
está associada a inalação de vapor superaquecido ou
. Queimaduras faciais extensas e profundas gases inflamáveis. Preocupaçóes com aventilação estáo
. Queimaduras no interior da boca relacionadascomtrêssituações; hipóxia, intoxicaçãopor
. Edema significativo ou risco para edema de monóxido de carbono e lesão por inalação de fumaça.
orofaringe A hipóxia pode estar relacionada à lesão
. DiÍiculdade para deglutir inãlatória, ventilação inadequada por queimaduras
. circunferenciais no tórax ou lesões traumáticas torácicas
Sinais de comprometimento respiratório:
incapacidade para eliminar as secreções não relacionadas à queimadura. Deve-se administrar
brônquicas, fadiga respiratória. ventilação ou oxigênio suplementar com ou sem intubação.
oxigenaçào deficientes Sempre considere a possÍvel ocorrência de exposição
. Dirninüção do nível de consciência onde os reflexos ao monóxido de carbono (CO) em doentes queimados em
de proteçâo das vias respiratórias são prejudicados ambientes fechados. O diagnóstico daintoxicaçáo por CO
. Necessidade de transferência do doente grande é feito primariamente pelahistóriade exposição e medida
queimado com comprometimento de vias direta da carboxihemoglobina (HbCO). Doentes com níveis
aéreas sem pessoal qualificado para intubá-lo de CO inferiores a 20% não costumam apresentar sinais e
durante o transporte sintomas. NÍveis mais elevados de CO podem resultar em:
Um nível de carboxihemoglobina superior a 10% em . cefaleia e náuseal20% a30%)
umdoente que estava envoMdo em um incêndio também
sugere lesão por inalaçáo. Transferência para um centro
. confusão l3O% a 4A%)

de queimados está indicadapara doentes com suspeitâ de


. coma (40% a 60%)
Iesão por inalaçáo; no entanto,se o tempo detransporte for . morte (> 60%)
17? CAPíTULO 9t LeSÕeS TéfmiCaS

A coloraçàovermelho-cereja dapele é rara e pode ocorrer lesào inalatória. Panículas de fumaça se instalam nos
somente no doente moribundo. A grande afinidade do bronquíolos distais,levaado a danos e morte das células da
CO pela hemoglobina {240 vezes a do oxigênio), faz com mucosâ. O dano das üas respiratórias leva a uma resposta
que ele desloque o oxigênio damolécula de hemoglobina inflamatória aumentada, que por suavez l€va ao aumento
e desvie a curva de dissociaçào da oxihemoglobina para a de extravasamento capilar, resultando em aumento da
esquerda. OCO dissocia-se muito lentamente e sua meia- necessidade de infusão delíquidos eproblemas na difusão
üda é de 4 horas se o doente respira ar amb iente. Em razão de oxigênio. AIém disso, as células necróticâs tendem a
da meia-úda de HbCO poder ser reduzida a 40 minutos morrer e obstruir a üa aérea. Clearance diminuído da
pela inalaçáo de oxigênio a 100%, qualquer doente que via aérea produz obstruçoes que resultam em um risco
podetersido exposto ao CO deve receber oxigênio de alto aumentado de pneumonia. Não apenas o cuidado dos
fluxo {100%) através de uma máscara de nâo-reinalação. doentes com Iesáo de inalação é mais complexo, mas a
É importante colocar um tubo endotraqueal (ETT) mortalidade é o dobro quando comparadô com outros
de tamanho adequado para a realizaçáo de ventilação, indivÍduos queimados que náo sofreram inalação,
limpeza de secreções e broncoscopia- Devem ser A Associação Americana de Queimadura definiu dois
utilizados tubos endotraqueais de pelo menos 7,5 mm critérios para o diagnóstico da lesão por inaiação por fumaça:
ou maior em adultos e 4.5 mm em crianças. (l ) exposiçào a um agente combustível, e (2) sirnis de exposÍçâo
Determinações de gasometria arteria.l devem ser obtidas à fumaça na üa aérea inferior, abaüo das cordas vocais,
comouma liúa de base para avaliar a condiçâo pulmonar visualizados pela broncoscopia. A possibüdade de lesão
do doente. No entanto, medida de PaO, arterial não por inalaçào por fumaça é múto maior se a quelnadura
conÍiável sugere envenenamento por CO, porque uma oconeu em um lugarfechado. Exposiçáoprolongada tamLÉm
pressão parcial de CO de apenas 1mm Hg resulta em aum€nta a probabüdade de iesao por inalaçâo por fumaça.
um nivel de HbCO de 40% ou maior. Portanto, medidas Como uma linha de base para avaliar o estadopulmonar
basais de HbCO devem ser obtidas e 100% de oxigênio de um doente com Iesão por inalação de fumaça, o
deve ser administrado. Se a dosagem de tIbCO não está médico atendente deve obteruma radiografia de tórax e
disponível e o doente esteve envolvido em incêndio determinaçào de gasometria aÍterial. Esses valores podem
em um ambiente fechado, o tratamento empírico com deteriorar-se ao longo do tempo; valores normais na
oxigênio a100%durante 4 a 6 horas é razoável como um admissão não excluemlesâo porinalação. O trâtamento da
ftatamento eÍicaz para a intoicâçâo pelo CO e compoucas lesâo porinalação de fumaça é favorável, Umdoente com
dewartagens. Umaexceção é o doenteportador de doença uma alta probabilidade de lesâo por inalação de fumaça,
pulmonar obstrutiva crônica, que deve sermonitorizâdo associado a uma queimadura significativa {ou seja, maior
atentamente quando é administrado oxigênio a 100%. que 20% de área de superfície corporal total IASCT] em
Oximetria de pulso náo pode ser utüzada como regra um adulto, ou superior a 109/o ASCT em doentes com
em envenenamento por monóxido de carbono, porque menos de 10 anos ou maiores que 50 anos de idade)deve
a maioria dos oxímetros náo consegue distinguir a ser intubado. Se a condição hemodinâmica do doente e
oxihemoglobina da carboxyhemoglobina. Em um lesão na colunavertebral foramexcluÍdas, eleve a cabeça
doente com intoxicação pelo CO, o oímetro pode ler e o tórax do doente a 30 graus para ajudar a reduzir o
saturação de 987o a 100% e que não reflete a saturação edemade parede do pescoçoe tórâx. Seuma queimadura
deoxigênio realdo doente, que deve ser obtida a partir de de espessura total da parede torácica anterior e lateral
gâsômêüia arterial. Uma discrepância entre a gâsometía levaa severa restrição de moümento deparede dotórax,
arterial e o oxímetro pode ser explicada pela presença de mesmo na ausência de uma queimadura circunferencial,
carboxihemoglobina ou umâ amostravenosa inadvertida. a escaÍotomia na parede to:ácica pode ser necessária.
Pode ocorrer Inalação de cianeto, apartir dos produtos
de combustão emqueimaduras que ocorrem em espaços TRÂTAMENTO DA CIRCULACÃO COM A
confinados €, nesse caso o médico atendente devê REANTMACÃO DO CHOOUE'CIUSIOO peLA
consultar um centro de queimados ou de controle de OUEIMADURA
veneno. Um sinal de potencial toxicidade do cianeto é sua
persistente e inexplicável profunda acidose metabólica, Em doentes gravemente queimados,
a avaliação do volume
Náo há nenhum papel para a terapia de oxigênio sanguÍneo circulante costuma ser difícil. Além disso,
hiperbárico na reanimação primária de umdoente com doentes gravemente queimados podem ser portadores de
lesào crÍtica por queimadura. Uma vez que os princípros outras lesoes que também causem choque hipovolêmico.
do ATLS são seguidos paraestabilizar o doente, consulte O choque deve ser tratado segundo os princípios de
ocentro de queimados localpâra outras orientaçôes se a reanimação conforme )á assinalado anteriormente. Ver
oxigenoterâpia hiperbárica poderá beneficiar o doente. Capítulo 3: Choque. A rearrimação com fluidos para o
Produtos de combustáo, incluindo pãrtículas de tratamento dâ queimadura tamlrém deve ser reüzada. Em
carbono e vapores tóxicos, são causas importantes de contraste com a reanimação para ouüos tipos de tÍauma
AVALIACÃO INICIAL E REANIMACÂO DE DOENTES COM QUEIMADURAS t73

nos quâis o déficit de líqüdos é geralmente secundário


à perda hemorrágica, a realimação por queimadurà é ARMADILHA PREVENCÀO
necessária para substituü as perdas liquidas contínuas de
extravasamento capilar deüdo à inÍlamação. Portanto, Cateteres Lembre-se que o edemà Levà

os médicos assistentes devem fomecer líquidos para intravenosos e tempo parâ desenvolve.
reanimação de doentes comqueimaduras parcial profunda tubo endotrâqueâ[ Use cêtêtêíês Longos
podem mobiLizar intrâvenosos pârâ compensêí o
e de espessura total maior que 20% SCT, tomando cuidado
após a reanimàçào. edema íneviúveL que ocorrcrá
para nào exagerar na reanimação (TEGURÂ92). Não co.ta. tubos endotraqueôis
Após estabelecer a permeabilidade da via aérea e avaüar rêgulármente seu
e identiÍicar e tratar as lesões que implicam em risco posicionamento.
,1
iminente de vida, devem ser providenciados acessos .'.',.,'
venosos. Para tanto, devem-se estabelecer imediatamente Americãna de Queimados para refletir preocupaçôes
âcessosvenosos com cateter de grande calibre (no mínimo sobreexcessode reanimação quando é utilizadaa fórmula
# 16G) introduzido em veia periférica. Se a extensão dâ de Parkland tradicional. As diretrizes do consenso atual
queimadura não permitir a introduçáo do cateter através orientam que areânimação com fluidos deve seriniciada
de pele íntegra, faça apunção através da pele queimada. com2mLde Ringer lactato xpeso do corpo do doente emkg
Tendo em vista a alta incidência de flebites e flebites x%. ASCQpara queimaduras de segundo e terceiro graus.
sépticas nas veias safenas, os membros superiores são O volume de Iiquido estimado é entào oferecido da
preferÍveis aos inferiores para o acesso venoso. Se acessos seguinte maneira: metade do volume total estimado é
venosos periféricos não podem ser obtidos, considere o administÍado nas primeiras 8 horas após a queimadura. Por
acesso venoso centra.l ou infusão intraóssea. exemplo umhomemdel00 Kgcom 80% deASCIqueimada
Deve-se iniciar a infusão com solução cristalóide necessita de 2 x 80 x 100 = 16.000 mI em 24 h. Metade
isotônica, preferencialrnente com solução de Ringer Iâctato. dessevolume calculado (8.000 mL)deve ser infundido nas
Esteia ciente de que o edema resultante pode desalojar primeiras 8 horas, portarto o doente deve receber 1.000 a
linhas intravenosa periféricas. Considere a colocaçâo de 2.000 mL ,4rora. O restante deve ser administrado nas 16
câteteres mais longos em queimaduras maiores. horas seguintes.
Aferiçôes da pressáo arterial podem ser dficeis de obter É importante entender que qualquer fórmula de reposiçáo
e podem não ser coniáveis em doentes com queimaduras serve âpenas para uma estimativa da necessidade inicial.
graves. Inserü um cateter urinário permãnente em todos Após essa quantidade idcial a reposição volêmica oferecida
os doentes que estão recebendo flúdos de reanimação de deve ser ajustada e baseada no debito uriniíno de O,sml,&g,lh
queimados e monitore a saída de urina para araliar a perfusão. em adultos e 1ml/kg/h para crianças menores de 30 Kg.
Diurese osmóüca {por exemplo, glicosúria ou uso de manitol) A taxa real de volume que um doente necessita depende
pode aumentar o débito urinário superestinândo a perfr.rsão. da gravidade da queimadur4 porque queimaduras maiores
A infusâo inicial de fluidos utilizada anteriormente para e mais profundas edgem proporciona.lmente mais volume.

reanimação do queimado foi atualizada pela Associaçâo L€são por inalaçáo também aumenta a quantidâd€ de
volume necessária. Se a taxa de infusáo inicial de fluidos
fa.lharem produzirum débito uriruirio adequado, âumente a
reposiçáo até que a metâ de pÍoduçáo de urina seja alcançada.
I No entÀrto, úo diminua vertiginosârnente a taxa de infusão
.tl venosa pela metade nas primeiras 8 horas; pelo contrário,
a redução na taxa de infusáo IV deve ser baseada no débito
urináío. Bolus de Íluido devem ser eütados a menos que
o doente esteja hipotenso. Débito urinário baixo é melhor
tratado com infusão de mais volume-
Reanimação de doentes pediátricos com queimaduras
(r neuu ç:) deve iniciar com 3 mllkg/% ASCq isto
equilibra uma exigência maior de volume de reanimaçáo
deüdo à maior área de superfÍcie por unidade de massa
..*.*, corpórea com o menorvolume intravascular, aumentando
o risco de sobrecarga de volume. Crianças muito pequenas

I (ou seja, < 30 kg), devem receber os fluidos de manutenção


EGT RA $2 Doenter com queimaduras ne(essitam reânimaçào com
soluçáo de Ringer lactato @meçando em 2 mL por quilograma de peso de glicose {glicose 57o em Ringer lactato), além do fluido
(oÍporàl por porcêntâgem ASCQ de queimaduÍas de erpessurê pârciâl de reanimação de queimadurar TAEÉI.a $t apresenta as
e quêimadurarde espersura totâlduranlê as primeirat 24 horàs pârà taxas de fluido a,ustadas ao débito urinário esperado
mânteí à adequada perÍlrsào, titulada a.ada hora. de acordo com o tipo de queimadura.
174 CAPÍTULO 9 . LeSÕeS Térmicas

t r ARMADILHA PREVENCAO

Reanrmacào a Administração de [íquidos


deve ser baseada na resposta
de doentes fisioLógicâ do doente,
queimados ajustãndo-sê a quantidade
de volume parâ mais ou para
menos baseada no débito

,ll r
urinário.
Reconhecêr os fatores que
àLteram a reposição voLêmica
e o débito urinário. como as

ti lesÕes por inàLação, rdâdê do


doente, insuf iciência renat,
diuréticos ê áLcooL.
Taquicârdià é um mârcêdor
! retn +3 Reanimaçào de doentes pediátricos queimados deve pobre duÍànte a reãnimâção
equilibrar a exigàndô maior devolume de reanimaçào devido à maior do doente queimado Utihze
area de supeír(rê (oÍpoÍea por unidade de nàssà coípóÍea corn o meno' outros parâmetrôs pârâ meIhor
volume intrâvâÍulêr, que aumenta o ris(o de sobreaarga devolume. avaliar â respostã fisiológrca à
rêposiçào voLêmrcà
É importante compreender que reanimação a menos
resulta em hipoperfu sào e Iesào orgânica final. Reanimaçâo
a mais resulta em aumento do edêma, que pode levar a mütifatorial, incluindo reanimação a mais ou infusâo de
complicaçôes, tais como progÍessão de profundidade de grandes volumes de solução salina durante a reanimação.
queimadura ou síndrome comparlimental abdominal
e de extremidades. O objetivo da reanimação é manter
o delicado equilíbrio de perfusão adequada conforme AVALIACAO DO DOENTE
indicado pelo débito urinário.
Arritmias cardíacas podem ser o primeto sinal de hipóxia
e disúrbios hidroeletrolíticos ou ácido-base; portanto, AIém de uma história clínica detalhada (AMPLA), é
o eletrocardiograma (ECG) deve ser realizado quando importante estimâr o tamanho da área de superfÍcie
ocorrem disúrbios do ritmo cardíaco. Acidemia persistente corporal queimada e a profundidade da lesão causada
em doentes com lesões decorÍentes de queimadua pode ser pela queimadura.

TABELA 9-I OUANTIOADE DE VOLUME A SER INFUNDIDO E DEBITO URINARIO ESPERADO


OE ACORDO COM O TIPO DE OUEIMADURA

CATEGORIA DA VOLU E DE ÚOUIDO A 5ER


OUEIMADURÂ IDADE E PESO INFUNDIDO DÉBITo URNIÁRIo

Oueimâdurâ por fogo AduLtos e âdotescente 2mLRLxKgxASC 0,s0 mL/Ks/h


ou água quente (:14 anos)
30-50 mL/h

Criancas (.14 anos) 3mLRLxK8xASC lml/Kg/h

Lactôntes e cíiançâs 3mLRLxKgxASC lml/Kg/h


jovens (!30 Kg)
* sotução glicosada de manutenção

Oueimâdurô eLétrica Todas as idades ,+ mL RL x lq x ASCQ .é dluÍes€ clara l-1,5 mL/Kt/íh até diurêse
cLara

RL = sôtuçào d6 Rhgê. L.ct.to; ASCT = áre. d. súpêrflcl€ co.pô.e. tot (


AVALIACÃO DO DOENTE 175

HISTÓRIA cardíac4 pulmonar e/ou renal e uso de medicamentos.


A existência préüa de alergia ou de hipersensibilidade
A história das circunstâncias em que ocorreu a lesão é também é importante. Alguns doentes podem tentar o
exüemarnente valiosa no úatamento do doente queimado- suicídio por queimaduras e o médico deve estaÍ atento à
A útima pode sofrer lesôes associadas durante as tentativas essa possibilidade. Além disso a história do doente deve
para escapar do fogo. Explosoes podem arremessaÍ o do€nte ser condüente com o padrão de queimadura. Se a história
adistâlcia e provocar fi:ânrras ou lesões intemas, como lesôes for "suspeita" o médico assistente deve se preocup:u com a
do SNC, miocárdrcas, pulmonares e abdominais. É essencial possibilidade de maus tratos. Também deve ser investigado
que se determine o momento em que ocoreu a queirnâdua. o estado de imunização do doente contra o tétâno.
Na existência de queimaduras em ambientes fechados deve-
se susp€itaÍ de lesão por inalação e lesão cerebral anóxica se Ánel oe supERFícrE coRpóREA oUETHADA
houver associaçáo com perda de consciência.
A história clínica, obtida através do doente ou da família, A "regra dos nove" é uma regra pÉtica e útil para determinar
deve incluir um breve interrogatório sobre doenças a extensão da queimadura (r retm sr). O corpo de um
preexistentes: diabetes, hipertensáo arterial, doença adu.lto é diüdido em regióes anatômicas que representam

,lus fü
àrá
*

i 13X
I
1Et
\
I
ü
1,

d
.r,sj -.4.5.
I FIGURA $4 Regía dor Nove. Estê guia
\ prático é utilizado parâ âvaliar a gravidade dàs
quêimaduras e determinar a quântidade de
volume a 5er admini5trâdo. O corpo do adulto

rIt geralmente é dividido êm áreas de superÍi(ie de

\ 970 côda e/ou Írasôes ou múltiplos de 9%.

18*

l
t
9% 9%

I
\'
4
176 CAPíÍULO 9 r LesÕes Térmrcês

9%,ou mütiplos de 9%, da superfície colporaltotal. A área com aspecto decera. A superfície éindolore geralmente
de zuperfÍcie corporal (ASC ) da criança é consideravelmente seca e pode ser vermelha e não mudar de cor à compressâo
diferente daquela do adúo. Na criança, a cüeça corresponde local. Há pouco edema no tecido com queimadura de
auma porcentagem maior e os membros irúeriores a uma espessura total, no entanto â area ao redor da queimadura
porcentagem menor do que no adulto. A porcentagem pode lpresentar um edema significativo.
da superfície corporal total que corresponde à cabeça de
uma criança é duasvezes maior que a do adulto normal. A AVALIAçAO SECUNDARIA E
palma da mão do doente (incluindo os dedos) representa
aproximadamente 1"/" de sua superfície corporalÁ regra
MEDIDAS AUXILIARES
dos nove ajuda a avaliar a extensão das queimaduras
com distribuição irregulare é a ferramenta preferencial Aspectos fundamentais da avaliação secundáriae medidas
para calcular e documentar a extensão da queimadura. auxiliares incluem exame físico; documentação; exames
básicos, incluindo exames laboratoriais e radiograÍias;
manutenção dâ circulação periférica em queimaduras
ARMADILHA PREVENCAO
circunferenciais de extremidades; sondagem gástrica;
narcóticos, analgésicose sedativos; cuidados com aferida;
Estrmar â Nào inclui. áreas de LesÕes
ant ibióticos: e Imunização antitetânica.
queimadura a supeírciais nâ estimatrva do
mars ou a mênot tâmanho da área queimadô
Lhii.rze a ,.e8.à dos no\€ DOCUMENTAçÃO
reconhecendo que as criônças
possuem cabeça proporcionatrneôte
Logo após a admissào do doente no depârtamento de
riêior que os adutos
Para cálcuto de área quêimada
emergência, deve ser iniciado o preenchimento de
irrêguLar utiljze a paLma dâ mào do uma folha de registro, descrevendo o tratamento que
doente junto com os dedos que lhe foi ministrado, incluindo a quantidade de fluidos
representam l% de áreâ corpórea administrados e um diagrama mostrando a área e a
queimada
profundidade das queimaduras. Esta folha de registro
Lêmbre-se de rodar o doente para
deve acompanhar o doente quando for transferido para
avaLiar seu dorso
uma unidade de queimados.

EXAMES BÁSICOS PARA DOENTES COM


PROFUNDIDADE DA OUEIMADURA OUEIMADURAS IMPORTANTES

Aprofundidade da queimadura é importante paraavaliar Deve-se obter amostras para hemograma, tipagem
sua gravidade, para planejar o tratamento da ferida e sanguínea e provas cruzadas, HbCO (carboxihemoglobina),
para prever os resultados funcionais e cosméticos finais. glicemia, eletrólitos e teste de gravidez em todas as
Queimcduros d.e primeiro grau ou superftciais (p. ex.: mulheres em idade fértil. Umaamostrade sangue anerial
queimadura solar), são carâctêrizadâs por eritema, dor também deve ser reúadapara determinação da gasometria
e ausência de bolhas. Elas não determinam risco de vida e dosagem de HbCO. Deve ser realizada uma radiograÍia
e geralmente não necessitam reposição endovenosa de de tóÍax nos doentes intubados ou com suspeita de Iesão
fluidos. A discussão deste tipo de queimadura nào seÍá por inalação de fumaça, que pode ser repetida conforme
aprofundada neste capítulo. a necessidade. Outras radiograÍias podem ser solicitadas
Queimoduros de seg undo grau ou de espessura parciol são para avaliar lesôes associadas.
caracterizadas pela aparência vermelha ou mosqueada e
presençade edema e bolhas. Podem serde espessuraparcial MANUTENçÃO DA CTRCULAçÃO
superficial ou espessura parcial profunda. Queimaduras de PERIFERICA EM OUEIMADURAS
espessura parcial supeúciais são úmidas, dolorosamente CIRCUNFERENCIAIS DE EXTREMIDADES
hipersensíveis (mesmo à corrente de ar), caracterizadas
pela aparência rósea e dolorosas ao toque {r 56gp;q 95 O objetivo da avaliação da cüculação periférica no doente
a ê 8). Queimaduras de espessura parcial profunda são queimado é excluir a síndrome compartimental. A sÍnd-rome
mais secas, menos dolorosas, combolhas, avermelhadas compartimenta.l é causada pelo aumento da pressão dentro
ou manchadas na aparência e menos dolorosas ao toque do compartimento musculaJ, o que interfere na peúrsáo das
(r rrcue.a *s c). estruturas dentrodesse compa.rtimento. Emqueimaduras,
Queimaduros d.e terceiro grau ou d.e espessura total esta condição resulta da combinação da diminüção de
costumam ser escuras e ter aparência de couro (r ttGURÂ elasticidade da pele e do aumento do edema dos tecidos
$5 D). A pele também pode apresentar-se translúcida, ou moles. A perfusáo da muscr atura do compartimento é a
AVALTAÇÀO SECUNDÁR|O E MEDTDAS AUX|L|ARE§ 177

t Espessura parcral.
Epiderme

u ,r.-l

. Bolhas
. DoloÍosa
. Supeíicie umida
ou "la.rimejante"

A r
k
=-"\
Ep
Espessura total
terceiro gràu
Derrne <
't
Tecido
1
lL..
Subcutâneo

. Apârência de courd'
.
\
Esbrànquiçadà orl
N il
. Íecrdo morto
. Ceralmente indotor

f-l
t
*r
B D
I tIGURA 9-5 PÍoíuôdidade dâ Quêimadura. A. Queimaduía de espessura par(iêl superÍi(ial. B. Quermadura de erpêtsurà parcial
C. Queimadurã de espessura parcial profLJnda 0. Queimadura de espegsura total em membro ruper or e dorso.

Inchaço tenso do compartimento afetado


maior preocupaÇâo relacionâda à extremidades. Apesar Parestesias ou alteracào da sensibilidade distal
da necessidade de uma pressão compartimental maior no compartimento afetado
que a pressâo arterial sistólica para que haia ausência de
pulso distal à queimadur4 uma pressão compartimental Um alto índice de suspeita é necessário quando os
>30 mmHg pode causar necrose do músculo. A partü do doentes sáo capazes de cooperar com o exame clínico.
momento que o pulso está ausente pode ser tarde demais Sindrome compatimental também pode ocorrer devido
para salvar o músculo. Portanto, o médico deve estar atento a queimaduras circunferenciais no tórax, Ievando a um
para os sinais de síndrome compartimental: maiorpico de pressão inspiratório ou no abdome levaado
. Dor maior que a esperada e desproporcional ao a síndrome compartimental abdominal. Escarotomias

estímulo ou Iesão torácica e abdominal realizadas ao longo das Iinhas


axilares anreriores combinadas com uma incisào cm cruz
. Dor ao estiramento passivo do músculo afetado
'78 CAPÍTULO 9 r Lesôes Térmicas

na Iinha clavicular € junção do tórax e abdome geralmente CUIDADOS COM A FERIDA


aliüam problema.
o
Para maÍrter a circulação periférica em doentes com As queimaduras de espessura parcial {segurdo grau)sâo
queimaduras circunferenciais de extremidades, o médico dolorosas quando o ar passa sobre a superfície queimada. A
assistente deve: cobertura da área queimada com um pano limpo aplicado
delicadamente impede o contato como ar corrente e aliüa
Remover todas as joias e placas de identificação a dor. Não se deve romper as bolhas ou aplicar agentes
de alergia das extremidades do doente. antissépticos nessa fase. Qualquer substância aplicada
Avaliar circulação dista.l, observando se há
a preüamente deve ser remoüda ântes que possâm ser
cianose, se o enchimento capilar é lento, ou se usados agentes antibacterianos tópicos apropriados. A
existem sinaisprogressivos de comprometimento
neurológico, por exemplo, parestesia e dor aplicação de compressas frias pode causar hipotermia.
em tecidos profundos. A avaliação de pulsos Nãouse água fria em doentes com queimaduras extensas
periféricos em doentes queimados é realizada (> 10% ASCQJ. Uma queimadura recente é uma área
com maior segurança por ultra-som Doppler. limpa que deve ser protegidâ da contaminaçáo. Quando
A dificuldade circulatóÍia que resulta da necessário, limpe uma ferida sufa com soro fuiológico
queimadura circunferencial de um membro estéril. GaÍanta que todos os indivÍduos que forem entÍar
pode ser aliviada pela escarotomia, mas sempre em contato com a feúda usem luvas e avental e minimize
após consultar um cirurgiào. As escarotomias
o número de cuidadores sem equipamento de proteçâo
não costumam ser necessárias nas primeiras 6
horas após uma queimadura. no ambiente do doente.

Um procedimento de fasciotomia raramente


se torna necessário. Entretanto, pode ser ARMADILHA PREVENCÃO
indicado para restaurar a circulação em doentes
com trauma ósseo associado, com lesóes
Doente desenvo[ve Lembre quê o edema
por esmagamento, com lesão elétrica de alta
Lesào em tecrdos demora parà aparecer
voltagem ou com queimaduras acometendo
profundos devrdo â Reavàtie ou evite curativos
tecidos abaixo da aponeurose-
constnção do curativo
Embora diagramas de escarotomia padrão Remova anéis e roupas que
geralmente sâo seguidos, sempre tente lazer cáusem constÍição
uma incisão na pele através da área queimada
e nào na pele não queimada (se a pele não
Doente desenvolve Reconheça que a
queimada está presente). Lembrar que a pele pêLe queimàdâ é
lesão de tecrdos
queimada irá provavelmente ser desbridada no profundos decorreôtes inelástica. Oueimaduras
centro de quelmaduras.
de queimaduras circunferenciâis
coôstfltrva5. podem necessitar de
escarotomias
SONDAGEH GÁSTRICA
ANTIBIóTICOS
A sonda gástrica deve ser colocada e mantida aberta
se o doente apresentar náusea, vômitos, distensão Antibióticos proÍiláticos não estão indicados na fase
abdominal, ou se a queimadura envolver mais de 20% inicial logo após as queimaduras. Os antibióticos devem
ASCQ Em tais doentes, é essencial que asondagástrica ser reservados para o tratamento de infecçôes.
sejacolocadaeesteiafuncionando antesdeumaeventual
transferência. rMUNrzAçÃO ANTI-TETÂNrCA

NAR.CóTICoS, ANALGÉSICOS E SEDATIvOS É muito importante a determinação do estado de


imunÍzação do doente. (Ver Imunizaçõo Ántitetânico.)
O doente portador de queimaduras extensas pode estar
ansioso e ãgitado deúdo à hipoxemia ou à hipovolemia
LESÔES ESPECÍFICAS POR
mais do que àdor. Cônsequentemente, responde melhorao
oxigênio ou à administraçáo de lÍquidos, do que ao uso de OUEIMADURAS
analgésicos, narcóticos ou sedativos que podem mascarar
os súais de hipoxemia ou hipovolemia. Os narcóücos, os Embora a maioria dos ferimentos sejam por queimadura
ana.lgésicos e os sedativos devem ser administrados em térmica, existem outras causas de queimaduras
doses pequenas e ftequentes e apenas por via intravenosa. que m€r€c€m especial consideração, incluindo as
l,embre-se que o simples ato de cobrir a queimadura já queimaduras químicas, elétricas e as causadas pelo piche
leva ao a]Íüo da dor. quente, bem como as queimaduras que indiquem abuso.
LESÕES ESPECÍFICAS POR OUEIMADURAS 179

OUEIMADURA OUíMICAS no sulco palpebral. Há queimaduras especíÍicas (como


queimaduras por ácido hidrofluorídrico) que requerem
A lesão química pode resultar da exposição a ácidos, consulta a um centro de queimados. É importanle
álcalis, ou derivados do petÍóleo. Queimaduras ácidas determinârã naturezado produto químico e, se possível,
causarnuma necrose decoagulaçáo do tecido circundante, obter uma cópia das informaçôes do fabricante para
que impede a penetraÇâo do ácido em certa medida. pesquÍsar a respeito da toxicidade local e sistêmica da
Queimaduras por álcalis sào geralmente mâis graves do substância. Cuidadores também devem tomar cuidado
que queimaduras por ácido, porque o álcali penetra mais para se proteger da exposiçào inadvertida durante o
profundamente deúdo à necrose de liquefaçâo do tecido. processo de descontaminação.
É essencial remover rapidamente o produto químico
e cuidar imediatamente da ferida. As queimaduras OUEIMADURAS ELÉTRICAS
químicas são influenciadas pela duração do contato,
pela concentração epela quantidade do agente químico. As queimaduras elétricas resultam do contato de uma
Se o produto químico for em pó seco e ainda estiver fonte de energia elétrica com o corpo do doente. O
depositado na pele, deve-se removê-lo antes de iniciar corpo pode servir como condutor da energia elétrica
a irrigaçâo com água. Logo após, irrigue imediatamente e o calor gerado resulta em lesão térmica dos tecidos.
o local comgrandes quantidades de águaaquecida, por Diferentes velocidades de perda de calor por parte de
pelo menos 20 a 30 minutos, utilizando uma ducha tecidos superÍiciais e pÍofundos são responsáveis pela
ou mangueira (r rtcune g-o). Queimaduras por álcalis coexistênciade pele aparentemente normal com necrose
necessitam de irrigaçào mais prolongada. Agentes muscular profunda. Portanto, as queimaduras elétricas
neutralizantes náo têm vantagem sobre a lavagem com frequentemente sâo mais graves do que parecem à
água, pois a reaçáo com estes produtos, por si só, produz inspeção externa, e as extremidades, especialmente os
calor e causa maiorlesão tecidual. As queimadurâs dos dedos estào particularmente pÍopensos à lesão. AIém
oihos por álcalis exigem irrigação contÍnua durante as disso, a corrente elétrica passa por vasos sanguíneos e
primeiras 8 horas após a queimadura. Para facilitar esta nervos e pode causar trombose local e lesão nervosa.
irrigaçâo, pode-se fixar uma cânula de pequeno calibre Graves ferimentos elétricos geralment€ resultam em
contraftlra da extremidade afetada. Umamão contraída
com um pequeno orifício de entrada elétrica deve alertâÍ
ARMADILHA PREVENCÀO o médico atendente que uma lesão de tecidos moles
profundos é provavelmente muito mais extensado que é
Doente ãpresêôtã Obter âs informações üsívela olho nu (r TGURAg-7). Doentes com queimaduras
quermadura química do fàbricante a respeito
elétricas frequentemente necessitam de fasciotomias e
e exposlçào à dô substância em
componente nào quêstão ou contârâr o devem ser transferidos precocemente para um centro
conhecido. Centro Toxrcotó8ico de queimados no início de seu tratamento.
para identiflcàr potenciat
toxicidade da refer,da
substâncià-

L
--'\

§, ,i
,\
§t I
RE
f trcURA 9-7 Queimadura Elétri(â. Umô mâo contraida com um
pequeno oriÍrc o de entrada elétrica deve alertar o médico âtendente
que a esão de tecidos Ínoles proÍundor é provàvelmente rnuito môi!
f FIGURA 9-6 Queimâdura Química. Remova imediatêmente o produto extensa do que é vi5ivel a olho nu. Estê doente prêcisou de uÍna
quimico utilizândo grande quantidade de âgua, durante pelo menos 20
Íar(iotomla vo âr do êntêbraço pôÍa descompÍimir o mü5(ulo.
a 30 minutos.
I8O CAPÍTULO 9 r LêSÕeS Térm cas

O atendimento imediato de um doente com queimadura piche derretidopode ser muito alta até 232" C quando
- -
retirado do caldeirão. Um fator complicador é a adesão do
elétrica grave inclui a atenção à via aérea e à respiraçâo, o
estabelecimento de acesso venoso em membro que não teúa piche quente à pele e infiltração das roupas, resultando
sido afetado, a monitoração eletrocardiográÍica e a sondagem em contÍnua transferência de calor. Tratamento inclui
vesical de demora da bexiga. A eletricidade pode causar reftigeração rápidado piche e cuidado para evitar trauma
arritrnias cardíacas que podem evoluir para parada cardâca. adicional ao remover o piche. Vários métodos são descritos
Monitorizâção prolongada é indicada para doentes que na literatura; o mais simples é o uso de óleo mineral para
demonstram a lesáo da queimadura, perda de consciência, dissolver o piche. O óleo é inerte, seguro napele Lesada e
exposição a a.lta tensão ( > 1.000 volts ) ou anormalidades do disponível em grandes quantidades.
ritmo cardíaco ou arritmias na ava-liação inicial.
Como a eletricidade causa contrãções forçadas dos PADR,õES DE OUBMADURA OUE INDICÁI.í ABUSO
músculos, o médico deve examinar o doente para
procurâr lesões musculoesqueléticas associadas, É importante para o máiico atendente ter a consciência
incluindo apossibilidade de Iesóes vertebrom€dulares. A de que o ferimento de queimadura intencional pode
rabdomiólise decorrente da p ropagação elétrica através do o(orrer tanto em crianças como em adultos. Os doentes
músculo provoca liberação de mioglobina que pode causar que são incapazes de controlar seu ambiente, tais como
insuficiência renal aguda. Nestas circunstâncias, não cabe os muito iovens e os muito velhos, são particularmente
esperar a confirmação laboratorial antes de instituir a rulneráveis ao abuso e negligência. Queimaduras ctculares
terapiapara mioglobinúria. Se a urina estiver escura, deve- e queimaduras com bordas claras e padrões únicos devem
se considerar a presença de hemocromógenos. Segundo levantar suspeitas; elas podem indicar que um cigarro ou
ãs diretrizes do consenso da Associação Americana outro objeto quente {porexemplo, o ferro de engomar)foi
de Queimaduras (American Bum Ássociotion - ABA) a colocado em contato com apele do doente. Queimaduras
fórmula para iniciar a reanimação por ferimentos de nas solas dos pés da criança geralmente sugeÍem que a
queimaduras elétricas é 4 mL / kg / % ASCQpara garantir criançafoicolocadaempénabanheirâcomáguaquente.
uma produçào urinária de 100 mI/ h em adultos e 1-1,5 Por outro lado, derramar água quente sobre ele ou ela,
mL/ kg /h em crianças com menos de 30 kg. Umavez que com contato dos pés na barheira Íiia pode protegeÍ a parte
a urina se torna clara de pigmentação, diminuir a infrrsão inferior do pé. Queimadura localizada na face posterior
de fluidos IV para garantir um débito urinário padrão de das pemas e nádegas pode indicar que um doente idoso
0.Sml/kg/h. Consultar uma unidade de queimados do foicolocado sentado em umabanheira com água quente.
local antes de iniciar infusão de bicarbonato ou manitol. Lesôes antigas causadas por queimaduras em um cenário
de umanova lesáo traumáüca, como umaftatura, também
OUEIHADURA POR, PICHE OUENTE devem levântar a suspeita de abuso. Acima de tudo, o
mecanismo eo padrão das lesões devem coincidir com a
Em ambientes industriais, indiúduos podem sofrer lesões história da l"$o.
secundárias porpiche quente ou asfalto. A temperatura do

TRANSFERÊNCIA DE DOENTES

Os critérios para transferência de doentes para centros


Doente com Lêmbre-se que, em queimaduaas de queimados foram estabelecidos pela Associação
queimadurã elétflcàs, ê Lesào muscubr pode Americana de Queimados.
elétrica que ocorrêr com poucos sinars
êxternos de [esão
rnsuficiência Dosagem unnária posrtrva parà CRITÉRIOS PARÂ TRÂNSFERÊNCIA
renàt. mioslobina indica a necessidãdê
de âdministraçào de fLuidos parà Os seguintes tipos de queimaduras geralmente
aumentar o débrto urinário. nec€ssitâm transferência para um centro de queimados:
Avâtiàr repetidàmente o doente
vítima de qúermadura elétricâ
no sentido de dra8nosticàr 1. Queimaduras de espessura parcial
precocemente a síndaome comprometendo mais que 10% ASCQ.
comparttmentaI e â nêcessidade 2. Queimaduras envolvendo a face, màos, pés,
dâ rêalizaçào de fàsciotomia.
genitália, perÍneo, ou comprometendo a pele
Doente com queimadura
etétrlcâ pode apresentar
sobre as principais ârticulações.
arritmiâs caídÍâcas e prêcrsa 3. Queimaduras de terceiro grau em qualquer
estâr monitônzôdo ê reàtrzar grupo etário.
ecocôrdiografra
4. Queimaduras elétricas, incluindo Iesôes por raios
LESÔES POR FRIO: EFEITOS TECIDUAIS LOCAIS I8I

5. QueÍmaduras quÍmicas.
6. Lesões por inalaçào. ARMADILHA PREVENCAO
7. Queimaduras em doentes com doenças prévias
que podem complicar o atendimento, prolongar Doente "perde" ã ReavaUar frequentemente â

a recuperação, ou elevar a mortalidade (por intubação du.ànte o permeabiLidade da viâ aérea


tran5porte antês dà t.ansferência.
exemplo, diabetes, insufi ciência renal). Ouando o doeôte aprêseíta
8. Qualquer doente queimado com trauma fatores de nsco pêí'à lêsão
concomitante (por exemplo. franuas I na qua.l a Pôr ioalàçào ou receb€u
queimadura aumentao úco de morbidade ou quântidãdes signi6càtivâs de
ftuidos para reànimâção. enúe
mortal.idade. Em tais casos, se o trauma representa
êm contâto com â iôs&uiÉo
um maior risco imediato, o doenle pode ser que iní receber o doente
inicialmente estabilizado em um centro de hauma pa.a discutir a necessjdade
antes de ser Eansferido para uma unidade de de intubâcáo ântes da
queimados. A avaliação médica é necessária em tais tÍansfurência
situações e deve ser considerada em conjunto com os
pÍotocolos de controle médico regional e de triagem.
Doente refere muita Providenciar adequada
9. Crianças com queimaduras atendidas em hospitais dor na5 trocãs de ânaLSesia antês dê
mân putaçào dô curativo.
sem pessoal quaJificâdo ou sem equipamentos Ut ti22r .r rrãtrvos nào-
especÍficos para seu cuidado devem ser transferidas aderentes e iençó s Umpos pêra
para um cenho de queimados que atenda crianças. prevenÇâo de con'.âminacão
antes da tÊnsferência.
10. Queimaduras em doentes que irão necessitar de
suporte especial, tanto do ponto de vista social
como emocional, ou de reabilitação prolongada. O hospitaI que recebe Assegurâr as nfô.mâcões
o doente queimado apropriadas refêrentes âo
não é capaz de concLlrir doente quermado através
Em razão destes critérios serem tão abrangentes, o sobre o tamanho da de formulár os própios de
queimadurã rnformâda
médico atendente pode optar por consultar um centro nos documentos de
de queimados e determinar um plano de tratamento transfêrêncra
adequado que evite a transferência. Porexemplo, no caso
de um doente com queimadura de espessura parcial em O hospitat que recebe Assegurâr que as
mão ou rosto, que tenha um controle álgico adequado o doente queimado rnfoamacões apropriãdas
nào é cêpaz de rêferentes â qr..rantidade
com medicação via oral e possa ter suas queimaduras concLurr ê respeito de ftuidos ãdmrnrstrados e
tratadas à nível ambulatôrial, pode evitar os custos de dà quantidade de
ftuidog admrnistrados débito urináÍro do doente
transferência imediata para um centro de queimados. infoamâdâ nos queimado sejam enviâdas
documentos de
transferênciâ.
PROCEDIMENTOS DE TRANSFERÊNCIAS

A transferência de qualquerdoente deve serplanejada com


omédico do centro de queimados. Qualquer informação TIPOS DE LESõES POR FRIO
pertinente sobre exames, temperatura, pulso, Iíquidos
administrados e débito urinário, deve ser registrada em Dois tipos de lesão por frio são vistos no doente
folha adequada e enviada junto com o doente. Também traumatizado: Congelamento e lesão não congelante.
deve ser encaminhada qualquer outra informação que
seia consideÍada importante tanto para o médico que CongeLamento
encaminia o doente como para o médico que üáreceber
esse doente queimado. O congelamento é deüdo a lesão do tecido porformação de
cristais de gelo causando lesâo de membraaa celular, oclusâo
microvascular e anóxia tecidual subsequente (r n6uRA 9€ 1. I
LESOES POR FRIO: EFEITOS dano tecidual também pode resultar da lesão de reperfr»ão
TECIDUAIS LOCAIS que ocorre no reaquecimento. O congelarnento é classficado
em graus, primeiro, segundo, terceiro e quarto graus de
Agravidade das lesôes porfrio depende da temperatura, acordo com a profirndidade de envolvimento.
da duração da exposiçáo, das condições ambientais,
do grau de proteção conferida pelas roupas e do l. Congelamento de primeiro grau: hiperemiâ e
estado de saúde do doente. Temperaturas mais baixas, edema estão presentes sem necrose da pele.
imobilizaçáo, exposição prolongada, umidade, presença 2. Congelamento de segundo grau: formaçào
de doença vascular periférica e de feridas abeftas são de vesÍcula grande, clara acompanhada de
hiperemia e edema com necrose de pele de
fatores que aumentam a gravidade da lesáo.
espessura parcial,
182 CAPÍTULO 9 . Le-cÕes Ter nr cas

surgir complicações de infecçáo local, como celulite,


linfangite ou gangrena. Bons cuidados higiênicos locais
podem eútar a ocorrência da maioria destas lesões.

TRATAMENTO DO CONGELAMENTO E OAS


LESõES NÃO CONGELANTES

O tratamento dev€ ser imediato para reduzir a duração do


'lsr*' congelamento dos tecidos. Entretanto, o reaquecimento
não deve ser iniciado se existir o risco de um novo
congelamento. Roupas úmidas e apertadas devem ser
substituídas por cobertores aquecidos e, desde que
. .i,,:.. possa ingerir líquidos, o doente deve receber lÍquidos
.&l quentes porvia oral. As medidas iniciais a serem tomadas
incluem a colocaçáo daparte afetada emágua circulante
f tl6uRA 9-8 Congelàmento. O congelamênto e dev do a le5ào a 40 "C (104 "F) até que ocorÍa o retorno da perfusâo e
do5 tec dos por tormêção de crlrtait de gelo dentÍo da5 (elu as e poí
a coloraçáo volte a ser rosada (o que l€va, usualmente,
oc usào micíovôscular que resulta em anóxiê tê(idua .
20 a 30 minutos). A melhor forma de conseguir, isto é,
3. Congelamento de terceiro grau:necrose no ambiente hospitalar, em um grande tânque como
do tecido subcutâneo e de espessura total uma banheira de hidromassagem com água circulante.
e comumente com formação de vesículas O calor seco deve ser evitado, assim como esfregar ou
hemorrágicas.
massagear a área. O processo de reaquecimento pode ser
4. Congelamento de quarto grau: ocorre necrose extremamente doloroso, sendo essencialque se utilizem
de pêle de espessura total;incluindo o músculo e
analgésicosadequados (narcóticos, infu ndidosporvialV).
osso com posterior necrose.
Durante o reaquecimento, recomenda-se a monitoração
Embora a parte do corpo afetada se apresente cardíaca. Aquecimento de grandes áreas pode resultar
inicialmente endurecida, fria, branca e anestesiada, a em síndrome de reperfusão, com acidose, hipercalemia
aparência da lesâo muda durante o curso do tratamento e inchaço local; portanto, monitore o ritmo cardíaco e a
na medida que a área é aquecida e torna-se perfundida. perfusão periférica durante o reaquecimento do doente.
O regime de tratamento inicial se aplica a todos os gÍaus
de Iesáo, e muitas vezes a classiÍicação inicial da lesâo Cuidados Locais no Congelamento
não é prognóstica. O trâtamento cirúrgico final do
congelamento depende do nível de demarcaçáo dos O objeüvo do tratamento das lesões devidas a congelamento
tecidos perÍundidos. Esta delimitâçáo pode Ievar de é preservar os tecidos danificados, prevenindo a infecçào,
semanas a meses para chegar a uma fase final. evitando abrirvesículas não infectadas e elevandoa parte
afetada que é deixada exposta ao arambiente. Os tecidos
Lesão não Contetante lesados devem ser protegidos por uma tenda ou por outro
dispositivo de modo a nào exercer pressào sobre eles.
A lesão nâo congelante é devida ao comprometimento Quando do tratamento de doentes com hipotermia,
do endotélio microvascular, estase e oclusão vascular. é importante reconhecer as diferenças entre o
O termo pé {ou mâo) de trincheira ou pé (ou máo) de reaquecimento passivo e ativo. Reaquecimento pâssivo
imersáo descreve um tipo de Iesão não congelante que envolve colocar o doente em um ambiente que reduza
pode acometer as mãos ou os pés, que afeta tipicamente a perda de calor (por exemplo, usando roupas sêcas e
soldados, marinheiros ou pescadores e que resulta da cobertoresJe sebaseia no mecanismo de termorreguiaçáo
exposição crônica a ambiente úmido e a temperaturâs intrínseca do doente para gerar calor e elevaratemperatura
pouco acima do ponto de congelamento, ou seia 1,6'C do corpo. Este método é usado para hipotermia leve, O
a 10 "C. Embora o pé inteiro possa parecer preto, pode reaquecimento ativo envolve fomecer fontes adicionais de
nâo haver destruiçâo de tecidos profundos. O quadro energia de calorpara o doente (por exemplo, administrar
evolui através da alternância de vaso-espasmo e de solução endovenosa aquecida, colocaçáo de almofadas
vasodilatação arterial. Os tecidos afetados apresentam'se aquecidas emáreas de alto fluxo vascular como a virilha e
frios e anestesiados no início e evoluem para a hiperemia axila e iniciar desvio circulatório). O reaquecimento ativo
em 24 a 48 horas. Com a hiperemia surge uma sensaÇâo é usado para doentes com hipotermia moderada e grave.
intensa e dolorosa de quelmação e de disestesia, assim Embora os doentes possam encontrar-se desidratados,
como lesôes teciduais caracterizãdaspor edema, formação apenas raramente a perda de Iíquidos é suÍicientemente
de bolhas, vermelhidão, equimoses e ulceraçôes. Podem grande a ponto de exigir medidas de reanimação com
RESUMO DO CAPÍTULO I85

o uso de soluções endovenosas. A adoçáo de medidas (89.6 "F). Ahipotermiaé comumemdoentestraumatizãdos


de proÍilaxia ântitetânica depende do estado prévio de graves, mas a queda progressiva da temperatura cenffal podê
imunização do doente. O uso de antibióticos por via ser lirnitada com a in-firsão de flúdos e sangue aquecidos,
sistêmica deve ser reservado para infecçõesjá instaladas. exposiÇão sensata do doente, e aquecimento do ambiente.
As feridas devem ser mantidas limpas e as bolhas não Evitar a hipotermia iâEogênica durante a exposição e infusão
infectadas devem ser deixadas intactas por 7 a l0 dias, de líquidos é importa-nte, pois a hipotermia pode piorar a
com o intuito de oferecer um curativo biológico estéril, coâgulopatia e afetar a funçáo orgànica.
capaz de favorecer a epitelizaçáo subiacente. A nicotina e, Os sinais de hipotermia e seu tratamento seo
ponanto, o tabaco, assim como quaisqueroutros agenres explicados em mais detalhes no Ápêndi ce B: Himlteímia
vasoconstritores devem ser evitados. Atividades fÍsicas e lesões térmicos.
mais intensâs são proibidas até a resolução do edema.
Numerosas medidas adjuvantes foram tentadas para
restaurar o fomecimento de sangue ao tecido afetado pelo
fiio. Infelizmente, em sua maioria, todas mostraram-se
I V TRABALHO EM EQUIPE
ineficazes. Bloqueiosimpático (porexemplo,simpatectomia
ou drogas)e agentes vasodilatadores nào provararn serem O líder da equipe deve:
úteis para alterar aprogressão da lesão aguda causada pelo
frio. Da mesma form4 heparina e oxigenoterapia hiperbárica CertiÍicar-se de que a equipe de trauma
também falharam em demonstrar benefícios substanciais reconhece os aspectos especÍficos do
de tratamento. Várias séries de casos reEospectivos têm tratamento de doentes com queimadura e é
sugerido que agentes trombolíticos podem mostrar alguma
capaz de aplicar os princípios do ATLS nesse
tipo de doente.
promessa, mas apenas quando a terapia trombolítica for
administrada nas primeiras 23 horas da Iesão congelante. Aiudar a equipe a reconhecer a importância
No caso das lesões por frio em geral, a avaliação delimitar a exposição do doente a Íim de
da profundidade e extensão das lesôes teciduais não minimizaÍ â hipotermia e infecçâo da área
queimada.
costuma ser precisa até que ocorra a demarcaçào daárea
afetada. Para tanto podem ser necessárias semanas ou Incentivar â equipe de trauma a comunicar-se
mesmo meses de observação. Por isso, o desbridamento precoce e regularmente sobre os desaÍios de
ciúrgico precoce ou a amputação raramente sáo reanimar um doente queimado (por exemplo,
acesso IV e necessidade de escarotomias).
indicados na fase inicial, a nào ser que ocorra infecçáo.

LESOES POR FRIO: RESU MO DO CAPÍTU LO


HIPOTERMIA SISTÊMICA
1. Queimaduras são exclusivas; a inflamação/
Do€ntes trauÍnatizâdos tamlÉm sáo suscetíveis à hipotermia edema causada pela queimadura pode não ser
e qualquer grau de hipotermia em doentes tr
rmatizâdos imediatamente evidente e requer a compreensão
pode ser danoso. Entende-se porhipotermia o estado no qual da sua Íisiopatologia.
a temperatura central do doente cai abaixo de 36 "C (96.8 "F)

e por hipotermia grave a temperafl[a cenüal abaixo de 32 "C 2. Medidas salvadoras para doentes com queimaduras
incluem interromper o processo de queimadura,
reconhecendo a lesão por inalação ê gãrantindo
ARMADILHA PREVENCAO uma via aérea pérvia, oxigenação e ventilaÇão
adequadas e rapidamente conseguir um acesso
Doente se tornâ Lembae-se, a termorregulaçào é venoso e iniciar a reposiçáo volêmica.
hipotérmico. difÍcit em doentês portadores de
[esào por quêimadurâs. 3. Reanimação volêmica é necessária para manter a
Se for irrigar as queimadu.às utiLize perfusão decorrente da perda de fluidos causadas
soLuçào sàtana àquecrda pela inflamaçâo. A resposta inflamatória que conduz
Aqueçâ o ambiente. as necessidades circulatórias está diretamente
Utitize tâmpadâs de aquecimento relacionada ao tamanho e profundidade da
e cobertores paaà reaquecer o queimadura. Apenas queimaduras de segundo
doente e terceiro graus são incluídas no cálculo da
Use ftuidos EV aquecidos
reposição volêmica. A "regra dos nove" é uma
184 CAPÍTULO 9 r LesÕes Term cas

regra prática e útil para determinar a extensão 4. Cancio LC. Initial assessment and fluid re-
da queimadura. A área de superfície corporal da suscitation ofburn patients. Surg CIin North Am
criança é consideravelmente diferente. Nâ crianç4, 2074 Argt9 4 l4l :7 4l-7 54.
a cabeça corresponde a uma percentagem maior e 5. Cancio LC, Lundy JB, Sheridan RL. Evolving
os membros inferioÍes a umapercentagem menor changes in the management ofburns and envi-
do que no adulto. ronmental injuries. Surg CIin North Am 2Ol2
Aug;92(4):959-986, Íx.
4. Deve-se ter atenção especial aos problemas próprios 6. Carta T, Gawaziuk l, Liu S, et al. Use of mineral
das queÍmaduras. A Íntoxicação por monóxido oil Fleet enema for the removal of a large tar
de carbono deve ser suspeitada e diagnosticadã. burn: a case report,,f Burns, 2015 Mar;41(2):
Queimaduras circunferenciais podem necessitar e11-4.
de escarotomia. 7. Gentilello LM, Cobean RA, Offner Pr, et al.
Continuous arteriovenous rewarming: rapid
5. Outras causas de queimaduras devem ser reversal ofhypothermia in critically ill patients.
reconhecidas e iniciado o tratamento adequado. J Trou mo 1992:3213) :376-327.
Queimaduras quÍmicas requerem retirada imediata 8. Gonzaga T, Jenebzadeh K, Anderson CP,
das roupas e irrigação com grande quantidade Mohr Wl, Endorf FW, Ahrenholz DH. Use of
de água para evitar mais Iesão. Queimaduras intraarterial thrombolytic therapy for acute
elétricas podem estar associadas com grandes treâtment offrostbite in 62 patients with review
IesÔes ocultas. Doentes com queimaduras têm of thrombolytic therapy in frostbite. J BurnCare
um risco aumentado de hipotermia. A analgesia Res,2015.
adequada náo pode ser subestimada. 9. Halebian P, Robinson N, Barie P, et al. Whole
body oxygen utilization during carbon monoxide
6. A Associaçào Americana de Queimaduras poisoning and isocapneic nitrogen hypoxia.,l
identificou os tipos de queimaduras que geralmente Troumo 1986;26:110-117.
necessitam transferência para um centro de 10. )urkovich GJ. Hypothermia in the trauma patient.
queimados. Os princípios de transferência sào In: MaullKI, Cleveland HC, Strauch GO, et al., eds.
semelhantes aos doentes não queimados, mas Advcnces in Troumo. Vol. 4. Chicago, IL:Yearbook;
incluem uma avaliação precisa da profundidade 1989:11-140.
e extensão da queimadura. 11. jurkovich G), Greiser W, Luterman A, et al. Hy-
pothermia in trauma victims: an ominous
7. O tratamento inicial dos doentes com Iesôes por predictor of survival. ) Trauma 7987:27:
frio inclui realizar o ABCDEs da reanimação, 1019-1024.
reconhecer o tipo e extensão da lesào por frio, 12. Latenser BA. Critical care of the buÍn patiênt:
medir a temperatura central do doente, iniciar um the first 48 hours. Crit Care Med 2009 Oct;37
Íegistro de tratamento, e iniciar precocemente as (10)r2819-2826.
técnicas de reaquecimento. 13. Moss ). Accidental severe hypothermia. Surg
Gynecol Obstet 198 6;162:501-513.
14. Mozingo DW, Smith AA, McManus WF,
et al. Chemical burns. ,l Trauma 1988;28:
BIBLIOGRAFIA 642-647 .

15. PerryRJ, Moore CA, Morgan BD, etal. Determining


the approximate area of burn: an inconsist-
1. Baxter CR. Volume and electrolyte changes ency investigated and reevaluated. BM) 7996;
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10 TRAUMA PEDIATRICO

Traumotismos oinda são a causc mais comum de óbitos e sequelas nainfôncia. Amorbidaile
e mortalidade ultrapassam todas as principais doenças da cianço e do adulto jovem, sendo o
trauma o maior problema de saúde pública e de atendimento nesta população-
CAPíTULO IO SUMÁRIO
OBJETIVOS TRAUT4A ABOOMINAL
. AvaLiacão
INTRODUÇÀO . f1étodos DiagnósticosAuxiLiâres
. AbordaSem Não Operatória
TIPOS E PADRÕES DÊ LESÕES . Lesõês Visce.ais EspecÍficas

CARACTÊRÍSTICAS PRÓPRIÂ5 DOS OOENTES PEDIÁTRICOS TRAUMAIISMO CRANIENCEFÁLICO


. Tamaoho, Forma e Área de Superfície Corpo.âL . AvaIiação
. Esqueteto . Abordagem
. Status FisioLógico
. Efeitos a Longo Prazo ÍRAUMATISMO VÉRTEEROIíEDULAR
. Equipômento . DiferençâsAnatômicâs
. Consideracões RadioLógicâs
VIA AÉREA

I . Anatomiâ TRAUMA M USCU LOESOUELÉTICO


i . AbordaSem . Histó.ia
. Perda Sanguínea
RESPIRAÇÀO . Consideracões Especiâis sobre o Esquetêto lmaturo
. Rêspjracão e Ventilacâo . Princípios de lmobili2âção
. Punção e Drenagêm Pleura
MAUS TRÁTOS
crRcuLAçÃo E cHoouE
. Recoohecimento de ALteracão Circutatória PREVENçÃO
. Dêterminação do Peso e VoLemia
. Acesso Venoso TRABALHO ÊI.' EOU IPE
. Ressucitacâo VoLêmica e de Hêmocomponentes
. Diurese RESU NíO DO CAPíTULO
. TeÍmorreguLàção
EIBLIOGRAFIA
REANI14AÇÀO CARDIOPULMONAR

TRAUMA TORÁCICO

OBJETIVOS

Após a teitura destê capítuto e â compreensâo dos tópicos de aos doentes pediátricos, ãs diferenças ônatômicas e
aprendizado do curso ATLS, você estará apto a: flsiotógicas que afetâm a ressuscltãção e a diferençâ
dos equipamentos quando comparados ao trauma
l. ldentificar as características próprias da criança de ãduttos.
como doente traumatizado, inctuindo os tipos
e padrõês de lesão, diferenças anatômicas ê 3. ldentificar padróes de lesão âssociados a môus
fisiotó8icas da criança, em comparação ao adulto e tratos nã infância e descrever os etementos que
os efeitos a longo prazo das lesões. Levam à suspeita desta condiçâo.

2. Descrêver a abordâgêm primárlâ do traumâ .+. Listâr oABCDE da prevençáo de acidentes.


pediátrico. inctuindo questões próprias rêLacionadas

t87
188 CAPÍTULO l0 r -'eun â f,ed at- co

I raumatismos continuam sendo.r causa mais


t .o-r- de mortes e sequelas na infância. TABELA IO-I MECANISMOS DE TRAUMA
I lt"i. de 10 milhôes de crianças sáo arendidas COMUNS E PADRÕES DE ASSOCIACÀO DE
nas emergências dos Estados Unidos por ano para LESÀO EM DOENTES PED IÁTRICOS
tratâmento de lesões traumáticas, o que representa
quase 1 em cada 6 crianças. Mais de 10.000 crianças MECÂNISMO
morrem anualmente devido a lesões graves nos DE TRAUMA PADROES COMUNS DE LESAO
Estados Unidos. A morbimortalidade desta doença
ultrapassa todas as principais doenças em crianças e AtropeLàmento Barxa veLocidader frêtu.ês de
adultos jovens, fazendo com que o trauma seja o maior membros rnferiores
ALta ve[ocidâde: potitrêumatrsmo
problema de saúde pública e de atendlmento nesta
lesões de cabeça e pescoço.
população. Mundialmente, acidentes automobilÍsticos fraturas de membros rnferrores
são a principal causa de moftes de adolescentes, Falhas
na abordagem da via aérea, no supofte de ventilação Ocupante de Sem disposítivo de segu.ançai
e no reconhecimento e tratamento de hemorragias velcuLo potitraumâtismo, [esôes de
abdominais e intracràniànàs siluâm-se nas principais cabeçê ê pescoço, laceíâções de
causas de insucesso na reanimação da criança Íacê ê dê couro càbetudo
Com dispositivo de seSurênçâ:
traumatizada; por isso, a aplicaçâo dos princípios do
Lêsões toíácicas e abdomiôâis.
ATLS para atendimento da cÍtança traumatizada tem frâtuÍas [oÍnbãÍes
impacto signiÍicativo na sobrevida final.
Oueda de altura Bâixà fraturas de mernbros
superiores
TIPOS E PADROES DE LTSOES l'4édia: lêsões de cabeca e
pescoço, fràturas de membros
infeíores e supefiores
Acidentes associados a veículos automotores são a
Attà poLitraumatismo, Lesôes dê
principalcausa de morte em crianças em todas asfaixas côbeça e pescoço. frãturas de
etárias. A criança pode ser tanto ocupante do veículo, membros supenores e Lnferiores
pedestre ou ciclista. Mortes causadas por afogamento,
incêndios, homicídios e quedas seguem os acidentes Oueda de Sem capacetê: Lesões de cabeça
de transporte, em ordem decrescente. Maus tratos bicrcLeta e pescoço, laceaâçôes dê fôce
na infância são relacionados à grande maioria dos e couro câbeludo, frêturôs de
membros supêriores
homicídios em lactentes {menores de 12 meses de
Com câpacete: Fràturas de
idade), enquanto lesôes por projéteis de arma de fogo membros írpeíiores
são a principal causa em crianças e adolescentes. As Lesôês com o guidon, [e9ôês intí'a-
quedas são responsáveis pela maioria dos traumatismos
na criança, mas é infrequente que causem mofte.
Mecanismos de trauma contusos e as carâcterísticâs
físicas das crianças resultam em traumatismos
mult issistêm icos, que sâo a regra, e não a exceção. CARACTERISTICAS PROPRIAS
A r TABELA 1o-i demonstra os mecanismos de DOS DOENTES PEDIÁTRICOS
traumà comuns e os padroes de associaçâo de lesôes
em doentes pediátricos.Apesar do fato de que o
estado clínico raramente deteriore na maioria das As prioridades de avaliação e atendimento de lesões
crianças traumatizadas e que a maioria delas não nas crianças sáo as mesmas dos adultos. Entretanto,
tem alterâções hemodinâmicas, persist€ o fato de as câracterísticas anatômicas e Íisiológicas próprias
que a condição de algumas crianças com lesôes da infância são associadas a diferentes mecanismos
multissistêmicas iráo deteriorar seu estado clínico de trauma, produzindo padrões distintos de Iesáo. Por
rapidamente, e complicaçôes graves serão decorrentes exemplo, os traumatismos contusos mais graves sào os
disso. Assim, esses doentes devem ser transferidos que envolvem o cérebro. Consequentemente, apneia,
precocemente para um c€ntro capaz de tratar a hipoventilação e hipóxia.ocorrem com frequência
crianças politraumatizada. cinco vezes maior que hipovolemia e hipotensâo em
O organograma {ver Figura I-2 no Copítulo r) e o doentes pediátricos traumatizados graves. Portanto,
Pediatric Trauma Score. ÍABELA íG2 são fêrramentas os protocolos de tratamento de trauma pediátrico
úteis para identificar precocemente os doentes enfatizam a necessidade de ser agressivo na abordagem
pediátricos com lesões mult issisrêmicas. das via aérea e ventila çâo
CARACTERÍSTICAS PRÓPRIA5 DOS DOENTES PEDIÁTRICOS I89

TABELA IO-2 PEDIÀTRIC TRAUMA SCORE

SCORE

COMPONENTE +7 rl -l

,20 k8 10-20 k8 <10 kg

NormaI Cânuta oro ou nasofaríngea lntubâdo. cricotiroidotomia ou


oxigênlo trâqueostomià

Pressão ArteriaI >90 mm HB; puLsos e 50-90 mm Hg; puGos cârotídeos .50 mm Hg; pulsos f.ácos ou
SistóLica perfusáo periférica ou femorais pâtpáveis

NÍvet de ALerta Obnibuládo ou quôlquer pêrdâ Coma, sem resposta


Consciência de consciênciâ

Fraturâ Ausentes e sem suspeita Unica, fêchadà Expostâ ou múLtipta

LêsõesCutáneâs Ausentês Contusão, âbrôsão, láceração <7 Pêrdâ de tecido ou quaLquer


cm sem compíometer fáscia orifício re13cionado a ferimentos
de armâ de foSo ou armâ branca
que uttrapâsse a fáscia.

TotàL

Folrte: Adàptâdo com pêrmissão deÍepàs JJ. Mol.titt DL.Tatbe.t iL. et al The pediatric t.àuma scorê âsa predictor of njurysevêrity in the injurêd
chi,Ld Joümal of Pedtatnc Surgery t9E7 ) 22(t)t5

TAMANHO, FORMA E SUPERFÍCIE CORPORÂL ossos contíguos às respeclivas lesões. Porexemplo, fraturas
de arcos costais sâo incomuns nas crianças, ao conrrário
Como a criança tem menor massa corpórea, o impacto das contusões pulmonares, quesão muito comuns. Outros
da energia, por exemplo, de parâlamãs, para-choques tecidos moles do tórax, coração e mediastino também
e de quedas resulta em maior força aplicada por podem ter Iesões signiÍicativas sem evidência de fraturas.
unidade de área corporal. Essa energia mais intensa é A identiÍicação de ftaturas de crânio e de arcos costãis em
transmitida para um corpo que possui menos gordura, crianças sugere üansferência maciça de energia e associaçào
tecido conjuntivo e maior proximidade entre os órgàos. de lesôes de órgáos próximos aelas, como lesóes cerebrais
Esses fatores explicam a alta incidêncía de lesões e contusões pulmonares, que devem ser suspeitadas.
múltiplas observadas na população pediátrica. Além
disso, a cabeça é proporcionalmente maior em crianças STATUS PSICOLÓGICO
mais novas, causando alta incidência de lesões cerebrais
contusas nesta faixa etária. Há muitas ramiÍicações psicológicas significantes dos
A relação entre sup€rfície corpórea e volume corporal rraumâtismos em criançàs. Em crianças pequends, a
é maior ao nascimento e diminui com o crescimento instabilidade emocional frequentemente leva a um
da criança. Como consequência, a perda de calor é um comportamento regredido, quando estresse, dor e outras
fator de estresse impoftànte êm criançâs. A hipotermia ameaças percebidas interferem no ambiente da criança.
pode se instalar rapidamente e complicar o tratamento A capacidade de interação da criança com pessoas
do doente pediátrico com hipotensáo. desconhecidas e em situaçôes difÍceis é limitada, o que toma
difícil coletar dados da história, assim como ter cooperação
ESOUELETO nas manipulaçôes, especialmente se causarem dor.
Médicos que entendam essas caracteísticas e que tenhaÍr
O esqueieto pediátrico tem calcificação incompletâ, contém a útenção de persuadir e acalmar uma criança traumatizada
múltiplos centros de crescimento ósseo ativos e é mais têm maiorpossibüdade de estabelecerumbom contâto, o
flexívelque o do adulto. Poressasrazôes, hácomftequência que facüita a avaliaçào e compreensáo das iesões físicas e
Iesôes de órgãos intemos sem associaçâo com fraturas de psicológicas da criança. Além disso, a presença de pais ou
l9O CAPÍTULO l0 r Trauma Pediátrico

responsáveis durante a avaliaçãô e ftatamento, inclusive atrasará a transferência de doentes que precisam de
durante a reanimação, pode ajudar o médico no tÍatamento estrutura de maior complexidade.
inicial da criançatraumatizada, minimizando os medos e Não obstante, a qualidade de úda a longo prazo de
ansiedades naturais da criança traumatizada. crianças traumatizadas é surpreendentemente robusta,
mesmo que em muitos casos eles tenham que lidar com
EFEITOS A LONGO PRAZO desaÍios físicos por toda a vida. A maioriadesses doentes
reportam uma boa ou excelente qualidade de vida e
Uma importante consideração ao s€ tratar de crianças conseguem empregos ebons salários como adultos, o que
traumatizadas é o efeito que a lesão pode ter no justifica as iniciativas de reanimaçào agressiva, mesmo
crescimento e desenvolvimento subsequentes. Ao para doentes pediátricos cuio status Íisiológico inicia.l,
contrário dos adultos, as crianças devem não só se por exemplo, a escala de coma de Glasgow sugerisse o
recuperar dos efeitos do evento traumático, mas contrádo.
também continuar o processo normal de crescimento e
desenvolvimento. Os efeitos fisiológicos e psicológicos EOUIPAMENTO
da lesão neste processo não devem ser subestimados,
especialmente em casos que envolvem função a longo Equipamento adequado imediatamente disponível é
prazo, deformidade de crescimento ou desenvolvimento essencialpara noatendimento inicial da criança
o sucesso
subsequente anormal. Crianças com uma lesão menor traumatizada (t TABELA 1o-3; ver também Equipomento
podem ter períodos prolongados de disfunção cerebral, Pediátricono oplicotivo mwel MyATLS). Uma fitabaseada
ajustamento psicológico ou do sistema orgânico. no comprimento, como aBroselow@ Pediatric Emergency
Algumas evidências sugerem que aproximadamente Tape, é uma ferramenta idealpara a rápida determinação
60% das crianças quê tiveram traumatismo do peso, baseado no comprimento, para volumes
multissistêmico têm alteraçôes de personalidade de reposição volêmica apropriados, dose de drogas e
residuais um ano após a alta hospitalar e 50% têm tamanhos dos equipamentos. Através da aferição da altura
limitações cognitivas e físicas. Disfunçôes sociais, da criança, o seu peso estimado pode ser determinado
afetivas e de aprendizado estào presentes em metade prontamente. Umlado da fitaprovê as drogas e suas doses
das crianças que tiveram lesôes graves. AIém disso, os recomendadas para doentes pediátricos, através do peso.
traumatismos na infância têm impacto signiÍicativo na Ooutro lado identifica os equipamentos necessários para
família, com distúrbios emocionais e de personalidade os doentes pediátricos combase no seu comprimento (.
em dois terços dos irmãos de crianças traumatizadas. FIGURA 1o-1). Os médicos devem familiarizar-se com âs
Frequentemente, o trauma da criança impÔe tensôes Íitas de reanimaçào, assim como no seu uso.
no casamento dos pais, inclusive problemas Íinanceiros
e também de emprego. O trauma náo afeta apenas a
ARMADILHA PREVENCÀO
sobrevida da criança, mâs também a qualidade de vida
da criança nos anos a seguir.
Administracão Reconhecer a necêssidâdê
Deve-se atentar para frâturas e lesôes de vísceras
incorreta de doses de dose pelo peso e o uso dà
parenquimatosas: lesões que afetem a placa de
de soLuçôes e fita para estimar o peso.
crescimento podem resultar em crescimento anormal
do osso fraturado. Se o osso for o fêmur, pode resultar medicamêntos
em alteração do comprimento da perna, causando
incapacidade permanente para andar e correr. Se a Desenvotvimento de Reconhecer a rmportância
ftatura ocorrer através da placa de crescimento de uma hipotermia da superfície corporal
ou mais vértebras torácicas, pode causar escoliose, dà criânça, controLar o
cifose ou até uma giba. Uma lesão grave do baço pode àmbiente e aquecer a
necessitar de esplenectomia. A perda do baço predispõe criança
ao risco de sepse pós-esplenectomia e de morte por
tempo prolongado.
A radiação ionizante, comumente usâda para avaliaçâo VIA AÉREA
de doentes traumatizados, aumenta o risco de algumas
neoplasias e deve ser usada somente nas seguintes O "A" do ABCDE do atendimento inicial éo mesmo em
circunstâncias: quando a informaçáo necessária não crianças em adulLos. Esrabelecer via aérea segura para
e
pode ser obtida de forma prática ou rápida por outros garantir adequada oxigenação tecidual é o primeiro
meios; a informação obtida mudará o tratamento do objetivo. A causa mais comum de parada cardíaca em
doente;a informação é obtida com o minimo de radiação crianças é a falha em se obtervia aérea e,/ou mantê-la,
possível para o doente; a obtenção da informaçáo não associada à falta de oxigenaçáo. Portanto, via aérea na
VIA AÉREA I9I

TÂBELA IO-3 EOUIPAMENTO PEDIATRICOà

VIAÂÉREÂ E RESPIRACÃO

SONDA SONDA
IDADE E MÁSCÂRÂ oRo- EOLSA LARIN. TUEO ASPIRÂ-
PESO DEO TRAOUEAL MÁSCARA GOSCóPlO ET GUIA çÃo
RNPT RNPT, RN Lôctente 0 reto 2.5-3.0 s/ 6Ft 6-8 F.
lkg bãLonete

0-6 m RN Lactente, Lactente I reto 3.0-3.5 s/ 6Fr 6Fr


3.5 k8 Pequenâ bâtonete

6-12 m Pediátricâ Pediátricâ I reto 3.5-4.0 6 Fr 8-10 Fr


7kE
batonête

l-3 â Pediátrica Pequena Pedaátrica 4.0-4.5 6Ft l0 Fr


10-12 kg
bâtonete

4-7 a Pediátrrca l',1édia Pêdiátricâ 2 reto ê 50-5.5 c/ l4 Ft l4 Fí


6-18 kg baLonete

E-10 a Adul.to Média, Pediátíicâ. 2-3 reto e 55-ó5c/ l4 Fr


2,Ê30 k8 Brande âdulto

CIRCULÂCAO EOUIPAMENTO COMPLEMENTAR

CATE.
TER
PESO E CATETER TUBO DRENO URINÁ. COLAR
IDADE MANGUITO EV OG'NG TóRAx Rto CERVICAL

RNPT RNPT, RN 72-?4 Eâ EFr t0-1,í Fr 5Fr


3kB

0-6 m RN, Lãctente Tl Ea l0 Fr l2-18 Fr 6Frou


3.5 kg 5-8 Fí

6-12 m Lactente, pêdiátrica 72 ga tl Ft 11-20 Ft 8Fr Pequeno


7kg

l-3 â Pediátricâ 20-22 Ea 12 Fr l4-2+ fí l0 Fr


t0-t? kg

1-7 a Pediátíica 20 ga tTFt 20-78 F r l0-12 Fr Médio


lÇ18 kt

E-10 a Pediátrica. aduLto lE-20 Ba 14 Ft 2E-3? Fr t2 Ft Médio


24-30 kg

'Uso um. fit dr rcánimaçao bara.dr na altu.â. como r fita dâ 8.osôtown-


lusê o mâior c.tcter EV quê se cooiê8ui. ot @r, com umâ ch.ncê raroilríêt dê 3uaê5so 6m su. puôÉo-
192 CAPÍTULO l0 r Írauma Pediátrico

BED PUBPT a

7-.' i'\}r
A ,rrI
Ú
(r+riard lnri.)rIn- í{. .l.a
;lh
I5r-,'
l{atE5.
'ir.rÍrüÊiq,

f IIGURA 10-1 Fita dê Reanima(ão, A. A lita de reanima(ão bareôda no comprimento (omo a Broselowo Pediâtric Emergen(y Tôpe, é ideal
paaô determinôr rapidamentê o peto, as5im como volumes, doset de drogas etamanho! de equrpômêntos.B, Detêlhe demonstrando doses e
equipamentos recomendàdos pára doentês pediátricos bateadot em reu pe5o.

criança é a primeira prioridade. (Ver também Copítulo Ptano da face náo


z:Via Aérea e Abor dogem Ventilatóna e Estoçôo Prática paratelo com cotuna

A:Via Aérea.)

ANATOMIA

Quanto menor a criança, maior a desproporçãô entre


o tamanho do crânio e a face. Por isso há propensão de
a Iaringe posterior se anteriorizar, como resultado dâ A
flexão passiva da coluna cervical devido à proeminência
occipital. Para evitar a flexão passiva da coluna Plano da facê
parateto com cotuna
cervical, o plano da face deve manter-se paralelo ao
da prancha em posiçãô neutral, ao invés da "posiçào de
cheirador" (. FrcuRA 1o-2A). A colocaçào de um coxim
de aproximadamente 2,5 cm de altura abrangendo o
dorso em lactentes (menores de 1 ano de idade) ou em
s§f,----:::l
crianças menores (de 1a 3 anos de idade) preserva o
âlinhamento neutro da coluna (r FTGURA io,2B).
B
Diferenças anatômicas na criança afetam a avaliação e
abordagem da via aérea. Os tecidos moLes da orofaringe f tIGURA 10-2 Posicionamênto parâ Mànutençào da Viô Aérea. A.
de um lactente são proporcionalmente maiores quando Posiclonamento impróprio de uma criança, para mênulenção dê viâ
comparadasaos tecidos da cavidade oral, o que dificulta aérea pérvia. A despíoporção entre o tamênho do (rãnio da criançà

a visualização da laringe. A laringe da criança tem e 9uâ Íâ(e, promove á ôntêriorizaçáo da faringe posterioÍ. O oa(ipicio
alarqado, (ausa umã pâ§5 velílêxão da coluna cervical.
forma de funil, o que propicia o acúmulo de secreçôes
B. Pogi(ionamento apropriado dô criança para manutençào de suê
na retÍofâringe. A Iaringe e as cordas vocais têm posição
via aérea. A flexào pasliva da coluna é evitadà, mantendo o plano
mais altas e mais anteriorizada no pescoço. As cordas
da ía(e paralêlo à .oluôa. em uma neutra posiçào, ao (ontrário da
vocais são mais difíceis de visualizar quando a cabeça "posi(âo do cheirador" Erse plano e alinhêmento neutro ê possivel
da criança está em posiçâo supina, normal e anatômica (orn o po5i(ionamento de um <ox m de 2,5 cín que compreenda todo
durânte a intubação do que quando em posição ótima o tron(o do recém-na5(ido ou làctente.
para proteção da coluna cervical.
A trâqueia do lactente tem aproximadamente 5 cm de
comprimento e cresce até 7 cm por volta dos 18 meses do tubo de intubaçào e/ou barotrauma. A ponta do
de idade. A falta de cuidado com o fato de a traqueia ser tubo deve progredir (em cm) três vezes o tâmanho
curta pode resultar em intubaçào seletiva do brônquio adequado do tubo. Por exemplo, um tubo 4.0 deve ser
direito, ventilaçào inadequada, deslocamento acidental posicionado a 12 cm da gengiva.
VIA AÉREA I93

ABORDAGEM cerebral. Preocupâções antigas sobre a possibilidade


destes tubos causarem necrose traqueal náo são
Na criança que respire espontaneâmente com a via mais relevantes devido ao novo design dos tubos.
aérea parcialmente obstruÍda, deve-se manter o plano Idealmente, a pressão do balonete deve ser medida
da face paralelo ao da prancha ou maca, enquanto se assim que possível e uma pressão menor do que <30
mantém o alinhãmento neutro da coluna cervical. A mm Hg é considerada segurà.
manobra de elevação da mandíbula combinada com Uma Íita de reanimação baseada no comprimento,
a imobilizaçâo bimanual da coluna cervical é usada como a Broselow@ Pediatric Emergency Tape,
para desobstruir a via aérea. Após aspiração da boca e também mostra os tamanhos apropriados de tubos
da orofaringe e retirada de corpos estranhos, deve-se endotraqueais. Entretanto, tenha à mão dois tubos a
administrar oxigênio suplementar. Se o doênte estiver mais que a do tamanho previsto, um de um número
inconsciente. deve-se proceder a métodos mecânicos maior e um de um número menor quê o previsto. Se for
de manutençào da via aérea. Antes detentar métodos utilizar um guia para facilitar a intubação endotraqueal,
mecânicos para estabelecer a via aérea, a criança deve tenha certeza de que a ponta do guia não ultrapasse
estar completamente pré-oxigenada. o tubo.
A maioria dos centros de trauma usam um protocolo
Cânuta Orofaríngea parâ intubaçâo de emergência, chamado de intubação
assistida por drogas, antes conhecido como intubaÇão
Deve-se colocar a cânula orofarÍngea quando a criança de sequência rápida. Deve-se têr muita atenção com o
estiver inconsciente, pois pode ocorrer vômito se os peso da criança, sinais vitais (pulso e pressào arterial)
reflexos estiverem intactos. Não se deve colocaracânula e nível de consciência para determinar qual parte do
orofaríngea com a curvatura para cima nem rodá-la aigoritmo de intubaçào assistida por drogas (r ttcun,q
18o graus, pois pode haver hemorragia secundária a 1G3) deve ser usada. (Vêr também IntubaçãoPediátrica
traumatismo de partes moles da orofaringe. A cânula Assistido por Drogos no aplicativo m6velMyATLS.)
orofaríngea deve ser colocada delicada e diretamente Deve-se pré-oxigenar crianças que necessitam via
na orofaringe, com a curvatura para baixo. O uso de aérea deÍinitiva. Lactentes têm reflexo vagal mais
uma espátula para afastar a lingual pode ser útil. acentuado que crianças maiores e adultos e podem
evoluir com bradicardia devido à estimulação direta
lntubação OrotrâqueaI da laringe. Bradicardia em crianças (> 1 ano de idade)
é mais frequente secundária à hipóxia. O tratamento
A intubação orotraqueal está indicada em crianças profilático com sulfato de atropinadeve ser considerado
traumatizadas em várias siLuações, tais como: em Iactentes que serào submetidos à intubação assistida
pordrogas, mas não énecessário para todas as crianças.
. criança com traumatismo craniano gravê que
necessita de ventilaçào controlada.
krEb.çfo AllH.ll pd
. criança na qual não é possÍvel manter a via
aérea- Prcosigcna.
. cÍiança com sinais de insuÍiciência respiratória. 5u[Íato de atrop,na
(àpenas êrn lactentes. menorês qu€ I ano de ]dade) 0.1 0 5 m8

. criança em hipovolemia profunda, que tem


rebaixamento do nível de consciência ou será Scdar
HlpovoLamiGo
submetida a algum procedimento cirúrgico.
Etomidato 0.1 mglk8, ou Etomidato 0,3 m&l'kg, ou
Madâzotam 0.lmg/kg f4idazolrm 0,lmB/kB
A intubaçào orotraqueal é o meio mais confiável de
se obter a via aérea e ventilação na criança. A menor
área da via aérea da criança é o anel da cricoide, que se SucGiniLcoli^. Ro.urônio
constltui em um selo natural ao redor de uma sonda .10 kE 2 mB/kE .10 kg 2 m8/k8 .10 kE 2 mgkg
>10 kg: lmg,/kg ,10 k8 lmgkS >10 kg lmg/kg
endotraqueal sem balonete. Dispositivo âmplamente
utilizado por adequar a anatomia natural da via aérea
da criança. lYer vídeo de Intubaçâo EndotÍaqueol em hôar, rtí|fi..r . po.lçao do §lto
loctentes, no aplicotivo móvel MyÂTLS. ) No entanto,
'P.ocede. de aco.do coôr olutgâmento ctíni.oi^ivel de exper!êncrê
o uso de tubos com balonete em cnanças pequenas
promove o benefício de melhorar a ventilação e o r FIGURA 10'3 Algoritmo paÍa intuba(ão assistida por drogas pâra
controle do CO., resultando em melhora da perfusáo doentes pediátri(os.
194 CAPÍTUIO l0 r Traur-ra Ped áir co

A atropina diminui as secreçóes orais e facilita a C ricotireo idostom ia


visualização dos parâmetros para intubação.
Após a intubação, a posiçãô do tubo deve ser checada Quando não se pode manter a ventilação por bolsa-
clinicamente (ver abaixole, se correta, deve-se fixar o valva-máscara ou por intubação orotraqueal, uma
tubo com cuidado. Se não for possível intubar a criança via aérea de resgate como mascara laríngea ou
após o bloqueio neuromuscular, deve-se ventilar o cricotireoidostomia podem ser necessários. A ventilação
doente com oxigênio a 100% com bolsa-valva-máscara, com cricotireoidostomÍa por punção e ventilaçáo a
até que se possa assegurar a via aérea definitiva. iato da membrana é adequada temporariamente para
A intubaçáo orotraqueal realizada com visualização oxigenação, mas não para a ventilação, pois pode
diretae imobilização e proteção dacoluna cervical é o ocorrer hipercarbia progressiva. A via aérea com
método preferencial de obtenção de via aérea segura. máscara laríngeaé apropriada para lactentes e crianças
A intubação nasotraqueâl nào deve ser realizadâ em menores, mas a sua colocação requer experiência e pode
crianças, pois requer um procedimento às cegas na causar distensão gástrica, se a ventilaçáo for muito
nasofaring€, que tem ângulo agudo, em direção à glote vigorosa.
de posiçáo ântero-superior, diÍicultando a progressão A cricotireoidostomia cirúrgica é raramente indicada
do tubo no trâreto. O risco potencial de penetrar a placa em Iactentes e crianças pequenas. Pode ser realizada em
crivosa ou de lesão dos tecidos moles mais proeminentes crianças cuja membrana cricotireoideana for palpada
na nasofaringe (adenoide) causando hemorragia facilmente (normalmente aos 12 anos).
também contraindica o uso da via nasotraqueal para
obtenção da via aérea. ARMADILHA PREVENCÀO
Uma vez ultrapassada a glote, o tubo deve ser
posicionado 2 a 3 cm abaixo das cordas vocais e deve ser
OxiSenâcào do Use a regra mnemônica DOPE
fixado cuidadosamente. A Íegra de ouro para o correto
doeôte dimrôur como um [embrente de causas
posicionamento do tubo €ndotraqueal é que a gengiva
frequentes de dessaturaÇão
deve estar a um comprimento 3 vezes o tamânho do . D- Deslocamento. Podem
mesmo. As técnicas primárias de confirmaçeo, tais
ocorrer faciLmente, visto que
como a ausculta de ambos os hemitórax nas axilas
a trâqueia é curtê. Certifique a
devem ser realizadas, para confirmar que não houve posrção do tubo e reconheça os
intubação seletiva e que ambos os lados estáo sendo probLemas precocementê. Uma
adequadamente ventilados- Um dispositivo secundário
boa monitorizâcáo, sobretudo
de confirmação, como o capnógrafo, o detector notrânsporte, àjuda-nos a ficâr
colorimétrico do CO, expirado ou um disposÍtivo com
atentosa esse problemô
detector esofágicô devem então ser usados, além do . O-Obstrucão Pode ocorrer por
raio X que avalia a altura do tubo endotraqueal.
secreçÕês ou acotovelamênto,
Devido ao fato de a traqueia ser curta em crianças
visto que o diârnêtro dêssês
menores, qualquer movimento da cabeça pode tubos sào menores. Asprrar
deslocar o tubo endotraqueal ou mesmo extubar
as secreçôes, pode ajudar,
inadvertidãmente, ou aindacausar seletivaçáo da cânula
mas â trocã do tubo, podê ser
ou tosse por irritação da carina pela ponta do tubo. Essas
necessáíia.
condiçóes podem não ser detectadãs clinicãmente, ãte . P-Pneumotórax. Pneumotórax
que o doente apresente deterioração. Assim, a ausculta
hipertensivo pode ocorrer
deve ser realizada periodicamente para assegurar a
com a ventilrção mecánica.
adequada posiçâo do tubo e para detectar a possível
Descompressão deve ser
evolução para insufi ciência respiratória.
reaLizâda quando ocorrer
Se houver qualquer dúvida a respeito do . E-Équipâmento Podem hâver
posicionamento correto do tubo endotraqueal que
fathas do equipàmentor como
náo possa ser resolvida rapidamente, deve-se trocá-
ventilãdores, oxímetros e nâ
lo imediatamente. O uso da regra mnemônica fontê de oxigênio. Certifique-se
DOPE (D para deslocamento, O para obstrução, P quê o equipamento está
para pneumotórax, E para equipamento) é útil para
funcionando e use equipamento
relernbrar as causas comuns de piora clínica em doentes
de reserva quando necessário
intubados.
CIRCULACÀO E CHOOUE I95

Os drenos de tórax devem ser proporcionalmênte


RESPIRACÀO
menores (ver r TABELA 10-3) e devem ser Iocados criando
um túnel por cima do arco costal acima dâ incisáo,
O fator chave para a avaliaçáo e abordagem da em direção superior e posterior na cavidade pleural.
respiração nos doentes pediátricos éo reconhecimento Entretanto, o tamanho deve ser apenas o suÍiciente
de uma troca gasosa deficiente. Isso pode ocorrer para drenagem do hemitórax. A confecção do túnel
tanto na fase de oxigenação quanto na eliminaçâo de é particularmente importante em crianças devido ao
gás carbônico; devido a alteraçÕes da ventilação por fato de que a parede torácica tem espessura menor. O
problemas mecânicos como pneumotórax, contusáo local de drenagem é o mesmo em crianças e em adultos:
pulmonar easpiração. Nesses casos, deve-se considerar quinto espaço intercostal, entre as linhas axilar e média.
a drenagem toÍácica e a ventilação assistida como (Ver Capítulo a; Trauma Toró.cico, e Estaçõo Prático B:
medidas reparadoras. Respiraçõo. )

VENILAçÃO E RESPTRAçÃO
CIRCULACAO E CHOOUE
A frequência respiratóriã em crianças diminui com o
crescimento. Um lactente tem fiequência respiratória de Fatores chave para a avaliação e trâtamento da
30 a 40 vezes por minuto, €nquanto uma criança maior circulação em doentes pediátricos traumatizados
tem ftequência respiratória de 15 a 20 vezes poÍ minuto. são: o reconhecimento de alteraçôes circulatórias;
O volume corrente espontâneo varia de 4 a 6 ml/kg determinação acurada do peso e da volemia do doente;
para lactentes e crianças, embora possam ser necessários reposição volêmica com cristaloides e com sangue;
volumes maiores duÍante a ventilação assistida de 6 a acessos venosos e avaliação da resposta à reanimação,
8 ml/kg e, ocasionalmente, até 10 ml/kg. Apesar do como diurese e controle dâ temperatura.
fâto de que a maioria dos dispositivos bolsa-máscara
usados em doentes pediátricos serem desenhados para RECONHECTMENTO DA ALTERAçÃO
limitar a pressão exercida manualmente na via aéÍea CIRCULATóRIA
da criança, volumes ou pressões excessivâs durante
a ventilação assistida aumentam substancialmente o As lesôes em crianças podem causar perda sanguínea
potencial de baroüaumaiatrogênico deüdo à imaturidade significativa. A criança tem maior reserva funcional,
e fragilidade da árvore respiratória e dos alvéolos. Se que permite amanutenção dapressão arterial sistólica
for usado um dispositivo bolsa-máscara de adulto para em nÍveis normais, mesmo na presença de choque. (r
ventilar uma criança, há aumento significativo do risco rlcuRA 10.4). A criança precisa perder mais de 30% da
de barotrauma. O uso de dispositivo bolsa-máscara volemia para que manifeste diminuição na pressào
pediátrico é recomendado para crianças menores de 30 kg. arterial sistólica e isso pode confundir os médicos
Hipóxia é a causa mais comum de parada cardÍaca em que não estão familiarizados com as sutilezas das
crianças. Entretanto, antes que haja parada cardíaca, alteraçôes fisiológicas manlfestas em crianças
a hipoventilação causa acidose respiratória, que é a
alteração maiscomum do equilíbrio ácido-básico durante Rêpêr.6rá. f trir!jga(.: Attnàçer H.nadinámi6

a reanimação de crianças traumatizadas. Com ventilação


e perfusâo adequadas, a criança é capaz de manter um
pH relativamente normal. Na ausência de ventilação e
p€rfusão adequadas, corrigir a acidose com bicarbonato
de sódio pode piorar a hipercarbia e a acidose.

PUNçÃO E DRENAGEM PLEURAL 2

Lesões que câusam descontinuidade na pleura - por


exemplo, hemotórax, pneumotórax e hemopneumotórax,
têm consequências parecidas em adultos e em crianças.
Essaslesôes sáo tratadas com drenagem pleural, precedida
detoracocentêse descompressiva acima do terceiro arco t7
costal, na lhha hemiclaücular- Deve-se ter cuidado âo se
usaÍ cateteres de 14 a 18-gauge em lact€ntes e crianças,
pois quanto maior o cateter, maior a chance de causar f fIGURA 10-4 lmpacto Fi5iológico dâs Alleraçõês Hêmodinámicas
pneumotórax, ao invés de curá-lo. em Dôentes Pêdiátri.os.
196 CAPÍTULO IO I Trauma Ped iátrico

em choque. Taquicardia e diminuição da perfusão (sinais vitais normais por faixa etária estão demostrados
periférÍca frequentemente são as únicas chaves para na . TABELA Ío-5. ) A hipotensão na criança representa
o reconhecimento precoce da hipovolemia e início um estado de choque descompensado e indica perda
precoce da reanimação volêmica. Assim que possível, a sanguínea de mais de 45% da volemia. A taquicardia
avaliação de um cirurgião é essencialpara o tratamento muda para bradicardia na hipotensão e esta mudanÇa
adequado da criança traumatizada. pode ocorrer de Íepente em lactentes. As alterações
A resposta mais precoce da criança à hipovolemia é a fisiológicas devem ser tratadas com a infusão rápida
taquicardia, que tambémpode ser causada por dor, medo de cristaloide isotônico e sangue.
e estrêsse psicológico. Outros sinais mais sutis de perda
sanguínea em crianças sào:a diminuiçào progressiva
dos pulsos periféricos; pinçamento da pressão de pulso ARMADILHA PREVE N CAO
em menos de 20 mm Hg; diminuição do turgor da
pele {que substitui sudorese em Iactentes e crianças Nào reconhecer o choque Reconhecer que a

pequenas); extremidades frias, quando comparadas tâquicardia pode ser o


à pele que recobre o dorso e diminuiçào do nível de único srnal atterado.
consciência, com menor resposta à dor. A hipotensâo Reconhêcer quê à

e outÍos índices de perfusão inadequada, tais como criança tem urna


diurese, devem ser monitorizados continuamerrte, resposta fisrotóBrca ma 5

mas normalmente se manifestam mâis târdiamente. eficôz


As mudanças nas funções orgânicas estão descÍitas Reconhecer que os
NA TABELA 104. srnars vrtar5 vanam com
'
A pressão sistólica normal média em crianças é de a idade

90 mmHg somada ao dobro da idade da criança em Reavalie seu doente


anos. O limite inferior de normalidade da pressão 9êmpÍe que houvêr
sistólica em crianças é 70 mm Hg mais duas vezes a àLteraçào de consciência
idade da criança em anos. A pressão diastólica deve e cutânea.

ser aproximadamente dois terços da pressão sistó1ica.

TABELA IO-,+ RESPOSTA SISTÊMICA DE ACORDO COM A PERDA DE SANGUE EM CRIANCAS

PERDA SANGUíNEA PERDA SANGUíNEA PERDA SANGUINEA


LEVE MODERADA 6RAVE
SISTEMA (<30x) (30x-45X) (>45X)

CardiovascuIar Aumento da frequência Aumento da frequência Íàquicardia seguida de


cardíecat putsos perif éícos cardíacât puLsos perif éricos brãdicardiâ, puLsôs centrais
finos e fracos; pressào sistóLica finos e frêcosi pressão sistó[ica muito frâcos ou ausentês,
normàL (60-90 + 2 x idade em normaL (60-90 i 2 x idade êrn ausência dê puLsos periféricosl
anos): pressão de pulso noÍmaI anos); pressào de pu[so normnI hipotensão(<70+ 2x idôdeem
ano§)i pincâmento da prêssão
de putso (ou pressão diastótica
indetectávet)

Sistemâ Nervoso Ansioso. arritâdo, confuso Letárgico,sonolênto,rêsponde Comatoso


CêntraL

Fflâ, drminurcão do turEoí tempo Cianótico; proLongamento PáLrdo e frio


de êôchimento cêpilár Lento imPortante do temPo dê
enchimento câpiLar

Débito Uíináriob Bâixo ou muito bâixo líínimo Nenhum

'Podê-sê obs.rvâí a dlminulçto dâ rêspostâ à dor n.ste nívêL dê perd.3àn8uínc. F03-a5*) por diminuição dâ rcaçao à dor qu.ndo d. punçào
de ôcêssos venôsos peíiféílcos.
b
Âpós êsvâ"1âmênto iniciât d. bêxr8â petâ sondô vesi.âL Limlte inferior de noím.tid.dê é 2 mt/rdh (t ctênte), 1.5 mqrgh {criânç. Pequênâ},
I mL/kg/h (cÍiâôcá malo.), e 0.5 mvrg/h (àdotêicêntê). Contrastê lV podê aumcôtrÍ . dlur.se írts.mentô.
crRcuLAçÀo E cHoouE t97

TABELA IO-5 SINAIS VITAIS E NORMAIS POR IDADE

FREOUÊNCIA PRESSÃO DÉBTÍo


PESO CARDíACA ÂRTERIAL UruNÁruO
IDADE (em kgi (búou.to6/ÍÍ!ur) (mm Hg) (rcÉpháçe€s/min) (mLlks/h)

Lâctentê 00 .r60
'60
.60 2.0
0-12 meses

Lôctente t0-r4 .150 >70 +0 r.5


l-2 anos

Pré-êscoLar 148 .la0 ,75 .35 1.0

3-5 anos

Escol,aí l8-36 .120 >80 t.0


ê12 ânos

Adotescente 36-70 .r00 .10 0.5


'90
:13 anos

DETERMINACÃO DO PESO E VOLEMIA femoral usando a técnica de Seldinger ou um jelco


de tamanho apropriado. Se esses procedimentos não
Fr€quentemente, é dificil para profissionais do tiverem sucesso, um médico com habilidade e expertise
departamento de emergência estimar o peso de uma
criança, particularmente se nào estâo habituados a
trabalhar com crianças. Sempre a melhor maneira de
determinaro peso é perguntândo ao responsáv€1. S€ não
t -4

há o responsável, uma Íita baseada em tamanho, pode t-!


ser de grande aiuda. Ela auxilia em estimar o peso na
reanimação volêmica e na prescriçâo de várias drogas.
Um último método para â estimativa do peso pode ser
através da fórmula peso= 2 x idade + 10.
O obietivo final de uma reanimação o é
restabelecimento rápido do volume circulatóÍio que
pode ser estimado em: 80 ml/kg até 1ano,75 ml/Kg i
entre 1 e 3 anos e 70 ml/kg nos acima de 3 anos.
I

ACESSO VENOSO

Acessos venosos em uma criança com choque pode


ser um desafio, mesmo em mãos experientes. O
choque hipovolêmico grave, normalmente, ocorre
como resultado de lesÕes de órgâos intratorácicos,
intra-abdominais ou de vasos. Os acessos venosos
preferenciais devem ser os periféricos. Se não for
possível por essa via após duas tentativas, deve se
considerâr a realização de punÇãô intraóssea realizada
com uma agulha de punção de medula óssea, 18 f tIGURA 10-5 lnfusâo lntraóssea, A. Distâl femur, B. Tibia
gduge em lactenles, 15 gauge em criançâs pequena5. Proximal. 5e o a(e55o nào for possivel em dua5 tentativas, (ontrdere
(. rtcunl io-5; veÍ também Punçõo Intraóssea no a nÍusão via (ateter de medulâ ó55eâ (18 gâuge êm lactêntes, 15

aplicatívo móvel MyATLS.) Outra alternativa é a punçáo gauge em (rian(as menorer.


198 CAPÍTULO lO r Traun.ra Ped árr co

pode realizâr uma dissecção venosa com segurança. restrito de cristaloides e naadministração mais rápida
Entretanto, esta alternativa deve ser o último recurso, e balanceada de concentrado de hemácias, plasma
pois esse procedimento raramente é realizado em fresco congelado e plaquetas. Essa alternativa parece
menos de 10 minutos, mesmo em mãos experientes, ser mais eÍicaz contra a tríade letal da hipotermia,
enquanto apunção intraósseapode ter acesso à medula acidose e coagulopatia induzida pelo trauma e tem
em menos de 1 minuto, mesmo por proÍissionais com sido associado com melhores resultados no adulto
habilidade e expertis€ limitados. (Ver Ápêndice G: gravemente traumatizado.
Estoçâo Prático Circulaçôo. ) Há um movimento em centros de trauma pediátricos
Locais preferenciais para acessos venosos em crianças: americanos no sentido de restringir a infusão de
cristaloide e favorecer a reanimação balanceada
. Punção periférica (duas tentativas)-Fossa em hemocomponentes com evidência de choque
antecubital, veia(sl safena(s) no tornozelo hemorrágico, apesar de haver ainda poucos estudos
. que suportam esse tratamento. A estratégia básica
Punção inraóssea-(1) Tíbia anteromedial, {2)
desse tratamento seria a infusão inicial de um bolus
fêmur distal. Complicações desse procedimento
de 20 mL/ kg de cristaloides, seguido de uma infusão
incluem celulite, osteomielite, síndrome
de 10-20 mL/Kg de concentrado de hemácias e 10-20
compârtimentar e fratura iatrogênica. O Iocal
preferido para punção intraóssea é a tibia mlr&g de plasma fresco congelado, além de plaquetas,
proximal, abaixo da tuberosidade da tíbia. Um tipicamente como parte do protocolo pediátrico de
Iocal alternativo é o fêmur distal, apesar de a
transfusão maciça. Um número limitado de trabalhos
lem avaliado essa estratégia em crianças e as pesquisas
tÍbia proximal contralateral ser preferida. A
punção lntraóssea não deve ser realizada em ainda não demonstraram um aumento da sobrevida.
Para estabelecimentos que carecem de banco de sangue,
uma extremidade com suspeita de fratura.
a reanimação com cristaloides é umâ alternativa
. Punção de veia profunda-Veia(s) Femoral(is) apropriada até a transferência do doente para um
. Punção de Veia cervical-Veia(s) centro maior-
Jugular(es)Externa{s) ou Subclávias (só para Deve-se monitorizar a criança traumatizada para
especialistas pediátricos, não usar se houver resposta aô tratamento volêmico. O retorno da
comprometimento da via aérea ou se a criança normalidade hemodinâmica será indicado quando
estiver com colar cervical) houver:

' Dissecção venosa-Veia(s) safêna(s ) no


Diminuição da frequência cardíaca (atenção a
tornozelo
faixa normal de acordo com a idade)
Melhora do sensório
REANTMAçÃO VOLÊMrCA E DE Retorno dos pulsos periféricos
HEMOCOMPONENTES
Retorno da coloração da pele
A reanimação volêmica para as crianças traumatizadas Aquecimento das extremidades
é baseada no peso, com o objetivo de restabelecer
Aumento da pressão sistólica até sua faixa
o volume intravascular perdido. Evidências de
normal.
hemorragia estaráo presentes com uma perda de
25% do volume circulatório. A estratégia inicial de Aum€nto da pressão de pulso (>20 mm Hg)
reanimação volêmica, nas ediçóes prévias do ATLS,
Débito urinário de 1 a 2 ml/kg/hora (a
consistia em uma reposição de solução cristaloide
depender da idade)
aquecida, isotônica em ?q mL/(&1lodendo ser repetida
até em duas vezes, a depender da resposta volêmica.
Se a criança apresentasse sinal de permanência do As crianças normalmente apresentam três respostas
sangramentos, após o segundo ou terceiro bolus, à ressuscitaçâo volêmica:
concentrado de hemácias a 10 ml/kg deveria ser
fornecido. 1. A condição da maioria das crianças será
Avanços recentes na reanimação de adultos vítimas estabilizada utilizando apenas cristaloides, sem
de trauma com choque hemorrágico resultaram em necessidade de sangue. Essas crianças seráo
uma transiÇào da reanimação cristaloide para uma consideradas "responsivas". Algumas cÍianças
reposição mais a favor de uma reanimação baseada no responderão com cristaloide e sangue.
"controle de danos". Essa reposiçâo consiste no uso mais
TRAU I.1A TORÁC ICO I99

2. Algumas crianças responderão ao volume A diurese combinada à concentração urinária


inicial de cristaloides e sangue, mas depois constituem um excelente método de determinar a
apresentarão deterioraçào, esse grupo é adequada reanimação volêmica. Uma vez restaurado o
chamado de "resposta transitória''. volume cüculante, a diurese deve retornar ao normal. A

3. Outras não responderão ao vôlume de cristaloides


sondagemvesical facilita o controle dadiurese dacriança
que está recebendo volume substancialpara a reanimação-
e sangue desde o inÍcio e sáo referidos como não
responsivos ou ausência de resposta.

Resposta transitória ou ausência de resposta são TERMORREGULAçÃO


grupos de doentes candidatos a infusão de mais
hemocomponentes, ativaçáo do protocolo de transfusão A alta relação entre superfície corpórea e massacorporal
maciça e cirurgia precoce. SÍmilar ao tratamento do em crianças aumenta a troca com o ambiente e afeta
adulto, a administraçâo precoce de sangue em doentes diretamente a capacidade de regulaçâo da temperatura
re[ratários parece ser aproprrada. central. As maior€s taxas metabólicas, pele fina e falta
O diagrama para reanimaçáo é uma ferramenta útil detecidocelularsubcutâneocontribuemparaoaumento
no tratamento inicial da criança vítima de trauma (r de perda de calor por evaporação e perda calórica. A
FIGURA 10-6). (Ver também Diagroma de Reonimoção hipotermia pode causar reftatariedade no tratamento das
para Doentes Pediátricos com Hemodinômica Normol lesões, aumento no tempo de coagulaçãoe efeitosadversos
e AnoÍÍnal no aplícativo móvel MyATLS,) nafunção do sistema nervosa central. Enquanto a criança
estiver exposta durante a avaliaçào inicial e reanimaçáo,
deve-se utilizar lâmpadas, aquecedores e colchóes térmicos
DÉBITo UR.INÁRIo para mantê-la aquecida. Deve-se também aquecera sala de
atendimento, além dos liquidos intravenosos, derivados de
A diurese varia com a idade. O objetivo para lactentes sangue e gases inalados. Umâvezterminada areanimação
até um ano de idade é de t-2 ml/kg,A; para crianças inicial, deve-se cobrira cíança com cobertores aquecidos
acima de um ano até adolescentes o valor é de 1-1,5 mU para evitar perdas de calor desnecessárias.
kg/h e 0,5 mLÂS/h para adolescentes.

R EAN IM AÇAO

Coorultar o clrurt|Io
CAR D IO PU LMO NA R
20 otÂf dt rctrr§ro d. Rlryrr lrsttto .m botur

Crianças submetidas à reanimaçào cardiopulmonar no


Bemodinamicamênte Hêmodinâmicâmêntê Iocaldo acidente e que têmretorno dafunção circulatória
NoÍíttaI AaoríÍra[ espontânea antes da chegada ao centro de trauma têm
chance de 50% de evoluÍrem sem sequelas neurológicas. As
Avati.çào crianças que chegamà sala de emergência aindaemparada
CH
uttêrior O mLlkg cardiorrespiratória têm péssimo prognóstico. Crianças
que estiverem em procedimento de reanimaçáo por mais
de 15 minutos antes da entrada na sa.la de emergênciaou
Norrnâl Anorma[ que üverem pupilas Í'ixas àadmissão têmpouca chance de
sobreviver. Nos casos em que a criançachegaao hospital

ry
em procedimento prolongado de reanimação (RCP), os
Operar esforços de reanimaçáo prolongados não são benéficos.
Apenas 8% das lesões em crianças incluem o tórax.

ry ry
Observar Operôr Obsetuer Operar
TRAUMA TORACICO

O traumatismo toÍácico também é um indicador de


de traumatismos de órgãos e sistemas, pois mais de
dois terços das crianças com trauma torácico têm
I FIGURA t0-5 Diagrâma dê Reanimàçâo Volêmi(ar para doentês lesões múltiplas concomitantes. A cinemática do
com heÍnodinâmica noímal e ànoínr3 .
200 CAPÍTULO l0 r Trauma Pediátrtco

trauma e a anatomia do tórax infantil são diretamente estimular uma conversacalma com a criança, questionar
responsáveis pelo espectro de lesões observado. se há dor abdominal e fazer a palpação abdominal
A maioria das lesôes torácicas em crianças são causadas superficial gentilmente, para avaliar se há resistência da
por mecanismos íechados, principalmente por veículos musculatura abdominal. Apalpação profunda e dolorosa
automotores. A flexibilidade e complacência da parede do abdome deve ser evitada no primeiro contato, para
torácica faz com que as forças transmitidas no trauma evitar a resistência voluntária, que pode mascaraÍ os
atinjam o parênquima pulmonar subiacente, causando achados do exame abdominal .
contusôes puknonares. Fraturas de arcos costais e Iesóes Grande parte das crianças estressadas e que estáo
de mediastino não são frequentes, mas, se presentes, chorando engolem grandes quantidades de ar. Se o
indicam grande transferência de energia. As Iesões êpigástrio estiver distendido, a inserçào de uma sonda
torácicas específicas sáo similares às encontradas em gástrica para descompressão do estômago deve ser
adultos, divergindo apenas em ftequência. realizada. A sonda orogástrica deve ser preferida em
A mobilidade das estruturas mediastinais faz comquea lactentês. A distensão diminui com a descompressão
criança seia mais suscetivel ao p neumotórax hipertensivo, gástrica e facilita o exame mais cuidadoso e torna o
que é a lesão de risco iminente de üda mais frequente exame fisico mais conÍiável.
na infância. O pneumomediastino é raro e benigno na A presença da marca do cinto se segurança aumenta a
maioria dos casos. A ruptura traumática do diaftagma, possibilidade de lesôes intra-abdominais, especialmente
a rupturâ traumática da aortâ, a transecçáo da aorta, se associada à fratura lombar,líquido livre nacavidade
grandes rupturas de brônquios principais, tóraxinstável peritoneal ou frequência cardíaca >120.
e contusões miocárdicas são raramente encontradas O exame abdominal em doentes inconscientes não
na infância. Quando identificadas, o seu tratamento é varia muito com a idade. A sondagem vesical facilita
o mesmo do adulto. Lesôes graves raramênte ôcorrêm a avaliaqào do abdome. Como as distensões gástrica e
isoladamenteesãofiequentementeumdoscomponentes vesical podem causar resistência e dorabdominal, estes
dotraumatismo multissistêmico grave. achados devem ser interpretados com cautela até que
A incidência de traumatismos torácicos penetrantes esses órgãos possam ser esvaziados através de sondas.
aumenta após os 10 anos de idade e eles devem ser
tratados da mesma forma que nos adultos.
Diferentemente de doentes adultos, amaioria das lesôes MÉToDos DIAGNóSTICOS AUxILIARES
torácicas nas crianças podem ser diagnosticadas com
radiograÍias de tórax. Tomografia de tórax raramente Os métodos auxiliares de diagnóstico para o
é necessária na avaliação das lesóes contusas e deve ser trauma abdominal em crianças sáo a tomografia
reservada para casos cujos achados iniciais náo podem computadorizada (TC), o FAST e alavagemperitoneal
ser justificados apenas pela radiograÍia padrào. diagnóstica (LPD).
A maioria dos traumatismos torácicos pediátricos
são tratados com a combinação de drenagem pleural
e monitorização. Toracotomia, normalmente, não é Tomograf ia Computadorizada
necessária na criança. {Ver também Copítulo 4; Trauma
Torácico e Apêndice B,Estação kótico B: Respiraçõo. ) O âdvento da tomografia helicoidal permite
avaliação e identificação rápidas e precisas das lesoes.
A TC é frequentemente utilizada para avaliar crianças
TRAUMA ABDOMINAL com traumatismos fechados do abdome, que têm
estabilidade hemodinâmica. ATC deve estar disponível
A maioria das Iesões abdominais sáo decorrentes de imediatamente, deve ser realizada precocemenl e e nào
mecanismos fechados relacionados a acidentes com deve atrasar o tratamento. A TC de abdome deve ser
veículos automotorese quedas. Lesoes grâves requerem rotineiramente realizada com contrastes endovenosos
o pronto envolvimento de um cirurgiào e criançàs em de acordo com a prática local.
choque hemorrágico, com traumatismos fechados ou A identiÍicâçáo de lesões abdominais àTC em doentes
penetrantes, devem ser operadas prontamente. pediátricos estáveis hemodinamicamente permite a
realização de tratamento não operatório. A avaliação
precoce do cirurgião é essencial para estabelecer a base
AvALTAçÃo e definir se e quando o tratamentô ciúrgico pode ser
indicado. Em centros que não possuem equipe ciúrgica
Lactentes e crianças pequenas, normalmente, estáo e que váo transferir a criança traumatizada, éjustificável
muito assustadas ao chegar na sala de emergência, realizar a TC antes do transporte desde que a criança
o que pode diÍicultar o exame abdominal. Deve-se
TRAUMAABDOMINAL 20I

esteja estável, que não vá atrasar a transferência e que Lavado PeritoneaI Diagnóstico
seja necessário.
Crianças traumatizadas que necessitam de avaliaçâo A Lavagem peritoneal diagnóstica (DPL) pode ser
tomográfica, fiequentemente precisam de sedação para utilizada para detecção de sangramento intra-abdominal
eútar movimentos durante o exâme afrm de eütar aftefatos. em crianças com instabilidade hemodinâmica que não
Portanto, a criança que precisa de reanimaçào e sedação podem ser transpofiadas para a TC com segurança ou
para aTC deve seracomparhada porum médico experiente quando a TC ou o FAST nào estiverem imediatamente
no manejo da úa aérea pediátrica e em acessos venosos. disponíveis e a presença de sangue indicará tratamento
Entretanto, a TC nâo é isenta de risco. Há previsão de cirúrgico imediato. Esta situação raramente ocorre. A
desenvolvimento de cârceres fatais na proporçào de até 1 maioria dos doentes pediátricos tem lesões abdominais
em cada 1.000 doentes pediátricos que foraln submetidos cor.r.t hemorragia autolimitâda e não tem instabilidade
àTC quando crianças. Assim, a necessidade do diagnóstico hemodinâmica. Portanto, o achado de sangue à LPD
preciso das lesôes intemas deveserba.lanceada como risco de rráo indica cirurgia neressariamente em umà cndnçà
neoplasia taÍdio. Certamente todo esforço deve ser feito para estável hemodinamÍcamente.
evitarTC antes datransferênciaparao centro de üaumâque Deve-se utilizar soluçào cristalóide aquecida, 10 ml7&g
proveÍá o [âtamento definiüvo e também pa-ra eütar repetü (máximo de 1.000 nú)paraaLPD. Como aparede abdominal
âTC no cenüo de trauma, a nâo serque seja absolutamente da criança é relativamente Íina quando comparada à do
necêssário. Quando a avaliação tomográfica for necessária, adulto é prcciso cuidado à abeftura da cavidade, para
deve-se manter a radiação em níveis mínimos (As I"ow evltar lesôes iatrogênicas a visceras abdominais, mesmo
As Reasonabiy fuhievoble ' Ar AIL{). Para limitar a doses quando utilizando a técnica aberta. A LPD é útil apenas
mínimas, a TC deve ser realizada aperus quando necessário e para diagnóstico de Iesões de úsceras intra-abdominais,
quando os resultados determinarem mudanças na conduta; pois os órgãos retroperitoneais não sãoavaliados de forma
deve-se cortar apenas as áreas de interess€ e usar a menor conJiávelpor esta técnica. A avaliaçào do lÍquido efluente
dose de radiaçáo possível. da LPD é a mesma em crialças e em adultos.
A LPD só deve ser realizada pelo cirurgião que fará o
tratamento deÍinitivo da criança, pois a LPD pode interferir
Aval,iação Uttrassonográf ica Direcionada para nas avaliaçôes abdominais subsequentes ao exame físico
Trauma (FAST) ou nos exames de imagem, que são abase para a decisão
sobre a necessidade de cirurgia.
Apesar do fato de que o FAST está disponível desde os anos 90
para avaliação do Íauma abdoninal em crianças, a eficácia
do seu uso em crianças com lesóes abdominais tem apenas TRATAMENTO NÃO OPERAÍóRIO
modesta sensibüdade para detecção do hemoperitônio em
criarças pequenas, quando os estudos com metodologia Na maioria dos centros de trauma, especialmente nos
mais rigorosa sào anúsados. Entretanto, o seu uso como pediátricos, realize-se o tratamento seleüvo náo operatório
extensão do exane abdominal ern crialÇas traumatizadas de lesôes de órgàos parenquimatosos em crianças
estáse dêsenvolvendo rapidamente etem avantagêm de que cstáveis hemodinamicamente. A presença de líquido
o exame pode ser repetido. Alguns autores dernonstra-rarn intraperitoneal àTC ou FAST, o grau da lesão ou a presença
que o FAST pode detectar pequenas quantidades de sangue de extravasamenlo de contraste não necessariamente
intra-abdominal em doentes pediátricos traumaúados, um indicarn a laparotomia. Foi bem demonstrado que o
achado que diicilmente está associado a lesôes graves. Se o sangramenlo de lesóes esplênicas, hepáticas ou renais
achado for de grande quantidade de sangue, a probabil idade de normalmente é autolimitado. Portanto, a TC ou FAST
haver alguma lesão significadva é maior. EnÍetanto, mesmo positivos para sangue nào indica laparotomia em crianças
nesses doentes, a indicaçáo cirurgica é baseada nào apenas na estáveis ou que estabilizam rapidamente com a reposição
quantidade de sangue intraperitoneal encontrado, mas pela r.'olênica inicial. Se a criança não recuperar a condição
instabüdade hemodinâmica e sua resposta âo tratamento. hemodinâmica e um procedimento diagnóstico rea.lizado
O FAST pode nào jdenuÊcar lesóes irtra-parenquimatosas for positivo para sangue, deve-se indicar a laparotomia
isoladas, que são responsáveis por um terço das lesões de prontamente para controle da hemorragia.
órgãos parenquimatosos em crianças. Em resumo. nâo Quando for escolhido o tratamento não operatório,
se deve confiar no FAST para excluir a presença de lesôes a criança deve ser observada em um ambiente que
iatra-abdominais. Se uma pequena quantidade de lÍqúdo renha cu idados pediat rrcos rnrensivos e a supervisào
livre no abdome for obseruada e a criança estiver estável continuada de um cirurgião especializado no
hemodinamicamente, deve-se proceder à 'fC. tratamento de crranças traumatizadas. Nos locais com
poucos recursos, deve-se considerar a cirurgia.
202 CAPÍTULO l0 r T:auma Ded át. co

A angioembolização para o tratamento de órgãos Crianças restringidas apenas com cinto de segurança
sólidos em crianças é uma opçâo, mas deve ser realizada de duas pontas têm risco aumentado de lesôes de a1ças
soment€ emcentros com experiência em procedimentos intestinais especialmente quando houver marca do ciIlto
invasivos pediátrico e que contam com centro cirúrgico. de segurança na parede do abdome ou quando houver
O tratamento não operatório de uma lesão uma fratura lombar de flexão {fraturade Chance}. Todo
parenquimatosaconfirmadaé umadecisão docirurgião, doente que tiver este mecanismo e esses achados deve ser
assim como a decisão de operar o doente. Portanto, o considerado como tendo alto risco dapresença de Iesão
cirurgião deve supervisionar o tratamento de doentes do trato gastrointestinal, até que se provê o contrário.
pediátricos traumatizados. Lesôes que penetram o peritônio podem ocorrer
em quedas sobre obietos proeminentes devido à
proximidade do peritônio do períneo. A ruptura de
LESõES VISCERAIS ESPECíFICAS uma víscera oca sempre requer cirurgia imediata. (Ver
também Copítulo 5: Trauma Abdomindl e Pélvico.)
Várias lesôes de vÍsceras abdominais são mais
comuns em crianças que em adultos. Lesóes causadas
pelo guidão da bicicleta ou a contusão do cotovelo TRAUMA CRANI ENCEFÁLICO
no quadrante superior da criança ou mecanismos
associados à marca do cinto de segurànça sào comuns
e nelas há compressão das vísceras entre a parede As informações dadas no Capítulo 6; Troumo
abdominal anterior e a coluna posteriormente. Este tipo Craníencefálíco também se aplicam aos doentes
de lesão também pode ser decorrente de maus tratos. pediátricos. Esta seção enfatiza pontos adicionais
Traumatismo contuso do pâncreas ocorre com específicos da criança.
mecanismos similares e seu tratamento depende A maioria dos traumatismos craniencefálicos na
da extensâo da lesão. Lesôes de alça de delgado população pediátrica sáo causados porcolisôes de veículos
próximas ao ligamento de Treitz são mais frequentes automotores, maus tratos, acidentes com bicicletas e
em crianças que em adultos, assim como as Iesões quedas. Dados do registro nâcionalde trauma pediátrico
mesentéricas e avulsões de alças de delgado. Estas indicam que é imperativo o entendimento da interação
lesões têm diagnóstico tardio, frequentemente devido do SNC com lesóes extracranianas, pois a hipotensão
à sintomatologia inicial ser inespecífica. Rupturas de ea hipóxia das lesões associadas têm efeito deletério
bexiga também sào mais comuns em crianças que em sobre o prognóstico das lesões intracranianas. A falta
adultos, porque a bacia da criança é mais rasa. de atenção aos ABCDEs e à lesões associadas aumenta
de forma significativa a mortalidade decorrent€ dâ Iesão
cranioencefálica. Assim como nos adultos, é raro que
ARMADILHA PREVENCÀO a hipotensão seja causada por TCE isolado e deve-se
investigar de forma agressiva as outras causas pàra a
Dêmora pàra Reconheça que a criança quê irá hipotensâo.
transferir para ser trênsferidô, normatmênte O cérebro da criança é anatomicamente diferente do
reâLização de TC não se beneficiará da rmagem adulto. Ele dobra de tamanho nos primeiros 6 meses
reaLizadâ no primelro hospitat.
de vida e atinge 80% do tamanho do cérebro do adulto
por volta dos 2 anos de idade. O espaço subaracnoide é
Demorà êm . Reco^heça qúe o risco dêssa
relativamente menor e portanto oferece menor proteçào
ao cérebro devido ao menor amortecimento existente.
reconhecer tesào de Lesão é baseêdo no mecônismo
Assim, é maior a probabilidade de lesáo estruturâl do
víscera ocà de trâuma
parênquima cerebral. O fluxo cerebral normal aumenta
. Reavaliações contÍnuas devem
progressivamente até próximo de duas vezes os níveis
ser reà[rzâdas
do adulto perto da idade de 5 anos e depois diminui. Isso
. Reconheça a necêssidãde promove maior susceptibilidade do cérebro da criança
de envolver o críurgiào à hipóxia e hipercarbia em casos de choque.
precocêmente

Demora para indrcar Rêcooheça quê a instabitidade AVALTAçÃO


[aparotomia. persiStente em cflançê vÍtima
de tràumâ ôbdominaL requer Crianças e adultos diferem na resposta ao TCE e isso
[aparotomra influencia a avaliação da criança traumatizada. As
principais diferenças sào descritas a seguir:
TRAUMACRANIENCEFÁtICO ?03

1. O prognóstico do TCE em crianças é melhor que TABELA I0-6 RESPOSTA VERBAL


nos adultos. Entretanto, em criançâs menores
de 3 anos de idade é pior em comparaçào as RESPOSTA VERBAL v-scoRE
respectivas Iesôes em crianças maiores. Crianças
são particularmente susceptÍveis às Iesões PêLavras àpropriadàs e ou
cerebrais secundárias produzidas por choque, que sorriso soc à[ frxô e segue othar
causa diminuição na perfusão cerebral; hipóxia,
conlulsôes ou hipertermia. O efeito combinado Chorê màs consolável
do choque e da hipóxia no cérebro traumatizado
é devastador, mas o choque é o pior fator de risco PE.s srente r. tado
isolado. A reposição volêmica rápida e adequada
ea prevenção da hipóxia são mandatórias. Agrtado nconso[ávei 2

2. Apesar de infrequente, pode haver perda


sanguínea signifi.cativâ nos espaços subgaleal,
intraventricular ou epidural. lsso acontece em
decorrência do [ato de as suturas cranianas
estarem abertas, assim com as fontanelas em 8- Como é frequente a hipertensão intracraniana
lactentes. O tratamento é reposiçâo adequada em crianças, a avaliação neurocirúrgica para
da volemia, assim como nas outras perdas indicar monitorização dapressão intracraniana
sanguÍneas de outras partes do corpo. deve ser precoce, durante a reanimação da
3. O lactente que ainda tem a fontanela e as suturas criânça com as seguinte caracteÍísticâs: (a)
abertas tolera mais a expansão de uma massa ECG < 8, ou escore motor de 1ou 2; (b)Lesóes
intracraniana ou edema e os sinais dessas múltiplas associadas a TCE que necessitam
condiçôes podem ser sutis, até que ocorra rápida de reposiçào volêmica significativa, cirurgia
descompensação. Por isso, um lactente que torácica ou abdominal imediata ou cuja
não este,a em coma, mas tenha abaulamento avaliação e estabilizaçào forem prolongadas; (c)
da fontanela ou diástase das suturas deve ser TC de crânio com sinais de hemorragia cerebral,
tratado como um TCE grave. Avaliação precoce edema cerebral ou herniaçâo transtentorial
da neurocirurgia é essencial. ou cerebelar. A abordagem da pressào
inl r àcraniana é essencial para otimizar a pressão
4. Vômitos e amnésia são comuns após TCE em
de perfusão cerebral.
crianças e não necessariamente sâo devidos ao
aumento da pressão intracraniana. Entretanto, 9. As doses de medicamentos devem ser
vômitos persistent€s ou que aumentam em determinadas de acordo com o tarnanho da
ftequência devem ser avaliados com TC de crânio. criança e em conjunto com o neurocirurgião.
Drogas normalmente utilizâdas em cÍianças
5. Convulsôes pós trauma (que ocorrem logo incluem solução salina hipertônica a 3% e
após o trauma) sào comuns em crianças e são
manitol para reduzir a pressâo intracraniana.
normalmente autolimitadas. Toda convulsão
Levetirecetam e fenitoína são usadas para
merece investigação com TC de crânio.
convulsôes.
6. Crianças têm menos Iesões focais que os adultos,
mas a hipertensão intracraniana causada por Critérios para identiÍicar doentes com baüo risco de
edema é mais comum. E necessária rápida lesóes cranioencefálicas, cervicais e abdominais sáo
reposição volêmicâ. Se a volemia não for disponíveis. Isso diminui a realização de tomograÍias
restaurada rapidamente, o prognóstico do TCE (. flGURA io-7).
é muito pior, devido à Iesão secundária. TC de
emergência é vital para identificaçào das crianças
que necessitam de cirurgia de emergência. TRATAM EN TO
7. A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é útil
quando aplicada à faixa etária pediátrica. O tratamento das lesôes cerebrais traumáticas da
Entretanto, o componente verbal deve ser criança inclui acesso rápido e precoce dos ABCDEs,
modificado para crianças menores de 4 anos de acionamento e envolvimento do neurocirurgiáo desde
idade (r TÂBEr-a ÍG6), o inÍcio do tratamento. Avaliaçáo sequencial rápida
e adequada, com atenção para a prevenção da lesão
?04 CAPíTULO l0 l TraLrma Pedrátrlco

G4l{4qrontrs.ir.ir dà 6t
do
stM
I L 6e Lrânto
nqllllóflcc {*rrao ou freara da recomendada
crlrfc pdn*rd 13,9% da população
4 4% risco de LCT
NAO

lhnBtofltr no coum cabCudo ne rcgiâo Obscrvação versus TC com brge em


ocGt it t orr pariatâ|, ou tcmgorat ou outros fatores ctínicos inctuindo:
]üÉricr dc pcrde dc cmsciêncie mior stM
. Experiênciã c[ínica
o.| [uet r 5 sog. ou mccenirrno dc tra,rla 32,6% da popuLaçào . Achados múl.tipLos veÍsus isotados
lm?ortmta, ou nâo egindo normetmcntt 0.9% risco de LCT . Piora dos srnais ou srntomas após
observação no departâmento de
llio. sl 5 popuràçào^_ emeÍgência
-di rrsco de LL
<O.OlYo I
.ldade< 3meses
. Preferência dos pais
TC nào rocsnorrdde

GCS{4 qr q*roc 5in ir dG 6tado


rncftà[ jbÍldo +, ou li.rai] dc hra slH TC recomendada
d. bga d. cÍaÍúo 4 0% da pop u la cão
4 J% r scc de LCT
NAO

Hktóri. da p.rdl de captârrie, ou dc Observação versus TC com bace em


v&nltos, or, macsút,no dc trrane s '4 outÍos achador clínicog inctuindo:
hportà'ta rl, or, cGfdcie i*aíÉr 27,7% da população
. Experiêncaa cIinica
0.9% r sco de LCT
. Achados múLtiptos x isolados
58,3% da popuLaçào . Prora dos sinais ou sintomas após
NÂO .0.05% observação no departamento de
risco de LCT
emeí8ência
. Preferência dos pais
ÍC nao rçoocsrdeà
B

I FIGURA t0'7 Rede de Pesquisa Aplicadà d cuidados de Emergência (PECARN) Ctilérios pãra TC dê Cránio. Alqoritíno sugerldo para rea lizaçáo
de TC em crLàn-(ar rrenores do que 2 ànos (A) e pârã aque es (om 2 ou â firãrs anos (B) (om ECG de 14 -15 ôpós TCE.'
GCs=Glasgow Coma Scaie- TCE Trauma de cránro PDC=perda de (ons(iêô(ra.
* Dôdos obtidor de der vaçào (ombinadas e popu a(ões vô dãda5.
i Outro5 rinai5 de altera!õet do estado rnêntôl: ôgitacão, 50noléncia, questronamentos repetitivot ou re5porta lenta à comunicação veíbã1.
t lúecaoirrno de trâuÍna signrf (alivos: àcidente autoÍnobrLr5ti(o com ejeção, morte de outro passageiro, ôtropelamento; pedestres oü cicli5tat
tern cêpàcete atingidos por unr veiculo êutomotor; quedà9 ínaiores do que 0,9 m (3 pé, (ou maiores do que 1,5 m [5 pet por tuperíl(ie B);
(oIsão dã (àbe(a aoín obleto de alto mpà<to
§ Doente5 com (erto9 achàdo, rso ado5 (r.e., sem outros à(hados diàgnôsti(os de TCE), (omo perda de contciênc;a isolada, ceÍaleia, vômitos
e certos tipos de (êfêlohematornas em (r ança5 maiores do que I mere5, po5s!em rirco minimo de lesão rôtraparenquirnatosa significêtrva,
menor do que o'0.1

Í O ris(o de lesão intrapaqÍenqulmato,a normâlmênte e menor do qLre o firco d€ ma ignidade por Íc. assim sendo a Tc nào é íe.omendada
pêra a maioía dos doentes desse gr!po.
(Reimpresso (om permistão de Kupermàn N, Holrner lÊ Dayàn P5, et à1. ldentifi(ation ol (hrldíen at very low risk oí (linically important braiÍl
injuíiês âíteí head tíàumar a píospective (ohort study Lan(et 374i 2009; 1160-1170.)
TRAUMARAOUIMEDULAR 205

cerebral secundária - isto é, hipóxia e hipoperfusão. coNsr DERAÇÕES RADTOLÓGTCAS


lntubàçào endotraqueal precoce com oxigenaçào e
ventilaçào adequadas pra evitar progressão da lesão A presença de pseudosubluxaÇão frequentemente
do SNC. Tentativas de intubaçào orotraqueal em complica a avaliaçào radiográÍica da coluna cervical
crianças não cooperativas diÍicultam o acesso e podem da criança. Aproximadamente 40olo das crianças
aumentar a prêssão intracraniana. Os médicos devem menores de Tanos de idade têm deslocamento anterior
consideraros riscos e benefícios da intubação da crianÇa de C2/C3 e20% das crianças com idade de até 16 anos
e podem usar sedaçáo farmacológica e bloqueadores possuem este fenômeno. Este achado radiológico é
neuromusculares para facilitar a intubação. frequentemente visto também em C3/C4. Pode ser
A soluçáo salina hipertônica e o manitol causam observado deslocamento de mais de 3 mm quando
hiperosmolaridade e aumento dos nÍveis de sódio no estas articulaçôes sâo estudadas com as manobras de
cérebro, diminuindo o edema cerebral e a pressão no flexão e extensão.
compaftimento intracraniano com lesões. EIes têm o Quando asubluxação éústana radiogrúa de perÍil da
benefício adicional de serem agentes que melhoram o coluna cervical, deve-se ter certezâ de que se üata realmente
fluxo sanguíneo e diminuem a resposta inflamatória. de subluxação ou de um a Iesão da coluna cervical. A
Como em todos doentes traumatizados deve-se pseudosubluxaçào das vértebras cervicais se pronuncia
reavaliar continuamente todos os parâmetros. {Ver com a flexào da coluna cervical que ocorre quando a criança
também Copítulo 6: Trouma Croniencefálico e Apândice se deita emdecúbito dorsal numa superfície endurecida.
G: Estoçôo Prático Disfunçiio Neurológico. ) Para corrigir esta anomalia radiográfica, deve-se colocar
a cabeça dacriança em posição neutral com um coxim de
aproximadamente 2,5 cm de altura, desde o ombro até a
TRAUMA RAOUIMEDULAR pelve, mas não na cabeça e repetiro raio X {verFigura 10.2).
A subluxação verdadeira nâo vai desaparecer com esta
As informações dadas no Capítulo 7: Traumatismo manobra e indica avaliação ulterior adicional. As lesÕes
Raquimedular também se aplicam aos doentes cewicais normalmente sào identiÍicadas por alterações
pediátricos. Esta seção enfatiza pontos específicos no exame neurológico e pelo achado de uma área de
das lesôes raqu imedulares pediátricas. aumento de partes moles, contratura muscular ou uma
O traumatismo raquimedular é incomum - apenas deformidade em degrau quando da palpação cuidadosa
5% dos TRM ocorrem na faixa etária pediátrica. Pâra da coluna cervical.
crianças menores de 10 anos de idade, a causa mais O aumento da distância entre o processo odontoide
frequente destas lesões são os acidentes com veÍculos e o arco anterior de C1 ocorre êm aproximadamente
automotores. Para crianças com idades entre 10 e 14 20olo das crianças pequenas. Distâncias maiores que
anos, os acidentes com veículos automotores e esportivos o Iimite superior da normalidade para a populaçáo
respondem igualmente para a ocorrência destàs lesões. adulta sào frequentemente observadas.
Os centros de crescimento ósseo podem parecer
ftaturas. A sincondrose odontoide basilaraparece como
DTFERENçAS ANATÔHTCAS uma área radioluscente na base do pÍocesso odontoide,
especialmente em crianças menores de 5 anos. A epífise
As diferenças anatômicas em crianças que devem ser apical do odontoide àparece como separaçóes na
consideradas em relação ao TRM sáo: radiografia do odontoide e são ftequentemente achadas
nas idades de 5 a 11 anos. O centro de crescimento do
Ligamêntos interespinhosos e cápsulas processo espinhoso pode parecer umâ fratura da ponta
articulares mais fl exíveis. do processo espinhoso.
Corpos vertebrais com posicionamento anterior Crianças podem possuir lesões de medula sem
e tendem a escorregar para frente com a flexão. achados anormais radiográficos l"spiaol cord iniury
Articulaçôes planas. without rad,iographic abnormalities" - SCIWORA) mais
A crianÇa tem a cabeça muito maior quando comumente que adultos. Exames de coluna cervical
comparada ao pescoço. Assim, há maior normais sáo vistos em mais de dois terços das crianças
angulação e o fulcÍo é mais alto na coluna que têm TRM. Assim, se houver suspeita de lesão cervical,
cervical, o que causa mais lesões em nível de C3. baseada em história e exame neurológico, um raio X de
As placas de crescimento não estão fechâdâs coluna cervical normal não exclui a presença de TRM.
e os centros de crescimento não estão Quando houver dúüda sobre a integidade à coluna
completamente formados. cervical e da medula, deve-se considerar a existência
As forças aplicadas ao pescoço mais proximal de uma lesão instável da coluna cervical e manter a
sáo relativamente maiores que no adulto.
206 CAPÍTULO l0 I Trauma Pediátrico

imobilizaçáo cervical e da cabeça da criança, além de CONSIDERACÕES ESPECIAIS SOBRE O


obter avüação apropriada. ESOUELETO IMATURO
TC e RNM não devem ser solicitadas de rotina em
doentes pediátricos, assim radiografias podem ser o Os ossos crescem em comprimento quando osso
método de investigaçáo inicial. Indicações para TC novo é colocado perto da Íise, próximo às superfícies
e RNM incluem exames radiológicos insuÍicientes, articulares. Lesóes nesta área próxima à fise, antes do
achados neurológicos no exame fÍsico, anormalidades seu fechamento, podem retardar o desenvolvimento
nas radiograÍias e avaliação da coluna em doentes com normal do osso ou alterar seu desenvolvimento. Lesôes
TCE. TC pode não detectar lesôes de ligamentos que de esmagamento na fise normalmente são dificeis de
são mais comuns em crianças. diagnosticar radiogrâÍ'icamente e têm pior prognóstico.
TRM em crianças são tratados da mesma forma que A natureza imatura e flexível dos ossos da criança
nos adultos. A avaliação de um cirurgião de coluna pode levar à chamada fratura em galho verde. Tais
deve ser precoce. (Ver também Capítulo z: Traumo fraturas são incompletas, com angulaçào mantida pela
Roquimedular e Apêndíce G:Estação Prótíco Disfunçôo cortical na superficie côncava. A fratura em "fivela"
Neurológica.) vista em crianças pequenas envolve angulaçào pela
impactação da cortical com uma linha de fratura
radioluscente. Ambos os tipos de fratura podem ser
TRAUMA MUSCULOESOUELÉTICO sugestivos de maus tratos em doentes com histôrias
vagas. inconsistentes ôu incongruentes. Fraturas
Os procedimentos iniciais do trauma supracondilianas no cotovelo ou joelho têm alto risco
musculoesquelético na criança são similares aos dos de lesão vascular concomitante e também lesão da
adultos, com cuidados especiais sobre lesões potenciais placa de crescimento ósseo.
nos núcleos de crescimento ósseo.

rMoBrLrzAçAo DE FRATURAS
ANAMNESE
A simples imobilização de extremidades Íiaturadas em
A história do doente é de importância vital. Em crianças normalmente é suÍiciente até que a avaliação
crianças pequenas, o diagnóstico radiográÍico de ortopédica seja realizada. Fraturas com evidências de lesóes
fraturas e deslocamentos é difícil, devido à falta de vasculares requerem avaliaçào de emergência para evitar
calcificaçáo ao redor da epífise e da presença da Íise sequelas da isquemiâ. Uma única tentativa de reduçáoda
(placa de crescimento). Informações sobre a magnitude, fraturapara restauraro fluxo sanguÍnêa deve sertentada,
mecanismo e tempo do trauma facilitam a correlaçáo seguida da imobilizaçâo ou tração da extremidade.
com os achados de exame físico e radiográficos. (Ver também Capítulo 8: Trauma Musculoesquelético e
Evidências radiográÍicas de fraturas em diferentes Apêndice G: Estaçôo Prática Dsftrnçôo Neuroló9ica.)
fases de consolidaçâo devem alertar o médico para a
possibilidade de maus tratos, assim como fraturas de
membros inferiores em crianÇas pequenas que ainda ARMADILHA PREVENCÀO
não deambulam.
Dificuldade êm rdentificàr Reconhece as
fTaturas [imitaçóês dos exames
PERDA SANGUíNEA radioló8icos, sobretudo
nã área de cíêscimêntô
A perda sanguínea associada a fraturas de ossos longos Usê a ônamnese,
e pelve e proporcionalmente menor em criânças que comPortàmento,
em adultos. A perda sanguínea relativa a uma fratura mecãnismo de trôumâ
fechada de fêmur tratada adequadamente é associadã e exàme físico para
à queda de 4% do hematócrito, o que não é suficiente
aumentar a sLrspeição.
para causar choque. Instabilidade hemodinâmica
na presença de uma fratura isolada de fêmur deve flaus trãtos Susperte quârrdo o
indicar avaliaçào de outras fontes de sangramento, despercebidos mecansmoeaLesào
frequentemente no abdome.
nào se corretacronam
MAUS TRATOS 207

MAUS TRATOS TABELA IO-7 DESENVOLVIMENTO DO BEBE

Qua.lquer criança que tenha alguma lesão intencional IDADE HABILIDADES


resultante de atos de cuidadores deve ser considerada
como sendo maus tratos. O homicídio é a causa mais mês Levantà â câbeça quândo êm decúbito
comum de lesáo fatal no primeiro ano de vida. Crianças que dorsâ[
Rêsponde à sons
sofrem rauma não acidental possuem lesões mais graves
O[ha pàrâ as pessoas
e mortüdade 6 vezes maior do que a criança com lesões
acidentais. Portanto, a história e avaliaçâo cuidadosas da
2 meses Vocatiza
criança com suspeita de maus tratos são de importância Sê8uê objetos que cruzam o campo visual
cítica paraaprevenção de morte eventual, especialmente Sustenta a cabeça por períodos curtos
em crianças menores de 2 anosdeidade. Osmédicosdevem
suspeitar de maus tratos na inância quando: 3 meses Reconhece rostos famrtiares
Sustêôta à cabeca
Existe discrepância entre a história e o grau SeSue obletos em movimento
de lesões físicas - por exemplo. uma criança
pequena perde a consciência ou tem lesôes 4 meses Sorri
significativas após cair do sofá ou da cama, GâíBathâ
fraturas ao brincar com irmãos ou outras §lporta o p€so nas pernas
crianças, ou ftaturas de membros inferiores em Vocatiza quandofalâm com e[e

crianças que ainda não deambulam.


5 meses DistinBue cores básicas
lntervalo de tempo prolongado entre o trauma ea Bfincâ com màos e pés
procura por atendimento médico.

Há história dê tâumatismos de repetição e de 6 mêses Sêgue sons e vozes

atendimentos em diferentes hospitais. lmita sons


Vira em ambas as direçõês
A história do trauma muda ou é diferente entre os
parentes e cuidadores. 7 meses Seota sem apoio
Arràsta objetos em sua direÇâo
História de visitas frequentes a hospitais ou ao
médico.
E meses . Fa[à "mamã" ou "papa" parê os pais
Os pais não respondem de forma adequada, ou . Pãssa objetos de uma mão para outrâ
sáo evasivos, ou náo obedecem as ordens médicas
- por exemplo, abandonam a criança na sala de Fica em pé com apoio
emergência.
l0 meses PeSaobjetos usando a pÍnça
O mecanismo de trauma não é plausível com o
Engatinhâ com o abdomê fora do chão
estágio de desenvolvimento da criança (.TABELA
rc7).
lmeses Gôstâ .1ê brincadêiras como "bate
paLmrnhas" e "cadê o nenê"
Os seguintes achados, em um exame físico cuidadoso, Brinca e fica em pé por aLguns segundos
sugerem uma criança com maus-tratos e exigem uma
melhor investigaçào: 12 meses . lmitâ âs ações de outrâs pessoas
. Pede o que quer com gêstos
Equimoses múltiplas (em diferentes estágios de
cicatrização)
Fraturâs de ossos longos em crianças menores
Evidência de Iesôes traumáticas prévias de 3 anos de idade
repetidas, como cicâtrizes antigas ou fraturas
Ruptura de vísceras sem ântecedente de trauma
consolidadas ao raio X
fechado de grande intensidade
Lesões periorais
Hematomas subdurais múltiplos,
Lesões perineais ou perianais especialmente sem fratura de crânio recente
208 CAPÍTULO l0 r Trauma Pediátrico

Hemorragia retiniana que os benefícios da prevenção eficiente são para avida


toda (r qga9691g-1). Evitamos grandes rupturas sociais
Lesôes bizarrâs, como mordidas, marcas de
e familiares associadas ao trauma na infância e também
queimadura por cigarro ou marcas de cordas para cada dólar investido na prevençào, economiza-se
Quejmaduras de segundo e terceiro graus quatro dólares no atendimento hospitalar.
nitidamente demarcadas
Fraturas de crânio ou de ârcos costais em ? Y. TRABALHO EM EGUIPE
crianças menores de 24 meses de idade

Em muitos países, os médicos são obrigados por O tratamento de crianças vÍtimas de trauma é
lei a reportar incidentes de maus tratos na infância um desafio quer requer uma equipe coordenada.
às autoridades governamentais, mesmo em casos Idealmen\e, as crianças deveriam sertratadas emlocais
apenas suspeitos. Crianças vÍtimas de maus tratos estão com proÍissionais especializados (médicos, enfermeiros
em risco de vida e ninguém é beneÍiciado quando o e equipe) qu€ tenham experiência no tratamento de
incidente não é reportado. O sistemaprotege osmédicos trauma pediátrico.
da responsabilidade de identificaçào conflrmada ou Deve-s€ orientar pÍeviamente as funçóes de cada um
suspeita de casos de maus tratos. da equipe, durante a reanimaçáo do doente, a fim de
Embora os procedimentos de denúncia possam variar, assegurar a sequência correta do atendimento.
normalmenle sáo conduzido: por serviços sociais ou No entanto, na realidade, a maioria das crianças
departamentos de direitos humanos. O processo de serão tratadas em locais com recursos pediátricos
denúncia de maus tratos em crianÇas ganha importância limitados. Nesses locais uma equipe de adultos terá a
quando se sabe que 33% das crianças vítimas de maus responsabilidade de atender a criança traumatizada e
tratos que morreram ou chegam moftas ao hospital, devem possuir:
nos Estados Unidos e no Reino Unido, tinham história
de episódios prévios de maus tratos que não foram Um IÍder em trauma que tenha experiência
reporLados ou nào Íoram Ievados a sério. no tratamento de doentes criLicos e que sejà
[ami]iar com os recursos pediátricos para
PREVENCAO atender as crianças.
Proflssronal com habrlidades básicas no
tratamento da via aérea.
Amaiorarmadilha do trauma pediátrico é nâo prevenir
o trauma antes de ter ocorÍido. Mais de 807. dos ProÍissional com habilidades no tratamento dâ
traumatismos da infância poderiam ser prevenidos via aérea difícil.
com a aplicação de estratégias simples em casa e na Habilidade de obtenção de acesso vascular, seja
comunidade. Os ABCDEs da prevenção do trauma foram
ele percutâneo ou via intraósseo.
descritos e precisam de atenção em uma populaçâo em
Conhecimento sobre reanimaçáo volêmica.

OUADRO IO-I ABCDES DA PREVENCÀO Equipamento apropriado para as diferentes


faixas etárias.
Anattat - anaLise os dados sobre o tÍaumâ
Atenção às doses de medicamentos.
- ViSilância LocaI dos traumâs
lrlild - construa coatizões locais Envolvimento precoce de um profissional com
- Parcerias com hospitais experiência em pediatria, de preferência um
Communkata - comuôique o probLema cirurgiáo pediátrico.
- Lesôes são preveníve,s Conhecimento e acesso a pediatras ou médicos
Oayllop - desenvotva ativ,dades de prevencáo de família para ajudar no tratamento de
- Críe ambíentes mâis seguros comorbidades e outros problemas.
Evallúta - avaLae as ,ntervenções
Inclusão da famíliâ da criança durante todo o
- Vigitâncià constante do trauma
tratamento.
Forle: Pr€sstey JC. Barlow B. Du.kin M. et at. A ôâtionàt proSrâm fo. É panicularmente importante dialogar após o
rnt'iry pr€vêôt onn ch,tdrên ând êdotêscênts thê inlury freê coatition
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RESUMO DO CAPÍTULO 3. Berg MD, Schexnayder 5M, Chameides L, et al.
2010 American Heart Association Guidelines
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1. As características próprias na criança incluem Emergency Cardiovascular Care Science. Pârt
importantes diferenças na anatomia, superfície 13: Pediatric Basic Life Support.2010 American
corpórea, complacência da parede torácica e Heart Association Guidelines for Cardio-
maturidade do esqueleto. Os sinaisvitais normais pulmonary Resuscitation and Emergency
variam com a idade. A avalição e atendimento Cardiovascular Care.
iniciais de crianças traumatizadas graves são 4. Bratton SL, Chestnut RM, GhajarJ, et al. Guidelines
guiados pelos ABCDEs. O envolümento precoce de for the management of severe traumatic brain
um cirurgíão geral ou de um cirurgião pediátrico é
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imperativo no tratamento da criança traumatizada.
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2. O tratamento não operatório de lesões de ciation of Neurological Surgeons; Congress
vísceras só deve ser realizado por cirurglôes em of Neurological Surgeons; Joint Section on
hospitais equipados para lidar com quaisquer Neurotrauma and Critical Care, AANS/CNS.
contingências rapidamente. Pediotrics 2009; 124(1): e166-e171.
3. Deve-se suspeitar de maus tratos sempre que 6. Brain Trauma Foundation. Guidelines for
houver qualquer achado sugestivo na história ou the Acute Medical Management of Severe
exame físico: história discrepante, demora para Traumatic Brain Iniury in Infants, Children, and
procurar atendimento, história de traumatismos Adolescents-Second Edition. Pe d.iatr Crit Med
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TRAUMA NO IDOSO
1

Ao manejar doentes geríátricos com trouma os efeitos d,o enverhecimento


, na funçõo
fisiológica e o impacto de doenças pré-existentes e o uso de medicamentos petio
id,oso nõo
p od.em s er subestimcdos.
CAPíTULO II sUMÁRIo
ÔEJETIVOS TIPOS DE LESÃO
. Fraturas de CosteLas
INTRODUçÀO . Trauma Craniencefá[ico
. Fraturas de PeLve
EFEITOS DO ENVELHECIMENTO E IMPACTO DE
coNDrÇÔEs PRÉ-EXTSTENTES CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS
. Uso Prévio dê Medicame^tos
MECANISI.4O DE LESÀO . Abuso no ldoso
. Ouedas . EstabeLecendo Metas de Cuidado
. Acidentes de Automóvel
. Oueimadurâs IRABALHO EM EOU'PE
. Trôumas Penetrantes
RESU I.4O DO CAPÍTULO
AVALIAÇÀO INICIAL COM REANIMACÃO
. V;a Aérea BIEL OG RAFIA
. Respiraçáo
. CircuLação
. DisfunçãoNeuÍo[ógica
. Exposicão eAmbiente

OBJETIVOS

Após a leltura deste capÍtuLo ê a comprêensâo dos tóplcos de 4. Discutir as câracterísticas únicâs de tipos
âprendizâdo do curso ATLS, você estaÉ apto a: êspecíficos de lesão visto em idosos, tais como
fraturas de costeLas, traumatlsmo craniencefátlco
Expticar as altêrações flslológicas que ocorÍem com e fraturas pétvicas.
o envelhecimento e como elás âfetam âs lesôes
geriátricas ê a respostâ do doentê idoso ao trauma. 5. ldentificar as causÉs e sinais de maus-trirtos môis
comuns e formuLar uma estratétla Paía a gestão de
2. ldentlflcar os mêcanlsmos de lesão comumente situaçóes de abuso no idoso.
encontrados em doentes idosos.

3. Descrever a avatiação lnicial com reanlmação e o


manelo dãs Lesões críticas em doentes geriátricos
utitizàndo os princÍplos do ABCDE do ATLs.

2t5
116 CAPíTULO ll r Trauma no doso

I maioriadospaísesnomundoestáexperimentando adequada identificaçáo do doente idoso em risco de


à u,, ar"r.,-ento na proporçao oe loosos em suã morte e uma abordagem terapêutica bem coordenada,
Fl poprr"ç"o. Aoultos mdls vernos compuerrr u ftequêntemente multidisciplinar, além de um enfoque
segmento de mais rápido crescimento dapopulação dos terapêutico agressivo. Por estas razôes, a avaliação
Estados Unidos, Na verdade, até 2050 quase metade da compl€ta dos doentes geriátricos em um centro de
população mundial vai viver em um país onde pelo menos trauma melhora seus resultados.
20% da população é de pessoas acima de 60 anos, e um
quarto vai viver em um país onde as pessoas mais velhas
correspondem a mais de 30% da populaçào.
EEITOS DO ENVELHECIMENTO E

Envelhecimento da população é esperado para ser TMPACTO DAS CONDrÇÔES


uma das mais significativas transformaçôes sociais do PRÉ-EXISTENTES
século XXI. Esta geraçáo vai úver mais do que a antêrior
e terá acesso a cuidados de saúde de alta qualidade.
Além disso, a crescente mobilidade e estilos de vida Diminuição da funçáo ceiular, levando à falência de
ativos dos indivíduos idosos de hoje coloca-os com risco órgãos, éparte do processo de envelhecimento. Portanto,
aumentado para ferimentos graves. Trauma agora é a o envelhecimento é caracterizado pela deterioraçáo de
quinta causâ principal de morte na população idosa- mecanismos adaptativos e homeostáticos que causam
Doentes com trauma geriátrico representamum desafio um aumento da susceptibilidade ao estresse do trauma.
únicopara as equipes de trauma. Embora os mecanismos Esta condição é comumente descrita como diminuição
de lesão possam ser semelhantes àqueles paraa população da reserva fisiológica. Lesões, geralmente toleradas
mais jovem, dados bem-estabelecidos demonstram pelo doentes mais jovens, podem levar a resultados
aumento da mortalidade de adultos idôsos com üauma devastadores em doentes idosos.
de semelhante gravidade. Falha na triagem de doentes Existem várias evidências mostrando que condições
idosos, mesmo aqueles com lesões crÍticas, pode ser em pré-existentes (CPEs) têm impacto na morbimortalidade.
parte responsável pela mortalidade atribuída. Em um estudo recente, os investigadores identificaram
Claro que o erro na triagêm é apenas um fator que cinco CPEs que inÍluenciaram os resultados em doentes
irúluencia a mortalidade no trauma geriátrico. Senescência útimas de trauma: cirrose, coagulopatia, doençapulmonar
dos sistemas orgânicos, tanto anatomicamente como obstrutiva crônica (DPOC), doenças isquêmicas do coraçáo
Íisiologicamente, doenças pré-eústentes e fragilidade, e diabetes mellitus. No estudo côm mais de 3.000 doentes,

todos desempenham um papel que coloca os idosos um quarto dos indiúduos com idade superior a 65 aros,
ütimas de trauma em maior risco. Maus-tratos, abuso possüa uma dessas cinco CPEs. Doentes comumaou mais
de substâncias e depressão são fatores adicionais a serem dessas condições eram quase duasvezes maispropensos a
cor»iderados, e a triagem pode ser realizada por meio de morrerdo que aqueles sem CPEs. Os mesmos pesquisadores
várias ferramentas. Resultados aceitáveis dependem da relataram sobre a interação entre a lesào € fatores do

Homens Mulheres

É
! 0.5 3+ condiçoes ! 0.5 3* condições
1-2 condições = 'l'2 condiço.§
- 0 condiçoes
t - 0 condiç6es
E 0.4 - E o.4 -
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t 0.3 -. 30X risco- - - c 0.3 -'30Í ris.o------.
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0.1 0.1
20304050@708090 2030,()$«)7OEO90
l.h.r! Oor décda) ldrde (por décàda)
A B

I tIGURA ,1-1 Ris(o de mortalidêde associada a compli.açôês geriátÍicas ou morte, por idade e número de (ondiçõês pré-existentês para a.
homenr e B. mulhere5. Nota-se que o risco de morte aumênta com um número (res(eÔte de (ondiçôe5 prê-existenter e a idade. Fonter Adaptado
(om permirsão de Min L, 8urrus5, 5, lúorley E. ê1 ã1. A simple (lini.al rirk nomogram'to predi(t mortality-âsro(iated geriatric (ompli(átion5 in
severêly injured geriatri( patients. J rrarma Ácute care Surg 2013:74(4):1125-1132. Copyright @ 2013 Lippincott William5 & Wilkinr.
AVALIACÃO tNtCtAL COM REANTMAÇÂO 2t7

hospedeiro, que incluíam a idade, gênero e CPEs (r Rcua,q descobriramque os idosos estão particularmente em risco
1ií). Embora a gravidade da lesão tenha sido a principal por causa da diminuiçáo do tempo de reação, audição e
determinante da mortalidade, outros fatores do hospedeiro üsão prejudicadas e a incapacidade de escapar do local em
também desempenharam um papel significativo. chamas. Uquidos quentes d€ramâdôs na pema que, em um
doentejovem, pode reepitalizar mais rapidamente devido
aum número adequado de foliculos pilosos, resultará em
MECANISII4O DE TRAUMA uma queimadura de espessura total em doentes idosos
deúdo à escassez desses folÍculos pilosos. O envelhecimento
Mecanismos comuns de trauma encontrados em doentes dos sistemas orgârLicos dos doentes idosos útimas de
idosos incluem quedas, acidentes automobilísticos, queimadura tem um grande impacto sobre os resultados;
queimaduras e ferimentos penetrantes. alteraçôes na pele dos idosos são óbüas, e a incapacidade
deste doente para atender as demandas fisiológicas
OUEDAS associadas às queimaduras provavelmente tem grande
influência no resultado e sobreüda.
O risco de queda aumenta com a idade, e as quedas são o
mecaaismo mais comumde ferimento fatal na população LESõES PENETRANTES
idosa. Quedas náo fatais são mais comuns emmulheres, e as
ftaturas são mais comuns em mulheres que caem. As quedas De longe, o traumatismo náôpenetrante é omecanismo
sáo a causa mais comum de traumatismo craniencefáIico predominante de lesão em adultos idosos; no entanto,
(TCE)emidosos. Quase metade das mortes associadas com um número signiÍicativo de pessoas com idade superiora
quedas da própria altura é resu.ltado de TCE. Metade dos 65 anos é vítima de ferimentos penetrantes. Na verdade,
doentes idosos que softemumafratura de quadril já não será Iesão penetrante é a quarta causâ mais comum de morte
capaz de üver de forma independente. Fatores de risco pan tÍaumática em individuos de 65 anos ou mais. Muitas
as quedas incluem idade avançad4 deficiência fi;ica, história mortes associadas a ferimentos por projétil de arma de
de queda anterior, uso de medicação, demência, marcha fogo estão relacionadas a automutilação ou suicÍdio.
instável e deficiências visuais, cognitivas e neurológicas.
FatoÍes âmbientais, tais como tapetes soltos, iluminação
AVALIACÃO INICIAL COM
insuficientee superfícies escorregadias ou irregulares,
contribuem para aumentar o úco de queda. REANIMACÃO

ACIDENTES AUTOMOBILíSTICOS Como em todos os doentes vítimas de trauma, a


aplicação dos princípios do ATLS na avaliação e manejo
Em geral, as pessoas idosas dirigem menos milhas, de adultos idosos segue a metodologia do ABCDE. Os
em esüadas menos movimêntadas e em velocidades médicos devem levar em consideração os efeitos do
mais baixas do que os jovens. Eles também tendem a envelhecimento sobre os sistemas e órgãos e suas
dirigir mais durante o dia. Assim, a maioria das mortes implicações para o cuidado desses doentes, conforme
no trânsito de idosos ocorre durante o dia e nos Íinais descrito na . TABELA rr-1. (Ver também Efeitos do
de semana, e normalmente envolvem outros veículos. Envelhecimento no aplicotivo móvel MyATLS. )

Fatores contribuintes que ãumentam o risco para acidentes


de automóvel em idosos incluem um tempo de reação VIA AÉREA
mais lento, aumento da área cega, mobilidade ceruical
Iimitâdâ, diminuiçáo da audição e comprometimento A via aérea dos idosos apresenta desafios especíÍicos para
cognitivo. Além disso, problemas médicos, como infano do o médico atendente. Devido ao fato de que os adultos
miocárdio, acidente vascular cerebral e disritmias podem idosos têm significativa perda de reflexos de proteçâo
resultar em condições que precipitam uma colisào. dasvias respiratórias, oportuna tomada de decisão para
estabelecer uma úa ãérea deÍinitiva pode ser uma medida
OUEIMADURAS salvadora de vidas. Os doentes podem ter dentaduras
que podem soltar e obstruir a via aérea. Se a dentadura
Queimaduras podem ser particularmente devastadoras em não está obstruindo avia aérea, deixe-a no lugardurante
doentes idosos. Há muito tempo se conhece o impacto da a ventilação bolsa-máscara, o que melhora o a;uste da
idade na mortalidade por queimadura; no entânto, apesar dâ máscara. AIguns doentes idosos são desdentados, que
significativa diminuição na mortalidade nos doentes mais torna mais fácil intubar, mas ventilação bolsa-máscara
jovens, a mortalidade associada a pequenas e moderadas é mais difícil. Alterações artrÍticas da coluna cervical e
queimaduras em adultos idosos permanece elevada. Ao da abertura de boca podem dificultar o manejo da via
ara-lisar as mortes por incêndios estruturais, pesquisadores aérea do idoso (. rtcunq r r-z). Ao realizar intubação
218 CAPÍTULO ll ! Traurna no doso

TABELA II-I EFEITOS DA IDADE NOS SISTEMAS ORGÂNICOS E IMPLICACõES NO CUIDADO

SISTEMAORGANICO ALTERACAO FUNCIONAL IMPLICACAO NO CUIDADO

Cârd[aco DecLÍnio da funçào Atterãçào dâ "resposta aLássrca" a

Diminuicào na sensibiI dade às catecotamlnas hipovoLemia


Drminurcào da massô muscular Rrsco de rsquemià cardiacà
Aterosclerose dos vasos coronâriànos Aumento do flsco de arritmrês
Aumento dâ pós-carga ELevaçào da pressào êrtêrlaL bãsaL
Débito cardÍâco inâtterado
Frequênciâ càrdíàca rnaLteradà (Ê btoqueadores)

PuLmonôr CifoescoIiose torácica Rrsco aumentado de rnsuficiência


Orminu,ção do diámetro transverso torácico respirôtórlê
Reduzida capacidade residuaI funcionâ[ Rrsco aumentado pâra pneumonja
DiminuiÇào da troca gasosâ Baixa toLerância às fraturas de costeLas
Diminuiçào do reflexo de tosse
Diminuicão da função mucociLiar
Aumento dâ colonização orofarÍngea

RenaI Perdâ da massà renaL Exames lãboratoriais renais de rotrna podêm


Diminuicão no ritmo de filtrôçào gtomeruLâr estar normais (nào mostrando aLteracão)
(RFG) Correção da dose de medicações nâ
Drmrn,Jrcáo na sensrbrt'da6e ào hormônro rnsuficiêócra renaI
antrdiurétrco (ADH) e àLdosterona D mr'\u ção ^a haortroàde de colce-tràr
urinâ
Fluxo unnáno podê estar norma[ com
hrpovotem â
Aumento do risco de insuficiência renaLâ8uda

PeLe/Partes moLes/ Perda de massa corpórea Aumento do risco de fratuías


Muscutoesquêlético Osteoporose Diminuiçào da mobiLidade
Atterãções nas articulâçóes e câítilagens DificuLdade na !ntubaçào oràl
Alteracôês degeneratavas (iôctuindo coLuna Rrsco dê lesão de pete devido a
cervicaL) imobitidade
Perda da eLasticrdade cutânea e gordura Aumento do risco de hipotêrmja
subcutânea Mudânçâs na reabilitacào

Endóc.ino Dim nurcào na produçáo e resposta à tiroxtna Hipotrreoidismo oculto


Drminuiçào dô dêhidroepiandrosterona (DHEA) Estado retativo de hrperco.tison smo
ALrmentô do risco de iofecções

I FIGURA 11-2 Alterà(ôer artírti(as podem (ornplicar o manejo da


vià aérea e coluna cervi(al. Estô iÍnàgêm de ressonán(ia magnêtica,
sagital ponderadô êm T2, mostía gràves âJteraçõês dêgenerativà5
multinivêis que afetam os espaçor di5cais e elementog posteriores,
associados â severê e5tenose do (anal medular, compressão dã
medula e pequenos íocos de mrelomalácià à nÍvel de C4-C5.
AVALIACÀO INICIAL COI'í REANIMACÀO 219

de sequência rápida, reduzir as doses de barbitúricos, como hemodinamicamente normal. Mesmo que o doente
benzodiazepínicos e outros sedativos para entre 2oyo e idoso possa teruma ftequência cardíaca e débito cardíaco
40v"para minimizaro risco de depressão cardiovascular. Íixos, em resposta à hipovolemia, isso implicará em
Principais alterações fisiológicas e considerações aumento dâ resistência vascular sistêmica. AIém disso,
para o manejo e abordagem na avaliaçáo da via aérea uma vez que muitos doentes idosos têmhipertensão pré-
sáo listadas na r IABELA 1t-2. existente, umapressãoarterialaparentemente aceitável
pode verdadeiramente refletir um estado relativo de
RESPIRACAO hipotensão. Uma recente pesquisa identifica uma
pressão arterial sistólica de 110 mm Hg a ser utilizada
Mudanças na conformidade dos pulmões e parede como limite para a identificação de hipotensão arterial
torácica resultam em maiortrabalho da respiração com em adultos com mais de 65 anos de idade.
o envelhecimento. Estaalteração coloca o doente idoso É crítico identificar doentes comhipoperfusão tecidual
em alto risco para insuÍiciência respiratória. Devido ao slgnificativa. Várias metodologias têm sido empregadas
fato de que o envelhecimento provoca uma resposta e continuamâ serusadaspara fazereste diagnóstico. Elas
cardÍaca reprimida à hipóxia, a insuficiência respiratória incluemdosagemde déficit debase e lactato no soro, índice
pode se apresentar insidiosamente em adultos idosos. de choque e pontos de extremidade de têcido-espêcífic4.
A interpretação clínica e laboratorial das informações Reanimação de doentes geriátricos com hipoperfusão é
pode ser difÍcil devido apresença de doença respiratória a mesma que paratodos os outros doentes e baseia-se na
pré-existente ou alteraçôes não patológicâs naventilação admilistração apropriada de fluido e sangue.
associadas com a idade. Frequentemente, as decisões O doente idoso com evidência de insuficiência
paraproteger aviaaérea do doente idoso eprovidenciar circulatória, até que sejaprovado o contrário, deve estar
a ventilaçáo mecânica podem e devem ser feitas antes sangrando. Considere o uso precoce de monitoraçào
do agravamento da função respiratória. avançada (por exemplo, pressão venosa central
Principais alteraçôes Íisiológicas e consideraçôes IPVC], ecocardiografia e ultrassonograÍia) para guiar
para o manejo e abordagem na avaliação da respiraçáo a ressuscitação ideal, dado o potencial para a doença
e ventilação são listâdas na r TABELA 11-3. cardiovascular pré'existente. Além disso, os médicos
precisam reconhecer que um evento fisiológico (por
crRcuLAçÃo exemplo, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio,
arritmia)podeterprovocadooincidente,levandoalesão.
AIteraçôes relacionadas com envelhecimento do sistema
o Principais alterações Íisiológicas e considerações para
cardiovascular colocam o doente idoso traumatizado em o manejo e abordagem na avaliação da circulação são
risco signÍficativo para ser categorizado erroneamente Iistadâs na r ÍABELA 11-4.

TABELA -2 ALTERAçÔES FTSTOLóG|CAS E CONSTDERAçÔES NO MANEJO: VrA AÉREA

ÂLTERAçÔES FISIOLóGICAS DECORRENTES


DA IDADE CONSIDERAçôEs NO MANEJO

. ALteraçÕes da bocà ê cotunê cervicat por ãrtrite Perda da dênticào


.líacrogLossia Uso de lann8oscópro e cânutâs de intubôçào de tômanho apropriado
. Diminuiçào dos reftexos de proteção Colocaçào de gaze êntrê a Bengiva e a bochecha parà impedi. à saídà
de âr ao usar a ventitação com máscarâ

TABELA -5 ALTERAçõES FrSrOLÓGTCAS E CONSTDERAçÔES NO MANEJO: RESPIRAÇÃO

ATTERAçóE5 FISIOLóGICAS DECORRENTES


DA IDADE coNsrDERAçõES NO I'IANEJO

. Aumento da cifoescoLiose Reserva rêspiràtória [im,tadá; rdentificêr insuficiêncrâ resp ratóriã


. Dimanurçáo da Capôcidade Resrdual. Funcronal. (CRF)
. Drminuaçào dâ trocô gâsosa lYanejar frãturas dê costeLa prôntamente
. Diminuiçào do reftexo da tosse Assegurêr â ãplicaçào adequada de venti[ação mecânica
. Diminuição da timpêzâ mucocitiar dà via âérea
2?o CAPíTULo ll r Írauma nô doso

TABELA II-4 ATTERACÕES FISIOLÓGICOS E CONSIDERACÔES NO MANEJO: CIRCULACÀO

ALÍERAçÔES FISIOLÓGICAS DECORRENÍES DA


IOADE CON5IDERAçõES NO MANEJO

. Doênçà cardíaca pré-êxrstente ou Hipertensão P.ocurar por ev dêncra de hipoperfusão teciduaI


. Pêídà da "resposta ctássrca" à hrpovotemia líanelàr fraturas de costela prontamênte
. Probàbilidadêdê medrcômentoscardioló8rcos Assegorar a aplrcêçào adequadà de ventitacào mecânrca

normal. A doença degenerativa da coluna vertebral


ARMADI- PREVENCAO coloca os doentes idosos em risco de fraturas e lesão
LHA medular mesmo com quedas de baixa energia cinética
como a queda da própria altura. A identificação
Falha em Nào equipârar pressào arterial e precoce e suporte apropriado
de anticoâgulaçào terapêutica
- incluindo correção
pode melhorar os
choque Reconhecer â possibrLdade de resultados em doentes idosos.
-
hipêrtensão ârteriaI pré-existente e. Principais alterações fisiológicas e considerações
quando pcssrveL. obter história clinica.
para o manejo e abordagem na avaliação da disfunçáo
UtrIizar marcêdorês sânguíneos como
lactâto e déficit de bases (base êxcess) neurológica sáo listadas na r TABELA 11-5.
pârà avaLiâr a existência de choque.
Utrlizar métodos não rnvasavos como EXPOSTçÃO E AMBTENTE
a ecocardio8rafia para avatrar a funçâo
cardíaca gtobâl e o status de voLume
Reconhecer o potenciaI de perda
Alterações musculoesqueléticas associadas ao
sanguínea decorrente de Lesào de
processo de envelhecimento apresentam preocupações
pafies motes, fratura pétvica e de especíÍicas durante este aspecto da avaliação inicial do
ossos tongos doente idoso de trauma. Perda de gordura subcutânea,
deficiências nutricionais, condiçôes médicas crônicas
e pré-existentes, terapias médicas colocam os doentes
DTSFUNçÃO NEUROLóGrCA idosos em risco de hipotermia e complicaçôês
decorrentes da imobilidade (úlceras de pressão e
Traumatismo craniencefálico (TCE) é um problema delirium). A avaliação rápida e, quando possível, a
de proporções epidêmicas na população idosa. O remoção precoce da prâncha rígida e colar cervical,
envelhecimento faz com que a dura-máter esteja iráo minimizar essas complicações.
mais aderente ao crânio, aumentando assim o risco As principais alteraçôes Íisiológicas e considerações
de hematomâ pêridural. Além disso, os doentes mais para o manejo e abordagem na avaliaçâo da exposição
idosos utilizam medicamentos anticoagulantes e e ambiênte são listadas na. TAB€LA 11-6.
antiplaquetáriosparacondições médicas pré-existentes.
Esses dois fatores colocam o indivíduo idoso de alto risco
para hemorragia intracrâniana. A doença aterosclerótica LESÕES ESPECíFICAS
é comum com o envelhecimento e pode contribuirpara
a lesào cerebral primária ou secundária. AtroÍia cerebral Lesões específicas comuns na população idosa incluem
moderada pode permitir que a patologia intracraniana fraturas de costelas, traumatismo craniencefálico e
apresente-se inicialmente com um exame neurológico fraturas pélvicas.

TABÊLA Í-5 ALTERACÕES FtSTOLÓGTCAS E CONSTDERAÇõES NO MANEJO: DTSFUNçÀO NEUROLóctCA

ALTERAçóEs FISIOLóGrcA5 DECORRENTEs DA IDAI)E CONSIDERÂCOES NO I'IÀNEJO

. Atrofiâ cerebrâl Uso liberã[ da tomo8rafia computadorizàda pâra identificar


. Doênçâ deSenerativa da meduLa [êsões cerebrãis e medutares
. Presença de doença neurolóEica ou psiqurátr,ca pré-existente Assegurãr .eversào precoce dos êfêrtos dàs medicacões
antrcoagulantes e ântipLaquetárias
LESÕES ESPECÍFICAS 2?I

TABELA II-6 ALTERACÔES FISIOLÓGICAS E CONSIDERACÔES NO MANEJO: EXPOSICÀO E AMBIENTE

ALTERAçôEs Frsrolócrcns oeconnENTEs DA rDADE CONSIDERACÕES NO MANEJO

Perdê da Sordura subcutânea Avatrar precocemente e retirar o cotâr cêrvicaL e a prâôcha


Perdô dâ eLàsticidâde da peLe LonSa assim que possíveL
l',1udônças esqueléticas decorrentes dâ artrite CoLocar â[mofadâs ôas proeminências ósseas quando
Def icrências nirtricionais ôecessáao
Prevenir a hipotermla

FRATURAS DE COSTELAS oral, medicamentos por via intravenosa transdérmica ou


anestésicos regionais. Admrnistração de narcóücos em
Doentes idosostêm maior risco de fraturas de costelas, doentes idosos deve ser realizada com cautela e somente
devido as alterações anatômicas da parede torácica e perda em ambiente adequado para o monitoramento de perto
de densidade óssea. A causa mais comum de fraturas de do doente. Eütar efeitos desfavoráveis, particularmente
costelasé a queda da própria altur4 ao nivel do solo, seguida depressão edelÍrium, é de suma importância.
poracidentes de automóvel. A principal complicação em
doentes idosos com ftaturas de costelas é a pneumonia. TRAUMA CRANIENCEFÁLICO
Napopulação idosa, a incidência depneumoniapode ser
táo altaquanto 30%. Risco demortalidade aumenta com Há provas contundentes de que a populaçâo geriátrica
cada costela adicional ftaturada. possü maior risco de mortalidade e morbidade associada ao
Os principú objetivos do üatamento são o controle da dor TCE. Este aumento da mortalidade não está necessâdamente
e a higiene pulmonar. Conhole àdorpode induir medicaçâo relacionado à magnitude da lesão, mas sim a incapacidade
do doente idoso de se recuperar. Até hoje existem poucas
ARMADILHA PREVENCÀO recomendações especficas para cadaidade no manejo de
TCE. Delirium, demência e depressão podem ser difíceis
Atteràção respiratória Reconhecêr o potenciaI de se distinguir dos sinais de Iesão cerebral. O manejo de
quê aparece após quedà para deterioração dâ doentes idosos com TCE que estão utilizando medicâmentos
com fraturas de costeLas função puLmonar em anticoagulantes e/ou antiplaquetárias é parlicularmente
doentes idosos com desúador, e a mortalidade destes doentes é maior.
fraturas de coste[as
Uso liberal de tomografia computadorizada para o
PÍovidenciar ânâLgêsia
efet,va. diagnóstico é particularmente importante em doentes
AvàLaàr adequadêmente ã idosos, com alteraçôes pré-existentes como atrofia
toaLete pulmônâr cerebral, demênciae acidente vascular cerebral e podem
Reconhecer as diÍicuitar o diagnóstico clÍnico de TCE. Além disso, uma
como.bidades dos
agressiva e precoce reversão daterapia anticoagularte pode
doentes e sêu impacto
na respostâ âo traumâ e melhorar o resultado. Este resultado pode ser conseguido
medicâções. rapidamente com o uso de concentrado complexo de
protrombina {CCP), plasma, e medidas padrão como o
Doente desenvoLve Obter o histórico de uso deütaminaK. O status da coagulaçâo do doentepode
deLiriúm após receber medicamentos utrtrzados não estar anormal em doentes tomando medicamentos
8íândes doses de e avâLiâr as interações anticoagulantes maisrecentes. Infelizmente, osagentes
narcóticos. com outras medicâçôes.
de reversào específicos ainda náo estão disponiveis para
UtiLizar pequenas
doses de nàrcóticos de muitos dos mais recentes inibidores düetos datrombina
curta duraçào quando e inibidores de anti-Xa, eumstatus de coagulação normal
necessário. pode ser difícil de ser alcançado. (VerTabela 6-5 Manejo
Considerâr aLternâtivas de Anticoagulantes no Ccpítulo 6.)
nào narcóticâs
UtiLizar anaLgésicos
transdérmicos, FRATURAS PÉLVICAS
bLoqueadores ou
epidu.ais quàndo Fraturas pélvicas na população idosa resultam mais
possivel comumente de quedas da própria altura, ao nÍvel
do solo. Como a idade dos doentes, a incidência de
?2? CAPíTULO ll r Trauma no doso

osteoporose também aumenta Iinearmente; a maioriâ Muitas vezes, vários tipos de abusos ocorrem
dos indivíduos acima de 60 anos t€m algum grau de simultaneamente. Multifacetada em causas, os maus-
osteoporose. A mortalidade de ftatura pélüca é quatro §atos em idosos, muitasvezes não são reconhecidos e são
vezes maior em doentes mais idosos do que em doentes subnotificados. Sinais de maus-tÍatospodem ser sutis {por
mais jovens. A necessidade de transfusáo de sangue, exemplo, falta de higiene e desifuataçáo)e podem passar
até mesmo para fraturas aparentemente estáveis, é despercebidos. Maus-tratos físicos ocorrem em até 14% de
signiÍicativament€ maior do que a observada em uma admissôes em trauma geriátrico, resultando emuma maior
população mais jovem. Adultos maisvelhos tambémtêm morta.lidade quando comparada com doentes ma.is jovens.
uma permanência hospitalar muito maior e são menos Achados fÍsicos, sugerindo maus-tratos no idoso sáo
propensos a voltar a um estilo de vida independente listados no. euaDRo 11-1.
após a alta. Prevenção de queda é o ponto fundamental A presença de achados físicos sugestivos de maus-
para reduzira mortalidade associadaa ftaturas pélvicas. tratos merece um histórico detalhado. Se a históriaentra
em conflito com os achados físicos ou revela um atraso
intencional no tratamento, imediatamente, as âutoridades
CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS competentes devem ser comunicadas para investigaçào
futura. Se asuspeitade maus-tratos se confirma, tome as
Circunstâncias especiais que requerem maiorâtenção no medidas adequadas, incluindo a Íemoção do doente idoso
tratamento de doentes idosos incluem medicamentos, dasituação abusiva.De acordo com oCentro Nacional de
maus-tratos e estabelecimento de metas de âtendimento. Abuso ao Idoso nos EstadosUnidos daAmérica (Notionol
Centeron ElderAbuse), mais do 1em cadâ 10 adultos idosos
MEDICAMENTOS podem experimentar algum tipo de maus-tratos, mas
apenas I em cada 5 ou menos desses casos são relatados.
Betabloqueadores são usados em aproximadamente 20% Uma abordagem multidisciplinar é necessária para
dos doentes idosos com doença arterial coronariana e em abordar os componentes de cuidados para as vítimas
10olo dos doentes com hipertensâo arterial. O bloqueio idosas de maus-tratos.
fisiológico inerente da resposta esperada à hipovolemia
pode fornecer obstáculos de triagem e tÍatamento. ESTABELECENDO METAS DE CUIDAOO
Anticoàgulação, antiagregantes plaquetários e uso
de inibidores diretos da trombina causam problemas Trãuma é a quinta causa principal de morte em doentes
significativos para o doente com hemorragia. A rápida acima de 65 anos. Entre os doentes de trauma, os idosos
identificação do tipo de droga e o uso de um agente para compreendem apenas 127o da população total; mas,
sua reversão (se disponível)podem salvar aüda do doente. surpreendentemente, eles representam quase 30uÁ

ABUSO NO IDOSO OUADRO II-I ACHADOS FiSICOS SUGES-


TIVOS DE MAUS-TRATOS NO IDOSO
Ao avaliarum doente idoso ferido, membros daequipe
devem considerar a possibilidade de abuso. Abuso no Contusóes que afetam a reSião inte.na dos braços, face
idoso é definido como qualquer imposiçáo intencional internê das coxas, patma da mâo, planta do pé. côuro
de lesão, conÍinamento irracional, intimidação ou cabeludo, orelha (pavilhão ôuricu[ar), áreâ da mastoide,
castigo cruel, o que resulta em dano fÍsico, dor, angústia nádegas
mental ou outra privâçâo intencional por um familiar Contusôes múLtipLàs e a8rupadas
Abíasôes na área axilar (indicando restrição) ou punho e
ou cuidador que são necessários para evitar danos
tornôzêtos (indicando amarraduras)
físicos, angústia mental ou doença mental. Abusos nos
Lesão nasêL em ponte e nã região temporaL (âgrêssão
idosos podem ser tâo comuns como abusos em crianças.
enquanto usava ócuLos)
Abuso no idoso pode ser dividido em seis categorias: Equimose periorbital
Lesão orâl
1. Abuso físicos A[opecia de padrào incomum
2. Abuso sexual Úlcera de pressào náo tratada ou úlcerâs em áreas nào-
[ombos sacrais
3. Negligência Fraturas náo tratadas
4. Abuso psicológico traturês nào envolvendo o quadriL, úmero ou véatêbra
LesÕes em vários estágios de evolução
5. Exploração Íinanceira e material
Lesôes n05 othos ou nariz
6. Violação dos direitos Oue,mêdura poÍ contato ou escaldâdura
HemorraSia por escalpe ou hematomà
BIBLIOGRAFIA 713

das mortes causadas por traumà. Sem dúvida, idade ser úteis no cuidado de doentes em situações
avançada contribui para o aumento da morbidade e difíceis.
mortalidade. Doenças médicas pré-existentes podem
!
acompanhar a fisiologia do envelhecimento. Uma
I abordagem centrada nô doente deve incluir discussões
RESUMO DO CAPiTULO
i
iniciais com o doente e sua família sobre metas de
cuidado e de tràtamento. No cenário de trauma, é 1. Adultos idosos sáo atualmente o segmento de mais
importante inicialmente ter um diálogo aberto para rápido crescimento da populaçáo. Frovedores de
encora)ar a comunicação. Muito doentes já discutiram tÍaumaverào um número crescente de idosos feridos.
seus desejos em relação a terapias para manutençào
da vida antês de ocorrer um evento agudo. A consulta 2. O doente idoso apresenta desafiosúnicosparaaequipe
precoce com os serviços de cuidados paliativos pode de trauma. A influência de alteraçóes na anatomia e
serútil na determinação de Iimitaçóes no atendimento, fisiologia, bem como o impacto decondições médicas
bem como abordagens paliativas efetivas para aliviar pré-existentes, influenciará nos resultados.
os sintomas do doente.
3. Mecanismos comuns de lesão incluem quedas,
acidentes de automóvel, queimaduras e ferimentos
I Y TRABALHO EM EOUIPE penetrantes.

Equipes de trauma estão cada vez mais 4. A sequência de avaliaçào inicial ea reanimação são
participando do manejo do trâuma na as mesmas para adultos mais jovens; no entanto,
população idosa. ã exclusiva anâtomia e Íisiologia dos doentês mais

Devido a condiçóes médicas pré-existentes e as idosos inÍluenciará no sincronismo, magnitude e


potenciais complicações da terapia com drogas resultado Íinal.
antiagregantes e anticoagulantes, o manejo
bem-sucedido do trauma geriát rico permanece 5. Lesões comuns em idosos incluem ftaturas de costelas,

desafiador. Uma equÍpe de trauma com uma traumatismo craniencefálico e fraturas pélvicas.
compreensão das mudanças anatômicas e A compreensâo do impacto do envelhecimento e
fi siológicas relacionadas ao envelhecimento
as influências sobre as armadilhas vistas com estas
pode ter um impacto positivo no resultado final Iesôes resultará em melhores resultados.

do manejo do doente idoso traumatizado.


6. O impacto do uso de medicamentos, os maus-tratos
Ativação precoce da equipe de trauma pode com os idosos e o estabelecimento de metas de cuidado
ser necessária para doentes idosos que não são câracterísticas únicas do tratamento do doente
satisfazem os critérios tradicionais para sua idoso traumatizado. A identificaçâo ptecoce dessas
ativação. Uma lesão simples, como uma fratura situações influenciará nos cuidados e resultados.
de tíbia, em uma pessoa idosa frágil pode
rapidamente tornar-se fatal.
O efeito de drogas cardíacas, tais como BIBLIOGRAFIA
betabloqueadores, podem alterar a respôsta
fisiológica típica da hemorragia, dificultando
a interpretaÇão tradicional dos sinais vitais. O I. American College of Surgeons, Committee on
membro da equipe responsável pelo manejo da Trauma, National Trauma Data Bank (NTDB).
circulação deve assegurar que o Iíder da equipe http://www.facs.org/tÍauma/ntdb. Accessed
seia informado mesmo de pequenas alterações May 12, 2016.
nos parâmetros Íisiológicos, e deve avaliar o 2. Braver ER, Trempel RE. Are older drivers actually
status da perfusão para rapidamente identificar at higher risk of involvement in collisions
e manejar hemorragias catastrófi cas. resulting in deaths or nonfatal iniuries among
their passengers and other road users? Inj Prev
Os resultados para doentes idosos
2004:70:27-29.
traumatizados são frequentemente pobres.
O Iíder da equipe deve considerar diretivas
3. Bulger EM, Arenson MA, Mock CN, et al- Rib
fractures in the elderly. J Trauma 2000;48:
avançadas de tratamento dos doentes e
1040-1046.
reconhecer os objetivos para o cuidado do
doente. Muitas vezes, os membros da equipe
4. Li C, Friedman B, Conwell Y, et al. Validity of
the Pâtient Health Questionnaire-2 (PHQ-2) in
fornecem pareceres ou sugestões que podem
224 CAPíTULO ll r Trauma no ldoso

identifying major depression in older people.,l and 2001-2005. MMWR Morb Mortai Wkly Rep
Am Geriatr Soc 2007 April;55(4):596-602. 2006;55\221-1224.
5. Milzman DP, Rothenhaus TC. Resuscitation of 10. Sussman M, DiRusso SM, Sullivan T, et al.
the geriatric patient. Emerg Med Clin ofNA. 1996; Traumatic brain injury in the elderly: increased
74:233-244. mortality and worse functional outcome at
6. MinL,Burruss S, MorleyE, et al. A simple clinical discharge despite Iower injury severity. J Trouma
risk nomogram to predict mortality-associated 2OQ2: 53:219*224.
geriatric complications in severely injured 11. United Nations, D€partment of Economic and
geriatric patients ,l Tratma 7 414l:1125-1132. Social Affairs, Population Division (2015). World
Copyright o 2013 Lippincott Williams & Wilkins. Population Ageing.
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among older adults-United States 1993-2003
É
t
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I

I
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TRAUMA NA GESTANTE
2 VIOLÊNCtA CONJUGAT
E

Embora a graviilez provoque alterações na fisíologia normal e na respostos às lesões e à


reanímação , a sequêncio da avalioção inicial e do trotamento ile pacientes grávidas é a
mesma ile todos os demois pacientes de trouma.
CAPíTULO 12 SUMÁR!O
O8J ETIVOS AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
. Avatiôção Primária e Reanimacão
rNrRoDUçÃO . AuxiLiares para AvaLiacão Primária e Reanimâçâo
. AvaLiâcão Secundáriâ
ANATOMIA E ALTERAçÔES FISIOTóGICAS NA GRAVIDEZ . Cuidado Defiôitivo

DIFERENÇAS ANATÔMICAS CESÁRIA PERIMORTEM


. VoLume e Composição do Sangue
. Hemodinâmicâ VIOLÊNCIA CONJUGAL
. Sistema Respiratório
. Sistema GastrointestinaL TRABALHO EM EOUIPE
. Sistema U.inário
. Sistema f4úscuLo Esquelético RESUMO DO CAPÍTULO
. Sistêmâ NêuroLógico
RECURSOS ADICIONAIS
MECANISMO DE TRAUMA
. Tràuma Fechado BIBLIOGRAFIA
. Traumô Peôetrante

GRAVIDADE DO TRAUMA

OBJETIVOS

Após ô Leitura deste côpítuLo e a compreensão dos tópicos de métodos de âvatiação que se aplicam a ambos os
aprendizado do curso ATLS. você estará apto a: doeôtes (mãe e feto).

L ldentificar as a[teraçóes anatômicas e fisiotógicas da 4. Assinalar as indicaçôes de intervenção cirúrgica


gravidez inctuídos os seug efeitos no tratamento da peculiares à doêntê grávidà traumãtizada.
doente.
5. Explicar o potênciat para isoimunização e a
2. ldêntificar e discutir os mecanismos de tiôuma da necessidade parà terapia com imunoSlobutina na
gestante e do feto. gêstante vítima de trauma.

3. Assinatar as prioridades de tratamento e os 6. ldentificar os padrôes próprios da violência

727
228 CAPÍTULO 12 r Trauma na Gestante e Violência Conjugal

 :,::í ::?::"'fi: iii:,T :l:i'.1'.x:i?i,';.i:


Ãafetam praticamente todos os órgàos do
corpo humano. Essas mudanças na estrutura e na l-
funçáo podem influenciar a avaliação dâ gestante I
traumatizâda, alterando os sinais e os sintomas das
lesões, a abordagem e âs respostas às medidas de
reanimação, e a interpretação dos exames Iaboratoriais.
A gravidez pode também afetar os padrôes do trauma
e a gravidade das [esões.
O médico que atênde uma mulher grávida vítima Umbigo
I
de traumatismo deve lembrar que está atendendo
dois doentes: mãe e feto. Entretanto, as prioridades
do atendimento inicial adotadas para uma mulher
grávida traumatizada sâo as mesmas aplicadas para a
(materno)

5ínfise
l I

nâo grávida. O melhor tratamento inicial para o feto, púbLica


além de sua avaliação precoce, é a adoção das melhores
medidas de reanimação parâ a mãe. Técnicas de avaliação
e monitoraçâo devem permitir o acompanhamento ii I

tanto da mãe quanto do feto. O estudo radiológico, se


necessário na fase aguda do tratamento, náo deve ser
contra-indicado por causa da gravidez. Um cirurgião e
um obstetra experiente devem ser consultados desde o
início para a avaliaqão da gestante traumatizada. IFIGURA'12-'l Alteíâções dà Altuía do Fundo lJterino na Gravidêz. A
medidà que c utero aurnenta o lntest no ê empurrêdo (rênialmente de
têlforma qLJe ocupa o êbdome sLrper or. Como re5ultado, o ntestlno
ALTERACÕES ANATÔMICAS E íl(a um poLr(o pÍoteg do no traurna abdom nê aoftuso, enquanto o
iiero e se! conteudc (feto e placentê) 9e tornam ma s vu neráveis.
FISIOLOGICAS DA GRAVIDEZ

Entender as alteraçóes anatômicas e fisiológicas A medida que o útero aumenta, o intestino é


da grávida, bem como a relação Í'isiológica entre empurrado em direçâo cranial, deslocando se cada vez
mãe e feto é essencial paÍa que se consiga o melhor mais para a parte superioÍ do abdome. Como resultado,
atendimento para ambos. Tais alterações incluem o intestino acaba sendo parcialmente protegido no
diferenças nâ anatomia, composição e volume do traumâ abdominal contuso, enquanto o útero e seu
sangue, hemodinâmica, bem como mudanças nos conteúdo (feto e placenta) se tornam mais vulneráveis.
sistemas respiratório, gastrointestinâl, urinário, Entretanto, traumas penetrantes que acometem o
musculoesquelético e neurológico. abdome superior nas fases tardias da gestação podem
resultar em lesões intestinais complexas em decorrência
deste deslocamento em direção cranial.
DI FERENCAS ANATÔIY ICAS Durante o primeiro trimestre, as paredes do útero
são mais espessas, o seu tamanho é pequeno e ele se
O útero permanece em localizaçáo intrapélvica até a encontra protegido pelos ossos da pelve. Durante o
12a semanâde gestâção, quando entâo começa adeixar segundo trimestÍe, o útero sai de sua proteção pélüca,
a pelve. Em torno da 20À semana o útero alcança a mas o pequeno feto permaaece móvel e protegido por
cicatriz umbilical, e entre a 34ê e a 364 semanas de grande quantidade de IÍquido amniótico. O liquido
gestaçáo ele atinge o rebordo costal (. flcuRA 12-1; ver amniótico pode causar embolia e coagulação intravascular
também Alterações da Altura Uterina na Gravidez no disseminada após traumatismo, desde que ganhe acesso
aplicativomóvelMyATLS). Os sinais clÍnicos de irritaçáo ao espaço intravascular. No terceiro trimestre, o útero
peritoneal são menos evidentes nas grávidas; assim, é grande e suas paredes são Íinas. Quando o feto se
quando se suspeita de uma Lesão mais grave, deve-se apresenta em posição occipital, sua cabeça costuma
progredir a investigaçâo com mais exames. Durante estar dentro da pelve, enquanto que o restante de seu
as últimas 2 semanas de gestaçáo, o fundo uterino corpo é exposto acimâ do anel pélvico (r FTGURA 12-2).
frequentemente desce à medida que a cabeça fetal se Fraturas pélvicas na gestação avançada podem resultar
encaixa na pelve. em fraturas do crânio do feto ou lesões intracranianas
graves. Contrariamente ao que ocorre com o miométrio,
ALTERAÇÕES ANATÔMtCAS E FTSTOLÓGrCAs DA GRAVTDEZ 229

Parede do útero
Ptacenta
Cordão umbiticaI
Feto Saco amniótico

Sinfíse p útbica Líquido amniótico

Bexiga urinária Arcos costais


comprimida

Uretra I
I
i I

Vagin a -------------E l, ó t 4l II

Períneo

A nus

Coto uterino Reto Veia cava


(comprimido) inferior comprimida Linha axitar media

f fIGURA 12-2 Feto a Íêrmo em Apresentação CeÍáli(â. As viscerêt abdominãis são desio(adas e comprimida5 em direçào à região tuperior do
abdomê. lsto resulta na sua proteção relâtiva contra lesões.ontusàs, porém aumenta o rls(o de lesão intettlnâl (omplexa êm decoíên(ia de
lesão penetrante no abdome tuperior. A elevaçào do diaíragma podê requerer o posr(ioôamento do dreno de tórax em um erpà(o intêrcostal
màis êlevado.

que é elástico, aplacenta possui elasücidade reduzida- Esta O número de glôbulos brancos aumenta durante a
falta de elasticidade dos tecidos placentários resultã em gravidez. Não é incomum que se detectem leucitoses de
umamlnerabilidade às forças de cisalhamento na interface 15.000/mm3 durante a gravidez e que esse númeroalcance
útero-placentária, que podem levar ao descolamento da 25.000/mmr durante o trabalho de parto. Os níveis séricosde
placenta. Embora se encontrem muitô dilatados durânte fibrinogênio e de muitos outros fatores de coâgulação estâo
a gestação, os vasos placentários são pârticularmente discretamente elevados. O tempo de proüombina e otempo
sensíveis à estimulação por catecolaminas. A redução de tromboplastina parcial ativada podem estâr diminúdos,
abrupta do volume circulante da mãe pode resultar mas os tempos de sangramento e coagulaçáo não se alteram.
em profundo aumento na resistência vascular uterina, t TABET-Â t2-l Apresenta os valores laboratoriais normais
reduzindo a oxigenação fetai a despeito dos sinais ütais na graúdez compa.rados com os valores da paciente nâo
da máe se manterem normais. gráüda. (Ver tamb ém Valores Laboratoriais Normais no
Gravid.ez no aplícativo matel MyATtS.)
voLUME E COMPOSTçÃO DO SANGUE
HEMODINÂMICA
O volume plasmático aumenta progressivamente durante
a gestação, alcanÇando o nível mais elevado em torno da Os fatores hemodinâmicos importantes para serem
34'semana. O aumento do volume de células vermelhas considerados na grávida traumatizada são o débito
é proporcionalmente menor, o que resulta em redução cardíaco, frequência cardíaca, pressão sanguínea, e
do hematócrito (anemia fisiológica da gravidez). No final alteraçôes no eletrocardiograma.
da gestação, um valor de hematócrito entre 31 e 35% é
normal. Doentes gestantes saudáveis podem perder Débito Cerdíeco
1.200 a 1.500 ml de seu volume sanguíneo, antes que se
percebam sinais e sintomas de hipovolemia. Entretanto, Depois da 10q semana de gestaçào, o débito cardiaco
estâ perda sanguÍneapode resultar em sofrimento fetal que aumenta em 1,0 a 1,5litros por minuto como decorrência
é evidenciado por uma frequência cardíaca fetal anormal. do aumento do volume plasmático e da redução da
230 CAPÍTULO 12 r Trauma na Gestante e VioLêncla Conlugal

Hipertensâo em doentes gestantes podem sinalizar pré-


TABELA I VALORES LABORATORIAIS
12-
NORMAIS NA GRÁVIDA VS NÃO GRÁVIDA eclampsia se associada a proteinúria.

VALOR GRAVIDA NAO GRAVIDA


Pressão Venosa
Hemôtócrito 32%-41% 36%-+7%
A pressão venosà centra.l (PVC) de repouso é vâriável nâ
gravidez, mas a Íesposta à administração de volume é
GlnhlcB.íG 5.000-12.000p1 4000-10000 pL
semelhante à da doente não-grávida. A hipertensãovenosa
dos membros inferiores é normal no terceiro trimestre.
pH ArteriâL 7.44-7.45" 7.35-7.45

A[têrâçôes Etetrocardiográf icas


Bicarbonato l7-21-Íl.E9lL 22-28 mEq/L

O eixo pode estar desviado para a esquerda em cerca


PaCO 25-30 mm H8 30-a0 mm Hg de 15 graus. O achatamento ou a inversâo da onda T
(3.3-a.0 kPa) (a,0-5,11kPa)
em D3, AVF e nas derivaçôes precordiais podem ser
normais. As extrassístoles podem ocorrer com maior
Fibrinotênio 3,79 g/L (teíceiro 1,8-4 &lL frequência durante a gravÍdez.
trimestre)

PaO 100-108 mmHg 95-100 mmHg


ARMADILHA PREVENCAO
7,40-7,45 7,40
PH
Náo rêconhecer âs . Rêvisâr â fisiolôgra ôa
âtteraçôês anatômrcas e gravidez com a equrpe de
'Ataalosê rcapintóri. comp.n5ad. c Ítapiratóaia úml,rirída.
'taarÊ âtêndirnento.
f rsroLógrcôs que ocorrem
durántê ê Sestàção
resistência vascular do útero placenta, estruturas
e da
que recebem cerca de 20% do débito cardíaco da
gestante durante o terceiro trimestre de gravidez. Este
aumento de débito cardÍaco pode ser influenciado de SISTEMA RESPIRATóRIO
modo significativo pela posição materna durante a
segunda metade da gravidez. Em posiçào supina, a O volume minuto aumenta primariamente como
compressão daveia cavapode reduziro débito cardíaco resultado do aumento dô volume corrente. A hipocapnia
em 30oÁ em decorrência da reduçâo do retorno venoso (PaCO, de 30 mm Hg) é comum ao final da gravidez. Na
dos membros inferiores. gestação, níveis de PaCO, de gs a 40 mm Hg podem
refletir iminência de uma insuÍiciência respirâtória.
à
Frequência Cardíaca A diminuição do volume residual parece ser devida
a alteraçôes anatômicas na cavidade torácicâ e está
Afrequência cardÍaca aumenta gradualmente de 10 a15 associada à elevação diafragmática e a alterações
batimentos por minuto durante a gravidez, alcançando pulmonares, parenqulmatosas e vasculares, visíveis
seus valores máximos no terceiro trimestre. Esta na radiografia de tórax. Sendo assim, é importante a
alteraçào dafrequência cardíaca deve ser considerada na
interpretação da taquicardia secundária à hipovolemia.
ARMADILHA PREVENCÀO
Pressão Arteriat
Fâthar em reconhecer Prever as mudanças na
A gravidez resulta numa queda de 5 a 15 mm Hg nas que PCO normal pode ventilêçào quê ocorrern na
pressões sistólica e o segundo trimestre.
diastólica durante indicàr rôsuficiêncra gravidez.
A termo, a pressão arterial retorna a níveis próximos do respiratória imrnente ÍÍonitorar a ventilôção na
normal. Algumas mulheres, quando em posição supina, durante à
gravidez âvôôcâda peLa
Brâvidez
podem exibir hipotensáo (síndrome hipotensiva supina) mêdidâ dos Sases artenais
deüdo à compressão daveia cava inferior. Esta hipotensão Reconhecer quê pacientes
é corrigida quando se reduz a pressão uterina sobre a 8rávidâs devem ser
veia cava inferior conforme descrito neste capítulo. hipocâpnêicas.
MECANISMO DO TRAUI'44 23I

manutenção de uma oxigenação arterial adequada na O sistema venoso da pelve que envolve o útero
reanimação da gestante traumatizada. gravídico encontra aumentado e engurgitado pode
e se
A diminuição do volume residual parece ser devida desencadear uma hemorragia retÍoperitoneal maciça
a alteraçóes anatômicas na cavidade torácica e está após um trauma contuso associado a fratura de pelve.
associada à elevação diafragmática e a alterações
pulmonares, parenquimatosas e vasculares, visíveis SISTEMA NEUROLóGICO
na radiografia de tórax. Sendo assim, é importante a
manutençào de uma oxigenação arterial adequada na A eclâmpsia é uma complicaçào do final da gravidez que
reanimaçáo da gestante traumatizada- pode simular trauma craniano. Ela deve serconsiderada
quando ocorrem convulsôes acompanhadas por
hipertensão, hiperreflexia, proteinúria e edema
SISTEMA GASTROINTESTI NAL periférico. A interconsulta com um neurologista
e um obstetÍa costuma ser de grande ajuda para o
O tempo de esvaziamento gástrico é prolongado diagnóstico diferencial entre eclampsia e outras causas
durante a gravidez, desta maneira a descompressão de convulsões.
gástrica precoce e particularmente importante para
evitar a aspiraçâo de conteúdo gástricô. Os intestinos
ARMADILHA PREVENCAO
são deslocados para a parte superior do abdome e
podem estar protegidos pelo útero. A posiçâo do baço
Confundir êctâmpsia Obtêr umê tomografia
e do fígado na gestação não se altera.
com traumà de crânio pâra excluir
hemorragia iôtracranitsna
craniencefá[rco.
SISTEMA URINÁRIO Mântêr átto níveI de
suspêrta pãra â ectâmpsia
A filtração glomerular e o fluxo plasmático renal quâôdo as convuLsões
aumentam durante a gravidez ênquânto que níveis forem âcompanhadas dê
plasmáticos de uréia e creatinina caem à metade dos hipertênsào, proteinúria
valores normais observados antes da gravidez. A ê edema peíférico em
glicosúria é comum na gestâção. pacrêntes de traLrma Erávidas

SISTEMA MUSCULOESOUELÉTICO

A sínfise púbica é alargada no 7s mês (4 a 8 mm). MECANISMO DE TRAUMA


Os espaços das articulaçôes sacroilÍacas também
aumentam. Esses aspectos devem ser considerados na .TÂBELA l2-2 descreve a incidência de mecanismos
interpretação das radiografias da bacia (r rrcune rz-: ). de trauma na gravidez. Na maioria das vezes, os
mecanismos de traumã são semelhantes àqueles que

TABELA I2-2 INCIDENCIA DOS


L
MECANISMOS DE TRAUMA NA GRAVIDEZ

t'IECANISMO PERCENTAGEM

CoUsâo de v€ícuLos motorizâdos 49

0r.redas 15

Agrêssào 8

Ferimento projétiL de arma de foSo 4

Ouermaduras
I FIGURA 12-3 RâdiograÍ a mo5trando a cabeça do íeto en(aixadâ
na pelve (om uma rinÍ]5ê púbicã normal e art (ulaçào sacroi iaca Forlê Chsmes l'1C Peãrtmãn MD Í.aumá dúr ôg pre8nàncy: ôutcomes
direita levemente à àrgada. and c!nrcat mànagement Cr, Obslet Gyrecoi 2008 51 398
232 CAPITULO 12 r Trauma na Gestante e V olêncra ConlugaL

ocorrer por compressão súbita, por desaceleração, por


TABELA I2-3 INCIDÊNCIA DE TRAUMA
efeito de contragolpe ou por cisalhamento que resulta
ABDOMINAL FECHADO E PENETRANTE
em descolamento placentário.
NA GRAVIDEZ Comparando com a mulher grávida usando cinto
de segurança envolvida em uma colisáo, a mulher
IíECANISMO PERCENTAGEM grávida sem cinto tem maiorrisco de trabalho de pârto
I
prematuro e morte fetal. O tipo de cinto interfere na
Fêchado 9r frequência de ruptura uterina e de morte fetal. O uso de
cintos que protegêm apenas abacia permite a projeçáo
9 para frente e a compressão do útero, possibilitando a
Proiétil de ôíma de foSo ruptura uterina ou o descolamento de placenta. Esses
cintos, se usados numa posição mais alta, sobre o
MúttipLos prqéteis (shotgun) 4 útero, podem produzir lesão uterina por açào direta
sobre o útero por ocasião do impacto. O uso de cinto de
Forte Dados dê Petronê P. Ta(ving P. BrowderT, et ãt. Abdohinal segurança de três pontos reduz a possibilidade de lesão
injuries rn preShàn.y a I55-month study at two t€vet I tra\rma centers fetal direta ou indireta, tanto por aumentar a superfície
I nj u ry, 20 42\t): a7 - a9.
tt |
sobre a qual se dissipa aforçade desaceleração como por
evitar a flexâo anterior da mãe sobre o útero gravídico.
acometem a mulher não-grávida. Algumas diferenças Dessa maneira, na avaliação global da gestante que
devem ser reconhecidas na gestante que sofrem trauma sofreu um traumatismo físico, é importante que se
fechado ou aberto. A incidência de trauma abdominal investigue se ela estava utilizando algum tipo de cinto
fechados e penetrantes na gravidez é mostrada na r de segurança e, em caso afirmativo, qual o tipo de cinto.
TABELA 12.3. Parece não hâver nenhum aumento de riscos especíÍicos
nas grávidas ocasionados pelo airbag dos veiculos.
TRAUMA FECHADO
TRAUMA PENETRANTE
A parede abdominal, o miométrio e o líquido amniótico
atuamprotegendo o feto de lesões diretas secundárias ao Com o aumento progressivo do útero, as outras vísceras
trauma fechado. A presença de contusôes e escodações Íicam relativamente protegidas nos traumas penetrantes,
externas da parede abdominal, como demonstrado na enquanto aumenta a probabilidade de lesão do útero.
t FIGURA 12.4, são sinais de possível trauma fechado do Por sua densidade, a musculatura uterina no início da
útero. Apesar disso, quando a parede abdominal sofre gravidez pode absorver uma grande quantidade da energia
um impacto contrã um objeto rígido como o painel ou o do projétil, reduzindo sua velocidade e diminuindo a
volante do carro, ou quando a gestante é golpeada com probabilidade de Iesão de outras úsceras. Da mesma forma,
um instrumento contuso, podem ocorrer traumatismos o feto e o líquido amniótico também absorvem energia e
diretos ao feto. O traumatismo indireto do feto pode contribuem para diminuir a velocidade do projétil. Em
decorrência, a incidência de lesões üscerais maternas
se reduz, fâto €ste que explica o prognóstico matemo
favorável em ferimentos penetÍantes que afetam o útero
gravídico. Contrariamente, o prognóstico fetal costuma ser
sombrio quando existe uma lesão uterina penetrante.

GRAVIDADE DA LESAO
A gravidade das 1esóes maternas determina o prognóstico
tanto materno quanto fetal. Consequentemente otipo de
tratamento a seradotado deve serditado pela gravidade
dâs lesôes maternas. Todâs as gestantes com traumas
graves devem ser internadas em serviços que possuem
recursos cirúrgicos e obstétricos. Mesmo gestantes com
traumas leves devem ser observadas cuidadosamente,
pois ocasionalmente mesmo trâumatismos de pequena
I tIGURA 12.4 ContLrsõe5 e e!.or â(ôe! externar nà parede monta podem estâr associados a descolamento de
abdomlnal sáo 5lnair de possive trauma íechêdo u1êrino placenta e morte fetal.
AVALIACÂOETRATAMENTO 233

AVALIACÀO E TRATAMENTO tipo especíÍico estão indicadas para manter a hiperuolemia


fisiológica da gravidez. Vasopressores devem ser o ütimo
Para garantir os resultados mais favoráveis tanto para a recurso para restaurar a pressáo saagrrínea matema, pois
máe quanto para o feto, recom€nda-se que se avalie e se zua ação reduz o fluxo sanguíneo uterino, renlltando em
reanime inicialmente a mãe e que se proceda à avaliação hipóxia feta.l. Além dos testes laboratoriais indicados para
do feto antes de realizar a avaliação secundária da mãe. do€ntes de trauma, deve-se incluir na avüação dâ gestânte
o nível de fibrinogênio, já que seu valor pode dobrar ao fina.l
AVALTAçÃO PRrMÁR|A E REANTMAçÃO da graúdez; o nível de fibrinogênio den§o dos paÍâmetros
de normalidade pode sinalizar início de coagulaçào
Matcrno intravascular disseminada (DIC).

Assegurese da permeabüdade da via aére4 da ventilação


adequada e do volume circulatório efetivo. Quando se toma ARMADILHA PREVENCÀO
necessáÍio o zuporte ventilatório, a intubação deve ser feit4
considemdo maater aPCO, ideal para a idade gestaciona.lda FaLhô em deslocar o LateraLizar ã 15-20 graus todas
doente (aproximadamente 30 mrn Hg ao final da gestaçào). útêro para a esquerda as doentes que parecem

A compressão da veia cava pelo útero pode reduzir o ctinicamente estâr grávidas
em umê doente
(segundo e tercerro trimestre,
retomo venoso ao coraçáo, diminuindo o débito cardíaco grávida hipotensa
elevando. o bdo di.eito em
e agravando o choque. O útero deve ser deslocado
10-15.m
mânuâlrnente pâra a esquerda a fim de aliviar a pressão sobre
a veia cava inferior. Se a doente precisar ficar imobilizada
em posição supina, ela ou a pralcha podem ser rodadas Fêto
em bloco 15 graus para seu lado esquerdo e apoiada com
um coxim, consequentemente mantendo as precauçóes O exame do abdome na gestante trãumatizada revêste-
coma colunae descomprimhdo aveiacava (r Rcuan tz-s; se de importância cítica pois, a identificaçáo rápida de
ver também Imobilíz.ação l*lcryada da Do€nt€ G€stantc no Iesões maternas graves e a determinação da viabilidade
oplicativo mórl MyATIJ.) fetaldependemde um exame bem conduzido. Aprincipal
Em vimlde do aumento de seu volume intravascu.lâr, a causa de morte fetal é o choque materno e a morte da
gestante pode perder urna parte significaüva de seu volume mãe. A segunda causa de óbito fetal é o descolamento de
cücul,ante antes que ocorram taquicardi4 hipotensão e placenta. O descolamento de placentapode ser sugerido
outÍos silrÀis de hipovolemia- Desta feita o feto pode estar por hemorragiavaginal (70% dos.casos), pordoràpalpaçáo
em sofrimento e aplacentapriuadâd€ perfrsãoútal, enquanto uterina, por contrações uterinas ftequentes, poÍ tetania
as condiçóes da mãe e os sinais ütÂis pârecem estar estávejs. A uterina ou por irritabüdade do útero (que se conüai quando
reanimação com cri§aloides e a reposÍção precoce de sangue tocado);.FIGURA 12{A. Trinta por cento dos descolamentos
de placenta após trauma pôdem não exibir hemorragia
vaginal. A ultrassonografia uterina pode mostrar a lesão,
porém oteste nãoé definiüvo. A tomogrúa também pode
demonstrar o descolamento de placenta (r tIGURA 126A e
ll FJ c). No final dagestaçáo, o descolamento da placenta pode
ocorrer após lesões relativamente pequenas.
r:l A ruptura utêrina é umalesão rara, sugerida pelo achado
I. de dor aMomina.l, de defes4 de rigidez, ou de descompressão

_- &i brusca positiva especialmente se existe choque profundo.


Na gestação avançad4 não raramente os sinais de irritaçáo

I peritoneal são difíceis de ser avüados em decorrência da


expansão do abdome e do adelgaçamento da musculatura
da parede abdominal. Outros achados anormais zugestivos
de ruptura uterina incluem a posiçáo anormal do feto (por
exemplo, posição oblÍqua ou transversa), a faciüdade de
palpar partes fetais que se exteriorizam através de rupturas do
útero e impossibil idade de palpar facilmente o Íirndo uterino
I fIGURA l2-5 lmobilizâ(ào Adequadâ dâ Doente Gêstànte Se
à doente necessitar de imobi iza!ão em posiçào supina, ela ou
quando existe ruptura. Eúdências radiológicas de rupnrra
a pranaha podem ser rodadas 15 graus, em blo(o, pêrã seu lado uterina induem extÍemidades fetais estendidas, posição fetal
esquerdo e apoiadas com um estôbilizador, mantendo at prêcauçõet anormal, ou ar htraperitoneal liwe. A exploração cirúrgica
com a (oluna e desaompriôrndo a veia (ava pode ser necessária parase diagnosticar a ruptura uterüla.
234 CAPÍTULO 12 r Traumâ na Gestênte e VloLêncra ConjugaL

AbruPti0 plâcentae

0 a

É
,
/
t \ I

A B c
f tIGURA 12-5 De5colamento premàturo de placenta. A. ô(orre o de5(oiamento da plâ(entê do uteío. B. 5ecçào axiàl e C. Corona do abdome
ê pêlvê dêrnonstíêndo degcolamento premâturo da pla(entô.

Na maioria dos casos de ruptura uterina ou de viabüdade fetal. Os batimentos cardíacos fetais devem
descolamento de placenta, a doente queixa-se de dor ser monitorados em toda mulher gráüda traumatizada.
abdominal ou de cólicas. Sinais de hipovolemia podem O exame intermitente e repetido com Doppler pode ser
estarpresentes em ambas as situações acima mencionadas. usado para detectar batimentos cardÍacos fetais após 10
Os batimentos cardíacos fetais podem ser ouvidos semanâs de gestaçào. A monitoração feta.l contínua com
com um Doppler (gestação a partir da 10! semâna). A um tocodinamômetro cardíaco é útil após 20 a24 semanas
monitoração fetal contínua deve ser feita após 20 a 24 de gestação. A ftequência cardíaca norma.l para o feto situa-
semanas d€ gestaçáo. As doentes que não apresentam se entÍe 120 a 160 batimentos por minuto. Sempre que
fatores de risco para perda fetal devem ficar com se constatam oscilaçôes da ftequência cardíaca do feto,
monitoração contínua por 6 horas, enquanto as com quando êxistem desacelerações repetidas, quando há
fatores de risco para perda fetal ou descolamento de ausência de aceleraçâo, quando há variabüdade de um
placenta devem ficar monitorâdâs par 24 horas. Os batimento para outro, ou quando as conüações uterinas se
fatores de risco materno são Íiequência cardíaca >110, tomâm ftequentes, deve'se suspeitarda iminência de uma
índice de gravidade de lesão (lSS) >9, evidência de descompensação feta.l e ou matema {por exemplo, hipóia
descolamento de placenta, frequência cardíaca fetal e/ou acidose) e providenciar de imediato umainterconsulta
>160 ou < 120, se foi ejetada para fora do veículo em uma obstétrica.
colisão de auto, atropelamento ou colisão de motocicleta. Os exames radiológicos iadicados devem ser realizados
porque cenamente os beneticros serào maioresque os riscos
MEOTDAS AUXTLTARES NA A_VALTAçÃO potenciais para o f€to. Enüetanto, deve ser eütada a repetição
PRIMÁRIA E NA REANIMAçÃO desnecessária de radiograÍias.

M3ternas AVALTAçÃO SECUNDÁRrA

Sepossível, após o exame fÍsico, a doente deve ser monitorada A avaliação secundária deve seguir os mesmos padrôes
em decúbito latera.l esquerdo. A monitorâçào da resposta adotados na doente nào-grávida. Ver Capitulo 1:Avaliação
da PVC à reposição volêmica pode ser extremamente útil e tratamento inicial. As indicações para tomograÍia
para manter a hipervolemia necessária na graúdez. A computadorizada abdominal, LPD e FAST são as mesmas.
morritoração matema deve incluir a oximetriade pulso e Entretanto, se a LPD for realizada, o catéter deve ser
a determinação da gasometria artêrial. Lembre-se que o posicionado acima da cicatriz umbilical utilizando-se a
bica-Íbonato matemo costrma ser baixo durante a gestaçeo. técnica aberta. Deve-se prestar atençào para a presença
de contraçóes uterinas, que sugerem um trabalho de
Fêtais partoprematuro, ou de contrações tetânicas do útero que
sugerem o descolamento prematuro de umaplacenta.
A consulta a um obstetra deve ser feitajá que o sofrimento Aavaliaçào do peíneodeve incluirumexame pélvico de
fetalpode ocorrer em qualquer momento e sem qualquer acordo com ospadrôes habituais, de maneira ideal realüada
advertência. Os batimentos fetais são um hdicador sensÍvel por um médico tÍeinado para atendimento obstétrico. A
do estado volêmico sanguÍneo materno bem como da presença de líquido amniótico navagina, eüdenciado por
VIOLÊNCIADOMÉSTICA 255

um pH maior que 4,5, sugere ruptura da bolsa. Durânte o exclui graus de hemorragia menores, mas ainda capazes
exame, devem ser avüadas a presença de apagamento e de sersibilizar a mãe Rh-negatirra. Todas as gestantes Rh-
dilatação do colo uterino, a apresentaçâo feta-l e a relação negatilas uaumatizadas devemsff cúnsidendas candidatas
entle a apresentaçáo fetal e as espinhas isquiáticas. para a terapêutica com imunoglobulina R[ a menos que o
ViÍo que a hemorragiavagual no terceiÍo trimesüe pode trauma seja longe do útero (por exemplo, uma lesao distal
indicar descolamento de placenta e morte iminente do feto, isolada de exuemidade). Aterap,êutica com imunoglobulina
toma-se frrndamental um exaÍne !ãginal Deve-se eútar deve ser irutituida rus primeiras 72 horas após o tÍauma.
exames !?giruris repetidos. A decisão pela cesariana deve ser . ÍÂBELA 12.4 resume os cuidados à doente gestante útirrE
tomada em coniunto com o obsteüa. A dose de radiação em de traumà-
umatomogrúa abdome/pélvis aproxima-se a 25mGy e,
de
radiações fetais menores que 50mcy não estão associadas a
malformações fetais ou risco maior de perda fetal. CESARIANA '' Peri MORTEM''
A intemação hospitalaré obrigatória quando há hemorragia
vaginal, irritabüdade uterin4 dor, sensibiüdade ou cólicas Poucas são as eüdências de literatura a favor da cesariana
abdominais, eüdência de hipovolemia, alteração ou "post mort€m" em gestantes útimas de traurnas e que sofrem
ausência de batimentos fetais ou perda de )iquido amniótico. parada cardíaca por hipovolemia. Lembre, o sofrimento
A intemação deve ser realizada em unidade que possua fetal pode existir quando a mãe nãô tem alteraÇóes
recursos para propiciar monitoràçáo e tràtâmento âdequado hemodinâmicas, e à medida que progride, a instabüdade
feta.l e matemo. O feto pode estar correndo riscos mesmo materna compromete a sobreüda do feto. Quando a mãe
quando o traumatismo matemo é aparentemente leve. apresentaparada cardíaca por hipovolemia, o feto já softeu
um prolongado perÍodo de hipóxia. Quando a parada
TRATAMENTO DEFINITIVO cardÍaca da mãeocore por outras causas, a cesariana "peri
mortem " pode ser bem sucedida, desde que seja realizada
Deve-se consultar o obstetra sempre que se constatem ou dentro de 4 a5 miautos após a parada cardiaca-
sejam suspeitados problemas específicos envolvendo o útero.
No descolamento placentário extenso ou na embolia por
liquido amnióüco, pode ocorrer a coagulação intravascular VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
dissemirnd4 causando depleção do fibrinogênio, de ouhos
fatores de coagulação e de plaquetas. Essa coagulopatia de A violência doméstica é uma causa signiÍicativa de
consumo pode ocorrer e evoluürapidamente. Na presença traumatismos em mulheres durante â coabitação, o
de embolia por líquido amniótico, que implica em risco casamento e a gestaçáo, independente da origem étnica,
de úda e/ou de coagu.lação intravascuJar disseminada, a infl uência cultura.l ou estado sócio-econômico. Dezessete
evacuação uterina deve ser feita em caráter de urgênci4 por cento de doentes gráüdas traumatizadas foram
juntamente com a reposição de plaquetas, de fibrinogênio útimas do trauma provocado por outrapessoa e sessenta
e de outros fatores de coaguiação, quando necessário. por cento delas softem episódios repetidos deüolência
As consequências da hemorragia feto-matemâ incluêm doméstica. Segundo estimativas do Departamento de
não apenas a anemia feta.l e a morte, mas também a Justiça dos Estados Unidos daAmérica do Norte, dois a
isoimunizaçào quando a mãe é Rh-negatil'a- Jáque pequenas quatro milhões de mulherespor ano e aproximadamente
quanüdades como 0,01 mL de salgue Rh-positivo podem metade de todas as mulheres durante a sua existência,
sensibüzar 70% dâs doentes Rh-negati\ras, a presença de sofrem alguma forma de abuso. Mundialmente,
hemorragia feto-matema numa mãe Rh-negativa justifica aproximadamente 10-69% das mulheres relatamiá ter
a terapêutica com imunoglobulina Rh. Embora o teste de sido ütima de violência doméstica.
Kleüauer-Betke {esftegaço de sangue matemo capaz de A suspeita de üolência doméstica deve serdocumentada
permitir a detecção de hemácias fetais na circulação matema) e comunicada. Estas agressôes podem resultar em
indique hemorragia feto-rÍrateÍá, um teste negativo não incapacidades e morte. Elas representam um grande
número de atendimentos na unidade de emergência.
ARMADILHA PREVENCAO Apesar da maioria das vítimas ser composta por mulheres,
40% de todos os casos de violência doméstica identificados
Fatha em reconhecer Administrôr tel^àpia nos Estados Unidos daAmérica são relatados porhomens.

â necessadâde de imunosLobuLjna Rh a todas âs Entre os indicadores que podem sugerü a ocorrência de


mães Rh negatjvas Lêsionadas üolência doméstica, iacluem-se os seguintes:
tratâmento com
menos que em
imuno8lobulinô Rh nâ a

Locâ[
â Lesào seja
remoto dô útero {ê.g,
. Lesóes desproporcionais à história referida
mãe Rh negâtivâ.
extremidade distaL isotâdâ) . Redução da auto estima, depressão e tentativas
de suicídio
236 CAPÍTULO 12 r Trauma na Gestante e VloLêncra ConlugaI

TABELA I2-.Í TRAUMA NA PACIENÍE OBSTÉTRICA: UMA FERRAMENTA À BEIRA DO LEITO

SINAIS VITAIS

Posiçào P.of [axiâ e tratâmento da hrpotensao, 20 semanâs, decúbito LàteraI esquerdo.

Hipotensào Vejá "Tratamentos", abâixo FLuídos EV Transfusão

Hipertensào Crltér os: >140 srstólica. >90 drastótrca Trate: >160 sistól.rcô, >ll0 diâstóLica

Monitorãçáo FetaL ,20 semanas; iniciàr assim que possíveL

5e atençào obstétricô nào disponivet, estâbitize e transfira imediatamente

San8ramento Vâ8rnâ[ T.ate hipotensâo como acrma. consulta obstétrrcâ, Rh negàtivo recebe imunogtouLina Rh

EXAMES (ALÉM DOs UsUAIs EM TRAUMA)

Hemogrãma Hematócr to ba ro

Teste de Kterhàuer-Betke Rh-neSativo

CoâguLogramã RNl, TTP. frbrinogênro. Coombs rndireto

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Solicitar nas memas ndicacões Berâis corno em pac entes não grávrdàs.
Ern âcordo com radiolo8ista e considere substrtuir o Rx peto Uttrãssom quâôdo possíveL
ProtêBer abdome, peLve e pescoço quando possÍveL

TRATAMENTOS (AS MEDICAÇÕES LISTADAS 5ÀO COMUMENTE RECOMENDADAS)

Fl.uídos EV Pacientes Íequerem màiores voLumes quando hipotenss; evite soro BLicosado

OxiSênio Para evrtar hipóxia fetaL, administrar oxiSênro em aLtâ concentracão.

lntubac;o € rnduÉo em sêquência nápida lndicação para os pro.edimentos, Beràlmente similares a não 8rávidas.

AnaLBesia UtiLize o quanto necessário, e informe o Obstetra as doses e frêquênciâ sê o pârto


for antecipado.

metocLoprãmidã 5-10 mg EV ou lM

ondasentronô 4-6 m8 EV

Antibióticos IBEV

cLindamicinâ (se âLérgicà a pênicitina) 600 mg EV

Íran5fusào anticorpo crtomesaLovirus-neSatlvo Leucorreducão

Canlilua
TRABALHO DE EOUIPE 237

TABELA r2-,+ TRAUMA NA PACTENTE OBSTÉTRTCA: UMA FERRAMENTA À BEIRÂ DO LE|ÍO (ContinltaÇão)

TRATATíENTOS (AS MEDTCAçõES L'STADAS iÃO COl.tUllENTE RECOMENOADAS)

Rh-negâtivo lmunog[obutina Rh I ampoLâ (300 8) lM

Íétãno Vacinã tétâno,/diftêriâ é sêgura

l-lipêrtensào PA >l(r sisL, >ll0 diâs LábetâLot 10-20 mg EV em bol.us

Convulsôes Ecl:impcia su[fâto de magnésio 4-6Gm EVem 15-20 mlnutos

Não-ecGmpcia Lorãzepâm Í-2 m&/min EV

Rêônimaçào ACLS >20 sem Paciente em decúbito LateraL esquerdo 5e nào houver o retorno de circuLacào expontânea
após 4 minutos de reanimacào, considererôr parto cesáreo em feto viáveI

CONDUTA

lnternaçào e fíonitorização 4 horas de monitoriracão de feto potenciaLmênte viáveI

Acompânhâmento imediâto por obstetra

Âdaptado <om permrssào dêAmericàn Cottegê of Emer8ency Physicrâns Ctinicàt and Prâctice Maoágement Resourcês. Irauma tn the Obstehc Patient
Á Beds/de 7bol. http]/wlv.acêp.org. Âccessed Mây 16, 2016

Auto âbuso
OUADRO I2-I PERGUNTAS DE TRIAGEM PARA Consultas frequentes a serviços de emergência
AVALIAçÃO DA SEGURANçA IMEDIATA ou a consultórios médicos
Sintomas sugestivos de uso de drogas
l. Você está em perigo imediato? Auto acusação pelas lesões apresentadas
2. Sêu côniuge encontra-se nesta institúição â8orã? O parceiro insiste em estar presente durante a
avaliação clÍnica e o exame físico e monopoliza
J. Você quer (ou tem que ir)para casa com seu cônju8e? a discussão

4. Você tem âL8um tugar seguro parâ onde ir? Estes indicadores apenas levantam a suspeita de possivel
violência doméstica e devem servir para iniciar uma
5. Houve ameàçâ ou abuso direto dos seus fithos {caso ete/a
investigação mais profunda. As perguntas do. QUADRo
tênha fil.hos)? 12-1, quando são feitas de forma não acusatória e sem a

6. Você teme que sua vida possâ êstar em periSo? presença do companheiÍo, detectam 65 ã 70%das vítimas
de violência doméstica. Quando há suspeitade üolência
Z Avio[êncrà tornou-se pior ou mais assustadorâ? Está se doméstica, devem ser mobilizados os serviços sociais ou
tornândo mâis fÍequente? os órgáos públicos comp€tentes.

8. Seu cônjuge usa armàs, álcool ou drogas?

9. Seu côniugê já se8urou você ou sêus fiLhos contrà sua


vontadê?
\i ? U TRABALHO EM EOUIPE
l0.Seu cônju8e já a vigiou. seguiu ou perseguiu?
O líder da equipe deve rememorar junto ao
ll. O seu cônjuge já ameãçou matar você, a si mêsmo ou seus
grupo das importantes alteraçôes anatômicas
fil.hos
e fisiológicas associadas à gestaçâo que podem
Re,mprêssô .om peím,ssêo de Famity Viotence Prevêntion Fund. Sân interferir na avaliação das pacientes grávidas
Francisco. CA CopyriSht 2002 com Iesões traumáticas.
238 CAPÍTULO 12 r Trauma na Gestante e VioLência Conlugal

. O grupo deve ter em mente que, embora sejam 6. A presença de indicadores que sugerem violência
dois pacientes, a missáo prioritária é garantir doméstica pode servir para iniciar futuras
uma reanimaçâo efetiva da máe. investigações e proteger a vítima.

. O líder da equipe deve notificar o obstetra de


plantáo e o serviço de obstetrícia da chegada
iminente de uma paciente grávida com Iesôes FONTES ADICIONAIS
traumáticas. REFERENTES A VIOLÊNCIA
. O grupo deve manter um alto índice de suspeita DO M ÉSTICA
para violências domésticas e documentar
cuidadosamente todas as lesóes.
National Coalition Against Domestic Vioience, PO Box
18749, Denver, CO 80218-0749; 303-839-1852

RESUMO DO CAPíTULO https://www.ted.com/talksleslie_morgan stein€r


why_domestic_violence victims_don_t_leave

1. Durante a gestação ocorrem alterações anatômicas htç //phpa.dhmh.maryland. gov/mch/PageslPV.aspx


:

e fisiológicas importantes e previsíveis que podem


influenciar a avaliação e o tratamento da doente http : //www. cdc. gov/violenceprevention/intimate
grávida traumatizada. Atenção deve também partnerviolence/
ser dada ao feto, o segundo doente desta dupla
peculiar, tão logo â màe, seu "meio ambiente", http : //www.cdc. gov/violenceprevention/pdflipv
tenha sido estabilizada. Um cirurgião qualificado -nisvs-factsheet-v5-a.pdf< /arul>
e um obstetra devem ser chamados desde o início
para avaliar a gestante vítima de trauma. Se um
sewiço de obstetrícia não estiver disponível, deve- BIBLIOGRAFIA
se considerara possibilidade de transferência para
serviço onde seja disponível.

2. Aparede abdominal, miométrio uterino e o líquido 1 ACEP Clinical Policies Committee and Clinical
amniótico agem como amortecedor de um trauma Policies Subcommittee on Early Pregnancy.
direto no f€to em um trauma fechado. A medida American College of Emergency Physicians.
que o útero gravídico aumenta de tamanho, o Clinical policy: critical issues in the initial
restantedasüscerasabdominaissão r€lativamente evaluation and management of patients
protegidas num trauma penetrante, enquanto a presenting to the emergency department in early
probabilidade da lesão uterina aumenta. pregnanry. Ann Emerg Med 2003;47l]22-133.
2. Adler G, Duchinski T, Jasinska A, et al. Fibrinogen
3. A reposição de lÍquidos e sangue deve ser agressiva, fÍactions in the üird trimester ofpregnancy and
para corrigir e prevenir o choque hipovolêmico da in puerperium. Thromb Res2000;97:405 410.
màe e do feto. Avaliar e reanimar primeiro a màe, a 3. American College of Emergency Physiciâns.
seguir avaliar o feto antes de conduzir a avaliação Clinical and Practice Management Resources-
secundária da mãe. Trauma in the Obstetric Patientr A Bedside Tool.
http://www.acep.org. Accessed May 16, 2016.
4. Deve-se estar atento para detectar situações 4. American College of Radiology. Practice
peculiaresà gestante traumatizada, como trauma Parameter. http:/,/www.acr.org/ - /media/
penetrante ou fechado do útero, descolamento 9e2ed555 3Uc4b4fa5 3ef3b6d3b 2 5df8. pdf.
de placenta, embolia por líquido amniótico, Accessed May 17, 2016.
isoimunização e ruptura prematura da bolsa. 5. BerryMJ, McMurrayRc, Katz VL. Pulmonaryand
ventilatory responses to pregnanry, im mersion,
5. Uma pequena hemorragia fetomaterna é capaz de and exercise-,1 Appl Physiol 1989;66(2 l:857 -862.
sensibilizar a mãe Rh negativa. Todas as vítimas 6. Chames MC, Perlman MD. Trauma
de trauma grávidas Rh-negativa devem receber during pregnancy: outcom€s and clinical
tratamento com imunoglobulina Rh, a menos que management. CIin Obstet Gynecol 2OO8;
a possibilidade de Iesão do út ero seja remota. 51:398.
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o TRANSFERÊNCIA PARA O
\-v_, TRATAMENTO DEFINITIVO

A decisõo de transferir um doente para outra instituiç ão para tratamento definitivo é


influenciadapelas lesôes identificadas e suspeitos, pelc evolução esperada dessos
lesões e pela capacidade de diagnosticar e tratar prontamente, especialmente os
lesões potencialmente fotois.
CAPITULO I5 SUMÁRIO
OBJ ET VOS PROTOCOLOS DE TRANSFERÊNCIA
. lnformâcôes do 1.4édico do HospjtâL deOrigem
NTRODUCAO . lnformacào pârâ a Equipe deTransporte
. Documentacâo
DETERMTNAÇÀO DA NECESSTDADE DE ÍRANSFERÊNCtA . Tratamento durante o Transporte
DO DOENTE
. Fatores de transferência TRANSFERÊNCIA DE DADÔs
. Tempo de transferência
TRABALHO EM EOUIPE
TRATAMENTO ANTES DA TRANSFERÊNCIA
RESUMO DO CAPíTULO
RESPONSABILIDAOE DA TRANSFERÊNCIA
. f4édico que encaminha BIBLIOGRAFIA
. Médaco que recebe

r.4ODOS DE ÍRANSPORTE

OBJETIVOS

Após a leiturâ deste capítulo e ô compreensão dos tópicos de comunicacão médico-médico, documentâção e
aprendizado do curso ATLS, você esta.á apto a: determlnação do modo de trànsporte.

ldentificar os doentês tràumatizados que necessitam 3. ldentificâr os doentês que precisam de mais exames
de transferência de umâ lnstituição de cuidados de imagem e/ou estabitizacão antes da transferênciã
prlmários paia outra dê nível mais avançado.
4. Reconhecer a necessidade de fornecêr cuidados
2 Descrever as responsabl[idadês dos médicos contínuos durante a trànsferência para garantir quê
que encaminha e que recebe o doente durantê o doente cheSue ao hospital de dêstino na metho.
o procêsso de transferêhcia pâra um hospitaI de condição possÍve[.
níve[ mais etevado de atendimento, inctuindo

24t
24i2 CAPÍTULO 15 r Trânsferência para o Tratamento Definitivo

J\ curso AdvancedTrauma UfeSupport@édestinado de transferir doent€s com múltiplas lesões sem


í I " trernar meorcos prr" q.,"-á.,"y". -",no. anormalidades hemodinâmicas evidentes pode ser
V nuo*,uoos para avaltar, estao,,zar e preparar menos óbvia. Portanto, a diligência em reconhecer a
o doente üaumatizado para o üatamento deÍinitivo. necessidade de transferência precocemente é crítica.
Qualquer que seia o üatamento deÍinitivo, suporte e Para ajudar os médicos a determinar quais doentes
monitoração em uma unidade de terapia intensiva {UTI), necessitam de cuidados em uma instituiçâo de maior nível
admissão em uma unidade de menor complexidade, de complexidade, o Comitê de Trauma do ACS recomendâ
ou intervenção ciúrgica, ele exige a presença e o ouso de determinados índices fisiológicos, mecanismos
envolvimento ativo de uma equipe com habilidades e de trauma, pàüões de lesóes e dados da história. Esses
conhecimento para tratar as lesóes apresentadas pelo fatores também ajudam os médicos a decidir quais
doente. Se o tràtÀmento definitivo nao puder ser realizaclo doentes estáveis podem se beneficiar da transferência.
no hospital local, o doente necessitã de transferência para Diretrizes sugeridas paÍa transferência interhospitalar
um hospital que tenlra os recursos e a capacidade para cuidar quando as necessidades de um doente excedem os
dele. Idealmente, esta irstituição dwe s€r um centÍo de recursos disponÍveis são descritas na . TABELA l3-1. É
Eaumaverifrcado e o nível de complexidade do atendimento importante observar que essas diretrizes sâo flexÍveis e
deve eslar de acordo com a necessÍdade do doente. devem levar em consideraçào as circunstâncias Iocais.
A decisão de transferü um doente para outra instituição Certas avüações cLÍnicas do estado fisiológico sáo úteis
depende de suas lesões e dos recursos locais. A decisão pa-ra determinar a necessidade de transferência para uma
sobre quais doentes precisam ser transferidos, quando e instituição que ofereça um maior nível de complexidade
como a transferência ocorrerí é baseada no julgamento de cuidado. Os doentes que eibem evidência de choque,
mâlico. Eüdências apoiam o conceito de que o p rognóstico deterioração fisiológica significativa ou deterioraçáo
de um trauÍnatizado é melhor se doentes gravemente progressiva do estado neurológico requerem o mais alto
feridos forem tratados mrm centro de trauma. Ver ACS nÍvel de compleidade de cuidado e provavelmente se
COT Resources for Opümol Care of the Injured Patient; beneficiarào da traruferência em tempo trábil ( r n69xa 1 o, 1.

Guídelines for Trauma System Development and Traumo Doentes estáveis com Eauma abdomiÍIal contuso e
Cmter Veríficatíon Processes and Stondards. lesões hepáticas ou esplênicas documentadas podem
O princípio fundamental do tratamento do traumatizado ser candidatos a tratamento não-operatório, exigindo
é não causar dano adicional. De fato, o nível de a disponibüdade imediata de sala operatória e equipe
compleidade do atendimento do doente traumatizado ciúrgica qualiÍicada. Um cinugião geral ou de trauma deve
deve melhorar de forma consistente a cada etapâ, desde supervisionar o manejo não operatório, independentemente
acenado incidente até a instituição que possa oferecer o da idade do doente. Se a instituição não estiver p repâÍada
que o doente necessita e o tratamento apropriado. para intervençào ciúrgica de urgência, esses doentes
devem ser transferidos paIa um cenüo de üauma.
Doentes com lesões específicas, combinação de lesões
DETERMINACÃO ON ruECTSSIDADE (particularmente as que envolvem o cérebro) e/ou história
DE TRANSFERÊruCIN OO DOENTE indicando lesão por alta transferência de energia podem
estar em risco de morte e são candidatos a transferência
A grande maioria dos doentes recebe o tratamento
completo no hospital local e, nestes casos, suâ transferência
torna-se desnecessária. É essencial que os médicos í
avaliem suas próprias capacidades e limitâções, b€m t t
como as de sua instituifo, para permitir a diferenciação 1
pÍecoce entÍe doent€s que podem ser atendidos com ,
segurança no hospital local e aqueles que necessÍtam
de tra-nsferência para cuidados definitivos- §
4+.
tl
\
FATOR,ES DE TR.ANSFERÊNCIA 1
?
,\
Os doentes que necessitam de transferência imediata
podem ser prontamente idenüficados com base em
dados fisiológicos, lesões específicas identiÍicadas l-
e mecanismo de trauma. Doentes com trauma T
craniencefálico grave (escore na G{S de 8 ou menos) e
hipotensão são facilmente reconhecidos e necessitam
I HGURÂ l3-1 As êquipes de tÍàuma avâliam rapidâmente ot
doênte5 paía dêterminâr â ôe(esridâde de transíeaência para nivel
de transferência urgente. No entanto, a necessidade de mãior (omplexidade de atêndimênto.
DETERMINACÀO DA NECESSIDADE DE TRANSFERÊNCIA DO DOENTE ?43

TABELA I5-I OIRETRIZES PARA RAPIDA TRIAGEM E TRANSPORTE

CON5lDÉRAR
avaLr4ÇÁo INTÊRVENÇÕES E MEDIDAS AUXILIARÉ5 A TRANSFE.
PRIMARIÀ ACHADOS SEREM REALIZADOS NO HOSPITAL LOCÂL RÊNcra?

Comprometimeôto dã V â Aérea lntubâçáo. CO. eratado. oxímetro de putso, ECG 5


radroSrafrô de tóràx

Atto risco para perda da l'4onitorâr ECG oxímetro dc putso, Easometria S


permeabrLidade dâ viê aérea

RespiÍação Pneumotórax hipertensivo AguLhô, dedo, dreno de tórax S

Hemotórax, pneumotórax âbêÊo Radiotrâfia de tóÍâx, dÍeno de tórax 5

Hipóxiâ/hipoventiLação lntubàção S

Circutacào Hipotênsâo Acesso lV/lO confiávet, ftuidos lV aquêcidos, 5


controLe extêrno dâ hemoíaâ8iâ por pressão direta
àSentes hemostáticos tópicos ou torniquetes

Fraturà péLvrcâ Radrogrâfiâ dâ pelve, ciôta pélvica ou Lenco[ 5

Lesào vâsculár (sinais de Acesso lV/lO confiáve[. ftuidos lV aquecidos. 5


Bravidade, taL quaL hematoma em controLe extêrno da hêmorraSiâ por pressáo direta,
exPansâo e sân8rômento atrvo) âgentes hemostáticos tópicos ou torniquetes

Frâturà êxposta Redução, curôtivo e imobitjzação 5

DistênsàoâbdominaL/peritonrte FAsÍ' S

Défice GCS.13 lntubacào se GCS . 9o S


NeuroLótico

Doentê intoxicado que nào pode Sedação, intubaçào S


ser ava[iâdo

Evidência de paraLisia Restricjo do movimemo dâ cotuna; monitoracâo para 5


choque neuroSênico

Exposição Severâ hipotermiâ Aquecimento êxtêrno s

CONSIDERÁR
AVALIACÃO INTERVENçõES E MEDIDAS AUXILIARE§ A I TRÁNSFE-
SECUNDARIA ACHADOS SEREM REALIZADOs NO HOSPITAL LOCAL ] RENCIÂ?

Cránio e Fratura de crânro com TC. S


EncéfaLo afundamento ou ferimento
penetrante

Maxilofâciât Lesão oculár, frâturás TC. 5


expostas, Laceracâo compLexa,
sanSramento nàsofàrín8eo

No,.: Ay.tl.re íp,,,.t..frclr,o ú ,ar'/i,rt t6 Nrrn*o.lt-n ndout..b crqú do *b ít.4x,/iPa b tw


.. I.dlr.r .p.n.. rr int rÍÉk Ít d.d.aôd.t ú.í.'lí
b. Do.írt i com..corc â. GCs !}-ll pod.rÍ rc$ríü lrtrrbaçlc. d.9ódai.ro rha dísrrd.t L. dtrlcã. d. d.ar..ao cqtr c ínl.dac $r ,raaà.
c.Âa.llraÍ tomantc am doaílar hiaríodn írícrnarlE íro''lir! Íroa qiraL or rradtartoa ahrao a dachao da tr fu, oq o q,rÉn o paÍado
antú da tiansta?lncL-
244 CAPíTULO 13 r Trãnsferência para o Tratamento Defin tivo

TABELA r3-f DTRETRTZES PARA RÁPIDA TRIAGEM E TRANSPORTE (continuaÇão)

CONSIDERÂR
avauacÃo INTERVENCôES E IíEDIOAS AUXILIARES A TR.ANSFE-
SECUNDARI,A ACHADOS SEREM REÀLEADOS NO HOSPITAT LOCÀL RENCIA?

Hematoma, crepltação dor ou TC


deformrdade nà Linhâ média

Tórax MúLtipLas fraturas de ârcos Rêdiogrâfiâ do tó.âx, FASÍ', ÍC' 5


costais, tóràx instável, contusão
puLmonar. mediastino alãr8ado,
pneumomediàstino

Dêfêsã, descomprêssão brusca FASÍ, LPD', TC. 5


Positiva

PerÍneo/Reto/ Laceracào Proctosigmoidoscopaa', exame especubÉ S


Vâtinâ

Neurotógico Défice Radrogrâflas', ÍC , Rl'í N

MuscuLo- Fraturas compLexas ou múLtipLas ou Radio8raf ias das extrêmidades', Radiograf iâ S


esque[ético [uxâcôês ou Lêsões vertêbrais de coLunâ', ou TC'

Outros Fãtoaes ldâde. múttipLàs comorbidadês


Sravrder, quermadurê

,aú: Ay.tk e íÚr',5,. && hffi ,6 pri,,,ú!! 15-n rr*fitb. ú crtgú do rtdar & q@a.rêí'ã//rÊ.
a, lrdraar ?aírr5 rê ffir oa daaL& da trÍ#.Íli
b. Do.tü coírl .6@r. n GCS H pod.íi Ê$r.íÉ. iiürb.çao. d.p.nd.ido drs dÍürírÍlnd.! cünlê.r . d. dB.Gtão côm o írédlco gu. r.c.b..
C. Rad.Laa $ín.rrte gr aro.aÊGl ffilílrtic.ír.ne norrnalr not quab oa rúrlrrdor rfuo a dadlao da tÍâírrfêÍiÍ ôo o cüidado pr$tado
ütã dr ü"anrfcíhda-

precoceparaumcenEo de üauma. Doentes idôsos devemser A morte de outro indiúduo envolvido no incidente
considerados para transferência mesmo com lesóes menos traumático sugere a possibilidade de lesão ocultagrave nos
graves {por exemplo, multiplas fraturas de costelâs e doentes sobreüventes. Nestes casos é obrigatória uma cuidadosa
anticoagulados) deúdo a sua reserva fisiológica Limitada e avaliação do doente, mesmo quando não há sinais evidentes
risco potencial para doenças relacionadas à comorbidades. de lesão grave.
Doentes obesos raramente necessitam de transferência
especiÍicamente por causa de seu peso, exceto em casos TEMPO DE TRANSFERÊNCIA
extremos em que atomografia computadorizada não pode
serobtidadeüdo aotamânho do doente ounecessidade de O desfecho do doente está dÍrêtamente relacionado ao
equipamento especial para um procedimento ciúrgico. tempo decorrido entre o tÍauÍna e o tratamento definitivo
Aüa aérea difÍcil, ftequentemente associada à obesidade, realizado adequadamente. Em instituiçôes sem coberlura
pode exigir a intubâçào precoce antes da transferência, de emergência em tempo integral, a pontualidade da
quando houver risco de que o estado mental ou o estado transferência depende, €m parte, da rapidez com que
respiratório se deteriorem durante o transporte. o médico de sobreaviso chega no Departamento de
O abuso de álcool e/ou outras üogas é comum a todas Emergência (DE). Consequentemente, as equipes de
as formas de trauma e é particularmente importante ser trauma devem desenvolver uma comunicação eficaz
idenb-Êcado já que essas substâncias podem alterar a percepção com o sistema pré-hospitalar para identiÍicaros doentes
da dor e mascarar achados flsicos signiÍcativos. Alterações na que precisam que um médico esteja presente no DE no
resposta do do€nte podem estar relacionadas ao álcool e/ou momento da chegada (r neuRA rt
,. rém disso, o médico
drogas, mas a Iesào cerebral nurca deve ser exclúda como assistente deve comprometer-se a responder ao DE antes
uma possível causa de mudança no estado mental, mesmo da chegada de doentes gravemente traumatizados.
na presença dos mesmos. Se o médico examinadornão tiver A cronologia da transferência inter-hospitalar varia
certez4 a transferência para uma instinriçáo de nível superior de acordo com a distância entre as instituiçôes, com
de complexidade pode ser apropriada. os recursos disponíveis para a transferência, com as
TRATAMENTOANTESDATRANSFERÊNCIA 745

De fato, pesquisas têm demonstrado que grande pane


do tempo de atraso entre a Iesáo e a transferência êstá
relacionado àrealização de estudos diagnósticos, apesar
da falta de um cirurgião para fornecer o tratamento
definitivos. Frequentemente, as tomograÍias realizadas
antes da transferência para o tratamento deÍinitivo sâo
{ repetidas na chegada âo centro de trauma, tornando a
necessidade de uma TC pré-transferência questionável.
Múltiplas varreduras resultam em aumento da exposição
à radiação e custos hospitalares adicionais, bem como

Ít
í um atraso natransferência parao tratamento definitivo.
á
TRATAMENTO ANTES DA
I EIGURA 13-2 Uma comunicà(áo eíicàz (om o sistema pré-hospitàlar
TRANSFERÊNC IA
deve ser desênvolvida para identificaÍ doentes que neceesltâm dâ
prerença de um médico no DE no momênto da sLrà chegada. O doente deve ser reanimado e tentativas paÍa
estabilizá-lo da melhor maneira possível devem ser
caracteísticas dainstiluição Iocal e com os procedimentos feitas, baseando-se no esquema sugerido abaixo:
necessários antes que o doente possa ser transferido
com segurança. Se houver recursos disponíveis e os 1. Via aérea
procedimentos necessários puderem ser executados a. Inseriruma üa aérea ou um tubo endotraqueal,
rapidamente,lesões com risco àüda devem ser tratadas se necessário. Estabelecer um limiar baixo para
antes do úansporte do doente. Esse tratamento pode intubar doentes com GCS alterado, mesmo
acima de 8, quando houver preocupaçáo com
exigir intervenção ciúrgica para garanú que o doente
uma possíveI deterioração e discutir essa
estejana melhor condição possível para atransferência. decisão com o médico que receberá o doente.
Intervenção antes da transferência requer iulgamento.
b. Realizar aspiração.
Depois de reconhecer a necessidade de transferência,
agilize os preparativos. Não realize procedimentos c. lrserir uma sonda sástrica em todos os doentes
inrubados naqueÉs nào intubados com
e
diagnósticos (por exemplo, lavagem peritoneal diagnóstica eüdência de distensào gástrica. Como esse
ILPD] ou tomograÍia computadorizada [TC]) que não procedimento pode induzir o vômito e provocar
alteremoplano de cuidados. No entanto, procedimentos aspiração, usar o bom julgamento clinico quando
que tratam ou estabilizam uma condiçáo imediatamente os doentes estiverem agitados ou intoxicados.
fatal podem ser rapidamente realizados. 2. Respiração
Apesar do princípio de que a transferência não deve ser
a. Determinar a frequência respiratória e
atrasada para procedimentos diagnósticos, uma parcela administrar oxigênio suplementar.
signiÍicativa das vítimâs de trauma transferidas para b. Providenciar ventilação mecânica, quando
centros de trauma regionais é submetida à tomograÍia necessarlo.
computadorizada no hospital primário, levando a um
c. Realizar a drenagem torácica, se necessário.
aumento no tempo de permanênciaantes datransferência. Doentes com pnãumotórax diagnosticâdo ou
suspeito devem ter o tórax drenado quando
ARMADILHA PREVENCÀO sâo transportados por via aérea.
3. Circulação
Atrasar a transferêncrã Considerãr a transferência a. Controlâr o sanqlamento externo, observando
de um doênte para o precocementê no processo o tempo de coloiaçào do torniquete quando
tratamento definitlvo de avaLiôçào este é usado.
Determiôar rapidamente
as necessidades do doentê b. Estabelecer dois acessos venosos de grosso
e às capacidâdes da
calibre e iniciar a infusão de solução
rnstituicão. cristaloide.
Solicitar apenas exames c. Restaurâr âs perdas de volume sanguíneo
que identifiquem Lesôes usando cristaloide e sangue para obter uma
potencaaImentê fatais reanimação balanceada (ver Copítulo 3: Choque )
qse Possam sêr trâtadàs e manter a reposiçáo durante a transferência.
ou estabitizadas antes da
transferência. d. Inserir uma sonda vesical de demora para
monitorar o débito urinário.
246 CAPíTULO 13 r Transferência para o Tratamento Defin tlvo

e. Monitorar o ritmo e a frequência cardíaca do


doente. ARMADILHA PREVENCÀO
I Transportar doentes no final da gestação
em decúbito Iateral esquerdo para melhorar Comuôicaçào Use uma [rsta de verif cacào de
o retorno venoso. Se indicado, restringir o rnadequada entre transferência para garantir que
movimento da coluna, Asse gu rar-se que o a equipe que todos os principãis êgpectos do
hospiLal receptor seja capaz de tratar tanto a encamrnha e a quê âtendímento prêstado sêjam
mãe quanto o bebê. recebe o doente devidamente comun cados à
4. equipe de transporte.
Sistema nervoso central
Verifique se cópras dos reglstros
a. Fornecer ventilaçáo assistida ao doente médicos e radiografiàs são
inconsciente. p.eparadas e fornecidas à equipe
b. Administrar manitoL ou solução sâlina de trânsporte.
hipertônica, se necessário, quando
aconselhado pelo médico receptor. Preparaçào ldent fique e inicie os esforços
c. Restringir o movimento da coluna inâdequâdâ pâra de reôn maçào para todês as
vertebral em doentes com lesão de coluna o trânsporte, cond ções de risco à v da.
Asse8ure-se de que os âcordos de
diagnosticada ou suspeita.
probâbilidàde de transferênc à estelam em vigor pârê
5. Realizar estudos diagnósticos adequados (estudos detêfloraçào do perrn trr â dêterm nacão ráp dê dâ
diagnósticos sofi sticados, como omoSrafi a
1
doente durante â methor rnsttu cào de recebrmento
computadorizada e aonografi a, geralmenLe transferência com base nas Lesôes do doente
não são indicados; quando indicado, a obtenção Cônfrrme setodos os equ pamentos
desses estudos náo deve atrasar â transferência). dêtransporte do doente estão pré-
a. Obter radiograÍias de tórax, peive e prêparados e prontos para uso em
extremidades. todos ôs momentos

b. Obter exames de sangue necessários.


c. Determinar o ritmo cardíaco e a saturaÇão requerem restrição da movimentação da colunavertebral
da hemoglobina (eletrocardiograÍia [ECG] e e sáo colocados na posição supina com restrições do
oximetria de pulso). punho/perna. Se a sedaçâo for necessária, o doente deve
6. Ferimentos (Nota: A realização destes ser intubado. Portanto, antes de administrar qualquer
procedimentos não deve retardar a transferência.) sedativo, o médico responsável deve: assegurar que o
a. Limpar e cobrir os ferimentos após controlar a ABCDE do doente seja adequadamente tratado; aliviar a
hemorragia externa. dor do doente, se possível (por exemplo, imobilizaçáo de
b. Adminlstrar a profilaxia do tétano. fraturas e administração depequenas doses de narcóticos
endovenosos) e tentar acalmar e tranquilizar o doente.
c. Administrar antibióticos, quando indicado.
Lembre-se, benzodiazepínicos, fentanil, propofol e
7. Fraturas
ketamina são todos perigosos em doentes hipovolêmicos,
a. Aplicar talas e tração apropriadas. doentes intoxicados e doentes com comTCE. O manejo
da dor, asedação e a intubação devem ser realizados pelo
A agitação presente na avaliaçáo inicial, na reanimação indivÍduo mais habilidoso nesses procedimentos. (Ver
e no preparo para a transferência do doente üaumaüzado Capítulo 2: Tratam ento daYia Aérea e do Ventilaçõo. )
ftêquentemente faz com que ouüos detalhes logísticos
sejam deüados para um segundo plano.Isto pode resultâr
em falha ao iacluir certos itens que deveriam ser enviados RESPONSAB]LIDADE DA TRANSFERENCIA
com o doente, como radiograÍias, resultados de exames
laboratoriais, descrições do processo de avaliação e
tratamento rea-lüados no hospital local. Para garantir que A resporsabüdade especÍfica da Eansferência é de ambas as
todos os componentes importantes do üatamento tenham partes, do médico que encamirüa e do médico que recebe.
sido abordados, use uma Lista de veriÍicação. As listas de
verificaçáo podem ser impressas ou carimbadas no envelope MÉDICO OUE ENCAMINHA
da radiograÍia ou no prontuário médico do doente para faz er
comque o médico que encaminha o doente não esqueçade O médico que encaminha é o responsável por iniciar a
incluirtodas as informações pertinentes. (Ver Checklist paro trarsferência para a instituição que receberá o doente e pela
Tmnsferância no oplicotivo móvel MyAII§. ) escolha da modalidade apropriada de transporte e do nivel
O tratamento de doentes combativos e não coopera- de complexidade de atendimento necessário para garantir
tivos com um nível alterado de consciência é difícil e um tratamento adequado durante o percurso. O médico
potencialmente perigoso. Esses doentes geralmente que encaminha deve consultar o médico que receberá o
RESPONSABILIDADEDATRANSFERÊNCIA 247

doente e estar completamente familiarizado com o sistema informações ütais sejam comunicadas. A omissão de
de transporte, com sua capacidade, e com os preparativos Ínformaçóes pode retardar a identiÍicação de lesões e o
pâra o tratamento do do€nte durânte o Eansporte. Dentro atendimento, hfluenciaro resultado do doente.
o que pode
das capacidades de sua instÍtuição, o médico de referência O SBAR (Situaçâo, Histórico, Avaliação e Recomendação)
deve estabilizar a condiçáo do doente antes de transferi-lo é uma ferramenta de transferência comumente usada
parà ouüa instituição. O processo de transferência é iniciado para melhorar a segurança do doente, facilitando a
enquanto os esforços da reanimação estão em andamento. comunicação de informaçóes especíÍicas do mesmo. A
A transferência entre hospitais é acelerada por meio . TABELA 13-2 descreve um modelo de instrumento ABC
do estabelecimento de acordos de transferência. EIes SBAR para trãnsferência de doentes traumatizados.
proporcionam um movimento consistente e eficiente Quando não houver uma equipe de atendimento
de doentes entre instituições. Além disso, esses acordos especÍficae adequadapara transferir o doente, certifique-
permitem o feedback ao hospital de referêncÍa e se de que uma enfermeira ou um médico acompanhe o
âumentâm a eficiência e a qualidade do tratamento do doente. Todo o monitoramento e tratâmento prestados
doente durante esse processo. durante o transporte são cuidadosamente documentados.
Fornecer um resumo completo e sucinto do doente Doentes pediátricos necessitam de cuidados
usando um modelo padronizado é útil para garantirque especializados e frequentemente é indicada a transferência

TABELA I3-2 MODELO DE FORMULÁRIO ABC-SBAR PARA TRANSFERÊNCIA DE DOENTES ÍRAUMAÍIZADOS

ACRONIMO SIGNIFICADO INFORMAçÃO A SER FORNECIDA

Todos os pÍobl,êmas de vià aéÍea, respiração e circulâçào identificados e as


B Respiração
intervençôes reaLizâdas

CircuLãção

5 Situação Nomê dô Doente


ldade
H05pltâL que Encâmlnha
Nome do Médico que encaminhâ
Nome da Enfeamêirâ
lndicâção da trônsferê^cia
Local dã venóclise
Fl!ldo ê vêlocidôde
Outrâs intêrvençôês reâtizadas

B Hrstórico Histórico do Evento


HistóTiâ AMPLÂ
Hemocomponente5
lYedicâmentos àdmanistrados (dâta ê horâ)
lmôBens reatizadas
lmobiLizâcôes

Avatiação Slnais vitais


Achados do exame físico pertlnentes
Resposta do doentê ao trâtâmênto

R Recomendacão Modo de transporte


Nível de cuidâdo do transporte
lntervençôes medicâmentosôs durante o transporte
AvâLiaçôes e intervençôes necessárias
?48 CAPíTULO 13 r Transferêncla para o Tratamento Detinitivo

ARMADILHA PREVENCAO

Comunicaçào lnicie o processo de


inâdequada ou transferência rmedratamente, ? .rr
tnapropriadâ entre a ou seja, ão identrfrcar a ^lO
equlpe que encaminha ôecessidade de trânsferência
e a que recebe, para o tratàrnento definitivo j
resuttaado em perda Especifique todâs às lesões
de rnformaçõês cíticas identif icadas. enf atrzândo
parà o atêndimento do condiçÕes com risco à vidà. --
doente. Fôrneca todas as rnformações
pertineotes sobre as Lesões

I
do doente os curdàdos
recebídos a resposta do
doente aos cuidados e o
môtrvo dã trànsfêrência.
t FIGURA 13.3 Equipe de trêurna, re(ebendo o doente tíansÍeíido
para uma instituição de tratarnento pediátrico. Dependendo por transporte aéreo.

das circunstâncias locais, este pode ser um centro detÍauma


de adultos com capacidade pediátrica. As equipes de
transporte devem estar familiarizadas com o transporte
OUADRO I3-I PERGUNTAS OUE PODEM
AJUDAR NA DETERMINACÀO DO MODO
seguro de doentes pediátricos, incluindo a necessidade
DE TRANSPORTE APROPRIADO
de manejo de via aérea, dosagem de medicamentôs e as
medidas auxiliares da avaliaçáo primária.
A coôdiçáo cLínicâ do doente .equer a minimizaçào do
tempo de transporte?
MÉDICO OUE RECEBE
O doente necessità de avaLiaçào ou tÍatâmento

O médico que recebe deve serconsultado para garartir que específico ou tempo dependente, que não esteja

a instituição receptora propostâ seja qualificada, capaz e disponlvel na unjdàde de origem?


esteja disposta a aceitaÍ o doente e concordar com a intenção O doente êstá em umâ á.ea inacessívêl âo transporte
da transferência. O médico que recebe deve auxiliar o teÍrestre?
médico que encaminha na organização dâ transfeÍência Ouaas sào as condiçÕes mêtêorotógicas atuais e
para que a modalidade adequada e o nível de complexidade previstas ao Lon8o da rota dê transporte?
de atendimento estejam disponíveis durante o transporte. O peso do doente (mais o peso do êquipêmênto e
Caso o médico e o hospital propostos iniciâlmente pâÍa da equape de transporte) está dentro dos limites
receber o doente se encontÍem impossibilitados de aceitá-lo, pe.mitidos paÍa o transporte âéreo?
eles devem auxiliar na busca de uma instituiçáo altemativa.
PãÊ trânsportes iôter-hospjtaLares, exaste hetiponto e/
A qualidade do atendimento oferecido durante
ou aeroporto perto do hospataL de origem?
o transporte também é de vital importância para o
O doente prêcisâ de cuidados intensivos (por
prognóstico do doente. Somente pela comunicaçáo direta
entre os médicos que encaminham e os que recebem o exemplo, monatorômento, medicamentos específ acos,
doente, as condições do doente a ser transferido podem equipamento específico) durânte o transporte, que não
ser claramente delineadas. estejam disponíveis no transporte terrestrê?
O uso de transporte têrrestrê Local dêixaria a área LocaL
MODOS DE TRANSPORTE sem cobertura adequãda de servicos de atendimento
pré-hospitâl,aí?
O princípio de não causar dano adicionalé o mais importante Se o transporte terrestíe [ocâ[ não for uma opção,
requisito na escolha do modo de transportar o doente. as necêssidades do doente (e do sistêma) podêm
Trânsporte teÍrestre, aquáüco e aéreo podem ser seguros ser atendidas por um sêrviço regional de úanspô.te
e efetivos em seguir este princípio e nenhum meio de
teírest.e crítico disponíveL (por exemplo, sistemas
transpofte é intrinsecamente melhordo que o outro. (. FrcuRA
especiâLizados dê transporte de supêífície operados
13-3). Fatores locais tais como disponibilidade, geografia,
por hospitais e/ou programas médicos àéreos)?
custo e clima são os principais fatores para se determinarqual
o meio de trânsporte a se utilizar em uma dada ckcunstância.
O r euADRo i3-1 lista perguntas gerais a serem feitas na Rêimpresso com à permissào deThom§oh DP,Thomas 5H. Guidêtrnes for
determinação do modo de transpôrte apropriado. Ar Medi..l D,sp.tch P.ehosptat Eneeency Cêr€ 2003; Apr-J ! n:7(2) 265-7,
PROTOCOLOS DE TRANSFERÊNCIA ?49

A transferência inter-hospitalar do doente gravemente transferência. O meio de comunicação de TI (tecnologia


traumatizado é potencíalmente perigosa, amenos que sua da informação) aceitável mais aprimorado pode ser usado
condição esteia estabilizada de maneira ótima antes do para eütar atrasos na transferência.
üansporte, que a equipe detransporte esteja adequadamente
treinada e que a provisâo tenha sido feita para lidar com TRATAMENTO DURANTE O TRANSPORTE
probiemas inesperados durante o üansporte. Para assegurar
que atransferência seja feita de modo seguro, é necessário Uma equipe treinada deve transferir o doente,
que cirurgiões de trauma estejam envolúdos no üeinâmento, Ievando-se em conta suas condições e seus potenciais
na educação continuada e participem dos programas de riscos durante o transporte. O tratamento durante o
melhoria de quaJidade destinados a aprimorar as equipes transporte normalmente inclui:
e a elaborar protocolos pertinentes. Os cirurgiões também . Monitoração dos sinais vitais e da oximetria de
devem êst âtivamente envolúdos no desenvolvimento pulso
e na manutençâo dos sistemas de atendimento ao trauma.
Yer "Appropriate use of Helicoptet EmeÍgell.cy Medical
Sewices for trorsport of traumo patimts: Guidelines from
the Emergency Medical SyÍem Subcommittee, Committee
ARMADILHA PREVENCÀO
onTraum4 American College of Surgeons."
Íubos endotrêqueàis . Certifrque-se de q(Jê o
e acessos venosos êqurpamento necessário
deslocados ou mã[ paraarêrntubãcãoeâ
PROTOCOLOS DE TRANSFERÊNCIA posicionados durante o punçào veno5a âcompanhe
transporte o doente
. Verifique se a equipe de
Quando náo existem protocolos para transferência transPoate é capaz de
de doentes, são sugeridas as seguÍntes diretrizes rêâLizar o procedimênto ê
referentes às informaçôes do médico do hospital de trêtar quaisquer possíveis
origem, informaçóes para a equipe de transporte, complicaçôês que ocôrram.
documentação e tratamento durant€ o transporte. . Certifique-se de que os
tubos e os êcessos veôosos
estejâm adequadômente
TNFORMAçõES DO MÉDICO DO HOSPTTAL
protegados.
DE ORIGEM
FaLha em antecipar a lYuitas vezes não há
O médico que determina a necessidade de transferência
deterioraçào da cond çâô como prever se o estêdo
deve comunicar-se diretamente com o médico que neuroLógrcâ do doente neurotógico irá mudâí
receberá o doente nô hospital. O ABC-SBAR (consulte a ou estado hemodinâmico nos doentes idosos,
r raBEtA 13-2) pode servir como uma lista de verificação du€nte o transporte intoxicados ê com trauma
para o relatório telefônico entre os médicos e o relatório craniencefálico Dessê
verbal para a equipe de transporte. maneira, em aLguns càsos,
está indicâda a proteção
TNFORMAçõES PARA A EOUTPE DE TRANSPORTE da via aérea ern doentes
com GCS , 8 durante o

necessiàdes do doente trênsportê,


As informaçôes sobre a condiçào e as
o médico que t.ãnsportê
durante a transferência devem ser comunicadas à eqüpe de
deve consrderaÍ a
transporte (consulte o ABC-SBAR na . raBE t A 13-2 ) . possibatidâde de
aLtêração nêuroLógica
DOCUMENTAçÃO intubar o
e dêcrdir
doênte com potencrâL
Um registro escrito dos problemas, otratamento realizado comprometimento dâ vra
e oestado clínico do doente no momento da transferência, aérea ãntes do transporte
assimcomo certos achados no exame físico (p. ex., imagens O clr!rEiào receptor deve
radiológicas), devem acompanhar o doente {r n6gpa 1341. oferecer àcoôsêLhamento
A mídia digitalpode sertransmitida para a instituição de se a decisão de intubar
nào estiver ev,dente com
referênciapara agilizar a transferência de informaçôes e
base na consideraÇào
disponibilizar imagens para revisão à distância;quando a
do padrão de lesào e do
transmissáo eletrônica não é possível, a transmissão por
têmpo de transportê.
fax dos relatórios pode ser usada para eütar atrasos na
250 CAPÍTULO 13 r Transferênc a para o Tratamento Defln r vo

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! EGUTA 1:}..aModêlo de Formulário de trangfêrênria. Êste Íorfiulário in(lui todas âr informa(óes que dêvem ser enviâdas com o doente
parã a instituiçào de destino.
BIBLIOGRAFIA 25I

Suporte contínuo do sistema cardiorrespiratório para tratar imediatamente as condiçÕes que


ameaçam aüda e só podem ser gerenciadas por
Reposiçâo volêmica balanceada contínua
especialist as em irstituições específi cas.
Uso de medicamentos apropriados, sob
Após o aceite da transferência do doente
orientaçâo de um médico ou em conformidade para o tratamento definitivo, os membros da
com protocolos estabelecidos equipe colaborarão para preparâr os registros
Manutenção da comunicação com um médico para transferência, incluindo Iaudos de
ou uma instituição durante a transferência exames, dados do tratamento, medicamentos
administrados e radiograÍias realizadas.
Manutençào de um registro pormenorizado
durante a transferênciâ
RESUMO DO CAPíTULO
Ao se prepararpara, e durante o transpone,lembre-se
de que durânte o trânsporte aéreo, mudanças na altitude 1. Doentes cujas lesóes excedem a capacidade de
levam a mudanças na pressão do ar. Como isso pode tratamento definitivo de uma instituição devem ser
aumentaro tamanho do pneumotórax e piorara distensão identificados precocemente durante a avaliaçâo e
gástrica, considere cuidadosamente a colocação de um a reanimação. Capacidades indiüduais do médico
tubo torácico ou tubo gástrico. Precauções semelhantes assistente, capacidades institucionais e diretrizes
dizem respeito a qualquer dispositivo insuÍlado porar. Por para transferência devem serconhecidos. Acordos de
exemplo, durantevoos prolongados, talvez seja necessário trarrsferência e protocolos podem agilizar o processo.
diminuir a pressão das talas pneumáticas ou dobalão do
tubo endotraqueal. Ao transportar doentes pediátricos, 2. Lesões com risco à vida devem ser identificadas
preste atençâo especial ao tama-nho dos equipamentos e e tratadas na medida do possível na instituiÇão
à experiência da equipe antes do transporte. de origem. Procedimentos e exames que nâo sào
necessários para estabilizar o doente não devem
ser realizados.
TRANSFERÊruCIN DE DADOS
3. Deve haver clara comunicaçào entre o médico que
encaminha e o médico que recebe, e a equipe de
As informações que acompanham o doente devem incluir transporte. O ABC-SBAR é um modelo útil para
informações demográÍicas e históÍicas pertinêntes ao garantir que as principais informaçôes sobre o
trauma. AtÍansmissão uniforme de informaçôes é obtida doente seiam comunicadas.
pormeio da utilização de um formulário de transferência
estabelecido, como o exemplo mostrado na Figura 13-4. 4. A equipe de transporte deve ter a habilidade
Além das informações já descritas, proporciona espaço adequada para administrar os cuidados necessários
para registro de dados de forma organizada e sequencial ao doente, a fim de garantir que o nível de
- sinais vitais, função do sistema nervoso central (SNC) atendimento recebido pelo mesmo não diminua.
e débito urinário - durante a reanimação inicial e o
período de transporte. 5. Consideraçôes devem ser feitas ao decidir quem
deve ser transferido ao tratar-se de grupos de
doentes especiais.Acordos de transferência
U TRABALHO EM EOUIPE predefinidos podem agilizar o processo.

Quando o nível de complexidade de


atendimento exigido excede a capacidade da BIBLIOGRAFIA
unidade de tratamento, o líder da equipe de
trauma deve trabalhar com rapidez e eÍiciência
para iniciar e concluir a transferência para o
atendimento deÍinitivo. 1. American College of Surgeons Committee
Outros membros da equipe podem ajudar on Trauma. Resources for Optimal Core of the
o Iíder da equipe, comunicando-se com a Injured Patíent- Chicago, IL: American College
instituiçâo receptora, enquanto o IÍder da of Surgeons; 2006.
equipe de trauma permanece focado no doente. 2. Bledsoe BE, Wesley AK, Eckstein M, et
O lider da eqüpe garante a rápida preparaçào pàra a al. Helicopter scene transport of trauma
transferênci4 limitando os exames (especialmente patients with nonlife-threatening in.juries:
tomogrúas computadorizadas) àqueles necessários
252 CAPíTULO 13 r Transferênc a para o Tratamento Defin tivo

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when helÍcopter emergency medical service is institution ofa trauma syst€m in an urban area.
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9. Harrington DT, Connolly M, Bim WL, et aL.
Transfer times to definitive care facilities are
too long: a consequencê ofan immature trauma
system. Ann Surg 241(6):961-968.
APEN DICES

APÊNDICE A Trauma Ocu[ar 257

APÊNDICE B Hipotermia e Lesôes peLo CaLor 265

APÊttDlCE C lncidentes com Vítimas em Massa, Traumas em


Ambientes Hostis e Conflitos Armados
(AuLa OpclonaL) 275

APÊNDICE D Conduta em Desastre e Prontidão para Emergências


(AuLa OpcionaL) 289

APÊNDICE E ATLS e Equipe de Trauma lvlanejo de Recursos 303

APÊilDlCE F Cenários de Triagem 3t7

APÊilDICE G Estãcões Práticas 335


Apêndice
TRAUMA OCUTAR

OBJETIVOS

l. Compreender a anatomia básica da órbita e oculâr Z ldentificar sinais dê hemorragia retrobulbãr e


exp[icãr âs necessidades para tratamento imediato e
2. Descrever uma anamnese focada para o trauma
encaminhamento.
ocu[rr.
3. Descrever um exâme sistemático da órbita e seu
8. Descrever o tratamento de lesôes ocuhres que
resuLtam da exposição a produtos químicos.
conteúdo.

4. Descrever como avôtiar â pressão intraocular.


9. ldentificar os sinaís de lesão com ruptura do g[obo
ocutar e descrever sêu manêjo inicial antes de
5. Compreender as cârãcterísticas das [aceraçóes da consuttar um oftalmotogista.
pátpebrã que requerem encaminhamento paÉ um
10. Compreender as câracteÍísticas das lesôes
esPeciatista.
ocu[ares que requerem encaminhamento a um
6. Descrever o teste de cotoração com fluoresceína e oftaImotogista.
sua utitidade.

pelo humor vítreo - uma solução de sódio, cloreto €

Nu'u**nilit'**i*""':;:'"t;
emergência médica. Embora o atendimento médico de
outros íons. O segmento posteÍior do globo está entre
o
-
cristalinoearetina,eépreenchidocomhumorvítreo
uma substância clara e gelatinosa. O nervo óptico está
emergência ren ha mudado com o tempo, esse conceito na parte de trás do olho; viaja através do cone muscular,
ainda é válido. O olho é realmente importante, mas através da órbita e depois para o cérebro. TFIGURAA-1
noÍmalmente não é avaliado até que o doente seia fornece uma revisão da anatomia do olho.
considerado estável. O globo inclui os anexos dos músculos extraoculares
Pequenas abrasôes e laceraçôes no olho e nas à esclera. A esclera e os músculos sáo cobertos por um
pálpebras são comuns em doentes politraumatizados. epitélio chamado coniuntiva, que se estende daiunção
Este apêndice tem como escopo descrever as poucas córnea-esclera sobre a esclera e depois sevoltapara cobrir
lesôes oculares que podem cegar um doente se náo forêm o interior das pálpebras. Os músculos extraoculares
tratadas nas primeiras horas após o trauma. Entender se juntam para formar um "cone", que é coberto por
os fundamentos do exame oftalmológico após a lesão uma bainha semelhante à da fáscia chamada cápsula
começa com uma revisão da anatomia básica do olho. de Tenon. Essa cobertura por fáscia minimamente
distensível Iimita a capacidade de expansão desses
músculos; assim, a hemorragia nessa área pode produzir
REVISÀO DA ANATOMIA uma síndrome compartimental.
O complexo globo-cone-muscular situa-se na órbita do
A córnea é a camada transparente que forma o olho, que é uma cavidade emforma de pera formada por
Iimite anterior do espaço conhecido como câmara ossos que separam o compartimentô orbital do tecido
anteÍior, e é contígua à êsclera. O interior do globo é dos seios da face e do cérebro. As pálpebras têm anexos
dividido em segn1entos anteriores e posteriores pelo tendinosos (tendões cantais) medial e temporalmente
cristalino. O segmento anterior inclui a córnea, esclera, na órbita óssea, que impedem que o globo avance. Esse
conjuntiva, íris e cristalino. O espaço entre a córnea e arranio criâ outro espaço com expansão Iimitadâ, onde
a íris é chamado de câmara anterior e está preenchido a síndrome do compãrtimento tâmbém pode ocorrer.

257
258 APÊNDICE A r TraUma OcULar

Esctera
Tendáo
CantaL Fórnlx
Mú3cuLor
cxtG9cu[rrc! ConJuntlva
taácub

Fóvea
Ossos da
órblta Írls
Pu pil.a

Nervo
ótlco
Câma ra
anterior
Retlna

. FIGURAA-l Anatomia anterlor e poster or

em cada olho. Obsewe sempre seo doente noÍmâlmente


AVAL rAÇAO usa óculos ou lentes de contato e, em caso afirmativo,
se estes dispositivos são usados para longe ou perto
Como todas as outras avaliações, a avaliação do trauma (visão de leitura). Se um erro de refração for conhecido,
ocularinclui umahistóriae exame físico direcionados. As mas o doente não tiver óculos, peça ao doente que olhe
comorbidadespréüas ao trauma assimcomo o histórico de através de umorifício pequeno, o que minimiza o erro de
visão do doente podem ser perLinentes. A avaliação precisa refraçáo e permite verificar a visão. Para fâzer um furo,
do trauma ocular pode alterar o desfecho do doente, pegue um pedaço de papel ou papelào e use umâ caneta
êspecialmente em um ambiente no qual o atendimento esferográÍica ou clipe de papel para fazer um furo de
oftalmológico de emergência não está disponível. aproximadamente 0,2 mm no centro do mesmo. Se um
oclusor do tipo pinàole profissional estiver disponível,
HISTóRIA use-o para obter resultados um pouco mais precisos.

A obtenção da história necessária para tratar o trauma Pupitas


ocular é a mesma que para qualquer outro trauma.
Inclui uma revisão completa dos sistemas e o histórico Se o doente estiverusando Ientes de contato, elas devem
médico do doente. Certifique-se de perguntar o tempo ser removidas. As pupilas devem ser iguais, redondas,
eo mecanismo da lesáo. Outras informaçôes específicas reativas e sem um defeito pupilar aferente. Uma pupila
a serem obtidas durante a ânamnese sào descritas na lenta oupouco reativa indica uma possÍvel anormalidade
seção de exame fisico a seguir. cerebral, como acidente vascular cerebral ou herniação.
Esteia ciente de que esses achados não indicam
EXAME FíSICO tipicamente patologia ocular. No entanto, é importante
notar que uma pupila pode ficar aumentada devido
Sempre que possível, todo o exame oftalmológico a trauma contuso (por exemplo, ruptura do esfÍncter
deve documentar os três "sinais vitâis" do olho: visão, pupilar), cirurgia pregressa e ôutros processos de doença
pupilas pressão intraocular. Essas funções fornecerão
e ocular. Quando um exame anormal de pupila resulta
ao médico informações importantes sobre ã integridade de uma causa ocular isolada, a pupila frequentemente
básica do olho. Além disso, o exame físico inclui também mantém alguma rearividade à luz, mesmo que seia um
a avaliaçào do segmento anteÍior e posterior do olho. tamanho diferente. O histórico médico do doente deve
reÍletir uma história ocular passada positiva; se isso nào
Visão ocorrer, deve-se seguir na rnvesrrgaçào e exames serào
necessários para avaliar uma patologia intracraniana.
Um exame de visão pode ser tão simples quanto segurar Ao verificar a disfunção do nervo óptico, use o "teste
um cartáo de teste de visão ou qualquer material de da lanterna oscilante" para procurar um defeito pupilar
leitura em uma distância apropriada e registrar a visáo aferente. Quando houver suspeita em relação à disfunção
APÊNDICE A r Trauma OcuLar 259

do nervo óptico relacionada ao trauma, consulte um medindo a partir da parede lateral da órbita até o nariz
oftalmologista para um exame detalhado. de cada lado e, em seguida, determinândo quanto do
globo se proieta para além dessa linha imaginária.
Pressão lntraocuLar Em um exame normal, quando você empurra
suavemente o olho através da pálpebra, você s€ntirá
Dispositivos portáteis de tonom€tia, como o Tono-pen, que o globo ocular se deslocapouco em direção posterior.
estão agora disponíveis em muitas salas de emergência. Quando isso não ocorre, há resistência à retropulsão,
Esses medidores melhoraram a capacidade do médico de indicando a possibilidade de aumento da pressão atrás
veriÍicar pressões ocrÍares em diversas situações do doente. do olho, como na hemorragia retrobulbar. Outro sinal
Ao usar dispositivos de tonometria de mão, abra a de hemorragia retrobulbar é quando o globo empurraas
pálpebra tomando cuidado para não empurrar o globo pálpebras, criando uma pressão tal que a pálpebra fica
ocular, pois isso pode elevar falsamente a pressão do tensa e não pode serafastada do olho. Por fim, ao avaliar
olho. Certifique-se de que os dedos que retraem as as feridas da periórbita, sempre inspecione aslaceraçôes
pálpebras estejam apoiados na órbita óssea e não no paragarantirque não tenham espessura tôtal e elimine a
globo. Obtenha sempre 2-3 medições de cada olho, com possibilidade da presença de corpos estranhos ocultos.
a maior percentagem de confiabilidade no Tono-Pen (a Mesmo que o globo pareça não ser afetado, qualquer
pressão ocular normal é entre 8 e 21mmHg). A Ieitura corpo estraÍüo penetrando na órbita exige um exame
de "dados" ou "%" na caneta indica a probabilidade de oftalmológico imediato para determinar se o globo
que essa leitura seja precisa. É importânte notar que as está aberto.
leituras podem variar com a ventilação mecânica, as Músculos extraoculares: para doentes que podem
manobras de Valsalva e a pr€ssão acidental no globo obedecer a comandos, peçaque sigam o dedo para cima,
ocular durante a abertura dos olhos. Quando possível, para baixo e para os lados. Movimento ocularrestrito pode
anest€siar o olho com gotas oftáImicas de ânestésico ser decorrente da presença de pressão intraorbital elevada,
tópico (por exemplo, proparacaina) se o doente não de fraturas orbitárias, ou de Iesão muscular ou nervosa.
êstivertotalmente sedado. Caso contrário, o doentepode Pálpebras, cílios e bolsa lacrimal: Examine as
piscar excessivamente ou apertaÍ as pálpebras quando pálpebras para procurar por lacerações e observe se
â ponta do instrumento tocar o olho. elas sáo de espessuÍa total ou parcial. A porçáo nasal
Sem um tonômetro, você pode de maneira grosseira das pálpebras superior e inferiorcontém as cavidâdes
estimara pressão do olho pressionando delicadamente e canalículos superiores e inferiores, que drenam as
comos dois dedos indicadores em cada lado do olho com lágrimas da superfície ocular. As lágrimas correm pela
as pálpebras fechadas. Se você não tem cêrteza do quê puncta, depois pelos canalículos até o saco lacrimal e
é normal, pressione o seu próprio olho ou o olho não depois pelo ducto nasolacrimal ãté o nâriz.
afetado do doente da mesma maneira e comparar. O Laceraçóes de espessura total requerem um reparo
mais importante, avaliar se o doente tem um olho mais ciúrgicoporumcirurgiãofamüarizado comaanatomia
firme no lado lesionado. de drenagem da pálpebra e canal lacrimal. Embora este
Se houver suspeita de Iesão aberta de globo ocular, procedimento não precise acontecer imediatamente,
não verifique a pressão no olho, porque você pode o reparo dentro de 72 horas após a Iesão aumenta a
conduzir ainda mais para o interior da cavidade o probabilidade de sucesso. Se o sistema de ducto
conteúdo intraocular do olho. Nesses casos, veriÍicar a nasolacrimal estiver envolüdo, é ideal que o reparo
acuidade visual e realizar uma inspeção visual apenas. ocorra antes do inÍcio do edema tecidual, portanto é
necessário que um especialistâ seja consultado assim
Exame Anterior que identificar o problema. Esteja especialmente atento
àslaceraçôes pa.lpebrais que se alinham com as Iacerações
O exame anterior abordavários aspectos da anatomia do conjuntivais ou comeanas, porque elas são frequentemente
olho: a periórbita, músculos extraoculares, pálpebras, associadas a lesóes abertas do globo ocular.
cílios, sacos lacrimais, coniuntiva, esclera, córnea, íris, Coniuntiva, esclera e córnea: Observe quanto a
câmara anterior e cristalino. presença de qualquer hemorragia subconjuntival e
Periórbita: Observe quanto à presença de qualquer sua extensão; quanto mais extensas forem, maior a
equimose ou lacerações ao redordo olho. Avalie a presença probabilidade de o próprio globo ter sofrido ferimentos
de eventual prorusão do globo ocular.Issopode ser feito substanciais. Se a coniuntiva estiver lacerada, preste
com aspalpebras abertas oufechadas, olhando parabaüo muita atenção à esclera subiacente, que também
enquanto o doente está deitado e determinando se um pode estar lesada. Mais umà vê2, uma lesão como
olho está mais anteriorizado que o outro. Isso também essa pode indicar lesões abertas do globo ocular.
pode ser avaliado radiograficamente usando o corte VeriÍique também se há laceraçóes ou escoriaçóes da
axial de uma tomografia de crânio através das órbitas, coniuntiva, esclera e córnea, observando sua relação
260 APÊNDICE A r Trauma Ocu[ar

com as laceraçôes das pálpebras. Para veriÍicar se há sangue na parte inferior se a gravidade tiver deslocado
Iesões sutis da conjuntiva e/ou da córnea, realizar o as células do sangue para baüo. Um hifema pode Ievar
tesre de colol,rçào com fluoresceÍna: a uma pressão intraocular drastÍcamente elevada e
pode indjcar um trauma significativo para o globo. E
1. Anestesie o olhô com gotas anestésicas tópicas. importante consultar um oft almologista imediatamente
2. Usando uma tira de fluoresceína úmida, coloque se esse diagnóstico for feito.
algumas gotas de fluoresceÍna no olho. (O Cristalino: O cristalino é tipicamente claro em pessoas
doente pode precisar piscar para distribuir ,ovens ou aparece em vários tons de amarelo em doentes com
completamente o corante. ) mais de 40 anos (porexemplo, indicando umacatarata). O
3. Utilize uma luz azul (lâmpada de Wood ou cristalino está envolto em uma cápsula transparente e firme.
oftalmoscópio) no olho- Se a cápsula é violada, o cristalino fica branco, muitas vezes
inchando com o tempo. Essa lesão pode induzir irÍlamação
4. O corante irá fluoÍescer no espectro verde e
intraocular signficativa e pressão intraocular elevada, a
realçar a área do epitélio que foi lesada.
menos que haja uma lesáo concomitante grande no globo.
As abrasôes da córnea ou conjuntiva podem ser Se o exame indicar uma cápsula de cristalino üolada, é
tratadas com pomada oftálmica simples. As laceraçôes provável que haja uma Iêsão abertâ do globo ocular e o olho
da córnea ou da esclera são mais preocupantes porque, possa conter um corpo estÍanho.
quando têm espessura total, indicam Iesóes abertas
do globo ocular. Esta Iesão requer consulta imediata Exeme Posterior
com um oftalmolôgista para posterior avaliaçào. Por
último, sevocê notar que o doente está usando lentesde O exame ocular do segmento posterÍor pode ser difÍcil,
contato; removâ as mesmas, umavez que o uso de lentes especialmente se a pupila for pequena deüdo a sedativos
de contato por um longo período dê tempo aumenta ou analgésicos. Normalmente você pode observar a
muito o risco de úlceras de córnea infectadas. O teste presença de um reflexovermelho (ou seja, reflexo laranja
de coloração com fluoresceína também pode seÍ útil na avermelhado daluz da retina)no mínimo. Se apupila for
identiÍicação de úlceras de córnea infectadas e lesões maior, você pode usar um oftalmoscópio para visualizar
abertas do globo ocular. o nervo óptico e/ou a retina posterior, o que ainda assim
Íris: A íris é um músculo espon;oso e distensível que náoé umexame completo. Caso nàopossa avaliara parte
geralmente é redondo e reativo à luz. Se a pupila for posterior do olho, não poderá excluir a possibilidade de
redondae reativaàluz,mas ligeiramente maior que a pupila hemorragia vÍtrea, descolamento de retina ou outra
do olho não afetado, o doente provavelmente terá uma patologia. Ao contrário dos descolamentos de retina
ruptura do esfíncterpupilar. Este tipo de lesáo geralmente espontâneos, os descolamentos de retina traumáticos ou
ocorre com trauma contuso no globo. No entanto, se a outras patologias posteriores geraknente não são tratados
pupila não forredonda, exames complementaÍ€s passam com cirurgia de emergência. No entanto, certifique se
a ser necessários. Com ferimentos menores no globo, de notificar o oftalmologista quanto aos achados, pois
o mesmo pode manter sua forma, entretanto a pupiia a hemorragia vítrea causada por trauma geralmente é
terá uma apârência irregular "pontiaguda". Olhe para resultado de uma força significativa e com isto, o olho core
a íris ocluindo o orifício no globo ou saindo da esclera o risco de apresentar Iesoes mais graves concomitanles.
ou córnea na direção em que a pupila está apontando:
este é o local onde a lesão de espessura total da córnea LESÕES OCULARES ESPECÍFICAS
ou laceração escleral deve ser observada.
Câmara anterior: a câmara anterior deve ser
relativamente profunda; isto é, a íris deve ser plana Doentes politraumatizados apresentam alto risco para
com um ângulo de aproximadamente 45 graus entre o muitas lesóes oculares. Esta seção descreve alguns dos
plano da íris e a curva da córnea, e estarcheia de humor ferimentôsmâis sensíveis aotempoe de maiorrisco para
vítreo claro. Quando a íris está perto da córnea, ou a perda de visão que os membros da equipe de trauma
câmara anterior é "superficial", o humorútreo pode estar podem encontrar.
vazando devido a umalesão âbertado globo ocular. Olhe
atentamente paraapresença de Iiquido de aspecto turvo, FRATURAS OE óRBITA E HEMORRAGIAS
o que pode indicar a presença de glóbulos vermelhos. RETROBU LSARES
O sangue na câmara anterior, conhecido como hifema,
apresenta duas formas: (1) disperso, com glóbulos As fraturas da órbita podem causar sangramento no
vermelhos flutuando no humorvítreo, tornando avisão cone muscular ou ao Íedor dele. Estes compartimentos
do do€nte e sua visão do olho vaga; (2) em camadas, são Iimitados pelâ inserçào dos tendôes da pálpebra
com sangue no topo da íris; ou em camadas, com o aos anexos ósseos dos cantis medial e lateral. Se o
APÊNDICE A r Trauma Ocular 261

sângramento for significativo o suficiente, pode de irrigação e colocá-la sobre a ponte do nariz, para que
desenvolver uma síndrome compartimental que seja drenada nos dois olhos. Náo deixe de chamar o
obstrua o suprimento de sangue para o nervo óptico especialista oftalmológico para notiÍicá-lo da situação.
e globo. Os sinais de hemorragia retrobulbar com Ao Iavar o olho do doente, obtenha detalhes sobre o
síndrome compartimental incluem reduçào da acuidade produto químico. Por exemplo, se o produto é ácido ou
visual, pressão ocular elevada, proptose assimétrica base, é líquido, pó ou outro material sólido? Soluções
(bulbo ocular), resistência à retropulsão e pálpebras alcalinas são geralmente mais preiudiciais ao olho e
tensas contra o globo ("olho duro como pedra"). muitas vezes exigem mais irrigação para normalizar o
A tomografia computadorizada pode revelar pH (- 7,0). Os pós têm pequenos grânulos que podem
hemorragia retrobulbar, mas somente o exame clínico facilmente ficar presos nos fórnices superiores e
determinará se esse sangramento está causando uma inferiores do olho. Esta situaçáo, por vezes, requer
síndrome compartimental e requer tratamento. Aperda a inversão das pálpebras e lavagem direta com soro
davisão pode ocorrer após cerca de uma hora e meia de Íisiológico utilizando-se uma seringa de 10 cc para
suprimento de sangue prejudicado, com isto o tratamento desalojar os grânulos.
imediato é imperativo. Caso suspeite da presença uma Após cada litro de solução, ou a cada 30 minutos,
hemorragia retrobulbar causando uma síndrome pare a irrigação, espere 5 a 10 minutos e veriÍique o pH
compartimental, entre em contato imediatamente das lágrimas. Enquânto aguarda. considera-se ideal
com um profissional que tenha a capacidade de começar o exame oftalmológico. Quando o pH é neutro
realizar cantotomia e cantólise. A cantotomia isolada (- 7.0), você pode parar de irrigar o olho. Se o pH não for
(isto é, seccionando somente a derme) não melhora a neutro, continue estê ciclo de irrigâção, libere o fórnice
sÍndrome do compartimento retrobulbar- É a cantólise e veriÍique o pH até que as lágrimas Íiquem neutras.
que aumenta o tamanho do compartimento orbital, o Este pÍocesso pode exigirvárias horas e litros de solução
que equivale a realizar uma fasciotomia. salina, ponanto, paciência e perseverança são cruciais,
Não retardar o tratamento com cantotomia e cantólise, Se tiver dúvidas sobre se todo o produto químico foi
obtendo uma tomografia computadorizada para removido dosolhos, côntinue a lavar âté o oftalmologista
comprovação ad icional de hemorragia. chegar para examinar o doente. Com base no exame
Fraturas orbitais também podem resultar no oftalmológico, o tratamento provavelmente incluirá
encarceramento dos músculos extraoculares no local pomadas antibióticas, analgésicos orais e colírios para
da fratura óssea. O reparo dentro de 48 horas após o inflamação e pressâo ocular elevada.
trauma é recomendado para evitar isquemia muscular
e danos permanentes; assim, solicite o parecer de um RUPTURA DO GLOBO OCULAR
especialista para avaliar essa condição. Fraturas maiores
com signiÍicativo deslocamento ósseo têm menor As rupturas do globo ocular incluem as Iesões que têm
probabilidade de causar dano muscular e isquemia. penetração de espessura total através da esclera ou
Fraturas maiores geralmente ocorrem em adultos; córnea. O tamanho ea extensão das Iesões penetrantes
encarceramento e fraturas menores são mais comuns variam consideravelmente. Algumas lesões são tão
em crianças, cujos ossos são menos frágeis. pequenas que um microscópio é necessário para o
diagnóstico; outros envolvem corpos estranhos visíveis
OUEIMADURAS OUíMICAS aindaalojados no olho. Sinaisdeumglobo aberto incluem
uma pupila pontiaguda, câmara anterior rasa,laceração
Queimaduras químicas são verdadeiras emergências da córnea ou esclera, tecido pigmentado anormal que
oftalmológicas e devem ser tÍatadas assim que o doente empurra através da esclera ou córnea, e a presença de
chegar. Otratamento inicial envolve irrigaçào abundânte numerosos glóbulos vermelhos ou brancos flutuântes
do olho afetado e requer poucos equipamentos. (vistos no exam€ de Iâmpada de fenda)no humorvítreo.
ldealmente, um ].itro de soro fisiológico ou Ringerlactâtô Um teste de Seidel pode localizar pequenos
normal (use água da tornêira somente quando soluçóes vazamentos de humor vítreo da câmara anterior. Para
estéreis náo estão disponíveis) é conectado a uma lente realizar um teste de Seidel, anestesie o olho, molhe a
Morgan. Coloque a lente no olho e incline a cabeça do tira de fluoresceína ê limpe a tira sobre a área suspeita
doente para que o fluido escorra na direção da têmpora enquanto o doente náo pisca. A fluoresceínanáo diluída
(e não no outro olho). Se uma lente Morgan não estiver aparece Iaranja escuro na Iuz normal; mas se houver
disponível, corte umpedaço de tubo IVpara maximizar o vazamento, ele ficará Iaranja ou verde claro quando
fluxo. Quando possível, o doente pode seguraraponta do visto sob luz azul.
rubo no aspecto nasal do olho para que o liquido irrigado Embora muitos escores para avaliação do trauma
escorra do local. Quando ambos os olhos precisam de ocular tenham sido desenvolvidos para determinar
irrigaçáo,você pode conectaruma cânula nasal ao fluido o grau e o prognóstico da lesâo do globo ocular, o
262 APÊNDICE A r Trauma Ocular

tratamento inicial de todos os casos de ruptura é o 6. Solicit€ uma tomografia computadorizada (somente
se odoente for ser tratado em sua instituição)
mesmo. Uma vez identiÍicada a condição, consulte
imediatamente um especialista e descreva a situação. com cortes Íinos aüavés das órbitas para avaliar
apresença de corpo estraÍúo ou outras lesôes
Prepararo doente paracirurgia ou transferência, porque
oculares. Cada hospital tem um protocolo orbita.l
as rupturas do globo ocular são emergências cirúrgicas
quê requerem intervenção imediata em doentes ligeüamente diferente paÍa isso, mas g€ralmente
os cortes são de 1 mm ou menos. Para tanto náo é
hemodinamicamente estáveis. Enquanto aguarda a
necessário o uso de contraste endovenoso.
transferência do doente ou consulta especializada, as
seguintes medidas devem ser adotadas: Quando você suspeitar que há uma ruptura do globo
ocular, chame o oftalmologista para exame imediato
1. Cubra o olho afetado com um protetor rígido. Se a fim de obter um diagnóstico definitivo. Essas lesões
um corpo estranho estiver saindo do olho, corte devem sertratadas imediatamente após o diagnóstico.
uma espuma ou um copo de papel para acomodar
o corpo estranho. Nunca coloque um curativo
sob pressão, gaze ou outro material macio sob
RESUMO
a proteção rÍgida, pois a pressáo pode forçar o
conteúdo para fora do olho Além disso, gazes ou 1. Um exame ocular completo no exame secundário
curativos para olho podem aderir à íris ou outros pode identificar lesões oculares sutis que
conteúdos oculares expostos, que podem então podem ameaçar a perda de visào se não forem
ser retirados do olho ao remover tais curativos. tratadas imediatamente. Nesses casos, consulte
2. Utilize antibióticos IV. As fluoroquinolonas são
imediatamente um oftalmologista.
aúnica classe de antibióticos que penetram no
útreo em concentraçôes terapêuticas quando 2. Outras preocupaçôes relacionadas ao olho podem

âdministradas por üa intravênosa ou oral. A fÍequentemente esperar até que o oftalmologista


gatifloxacina e a levofloxacina são preferidas do hospital esteja disponível durante o dia para
em relação às fluoroquinolonas mais antigas,
mais exames e avaliação.
devido às concentraçôes vÍtreas mais altas da
dosagem oral. As formulaçóes IV são preferidas 3. Quando tiver dúvidas, consulte imediatamente o
para doentes com restrições a ingesta por via oral oftalmologista, este irá então determinar o melhor
que aguardam cirurgia. Se as fluoroquinolonas momento pàra o exame oftalmológico-
estiverem indisponíveis, administre antibióticos
de amplo espectro W que cubram agentes
bacterianos Gram negativos e Gram positivos e
BIBLIOGRAFIA
certifique-se quanto à imunização para tétano.
3. Explique ao doente a importância de minimizar o 1. Bagheri N, Wajda B, Calvo C, et al. The Wills Eye
movimento dos olhos, se possível. O moümento Monual. 7th ed. Philadelphia, PA: Lippincott
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sáo integrados no cérebro, então mover o olho and aqueous penetration of orally administered
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Se o doente estiver intubado ou tiver uma via Vitreous penetration of levofloxacin in the
aérea estabelecida, certifique-se de que o m€smo uninflamed phakic human eye. Br.l Ophthoimol
não está recebendo pressão positiva excessiva ou 2002:86:387 -389.
apresentando tosse. 5. Yung CW, Moorthy RS, Lindley D, et al. Efficacy
oflateral canthotomy and cantholysis in orbital
5. Minimizea manipulaçào do olho. Não realize
hemorrhage. Ophthal Plost. Reconstr Surg
nenhum exame além da acuidade visual e
1994;10{2),137-141.
observação. Esta éa avaliação necessária ântes
da chegada do oftalmologista.
Apênd CEB
HIPOTERMIA E IESÕES PEIO CATOR

OBJETIVOS

l. ldentiflcar os problemas encontrôdos nas lesões 4. Definir os dols nÍvels de üesão petro caüor.
Por exposição ao ambiente.
5. DescÍever o trôtamento adequado parâ hipotermia e
2. ExpLicar os mecanismos ê riscos causados peta [êsõês peüo calor.
hipotermia e lesõês peto calor aos doentes
trôumâtizados.

5. Definir os três nÍveis de hipotermia.

hipotermia grave, ea temperatura medida pode variar


de acordo com o sÍtio corporal, perfusão e temperatura
Or"j',,:rtfá*r';'"?i;:'ii{tri'::i ambiente.
termorregulaçeo, aumentando ou diminuindo a Hípotermio agudo ocorre rapidamente com exposição
temperatura corporal central. Alterações signifi cativas súbita ao frio, como na imersão em água fria ou em
na temp€ratura corporal resultam em efeitos sistêmicos avalanches. A rápida exposiçào a remperaturas
com risco de vida. A exposição ambiental pode ser a baixas bloqueia a capacidade do organismo manter
única Iesão, ou pode complicar Iesôes traumáticas. a normotermia, mesmo quando a produção de calor é
máxima. A hipotermia Ieva cerca de 30 minutos para
ser estabelecida.
HIPOTERMIA Hipotermia subogudo ocorre em coniunto com o
esgotamento das reservas de energia do corpo. EIa
Hipotermia é deÍinida como temperatura corporal é acompanhada de hipovolemia, e seu tratamento
central abaixo de 35'C (95'Fl. Na ausência de lesão requer administraçáo de fluidos e reaquecimento do
traumática concomitante, a hipotermia pode ser paciente. Hipotermia subcrônica ocorre quando há
classiÍicada em leve (35'C a 32'C), moderada (32" exposição prolongada ao frio leve e a termorregulação
a 30'C) ou grave (abaixo de 30"C). Hipotermia na é inadequada para contê-lo. Um exemplo clássico é o
presença de lesão traumática deve ser preocupante. de um paciente idoso com queda e fratura de quadril,
Ela ocorre em 10% dos pacientes traumatizados imóvel no chão em temperatura ambiente baixa.
e rre I/3 dos pacientes com lesões crÍricas (índice Ambientes frios e úmidos oferecem maior risco de
de severidade do trauma - ISS > ou igual a 16 ). A produzir hipotermia. Desastres e guerras são cenários
associaçáo entre hipotermia e Iesão traumática comuns para hipotermia. mas ela também pode
pode levar ao aumento da mortalidade e disfunçáo acontecer em ambientes urbànos entre os sem-teto,
orgânica. Portanto, na presença de lesões traumáticas, em associação com o uso de álcool e drogas, e mesmo
diferentes limiares de classificação são recomendados: quando indivíduos jovens e saudáveis participam de
leve é 36'C, moderada <36"C a 32"C, e grave abaixo atividades ou trabalho ao ar livre.
de 32"C. A hipotermia também pode ser classificada Idosos sáo particularmente suscetíveis à hipotermia
clinicamente, usando o sistema suíço de estadiamento devido à sua capacidade prejudicada de aumentar a
(. sistema é preferível sobre o método
TABELA B-Í ). Este produção de calor, e maior tendência a perder calor
tradÍcional quando a temperatura corporal central devido a vasoconstrição. Nos EUA metade das mortes
não pode ser aferida. São necessários termômetros por hipotermia ocorrem em adultos com mais de 65 anos.
calibrados para baixas temperaturas para detectar Crianças também são mais propensas por possuírem uma

?65
266 APÊNDICE B r Hipotermla e LesÕes pelo Calor

TABELA B-I ESTADIAMENTO E MANEJO DE HIPOTERMIA ACIDENTAL

SINTOMAS TEMPERÂTURA
ESTADIO cLíNrcos CEhITRAL íHCA- TRATAMENTO

Tremores conscientes 35'C a 32'C Roupôs e ambiente âquecido, bebidas doces e quentes, e
movimentos ativos (se possíveL)

2 Consciência atterada. . 32"C a 2E"C MonitoÍizãção cardiâca, movimentos mínim05 ê


cauteLoso5 paÉ evitâr ârratmias, decÚbito horizontaL ê
imobiLizaçâo, isotamento de corpo intearo, reaquecimento

3 lnconscientes e sêm . 28'C a ?,+'C Tratàmentô como no estêdio 2, manejo de vias aéreas,
tremores, sinais vitaiS ECMO ou CPB em casos de instâbiLidâde càrdíâca
prêsentes refratária ao tratamênto mêdicamentoso

I Ausência de sinais vitais .74"C Ír&mêÍlto como no estadio 3. RCP e âte 3 doses de
epinefrina (l m8)e desfibritaÉo, €om doses âdicionais
basêâdas na Íespostâ ctÍnicá; reaquecimefito com ECMO oÚ
CPB (se disponíveL) ou RCP com rêaquecimerÊo externo aüvo
ou interno altermativo

CPg . gypa.É cârdloputmon..

CPR = Rê.namaçao c.ÍdioÊJtrnon...


ECI.íO = Mlmbr.n d€ oritcnação .rtr.corPórc.-
. Ri§<o dê pârada côrdíàca aument rlgriÍicaüvamêntc Gom têmpcrâturâ abalxo dê 32t ê ôumênl, erbn nciàttnêntê com tamPêrôtrrra abàiro dê 28 C

Adaptâdo com permissào de: Erown DJA. BruSger H. Boyd J, P.ôt P Accidêntat hypothe.mi. New EngtÀnd Journal of Medtcine7Ot7.367: t930-8.

maior superfície corpórea e fontes de energia Iimitadas. perda de habilidades motoras Íinas. Na hipotermia
Ambas as populações estão mais suscetíveis devido a grave os pacientes têm as pupilas fixas e dilatadas,
capacidade Iimitada de se remover do ambiente frio bradicardia, hipotensão, edema pulmonar, apneia ou
devido a limitaçóes de resistência e mobilidade. Parada cardíaca.
O risco de hipotermiâ é uma preocupação especial Frequência cardiaca e pressão arterial são variáveis,
no paciente traumatizado porque ele é exposto para ea ausência de atividade respiratória ou cardÍaca não
exames, recebem fluidos em temperatura ambiente, é incomum em pacientes que se recuperam. Como a
e recebem medicamentos que interferem na sua hipotermia pode deprimir gravemente as frequências
capacidade de mantera temperatura corpórea, tal como respiratória e cardíaca, os pacientes devem ser
os bloqueadores neuromusculares. cuidadosamente monitorados.
Hipotermia está presente em até 1/3 dos pacientes
com traumagrave. ProÍissionais de saúde podem limitar EFEITOS FISIOLóGICOS
ainda mais a perda de temperatura administrando
fluidos e sangue aquecidos, e mantendo o ambiente O débito cardÍaco cai proporcionalmente ao gÍau da
aquecIdo. Determinar a temperatura central é essencial hipotermia, e arritmias cardÍacas iniciam próximos
para o diagnóstico, e termômetros especiais capazes aos 33"C. Os achados de ECG são inespecÍÍicos e podem
de registrar temperaturas baixas são necessários em incluir as ondas J de Osborn. Estas aparêcem como
pacientes com suspeita de hipotermia severa ou grave uma deflexão para cima após o complexo QRS. A
fibrilação ventricular começa a ficar muito comum em
SINAIS temperaturas abaixo de 28'C, e pode ocorrer assistolia
com temperâtura abaixo de 25'C. Os medicamentos
Tremor está presente em pacientes levemente cardiológicos e a desfibrilação não são normalmente
hipotérmicos. A pele é fria ao toque devido a efetivos na presença de acidose, hipóxia e hipotermia.
vasoconstrição. Hipotermia moderada resulta em Em geral, esses métodos de tratamento devem ser
confusão mental, amnésia, apatia, fala arrastada e postergados até que o doente esteja aquecido até pelo
APÊNDICE B r Hipotermia e Lesôes pelo Cator 267

menos 28'C. Devido ao alto potencial de irritabilidade


cardíaca, acesso venoso periférico - ou se necessário, TABELA 8.2 TECNICAS DE REAOUECIMENTO
acesso venoso central femoral - são as preferências
para acesso. Quando os acessos subclávio e iugular TÉcNIcA DE NívEt DE
são usados, não se deve avançar o fio guia ou cateter REAOUECIMENTO HIPOTERMIA
Administrar oxigênio a 100% enquanto
até o coração.
o paciente é aquecido. Não deixe que as tentativas REAOUECIMENTO PASSIVO
de reaquecer ativamente o paciente atrasem sua
transferência para um ambiente de cuidados intensivos. . Paciente seco Hipotermi. Leve
. Ambiente aquecido 35"C a 32'C
TRATAMENTO . Cataf.io
. Cobertores ou roupâs
aquecidas
A atenção imediata é voltada ao ABCDE, incluindo o
. Cobrir a cabeça
início da reanimação cardiopulmonar (RCP) e acesso
venoso em caso de parada cardiopulmonar. Evite a
REAOUECIMENTO ATIVO
perda de calor removendo o paciente do ambiente
frio e substituindo roupas molhadas e frias por Ertêmo Leve (HT l)(35'C â 32'C)
cobertor quente. Administrar oxigênio atrâvés de uma . Co[chào àquecido e moderedê (HT ll) . 32"C
máscara com reservatório. Usar a técnica adequada . ÁBt:a morna. cobertol
a 28"C
de reaquecimento, conforme determinado pela botsa de água quente
temperatura central, condiçáo clínica do pacient€, . lmersào em água quente
técnicas disponíveis, e experiência da equipe de trauma . Aquecedores de externoS
(. raBErA s-2 ).
O tratamento da hipotermia leve normalmentê é lntÊmo Moderada (HT ll).32"C a
não-invasivo, com reaquecimento externo passivo. A . FLuadosintravenosos 26"C e gÍâve (HT lll ând lV)
temperatura deve ser repetida em busca de quedas que aquecidos .28'Ca.2fC
necessitem de técnicas adicionais de reaquecimento. . Lavagem Bástrica ou

HipoteÍmia moderada é tratada com reaquecimento co[ônica


passivo em uma sala aquecida usando cobertores . Lavagem peritonial

quentes e fluidos intravenosos aquecidos. Hipotermia


. Lâvêgem mediastina[
. Venti[açào com ar
grave necessita de técnicas de reaquecimento ativo.
aquêcido
Administrar ar umidificado e aquecido pela ventilação
mecânica. A infusão de fluidos aquecidos através Rêâquêcimento Hapotermia Srave (HT lll
de sonda vesical, de diátise peritoneal, ou dreno de extracorpóreo .
ánd lV) 2E"C a
tórax é mais efetiva. Em casos de hipotermia grave . Hemodiá[ise .14"C
realizar reaquecimento ativo assistido por ECMO, . Reaquecimento
pois um aumento rápido é obtido por essa técnicâ; arteriovenoso contínuo
Valores entre 1,5 graus são relatados. Equipamento
a 10 (RAVC)
especial e equipe treinada são necessários. Estes . ReaqLlecimento
pacientes exigem monitoramento rigoroso das funçôes
orgânicas. contínuo(RWC)
. FTGURA algoritmo com êstratégias
8-'t apresenta um
. Bypass cardiopuLmonar

de aquecimento para pacientes com trauma após a Adaptãdo com permrssâo de Spen.e R Cotd lnjury ln Cameron
chegada ao hospital, baseado no grau de hipotermia. JL.êditor Cur.eDt5u.9,.át Thê.apy 7th ed. 5t. Louis, l'1O: l'1osby. 2001

Cuidados devem ser tomados para identificar


a presença de um ritmo cardÍaco organizado, se Tratar o paciente em um ambiente de cuidados
houver, provavelmênte estes pacientes apresentam intensivos sempre que possível. Procure por lesôes
circulação suficiente para metabolismo reduzido,
o seu ocultas e condições associadas {diabetes, sepse e ingestão
e o início dê compressões torácicas vigorosas podem de álcool ou drogas), tratando-as prontamente. Obter
converter esse ritmo em Íibrilação. Se não existe ritmo amostra de sangue para hemograma, coagulograma,
organizado, RCPdeve ser iniciada e mantida enquânto dosagem de fibrinogênio, eletrólitos, glicemia,
o paciente é reaquecido ou se houver outras indicaçóes álcool, toxinas, testes de função hepática e culturas.
de descontinuá-la. Entretanto, o exato papel da RCP Trate qualquer anormalidade adequadamente; por
como um complemento ao reaquecimento permanece exemplo, hipoglicemia requer administração de glicose
controverso. endovenosa.
268 APÊNDICE B t Hipotermia e LesÕes pelo Calor

Av.U.çio Horpít tr

Ctld.dc.ffi
. Obter tempêratura
. ldentiÍlcar 3inais de hipoteímia
(treíÍroíEs, v.6oco@. a&êraÉo do fiíwLde consdênclô)
. RêmoveÍ roupas mothadà9. aquêcimento do âmbaêntê
. Ftúidos EV e cobertoíês aquecidog
. Afêrlr temperatuÍa a cãde 15 minutos

['.
Protocoto AÍLS,
.G$u3cit çao
estàbilir.çio
.
@
@
AyaIâçao coôtínua da tarnpq..tu r.

37'C
32'C !2'C . ló'C 36'C
ou mala

' PâràÍo aquêcimento


' Controte dô
tempeÍaturâ

Aqs.cim.nto nív.t 5 Aqeccim.nto nÍYCt 2 Aq0ccimGnto ôív.t I

. l{onitorú continuamantc . AmbiGntct . ftuidor . Amblentê aquecldo


atamParatuaa .qú.cido3 . Ftuidos EV ôquecidos
. Conaidcrar pracocaocôtê:
o L.Y.!cm d. c.úid.de + '. Atmof.d.. rqu.cidrr
l{.ng té.rnica
. VGntil,.çao hurYrldlflc.d.
+ . Cobertor aquecido
.
.
l.1antà téarnica
o Ecr,lorbrp..! Reavôtiar a cadâ 15 mlnutos
o IAVC/RWC . losp. com cl.cu[.çao d.
o Lan.f.rl. paclanta. rG nio ÍF.
houvaa racsraoa diaponÍYci3 . RGaYaliar a aada 5 minutoa

I fIGURA B-1 E'tratégiôr de aquecimenlo no trauma. Um algoritmo pêra terapia preao(e em pô.ienter (om hipotermla no tíaumâ
Adaptêdo com a permissão de Per mân R, Câllum J, LâÍ âmmel C, Tien H, Nôscimento I, Bê.kett A, & A am A. (2016). A recommended ear y
goal'directed management quideline for the prevention oí hypothermiê'íelêted transfus on, morbidity, and mortã ity in severely rnjured
trauma patients, Crití(a I C a re, 20:10-l

D€terminar a morte pode ser difícil em pacientes apr€sente pulso central ou respiração, ou um potássio
com hipotermia grave. Em pacientes que parecem ter superior a 10 mmot/L. Outra exceção é o paciente
sofrido umã paradâ cardÍaca ou morte como resultado hipotérmico que âpresenta uma lesâo fatal (ferimento
da hipotermia, não os declare mortos até que tenham trânscerebral por tiro, exanguinação completa, etc.).
feito todos os esforÇos para reaquecê-los. Lembre-
se do axioma: "Você não está morto até que você
estejaquentee morto" Umaexceçãoaessaregraéum
paciente com hipotermia que tenha softido um evento
anóxico enquanto ainda está normotérmico e náo
APÊNDICE B . Hlpotermia e Lesôes pelo Calor 269

incluir encefalopatia, rabdomiólise, insuÍiciência


LESÔES POR CALOR renal aguda, síndrome da insuÍiciência respiratória
aguda, lesão miocárdica, Iesão hepatocelular, isquemia
Doenças relacionadas ao calor sâo comuns no mundo ou infarto intestinal, e complicaçôes hematológicas
todo. Nos Estados Unidos ,a exposição ao calor é como coagulação intravascular disseminada (CID) e
responsálvel por aproximadamente 600 moftes a cada trombocitopenia. . TABELA &3 compara os achados
ano. Exaustáo e insolação, as formas mais sérias de fÍsicos nos pacientes com exaustão por calor e
lesão pelo calor, são condições comuns e prevenÍveis. insolação.
A temperatura central corporal excessiva, inicia uma Existem duas formas de insolaçào. Ckíssica, ou
cascãta de eventos inflamatórios patológicos que leva Insolaçôo pcssiva, frequentemente ocorre durante
à exaustão por calor leve e, se não tratada, eventuâl ondas de aquecimento e envolve exposição passiva ao
falência de múltiplos órgáos e morte. A severidade ambiente- Os indivíduos afetados são principalmente
da insolação correlaciona-se com a duração da crianças, idosos, e pessoas com problemas físicos
hipertermia. A rápida reduçào da temperatura corporal ou mentais. Uma criança deixada em um veículo
é associada a uma maior sobrevivência. CertiÍique-se estacionado ao sol, com pouca ventilação é uma
de avaliar pacientes com hiperlermia quanto ao uso forma clássica de insolaçào passiva. Os mecanismos
de drogas psicotrópicas ou um histórico de exposição homeostáticos falham sob altas temperaturas ambiente.
a ânestésicos. Insolaçao por esforço geralmente ocorre em pessoas
jovens, saudáveis e fisicamente ativas envolvidas
TIPOS DE LESÃO POR CALOR em exercícios extenuantes ou que trabalham em
locais quente e úmido. A insolação ocorre quando a
Exaustão pot calor é uma desordem comum, causada temperatura corporal centrâl aumentâ e o sistema
pela exceciva perda de água corporal, depleção termoregulador falha em responder adequadamente-
eletrolítica, ou ambos. Isso representa um espectro A taxa de mortalidade devido à insolação varia de 10%
de sintomas mal definidos,incluindo cefaleia, náuseas, a mais de 33% em doentes com insolaçâo clássica. Os
vômitos, tonturâ, mal estar, e mialgia. Distingue-se indivíduos que sobrevivem podem apresentar danos
da insolação por ter nível de consciência inalterado neurológicos permanentes. Doentes com insolação
e temperatura corporal inferior a 39"C (102.2'F). Sem geralmente estarào taquicárdicos e taquipneicos.
tratamento, a exaustáo por calor pode potencialmente Eles podem estar hipotensos ou normotensos com
levar à insolação. pressâo de pulso aumentada. A temperatura corporal
Exaustôo por color é uma condição sistêmica é 2 40'C (104"F). A pele geralmente está quente e seca
ameaçadora à vida que inclui (1) temperatura corporal ou pegajosa e diaforética. As enzimas hepáticas e
central elevada > 40"C {104"F}; (2) envolvimento do musculares estarão elevadas em praticamente todos
sistema nervoso central na forma de tontura, confusão, os casos. Desidratação, baixo condicionamento físico,
irritabilidade, agressividade, apatia, desorientâção, falta de aclimatação, privação do sono, e obesidade
convulsôes, ou coma; e (3) resposta inflamatória aumentam a probabilidade de desenvolver insolação
sistêmica com falência de múltiplos órgãos que pode por esforço.

TABELA B-3 ACHADOS FíSICOS EM DOENTES COM EXAUSTÃO POR CALOR E INSOLACÀO

ACHADOS Fí§ICOS EXAUSTÃO POR CALOR rNsorÂçÃo

Sintômas Dor de cabeçâ, náuseas, Dor de câbeçâ, náuseâs, vômitos, tontura, mât estâr, mialgiâ,
vômitos, tontuíâ. mâL estàr confusão mentâ1, irritâbiLidâde, desorientàçáo, cônvutsão, comâ
e miâ[8iâ

TemperôtuÍa . 39' C (102 2" F) > 40' c (r04' F)

Sinais sistêmicos Síncopê, PA diminuída EncefaLopatiâ. Lêsâo hepâtocêLu13r, coâguLacào intÍavascuLar


dis5eminâdâ {ClD), insuficiência rênaI a8uda, tôquipneià, síndrome
do esfoíco respiratório agudo, aríitmia
270 APÊNDICE B I Hipotermia e LesÕes pelo Ca[or

FISIOPATOLOGIA à CID. A fibrinólise também é altamente ativada. A


normalização da temperatura corporâl central inibe
Por meio das diversas respostas fisiológicas que aíibrinólise, mas inibe â âtivâção da coagulaçào. Esse
ajudam a controlar o balanceamento da produção padrão se assemelha ao observado na sepse.
e dissipação de calor, o corpo humano é capaz de A insolação e sua progressáo e a disfunção de múltiplos
manter a temperatura corporal central em torno de órgãos ocorre devido a uma interação complexa
37"C (98.6"F) a despeito de ser exposto a condições entre as âlteraçôes Íisiológicas agudas associadas
ambientais extremas. O calor é gerado por processos à hipertermia (ex., falência circulatória, hipóxia, e
metabólicos e pela exposiçáo ao ambiente. aumento da demanda metabólica), a citotoxidade direta
A primeira resposta a uma temperatura corporal do calor, e as respostas inflamatórias e de coagulação
central elevada é a vasodilatação periférica, e aumento do hospedeiro.
da perda por radiação. Entretanto, se a temperatura do
ar ambiente for maior do que a temperatura corporal, a TRATAMENTO
hipertermia é exacerbada. A sudorese é necessária para
dissipar o calor quando a temperatura ambiente excede Ao tratar lesões pelo calor, preste atenção especial à
37'C (98.6"F). A temperatura ambiente e a umidade proteção daúa aérea, ventilação adequada e reanimação
relativa do ar podem afetar a eficiência da dissipação com fluidos pois a broncoaspiração e a hipóxia são
de calor. A maioria das pessoas podem produzir 1.5 L de causas de morte importantes. Inicialmente, administre
suor por hora, aumentando para 2.5 L em atletas com oxigênio a 100%; após o resfriamento, utilize o resultado
bom condicionamento fÍsico. A vasodilatação cutânea da gasometria arterial para guiar a oferta de oxigênio.
pode aumentar o fluxo sanguíneo periférico de 5% para Doentes com nivelde consciência alterado, hipercapnia
mais de 20% do débito cardíaco total. significativa, ou hipóxia persistente devem ser inrubados e
A informaçáo enviada pelas vias ef€rentes aos ventilados mecanicamente. Obtenha gasometria arterial,
neurônios sensíveis à temperatura, no hipotálamo eletrólitos, creatinina, e níveis de nitrogênio daureiano
pré-óptico anterior resulta em uma respostâ sangue o mais precocemente possível.lnsuficiência renal
termorregulatóriâ. Essa resposta inclui, não apenas e rabdomiólise são üstos ftequentemente em doentes
mudanças autonômicas, como aumento do fluxo com insolação. Obtenha RX de tórax. Use métodos
sanguíneo periférico e sudorese, mas também padronizados para trâtar a hipoglicemia, hipercalemia,
mudanças comportamentais como remoção de roupas e acidose. A hipocalemia pode se tornar aparente e
ou se mover para áreas mais frescas. A termorregulação necessitar de reposição de potássio, principalmente
adequada depende de uma hidratação adequada. A quando a acidose é corrigida. Crises conlulsivas podem
adaptação cardiovascular normal ao stress por calor ser trâtadas com benzodiazepÍnicos.
severo é aumentâr o débito cardíaco para mais de 20 L/ A pronta correção da hipertermia por meio do
min. Essa resposta pode ser prejudicada pela depleção resfriamento imediàto e suporte das funções dos
de sal e água, doença cardíaca, ou medicaçôes que sistemas orgânicos são os dois obietivos terapêuticos
int€rferem na função cardíaca {como betabloqueadores) em doentes com insolação.
resultando no aumento à susceptibilidade à insolação. O rápido resfriamento aumenta a sobrevivência. O
Quando a Íesposta fisiológica normal falha em dissipar objetivo é reduzir a temperatura corporal para < 39'C
o calor, a temperatura corporal central aumenta em até 30 min.lnicie as medidas de resfriamento assim
constantemente até alcançar 41"C a 42"C (105.8"F a que possivel, no local do atendimento e a caminho do
107.6'F), ou temperatura crítica máxima. departâmento de emergência. Spray de água e fluxo de
Ao nÍvel celular, a exposição excessiva ao calor arsobre o paciente são ideaisno ambiente pré-hospitalar.
pode levar à desnaturâção de protêinas, fosfolipídeos Como alternativa, aplique pacotes de gelo nas áreas de
e lipoproteínas, e liquefaçáo da membrana Iipídica. grande fluxo sanguíneo {ex., virilhas, pescoço, e axilas).
Isso resulta em colapso cardiovascular, falência de Apesar dos especialistas geralmente concordarem a
múltiplos órgãos, e Íinalmente morte. Uma reação resp€ito da necessidade do resfriamento rápido e efetivo
inflamatória por extresse ao calor coordenada envolve de doentes hipertérmicos com insolação, existe um
as células endoteliais, leucócitos, e células epiteliais debate a respeito da melhor maneira de se fazê-lo. O
êm uma tentativa dê proteção contra lesão tecidual método de resftiamento baseado nacondução - ouseja, a
e promover a cura. Uma variedade de citocinas são imersão no gelo iniciada emalguns minutos após o inÍcio
produzidas em resposta ao calor interno ou ambiental. da insolação por esforço
As citocinas mediam a febre e a leucocitose, e essas
- é rápida, segura e efetiva
em jovens, saudáveis, pessoal militar bem treinado ou
aumentam a síntese de proteínas de fase aguda. Lesão atletas. Não utilize esse método em doentes idosos pois
de células endoteliais e trombose microvascular difusa isso pode aumentar a mortalidade ao invés de diminuí-la.
são características proeminentes dã insolação, levando
APÊNDICE B r Hipotermia e Lesões pelo Calor 271

Alternativamente, use um dispositivo de resfriamento


commercial. OUADRO B-I MEDICAMENÍOS E DROGAS
Em eventos com vítimas em massa com insolaçáo OUE PODEM EXACERBAR A INSOLACÀO
clássica, a unidade de resfriamento corporal (URC)
pode alcançar excelentês taxas de resfriamento com . Átcool
aumento da sobrevivência. A URC envolve pulverizar . Atfa adrenéÍEicos
sobre os doentes, água com temperatura de 15'C (59"F) . Aôfetâminas
e circulando ar que atinge o corpo auma temperatura . AnticoLinérEicos
de 30"C a 35"C (86'F a 95"F). Essa técnica é bem . Anti-histamínicos
tolerada e permite o monitoramento e reanimação . Antipsicóticos
ideais de doentes inconscientes e hemodinamicamente . Bênzodiazepínicos
instáveis. As modalidades de resfriamento não . Bêtâb[oquêadores
invasivas e bem toleradas como pacotes de gelo, . Etoqueâdores dos Cânais de Cálcio
lençol de gaze umedecida, e ventiladores . Ctopido8reL {Plrvix)
ou em combinação
- sozinhas
representar alternativas . Cocaína
-podem . Diu.éticos
razoáveis pois sâo acessíveis e de fácil aplicação. A
sobrevivênciae o desfecho da insolaçáo sào diretamente . Ecstasy
relacionados ao tempo necessário para iniciar a terapia
e resfriamento do doente a uma temperatura < 39'C . Litaum (Liúobid, Lithâne)
(102.2"F). . NeuroLépücos
. Fênoúazinas
FARMACOLOGIA . Agonistas da tireoide
. Aôtidepressivos tricíclicos
No caso de hipertermia maligna relacionada a agentes
anestésicos ou síndrome neuropilética malignã,
dantrolene (Dantrium, Revonto) reduz a contraçào e dâ hipertremia, coma prolongado, hipercaçemia, e
excitação e diminui a temperatura corporal central. oliguria e falência renal.
Dantrolene não tem mostrado eficácia em reduzir a
temperatuÍa corporal central quando usado para tratar
insolação. RESUMO
Algumas medicações podem aumentar
potencialmente o risco de insolação por esforço.
Exemplos dessas medicações incluem, mas não As Iesões devido exposição ao frio e ao calor não são
estão limitados a álcool, qualquer estimulante de apenas queimaduras ou congelamento, mas podem
uso controlado ou de venda livre, cafeína ou bebidas resultar ern alterações sistêmicas na regulação térmica
energéticas, diuréticos, inibidores da enzima de e homeostase. É importante compreender a etiologia
conversão angiotensina (especialmente se combinado e tratamento das Iesôes por exposiçào.
com diuréticos) anti-histamÍnicos, e anti-colinérgicos.
Anfetaminas e salicilatos em altas dosagens podem
elevar o ponto de ajuste do hipotálamo. Medicaçôes BIBLIOGRAFIA
antipsicóticas e antidepressivas como litium (Lithobid,
Lithane) e inibidores seletivos da recaptação de
serotonina podem intêrferir com os mecanismos Lesões pelo Frio
termorreguladores. Quando possível, obtenha o 1. Avellanasa ML, Ricart A, Botella L et al.
histórico de medicaçôes do doente com seus familiares, Management of severe accidental hypothermia.
equipe do pré-hospitalar e/ou com o próprio doente. Meà Intensiva 2072;36:200-272 .
. euADRo B-i lista algumas medicaçôes e drogas que 2. Brown DlA, Brugger H, BoydJ, PaalP. Accidental
podem agravar a insolaçáo. hypothermia. New England Jownal of Med.icine
2072; 367 : 793-8 .
PROGNóSTICO 3. Castellani JW, Young AJ, Ducharme MB, et
al. American College of Sports Medicine
Fatores associados a um mal prognóstico incluem position stand: prev€ntion of cold injuries
hipotensão, necessidadede intubaÇào,coagulopatia, during exercise. lReview]. Med Sci Sports Exer
idosos, temperatura > 41'C (105.8'F), Ionga duraçào 20o 6 i38 lLt) :2ot2-2029.
272 APÊNDICE B r Hipotermia e LesÕês pelo Calor

4. Dunne B, Christou E, Duff O, et al. 2. Yeo TP. Heat stroke: a comprehensive review
Extracorporeal-assisted rewarming in the AACN Clin .lssues 2OO4;l5l2l:28O-293.
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cardiac arrest: a systemâtic review of the Insolação
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Lesões pelo Calor


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heat exhaustion . Am Fam Physician zOOSiTl
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INCIDENTES COM VíTITIARS EM MASSA,
TRAUMAS EM AMBIENTES HOSTIS E
CONFTITOS ARMADOS (AUtA OPCIONAT)

OBJETIVOS

l. Descrever como os eventos com vítimãs em massa 6. Rever os princípios de cuidados de vÍümas em ambientes
geram um padrão de atendimento à população táticos Cfactical Com bat Casua§ Care - TCCC).
afêtada.
Z Descrever o conceito de Suporte de Vida Avançado
2. Descrever as fer.amentas para o tratamento de no Trauma em Ambiente Operâciona[ (ATLS-OE) -
vítimas em massa. currícuto compLemêntâr-
3. Listâ. as prioridâdes de tratamento dê um indivíduo 8. Definir os princÍpios do manejo de incidentes com

I em uma situação com vítimas em massa.

4. Discutir os desâfios no tratamento de vítimas em


vítimas em mãssa provocados de forma intencionaI
e com atiradorês ativos.

massa.

5. Discutir os desâfios pãra o cuidado de víümas em


ambientes hostis e com recursos ümitados.

I habilidade em Drover um atendimento de atendimento do Iocal. O gerenciamento efetivo de um

A :**:*,x*'j;I:,.l11,i,-il :I :I'i::ff i;
desastres ou outros ambientes austeros, pode variar
desastre não é usua.l;requer umapadronização de atitudes
diferentes que reconhece a necessidade do atendimento
das ütimas e garante a segurança dos proÍissionais de
muito. No pior dos cenários, o tratamento adequado pode saúde. "Adapte-see resolva" é o slogan a ser considerado.
estar disponível apenas por meio do enüo de recursos O ATIS teve sua origem no Nebraska, após a queda
externos para o local do conflito ou desastre. Os muitos de um aviào em que as útimas receberam atendimento
desafios associados ao bom funcionamento do manejo do inadequado em um ambiente hostil. Emboracomumente
desastre ou conflito úá afetar todos os escalões ounÍveisde visto como algo para ser utilizado em situações ideais, o
cuidados, desde olocalda lesão âté atransferência davítima ATLS promove uma base estruturada para o tratamento
para um centro de trâuma terciário (quando possÍvel). de ütimas em massa, em ambientes hostis e com recursos
Todos os provedores de saúde nestes ambientes devem limitados.Informaçôes adicionais e mais profundas podem
compreender essas Iimitaçôes e como elâs impactarão de serencontradas no curso de Gerenciamento de Desastrese
forma signficativa no cuidado às vítimas, bem como as Preparaçáo paraEmergências (DisasterManagement and
estratégias disponíveis para reduzir essas barreiras. Um EmergencyPreparedness - DMEP) do Colégio Americano
amplo conhecimento da situaçào é de exüema importância de Cirurgiões (ACS).
nesses cenários.
Os desastres ocorrem globalmente, em decorrência
TRATAMENTO DAS VÍTIMAS EM MASSA
de causas naturais, tecnológicas e conflitos humanos.
Nenhuma comunidade está imune. Mesmo os hospitais
mais sofisticados podem se tornar um local hostil após Um eventocomútimas em massãexiste quando o número
um desastre, deüdo a limitação de recursos disponíveis de ütimas excede os recursos para prestar os cuidados
e número de vÍtimas que superam a capacidade de individuais completos, tipicamente em uma situaçáo

775
276 APÊNDICE C r Incidentes com Vítimâs em l'4assa Trauma ern Ambientes Hostis e Conflitos Armados

de informações incompletas e incertas a respeito da integrada e coordenada de planeiamento, operaçôes,


evolução do evento. Durante um evento com vítimas logística e finanças/administraÇão. O comando de
em massa, os paradigmas do cuidado mudam do melhor incidentes é responsável pela resposta geral, a fim de
possível para cada indivíduo parao melhor possível para garanü a segurança dos socorristas, salvar üdas, estabilizar
o maior número de vÍtimas. Este padrão de tratamento o incidente e preservar a propriedade e o ambiente. Os
para a populaçáo é diferente dos cuidados rotineiros cuidados médicos das útimas caem sob a responsabilidade
ao doente traumatizado, em que todos os recursos são do setor de operações do ICS. As vítimas de desastre
mobüzados para o tratamento especÍflco de um doente. requerem mais cuidados básicos do que cuidados
No contexto de um desastre, as decisões tomadas em especializâdos, portanto os cuidados de saúde funcionam de
relação a uma vítima podem impactar no tratamento maneira mais geral emuma respostaa desastres. Médicos
de outras devido às lÍmitaçôes de recursos disponíveis especializados podem, por exemplo, fazer parte da força
e circunstâncias. O aumento da mortalidade pode ser tarefa de logísüca e transporte de vítimas.
resultante da falha em tomar decisoes. A triagem é uma ferramenta de decisões sistemática
A disposição das ütimas logo após um desastre refere- utilizada para classificar as vítimas de acordo com a
se à relação entre estas, os recursos e considerações prioridade de atendimento, dadas as necessidades da
situacionais. As características dasútimas incluemlesões üüma, recursos e situação. O objetivo da triagem é fazer
que ameaçam imediatamente a vida, graúdade das lesões o "melhor para a maioria", emvez de "tudo paratodos". A
e apossibilidade de sobrevivência. A impossibilidade de triagem efetiva é um processo interativo feito em todas as
sobrevivência pode ser absoluta (p. ex., queimadura de fases dos cuidados às útimas. Em casa fase, um profissionâl
3e grau em 100% da superfície corporal)e relativa (p. ex., de cuidados cíticos experiente deve servir como oÍicial de
lesóes extensas que consomem recursos que poderiam triagem. A triagem náo é umprocesso de decisáo única, e
ser uti.lizados para salvar mais de umavítima). sim uma sequênciade decisões dinâmicas. As útimas, os
As considerações sobre osrecursos incluem aquilo que recursos e as situações mudam, levando ao refinamento
está disponível (p. ex., espaço, equipe, matedais. sistemas) das decisôes detriagem. O ICSpodeprover informaçôes a
para o cuidado e transferência (transporte, rodovias), respeito do número e tipos de vítimas esperados e recursos
assim como o tempo necessário para reabastecimento disponíveis para possibilitar as decisôes de triagem.
dos suprimentos e transporte de outras ütimas. As decisóes de triagem no local do incidente identiÍicam
A situcçõo envolve a progressão do evênto, eventos primeirãmente quem estáúvo, removendo essas útimas
secundários (p. ex., eventos adicionais relacionados ao para um local seguro, longe da cena, em um ponto de
evento inicial, como explosões secundárias, colapso de concentraçáo de vítimas. A próxima decisão de triagem
estruturas e alâgamento após o rompimento de uma determina quem está criticamente ferido (p. ex., quem
barragem) e condições ambientais (p. ex., hora do dia, apresenta lesóes potencialmente fatais). A utilização
clima e relevo). dê um sistema de triagem na cena é muito útil. Um
método muito utilizado é o SAIT (Classificar, Avaliar,
ARMADILHA PREVENCÀO Intervençóes para Salvar a Vida, TratamentoÂransporte ),
que rapidamente identifica os feridos utilizando a resposta

Os recursos chave . Reconhecer e comunicar as


a comandos verbais, presença de respiraçào, presença
sào esgotados prioridades de atendimento a de sangramento de djfícil controle. Essa ftiagem inicial
durânte o todos os membros da êqu,pe. permite a identificação de indivÍduos feridos utilizando
àtendimento de . Manter a consciência da umcódigode cor que categoriza as víLimas de acordo com
êpenas akumas situacâo comunicando-sê sua graüdade (r QUADRo c-l). Essa abordagem auxilia a
poucas vítimas. por meio da estrutura de separar rapidamente os doentes mais graves. As útimas
comando para sabe. a que conseguem caminhar para outro ponto de triagem
quantidadê de potenciais
vítimas e recursos
disponíveis
OUADRO C-I CATEGORIAS DE TRIAGÊM SALT

l. lmediato: lesôes potenciaLmentê fatãis que requerem


FERRAMENTAS PARA O CUIDADO EFETIVO tratamento imedaato
DAS VíTIMAS EM MASSA :l U.gente: Lêsôes que requerem tratamento em até 6
hoÍàs
O comaldo de incidentes e a triagem sáo ferramentas 3. Não uBênte: vítimâs quê conseguem deambuLãr ou
doentes psiquiátÍicos
essenciais para o cuidado efeüvo de ütimas em massa. O
Sisterna de Comando de Incidentes (Incident Comand 4. Exp€ctânte: possrri Lesôes graves, incompâtíveis com ã
vida ou sem recursos para trâtar no momento
System - ICSI é uma ferramenta administrativa que
5. Morto
transforma organizações eistentes em uma resposta
APÊNDICE C r nc dentes com Vitimas em Massa, Trauma em Amb entes Hostis e Conflrtos Armados 277

ou que conseguem mover um membro espontaneâmente trataroutras útimas. O acessovenoso e aadministraçâo


geralmente não possuem lesões que ameacem a üda, de volume são consideraçôes secundárias para o rápido
ao passo que aquelas que não se movem geralmente são tratamento do sangramento. Em vítimas conscientes,
portadoras de lesões grâves ou estão mortas. Entre âqueles fluidos orais podem ser apropriados no tratamento da
doentes criücamente feridos, alguns iÍão sobreüver e hipovolemia. Nas situações de escalpelamento, pode-se
outros não. A triagem é um processo dinâmico e deve ser utilizarpontos com suturacontínua. As fraturas de ossos
repeüdo com maior foco e discriminação conforme as Iongos podem ser reduzidas e imobilizadas com materiais
útimas se movem para longe da cena para outros locais improvisados para reduzü o sangramento ea doÍ.
de cuidados médicos. O tratamento típico de um doente vítima de trauma
Cada categoria de vítima deve ter uma área definidapara passa rapidamente da avaliação primária com
concentraçáo e tratamento. Vítimas classiÍicadas como reanimação para avaliação secundária e tratamento
imediatas devem ter acesso rápido à sala de emergência. definitivo. No entanto, os provedores podem precisar
As útimas urgentes podem inicialmente ser tratadas em adiar a avaliaçâo secundária e os cuidados definitivos
ambulatórios. As víümas nâo urgentes podem permanecer a favor de identificar e gerenciar tantas vitimas quanto
fora das principais áreas de tratamento em prédios possível com lesões potencialmente fatais. Assim
adjacentes. Os expectantes devem ter zua própria área e, sendo, a avaliaçâo secundária e o tratamento definitivo
apesar de não ser esperado que sobrevivam, esses doentes podem ser postergados após a avaliaçâo primária e
não devem ser identiÍlcados como mortos, pois uma vez reanimação. Além da ultrassonografi a direcionada para
que se tenha recursos disponíveis e a situaÇão esteia sob o trauma (FAST), há um pequeno papel dos exames
controle podem ser realizadas manobras e procedimentos na laborartoriais e de imagem naprÍmeira fase de avaliação
tentativa de salvar suas údas sem prejuízo a ouüos dôentes. dasvítimas em massa - umasimples técnica radiológica
e máquina de raio X podem realizar estudos radiográficos
PRIORIDADES DE TRATAMENTO convencionais em cerca de seis doentes por hoÍa.

A avaliaçào primária doATISpromove a estrutura para DESAFIOS


a avaliação inicial davítima e consequente intervenção.
A avaliação clínica simples e as intervenções são A comuniccçôo é o maior desafio na resposta a
fundamentais emambientes hostis e de guerra. Soluções desastres em todos os ambientes. Frequentemente os
criativas envolvem a improvisação de materiais para sistemas de comunicação normais Íicam inoperantes,
abordaras ameaças à vida. Por exemplo, umâ intervenção e múltiplas agências e organizaçÕes, cada qual com
inicial na via aérea pode ser interrompida, assim como seus procedimentos e taxonomias, são colocadasjuntas
uma intubação orotraqueal, em um doente inconsciente, sob estresse com protocolos e equipamentos com
quando o tubo endotraqueâl e os recursos parâ tratar interoperabilidade limitados. Mesmo a equipe de tÍauma
a vítima após a intubação não estiverem disponíveis. pode serpre;udicada deüdo à composiçâo com membros
A üa aérea ciúrgica pode ser considerada, utilizando que normalmente não trabalham juntos. A aplicação do
tubos que esteiam disponíveis, como a estrutura oca de Sistema de Comando de Incidentes Nacional - Sistema
uma caneta. Aimobilização cervicalpode serfeita com a de Comando de Incidentes (ICS) melhora a resposta e
utilização de cobertores enrolados ou sapatos da vítima. a comunicação. Os planos de comunicação devem ser
Oxigênio suplementar g€ralÍnent€ está indisponível. revisados regularmente com a prática de simulados de
Na ausência de estetoscópio e esÍigmomanômetro, a desastres.Umaboacomunicaçãotambémproporcionará
avaliação do pneumotórâx hipertensivo pode ser realizada informaçoes valiosas sobre o evento, planos disponiveis,
comumouüdo no tórax e a checagem do pulso (carotideo e recursos, reduzindo portanto o medo e os rumores.
60 mmHg, femoral 70 mmHg, radial 80 mmHg). A A opçóes de transporte gerâlmente são limitadas;
descompressão com agulha requer dispositivos [ongosem qualquer veiculo pode ser utilizado para a remoção de
útimas obesas ou musculosas. Drenos de tóraxpodem ser vítimas, inclusive ônibus, carros e barcos. A segurança
usadoscomuma"válvuladeHeimlich",construídacom é um desafio em razão do ambiente e das condições
o corte de um dedo da luva de borracha sobre um tubo. de conflito- Essas condições devem ser enfatizadas,
A ctculação é tratada interrompendo-se o sangram€nto. planeiadas e praticadas em simulações. A proteção da
Os tomiquetes comerciais são um investimento útil paJa os instituição é uma funçáo chave do chefe de operaçôes
hospitais, serviços médicos de emergência e suprimentos do lCS. A logística é um desafio em virtude do sistema
para desastres. Apesar de menos efetivos que os de suprimentos imediatos da maioria dos hospitais.
dispositivos comerciais, ostomiquetes também podem ser Essa função pode ser facilitada pela provisão regional
feitos com cintos, roupasou cabos e podem ser utilizàdos mútua de suprimentos e ordens de fornecimento.
para tratar o sangÍamento de extremidades mutiladas Os governos estatuais e regÍonais podem fornecer
ou amputadas. Essa conduta libera os socorristas pâra recursos; entretanto, observou-se demora de 96
278 APÊNDICE C r lnctdentes com Vítimas êm Massa, Trauma em Ambientes Hostis e ConfLitos Armados

horas ou mais da mobilizaçáo completa em eventos e reposição de fluidos e eletrólitos (ver Capítulo 9: Lesões

passados. Térmicas). As equipes de descontaminaçáo e segurança


Voiuntários em mosso e autoadmissdo podem sáo especialmente lulneráveis.
sobrecarregar o local com muitos provedores que não Osproblemos psicossociais são dominantes na recuperação
possuem credenciamento ou funçóes indeterminadas. em longo prazo e podem estar mais acentuados em
Eles devem ser administrados por meio de um plano que ambÍentes hostis e de conflitos. Os proÍissionais de saúde
controlao acessoaté que sejam aceitavelmente avaliados. estâo sob risco de disúrbios psicossociais emdecorrência
Juntar equipes de assistência médica antecipadamente de um desastre, tais como esüesse, e estes podem ser
pode prevenir essa dificuldade. atenuados por meio de campanhas de conscientização,
Populaçôes especiais e rulneráveis induem crianças, idosos, boa comunicação e exames. Hábitos saudáveis epráticas
obesos, aqueles com doenças psiquiátricas e doentes em home organizacionais podem aumentar a capacidade de
care em diálise e ventiladores mecânicos. A declaraçào de adaptaçào antes que o desastreocorra. Monitorar a equipe
desâstre ou emergência por um oficial responsável suspende e a si mesmo porsinais de reações de estresse é importânte;

mútas regulamentações de atençáo à saúde. As instituições bom humor, pausas e tranquilidade podem elevar o moral.
devem se planejar para aceitar ütimas de trauma mesmo
que não sejam um cenüo de fiauma- Similarmente, ütimas
de queimaduras e doentes pediátricos poderão ser tratados
DESAFIOS EM AMBIENTES
inicialmente em centros não especializados. A perda ou TÁTICoS, HOSTIS E COM
evacuaçâo de irutihriçôes pode ocasionaÍ uma demanda exüa RESTRICÃO DE RECURSOS
em unidades de diá[se, venti]adores mecânicos e farmácias.
Trenós de evacuaçáo e macas devem estar disponíveis para Embora o ATLS tenha criado fundamentos críticos
auxüar na remoçào de doentes obesos. para o cuidado de doêntes nos ambientes civil e militar
Lesões mr.rltidimensionais sáo lesoes complexas, que moderno, a experiência durante conflitos extensos
não costumam ser ústês na prática diária e que podem no Iraque e Afeganistâo também ditou modificaçôes
ocorrer em um desastre. Tais Iesóes podem ser resultantes militares específicas nos principios e práticas padrÕes
da alta energia provenientes de armas de fogo e explosivos. ATIS em decorrência dos multiplos desâÍios e aspectos
Os ferimenlos porprojétilde arma de fogo de altaenergia, patciculares em prover cuidados ao doente traumatizado
como rifles, resultam de energialinear e cavitaçáo (radial), nesses âmbientes com restriçõ€s severas de recursos.
o que provoca dewitalizaçáo dotecido e destruiçào aiém do Fatores adicionais incluem realizar procedimentôs em
trajeto. Explosoescomaltaenergia,comoaquelascausadas meio a conflitos armados, equipamentosbásicos e recursos
pelo uso de explosivos comerciais ou müt es e dispositivos especializados limitados, limitaçôes de suprimentos e
improvisados, câusâm destruição multidimencional reabastecimento, ausência da ampla gama de modernos
em decorrência de quatro mecanismos: lesào primária equipamentos diagnósticos e terapêuticos (p. ex.,
devido à onda de pressão supersônica, Iesáo secundária tomograÍia, angiografia) e inftaestrutura local para cuidados
causada pelos fragmentos, Iesào terciária provocada significativamente danificada ou até mesmo inexistente.
pelo impacto de objetos presentes no ambiente ou lesôes O ambiente tático ou hostil apresenta uma amplavariedade
peneuantes causadas porestes, e Iesôes quatemárias como de ameaças, lesões, recursos humanos e disponibüdade de
queimaduras, esmagamentos ou infecções. mateías médicos que devem ser considerados durante o
Um padráo proêminente de lesões inclui múltiplas planejamento e execução de cuidados. Além disso, muitos
amputaçôes traumáticas e lesão cerebral traumática. desses mesmos desúos podem ser aplicáveis aos cuidados
Explosivos de baixa energia, como bombas de pólvora em ambientes civis remotos, embora geralrnente em menor
oupanelas de pressão, tendem aproduzir Iesão secundária grau. A r 149g1,4 ç-t compara os fatores que impactam
devido a Íiagmentos em um raio menor; entretanto, nos cuidados ao doente traumatizdo nos ambientes civis
individuos próximos a essas explosões podem apresentar urbano, rural e tático /desastÍes.
Iesões extensas e amputação. O üatamento dos ferimentos
inclui o controle do sangramento e o desbddamento do SEGURANçA E COMUNTCAçÃO
tecido desvitalizado, alem da avaliaçâo do trajeto e pesquisa
de fragmentos de ossos nâs partes moles. Podem ocorrer Uma situaçào tática em qualquer ambiente restrito é
áreas de tecido üável em meio ao tecido desvitüzado. a.ltamente dinâmic4 resultando em vários graus de ameaças.
Aperdade infraestrutura e ambientes hosüspodem levar Tanto as preocupações intemas quanto extemas a respeito
à desidratação, problemas na regulaçào da temperatura de segurança devem ser consideradas para proteção da
corporal e Iesões por calor, incluindo câimbras, exaustão eqúpe edos doentes. As medidas podem precisar inclúr a
e intermação tanto nas vítimas quanto nos profissionais presença de seguranças armados ou policiais, dependendo
de saúde. A prevenção dessas lesões incluem aclimataçáo da situação e do ambiente, bemcomo restrições deacessoao
por 3-5 dias, ciclos de trabalho com períodos de descanso Iocal, revistas e verificação de documentos de identificação
APÊNDICE C r lncidentes com Vítimas em l'1assa Trauma em Ambientes Hostis e Conflitos Armados 279

TABELA C-I COMPARACAO DOS FATORES DE IMPACTO NO CUIDADO A V|TIMA DE


TRAUMA NOS AMBTENTES CrvrS URBANO. RURAL E TÁT|CO/DESASTRES

CIVIL URBANO CIVIL RURAT TÁTrco/DEsasrRE


Í

NíveL de ameaça

prontamente disponíveas podem ser Iimitados attamente Limitados

Limitados po.ém pode fixo e Limitado


êxpandir

Suprimentos,/ completamente equipado. adequôdamente eqúipâdo, rêcursos Iimitados,


Equipamentos reâbastêcimento íeâbastecamênto demorâdo reâbâstecimento âltamente
prontamente disponíveL demorado

Se.viços espêciaIizâdos todos os sêaviços serviçoi eapeciâLizâdos âusênciâ de servicos


disponíveis êspêciatizâdos Locatmênte disponÍveis especiaLizados prontamente
Limitâdos disponíveis

DisponibiLidade de imêdiatamente disponível dlgponlvêL, poíém o têmpo muito variávê[, pode não ter
transÍêrencia de trânsportê é píolongado opção dê transferência

Eventos com mú[tiPtas


vítimas ou vítimas em
masSa

da equipe, doentes e visitantes, e revista de veículos e pessoas velocidade, se comparadas a ferimentos encontrados em
em busca de armas. Dependendo do ambiente, consideraçôes ambientes civis. Apesardo fato de dispositivos explosivos
chave de irúaestmtura, como energia elétric4 iluminação e improvisados serem mais frequentemente encontrados
comunicaçáo, também podem irúluenciar dmsticaÍnente na emcenáriosde guerra, seu uso está crescendo como arma
segurança do local. Embora essas necessidades de segurança de escolha em eventos de vítimas em massa intencionais
geralmente sejam mais eüdentes em conÍlitos armados, nacionais e intemacionais. Essas armas altamente letais
medidas devem ser tomadas para asseguar que os plalos e incapacitantes produzem um complexo ferimento
operacionais de cada insün-rição atendam totalmente a multidimensional que pode incluir componentes de
ouüos cenários, como quando a instituição atinge sua lesôes pênetrantes, contusas, pressão de explosão primária,
capacidade máxima de atendimento ou foi incapacitada esmagamento e queimaduras. A morbidade depende da
deúdo a um desasüe nahrral, hrmulto ou evento de ütimas distância emque se enconEavao dispositivo, extensão da
em massa intenciona.l. fuea de cobertura e qualquer dispositivo de proteçào que
Da mesma forma, as comunicaçóes intema e exlema possa ter sido colocado. As equipes de tÍauma devem ser
confiáveis continuam a ser um desafio. A falta de treinadas a procuraÍ por ferimentos intemos, incluindo
interopenbüdade do sistema e dependência da infraestrutura lesôesvasculares, uma vez que os doentes fiequentemente
nativa, como lbhas telefônicas fixas ur.lneráveis, redes de apresentam umâ complexa combinação de ferimentos,
computadores e sistemas de telefonia móvel são frequentes variando desde amputações traumáticas a pequenos
timita@es da comunicação. InÍelizmente, falhas e intempçôes ferimentos penetrantes multiplos com grandes variações
na comunicação continuam sendo problemas comuru em de profundidade e trajetos que são extremamente difíceis
ambientes ruIais, táticos e desashes; entretãnto, planos de de avaliar sem o auxfio de exames de imagem,
contingência devem ser estabelecidos previamente.
CUIDADOS AO DOENTE TRAUMATIZADO
FERIMENTOS DE GUERRÂ NO AMBIENTE MILITAR

Os profissionais de saúde em ambientes táticos devem CUIDADO DE FERIDOS EM COMBATE TÁTICO


considerar um padrâo de ferimento ímpar associado
a ferimentos de guerra, incluindo o potencial para O precedente para a modificação dos cursos de
desvitalização e destruição tecidual significativa, treinamento de trauma civil para incorporar as
potencializâdo pelos efeitos ba.lísticos de muniçôes de alta necessidades específicas dos militares podc ser
280 APÊNDICE C r lncrdentes com Vítimas em l'4assa, Trauma em Amb entes Hostis e Conflitos Armados

encontrâdo nos exemplares dos livros Suporte de Vida üa aérea e respiração.Essa abordagem é baseada em
ao Trauma no Ambiente Pré-Hospitalar {Prehospital achados consistentes de que a maior causa de morte
Trauma Life Suport - PHTLS) e Cuidado de Feridos em potencialmente evitável nos campos de batalha
CombateTático (TaticalCombat Casualty Care - TCCC). modernos (mais de 90%)são decorrentes de hemorragias
Incialmente desenvolvido como um treinamento para o não contidas. Outras intervenÇôes enfatizadas nessa
Comando de Operaçôes Especiais dos EstadosUnidos, o fase incluem estabelecer uma via aérea definitiva,
TCCC tem sido implementado nos campos de batalha e se necessário, descompressão de pneumotórax
é o padrâo de cuidados pré-hospitalares em combates. hipertensivo, reanimação balanceada utilizando
Uma edição militardo livro Suporte deVida aoTrauma hipotensão permissiva, controle da dor, administÍação
no Ambiente Pré-Hospitalar foi desenvolvida para dar de antibióticos, se indicado, e preparo para o transporte
suporte a este treinamento. para a próxima fase de cuidados.
A amplaimplementação e üeinamento de todo o pessoal
de combate como primeiros socorristas habilitados Cuidados Táticos de Retirada
tem resultado na diminuição de mortes preveníveis em
combate. Atualmente, oTCCC e o PF{TLS representamum Os cuidados táticos de retirada sáo realizados uma vez
enorme sucessodo esforço colaborativo entre o Comitê do que a vÍtima tenha sido colocada em uma plataforma
Departamento de Defesados Estados Unidos no Cuidado médica de retirada {Medical Evacuation Plataform -
de Feridos em Combate Tático, o Comitê de Trauma do MEDEVAC). Isso inclui os cuidados prestados desde
Colégio Americano de Cirurgiões e aAssociação Nacional o local da lesào e durante o transporte para o local de
de Técnicos de Emergências Médicas. cuidados médicosde maior nível indicado. Os cuidados
O TCCC divide os pontos de cuidados da Iesào em três durante esta fase têm como foco a continuidade das
fases: (1) Cuidados sob fogo crrrzado, (2) Cuidados Táticos intervençôes realizadas previamente na fase de cuidados
em Campo e {3) Retirada Tática. táticos em campo, avâliação e tratamento de qualquer
Iesáo adicional que ameace a vida ou o membro e
Cuidados Sob Fogo Cruzado iniciar a reanimação com fluidos, controle da dor e
antibioticoterapia se esta ainda não tiver sido iniciada.
A fase de Cuidados Sob Fogo Cruzado envolve os Uma avaliação mais detalhada e melhores opções de
cuidados prestados por algum companheiro de intervenção sáo indicadas nessa fase de cuidados.
batalha ou pela unidade médica ou soldado na cena O pensamento nesta fase é minimizar intervenções
do incidente enquanto o primeiro socorrista e a vítima desnecessárias e não urgentes e focar no transportê
ainda estão sobfogo cruzado direto ou indireto. O foco rápido para um nível mais alto de cuidados.
primário desta fase de cuidados médicos em campo
é a superioridade tática e a supressão dos ataques. A ATLS NO AMBIENTE OPERÂCIONAL (ITLS.OE)
única intervenção médica nesta fase é o controle de
sangramentos ativos, geralmente por meio da aplicação AssimcomooTCCC éparao PHTLS, oATLS no Ambiente
de torniquetes e/ou curativos hemostáticos. Esses Operacional (ATLS-OE)é um curso de instrução que
itens podem ser autoaplicados ou realizados por um enfatiza a importância em manter a consciência da
companheiro de combate ou médico combatente. situação enquanto presta cuidados em um ambiente
potencialmente hostil, com restÍiÇão de recursos e
Cuidados Táticos em Campo recursos humanos Iimitados. A situaçáo diferenciada
e fatores ambientais em cenários operacionais
Na segunda fase, os cuidados são realizados peio médico frequentemente incluem recursos ou cadeia de
ou soldado uma vez que já náo estejãm mais sob fogo suprimentos severamente restritos, capacidade de
cruzado. Os cuidados táticos em campo podem ser comunicaçâo variável, opçóes de transporte limitadas,
a-ltamente variáveis dependendo daconfiguração da cena, situaçôes climáticas extremas e mudanças dinâmicas
mas todos os esforços devem serrealizados para minimizar da segurança do ambiente. Além disso, o número de
o tempo entre a Iesào e a chegada a uma instituição de vítimas, gravidade e tipos de lesão, e mecanismos de
cuidados médicos comcapacidade ciúrgica. Além disso, traumavistos em combates modernos ou até mesmo em
o reengaiamento com o inimigo pode acontecer e essa desastÍes de Iarga escala podem ser consideraveLmente
possibilidade deve ser sempre considerada. diferentes quando comparados com os padrões de
Nesta fase, os cuidados pré-hospitalares críticos e trauma civis.
a avaliação e tratâmento do doente traumatizado O ambiente operacional ou de combate envolve desafios
devem ser conduzidos. Em contraste com a abordagem específicos que exigem que os provedores de saúde estejâm
ABCDE enÍatizada nos padrões ATLS, o TCCC enfatiza sempre atentos. Esses desafios raramente apresentam
o controle de hemorragias (o C) primelro, seguido pela umproblema no ambiente civil estável, apesarde alguns
APÊNDICE C r lncidentes com Vítimas em lt4assa, Trauma em Ambientes Hostis e Conflitos Armados 281

desses conceitos serem também aplicáveis no ambiente preparação para uma retirada segura para o próximo
rural. Os provedores de saúde que prestam cuidados em nível de cuidados (avaliação quaternária). A . FIGURA
ambientes remotos precisam não apenas realüar cüdados c-1 demonstra os componentes do ATLS-OE.
de alta qualidade como também com equipe, suprimentos
e tecnologias paÍa realização de exames restritos. OAru- Avatiação Zero
OE enfatiza o grande desafio, como descritoanteriormente,
e drsponrbiliza aos alunos iníormaçóes que são essenciais O curso ATl§ aborda brevemente o preparo para receber
para o sucesso no atendimento nesses ambientes. doentes vítimas de trauma conforme eles fluem do
O ATI,S-OE incorpora esse assunto adicional de duas âmbiente pré-hospitalar para o ambiente hospitalar.
maneiras; (l) mediante a adição/suplementação de A avaliaçáo zero é implícita, mas não é caracterizada
informações militares relevantes nas principais aulas do especificamente ou formalizada como uma avaliaçào
Aru ou estações práticase (2)por meio da adiçáo de aulas nomeada separadamente. O ATLS-OE formaliza essa
especÍÍicas de conteúdo mütarao programa. Porexemplo, preparaçào para receber as víümas como um conceilo
novos tópicos como consciência do ambiente, controle de críüco parao aluno. Embora esse preparo seia fundamental
danos e dinâmica de grupo têm sido adicionados. para qualquer doente gravemente ferido, é absolutamente
Enquanto os cursos ATLS padrão ensinam aavaliaçâo crítico como um primeiro passo realizar uma triagem
primária e secundária, o ATLS-OE também reforça adequadano cenário com mu1üplas ütimas. Esse processo
a importância da avaliaçáo terciária. Uma vez que o enfâlüa a importância de uma análise precisa dos recursos
doente tenha alcançado o tratamento deÍinitivo, a locais, da equipe, da experiência e das condições ambientais
avaliação terciária é realizada para assegurar que todas e operacionais e qualquer desafio potencial ou preústo na

as lesões foram identiÍicadas e nenhuma foi "esquecida". preparação para a chegada de uma ou mais vítimas.
Umabase fundamental do ATLS-OE é a adição de dois A avaliaçáo zero identifica problemas com a equipe
componentes que devem ser incorporados na avaliaçâo e/ou sistemas que possam não ter sido identificados
do trauma; a avolioçõo zero e a avoliaçõo qaaternória. ou minimizados até o momento e que podem afetar
Os cuidados iniciais ao trauma em ambientes hostis significativamente as decisões durante a avaliação
requerem uma consideração cuidadosa das capacidades inicial. São fatores e problemas que o aluno pode nâo ter
internas e fatores externos (avaliação zero). Ademais, considerado, mas que podem ser tão ou mais imporl anl es
os doentes costumam ser rapidamente transportados que as lesões do doente ou intervenções necessárias. A
para diversas instituiçóes e requerem atenção na avaliação zero orienta como os doentes são triados e

OE AYaUação ZGro
. Situação
. Êquipê
tática
Prêparo .nte3 dô dreg.d.
. Rêcursos dê rêtiaada
. NúÍheío de potenciais vítimôs
. Logtutica/supíimentos disponíveis . Capacidade pô.4 cúldados crítico
AvaLlaçio Prlmárir . Capacidade dê retenÉo . Capacidáde de íeanimaÉo
. SeguÍânçâ cirúrgicâ
ldantiftcar r tratâr tasóct quê amaaçlm â
vidô
X Hêmorrá8ias Srave
(uso do tornlquete)
JF
Vla Aérêa
B RespiÍaçào AVAUAçÃO OUAÍERNÁru.A
C Circutaçâo Àvdlrçlo Soorndtrh Prçparo pôrâ Trântfarancla
D Disfunção ldlnüf lc.. tod.r .3 [.!õGr
NeuroLógica . EstabiLidade para tÍânsfeíênciô
. ReaIIaôr erôme íÍslco x necessidade de culdados de
E Exposação
compteto da cabêçà aos pés outro nÍveL
. Mêdides .uxlliâaes . Necessidade de trônsporte
. Cãpâcidade da instituição que
AY.tLÉo Tarclárà receberá o doente
. Necessidade de cuidados
-t/
I
püa ldêntificâÍ têsóês quê
Rcavát ar crÍtacos
tàthôm psaado drapêrcGbidrs . Tempo pára retiíâda/método
.. Rever todos os exames de ima8em . Atrasos na retirada (fatores
.. FocaÍ em tesôes muscutoesqueLéticas ctimáticos/tátacos/etc.)
.. Avaliar a eficácia dâ reanimâCão . Reanimaçào em andâmento?

r FIGURA C-l 0 ATLS OE incorpora o uso do toÍniquete na avaliaçào primária (X) e as novas avaliações zero e quaternária
-
282 APÊNDICE C r lnctdentes ccm Vítimas em ,'4assâ TraurÍrê em Ambientes Host se Conflitos Armadôs

priorizados, que tipos ou padrôes de lesào excedem as A avaliação quaternária formaliza esse preparo
capacidades locais ou habilidades disponíveis, e quais pârâ â transferência. Esse preparo deve ser repetido a
recursos estão se €sgotando ou estão indisponiveis. cada transferência na cadeia de retirada. No ambiente
Esses fatores incluem o seguinte: operacional, o tempo de transporte pode variar de
alguns minutos até algumas horas. Essa incerteza deve
Quantos e quais são os tipos de profissionais de ser considerada não apenas no pÍeparo para o transporte
saúde disponíveis? como também na prontidão deste. As capacidades de
cirúrgicas estão cuidados durante o transportê tâmbém devem ser
Quais especialidades médicas e
consideradas em vista da probabilidade de variaçôes
disponíveis?
dâs instalaçôes de tÍansporte, proÍissionais disponíveis
Qual a quantidade e qual a tipagem de no percurso, equipamentos, suprimentos, medicaçôes,
componentes sanguíneos disponíveis? ambiente e potencial para ameaças externas.
Existe escassez de algum suprimento? Quais? Avaliar a resposta do doente à reanimaçào é
fundamental. O potencial para alcançar os resultados
A reposiçâo de suprimentos, inclusive de
de reanimaçào desejados versus os recursos disponíveis
componentes sanguíneos, está disponível?
para alcançar esses resultados são consideraçôes
Existe a necessidade de realizar a transfusão de importantes. Embora seja desejável que o doente
sangue total? gravemente ferido esteja clinicamente estável, tenha
Quais os disposrtivos para oxigenação tido umâ avaliação completa com todas as lesões
disponÍveis e qual a disponibilidade? identificadas e tenha sido reanimado de acordo com
os padróes para alcançar os objêtivos finais, isso
A comunicação direta para a transferência do geralmente não é possÍvel no ambiente operacional.
doente está disponíve[, caso seja necessário? Os suprim€ntos limitados de recursos críticos como
Qual a situação tática? A segurança do Iocal é cômponentes sanguíneos e a capacidade Iimitada da
adequada? maioria das instalaçôes de tratamento (como equipe
cirúrgica avançada) fazem com que tratamentos
A instabilidade e o caos inerentes a ambientes hostis prolongados e transfusôes maciças seiam praticamente
reforçam a importância da prática da avaliação zero. impossiveis. Assim, frequentemente a escolha entre a
As decisões de triagem e prioridades da avaliaçâo melhor das duas sÍtuaçôes quase ideais deve ser feita
inicial podem mudar rapidamente confoÍme fatores e o doente deve ser encaminhado para transferência o
situacionais e capacidade de cuidados evoluem com o mais breve possível ou em uma fase de reanimaçâo mais
tempo entre os eventos. Nesses ambientes em que os tênue que geralmente é realizada no ambiente civil,
recursos humanos físicos se tornam mais limitados, A seguir estão algumas considerações adicionais
as decisões de triagem ficam cada vez mais difíceis de sobre o preparo dos doentes para transporte no
serem tomadas. ambiente operacional:

Ava[iacào Ouaternária As condiçóes climáticas ou açóes hostis irão


impossibilitar o transportê dê vítimas?
Apesar de os padrôes ATLS enfatizarem a preparação
Quais tratamentos de suporte devem
para a transferência de um doente lesado do local de
acompanhar o doente {ventilaçào, aspiraçào,
atendimento primário para um centro de trauma, isso
etc. ), qual o potêncial para complicações
geralmente envolve uma única transferênciâ, a uma
durante o caminho e quais problemas nos
distância relativamente curta e com uma equipe médica
equipamentos podem ocorrer?
completa. Em contraste, um doente em um ambient€
operacional pode necessitar de múltiplas transferências, A equipe de retirada possui as habilidades
a Iongas distâncias, enquanto a reanimação está sendo para manejar o doente gravemente ferido e
realizada. Nào é incomumque um doente sejasubmetido equipamento de suporte para o transporte?
a uma cirurgia para controle de danos e sejatransferido Quais medicamentos, fluidos, componentes
para uma instituição minutos ou horas após a cirurgia/ sãnguíneos e outros tratamentos de reanimaçâo
lesão. Essas transferências geralmente são feitas por ou suporte podem ser realizados efetivamente e
helicóptero em um ambiente que continua sendo prontamente durante transporte?
extremamente desafi ador. Portanto, para minimizar
a probabilidade de intercorrências ou complicaçóes
Quais equipamenl os são necessários para
prevenir a hipotermia, lesão ocular e de ouvido/
durante o transporte, deve-se ter uma atençáo criteriosa
lesôes auditivas durante o trânsporte?
ao preparar o doente para um transporte seguro.
APÊNDICE C r ncidentes com Vítimas ern lYassa, Trauma em Ambientes Hostis e ConfLttos Armados 283

. Conselho de Hartford IV: Apelo ao Aumento da


lmptementação do ATLS-OE Resiliência Nacional (1de março de 2016)

Atualmente, o ATLS-OE é oferecido a todos os novos Dada a alta volatilidade dos eventos com atiradores,
oficiais militares, por intermédio do Instituto de o primeiro passo mais importante é a supressâo de
Treinamento de Defesa Médica de Prontidão e da ameaças atravésdas autoridades públicas. Entretanto, as
Universidade de Serviço Uniformizado, e embreve estará prioridades imediatas do controle rápido de hemorragia
disponÍvel para todos os programas militares do ATLS. de extremidades realizado por socorristas treinados e o
transporte rápido daqueles com hemorragias internas
nâo compressÍveis devem ser considerados.
AUMENTANDO A SOBREVIÊNCIA EM Eventos críticos em uma resposta integrada a um €vento
INCIDENTES COM ATIRADORES ATIVOS com atirador sào representados pela sigla THREAT:
E EVENTOS COM VíTIMAS EM MASSA
PROVOCADOS INTENCIONALMENTE Threat suppression - supressão de ameaças
Hemorrhage control - controle de hemorragias
No perÍodo de 2000 a 2013, houve nos Estados Unidos Rapid Extrication - retirada rápida
160 eventos com atiradores ativos, com 1.043 vítimas
Assessment by medical providers - avaliação
e 486 mortes. Similarmente, durante o perÍodo de
por proÍissionais da saúdê
1983 a2002, houve mais de 36.000 incidentes com
explosivos com 6.000 vÍtimas e aproximadamente Transport to deÍinitive care - transporte pâra o
700 moftes. O mais preocupante é que os eventos com tratamento definitivo
atiradores ativos têm aumentado nos úitimos anos, e a
alta Letalidade desses eventos não pode ser ignorada. Utilizando lições aprendidas na experiência militar
as
com controle de hemorragia externa precoce
o TCCC, o
O CONSENSO DE HARTFORD deve ser de responsabilidade da pessoa que estiver mais
próximadavÍtima na cena e as autoridadespúblicas devem
Com esses eventos em mente, na sequência do trágico ser treinadas e equipadas para controlar hemorragias
tiroteio da escola de ensino fundamental Sandy Hook, com o uso de torniquetes ê âgentes hemostáticos. Da
em Connecticut, em 2012, e aexplosâo na Maratonad€ mesma forma, as equipes de emergências médicas e o
Boston, em2013, oComitê Conjunto de Desenvolvimento corpo de bombeiros devem aiterar as táticas operacionais
de Políticas NacionaisparaAumentar a Sobrevivência a e desenvolver novos paradigmas de coordenação de
Atiradores Ativos e Eventos Intencionais com VÍtimas gerencràmento de emergências para avançar em apoio
em Massa foi estabelecido pelo Colégio Americano de à rápida retirada de vítimas.
Cirurgiões em colaboração com os Iíderes de diversas
instituiçôes federais, incluindo o Conselho de S€gurança CAMPANHA PARE O SANGRAMENTO
Nacional, as agências policiais e federais dos Estados
Unidos, o corpo de bombeiros e as organizações médicas Em resposta a essas recomendaçôes, a Casa Branca
de emergência e diversas organizações chaves de saúde. lançou a iniciativa "Pare o Sangramento" em outubro
Os esforços do comitê têm sido um apelo à nação para de 2015, com o obietivo de prover às pessoas que
aumentar a capacidade de sobrevivência a esses eventos testemunham situaçôes de emergênciãs as ferramentas
e para treinar socorristas e o público Ieigo no controle e o conhecimento para conter sangramentos que
dahemorragia. As recomendaçôes do comitê se referem ameacem a vida. Em um mandado de saúde pública,
ao Consenso de Hartford, e atualmente consistem em semelhànte ao ensino de reanimação cardiopulmonar
quatro relatórios: (RCP) e à manobra de Heimlich, o público leigo deve
ser treinado no controle imediatô de hemorragias ou
. Consenso de Hartford I: aumentar a "curativo amigo". Os êquipamentos apropriados para
sobrevivência a Eventos com Atiradores Ativos controle de sangramentos (luvas, torniquetes, curativos
(1 de junho de 2013)
hemostáticos ) devem estar prontamente disponíveis
. Consenso de Hartford II: Atiradores Ativos e para toda a equipe de emergência em "kits de controle
Eventos Intencionais com Vítimas em Massa (1 de hemorragia" acessíveis ao público e tão identificávêis
de setembro de 2013) quanto os desfibriladores €xternos automáticos (DEA).
Por fim, o treinamento por si só não é suÍiciente, o
. Consenso de Hartford III: Implementaçáo do
público leigo deve ser encorajado a agir em situações
Controle de Hemorragias (1 de julho de 2015) de emergência (r FtGURA c-2).
?84 APÊNDICE C ! ncidentes com Vít mas em Massa Trauma êm Amb entes Hosi s e Conf I tos Ar''r ados

PARE
O SANGRAMENTO

SALVE UMA VIDA


a ü
§.
ÍH€
cotartÍÍEE
ON ?NAUMA
@
BLEEDINOCONTROL.ORG

1, APLIQUE PRESSÃO DIRETA

2 APLreuE cuRATrvo E PRESSToNE

3 APLreuE ToRNTQUETE

\
.a\
ENVOLVA GIRE TRAVE HORA

LIGUE 192t193
f FIGURA C-2 Campanha Pàre o Sangramento encoràja o público leigo a ag r
APÊNDICE C r lncidentes com Vitimas em l"1assa, Trauma em Ambientes Hostis e Conflitos Armados 285

CONTROLE DO SANGRAMENTO PARA FERIDOS RECURSOS ADICIONAIS


O Controle do Sangramento para Feridos (B-Con)
é um rápido curso modular desenvolvido pela Sistema de Comando de Incidentes
Associação Nacional de Técnicos de Emergências https://www.fema.gov/incident-command-
Médicas com a coparticipaçáo do Comitê de Trauma system-resources
do Colégio Americano de Cirurgiões em apoio à
campanha nacional "Pare o Sangramento". O curso Lesôes por explosào
foi desenvolvido tanto para pessoas leigas que https://emergency.cdc. gov/masscasualties/
irão realizar o primeiro atendimento sem nenhum blastinjury-mobile-app.asp
treinamento médico quanto para profissionais de saúde,
adaptado dos princípios do TCCC/PHTLS. Esse curso Perigos Químicos e Radiológicos
faz uma introduçáo aos conceitos de pressão direta, https://www.remm.nlm. gov/
torniquetes, curativos hemostáticos e manobras básicas https ://chemm.nlm.nih.gov/
de via aérea. Um módulo adicional para proÍissionais
inclui uma introduÇâo aos princípios THREAT. Para Pare o Sangramento/Consenso de Hartford/Curso de
mais informâções a respeito do curso B-Com, acesse Controle de Sangramento para Feridos
w.w.w.bleedingcontrol.org ou entre em contato com o https : //www. facs.org,/about-acs/hartford-
responsável nacional pelo ATLS ou com o responsável consensus
internacional de região. https://bleedingcontrol.org

ATLS no Ambiente Operacional


R ESU MO
Para mais informaçôes sobre o ATLS -OE, o
Responsável (militar)pela região XIII deve ser
1. lncidentes com vítimas em massa mudam os contatado atrâvés do escritório do programa ATLS
paradigmas fundamentais de atendimento de o
melhor para um indivíduo para o melhor para o
maior número de pessoas. BIBLIOGRAFIA
2. As ferramentas para melhorar o atendimento a
vítimas em massa incluem o estabelecimento e 1. Auf der Heide E. Disaster Response: Principles of
comunicaçáo de um sistema de triagem e o uso de Preparation and Coordination. St. Louis, MO: C.V.
um Sistema de Comando de Incidentes. Mosby Company; )uly 1989.
2. Beninati W, Meyer MT, CarterTE. The critical care
3. Os desafios após um incidente com vítimas em air transport program. Crit Csre Med 2008;36(7
massa são imediatos (grande quântidade e tipos Suppl):5370-376.
de vitimas, segurâncâ. recursos, comunica(ào, 3. Blair lP, Schweit KW. A Study of Active
transpofte) e a longo prazo (fadiga, desidratação, Shaoter Incid,ents, 2000-2013. Texas State
problemas psicológicos). University and Federal Bureau of Investigâtion.
Washington, DC: U.S. Department of
4. Osprincipios doATLS fornecem umaestrutura para lustice;2014.
avaliação e tratamento de lesôes potencialmente 4. Bulger E, Snyder D, Schoelles K, et a[. An
fatais em todâs as situações e ambientes; entretanto, evidence-based prehospital guideline for
esses principios devem ser adaptados à sltuação de external hemorrhage control. American
acordo com os recursos disponíveis. College of Surgeons Committee on
Trauma. Prehosp Emerg Care 2074;78121:
5. Ambientes hostis e operacionais requerem maior 763-173.
consciência situacional e avaliação detalhada antes 5. Butler FK, Blackbourne LH. Battlefield trauma
da chegada e da transferência, devido à restriçáo care then and now: a decade ofTactical Combat
de recursos. Casualty Care. ,l Trauma 2012;73(6 Suppl
5):S395-5402.
6. A campanha Pare o Sangramento oferece à 6. Butler FK, Giebner SD, McSwain N, et al., eds.
popuiação um treinamento para controle de Prehospital Traum a Life Support Manuol. 8th ed.,
hemorragias e encorâja â sua ação. military version. Burlington, MA: .fones and
BâftIêtt Learning; 2014.
?86 APÊNDICE C r lnc dentes com Vítlmas em ['lassa, Trauma em Ambientes Host]s e Confl tos Armados

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8. Disaster and Mass Casualty Subcommittee, 16. Kragh )F )r, Walters TJ, Baer DG, et al. Prâctical
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Preparedness Manual (DMEP@,). Chicago, IL: 2):538-Ss0.
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9. Eastridge BJ, MabryRL, Seguin P, et a]. Prehospital with emergency tourniquet use to stop bleeding
death on the battl€Íield (2001-2011): implications in major Iimb trauma. Ann Surg 2009:24911):l-7.
for the future of combat casualty care. J Trauma 18. Morrison IL Oh L Dubose, rr, et al. En route
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bombing incidents: implications for terrorism
preparedness and medical response.,l Traumo
2005; Dec;59 (6 ):1436-44.
Apên d ceD
CONDUTA EM DESASTRES E PRONTIDAO PARA
EMERGÊNCIAS (AUtA OPCIONAT)

OBJETIVOS

l. Definir os termos lncldentes com múttipLas vÍtimas 5. Descrever o sistema de comôndo de incldentes (SCl)
(lMV) e eventos com vítimas em massa (EVM). correspondênte quê foi adot do na sua á.ea de
prática êspêcÍflcâ.
2. Exp[icar as diferenças entre IMV e EVM
6. Descrevêr o papel dos princípios do ATLS no
3. Descrever a.bordagem "todos os peritos" e sua terenciamento de desastres.
importáncia no gerenciamento de desastres.

4. ldentlficar as quatro fases do atendimento em


desastres e descrever os etementos-chave de cada
fase com respeito ao tratamento de lesões agudas.

í\ desastres contemporâneos nâoseguem regras. A


s desastre está comprometida pela demanda excessiva de
Í ! sestao aos Drocedimentos médicos dos desast-res recursos, capacitações e estrut uras organizacionais.
V o* nore, seram narurals ou rerros pero nomem, Incidentes com múltiplas vítimas (IMV) são
é um dos desafios mais significativos enftentâdos pelas situaçôes nas quais recursos médicos (ou seja, ativos pré-
equipes de trauma hoie. O atendimento ao desastre hospitalares e hospitalares) são muito utilizados, mâs náo
náo é o mesmo que o atendimento convencional ao sobrecarregados. Eventos com ütimas em massa (EVMI
trauma. O atendimento adesastres requer uma mudança resultam quando os números de ütimas são grandes o
fundâmental nos cuidados prestados às ütimas para suÍiciente para interromper os serviços de saúde na
alcançar o objetivo de proporcionar o maior bem para o comunidade ouregião afetada. A demanda pelos recursos
maior número de indivíduos; cuidados de gerenciamento sempre excedem o fomecimento de mãteriais em um
de crises têm precedência sobre os padrôes tradicionais de evento com útimas em massa. E importante determinar
atendimento. As demandas de atendimento a ütimas de o equilíbrio entre o que é necessário versus o que €stá
desastres mud am ao longo da ultima década, no âmbito disponível em termos de recursos humanos e mâtêriais.
do atendimento ao tÍauma, aos tipos de ameaças e ao Qualquer hospital deve determinar seus próprios limites,
campo de operaçôes. O curso ATIS oferece umaabordagem reconhecendo que seu plano de desasüe deve abordar IMV e
estrutural paÍa os desaÍios da medicina de desastres. EWÍ. As prioridades doATI§são as mesmaspanlMVe EVM.
Embora desastres em geral ocorram sem aüso prévio, a Como na maioria das disciplinas, especialistas em
prontidão para emergências - o preparo e a antecipaçâo gerenciamento de desastres desenvolveram uma
das contingências que se seguem como resultado dos nomenclatura única para seus carnpos e regiões emtodo
desastres aumenta a capacidade do sistema de atendimento o mundo (. QUADRo D-l). Os princípios básicos são os
à saúde em responderaos desafios impostos. Ta.lprontidão mesmos, assim como os princípios do ATLS.
é responsabüdade institucional e pessoalde cada unidade
de saúde e de cada proÍissional. Adesão aos mais altos
padrôes de qualidade da prática médica, consistentes
A NECESSIDADE
comos recursos médicos disponíveis, serve como melhor
diretriz para o dêsênvolvimento de planos para desasües. A gestão de desastres (prontidão e resposta) constitui
Comumente a capacidade de responder a situações de as principais áreas de conhecimento que preparam as

789
290 APÊNDICE D ! Conduta em Desastres e Prontidào para Emergênc as

OUADRO D-r TERMINOLOGIA USADA NO GERENCIAMENTO DE DESASTRES

Culdrdcr Agudor O atendimeôto pÍecoce de vítimas de Ey!Írtot da lrÍtftD!. .m lírax íEVDí| Evento que causa
desastres é fornecido no campo e/ou ôo hospitaL por umgrande número de vítamas suficientemênte Srande pal.a
êquipês muttidiscipLanares de trâuma. interrompeí os serviços de sêúde da comunidâde/região afetada
Állr dc Og.nçôcr A subdivasão geogÍáficà estabelecida em l'rdd.nt . d. i'fiíthL. VÍdmo (lXV) Uma circunstância
torno de úm Loca[ de desàstrej apenas pessoat qua[ificâdo na quâ[ os íecursos de atendimênto ao doente estào
paÍa resposta a desastres tem permissão parã entíar. sobrecâr re8ados, mas nào inguf icrentes.
Ponto d. CoLt dc Acldcntor (PCC) Um Local seguro Cuidrdot iílnlÍtltrl.nt! Acaiúvrla O nívet mais baixo
dentro do pêrímetro êxterno dê área de operaçôes onde os apropriado de intervencões médacas e cirúrgicas que salvam
doentes sáo submetidos à triagem e, se possívet, reênamêcáo vidês (curdàdos de gêrencràmento de crises)fornecidas na
iniciaL. fâse aguda do dêsastre.
OBRNE Acíônimo de ageôtes químicos, biolóeicos. |ílütaçao Ativldades que os estabelecimentos e profissionais
râdiológicos, nucleares e explosivos {inctuindo incendiáÍios). de saúde reêtizâm na tentêtiva de diminuir ê gravidade
CoÍador da DGrcontâmlnrçao Umâ instaLação fixa e o impacto de um desàstre potenciat. lsso inc[ui o
ou impLêntávêL pâra descontaminaçào de doentes estabeLêcimento de Locais âLternâtivos para o atêndimento
contaminados. O LocaI de descontaminaçào é organizàdo em de vítimês em mâssa, locais de triagem fora do hospital e
três zonôs: a zonâ quente, â zonâ morna e a zonã friâ. procedimentos àntes de um desastre para a transferência de
Dalartrt Um incidente ou antrópico, seia ele
natL.rràL doêntes estáveis pâíê outrâs instalaçôes médicas permjtiôdo
interno (oriSinâdo dentro do hospatãt)ou extêrôo (oriSinado o àtêndimento de vítimâs de desastres
fora do hospitat) no quaL ês ôecessidâdes dos doentes Equlp.m.nto d. PFot çao lndt ldu.l, (EPll Roupâs e
sobrecarreSam os recursos necessárjos para cuidar deles êquipamentos espêciais usados pelo pessoôl dê resposta a

Sêrvlçor l.ládlco. dG Em.rlaôcla (SlíEl Profissionais de desastres pârà evitar a autocontãminação por HAZMATS.
saúde incluindo socorristas, enfermerros e médicos, que Prêparaçac Íócnlc! Atividãdes que os estabelecimentos
prestam cuidados pré hospitaLares como parte de umê de saúde e provedoaes compromêtem-se a desenvotver
resposta oígânizadê a emergências médicas capacidade e identificar recursos que podern seí usados
C..rtro d. Oplr.çõêr d. Em.r!âncl. (COE) Sede da Central caso ocorÍa um desastre
Comando (CC), um centro de coordenâcào para as múLtip[as Rêauparaçao Atividades projetâdâs para auxatiâr as unidades
agências/organizaçôes ou.jurisdiçôes envotvidas nã Íespostô a de sàúde e profissionârs à rêtomarem as opêraçôes normais
desastres. O COE é estabelecido em um loca[ seguro fora da após a sotução de umê situàção dê desastrê.
área de operaçôes, gerâLmente em um locaL fixo. e composto Rdpotta Atividades que os estabetecimentos e
por representantes das priôcipais organrzacões envotvidas na profissionais de saúde reaLizam nà prestacão de cuidâdos
aesposta a dêsastres de gerenciamento de crises ôos doentes nã fase aguda do
Produto. P.rlto.o. {HAZMATT} Ouatquer mâtêriâ[ (químico, desastre
biotógico. radioativo ou e)(plosivo) que represente riscos Equlpr. da lu.c. . 1..!.t (3Al) Especiatistôs médjcos e
potenciais à vida, saúde, bem-estàr e seSuÍança humanê. nâo-médicos treinados pàra tocâtizâr, resSatar e aealizar a
Anatlt. d. vulâ.r.bllrd.d. d. Rlrco (HvA] Uma ânáLise estabitizacào médica iniciàL de vÍtimâs de desàstres p.esãs
da píobabil.idâde e gravadade dos riscos cotocados à saúde e em êspacos confinâdos.
segurançô de uma comunidàde por vários mâteriais periSosos Capacldada da Sob Garll Os recursos extras (pessoal e
(lntercoÍrêôcias andustrrais, dêsastres nâtuÍáis e ctimáticos) equipêmento) que podem ser impLantados êm um dêsâstÍe
slrt ttr. d. Conr.Êdo d. lôcld.it . Hoftt l,.Ít. (SClHl (por exempLo, ventiLadores com equipe de cuidados
Uma modificacào do 5Cl paÍa hospita,s. IHospitais intensivos adequados para cuidar de doentes).
normâLmente adotam suàs pÍóprias versôes destê sistêmâ ) Câpâcidada Estrutur.l Os recursos extras (equipêmentos)
Comrâdo d. lncldantt cu CoÊr.Âdanta do ln.ld.nt! (Cl) A que reatmente possam seí usados em desastre (por
autoÍidâde finâ[ que estabeLece objêtivos e prioridades para êxempto, vêntitâdores extras sem equipe de cuidados
a Tesposta ô dêsâstres e maôtém â responsabitidade geraL intensivos àdêquados paÍa cuidâr de doentes)
pe[o incidente. Cantrat da Comaíido (CC) Uma estrutura de comando dê
Po|Êo dt Colnaltdo da lôcldanta Sede parâ o comando 'rncrdente únrcà que permrte que todàs às or8ànrzacóes que
do incidente no LocaI do desàstre, estabetecrdo em locais respondem ao desastre trabalhem sob uma única estrutura
seSuros dentro dã áreâ de operàçõês. de comando
Sl.tarn da Com|ndo d. lnddantar (SO, Uma estrutu.a AÍ|n.i da D..trulçto .rrt t1.... (ADth, Materiais perigosos
organazaciorrâl que fornece orientação geràL pâra o usâdos, ou destinados â serem usâdos, com o propósito
Eerencramênto dà resposta à desastres. exptícato dê prejudicàr ou destruir a vidà humanâ.
APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prontidão para Emergências 291

equipes de trauma para aplicar os princípios do ATLS 3. Fases de Resposta - Emergênciã


durante desastres naturais e provocados pelo homem- A 4. Recuperaçáo - Restauração
aplicação bem-sucedida desses princÍpios durante o caos
que normalmente ocorre após essas catástrofes requer Na maioria dos paÍses, os planos locais e regionais de
familiaridade coma resposta a desastres e conhecimento resposta a desastres são desenvolvidos de acordo com os
das condiçóes médicas prováveis de serem encontradas. planos de ressonância nacional. Especialistas médicos
Desastres envolvendo armas de destruição em massa multidisciplinares devem estar envolvidos em todas as
e eventos terroristas sáo desafios particulares para quatro fases de gestão com relação aos componentes
as equipes de trauma. Setenta por cento dos ataques médicos do plano operacional.
terroristas envolvem o uso de armas explosivas com o Os membros da equipe de trauma devem estar
potencial de causar lesões multidimensionais. Explosôes preparados pâra participar de todos os aspectos da
produzem lesões explosivas que são complexas devido resposta médica a desastres, e eles são qualificados
aos múltiplos mecanismos de lesão que resultam {por exclusivãmente para isso. Os princípios do ATLS são
exemplo, lesões por explosáo primária, secundária, aplicáveis tanto aos cuidados pré-hospitalares quanto
terciáriaequatemária). OcursoATLSfocaoatendimento aos hospitais, e todos os provedores devem estar
inicial das lesóes traumáticas encontradas em tais familiarizados com o conteúdo do curso ATLS. Garantir
desastres complexos, fornecendo uma estrutura d€ a segurança do cenário e determinar a necessidade de
ordem para avaliar a lesão multifacetada. descontaminação das vítimas de desastÍes afetadas
estão entre as primeiras prioridades da resposta a
desastres antes de iniciar o atendimento médico tanto
A ABORDAGEM no local do desastre quanto no hospital.

O conceito-chave na gestão contemporânea de desastres o coMANDO DE TNCTDENTES/STSTEMA DE


éa abordagem "todos os perigos ' para à preparàçào parà GESTÃO DE INCIDENTES
desastres. Essa abordagem é baseada em um único plano
para todos os desastres que é flexível e inclui pontos de Os provedores de serviços médicos não podem usar
ramificação que Ievam a ações especÍficas, dependendo estruturas tradicionais de comando ao participar de
do tipo de desastre encontrado. Semelhante ao ABC uma resposta a desastres. O Sistema de Comando de
do atendimento ao trauma, a resposta a desastres Incidentes (SCI) é uma estrutura chave a ser usada em
inclui preocupaçôes básicas de saúde pública e todas as quatro fases do gerenciamento de desastres
médicas que são semelhantes em tôdos os desastres, para garantir a coordenação entretodas as organizaçôes
independentemente da etiologia. O ABC da resposta potencialmente respondendo ao desastre. O SCI é um
médica aos desastres inclui (1) busca e salvamento; sistema modular e adaptável para todos os incidentes
(2) triagem; (3) cuidado definitivo; e (4) evacuação. e instalaçôes e é o padrão aceito para todas as respostas
Exclusivo para os desastres é o grau em que certãs a desastres. O Sistema de Comando de Incidentes
capacidades são necessárias em desastres específicos Hospitalares (SCIH) é uma adaptaçáo do SCI para uso
e o grau em que a assistência externa (ou seja, local, hospitalar. Ele permite uma coordenação eÍicaz nâs
regional, nacional) é necessária. A avaliação rápida atividades de preparação e resposta a desastres com
determinará quais desses elementos sáo necessários organizaçôes pré-hospitalares, de saúde pública, de
na fase aguda do desastrê. As equipes de trau ma são as segurança pública e outras organizações de Íesposta.
únicas qualiÍicadas para participar em todas as etapas do O sistema de trauma é um componente importante
atendimento médico à desastre, por sua qualificaçáo em do SCI. VárÍas organizaçôes e países modificaram a
triagem, cirurgia de emergência, atendimento a doentes êstrutura do SCI para atender às suas necessidades
criticos e capazes de tomar decisões rapidamente. organizacionais especÍÍicas.
Requisitos funcionais, não títulos, determinam
a hierarquia do SCI. O SCI é organizado em cinco
FASES DE MANEJO atividades principais de gerenciamento (Comando
DE DESASTRES de Incidentes, Operações, Planeiamento, Logística e
Finanças/Administração). As principais atividades
dessas categorias estão listâdas no r euADRo D-2.
A abordagem de saúde pública para o Berenciamento A estrutura do SCI é a mesma, independentemente
de desastres consiste em quatro fases distintas: do desastre. A diferença está no conhecimento
especÍfico do pessoal-chave. Uma parte importante
1. Preparação (Planejamento - Treinamento)
do planejamento de desastres hospitalares é identificar
2. Mitigaçào - Vulnerabilidade a Perigos o comandante do incidente e outras posiçõ€s-chave
292 APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Pront dàô para Emergências

podem exigir que cada hospital funcione com pouco ou


OUADRO D-2 SISTEMA DE COMANDO DE nenhum apoio €xtemo. Terremotos, inundações, tumultos,
INCIDENTES, EO U IPE E ATIVIDAOES contaminação radioativa e incidentes envolvendo infta-
esüurura podem exigrr que um hospital individual opere de
Com.ndâdrta do lõcrd.ÍÊ. (Cl) forma isolada. Podem existü situações que interrompam
. Define objetivos e prioridades e rnantém a a infraestrutura da comunidade e impeçam o acesso âo
responsabr[rdade gerà[ peto desastre
. O Cl é auxiliado peto Oficiat de Li8acáo, peLo Oficial de centro médico. Por essa razão, é vital que cada hospital
lnformacão Púb[ica e pêLo OficiaL de Sê8urançâ. desenvolva um plano de desasüe que reflita com precisáo
sua análise de vLrlnerabilidade a riscos.
OprÍ.çô.. Os hospitais devem ser capazes de implantar pessoal,
. Realizàr operaçôes para executar o Ptàno dê Ação do equipâmento e recursos suficientes para cuidar de um
lncidente (PAl).
. aumento no volume de doentes que é aproximadamente
Direcionar todos os recursos de desastre, inctLrindo pessoat
médico 20% maior do que sua linha de base. Com demasiada
ftequência, os planos de emergência hospitalar utilizam
PLn{.mcito a capacidade de surto apenas em referência ao número
. Desenvotver PLano(s) de Açào do lncidente de pessoal, câmas ou bens adicionais (por exemplo,
. Co[etar e ava[iar informaçôes.
. líanter o status dos recursos.
ventiladores e monitores) que podem ser colocados
em serviço por ocasião de um MCE. Por outro lado, a
totÍrdc. capacidãdede surto refere-se ao número de Ieitosadicionais
. Fornecer recuísos e suportê para àtendea às necessidades que podem ser proüdos de pessoal, ou ao número de
de iôcidentes, incluindo necessidades de resposta. ventiladores e monitores com pessoal qualificado que
pode operar o equipamento no atendimento aos doentes.
FlÍ..rça/Adn{rúrErçao
. Monitorar custos, executar contratos, fornecer
àconsêlhamento jLrrídico. Preparação Hospitatar
. l,lante. reSistros de pessoal.
A preparação hospitalar para desastres inclui
antes que ocorra um desastre. Os cargos devem ser planejamento e treinamento. A preparação envolve as
ocupados 24 horas por dia, 7 dias por semana. Cada atividades que um hospital se compromete a identiÍicar
pessoa na estrutura de comando deve supervisionar riscos, desenvolver capacidade e identiÍicar recursos que
apenas 3 aTpessoâs. Esta abordagem é significativamentê podem ser usados caso ocorra um desastre interno ou
diferente da estruturas de comando hospitalar. Todos os externo. Essas âtividades incluem fazer uma avaliaçáo
provedores devemaderir àestrutura do SCI para garantir de risco da área, desenvolver um plano de desastres para
que elesse integrem com sucesso na resposta âo desastre. todos os perigos que é revisado regularmentê e revisto
conforme necessário, e fornecer treinâmento para
PREPARAçÃO desastres que seja necessário para permitir que esses
planos sejam implementados quando indicado. Todos
Preparação Comunitária os planos devem incluir treinamento em prontidão
emergencial apropriada às habilidades dos indivíduos
O planejamento de desastres, seja em nível local, regional que estão sendo treinados e às funções especÍficas
ou nacional, envolve uma ampla gama de indiúduos e que eles seráo solicitados a realizar em um desastre.
recursos. Todos os planos devem envolver as principais É importante que os indivíduos façam o que estão
organizações médicas e de saúde pública da comunidade, familiarizados, se possível. O treinamento cruzado
bem como as âutoridades de segurança pública (por de capacidades funcionais também é importante na
exemplo, bombeiros, policiais, etc,). resposta a desastres.
As populações com necessidades especiais apresentam A preparação do hospital deve incluir os seguintes passos:
desúos únicos napÍeparaçâopara emergências em todos
os nÍveis, incluindo os hospitais. As crianças, os idosos, x . Providenciar meros de comunicaçào,
populações de estabelecimentos delonga permarência, os considerando todas as contingências, como
deficientes (tanto físicos como mentais), ospobres e os sem- perda de telefones fixos e circuitos celulares.
teto têm necessidades especiais nas ativiàdes de preparação . Providenciararmazenãmentodeequipamentos,
e resposta a desastres. Todos os planos de desastre devem suprimentos e quaisquer recursos especiais que
Ievar em conta esses grupos, que são frequentemente possam ser necessários com base na análise de
negligenciados no gerenciamento de desastres. vulnerabilidade a perigos locais {VPL).
Emborauma abordagem regional para o planeiamento . ldentificar prioridades em todas as quatro fases
seja ideal parao gerenciamento de MCES, as circunstâncias do ciclo de desasües.
APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prontidào para Emergências 293

Executar acordos pré-desastres para coordenação de uma instalação. Os simulados práticos de


transportar vítimas e/ou doentes internados exercÍcio em campo empregam pessoas e equipamentos
para outras instalaÇôes, caso a instalaçáo local reais e podem envolver departamentos/organizaçôes
Íique saturada ou inutilizada. hospitalares especíÍicos. Os exercícios de campo podem
Planejar a mobilização de recursos de surto ter um escopo limitado (ou seia, teste do serviço de
para cuidar de doentes que iá estão no hospital, descontaminação ou departamento de emergência) ou
envolver toda ã organização. A prepaÍaçáo para desastres
bem como as vítimas de desastres que chegam.
deve incluir exercícios práticos para determinar a
Fornecer treinamento em gerenciamento de verdadeira magnitude dos problemas do sistemâ.
desastres a não médicos e médicos. Os exercícios em massa devem incluir três fases:
preparação, gerenciamento de exercícios e tratamento
O planejamento também deve antecipar os elementos do doente. Durante afase depreparação, áreas funcionais
necessários na situação real do desastre e incluir esses de responsabilidade são claramente deÍinidas para
procedimentos: que possam ser avaliadas obietivamente. A fase de
gerênciamento de exercícios envolve uma avaliação
. Instituir precauções de segurança, incluindo objetivadetodos os prilcipais papéis funcionais no SCl. A
bloqueio hospitalar, se necessário. fase detratamento do doenteenvolve a avaliação objetiva
. Mobilize a equipe de comando de incidentes de capacidades funcionais bemdeÍinidas, como triagem
para o centro de comando de incidentes e reanimaçâo inicial.
pré-designado.
Ptanejamento Pessoat
. Notifique o pessoal em serviço e fora de serviço.
. Ativar o plano de desastre do hospital. O planejamento de desastres familiares é uma parte
. vital da preparaçâo para desastres hospitalares antes
Prepare áreas de descontaminaçáo, triagem e
do evento, tanto para o hospital quanto para seus
tratamento.
funcionários. A maioria dos proÍissionais de saúde tem
. Ativar equipes de desastres hospitalares responsabilidadesfamiliarese,seestiverempreocupados
previamente identificadas com base nas com a saúde e a segurança de suas famílias, podem ficar
capacidades fu ncionais. desconfortáveis - ou até incapazes - de cumprir suas
. Desenvolver plaros para assegurar a viabilidade do responsabilidades profissionais durante um evento de
fluxo unidirecional de doentes do departamento desastre. Os hospitais precisam planejar várias maneiras
de emergência para as unidades de intemaçáo.lsso de ajudar os profissionais de saúde a cumprir suas
inclui disponibilizar as camas do departamento de responsabilidades tanto para o hospitalquanto parasuas
emergênciapara os doentes que chegarem mais famílias. Entre essas necessidades estáo a assistência na
tarde. Muitasvezes os doentes menos atingidos identificação de recursos altemativospara o atendimento
chegam primeiro ao hospital; triagem para áreas de crianças e adultos dependentes e a garantia de que
fora do departamento de emergência para pêrmitiÍ todos os funcionários desenvolvam planos de desastres
a chegada de doentes mais críticos. familiares. Todos os planos de resposta específicos do
hospital dependem damobilização de pessoal adicional,
. Avaliar as necessidades dos doentes cujo primeiro dever em qualquer desastre será garantir
hospitalizados para determinar se recursos a saúde e a segurança de si e de suas famílias.
adicionais podem ser adquiridos para cuidar deles
ou se devem ser dispensados ou transferidos.
. Verificar suprimentos lpor exemplo, sangue, BUSCA E RESGATE
fluidos. medicamentos) e outros materiais
(alimentos, água, energia e comunicaçôes) Muitos desastres, tanto naturais como feitos pelo
essenciais para manter as operações do hospital, homem, envolvem um grande número de vítimas em
de preferência por um mínimo de 72 horas. estruturas em colapso. Muitos países, incluindo os
. Estabelecer um centro de informaçôes públicas Estados Unidos, desenvolveram equipes especializadas
de busca e resgate como parte integrante de seus planos
e fornecer instruções regulares ao pessoal do
nacionais de desastres. Os sistemas Iocais de serviços de
hospital e às famílias.
emergência médica (SME) também têm ativos de busca e
Existemvários tipos detreinamentos e exercícios de salvamento como parte de suasequipes efrequentemente
desastre. Exercícios de mesa usam cenários escritos e usam pessoal hospitalar para auxiliar na reanimação e
verbais para avaliar a eÍicácia do plano global de desastres e amputaçôes de campo. Membros das equipes de busca e
294 APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prontidào parê Emergências

salvamento (SAR) recebem treinamento especializado Triagem Médica de Campo - Nívet 2


em espaço confinado e outros ambientes e geralmente
incluem o seguinte pessoal: A triagem médicaé a rápida categorização de doentes
por proÍissionais médicos experientes em um local de
Especialistas médicos de cuidados agudos coleta de vítimas ou no hospital (instalaçâo médica fixa
Especialistas técnicos conhecedores de ou móvel). O pessoal médico que realiza a triagem deve
materiais perigosos, engenharia estrutural, ter conhecimento de várias lesões/doenças causadas
operação de equipamentos pesados e
por desastres. Muitos hospitais usam triagem de
metodologia de busca e resgate técnico desastre em seus departàmentos de emergência para
melhor familiarizar os prestadores de serviços médicos
Cães treinados e seus manipuladores com as categorias de triagem.

TRIAGEM DE V|TIMAS DE DESASTRE


. Vermelho-São necessárias intervenções que
a üda (üas aéreas, ventilação, cúculação).
salvem
. Amarelo-Intervenções de salvamento
A triâgem é um dos aspectos mais importantes e imediato nào são necessárias.
psicologicamente desafiadores da resposta médica do . Verde-É necessário cuidados médicos mínimos
desastre, tanto durante as fases pré-hospitalar como ou nenhum, ou o doente tem danos psicogênicos.
hospitalar da resposta a desastres. Isto é especiaLmente
verdadeiro para os desastres que ocorrem em ambientes
. Preto-O doente está morto.
austeros, onde os recursos e os recursos de evacuação
são Limitâdos. Triagem Médica de Campo - Níve[ 3
A triagem de desastre é signiÍicÀtivamente diferente
da triagem convencional. O objetivo da triagem A triagem de evacuação atribui prioridades àsvítimas
convencional de trauma fazero bemmaior para o doente
é de desastres paratransferênciaparainstalaçôes médicas.
individual. A gravidade da lesão/doença é o principal O objetivo é a evacuaçáo apropriada {por terra ou por
determinante da categoriade triagem quando recursos ar) das vítimas de acordo com a gravidade da lesão, a
adequados estão disponíveis para o cuidado do doente. probabilidade de sobrevivênciae os recursos disponíveis.
Em contraste, o objetivo da triagem de desastre é fazer o Uma categoriâ de triagem, a categoria €xpectante ou
"maior bem para o maior número de doentes". Em um paliativa, é exclusiva dos eventos de útimas em massa.
evento de grande número devítimas, os doentes críticos Os doentes são classificados como "expectantes" se
têm maior chance de sobreviver com o menor gasto de não se espera que eles sobreüvam deüdo à graúdade
tempo e recursos (isto é, equipamentos, suprimentos e dos ferimentos (grandes lesóes por esmagamento ou
pessoal) sáo tratados primeiro. Os princípios do ATLS, queimaduras extensas na superfície do corpo) ou doenças
embora modiÍicados em desastres, ainda orientam subjacentes e / ou recursos limitados. A categoria expectante
as equipes de trauma na triagem das vítimas com os de triagem foi desenvolüda pela primeira vez, dada a
ferimentos contusos e penetrantes üstos em desastres. ameaça da guerra química durante os conÍlitos militares.
Tradicionalmente, essa categoria de vítimas de
NÍVEIs DE TRIAGEM EM DESASTRES desastres foi classiÍicada como amarela ou atrasada.
Atualmente, a maioria dos sistemas EMS e hospital
A triagem é um processo dilâmico e redurdante de tomada classifica os doentes em expectativa como uma
de decisões que combina as necessidades dos doentes com categoria separada de triâgem com uma designação
os recursos disponíveis. A triagem ocorre em muitos de cores diferente e administra os cuidados paliativos.
níveis diferentes à medida que os doentes passam da A clâssificação da catêgoria expectante de vítimas de
cena do desastre para o atendimento médico definitivo. desastre permanece controversa e deve ser decidida no
momento do desastre.
Triagem Médica de Campo - Nível, I
ERRO DE TRIAGEM
A triagem médica de campo envolve a rápida
categorização das vítimas de desastres que Erros de triâgem, sob a forma de triagem e subtriagem,
potencialmente precisam de atendimento médico estão sempre presentes no caos dos desastres. A
imediato "onde estão" ou em um centro de triagem triagem excessiva ocorre quando doentes não críticos,
de vítimas. Os doêntes sâo designados como agudos sem lesões que ameaçam a vida, são designados para
ou não agudos. O código de cores pode ser usado. cuidados urgentes. Quanto maior a incidênciade doentes
com excesso de triagem, mais o sistema médico Íica
APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prontidào para Emergências 195

sobrecarregado. A subtriagem ocorre quando doentes


gravemente feridos que necessitam de cuidados médicos
DESCONTAMINACAO
imediatos são atribuídos a uma categoria inferior.
Subtriagem leva a atrasos no tratamento médico, bem A descontaminação é a remoção de mat€riais
como aumento da mortalidade e morbidade. perigosos, de pessoas ou equipamentos contaminados
sem contaminar mais o doente e o ambiente, incluindo
ARMADILHA PREVENCÀO hospitais e equipes de resgate. A descontaminaçeo pode
ser necessária após desastres naturais e provocados
pelo homem.
Os prestadores de Triagem básicã na gíàvidade
sêrviÇos médicos dâ tesão e pÍobabiLidade As equipes pré-hospitalar e hospitalar devêm
reâLizàm super- de sobrevivência, ê não determinar rapidamente a probabilidade de vítimas
triâ8êm de criançàs e consideraçóes emocionars dê contaminadas em um desastre e proceder de acordo. A
muLheres gÍávidâs idade e sêxo descontaminação deve ser realizada antes de os doentes
entrarem no departamento de emergência. Não fazer
As vítimas de lêsóes Embora a mortaLidadê seja isso pode resultar em contaminação e subsequente
poÍ êxplosão são si8nificatrvâ, bàseje a tÍrêBem
quarentena de toda a instalaçáo. A segurança hospitalar
sLrpêÍ-triadas dêvido das vítimas sobreviventes
ao mecanismo de nos princípios da ATLS e na e a polícia local podem ser obrigadas a bloquear uma
lesào gravidade da Lesâo, e não ôa instalação para impedir que doentes contaminados
etiotogiã do desastre entrem no hospital. Eventos como o ataque terrorista
usando o agente nervoso Sarin em Tóquio em 1995
mostraram que até 85% dos doentes chegâm ao centro
TRATAMENTO MEDICO DEFINITIVO de saúde sem descontaminação pré-hospitalar.
Os princÍpios básicos em respostâ a qualquer
Cuidados médicos definitivos referem-se acuidados que incidente com materiais perigosos sào os mesmos,
irão definir conduta em vez de simplesmente estabilizar independentemente dos agentes envolvidos. Remoção
a condição de umavítima. O atendimento maximamente de roupas e jóias pode reduzir a contaminaçâo em
aceitávelpara todas asvítimas de desastres náo é possível até 85yo, especialmente com agentes biológicos e
nos êstágios iniciais do desastre, dado o grande númeÍo radioativos. Para se protegerem durante a descontâmi-
de doentes em um evento de grande número de vítimas. nação, os médicos devem usar o nível apropriado de
Nos estágios iniciais do desastre, o atendimento ao equipamento de proteção individual.
trauma minimamente aceitável {ou seja, o atendimento O local para descontaminação é organizado em três
de gerenciamento de crises)para fornecer intervençóes zonas: a zona quente, a zona morna e a zona fria.
que salvam vidas é necessário para proporcionar o maior
beneficio para o maiornúmero de individuos. A cirurgia A zona quente é a área de contaminação. A área
de controle de danos é um componente importante deve ser isolada imediatamente para evitar
dos cuidados de gerenciamento de crises. Em muitos mais contaminâção e vítimas.
desastres, os hospitais são destruídos e o transporte A zona morna é a área onde ocorre a
para instalações médicas pode não ser viável, ou o
descontaminação. A zona morna deve estar
meio ambiente pode estar contaminado. Para garantir "a favor do vento" e "acima" da zona quente.
acapacidade de surto, muitos hospitais usam insta.lações Antídotos intramusculares (lM) e procedimentos
móveis que podem fornecer uma resposta gradual e médicos, como o controle da hemorlagia.
flexível para o atendimento ao trauma. podem ser administrados aos doentes antes da
descontaminação pelo pessoal médico usando
EVAC UACÀO equipàmentos de proteção adequados.
A zona fria é a área onde o doente
A evacuação é frequentemente necessária em descontaminado é levado para cuidados
desastres, tanto na cena do desastre como para de6nitivos, se necessário, e disposição
facilitar a transferência de doentes para outros (transferência para outras instalaçôes ou alta).
hospitais. Os prestadores de cuidados agudos, além
de seu conhecimento médico, devem estar cientes A escolha da técnica de descontaminação
das alterações fisiológicas decorrentes do ambiente (descontaminação bruta versus descontaminação
hipobárico e da diminuiçáo da pressão parcial de total) depende do número de vítimas, gravidade
oxigênio que pode ocorrer durante a evacuaçáo do da contaminação, gravidade das lesôes e recursos
doente por uma aeronave. disponíveis. Existem dois tipos de descontaminação:
296 APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prôntidào para Emergênciâs

. A descontaminação bruta consiste em remover Lesóes por explosão envolvem, portânto, trauma
as roupas e jóias do doente e, se possível, irrigar contuso e penetrante. Por fim, o colapso estrutural
todo o corpo do doente com água. As vÍtimas pode resultar em Iesôes por esmãgamento, detritos
podem ser enxaguadas com mangueiras de significativos que induzem problemas respiratórios
e nas vias respiratórias, e incêndio que pode resultar
água e sprays.
em lesão térmica. O conhecimento das diretrizes do
. A descontaminação total é mais demorada ATLS para o manejo de l€sóes traumáticas é essencial
e cara. Muitos hospitais usam tendas de para os profissionais que estão no tratamento de tais
descontaminaçáo portáteis para este fim. lesões complexas.

Mecanismos de lesão por explosão incluem


ARMADILHAS PREVENCAO

Contaminàção da ldentifique doêntes


. Lesoo por Explosdo Primrlria - Lesóes resultantes

instaLação, levàndo que necessrtam de dos efeitos diretos da onda de choque e que afetam
à

quarentenà descontamrnacào. principalmente os órgãos que contêm gás: o trato


Descontamine os doentes que gastrointestinal, o pulmáo e o ouvido médio.
prêcisam antes dã adm,ssão
na inYcabçào.
. Lesrio Secundcirio por Explosôo - Lesóes
Assegure-se dê que os resultantes de doentes atingidos por objetos
fornecedores que rêalizam e fragmentos que foram acelerados pela
a descontamrnâçào estelâm explosão. IEDs e outros dispositivos explosivos
dev,damente tre,nados e
costumam estar cheios de parafusos, pregos ou
usem EPladequàdo para o
agênte envo[vrdo
outros objetos pontiagudos.
Dêsignar pessoâ[ de . Lesõ.o por Explosdo Terciório - Lesóes resultantes
seguranca pêra proteSer
das vítimas serem lançadas pelos ventos fortes
âs entradàs para rmpedir a
produzidos pelas ondas de impacto.
admissào náo intencional de
doentes contêmrnados . Lesôo por Explosôo Quoternciria - Todos os
outros ferimentos causados por explosivos,
como queimaduras, lesôes por esmagamento
e inalaçôes tóxicas {monóxido de carbono,
poeira, gases quentes).
TIPOS DE FERIMENTOS ESPECIFICOS
Os fator€s prognósticos que afetam a mortalidade e
A seguir êstão as descriçóes das principais a morbidade incluem orientação da vítima à explosão,
características, consideraçóês especiais e diretrizes magnitude da explosáo, ambiente da explosão (exterior
de tratamento para lesões e doenças por explosão, versus interiorversus embaixo d'água), colapsoestrutural,
produtos químicos e radioativos. precisáo da triagem e recursos médicos disponíveis.

LESõES POR EXPLOSÃO LEsõEs E DoENçAs ouíMrcÂs


Lesôes por expiosões sào Iesões comvários níveis de risco Há várias considerações especiais no cuÍdado delesões e
de vida. A onda de choque é uma onda de sobrepressâo doenças químicas, seiam elas agentes nervosos, agentes
supersônica criada por explosivos de alta potência. Essa asÍixiantes, agentes pulmonares ou agentes vesicantes.
onda pode produzir lesões nas interfaces do fluido Agentes nervosos (por exemplo, Tabun [GAl, Sarin
do ar, de modo que potencialmente possa resultar IGB], Soman IGD] e VX] entram no corpo por via
em lesão pulmonar e gastrointestinal. Dispositivos percutânea (através da pele) ou por inalaçâo (através dos
explosivos improvisados {lEDs)são bombas caseiras e/ pulmões). EIes afetam o sistema nervoso colinérgico,
ou dispositivos destrutivos proietados para matar ou tanto o sistema muscarínico (músculos lisos e glândulas
incapacitar pessoas e são um desafio pârticular para exócrinas) quanto o sistema nicotínico (músculos
os membros da equipe de trauma. Estes dispositivos esqueléticos, nervos pré-ganglionares, medula supra'
sâo às vezes embalados com projéteis que resultam renal ). Agentes nervosos interrompem os mecanismos
em múltiplas lesões penetrantes. O vento da explosào normais pelos quais os nervos se comunicam com
é capaz de jogar a vítima em obietos estacionários. músculos, glândulas e outros nervos.
APÊNDICE D r Conduta em Desâstres e Prontidão para Emergências 297

Os sintomas da exposição do agente nervoso após vesicantes incluem eritema e vesículas, coniuntivite,
grande exposição a líquidos ou vapores incluem perda dor e desconforto respiratório superior.
de consciência, convulsões, apneia e paralisia flácida. Agentes antimotim, como cloroacetofenona (CN)
Asfiriantes são substâncias químicas que interferem e clorobenzalmalononitrila (CS), são gases lacrimais
com a capacidade do corpo de realizar o metabolismo ou lacrimatórios. Os sintomas da exposição incluem
aeróbico. Um exemplo é o cianeto de hidrogênio, um ardor nos olhos e na pele, desconforto respiratório e
veneno mortal quê causa â morte em poucos minutos. broncoespasmo.
Os sintomas de uma grande exposição a um asfixiante Consideraçóes especiais no cuidado de lesôes
incluem perda de consciência, convulsôes, apneia e quÍmicas são delineadas nos. QuADRos D-3 E D-4.
parada cardíaca.
Agentes pulmonares sào substâncias que causâm LESõES RADIOATIVAS E DOENCAS
edema, tal como fosgio e cloro.
Os agentes vesicontes são substâncias que causam Existem dois tipos principais de radiação ionizante:
eritema (vermelhidão) e vesículas (bolhas) na pele,
bem como lesões nos olhos, vias aéreas e outros órgáos. 1. Radiação elêtromagnética (radiação externa: raios
Mostarda de enxofre e Lewisite sáo exemplos de gama e raios-x).-tecido, irradiando vítimas, mas
agentes vesicantes. Os sintomas de exposiçâo a agentes náo deixando radioâtividade para trás.

OUADRO D-5 CONSIDERACÔES ESPECIAIS NO CUIDADO DE DANOS OUíMICOS

Atantaa Narvoaoa Atantaa Pulmonarua


. Ventitação com oxigênio . Rescisâô de exposiçào
. Sucçào de sêcreçÕes dãs viâs âéreas . Oxigênio/ventilâção, conforme ôecêssário
. Atropina (antídoto) - afeta os sintomô9 do sistemê muscârínico . Nenhumà atividade ÍÍsical
. Pralidoxima (2-PAfl) (antÍdoto) - afeta os sintomãs do sistemâ Atantaa VGalcantla
nicotíníco. O momento da administração dà z-PAM é críüco, . Decontâmanâçào
porque a [igação dos agentes nervosos à coljnesterâsê . l'aanejo sintomático das lesóês
(enzima responével pela quebra do neurotransmissoa A!.,t r .ndmo'dm (t ... t cdm.l./t crlm.tórlo.)
acetllcolina) pode se tornar rrreve.sÍveL com o tempo . GeÍàLmente nâo êpresenta risco de vrdâ
. Diazepàm - tratamento para convulsôes . Manejo sintomático das Lesôês
. DuoDote inietor âutomáhcô simples {atropinà r praüdoxima) . lrrigêçâo saLina normal para olhos ou água fria ê
. Kit l.4ark I - àuto-jnjêtores dê ctoreto dê atropinà + pràÜdoxima detergente líquido pôía as árêas afetadas do corpo.
taíür Arfulrírtar . CN (c[oroacetofenona] e CS (clorobenziLideno
. Ventilaçâo com oxigênio maLonon,trato) mais comuns.
. Kit de antídoto de cianêto ou hidroxocobatamina lV (de
preferência)

OUADRO D -,+ TOXIDROMES CLASSICOS

Erpo.lçao . A!.itâ. .rvo.o. (Slrt m. Murc.rínlco) Erpc.iça. .or Siírtom.. do At.nt! N.rvo.o (sl.t m.
Nlcoúnico)
SLUDGE'} DUMBELS*
MTw(t)HF^
tàtrvàçào, Diarréia,
Lêcrimejâmento Urina. micçào Mid.íase
Urina, micção líiose ÍaqL,icardia
Defêcaçào lradacâídiâ, Broôcoíreiã, BÍoncoespasmo W frâqueza (muscular)
Gastroenterite Emese (t)Hipertensão, hipergticemia
Emese Lacrimêjômento Facacu[açôes
SaLivação. SecreÇÕês, Sudoresê

^ Ffêitos Ni.otínicôs
' Efêitos muscãrínicos trâtâdos com atropinâ
298 APÊNDICE D t Conduta em Desastres ê Prontidão para Emergêncras

2. Radiaçâo de partÍculas {panículas alfa e beta) ' Nào Princípios da gestão de emergência de vítimas de
penetra facilmente nos tecidos. (A quantidade radiação incluem:
de radiação absorvida pelas células é medida em
Grays (Gy) ou novo padrão int€rnacional de dose Aderir aos princípios convencionais da triagem
de radiação, o rad 1Gy = 1gg ,u6.1 de traumas, porque os efeitos da radiação são
retardados.
A exposição à radiação pode consistirem
contaminação €xterna, corpo inteiro ou localizado Realize a descontâminação antes, durante ou
ou contaminação interna. Com contaminâção após a estabilização inicial, dependendo da
externa, detritos radioativos são depositâdos no corpo gravidade da lesão.
e na roupa. Com contaminaÇão interna, os detritos Reconheça que os detectores de radiação têm
radioativos são inalados, ingeridos ou absorvidos. limitações específicas e muitos detectorês
Assuma a contaminação externa e interna ao responder
medem apenas radiação beta e gama.
a desastres envolvendo agentes radioativos.
A cirurgia de emergência e o fechamento
Gêrenciamênto de Emergência de Vítimas de de feridas cirúrgicas devem ser realizados
Radiação pÍecocemente em vítimas de exposição à
radiação.
Os efeitos médicos da radiação incluem dano tecidual
focal e necrose, síndrome de radiação aguda (ARS, I Os reatores nucleares contêm uma mistura
QUADRo D-5), e efeitos a longo prazo que podempersistir específi ca de elementos radioativos.
semanas a décadas, como câncer de tireoide, leucemia Comprimidos de iodo são eÍicazes apenas
e catarata. contra os efeitos do iodo radioativo na tireoide.

. QUADRO D-6 descreve as carâcterísticas chave de I


OUADRO D-5 SÍNDROME OE RADIACÀO diversos cenários de ameaças radioativas.
AGUDA (SRA)

. Grupo dê sub-síndromes clínicas que se desenvotvem


OUADRO H CENARIOS DE AMEATAS DE RAOIÁCAO

agudámente (dentro de â[guns segundos a vários dias)


após â erposicão à râdiâção ionizante penetrante acima
Drto çõ.r itucfxrü
Três tipos de Lesôes resuttam de detonacôes nucteares:
de doses de lGy (100 rads) em todo o corpo.
. sRA âfeta diferentês srstemas, dependendo da dose
. Lesóes por exptosào - ondas de sobreposrçáo

totâL de radiacão recebida.


. Fêaimentos téÍmicos - queimaduÍas por fl,ash e chôma
t Baixas doses prejudicam predominantemente o sistema
. Lesõês poÍ radraÇáo - ir.adiacào por ondas gamâ e
hematopoiético. nêutrons e detritos radioativos (precipitaçào)
. Doses crescentês dânificam o sistemô gastrointestina[,
Darrtün. rL d. l,ti Laltaf l*Id.r
o sistema caÍdiovasculàr e o sistema nervoso cêntràl,
. O núcleo deve superaquecer, fôzendo com que o

nessê oídêm.
combt stíveL nuctear dêrreta
. Ouânto maioí â exposição, mêis cedo âparêceião os
. Deve ocorrer faLhâ de confinamento, Liberando mâteriais
râdioativos no ambieôte
sintomas e pior seíá o paognóstico.
lIr Írcdémlcr ON.Fr|lo d. frd.Éo (à.íüà. r*l
. Sintomas - náuseas. vômitos, diaÍreia, fadiSa
. b(pLo5ivo convencionaI projetado pârà espathar mâteriaL

Fax Latürta
. Duração dâ variável de fâse dependendo do nível de
. Nenhuma expLosào nucLeâr
exposição DLf-.bf*lóth. hfa..
. Sintomas e sinaas - retativamente assíntomáticos, fadiga
. Dispositivo radioativo simpLes que emitê radioatividade
depíessão da meduta óssea sêm exptosào
. Umô contagem reduzada de [infócitos pode ocorrer
dentro de 4E horôs e é um indicador cLÍnico da
gravidade dâ radiação.
Dcüre. l.hnlG.etr ARMADILHAS
. Sintomas - sintomas ctínicos associados a lesões no
sistema principat (meduLa. intestinal, nêurovascutar)
!L.t ort â+.ãçlc As quatro armadilhas comuns na resposta médica
a desastres são sempre as mesmas - segurança,
comunicaçôes, erros de triagem, e recursos em excesso.
APÊNDICE D r Conduta em Desastrês e Prontidâo para Emêrgênciâs 299

médicos precisam incorporar os princípios-chave do


ARMADILHA PREVENCAO atendimento a desastres.
O objetivo da resposta médica do desastre, tanto pré'
SeguranÇâ lncLuà provisôês de seBUrança em hospitalar quanto hospitalar, é reduzir a mortalidade
inadequàda planos de desastre. crítica associada a um d€sastÍe. A taxa de mortalidade
Estejà preparado para redirêcionar/ crítica é deÍinida como aporcentagem de sobreviventes
lamitaÍ o ftuxo para o hospitaL. gravemente feridos que morrem subsequentemente.
Esteja âtento ao ambiente Inúmeros fatores influenciam a taxa de mortalidade
(consciência situacionaL). crítica, incluindo:

Comunicaçào Náo âssuma que os telefones fixos Precisão de triagem, particularmente a


fatha. e ce[uLares funcioôarão. incidência de triagem excessiva de vítimas
Tenha backup, como corredores Movimentaçâo rápida de doentes para cuidados
e rádios waLkiê-tôikie disponíveis definitivos
para uso
Implementação de procedimentos de contÍole
de danos
Íriagem erÍr Pegue os recursos disponíveis em
considêraçào. Coordenação de preparação paÍa desastÍes regionais
Use cuidados miôirnamênte
aceitáveis (cuidados de BIBLIOGRAFIA
gêrenciômentô dê crises).

Sub-triagern Use pessoaL treinôdo em lflàgem 1. Ahmed H, Ahmed M, et al. Syrian revolution:
rápidà parê exêcutar êssa tarefâ. a field hospital under attack. Am,l Disoster Med
Aptrque os ABCDs dentro dâ 2ot3;814); 2s9 -265 .
estrutura de fazer maior bem para 2- American Academy of Pediatrics (Foltin GL,
u o maior número de doentes. Schonfeld Dl, Shannon MW, eds.). Pediatric
Terrorism ond Disaster Preparedness: A Resource
Capacidadê Lembre-se que capacidade não é a for Ped.iatricians. AHRQ Publication No. 06-
inádequadô mesma coisa que comPetência. 0056-EF. Rockville, MD: Agency for Healthcare
pâra Serenciar Fôçâ provisõês pàra a obtênção Research and Quality; 2006. http://www.ahrq.
do pessoaI e eqLripamento org/research/pedprep/resource.htm. Accessed
doentes- necessáfl os pêra atinhar February 26, 2008.
câpacrdade ê competêncrê. 3. Bartal C, Zeller L, Miskin I, et al. Crush syndrome:
saving more Iives in disasters, Iessons Iearned
from the early-response phase in Haiti. Arch
As lições aprendidas com os desastres anteriores sâo Inter n Me d. 207lil7 ll7 l :69 4- 69 6.
inestimáveis para nos ensinar como nos preparar 4. Born C, Briggs SM, Ciraulo DL, et al. Disasters and
melhor para elas. mass casualties: II. Explosive, biologic, chemical,
and nuclear agents..l Am Acad of Orthop Surg
20Q7;158:461-473.
RESUMO 5. Briggs, SM. Advanced Disoster Medicai Response,
Manualfor Províders.2nd ed. Woodbury, CT: Cine-
Med; 2014.
Uma abordagem consistente de desastres por pafte de 6. Committee on Trauma, American College of
todas as organizaçôes, incluindo hospitais, com base Surgeons. Disoster Monogement and Emergency
na compreensão de suas características comuns e da Preparedness Course. Chicago, IL: American
resposta que elas exigem, está se tornando a prática College of Surgeons; 2009.
aceita em todo o mundo. O principal objetivo em um 7. Gutierrez de Ceballos JP, Turegano-Fuentes
evento é reduziramortalidade e amorbidade causadas F, Perez-Diaz D, et â1. 11 March 2004: the
pelo desastre. O curso ATLS é um ativo importante para terrorist bomb explosions in Madrid, Spain-
atingir esses obietivos. an analysis of the logistics, injuries sustained
As diretrizes do ATLS para o gerenciamento de and clinical management of casualties treated
lesões traumáticas são aplicáveis a todas as situações at the closest hospital. Crit Care 2005;9:
de desastre. Todos os prestadores de serviços 104 111.
300 APÊNDICE D r Conduta em Desastres e Prontldão para Emergênclas

8. Holden, Pr. Perspective: the London attâcks-a 15. Pediatric Task Force, Centers for Bioterrorism
chronicle. N Engl,l Med 2005;353:541-550. Preparedness Planning, NewYork City Department
9. Kales SN, Christiani DC. Acute chemical of Health and Mental Hygiene (Arquilla B, Foltin
emergencies. N En gl J Me d 200 4;35018 ):800-808. G, Uraneck K, eds. ). Children in Disastersr Hospitol
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Deployable, portable and temporary hospitals; York: New York City Department of Health and
one state's experiences through the years, Am,l Mental Hygiene; 2008. https://www1.nyc. gov/
Disaster Med, 2014;9(3) :195-207. assets/doh/downloads/pdflbhpp/hepp-peds-
11. LatiÍi, R, Tilley. E. Telemedicine for disaster ch il dre n i n di s a ste rs- 010 7 0 9. p df. Accessed
management: can it transform chaos into an January 4, 2017.
organized, structured care from the distance? 16. Sechriest, VF, Wing V, et al. Healthcare delivery
Am,[ Dis Medicine 2014;9ll):25-37 . aboard US Navy hospital ships following
12. Lin G, Lavon H, Gelfond R, et al. Hard times call earthquake disasters: implications for future
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guidance for the first 48 hours after the outdoor Katrina and Rita: a national perspective. Pediatrics
detonation of an explosive radiological dispersal 2011;128:531.
device. Heolth Phys 2006;90(4):377-385.
E
Apên llCe
ATIS E EQUIPE DE TRAUMA
MANEJO DE RECURSOS

OBJETIVOS

l. Dêscrever a confiSuração da Equipe dê Trauma 5. Descrever como uma êquipê pode efeüvamente
(rEAM). rea[izar o protocoüo ATLS.

2. ldentificar funções e responsabi[idades do [Idêr da 6. Descrever as methorês práticas de comunicâção


equiPe. entre membros da equipe.

3. Discutir as qua[idades de uma [iderânça eficaz. 7 Descrevêr áreâs de conftito em potencial dentro
de uma equipe de trauma e os princípios gerais de
4. Listar os pâpéis e responsabitidades. tesülo.

I pesar dos avanÇos no atendlmento ao trauma, as treinado no pode funcionar com outras pessoas
ATLS@
para oferecer um excelente atendimento de equipe com
Ai:::r";:ifl ::r:il"',",-Jlrit'i#"*""lfi"r um objetivo comum. No mundo da saúde de hoje, muitas
quebra de comunicação. No dinâmico e único ambiente equipes têmpoucachance de preparar ou praticar iuntos;
do departamento de emergência (DE), o tratamento no entanto, o conhecimento do TEAM pela equipe de
complexo do trauma requer um trabalho em equipe trauma oferece atodos os membros meios parâ otimizar
multiprofissional e um gerenciamento de recursos o desempenho.
excelentes. O sucesso requer não apenas competência Este apêndice também abordacomo o modelo ATLS@
individual em Suporte Avançado de Vida no Trauma se aiusta confortavelmente ao TEAM, descreve as
(ATLS@), mas também uma equipe de trauma bem qualidades de um llder de equipe eficaz, sugere maneiras
coordenada. de integÍar membros da equipe de trauma a novas equipes
Este apêndice descreve osprincípios de gerenciamento e descreve a comunicaçào eficaz nesse cenário. Para
de recursos da equipe destinados a fazer o melhor uso os propósitos deste apêndice, "lider" em um contexto
do pessoal, recursos e informações disponíveis. O de ATLS é entendido como r€presentando a pessoa
gerenciamento de recursos da equipe é um con,unto que gerencia, lidera ou assume o papel dominante na
de estratégias e planos para fazer o melhor uso dos ressuscitação de uma útima de trauma multissistêmico.
recursos, informações, equipam€ntos e pessoas
disponíveis. Historicamente, o ATLS@ conc€ntrou-
CONFIGURACÀO DA EOUIPE DE TRAUMA
se nas melhores práticas de avaliação e tratamento
para um único médico que atende vítimas de traumas
multissistêmicos. Na verdade, as equipes geralmente Asequipesde traumaseo compostas idealrnênte porum
prestam assistência ao trauma; portanto, o trabalho em grupo de pessoas que trabalham exclusivamente com os
equipe é uma parte fundamentaldo protocolo do ATLS6. doentes de trauma. No entanto, na maioria das instituiçôes
Para funcionar bem como parte de uma equipe, o isso nào é possível, portanto, as equipes precisam ser
indiúduo deve estar familiarizado com todas as etapas flexíveis e adaptar-se aos recursos disponíveis.
indiúduais necessárias para aJcançar o melhor resultado Uma equipe de traumadeve, no mínimo, sercomposta
possíveI. Este apêndice demonstra como um médico por:

303
504 APÊNDICE E I ATLS e Equipe de Trauma l'lanejo de Recursos

Líder de equipe (médico experiente em sucesso da equipe de trauma. A comunicaçâo abrange


atendimento d€ trauma) informações sobre o estado físico do doente (de acordo
com o ABCDEs) e as orientações do lÍder da equipe
Atendente da Via Aérea (especializado no
em resposta a essas informações. Frequentemente,
manejo de vias aéreas), referido como Doutor A membros adicionais se juntam àequipe após o início da
Assistente de Via Aérea ressuscitação. O líder da equipe deve, então, comunicar
a esses últimos os papéis que desempenharão e quais
Segundo Atendente, referido como Doutor B
devem ser suas contribuiçôes. (lnformaçôes adicionais
Dois enfermeiros, referidos como Assistente A sobre a comunicação dentro de uma equipe de trauma
e Assistente B são fornecidas mais adiante neste apêndice).
Muitas equipes de trauma não têm oportunidade
Pessoal adicional deve incluir, sempre que possível de treinar ou trabalhar como uma equipe consistente,
portanto, a coesão e o respeito mútuo podem ser mais
Um secretário/coordenador difÍceis de promover. O ATLS@ fornece aos membros da
equipe umalinguagem comum paraentender as ações e
Maqueiros/técnicos/auxiliares de enfermagem
os processos de pensamento umdo outÍo, principalmente
Técnicos de radiologia âo pdorizar as interaçôes durante avaliação inicial.
O feedback ou debrieÍing "pós-açào", depois que o
Especialistas (por exemplo, neurocirurgiào,
doente tenha sido transferido para cuidados definitivos,
cirurgião ortopédico, cirurgião vascular) pode ser valioso para reforçar o comportamento eÍicaz
da equipe e destacar áreas de excelência. Igualmente,
A equipe deve ter acesso a outras áreas do hospital, pode proporcionar aos indivíduos oportunidades de
incluindo o tomógrafo, o centro de angiograÍia, centro compartilhar opiniões e discuú melhorias do atendimento.
cirúrgico e as unidadês de tratamento intensivo.
A composição da equipe e pessoal de substituição
variam de país parapaís entre instituiçÕes. No entanto,
e
PAPÉIS E RESPONSABILIDADES
a composição da equipe e os procedimentos operacionais DO LíDER DE EOUIPE
padrôes - incluindo protocolos de transferência para
outras instalações - devem sempre s€r acordados e O lÍder da equipe é finalmente o responsável pela equipe
estabelecidos ântes do recebimento dos doentes. e seu trabalho. Vários elementos da liderança de equipe
podem afetar a eficácia da equipe e o resultado do
atendimento. lsso inclui preparaçáo da equipe, atenção
CARACTERÍSTICAS DE UMA BEM às informaÇôes na passagem do caso da equipe pré-
SUCEDIDA EOUIPE DE TRAUMA ATLSO hospitalar, direcionamento da equipe, responder às
informaçóes solicitadas, debrieÍing ou feedback com a
Uma equipe detraumabem sucedida e eÍicaz exige um equipe e também conversar com a famÍlia/amigos do
bom lídercom experiência não apenas no ãtendimento, doente. Um checklist para o líder da equipe de trauma é
mas também na liderança e no direcionamento da apÍesentada no r euaoRo E-1.
equipe. Os IÍderes de equipe de traumâ nào precisam
ser necessariamente os médicos mais antigos. Mais PREPARANDO A EOUIPE
importante é a sua experiência no atendimento de
acordo com os princípios do ATLS@, particularmente A preparação é um dos papéis mais importantes do
sua exposição aum amplo espectro de cenários clínicos. líder da equipe. . euAoRo E-2 resume o processo de
Eles exigem amplo conhecimento sobre como lidar instrução da equipe de trauma.
com situações desafiadoras e a capacidade de dirigir a
equipe enquanto tomam decisôes cruciais. EIes devem RECEBENDO O DOENTE
estarpreparados para assumir a responsabilidade final
pelas açôes da equipe. Independentemente da sua O ato da passagem do caso e entrega do doente envolve
experiência clínica, os lÍderes e os membros da equipe transfeÍira responsabilidade de umsistema para outro.
compartilham um objetivo comum: lutar pelo melhor Na medicina, isso geralmente significa a transferência
resultado possível parâ o doente. dos cuidados e da responsabilidade proíissional.
Princípios de comunicação podem ser desafiados No atendimento de vitimas graves, a transferência
em situaçóes estressantes com doentes gravemente é geralmente entre a equipe de atendimento
feridos. No entanto, a comunicação entre o IÍder e os pré-hospitalar e o líder da equipe de trauma no
membros da equipe é vital e um fator chave para o departamento de emergência {DE). É fundamental
APÊND|CE E r ATLS e Equipe de Trauma Manelo de Recursos 505

OUADRO E-I CHECKLIST PARA O LÍDER DA EOUIPE OE TRAUMA

Apresentar a equipe e âtribuir papéis. Vêrificar os rêsultâdos das iôvestigâcôes reaLizadas com
râpidez e precisão.
ldentifique o secretário.
Explique como ô equipe irá se comunicãí e usar os Certifique-se de qtre os famitiares estão cientes do que
está acontecendo.
intervâLos de têmpo.

Gârânürquetodos os membms da equipe cumpràm âs Chame membros adÍcionais dâ equape dê especiaIistas


precàuc, ões univêrsEi5.
quándo ôêcessárlo.

P[ânejêmênto dos cuidâdos definitivos e trânsfêÍência,


Certifique-se de que os assistentes estêjam disponÍveis
pa.a ajudar os membros da equipe. comunicâr-se com o médico receptot quando âpropriado-

Priorizar o atêôdimênto do doênte durante a àvaliação Verifique se a documentâcão êstá completa pa.a a

píimária. tÉnsferência.
Discutir com a equipe.
SoLicitar intervençÕes diâ8nósticas e procedimentos
clrnacos âdêquados, âssegurar que eles seiàm Íeâlizâdos
com rapidez e p.ecisão.

OUADRO E-2 LÍDER DE EOUIPE INSTRUINOO A EOUIPE DE TRAUMA

Apíesente-se ê garantâ que todos os membros saibam Enfàtize quê informaçôês importântes sobrê â ôvatiação
que você é o líder da equipe. primária dêvem ser comunicadas diÍetamente â você, Líder
dâ equipe.
Pecâ âos membros da equipe pâÍa se aprêsêntârêm à você
e àos outaos mêmbros quando etes chegarem. Dê rnstruçôes ctaras sobre quaisquer procedimentos
necessários du.ante a âvatiâção pnmária ê estabeleça à
Estãbê[êçâ os nÍveis dê habiLidâde dos membros dâ prioridâdê dessâs medidas.
equipe, especiaLmente sua competêncjâ parâ executâr
procedimentos pÍáticos e atribuir funções de foíma Exptique quê "intervàLos de tempo" ocoÍrem êm
adequada- Estabeteçà que os auxitiares de enfermagem âproximadàmente 2, 5 e l0 minutos. Estes dão a
estejam fàmitiaÍizados com o âmbiente, particuLârmente oportunidàdê de rever a condição do doente ê pLânejar
com a loca[izôção dos equipamêntos. reanimação adicionà1.

Atribuir o papeL de secretário a um membro âdequado da Enfatize quê os membros da equipe que prêcisam de
equipe e garaôtir quê a documentaçào adêquadâ seja feita Suporte, equipâmênto, medicamentos ou recursos
adicionais dêvem se comunicar diíetamente com você, o
Assegure-se de que os menbros dà equipe usem as líder da equipe
precauções unaveÍsais pàra se prote8er adequadâmente
.lê doen.âs iôfêcciosãs Cumprimentê todos os membros adacionâis que
chegãm parâ ajudar â êquipe, mesmo que sua ajudâ
ExpLique o procedimento dâ passaSem de caso dâ equipê nào sejâ imediatameôte necessária. Atribuir funçÔes e
pré-hospitatar responsabiLidades quando apropíiâdo. Por êxêmpLo.
um neurocjrur8ião pode não ser necessário duaante a
GãTântirqL.re os membros dâ equipe saibàm como avataaçào paimáraâ. màs pode ser necessário ao decidir se
comunicar achâdos pos,tavos ê ne8atavos importantes um doente necessrta de crâniotomia e/ou monitoramento
durante a âvaLiàção iniciaL, especialmênte quando a da prêssào intracràniana.
condição do doente se deteriorar

transmitir informaçóes importantes e relevantes para a Mecanismo


equipe assumir sem demora ou discussôes prolongadas.
O mnemônico MIST é uma excelente ferramenta Injúrias sofiidas
de transferência que pode ser usada em um ambiente
Sinais e sintomas
sob pressão para gãràntir a transferência segura de
informaçôes sem perda de detalhes importantes: Tratamento e transporte
306 APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma l'4ane]o de Recursos

Os processos de transferência podem variar de paÍs O lÍder dá instruções claras sobre os procedimentos,
para país e entre instituiçõês de saúde e municípios; garante que eles sejam executados com segurançâ
no entanto, existem duas opçôes prrncipais: e de acordo com os princípios do ATLS@. EIe ou ela
toma decisôes sobre as medidas auxiliares à avaliaçào
1. A equipe pré-hospitalar passa o caso para o primária, orienta a reavaliaçâo quando apropriada e
líder da equipe, enquanto a equipe de trauma determina como responder a quaisquer complicações
transfere o doente para a sala de emergência e inesperadas, como falha na intubaçâo ou acesso
continuâ a ressuscitaçâo. O Iíder da equipe, em vascular, orientando os membros da equipe sobre o que
seguida, relaciona as informaçôes importantes à fazer a seguir ou solicitando recursos adicionais. O líder
sua equipe durânte a avaliação primária. da equipe também providencia os cuidados definitivos

2. A equipe pré-hospitalar passa o caso para toda apropriados, garante que a transferência seja realizada
com sêgurança e rapidez, também faz o contato com
a equipe na chegada à sala de emergência. Esse
processo exige um breve período de silêncio
o médÍco que realizará os cuidados deÍinitivos- O
enquanto a equipe escuta as informações.
acrônimo SBAR fornece um modelo padrão para
garantir a inclusão de todas as informaçoes pertinentes
Qualquer opção é aceitável desde que a informaçáo ao se comunicar com as instalações de referência ou
se;a entregue de forma clara e concisa (rquaonor-l). de recebimento (ver CapÍtulo 13, Transferência para
Pode ser útil para a equipe pré'hospitalar registraÍ Tratamentos Definitivos).
os dados em um quadro branco ao qual a equipe e
seu líder podem se referir. Essas informaçÕes podem DISCUSSÃO COM A EOUIPE
incluir um histórico AMPTA (ver Capitulo 1: Avaliação
e Atendimento Iniciais). A discussão com a equipe oferece uma oportunidade
paraos membros da equipe refletirem sobre os cuidados
DIRECIONANDO A EOUIPE E RESPONDENDO prestados ao doente. Areas de sucesso e áreas que
À rrronmaçÃo requerem melhorias podem ser identiÍicadas, o que pode
melhorar o desempenho futuro. Idealmente, a discussáo
O líder da equipe é responsável por coordenar a equipe com a equipe ocorre imediatamente ou tão logo possivel
e responder às informaçôes durãnte o atendimento ao após o evento e incluitodos os membros da equipe. Siga
doente. Como ele ou elã deve manter a supervisâo geral um protocolo reconhecido que inclua perguntas como:
em todos os momentos e responder rãpidamente às
informaçôes da equipe, o líder da equipe não se envolve O que foi bem?
na realização de procedimentos clínicos. O que poderÍamos ter feito diferente?
O que aprendemos para a próxima vez?
Há algumas ações que precisamos fazeÍ
OUADRO E-3 PASSAGEM DO CASO PELA antesaa próxima vez (por exemplo, receber
EOUIPE PRÉ-H OSPIÍALAR treinamento especial, solicitar recursos ou
equipamentos adicionais)?
. Peça si[êncio à equipe

. Asse8urôa que uma pessoa falê de cada vez FALANDO COM FAMíL|A/AM|GOS DO
DOENTE
. Garantir quê não sejâ necêssário um procedimento
imediâto (poÍ exempLo, tratamento dô via aérea O líder da equipe de trauma é responsável por
obstíuÍda)- comunicar-se com a família/amigos do doente sobre
as lesões e oscuidados imediatos do doente. Poftanto, o
. Use ferramentas como MIST e AMPLA pârâ garant r que
líder da equipe deve ser um indivÍduo com experlência
informacôês comptetàs sejam coLetadês
em conversar com doentes e pârentes sobre situações
. Conceôtrê-se nosABCDES e estabeLeça quêis intervençôes
difíceis. Se necessário, os IÍderes de equipe podem
Íoram reatizâdas e como o doente respondeu. buscar treinamento adicional nessas habilidades.
Falar sobre os doentes gravemente traumâtizados é
. Anote os intervâlos de tempo crlticos, como o tempo uma das áreas mais difÍceis de comunicação entre
para extíicâcão e transporte. médicos e famílias. O líder da equipe deve assegurâr
que as Iinhas de comunicaçáo com os parentes seiam
. Registíe as informãções de contato da famítiâ / amigos do mantidas em todos os momentos, enquanto continua
doente a liderar a equipe e garantir o melhor atendimento
APÊNDICE E r ATLS ê Equipê de Trauma Í\,1anejo de Recursos 307

possível ao traumâ. Este trabalho pode ser um dos mais


desaÍiadores sobre ser um líder de equipe de trauma
. QUADRO E.4fornece dicas para uma comunicaçáo eÍicaz
em tais situações.
Se o líder daequipe precisar deixar o doente para falar
com a família/amigos, ele deverá aguardar até que a E
condição dele êsteia adequadamente estabilizada e ,r(
nomear outro membro da equipe para continuaÍ com !
a L
reanimação. Se a comunicação precoce com a família/
amigos do doente for necessária antes que o líder da i !th.r
equipe possa deixar o doente, um membro da equipe de \
enfermagem pode ser chamado para falar com os parentes
e mantê-los atualüadosaté que o líderda equipe chegue.
fr>
Essa abordagem também pode fomecer uma oportunidade
para a equipe começar a desenvolverum relacionamento
com a familia. Uma discussão precoce com a familia/ I FIGURA E-1 A comuni(ação (om a íamilia e os amigos ocorre em
um espaço privâdo e silen(ioso. ldeâlmente, o lÍder da equipê, uma
ãmigos também pode fornecer informações importantes
enÍermeirô, con5ultorê5 e5pê(ializâdo5 ê líderes religiosor podem
sobre ahistória médica do doente ou comorbidades que reÍ in(l!Ídos quando apropriado.
podem ser comunicadas à equipe durante o processo de
reanimaçáo. Diretrizes avançadas ou ordens de não reanimar
{DNR) devem ser discutidas com os parentes, se
apropriado. Quando informações e decisões difíceis
precisam ser discutidas com os familiâres, geralmente é
OUADRO E-,í DICAS PARA SE COMUNICAR aconselhável dartempo à família e espaço para reflexão,
coM A FAMtLTA/AMTGOS DO DOENTE movendo-os brevemente para uma sala adiacente à
sala de reanimação (. FIGURÂ E'1). No entanto, algumas
. Tente encontrar uma sata siLenciosa onde todos pessoas preferem permanecer com o doente em todos
(incLuindo você) possam estar sentados. os momentos, e seus desejos devem ser respeitados
sempre que possível. Embora as diretrizes variem por
. instituição, seguem as diretrizes gerais relacionadas
Sempre tenha outro membro da equipê com você. Se você
à família/amigos presentes na sala de ressuscitação:
tem que sair de repênte, eLê ou elâ pode ficârcom a fãmfua.

. Dedicar um membro da equipe para ficar


. Aprêsente-se e estôbeteça quem sào os membros da com a família/amigos e explicar o que está
família ou âmi8os e o quê eles já sabêm- acontecendo.
. Permitir que a família/amigos saiam e retornem
. Garanta à família/amigos que os outros mêmbros da a qualquer momento.
equipe continuam cuidândo do doente- . Assegurar se de que a família/amÍgos saibam
que podem escolher nào testemunhar seus
parentes submetidos a procedimentos invasivos.
. ExptiqrJe as coisas com cLaÍeza e rePata fatos importântes.
. Permita que a família/amigos façam perguntas e
permaneçam perto de seu parente [erido, se isso
. Permita tempo paía pelEuntas e seja honesto se você náo preiudicar o trabalho da equipe de trauma.
não soubeí âs respostas.
Embora permaneça sensível às preocupações da
. Não use frâses proôtas e nem dê fôlsas esperanças. família/amigos, o Iíder da equipe deve lembrar que
a responsabilidade final da equipe e fazer o melhor
possível para o doente
. Sêâpropriado. enfôtize que o doente náo está sentindo
dor ou sofrimento.
LIDERANCA EFETIVA
. Estêja p.epârado parã difêrentes reaçôês, incluindo
raiva. frustraçào e cutpa
Fortes habilidades de liderança podem melhorar o
desempenho ea eficácia da equipe, mesmo em situações
. Antes de deaxâr a fâmília, êxplique o que acontecerá a
desaliadoras. A prática médica requer competência,
se8uar e quando elês serão âtuatizâdos novamente
bem como proficiência em habilidades de trabalho
308 APÊNDICE E r ATLS e Equipê de Trauma lYanejo de Recursos

em equipe e liderança. Revisáo da Iiteratura revela


que, através de uma infinidade de publicações sobre o OUADRO E.5 COMPORÍAMENTOS CONSISTENTES
assunto, não háconsenso sobre a deÍinição de liderança. coM UMA LTDERANçA EFTCAZ
Teorias e pesquisas sobre liderança estão Ionge de estar
completas, e as ideias mudaram ao longo do tempo MostíaÍ uma preocupação sincerâ
refletindo influências sociais, políticas, econômicas
e tecnológicas. No êntanto, evidências de pesquisas Esta. acessíveL
consideráveis sugerem que a liderança da equipe afeta
o desempenho da equipe- Permiti. e encorajar a mudança
O trabalho da liderança teoricamente ampliâ a visão
do líder, os bons líderes são reconhecidos como pessoas Apoiar uma cuttuía de desênvoLvimento
que têm uma ampla gama de habilidades, qualidades
pessoais e compreensão organizacional. A liderança é um . Focar no esforço da equipe, inspirôndo os outros
processo relacional e compartilhado, e são as interaçóes
das pessoas que trabalham em colaboração que criam a . A8iÍ decasivamentê
Iiderança, independentemente do papel que ocupam.
. Construir uma visão compartilhada
OUALIDADES E COMPORTAMENTOS DE UMA
LTDERANçA EFTCAZ ReLacionamento inteapessoaL

Três principais qualidades de Iiderança destacada ResoLver probLemas compLexos


foram identificadas em entrevistas com lÍderes. LÍderes
proeminentes: PropoÍcionar mudanças com sensibiLidade

1. Pensam sistematicamente, vendo toda a imagem


com um senso de propósito. facilite e sustente um nível favorável de inovaçáo,
2. Percebem que os relacionamentos sào o caminho
exploração de ideias e aprendizado coletivo dentro
parao desempenho e, portânto, atendem aos
da equipe.
membros de sua equipe como parceiros. O clima é um tema comum em grande parte da
pesquisa sobre Iiderança e trabalho em equipe. Equipes
3. Mostram humildade, reconhecem sua altamênte funcionais têm uma àtmosfera que apoia
incapacidade de alcançar tudo e sua necessidade a contribuição individual e efetivamente distribui a
de confiar nos outros membros da equipe. atividade em toda a equipe. Um objetivo comum claro,
composiçâo suficiente da equipe e um sentimento de
A inteligência emocional é considerada um pré- satisfâçào com as realizações da equipe estão ligados
requisito para uma liderança eficaz. Estudos sobre a um forte clima de equipe.
liderança autêntica afirmam que a liderança é
positivamente afetada pela "medida em que um líder
FUNÇOES E RESPONSABILIDADES
está ciente ê eibe padrões de abertura e clareza em seu
comportamento em Íelação aos outros, compartilhando DOS MEMBROS DA EQUIPE
as informações necessárias para tomar decisóes,
aceitando sugestões de outros e revelando seus valores, Embora todos os membros da equipe precisem entender
motivos sentimentos pêssoais de uma maneira que
e os papéis e responsabilidades do líder da equipe, o
permita aos seguidores avaliar com mais precisào a conceito de "seguidores" enfatiza a importância de cada
competência € a moralidade das açôes do líder." r membro da equipe em contribuir para o âtendimento
QUADRo E-S lista comportâmentos que são consistentes âo trãuma. Esta seção aborda as maneiras pelas quais
com uma liderança eficaz. os membros da equipe de trauma podem se preparar
melhor e contÍibuir para um ótimo atendimento ao
CULTURA E CLIMA doente como parte da equipe.
Pode ser assustador tanto para o médico inexpeÍiente
Um atributo-chave de um líder eficaz é a capacidade quanto para outro proÍ'issional as primeiras vezes
de criar a cultura mais apropriada para o trabalho ser atendendo em uma equipe de trauma. Um bom líder de
realizado. O líder deve têr conhecimento suficiente equipe facilitará a integração dos membros da equipe na
sobre a cultura na qual o trabalho deve ser feito e a equipe, mas existem maneiras de ajudar os indivíduos.
capacidade de promover uma cultura que encoraie, Todos os que se preocupam com o atendimento ao
APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma l.4anelo de Recursos 309

traumapodem aiudar a garantirque os recém-chegados vez, pode afetar a participaçáo social nas equipes.
ao ATLS@ sejam integrados da forma mais positiva Respostas emocionais e os significados qu€ atribuímos
possível, náo apenas para o cuidado ideal do doente, a experiências altamente estressantes podem
mas também para contribuir para o desenvolvimento desempenhar um papel na formação da identidade de
continuo da prestação de cuidados através do trabalho um integrante e determinarcomo ele ou ela firncionano
em equipe do ATLS@. trabalho em equipe futura. Os efeitos adversos podem
resultar das experiências dos novatos em novas equipes,
O ME]'IBRO DA EOUIPE ATLSA poÍ isso toda a equipe se beneficia de garantir que os
recém-chegados esteiam bem integrados à equÍpe.
É importante que os membros da equipe do ATLS@
compreendam o que uma equipe ATLS@ faz, o papel do RESPONSABILIDADES DOS MEMBROS DA EOUIPE
lÍder da equipe, as funçóes dos membros da equipe, a
estrutura da equipe, a aplicação do ATLS@ na equipe, Os membros individuais da equipe são responsáveis por
estratégias de comunicação eficazes e armadilhas estarem disponíveis para responder a uma solicitaÇão de
comuns de trabalho em equipe. uma equipe de trauma. As principais responsabilidades
dos membros da equipe ATLS@ incluem preparação,
As diretrizes gerais para os membros da equipe ATLS@ recebimento do caso do doente, avaliação e tratamento
incluem: do doente e participação na avaliaçáo pós-ação,

1. Os membros da equipe não agem isoladamente- Preparando-se pâra a Chetada do Doente


Por mais breve que seia o tempo de preparação,
cada pessoa deve ser apresentâda por nome e Como membro da equipe, assegure-se de estarciente de
função na equipe. Por exemplo, "01á, meu nome suas funçóes, responsabilidades e recursos. Familiarize-
é Sanya. Eu trâbalho para a equipe ciúrgica se com o lâyout da sala de reanimação e a localização
de plantão. Eu posso ajudar com a avaliação dos recursos. Reconhecer que você é responsável por
inicial, mas especiâlmente com problemas de sua própria segurança e garantir que esteia sempre
circulação". De repente, chegar e se iuntar à protegido contra o risco de infecção, usando as
equipe sem uma introdução pode confundir e precauçôes universais.
até mesmo distrair outros membros.
Passagem do Caso
2. Esteia ciente e seguro sobre suas competências e
nunca hesite em pedir aiuda. Se o líder da equipe
Normalmente, a equipe pré-hospitalar irá passar para
lhe pedir para realizar um procedimento que você
o líder da equipe, que garante que a informação seja
se sinta desconfortável em fazer, peça ajuda.
rapidamente acessível a todos os membros da equipe.
3. Entenda o impacto do seu comportamento sobre Quando orientados a fazê-lo pelo lÍder da equipe, os
os outros membros da equipe. Discutir durante membros da equipe podem começar a avaliar o doente
uma decisão clínica afetará negativamente o mesmo durante a passagem do caso. Quando a equipe
fu ncionamento da equipe. pré-hospitalar está passando a toda a equipe, é vital
4. Quando você não concorda com o que está que os membros da equipe ouçam essa transferência
acontecendo, expresse razôável e caknamente suas e mantênham o nível de ruído no mínimo, para que
preocupações. Todos têm direito a uma opinião todos possam ouvir clâÍamente a equipe pré-hospitalar.
e um bom líder de equipe escuta todos na equipe
antes de tomar decisões clínicas importantes.
Avatiação e Tratamento do Doente
5. Confie no líder e em outros membros da equipe.
Todos estáo trabalhando em uma situação
Todos os membros da equipe devem rápida e
estressante e querem o que é melhor para
efetivâmente desempenhar suas funções atribuídas.
o doente. Cada membro da equipe merece
Avalie o doente de acordo com os princípios do ATLSÔ
respeito, independentemente do papel.
e comunique seus achados diretamente ao Iíder da
equipe, garantindo que eletenhaouvido as informaçôes.
A confiança é um fator essencial na eficácia de uma Os membros da equipe podem ser solicitados a realizar
equipe, embora possa ser mais difícil estabelecer em determinados procedimentos pelo líder ou podem
equipes que nâo trabalham regulârmente iuntas. ser orientados a avaliar o doente. Os membros da
AIém disso, experiências clÍnicas precoces afetam equipe que estão realizando as intervenções devem
o desenvolvimento da identidade, o que, por sua manter o lÍder da equipe ciente de seu progresso e
310 APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma [4ane]o de Recursos

informar imediatamente sobÍe quaisquer difi culdades


encontradas. TABELA E-I CRITÉRIOS PARA ATIVACÀO
Os membros da equipe devem comunicar todas as DA EOUIPE DE TRAUMA
informações ao líder. A comunicação ou discussáo
entre os membros da equipe que náo envolvem o líder CATEGORIA CRITERIOS
podem gerar confusão e decisões conflitantes sobre as
próximas etapas. Mecanismo de Ouedâs,5 metros
Trau ma Acidentes em alta veLoÔdade
Participândo da Discussão Ejetados do veículo
Cotisão êm aLta vêtocidade
O feedback mostra correlação com os resultados Pedestre, cicLista ou motocictistô
gerais de desempenho da equipe. O membro da '30Km/h
equipe deve participar da discussáo em quase todas Óbito no mesmo veícuLo
as circunstâncias. Ele dá aos membros da equipe
uma chance de discutir como o doente foi atendido Lesões Lesões em mais de duas re8aões
e, particularmente, identiÍicar tanto pontos positivos Espêcificas Ferimento pênetrante em cabeça,
quanto quaisquer açôes que devam ser tomadâs antes pescoço, tronco ou p.oximaL de
que façam parte da equipe na próximavez. A discussão
também dá atoda equipe oportunidades para considerar Amputacôes
a necessidade de cursos ou treinamentos. Oueimâduras'15% em aduLtos. l0%
em crianças oa envotvendo via aérea

USANDO O ATLS@ Obstruçáo de via ãérea

EM EOUIPE ALterações Sístotica " 90 mm Hg


fisio[óticás PuL5o'130
Estratégias específicas da avaliaçâo de doentês estâo FR<l0or>30
descritas no manual ATLS@ do estudante. Esta seção GCS score . l4l15
descreve os papéis especíÍicos que os membros da Lesão de tórax em pacieôte com
equipe de trauma assumem enquanto atendem o doente màis de 70 anos
de acordo com esses princÍpios. G.êvrdez '24 sêmanas com Lesào
em tÍonco
CHEGADA DO DOENTE

r TABELA E-1 apresenta exemplos de critérios para treinado para colocaruma máscara laríngea (LMA) ou
ativação da equipe de trauma, embora estes possam tubo endotraqueal usando drogas apropriadas quando
variar em cada instituição. necessário para o doente
O lÍder da equipe recebe o caso, garante que todas as Quando houver suspeitâ de lesão da coluna cervical,
informações importantês seiâm transferidas rapidamente o médico estabelecerá a via aérea enquanto restringe o
para os membros daequipe e estabelece os aspectos mais movimento da coluna cervical. Este procedimento requer
importantes da passagem do caso usando a abordagem um assistente para estabilizar o pescoço e restringir o
ABCDE para priorizar as lesões identiÍicadas pelos movimento da coluna vertebral durante a intubação.
socoristas pré-hospitãlares. Em algum momento uma O assistente da via aérea ajuda o médico A, fornecendo
história AMPLA deve ser obtida, embora informações equipamento apropriado e drogas para intubação.
completas sobre o doente podem não estar disponíveis O médico A, encarregado davia aérea, informa o líder
nessa passagem de caso. da equipe, em intervalos regulares, sobre as medidas
tomadas para proteger as vias aéreas. Se em algum
CoNTROLE DA VrA AÉREA E RESTRTçÃO DO momento a via aérea se tomar difícil de estabelecer, o
MOVIMENTO DA COLUNA CERVICAL Médico A deve informar o Iíderdaequipe imediatamente.

A proteçâo de uma via aérea é geralmente o papel vENflLAçÃO E RESPTRAçÃO


do anestesista ou de um médico de pronto-socorro
treinado em técnicas de via aérea (Médico A). O médico A primeira responsabilidade do médico B é avaliar
A deve, no mÍnimo, ter habilidades básicas em via rapidamente a ventilaÇão e estabelecer se ela é
aérea e conhecer as indicações para a obtenção de via satisfatória usando a abordagem ATLS@ padrão e
aérea definitiva- Idealmente, o Médico A tem que estar segura. O médico B relata seus achados ao líder da
APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma llanejo de Recursos 3

f
êquipe e garante que ele ouviu com clareza. Se um lr
doente apresentar Iesôes torácicas com risco de mort€,
o médico Bpoderá terque realizar urgentemente uma
toracostomia com agulha, ou drenagem de tórax.
li
clRcuLAçÃo coM coNTRoLE oE ./)
HEMORRAG IAS

Se o Médico B não identiÍicar nenhum problema com


risco de morte ao examinar o tórax do doente, ele ou
ela poderá então prosseguir para avaliar a circulação,
novamente pelas técnicas padrões do ATLS@. No entanto,
se o Médico B for necessário para realizàr Íntervenções ! FIGURA E'2 Secretários dedicados rão trêinados parâ do<umentar
parâ reestabelecer a ventilação e respiração, um terceiro complêtamente todas as informaçôes.
componente da equipe pode ser solicitado para avaliar
e auxiliar na circulaçâo. Áreas de potencial hemorragia não é realizada. Após a exposição, cubra o doente com
devem ser identificadas e o acesso intravenoso deve ser cobertores aquecidos paÍa manter a temperatura corporal.
estabelecido com a reanimação volêmica apropriada.
Osmernbros daequipeque estão auxiliando os médicos REGTSTRO DAS TNFORMAçõES
na avaliação da respiração e da circulação devem estar
bem familiarizados com o layoutda salade emergência, O registro das informaçôes é um papel importante e,
particularmente a localização de equipamentos como em algumas jurisdiçóes, é realizada por um secretário
acessos venosos centrais, agulhas intraósseas e coniuntos dedicado que foi treinado para documentar todâs as
rápidos detransfusões. EIes devem ser competentes parâ hformações de mareira apropriada (r neuRA E-2 ). Quando
configurar e usar esses acessórios. os s€cretários não estão disponíveis, a documentação é
fechamento da bacia for necessário para limitar
Se o feita após o atendimento ao doente. É responsabilidade
o sangramento pélvico, dois médicos podem ser do líderdaequipe garantir que o secretário esteia ciente
necessários para aplicá-lo. Um médico especialista de todas as informações e achados importantes. O líder
pode se iuntar à equipe e ser útil para essa função, da equipe também deve garantir que a documentação
pârticularmente um especialista em ortopedia. Todos os inclua quaisquer decisóes signiÍicativas sobre cuidados
médicos qualiÍicados como prestadores deATISo devem definitivos ou investigaçôes urgentes. Muitas fichas de
ser capaz de aplicar com segurança uma cintâ pélvica- trauma usam o sistema ABCDE, portanto, informações
importantes podem ser registradas à medida que a
DÉFIcIT NEUROLóGICO equipe relaciona seus achados com o líder da equipe.

O Médico A, que está estabelecendo a via aérea,


geralmente pode determinar a pontuação da Escala de
Coma de Glasgow (GCS) do doente e avaliar o tamànho
GARANTINDO UMA COMUNICACAO
da pupila enquanto está posicionado na cabeça do EFICAZ DA EOUIPE
doente. Para um doente que necessite de intubaçáo
imediata ou urgente, o médico que estabelece a via Pouco importaquão competente é o atendimento clínico
aérea deve observar a pontuãção da escala de Glasgow se a equipe de traumanão comunicar de forma efetiva
se
e o tamanho da pupila antes de administrar qualquer e eficiente. A comunicação não é apenas um coniunto
medicãmento. de ações a serem realizadas; envolve um contexto
experiencial compartilhado e um entendimento coletivo
EXPOSTçAO E AMBTENTE do propósito da atividade da equipe.
Estudos em equipes de atenção primária à saúde
É fundamental expor completamente o doente, cortândo descobriram que o tempo estruturado para a tomada
as roupas para examiná-Io. Durante a exposição, uma de decisôes, a formação de equipes e ã coesão dâ equipe
inspeção üsual completa do doente pode ser realizada influenciaram a comunicaçeo entre elas. Nâo reservãr
e quaisquer lesões óbvias devem imediatamente ser tempo para reuniões regulares para esclarecer papéis,
relatadas ao líderda equipe. Este procedimento pode ser deÍinir metas, alocar tarefas, desenvolver e incentivar a
realizado por assistentes de enfermagem ou por equipe participação e gerenciara mudança foram inibidores da
médica, se apropriado. Nestã fase a avaliaçáo secundária boa comunicação entre as equipes. Variação de stãtus,
poder, educação e assertividade dentro de uma equipe
312 APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma Mane.jo de Recursos

podem contribuir para umâ comunicação deficiente. A . Decidir o uso apropriado de reanimação
formação proÍissional coniunta e as reuniôes regulares balanceada versus reanimação volêmica
facütam a comunicação para equipes multiproÍissionais. tradicional.
Além disso, diferentes profissões podemter problemas . Determinar obietivos e metas da reanimação.
na comunicaçào relacionados a variações em como as
informaçôes são processadas, analiticamente versus . Decidir se deve ativar o protocolo de transfusão
intuitivamente. Além disso, há uma maior valorização maciça.
da informação entre os membros do mesmo grupo . Determinar quando parar de reanimar um
proÍissional e os estereótipos podem ocorrer entre doente traumatizado porque medidas adicionais
membros de diferentes proÍissôes. Para reduzir tais de reanimação poderiam ser inúteis.
vieses, expectativas claras devem ser deflnidas para a
equipe de trauma. Todas essas situaçôes são difíceis de abordar ao lidar
No contexto de uma equipe atendendo traumas com uma vítima de traumatismo grave e as maneilas
multissistêmicos: pelas quais elas são tratadas variam de acordo com os
padrôes e recursos locais. É impossível fornecer uma
A comunicação entre um membro e um líder de solução única para cada um desses exemplos, mas as
equipe deve ser direta e bidirecional. diretrizes gerais para Iidar com conflitos sáo úteis.
Lembre-se de que todos os membros da equipe devem
O membro da equipe deve passar as informaçôes
ter a oportunidade de dar sugestões sobre o atendimento
e o líder da equipe deve conÍirmar se ouviu e
do doente (durante os intervalos de tempo). Nô entanto,
compreendeu as informaçôes.
o líder da equipe tem responsabilidade Íinal pelo
Os intervalos de tempo d€ 2, 5 e 10 minutos podem gerenciamento do doente. Todas as açÕes que afetam
permiú a discussão ou reüsão dos achados. o doente devem ser feitas no melhor interesse dele.
Toda a comunicação deve ocorrer em tom de voz Muitos conflitos e confrontos sobre o atendimento
normal. de doentes com traumas surgem porque os médicos
não têm certeza de suas próprias competências e
A comunicação não deve se tornar uma
não querem ou relutam em dizê-lo. Se os médicos
discussão extênsiva sobre o doente. Decisões
não tiverem a experiência para atender um doente
complexas podem exigir discussão entre os
traumatizado e discordarem entre si, devem envolver
membros da equipe, mas devem sempre ser
imediâtamente um médico mâis experiente, que pode
conduzidas com calma e profissionalmente.
ajudar a resolver a situaçáo e ter um resultado positivo
Faça essas discussôes um pouco distante do
tanto para o doente quanto para a equipe. Os lÍderes de
doente, especialmente se ele ou ela estiver
equipe de traumâ tendem a sermédicos mais expedentes,
consciente.
mas, dependendo dos recursos, outÍos médicos podem
estar âtuando como lÍderes de equipe de trauma. Nesta
situação, é vital ter um médico mais experiente disponível
RESOLVENDO CONFLITOS para apoio na tomada de decisões desaÍiadoras.
Discussões entre médicos podem se tornar mais
difíceis de resolver quando os médicos acreditam
A equipe de trauma deve funcionar como uma firmemente que suâs condutas são as que deve ser
unidade coesiva que avalia e trata o doente para o seguidas. Nesses casos, pode ser útil envolver até
melhor resultado possível. Na maioria dos casos, todos mesmo o diretor médico do trauma. Eles podem ajudar
os membros da equipe atendem o doente da melhor nas decisões, particularmente onde os protocolos ou
maneira possível. Infelizmente, como em qualquer diretrizes hospitalares estâo disponíveis.
campo de assistência médica, surgem controvérsias Dilemas éticos também podem causar conflitos entre
e conflitos. Exemplos de fontes de conflito incluem: os membros da equipe de trauma. Os exemplos podem
incluir a decisão de interromper a reanimação de um
Tomar uma decisão dificil sobre se um doente doente gravemente ferido ou de reanimar doentes
requer uma tomograÍia computadorizada com sangue ou hemoderivados quando as opinióes
urgente ou uma laparotomia imediata. religiosas do doente não permitem tal açâo. Lembre-se
de que o aconselhamento especializado está disponível
Determinar o melhor tratamento para o
sobre esses assuntos. O IÍder da equipe de trauma ou um
sangramento de uma fratura pélvi.ca: radiologia
intervencionista ou tamponamento pélvico representante designado pode buscar mais informaçôes
pré-peritoneal. ou apoio que possa ajudar na melhor decisão para o
doente.
APÊNDICE E r ATLS e Equipe de Trauma I'4ane1o de Recursôs lÍ3

A grande maioria das equipes de trâuma trabalha 7. Burke CS, Stagl KC, Klein C, et al- What rype of
bem em conjunto e obtém resultados positivos para leadership behaviors are functional in teams? A
seus doentes. Quàndo surgem controvérsias, elas são meta-analysis. Leodership Q 2006;17 :288-307.
tratadas profissional e calmamente, se possível,longe 8. Cant S, Killoran A. Team tactics: a study ofnurse
do doente que está sendo reanimado. Muito pode ser collaboration in general practice. Health Ed J
aprendido nas discussôes sobre os desafios de lidar 1993;s214):203-208 .
com vítimas de trauma. Quanto mais doentes a equipe 9. Chowdhury S. The role ofaffect- and cognition-
tràtar, mais experientes os membros se tornam e mais based trust in complex knowledge sharing. .l
claras essas situações serão abordadas. Os membros da Mcnageriol Issues 2005;17(3):310-327.
equipe de trauma podem se preparar para o seu papel 10. Collins I. Good to Great. London, UK: Random
aprendendo os princípios do ATLS@, bem como os House; 2001.
fundamentos do desempenho dentro da equipe médica. 11. Dreachslin IL, Hunt PL, Sprainer E.
Conceptualizing diversity and leadership:
evidence from 10 cases. Educ Manogement Admin
RESUMO & Leodership 2006 April;34:151-165.
12. Fernandez R, Nozenilek )4, Hegerty CB, et al.
Onde os recursos permitem, o melhor atendimento Developing expert medical teams: towards an
de uma vítima de trauma é por uma equipe de trauma evidence based approach- Acod Emerg Med 2008
treinada com um lÍder de equipe competente e Nov;15:11;1025-10 36.
qualiÍicado. Os princípios do ATLSo são fundamentais 13. Field R, West MA. Teamwork in primary
para o funcionamento da equipe de trauma. Todos health care, 2: Perspectives from practices.,l
os membros devem ser treinados no ATLS@ e com Interprofessionol Care 1995;9{2) :123-130.
experiência na sala de reanimaçâo. Os líderes de 14. Goleman D, Boyatzis R, McKee A. Primal
€quipe de trauma exigem habilidades e competências Leadership: Unleoshing the Power of Emotioaal
especÍficas, bem como uma experiência considerável Intelligence. Boston, MA: Harvard Business Press;
na prestação de cuidados de trauma, de acordo com 2013.
os padrôes ATLS@. Os membros da equipe podem se 15. Helmich E, Bolhuis S, Laan R, et al. Ent€ring
preparar para o tratamento do trâuma e aprender com medical practice for the very Íirst time: emotional
suas experiências em diferentes equipes de trauma. talk, meaning and identiry development. Med
Educ 2012:46 :107 4-70 87 .
16. KomakiIL, Desselles ML, Bowman ED. Definitely
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effective supervision to teams. ,l Appl Psychol
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2. Avery GC. Understonding Leodership. London, Studies of Work Teams: Team Leadership (Vol 3)-
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CENÁRIOS DE TRIAGEM

OBJETIVOS

L Definir triagem. f,. Aplicar os princíplos de triagem nos cênárlos reais.

2. Explicar os princípios terais de triagem e os fatorês


que devem ser considerados no processo de
triagem.

I ste é um exercício de auto-avaliaçào, para ser A triagem é contínua em cada nível.


I aornp,","oo onres oe sua cnegaoa ao curso. ror
L ,"uor, iela as rnrormàçoes conrroas nas paglnas
seguintes antes de ler os cenários e de responder SEGURANçA VEM PRtMEtRO
suas questões. Esta sessão de treinamento prático é
conduzida emuma discussão em grupo durante o curso, O socorrista pode correr mais risco para si próprio ao
onde sua participação é esperada. Ao completar esta precipitar-se para uma cena perigosa, aumentândo o
sessào, seu instrutor revisará as respostas. número de vítimas da ocorência. O objetivo no resgate
O objetivo destâ sessão é aplicar os princípios de indiüduo da cena e não gerar
é extricar rapidamente o
triâgem em trauma em cenários com múltiplas vítimas. mais pessoas traumatizadas que certamente seria
contra-producente. A triagem só deve começar quando o
socorrista está seguro de que não será outro traumatizado.
DEFINICÀO DE TRIAGEM Deve estarciente dapossibilidade de um segundo acid€nte.
(Ex. colapso estrutural, fogo, soterramento, explosôes, e
Triagem é o processo pelo qual se prioriza o tratamento colisôes de veículos adicionais). Algumas cenas podem
de doentes durante eventos de vítimas em massa. necessitardasegurança debombeiros, apoio de resgate, ou
forças de segurança antes da entrada dopessoal médico.

PRINCÍPIOS DE TRIAGEM FACA O MELHOR PARA O MAIOR NÚMERO OE


DOENTES USANDO OS RECURSOS DISPONIVEIS
Os princípios de triagem são
Fazer o melhor para a maioria dos doentes usando os
Reconhecer que o resgate seguro é a primeira recursos disponÍveis é a principal regra de orientação na
prioridade. triagem. Eventos com múltiplas vítimas por deÍinição
Fazer o melhor para a maioria dos doentes não excedem os recursos disponíveis. Todavia,
usando recursos disponíveis. eventos de vítimas em massa, excedem os recursos
TomaÍ decisôes oportunas. ., médicos disponÍveis e requerem triagem; o prestador
de cuidados, o local, o sistema e/ou a instituição é
Preparar a triagem para ocorrer em multiplos níveis
incapaz de gerenciar o número de vítimas utilizando
Conhecer e entender os recursos disponíveis. métodos padronizados. Intervenções padronizadas de
Planejar e ensaiar as respostas com exercícios atendimento, evacuações e procedimentos não podem
práticos. ser completados (para cada Iesão)em cada doente dentro
do intervalo de tempo usual. Os princípios de triagem
Determinar os tipos e categorias de triagem
com antecedência. são aplicados quando o número de vítimas excedem

317
318 APÊNDICE F r Cenárlos de Trlagem

as capacidades médicas que estão imediatamente local do incidente. Assim que os socorristas chegarem
disponíveis para prestar o atendimento usual e rotineiro. ao local eles falarão diretamente com o comandante da
cena. Para eventos de vítimas em massa um comandante
TOMANDO UMA DECISÃO OPORTUNA médico hospitalardo incidente é o responsávelpor dirigir
a resposta do hospital.
Tempo é essencial durante a triagem. O aspecto mais
difíci1 deste processo é tomar a decisão médicâ sem as PLANEJAMENTO E TREINAMENTO
informações completas. Aquele que realiza atriagem (ou
oficial de triagem)deve ser capaz de avaliar rapidamente A triagem deve serplanejadae treinada sempre que possível.
a cena e o número de vítimas, deter-se em doentes Eventos que possuemgrande probabilidade de ocorrer na
individuais por curtos períodos e realizar determinaçôes área local sáo umbom ponto de parlida para o planejamento
imediatas de triagem para cada doente. Decisôes de e treinamento do atendimento de vÍtimas em massa. Por
tÍiâgem são normalmente realizadas decidindo quais exemplo, simule um evento de ütimas em massa de uma
lesões dos doentes constituem o maior risco imediato queda de aviâo caso a instituição Íique próximo a um
à vida. Assim, as prioridades de via aérea, respiração, grande aeroporto, derramamento químico se próxima a
circulação e estado neurológico do ATLS são as mesmas uma ferroüa movimentada, ou de umte[emoto se em uma
prioridades usadas para tomãda de decisão na triâgem. regiâo de üemores de terra. O ensaio especÍÍico para cada
Desta forma, geralmente, problemas davia aérea são mais tipodedesastre náo épossível, mas o planeiamento geral e
rapidamente letais do que problemas da respiração, que uma afinação precisa da resposta institucional baseada na
porsuavez são mais rapidamente letais do queproblemas prática de exercÍcios sào possíveis e necessários.
da circulaçáo, os quais são mais rapidamente letais do que
lesões neurológicas. Todas as informações disponíveis, DETERMINE OS TIPOS DE CATEGORIA DE
incluindo os sinais vitais, quando disponíveis, devem ser TRIAG EM
usadas para tomar cada decisão de triagem.
O título e a cor de cada categoria de triagem devem ser
A TRIAGEM OCORRE EM MÚLTIPLOS NíVEIS determinados no nivel de um sistema abrangente como
parte do planelamento e treinamento. Várias opções são
Triagem não é um evento ou uma decisão de uma únicavez utilizadas ao redordo mundo. Um método simples e comum
nem de um único lugar. Triagem ocorre primeüamente na é usar etiquetas com as cores do semáforo: vermelho,
cena ou local do evento quando as decisões são tomadas amarelo e verde. Vermelho indica lesão com risco de vidâ
em relação a qual doente tratar primeiro e a sequência que requer intervençáo imediata e/ou cirurgia- Amarelo
em que os doentes serão evacuados. A triagem ocorre indicalesões que podemse tomarcompromêtedoras da vida
normalmente forado hospitalpara determinar para onde ou de um membro, caso o atendimento seja retardado por
os doentes seráo transportados dentro da instituição (ex. várias horas. Doentesverdes são os feridos que camürham e
emergência, sala de cirurgia, unidade de terapia intensiva sofreram apenas trâumatismos Ieves. Estes doentes podem,
ou enfermaria). A triagem ocorre novamente na área pré- àsvezes, serusados para auxiliar seu próprio atendimento
operatória quando decisôes sãotomadas sobre a sequência e o cuidado de outros. Preto é frequentemente usado pâra
em que os doentes serão operados. As condições dos marcar os doentes mortos.
doentes podem melhorar ou piorar com as intervenções e Muitos sistemas acrescentamoutn cor como a azul ou cinza
como tempo, assim são realizadas triagens diversasvezes. paÍa doentes "expectantes" - aqueles que apresentâm Iesôes
tão graves que, diante do número de víümas que necessitam
CONHECA E ENTENDA OS RECURSOS atendimento, a decisão é tomada para apenas oferecer-lhes
DISPONíüEIS tratamento paliativo enquanto se atende primariamente os
doentes vermelhos (e talvez alguns amarelos). Doentes que
Decisões de triagem ideais sâo feitas com conhecimento são classificados como expectantes devido à gravidade de suas
e entendimento dos recursos disponiveis em cada nivel iesôes seriam normalmente a primeira prioridade em situações
ou estágio do atendimento do doente. O oficial de triagem onde existem apenas duas ou três vítimas necessitando
também deve estar imediatamente alerta das modificações atendimento imediâto. Entretanto, as regras, protocolos e
dos recursos, tanto para mais como paÍa menos. padrões de atendimento mudam diante do evento de vítimas
Um cirurgiâo com conhecimento do sistema de saúde em massa. Lembre-se: "realize o melhor para o maior número
Iocal pode ser o OÍicial de triagem intra-hospitalar de doentes utilizando os recursos disponíveis". (Veja também
ideal porque ele compreende todos os componentes informação de triagem em Apêndice C: Atendimento ao
do funcionamento do hospital, incluindo as salas de Trauma com Vítimas Múltiplas, em Ambientes Hostis e
cirurgia. Este arranio não funcionará em situações com Conflitos Militares e Apêndice D: Preparação e Resposta a
um número limitado de cirurgiôes e nâo se aplica ao Desastres.
APÊNDICE F r Cenér os de Triagem 519

A TRTAGEM É coNrÍNua "elevação" na categoria de triagem, talvez de amarelo


para vermelho. Em outros, uma fratura exposta pode ser
A triagem deve ser contÍnua e repetida a cada nível descoberta depois do término datriagem inicial, exigindo
ou local onde for necessária. A vigilância constante e uma "elevação" na categoria de verde para amarelo.
reavaliação vào identiÍicar doentes cujas circunstâncias Um grupo importanteque Íequer retriagem é a categoria
mudaram, seja por alteraçôes no estado Íisiológico expectante. Embora a triagem inicial classiÍique um
ou por disponibilidade de recursos. À medida que o doente como portador de traumatismos irrecuperáveis,
evento de vÍtimas em massa continua a se desdobrar, isto pode mudar depois de que todos os vermelhos (ou
a necessidade de retriagem tornã-se evidente. A talvez vermelhos e alguns amarelos) tenham sidos
Íisiologia de doentes traumatizados não é constante âtendidos ou evacuados (por exemplo, um doente
nem previsível, especialmente considerando a avaliaçáo jovem com 90% de superfície corporal queimada pode
rápida e limitada exigida durante a triagem. AIguns sobreviver caso surja a disponibilidade de um centro
doentes deterioram inesperadamente e requerem umâ de queimados).

CENARIO DE TR]AGEM I
Tiroteio em Massa em um Shopping Center

CENÁRIO
Você é avisado de que em uma área seguTa de um shopping center 6 pessoas são feridas em um tiroteio em massa. O
atirador matou-se. Você .apidamente examina a situaçào e determina que as condições dos doentes são as seguintes:

DOENTE A-Um homem jovem gritando. "Por favor ajude-me, minha perna está me matando"
DOENTE B-Uma muLher jovem com cianose e taquipneia e está respirando ruidosamente.
DOENTE C-Um homem idoso deitado em uma poça de sangue com a perna esquerda da ca[ça encharcada
em sân8ue.
DOENTE D-Um homem jovem está deitado de bíucos e imóve[.
DOENTE E-Um homem jovem está xingando e gritando que aLguém deveria ajudá-to ou elechamará seu advogado.
DOENTE F-Uma adoLescente deitada no chão chorando e segurando o abdome.

PERGUNTAS PARA RESPOSTAS


l. Pêra cada doente qual o problema primário requerendo tratamento?

DOENTE A-Um homem jovem Sritando. "Por favor ajude-me. minha perna está me matando"
PossíveI Lesâo/Probtema

DOENTE B-Uma muLher jovem com cianose e taquipneia e está respirando ruidosamente
PossÍveI Lesão/Probiema

DOENTE C-Um homem idoso deitado em uma poca de sanBUe com a perna esquerda da calça encharcada
em sanSue.
Possível tesáo/Probtema

DOENTE D-Um homem jovem está dêitado de b.ucos e imóvel


Possivet [esáo/PÍ obtemâ

DOENTE E-Um homem jovê.ô está xingãndo e Sritando que alguém deverla ajudá-[o ou eLe chàmêrá seLJ advoSado
Posslvet tesào/ProbIema:

(continua)
l?0 APÊNDICE F r Cenárros de ii-iagem

CENARIO DE TRIAGEM I (cor.rrrNurcÃo)

DOENTE F-Uma adolescente deitada no chào chorando e segurando o abdome


PossíveI lêsàô/Problema

2. Estabeteça as prioridades para avaliação posterioí colocando um número (1 a6 onde lé a prioridade màror
e 6 a menor) no espaço próximo de cada Letra do doente.

Doente A
Doente B
Doente C
Doente D
Doente E
Doente F

3. Brevemente delineie seu rôciocínio para priorizar os doentes desta maneira

PRIORIDADE DOENTE JUSTIFICATIVA

4. Brevemente descreva as manobras de suporte básico de vida e/ou técnicas adicionais de avaLiaçào quê você
usaria para posteriormente avaLiar o pÍob[ema.

MANOBRA DE SUPORÍE BÁS|CO DE V|DA E OU TÉCNICAS DE


PRIORIDADE DOENTE AVALTAçÃO ADTCTONAIS

6
APÊNDICE F r Cenár os de Tr agem 32t

CENÁRIO DE TRIAGEM II
Tiroteio em Massa em um Shopping Center (cont.)

CoNTTNUAçÃO DO CENÁR|O DE TRTAGEM I

l. Ca.acterize os doentes de acordo para que recebam cuidados de Suporte Básico de Vida (BLS)e/ou Suporte
Avançado de Vida (ALS), e descreva qual esse cuidado deveria ser. (Doentes estão Listados em ordem de
praoridade como identificãdos no Cenário de Triagem l).

DOENTE BL' OU ALs DEsCR.çÃO DO CUTDADO

BL5 ALS

8LS ALS

BLS ALS

BL5 ALS

BLS ALS

BLS AL5

2. Priorize a tra.rsferência dos doentes e identifique o destrno Forneca um breve raciocí.io paTa suê escolha de destino

DESTINO

CENTRO DE HOSPITAL MAIS


PRIORIDADE DOENTE TRAUMA PRóXIMO JUSTIFICÀTIVA

3. Em sÍtuaçôes envotvendo múLtipLos doentes, que critério você usaria para identificar e priorizar o tratamento
destes doentes?

(cônt,n ua)
122 APÊNDICE F r Cenários de Triagem

CENÁRIO DE TRIAGEM ll (coNrrNueçÀo)

4. Oue pistas você pode extrai. de qualquer doente que possa ajudar na triagem?

5. Ouais Lesões ou sintomas dos doentes devem recebertratamento na cena, antes do pessoa[ pré-hospitalar chegar?

6. Após o pessoaL do Pré-hospitaLar chegar, que tràtamentos devem ser instituídos e que princípios governam
a ordem de início de tais tratamentos?

7. Em situações de traumas múLtiptos, quais doentes devem ser transportados? Ouais devem ser transportados
mais tarde?

8. Ouàis doentes podem ter tratamento retardado e serem transportado mais tarde?
APÊNDICE F r Cenários de Triagem 323

CENÁRIO DE TRIAGEM III


Exptosão e lncêndio num TraiLer

CENÁRIO
A Políciô estava conduzindo umê blitz de um trailer suspeito dê ter um Laboratório de droga ilícita,
metanfetamina, quando ocorreu uma explosão e o trailer foi tomado em chamas. Você recebeu notificaçào
de que 2 ambuLâncias com 5 doentes da cenà estào na entrada do HospitaL: um poLiciaL e quatro pessoas que
estavam no trêiLer, inctuindo uma criancã. Eles fo.am trazidos para seu pequeno hospita[, no departamento
de emer8ência, com a coLunâ tmobi[izada com prancha Longa e com colar cervicaL.
Os doentes feridos são os seguintes:

DOENTE A

Um homem de 45 anos, policiaL, que entTou no trailer para retirar a criênça, está tossindo e expectorando
materíaL carbonáceo. Apresenta chamuscamento dos pelos da fêce e do cabelo. A voz está no.maL, eLe se
queixa dê dor nas mãos que apresentam eritema e bolhas em formacão.
Sinais vitâis são: PAS=120 mmHB, FC=100 bpm, e FR-30 irpm.

DOENTE B

Uma menina de 6 anos que foi carreSada parô fora do traiLer pelo Doente A está assustadà ê chorosa. Oueixa-
se de dor nas queimaduràs (eritema/bolhas) que acometem às costas, as nádegas e a porção posterior de
ambas as pernas.
Sinais vitâis são: PA=ll0X70 mmHg, FC=100 bpm, e FR=25 irpm.

DOENTE C

Um homem de 62 anos está tossindo, chiando e expectorando cataTro com partícuLas de carvào. Sua voz está
Touca ê responde apenas a êstímuLo doLoroso. Há eritema, boLhãs, e a peLe está càrbonizada na face e pescoço,
parede anterior do tórax e do abdome, queimâduras circuôferenciais nas quatro extremidades poupando os
vincos da viriLha e genitais.
Sinais vitais são: PA"80Xa0 mmHg, FC=140 bpm e FR=35 irpm.

DOENTE D

Uma muLher de 23 anos está obnubiLada, mas responde à dor, à movimentação do úmero e da perna direitas
Não há deformidade óbvia do braço e a coxa está edemaciada imobiLizadã no dispositivo de trâção.
Sinais vitais são: PA=la0x90 mmHg, FC=ll0 bpm e FR=32 irpm.

DOENTE E

Um homem dê 30 anos está aterta, páLido e queixa-se de dor nê pelve. Existe evidência clínica de fratura, com
distensão e dor abdominal à palpaçào Na face anterior do tórax, abdome e coxas há eritema e bothas. ELe
também apresenta umê Laceração na fronte. E[e tem um LÍquido oLeoso e pungente nos braços e ôo peito.
Sinais vitâis são: PA=ll0x90 mmHg: FC=90 bpm e FR=25 irpm.

(contrnuà)
324 APÊNDICE F r Cenár os dê Tr age.n

CENARIO DE TRIAGEM Ill (cor.rrrr.ruAÇÃo)

O atendimento das prioridades deste cenário pode ter como base as informacões obtidâs por examê feito a
distância. Embora exista dúvida sobre quaL doente é o mais grave, uma decisão deve ser tomada para prosseSurr
com as melhores informaÇôes disponíveis no moÍnento.

l. OuaL(is) doente{s) tem traúma associado e/ou lesào por inàLacão, a[ém das queimaduras da superfície corpórea?

2. Usando a tabela abarxo

a. Estabeleça as prioridades de atendimento na saLa de eme.gência de seu hospitat, cotocando um número


(de la 5, onde I representê ê maior prioridêde e 5 a menor priorldêde) no espaço designado parô cada
Letra do doente na coLuna "Prioridade de Tratamento".
b. ldentifique quaL doente ôpresentê trauma associado e/ou Lesão de viô aérea e escreva "sim ou não" e
assinaLe na col.una apropriada "Associado".
c. Estime a porcentagem de área de superfície corporal queimadà (SCO) para cada doente e anote a
porcentaSem de cada doente na cotuna "% SCO".
d. ldentifique quaL doente deve ser transferido pàra um centro de queimados e/ou centro de trauma, e
escreva "sim ou nâo" e na coLuna "Transferência".
e. EstabeLeça as prioridades de transferência e coLoque os núrneros de prioridade na coLuna "Prioridades
de T.ansferência".

LEsõES ASSOCT/ÀDAS
(serr{Âo)
PRtOfiF PRloRI.
DADE DE DADE D€
TRAÍA- LESÃO TRÂNS.
I.ENTO PC'R ot EF. % Fil.ô.roa
DOENTE ú-5) NATACÃO TRÂUMA ]*IADURÂ sco 0-5)

3. Descreva as precaucÔes necessáriâs que os 5t4ff5 necessitâm tomar para avaLiar e tratar estes doentes
tendo em vista a produção de metanfetamina.
APÊNDICE F r Cenários de Triagem 325

CENÁRIO DE TRIAGEM IV
Lesão por Frio

CENÁRIO
Você esú no hospitaLquando recebe umtelefonema relâtando quecinco membros da famítia de um médicoestavam
passeando emveÍculos motorizados para neve sobre a superfície de um bgo. quando o geto partiu. Ouatro memb.os
da famfua caíram no lago. O médico não caiu no lago e foi em busca de socorro. O tempo de resposta do socorro
básico e avançadofoide 15 minutos- Quando as unidades de suporte básico e avançado de vida chegaram, uma vítima
conseguiu sairdo Lago e retirou outrã vÍtima da água. Dois indivíduos permaneceram submersos, foram encontrados,
resgatados e removidos do bgo por merguLhadores. A equipe d€ resgàstê deu a seguinte informação da cena:

DOENTE A-O menino de l0 anos de idade, neto do médaco, foi removido do tago pela equipe de resgate.
O monito. do ECG mostra àssistoLia.
DOENTE B-A muLher de 65 anos de idade, esposa do médico, foi removida do Lago pe[a equipe de resgate.
O monitor do ECG mostra assistoLia.
DOENTE C-A muLher de 35 anos dê idade, fitha do médico, quê estava no lago e foi retirâda com a ajuda
de sua cunhada, apresenta abrasÕes na parede anterior do tórax PAS=90 mmHg.
DOENTE D-A muLhêr de 35 anos de idade, nora do médico, que estava submersà e conseBUiu sâir do Lago,
não apresenta sinais de trauma. PAs=ll0 mmHg.
DOENTE E- O médico, com 76 anos, aposentado, que não caiu na água, não apresenta queixas a nào ser
frio nôs mãos e nos pés.

l. EstabeLeça as prioridades para transpo.te da cena para a sata de emerSência e dê uma breve expLicaçào
para as suas decisões.

PRIORIDÂDE
DE TRÂNS-
PORÍE DOENTE JUSTIFICATIVA

2- Ao chegar à sata de emergência. a temperatura corpórea central deve seT med ida em todos os doentes As
temperaturas corporais centrais dos doentes são:

DOENTE Ar 29"C
DOENTE B: 34"C
DOENTE Cr 33'C
DOENTE D: 35"C
DOENTE E:

(contin!a)
326 APÊNDICE F r Cenáros de Triagem

CENARIO DE TRIAGEM lV (coNrrr'ruACÀo)

Descreva brevemente suas razÕes pàra o restante da avatiaÇào primár a reanimação e avaliêçào secundárla
de cada doente.

JusflFrcarva paRÁ PER ANÊNoA DE Avar.[AçÃo pRrHÁRlA,


PRIORIDADE DOENTE REÂNtHAcÃo E avALlAcÃo sEcuNDÁRta

5
APÊNDICE F r Cenáriôs de Trragem 327

CENÁRIO DE TRIAGEM V
Col.isào de Ônibus

CENÁRIO
Você é o único médico no Pronto-Socorro de um hospital comunitário de 100 Leitos. Conta com a ajuda de uma
enfermeíra e de uma auxiLiar de enfermagem. Há l0 minutos você foi comunicado por rádio que ambutâncias
vão chegar com vítimas de colisão de um único ônibus de passa8eiros. O ônibus aparentemente perdeu
controLê, sàiu da rodovia, e capotou diversas vezes Foi reportado que a vetocidade a.rtes do acidente erã de
104 Km/h. Náo há mâis informações além de que dois dos passageiros do ônibus morreram na cena. Chegam
duas ambulâncias trâzendo cinco dôentes que eram os ocupantês do ônibus. Os doentes são:

DOENTE A

Homem de 57 anos, motorista do ônibus. Aparentemênte sofreu um trauma torácico. Com o impacto, foi
jogado contra o para-brisa Chega eÍn franca insuficiência respiratória. A [esôes inctuem: matériô que aparenta
ser mêssa encefáLica no seu cabeLo sobre uma fratura de crâneo paIpáveL, deformidâde anguLada no antebrâço
esquerdo, e múLtipLas escoriações nô face anterior do tórôx.
Os sinais vitais são; PA=88X60 mmHg, FC=150 bpm, FR=40 Ípm e escore GCS=4.

DOENTE B

14uLher de 45 anos, passageira, aparentemente nào estava usando cinto de seSurança No impacto eLa foiejetada
do ôôibus. A admissào está em franca insuficiência respiratória. A equipê do pré-hospitataa fez uma ava[iaçào
pretiminar e passê-lhe as informaçôes a seBUir, Lesóes: (l)trauma maxiLofaciaL grave com hemorraSia do nariz
e da boca, (2)fratura de antebraço esquerdo, com desvio e (3) múttipLas escoriaÇôes na face anterior do tórax.
Os sinais vitais são: PA=i50X80 mmHg, FC=120 bpm, FR=40 irpm e escore GC5=8.

DOENTE C

l'lomem de 48 anos, passagelro, achádo debâixo do ônibus. Dizem-Lhe que chegou confuso, respondendo com
Lentldâo a estímulos verbars Tem múLtipLas escoriacões de face tórax e abdome. O murmúrio vesicuLar está
abolldo à esquerda e tem muita dor à palpâcão do abdome.
Os sinais vitals sàor PA=90X50 mmHg FC=140 bpm. FR=35 irpm e escore GCS=12.

DOENTE D

líuLher de 25 anos, retirada do banco de trás do ôôibus. Grávida de 8 meses, com comportamento histérico,
queixa-se de dor abdominaL. Tem múLtipLas escoriações na face e no abdome. lnformam-no que tem muita
dor à patpaçào do abdome. Está em trabalho de parto.
Os sinais vitais são: PA=120X80 mmHg, FC=100 bpm e FR=25 irpm.

DOENTE E

Menino de 6 anos, retirado dos bancos traseiros do ônibus. No [ocaL estava acordado e faLando. Agora responde
a estÍmuLos doLorosos apenas com choro. Tem escoriaçôes múLtiptas e deformidade na pernâ direita. Apresenta
ainda sangue seco ao redor do nariz e da bocà.
Os sinais vitais: PA=ll0X70 mmHg, F€=180 bpm, FR=35 irpm.

{contrnua)
32E APÊNDICE F . Cenários de Triagem

CENARIO DE TRIAGEM V (cor.rrrr'ruAÇÃo)

l. Descreva os passos que devem ser seguidos para triar estes cinco doentes

2. EstabeLeça as prio.idades para seus doentes, coloca nd o u m número (l a 5, sendo I a prioridade mais eLevada
e 5 a menor) no espaço antes da Letra de cada doente.

Doênte A Doênte D
Doente B Doente E
Doente C

3. Assinale, Tesumidamente, os motivos da sua priorização para os doentes

PRIORIDADE DOENTE JUSTIFICATIVA

4. Resumidamente descreva as manobras de suporte básico de vida e/ou técnacàs de diagnóstico que você
utiLizaria para progredir no cuidado destes doentes.

MANoBRÂS DE supoRTE BÁsrco DE vtDA E/ou


PRIORIDADE TÉcNrcAs DraGNósrcAs aDrctoNAts

5
APÊNDICE F r Cenários de Triagem 329

CENÁRIO DE TRIAGEM VI
Terremoto e Tsunami

CENÁRIO
Em uma cidade costeirâ de 15.000 habitantes ocorTêu um terremoto de magnitude 7,2, seguido de um tsunami
que avançou 4 Km para o iôterior Na sequência houve úmà expLosào e incêndio em um reatoT de energia
nucLear próximo- M! itas estruturas coLabaram, aLgumas vítimas ficaram presas no seu interior. Out.as podem
ter sido "carre8adas" para o mar. ALgumas das estrâdas de saída da região estào bLoqueadas por ênchentes ou
desLizamentos de teíra Os serviços Loca is como etetricidade e rede de água estào interrompidos. A temperatura
êtual é de 13'C, e está começando a chover; o por do sol será em 2h.
Os bombeiros e paramédicos encoôtrãram a seguinte cena:

VÍTIMAS

Dois técnicos são trazidos da pLanta de energia nuclear:

. O primeiro tem 40% de SCO com queimaduras de segundo e terceiro graus. f4edição com o contador
Geiger mostra que e[e está contaminado com materiaI rêdioativo.
. A segunda técnica nào apresenta queimaduras, está confusa e vomita continuêmente. Também apresenta
radioatividade em suas vestes.

Os paramédicos triaram 47 residentes do entorno que estavam feridos

. 12 vítimas da categoria Vermelha


- 8 com queimaduras extensas (20% a 50% SCO) de 2. e 3" graus
. 8 vítimas de categoria Amareta
- 3 com queimaduras focais de 2'grau (. l0% SCO)
. 23 vítimas de càtegoria Verde
- l0 com deformidades doLorosas de extremidades
. 5 vítimês de cateSoria AzuL ou Expectante
- 3 com queimaduras catastróficas de 2'e 3" g.aus (.75% SCO)

FALECIDOS

Peto menos 6 técnicos da planta nuctear e cinco residentes da áreê estào mortos, inctuindo um Lactente
com umà Lesào craniencefálica fataL f4uitas outras pessoas estão desaparecidàs.
Foram chamêdas duas companhias de bombeiros e duas ambuLâncias adicionais- O hospitaL da comunidade
LocaL possui 26 Leitos vagos,5 p.ofissionais de atendimento primário.2 cirurgiôes, ldos quais se encontra em
férias- O centro de trauma mais próximo encontra-se a 120 km dê distância, e o centro de queimados mais
próximo encontra-se a mais de 320 km de distância.

I Deve-se iniciar o pLano de desastre da comunidade? Por que, ou por que não?

2. Caso seja declarado um evento de vítimas em massa, quem deve ser o comandante médico do incidente?

(continuâ)
550 APÊNDICE F r Cenáros de Trlêgem

CENÁRIO DE TRIAGEM VI (cor.rrrNUAcÀo)

3 OuaL é a primeirê consrderacào do comêôdante médico do incidente nà cena?

4. Ouat é a segunda cons deracão do comandante médrco de rôc denre na cena?

5. Ouais considerêções devem ser levadas em contà nas operaçôes médicas na cena?

6. Ouais mudanças que a presença de radioatividade promovem na triagern, tratamento e remoção?

7. OuaL o significado das cateSorias de triagem vermelhà, amâreLô, verde, azuI e preta?

L Designêdas as categorias da questão 7, quais os doentes que devem ser removidos para o hospitaL; por qual
meio de transporte; e em quaL ordem?

9. Ouais os esforços que devem ser feitos pelo comandante médico do incidente para auxiLiar nô resposta e
na recuperação?
APÊNDICE F r Cenários de Triagem 33r

CENÁRIO DE TRIAGEM VII


Explosão de Bomba Suicida em um Comício Político

CENÁRIO
Uma explosão de bomba suicida foi comunicada em um comício político à noite. A região fica a 30 minutos do
seu centro de trauma nível ll. Você é convocado paTa a cena como um dos oficiais de triagem. O reLato iniciaL
reveLa 12 óbitos e 40 feridos. f4uitês equipes de regate estão ocupadas com a evacuação.
Você chega a uma áreê onde você encontra 3 corpos e 6 doentes feridos. As condições dos 6 doentes feridos
são as seguintesi

DOENTE A

Um rapaz, consciente e aLerta, possui uma pequena ferida penetrante no pescoço, Logo à esquerda da traquera,
com edema Leve do pescoço, rouquidão, sem sangramento ativo.

DOENTE B

Um rapa2 está encharcado em san8ue, pálido e Letár8ico, porém responsivo a comandos verbais. Ambas as
pernas estão deformadas e Ligadas àpenas por peLe e tecido muscu[ar de[gado abaixo dos joeLhos.

DOENTE C

Uma moça está recLamando de fatta de ar, com taquipneia, cianose e múLtiplas pequenas feridas penetrantes
no tórax à esquerda.

DOENTE D

Um homem de meia-idade possui múLtiplas feridas penetrantes no Lado esquerdo do abdome e f!ânco
esquerdo, apresentando-se páLido e queixando-se de dor abdominal intensà. Oueimaduras de segundo e
terceiro graus são visíveis no abdome inferior-

DOENTE E

Um idoso, com faLta de ar e expectorando escarro hemoptoico, encontra-se desorientado e tem múttiplas
equimosês e Lacerações na parte superior do tronco.

DOENTE F

Um rapaz tem uma ferida na face anterior da perna direita, com fragmento ósseo visÍve[ projetando peLa ferida,
e está recLamando de dor intensa. Não apresenta sangramento ativo.

(cont nuà)
332 APÊNDICE F r Cenários de Triagem

CENÁRIO DE TRIAGEM Vll (coNrrNuaçÃo)

OUESTôES PARA RESPONDER


l. Baseada nà informaçào, descrevà os probLemas A, B, C potenciàis para cadê doente:

PROBLEMMAS POTENCIAíS PROELEMAS POTENCIAIS PROELEMAS POTEN.


DOENTE DE VIAS AÉREAS DE VENTILAçÃO crarsDE crRcuLAçÃo

2. Ouais manobras de supoÍte de vida iniciais podem ser prestadas antes de transportar para um centro de
trauma (assumindo quê há equipamento pré-hospitaLar típico disponÍveL neste momento)?

DOENTE A-Medidas iniciais de supo.te de v,da

OOENTE B-Medidas inicials de suporte de vida

DOENTE C-Medidas in,ciais de supô rte de vidai

DOENTE D- Medidas iôiciais de suporte de vida

DOENTE E- Medidas iniciais de suporte de

DOENTE F- Medidas iniciais de suporte de vida

3. Oue outras consaderações você deve ter em mente durante a t.iâgem na cena deste incidente?
APÊNDICE F r Cenár os de Tr agem l3l

4. Descreva a transferência para o centro de traumâ dê cada doente em ordem de prioridade com seus motivos
(l sendo o mais prioritário e 6 o menos)

DOENTE I JUSTIFICATIVA

5. Ouais deveriam ser suas principais consideraçóes de atendimento na chegada dos doentes no centro de
tra u ma?

I
ESTAçÕES PRÁTTCAS

EsIAçAo PRÁncA A Via Aérea 337

ESTAçAO PRÁflCA B VentiLação 345

ESTAçAO PRÁnCA C Circulação 349

ESTAçÃO PRÁTICA D Disfunção Neurológica 357

ESTAçAO PRÁflCA E Medidas Auxitiares à Aval.iação Primária 365

ESIAçAO PRÁnCA F Aval.iação Secundária 37t

335
Estacão Prática A
VIA AEREA
PARTE I: MANOBRAS BÁSICAS PARTE 3: VIA AÉREA INFANTIL E
. lnsercào da Cânuta Nasofaríngea CRICOTIREOIDOSTOMIA
. Uso SeguÍo do Aspirador . lntubação EndotraqueaL lnfantiI
. lnserçâo da Cânu[a Orofaríngea (GuedeL) . Cricotireoidostomia com Agutha
. Ventitâção com Botsâ-Máscâra com Umâ Pessoa . CricotiÍeoidostomia Ciíúrgica
. Ventilação com Bolsa-Máscara com Duas Pessoas

PARTE 2: MANOBRAS AVANçADAS


. lnserção da Máscara Laringea (ML)
. lnserçâo doTubo Laríngeo (TL)
. lntubação Orotraqueal

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

? afto l: l,l znobat áalca. $ Vh k q ? ab *, jílrtfu rülgfu ii Vh *â


l. Avaliar a permeabil,idadê dâ via aérêa êm um ceúrio L líE€rir um dispositlro supraStóüco ou exü"ttótico em
slmuládo dê doentê trôumdzado. um ínanêqulm-

2. Apucar uma máscara não re-inaLante para maxlmizar 2. Cttâr as indicôçôês para uma yla aérea definitiva.
a oxitenação.
3. TGntar â intubação orotraqueal em um manequim.
3. Apticar um oxÍmetro d€ putso.
PÉ. YbAar. lnÉírtl. Olí,üffi
4. Rea[izar a trâção de mandíbuLa em um manêquim '
parô obter uma vla aérea adequada. l. Rêver o manejo básico da via aérêá podlátrlca.

5. Demonstrar a asplração dâ yia aéreá em um 2. Têntar inEbação endotraquea[ em um manêquim.


manequim.
3. ldsirâq m.rG-|a6ír{c para a (,locdí€odoôínb.
6. lnserir uma cânu[â nsofaín8ea e oroíaíngea em
um manequim. ,í. Rêal,lzar uma cricoürêoidostomiô com aSutha e
descr€ver as opçõss dê oxigenação.
Z Reauzar a ventiLação com boGa-máscaia com ufiÉ e
duas pessoas em um manequlm. í Rêauzâr a cricotirêoidostomia ciúÍtica cm um
moddo.

337
338 APÊNDICE G r EstaçÕes Práticas

\-
PARTE I: ESTAÇAO PRATICA DAS MANOBRAS BASICAS DA VIA AEREA
'
TREINAMENTOS INCLUSOS USO SEGURO DA ASPIRACÀO
NESTA ESTACÀO PRÁTICA
PASSO l. Ligar o vácuo, selecionando um ponto médio
Inserção da cânula nasofaríngea (150 mmHg)ao invés devácuo total (300 mm
Uso seguro do aspirador Hg)

Inserção da cânula orofaríngea {Guedel)


PASSO 2. Abrir suavemente a boca, inspecionando
Ventilaçáo com bolsa-máscara com uma pessoa o sangramento, Iacerações ou dentes
Ventilação com bolsa-máscara com duas pessoas quebrados. Procurar a presençâ de fluido
visível, sangue ou detritos.

INSERCAO DA CANULA PASSO 3. Colocar delicadamente o aspirador na


orofaringe e nasofaringe, mantendo a ponta
NASOFARÍNGEA (CNF) do dispositivo de sucção sempre visível.

Notoi Nõo use o cdnulo nosofaríngeo em um doente com


suspeito de flaturo s de face ou de base de crô.nio. INSERÇAO DA CANULA
OROFARÍNGEA (GUEDEL)
PASSO L Examinar as fossas nasais para afastar
qualquer obstrução aparente (pólipos,
fraturas, hemorragia). PASSO 1. Selecionar o tamanho adequado da cânula.
O tamanho correto é o que corresponde da
PASSO 2. Selecionar o tamanho adequado da cânula. rima oral do doente até o lóbulo da orelha
Verificar o diâmetro da narina para
determinar o maior tamanho que passará PASSO Z Abrir a boca do doente com a técnica dos
facilmente pela mesma. dedos cruzados (técnica da tesoura).

PASSO 3. Untar a cânula nasofaríngea com um PASSO 3, Inserir um abaixador de língua sobre a língua
lubrificante hidrossolúvel ou com água. do doentê, o mais posteriormente possível,
para abaixáJa adequadamente, tomando
PASSO4. Com a cabeça do doente em posição neutra, cuidado para não provocar náusea.
fique ao lado do mesmo. Segurando o
CNF como um lápis, insira gentilmente a PASSO 4. Inserir o tubo posteriormente, deslizando-o
ponta da cânula na narina e direcione-a gentilmente sobre a curvatura da língua, até
posteriormente em direção ao ouvido. que a aba do tubo se apoie sobre os lábios
do doente. O tubo não deve empurrar a
PASSO 5. Inserir gentilmênte a cânula nasofarÍngea Iíngua para trás levando à obstrução da via
através da narina na hipofaringe com um aérea. Uma Iécnica allernativa de inserção,
ligeiro movimento de rotação, até que a denominada método de rotaçáo, envolve
falange repouse contra a narina. Se durante a inserir a cânula de ponta-cabeÇa de modo
inserçâo a CNFencontrar alguma resistência, qu€ sua ponta fique voltada para o céu da
remova-a e tente inserí-la do outro lado. boca do doente. A medida que se insere a
Se a CNF fizer com que o doente tussa ou cânula, ela é girada 180 graus até que a aba
engasgue, retire a levêmente pãra aliviar a pare nos lábios e/ou nos dentes do doente.
tosse ou o engasgo e prossiga. Esto manobrq nôo deve ser usodo em cricnços.

PASSO 6. Reavaliar o doente para garantir que agora PASSO 5, Remover o abaixador de língua
a via aérea é patente.
PASSO 6, Reavaliar o doente garantindo que a via aérea
esteia agora patente.
APÊNDICE G I ESTACÕES PrátiCAS 339

rÉcNrcA DE VENTLAçÃo coM TÉCNICA DE VENTILACÀO CoT'4


BOLSA.MÁSCARA COM UMA PESSOA BOLSA.MÁSCARA COM DUAS PESSOAS

PASSOl, Selecionar o tamanho adequado da máscara PASSO L Selecionar o tamanho adequado da máscara
para ajustar-se à face do doente. A máscara deve para ajustar-se à face do doente.
se estender da metâde proximal do nariz até o
queixo. PASSO 2. Conectar uma fonte de oxigênio ao dispositivo
de ventilação e aiustar o fluxo de oxigênio
PASSO2. Conectar uma fonte de oxigênioao dispositivo para l5 L/minuto.
de ventilação e aiustar o fluxo de oxigênio
para 15 L/minuto. PASSO 3. Certificar-se que a via aérea do doente esteja
PASSO3. CertiÍicar-se que avia aérea do do€nte esteia patente {uma cânula orofaríngea iráprevenir
patente (uma cânula orofaríngea irá prevenir d obstrução da Iínguà).
a obstrução da Iíngua).

PA§SO4. Aplicar a máscara sobre o nariz e a boca do


PASSO 4. A primeira pessoa coloca a máscara na face do
doente, assegurando uma vedação adequada
doente com a mão dominante, assegurando
com as duas máos., realizando a manobra de
uma boa vedação. Isto é rea.lizado mimetizando
tração damandíbula. Pode ser mais fácil para
aletra'C'comopolegareoindicadorenquanto
o médico iniciante, usar a técnica de apoio
tÍaciona-se a mandíbula contra a máscara com
da eminência tenar (ou polegar para baixo).
os outros três dedos da mão.
Garantir uma vedação Íirme da máscaraà face
PASSO5, Iniciar a ventilação pressionando a bolsa com com as duas mãos,
a mão não-dominante
PASSOS, Avaliar se a v€ntilação está adequada PASSO 5. A segunda pessoa v€ntilâ o doente âpeÍando
observaldo-se o movimento do tórax do doente. o balão com as duas maos.

PASSOT, Ventilar o doente destã maneira a cada 5


segundos.
PASSO 6. A eficiência da ventilação é avaliada
observando o movimento torácico do doente.

PARTE 2 : MANOBRAS AVANCADAS DA VIA AEREA

TREINAMENTOS INCLUSOS PASSO 2. Escolher o tamanho correto da ML: 3 para


mulheres pequenas, 4 para mulheres grandes
NESTA ESTACÀO PRÁTICA e homens pequenos e5 para homens grandes.

Inserção da Máscara Laríngea (ML) PASSO 3, Verificar se a Ml está estéril e não tenhâ dano
visÍvel; checar se o Iúmen está limpo.
Inserção do Tubo Laríngeo {TL)
Intubação Orotraqueal PASSO 4, Insuflar o balão da ML para certiÍicar-se de
que náo há vazamento.

PASSO 5. Antes de tentar inserir a ML deve-se esvaziar


tNsERÇÀO DA MÁSCARA completamente o balão e lubrificá-lo.
LARíNGEA (M L)
PASSO 6, Pedir para um assistente restÍingir â
movimentaçâo dâcoluna cervical do doente.
PASSO f, Certificar-se de que a ventilaçáo e a
oxigenaçáo utilizadas são adequadas e que PASSOT. Segurar a Máscara LarÍngea com a mão
há um aspirador imediatamente disponível dominante como uma caneta, com o dedo
na eventualidade do doente vomitar. indicador na junção entre o balão e o cabo
340 APÊNDICE G r Estacôes PrátLcas

e a abertura da máscara orientada sobre a PASSO 9. Rodar o tubo de volta para a linha média logo
língua. que a ponta atingir a parede posterior da faringe.

PASSO 8. Passar a Máscara por trás dos incisivos superiores PASSOlO. Sem forçar excessivamente, avançar o tubo
com o cabo paralelo ao tórax do doente e o até a base do conector alinhar-se com os
indicador apontando para quem está intubaldo. dentes e a gengiva.

PASSO 9. Empurrar a ML lubrificada para a posição, PASSOIL Insuflar os balões com o volume mÍnimo
ao longo da curva palato-faringea com o necessário para vedar a via aérea no pico de
indicador mantendo pressão e guiando o tubo. pressão ventilatória.

PASSOÍL Insuflar o balão com o volume indicado no PASSO12. Ao mesmo tempo que ventila delicadamente
cabo. o doente para avaliar a ventilação, retire o
tubo até que aventilação fique fácil com fluxo
PASSOIL Checar o posicionamento ventilando com de ar livre (o maior volume corrente com a
máscara e balão. menor pressão na via aérea).

PASSO12 Confirmar o posicionamento correto pela PASSO B" Existem marcas de referência na extremidade
ausculta, movimento do tórax e idealmente proximal do tubo que quando alinhadas com
pela verificaçâo do CO, com a capnografia. os dentes superiores indicam a profundidade
da inserção.

INSERCÀO DO TUBO PASSO!L ConÍirmar o posicionamento correto pela


LARÍNGEO (TL) ausculta, movimento do tórax e ideâlmente
pela veriÍicação do CO, com a capnograÍia.

PASSO f. Certificar-se de que aventilaçáo e a oxigenação PASSO15. Reajustar a insuflação dos balôes para vedar
utilizadas são adequadâs e que há um o sistema.
aspirador imediâtamente disponível na
eventualidade do doente vomitar. PA§Of6. Fixe o tubo laríngeo ao doente com Íitas
adesivas ou outros dispositivos. Aindapodem
PASSO 2. Escolher tamanho adequado dê TL. ser utilizados bloqueadores de mordida.

PASSO 3. Inspecionar o TL para assegurar a esterilização,


se o lúmen está limpo e sem nenhum dano
INTUBACÀO OROTRAOUEAL
visível.
PA§SO 1. Certificar-se que a ventilação e a oxigenação
PASSO4. Insuflar o balão do TL e checar se não há utilizadas são adequadas e que um
vazamento. Então, desinsufl á{o. aspirador está imediatamente disponível
na eventualidade do doente vomitar.
PASSOS. Aplicar lubrificante a base de água na
extremidade distal biselada e face posterior PASSO 2. Escolher corretam€nte o tamanho do tubo
do tubo, com cuidado para não obstruir as endotraqueal {TET).
aberturas ventilatórias.
PASSO 3. VeriÍicar se está estéril e não tenha dano
PA§SO 6. Pedir para um assistente restringir a visÍvel; checar se o lúmen está Iimpo.
movimentação da coluna cervical do doente.
PASSO 4 Insuflar o balão do TET e checar se não há
PASSO 7. Segurar o tubo laríngeo pelo conector com a vazamento.
mão dominante e com a outra mão manter a
boca aberta tracionando o mento. PASSO 5. Conectar a Iâmina do laringoscópio ao cabo
e verificar a intensidade da luz.
PASSO 8. Com o tubo rodado lateralmente 45 a 90
graus, introduzir a ponta na boca e avançar PASSO 6. Avaliar a diÍiculdade da intubaçáo pela regra
atrás da base da Iíngua. mnemônica (LEMON).
APÊNDICE G t Estacôes Práticas 341

PASSO 7. Umassistente deve imobilizar manualmente PASSOB. Uma vez que a intubação tenha ocorrido,
o pescoço ea cabeça. O pescoço do doente nâo ventilar com a bolsa. Insuflar o balão com
deve ser hiperextendido nem hiperfletido ar suficiente para fornecer uma vedação
durante este procedimento. adequada. Não hiperinsuflar o balão.

PASSO 8. Segurar o laringoscópio com a mão esquerda PASSO14 Observar visualmente os movimentos da
(mesmo que não seja a mão dominante do caixa torácica durante a ventilaçáo.
operador).
PASSOIS Auscultar o tórax e o abdome com
PA§SO 9, Inserir o laringoscópio no lado direito da estetoscópio para conferir a posição do tubo.
boca do doente, deslocando a língua para
esquerda. PASSO1ô Confirmar a correta posição do tubo pela
presença de COr. Um RX de tórax é útil para
PASSOIO. Identificar visualmente a epiglote e a seguir, avaliar a profundidade da inserção do tubo
as cordas vocais. A mãnipulação externa da (p.ex. intubação seletiva)mas, ele não exclui
laringe paratrás, para cima, para a direita e a intubação esofágica.
com pressão (BURP) pode ajudar a melhorar
a visualização. PASSOIT. Fixar o tubo. Se o doente for transportado,
a posição do tubo deve ser reavaliada.
PASSOfL Inserir delicadamente o tubo endotraqueal
na traqueia sem aplicar pressão sobre os PASSOl& Se ainda não foi feito, conectarum oxímetÍo
dentes e as partes moles da boca. de pulso a um dos dedos do doente (a perfu são
periférica deve estar preservada) para medir
PASSO12. Se aintubação endotraqueal não forrealizada e monitoraro nível de saturação de oxigênio
antes que a SatO2 caia abaixo de 90%,ventile do doente e fornecer uma avaliaçào imediata
com um dispositivo bolsa-máscara e mude de intervençóes terapêuticas.
a abordagem utilizando o GEB.

PARTE 3: VIA AÉREA INFANTIL E CRICOTIREOIDOSTOMIA

TREI NAN4 ENTOS INCLUSOS PASSOZ Selecionar o tubo sem balão e de tamanho
apropriado, que deve ter o mesmo diâmetro
NESTA ESTACÀO PRÁTICA da narina ou do quinto dedo da mão da
criança. Conectar a lâmina do laringoscópio
. ao cabo e veriÍicar a intensidade da luz.
Intubação Endotraqueal Infantil
. Cricotireoidostomia com Agulha PASSO3. Um assistente deve imobilizar manualmente
. CricotireoidostomiaCirúrgica o pescoço ea cabeça. Opescoço do doente náo
deve ser hiperextendido nem hiperfletido
durante este procedimento.
INTUBAçÀO TRAOUEAL
PASSO4 Segurar o Iaringoscôpio com a mão esquerda
INFANTIL (mesmo que não seja a máo dominante do
operador).
PASSO L Certificar-se que a ventilação e a oxigenação
são adequadas e que o equipamento de PASSO5. Inserir o laringoscópio nô Iado direito da
aspiraçâo está prontamente disponivel no boca do doente, deslocando a língua para
caso do doente vomitar. esquerda.
342 APÊNDICE Gt EStaCÕeS Prát caS

PASSO 6 . ldentificar visualmente a epiglote ea segut, as PASSOZ Colocar o doente na posição supina. Um
cordas vocais. A manipulação extema da laringe assistente deve imobilizar manualmente o
para trás, paÍa cima, para a direita e com pressão pescoço e a cabeça.
(BURP) pode ajudar a melhorar a visualização.
PASSO3. Montar um cateter agulhado de calibre
PASSO 7. lnserir o tubo endotraqueal nâo mais que 2 número 12G ou 14G, de 8,5 cm, em uma
cm (após as cordas vocais). seringa de 5 a 10 mL.

PASSO 8. Checar cuidadosamente o posicionamento PASSOzL Preparar o pescoço para a cirurgia, usando
do tubo, ventilando com dispositivo bolsa- esponjas com antisséptir os.
válvula-máscara, observando se a insuflação
dos pulmôes e auscultando o tórax e o PASSOS. Palpar a membrana cricotireoidea
abdome com um estetoscópio. ConÍirmar anteriormente, entre a cãrtilagem tireoide
o correto posicionamento do tubo pela ea cartilagem cricoide. Estabilizar a traqueia
presença de COr. Um R-x de tórax é útil para comopolegare o indicador de uma das mãos
avaliar a profundidade da inserçào do tubo para evitar movimento lateral dâ trâqueia
(i.e., intubação do brônquio-fonte) mas, ele durante o procedimento.
náo exclui a intubação esofágica.
PASSO6, funcionar apele nalinha médiacom a agulha
PASSO 9. Se náo conseguir a intubaçâô endotraqueal número 12G ou 14G, conectada à seringa,
em 30 segundos ou no mesmo tempo que o diretamente sobre a membrana cricotireoidea.
operadorprenda a respiraÇãô, inl erromper as
tentativas, ventilar o doente com dispositivo PASSOT. Direcionar a agulha em ângulo de 45a drstal-
bolsa-máscara antes de tentar novamente. mente, aplicando pressão negativa na seringa.

PASSOfO. Fixar o tubo. Se o doente for trãnsportado, PASSO 8. lnserir cuidadosamente a agulha através da
a posição do tubo deve ser reavaliada. metade inferior da membrana cricotireoidea,
aspirando-a à medida que a agulha avança. A
PASSOfL lnstalar um detector de CO, no tubo adição de 2-3 mLde soiuçâo salinaà seringa
endotraqueal entre o âdaptador e o ajudará a reconhecer a entrada de ar.
dispositivo de ventilação para confirmar
se o tubo endotraqueal está na traqueia. PASSO9. Aspiração de ar significa penetração na luz
da traqueia.
PASSOIZ Conectarum oxímetro de pulso a um dos dedos
do doente (a perfusão perüérica deve estar PASSOfO, Remover a seringa e retirar a agulha ao
preservada) para medir e monitorar o nível de mesmo tempo que se avança o cateter para
saturação de oxigênio. O oximeno de pulso é úül baixo, tomando cuidado para náo perfurar
para monitorar de forma contínua os níveis de a parede posterior da traqueia.
sâhrração de oxigênio e fomece uma âvüação
imediatâ das intervençôes terapêuticas, PASSOIL Conectar o equipamento de insuflação a
jato âo cateter ou conectar a seringâ de 3 mL
com um conector de tubo endotraqueal 7.5
CRICOTIREOIDOSTOMIA POR PUNCAO e fixar o cateter ao pescoço do doente.

PASSO T Montar e prepãrar o tubo de oxigênio fazendo PASSO12. A ventilação intermitente pode ser provi-
um orifício perto de uma das extremidades denciada com o equipamento de insuflaçâo
do tubo. Conectar a outra extremidade a jato conectado ao cateter tampando-se o
do tubo a uma fonte de oxigênio, capaz orifício do tubo de oxigênio com o polegarpor
de fornecer 50 psi - libras por polegada 1 segundo e destampando-o por 4 segundos.
quadrada - ou mais no registro de saÍda e Após retirar o polegar do orifício do tubo,
providenciar que o oxigênio flua livremente ocorre expiração passiva ou com umdisposiüvo
através do tubo. Alternativamente, conectar bolsa-va.lltla-máscara cone«ado a serir ga com
uma bolsa máscara a uma seringa de 3 mL, conector. Noto: A PaO, pode ser manüda em
sem êmbolo a um conector de um tubo níveis adequados por openas 30 a 45 minuto1 e o
endotraqueal de 7.5 mm. acúmulo de CO rpode ocorrer mais rapid.amente.
APÊNDICE G! EStaCÔêS Prát CaS 343

PASSO 13. Continuar observando a insuflação dos PASSOfO. Observar as insuflações pulmonares e
pulmões e auscultar o tórax para veriÍicar auscultar o tórax paraverificar se aventilação
se a ventilação está adequada. Prestar se faz adequadamente. Confirmar a presença
muita atenção a saída de ar para evitar de C0, e obter um R-X de tórax.
um barotrauma, que poderá causar
um pneumotórax. É possível auxiliar PâSSOfL Fixar o tubo endotraqueal ou o tubo de
esta exalaçáo aplicando-se pressão, traqueostomia ao doente para evitar
cuidadosamente, ao tórax nâo se observar
se deslocamentos.
a saída de ar dos pulmóes na ausência de uma
lesão grave do tórax.
LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO
CRICOTI REOIDOSTOMIA CI RURGICA
Problemas na via aérea e ventilação podem ser
confundidos. É de vital importância ter a capacidade
PA§1. Colocar o doente na posição supina. Um de avaliar rapidamente onde está o com p rom eti mento.
assistente deve imobilizar manualmente o A suplementaçáo de oxigênio é um dos primeiros passos
pescoço e a cabeça. no tratamento de doentes traumatizados. A avaliação
da via aérea é o primeiro passo e requer reavaliaçâo
PASSO 2. Palpar a cartilagem tireoide, cricoide e a frequentemente e em coniunto com qualquer
fúrcula esternal para orientação anatômica. deterioração do doente. A falta de habilidades básicas
para manter a oxigenação e ventilação adequadas
PASSO 3. Preparar o equipamento necessário geralmente indica a necessidade de usar habilidades
mais avançadas. A falha em obter umavia aérea usando
PASSO 4. Preparar o local para a cirurgia e anestesia, habilidades avançadas pode exigir a obtenção de uma
se o doentc estiver consciente. via aérea por punção ou cirúrgica.

PASSO 5, Estabilizar a cartilagem tireoide com a mão Após o curso ATLS


- Cada aluno tem experiência
nào dominante € mantenha a estabilização diferente com as habilidades ensinadas na estaçáo
até que a traqueia seja intubada. prática da via aérea- É importante que todos os alunos
pratiquem essas habilidades sob supervisão apropriada
PASSO 6, Fazeruma incisão longitudinal e cranialmente após retornarem ao local de trabalho. A capacidade
de 2 a 3 cm na pele sobre a membrana de identificar doentes com obstrução da via aérea e
cricotireoideanâ com a mão dominantê, usarmanobras simples para auxiliarna ventilaçào são
afastando as bordas da pele para diminuir o habilidades importantes que podem salvar vidas. O
sangramento. Identificar a membrana crico- aluno deve procurar oportunidades em seu ambiente
tireoideana e realizar uma incisào transversâ clínico para prâticâr essas habilidades e desenvolver
da mesma. Cuidado: Poro evitor lesdo desne- mais conforto ao usá-las. Obter mais experiência e
cessáric, não corte ou remova as cartilogens êspecialização, principalmente com habilidades
cricoid,e e/ou tireoide. avançadas na via aérea, é importante se essas forem
provavelmente realizadas na prática clÍnica.
PAS7. Inserir uma pinça hemostática ou um
afastador traqueal dentro da incisáo e giráJo Mace SE and Khan N. Needle cricothyrotomy. Emerg
90"para abrir a via aérea. Med CIin North Am. 2 008;26 (4):1085.

PASSO 8. Inserir um tubo endotraqueal ou um tubo Gaufberg SV and Workman TP. Needle
de traqueostomia de tamanho apropriado cÍicothyroidotomy set up. Am / Emerg Me d.2004;22lll:
(usualmente número 5 ou 6), com 37-39.
balão, através da incisão da membrana
cricotireoideana, direcionando o tubo Nota: Videos das atividades práticas estão disponíveis
distalmente para dentro da trâqueia. Caso no aplicativo móvel MyATLS.
se utilize um tubo endotraqueal, inserir
somente até a não visualizaçâo do "cuffl'â
fim de evitar intubação do brônquio-fonte.

PASSO 9. Insuflar o baláo e ventilar o doente


Estacão Prática B
vENTrrAçAO

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

l- Ava[iar e reconhêcer ventilação e oxitenação ade- vivo ànestesiado ou em um cadáver


quadas em uma simutação de doente tràumatizado
7 Realizar uma toracostomia di8ital, êm um simuládoc
2. ldêntificar doentes trâumatizados com insuficiência manequim, animaI vivo anesteslado ou um cadáver.
respiratória
E. lnserir um dreno de tóaax num simulâdon mânequim,
f,. lnterpretar a radiografia de tórax de forma animaI vivo anestesiado ou em um cadáwi
sistematizada em doentes traumatizados.
9. Discutir as diferenças básicas entre lesão torácica
4. Reconhecer os sinais radiotráficos dê [êsões no adulto e na criança.
potenciaImente fatais.
10. ExpLicar a importância do controte adequâdo da dor
5. ldentificar marcos apropriados para a descompressão após um tÊuma torácico.
com agutha e coLocação de dreno de tórax.
ll. Listar as etapas requeridas para uma transferênciâ
6. Demonstrar como realizar a dêscompressão com ôgutha segura em um doente traumatizado com um prob[.ema
do espaço pleuÍal em um sim!tadoc manequlm, animaI vênti Lató ri o.

TREINAMENTOS INCLUSOS PÂSSO2. Procurar por evidências de insuficiência


respiratória.
NESTA ESTACÀO PRÁTICA
Taquipneia
Uso de muscularura acessória da respiração
Avaliação da Ventilação
Movimentos anormal/asimétrico da
InterpÍetação da RadiograÍia de Tórax
parede respiratória
Toracostomia Digital e Dreno de Tórax
Cianose (achado tardio)
Descompressão com Agulha
PASSO3. Sentir ar ou fluido.
Uso da Fita de Broselow
Hipertimpanismo à percussão
Macicez à percussão
AVALIACÀO RESPI RATORIA
Crepitação

PÂSSOL ProcuÍar sinais de obstrução parcial ou


comprometimento da via aérea. INTERPRETACÀO DO RX DE
. Murmúrio veSicular ausente ou
TORAX
assimétrico
O mnemônico DRSABCDE é útil na interpretação
. Sons adicionais (p.ex., sons indicativos de do RX de tórax no ambiente de cuidados de doentes
hemotórax) traumatizados:

145
3+6 APÊNDICE G T ESTACÕES PrátiCAS

PASSOL D-Detalhes (nome, demografia, tipo de intercostal na linha hemiclavicular.) Para


filme, data e hora) adu.ltos {especialmente comtecido subcutâneo
mais espesso ), usar o 4e ou 5e espaço intercostal
PASSOZ R-R-X obtido (qualidade da imagem) anterior à linha axilar média.
Rotação
PASSO4 Anestesiar o local se o tempo e a fisiologia
Inspiração-5-6 arcos costais na linha permitirem.
anterior médio-clavicular (pouco
inspirado) ou 8-10 arcos acima do PASSOS, Inserir um cateter sobre a agulha de 5 cm
diafragma hiperexpandido para adultos menores; 8 cm para adulto
Foto (todo campo pulmonar é visto?l maiores) com uma seringa Luer-Lok de 10
mL conectada à pele. Direcionar a agulha
Exposiçáo penetração
apenas sobre a costela para o espaço
PASSO3. S-Soft tissues (tecidos moles) e ossos. intercostal, aspirando a seringa enquanto
Procurar por enfisema e avaliar as fraturas avança. (Adicionar 3 mL de soluçáo salina
das clavículas, escápulas, costelas (as pode ajudar na identificação do ar aspirado).
fraturas da 1ê e 2ê costelas podem sinalizar
Iesão aórtica) e esterno. PASSO6. Perfurar a pleura

PASSO4 A-Via aérea e mediastino. Procurar por PASSOT. Retirar a seringa e ouvir a fuga de ar quando a
sinais de ruptura da aorta: mediastino agulha entrar no espaço pleural para indicar
alargado, borramento do botão aórtico, alívio do pneumotórax hipertensivo. Avance
desvio da traqueia para a direita, tampa o cateter para o espaço pleural.
pleural, elevação e desvio para a direita do
brônquio fonte direito, perda dajanela aorto- PASSO& Estabilizar o cateter e preparar-se para a
pulmonar, depressão do brônquio principal inserçào do dreno torácico.
esquerdo e desvio do esôfago parâ a direita.
Procure por ar no mediastino.
TORACOSTOMIA DIGITAL E
PASSOí B-Respiração, campos pulmonares, DRNAGEM DE TORAX
pneumotórax, consolidação (contusão
pulmonar), lesões cavitárias
PASSOL Reunir suprimentos, campos estéreis e kit de
PASSO6. C-Circulaçào, tamanho do coração, formato antissepsia para dÍenagem de tórax {bandeja)
das bordas da posição, faixâ aórticâ e dreno torácico de tamanho adequado (28-32
F). Prepare o selo d'água e o coletor.
PASSOT, D-Forma do diafragma, ângulos, bolha
gástrica, ar subdiafragmático PASSO2. Posicionar o doente com o braço ipsilateral
estendido acima e flexionado no cotovelo (a
PASSO& E-Extras: tubo endotraqueal, monitor de menos que seja impedido por outras lesões).
pressão venosa central, sonda nasogástrica, Usar um assistente para manter o braço
eletrodos de ECG, dreno torácico, marca passos nessa posiçáo

PASSO3, Ampliar e cobrir a parede torácica lateral,


incluindo o mamilo, no campo operatório.
DESCOMPRESSAO COM AGULHA
PASSO{ Identificar o local para inserção do dreno
PASSOL Avaliar o tórâx e o estado respiratório do torácico no 4a ou 5q espaço intercostal. Este
paciente. local corresponde ao nivel do mamilo ou sulco
infta-mamário. O localde inserçâo deve estar
PASSOZ Administrar oxigênio de alto fluxo e ventilar entre as linhas anterior e média axilar.
se necessário.
PASSO5. Realizar anestesia local para incluir a pele,
PASSO 3 Preparar cirurgicamente o Iocal escolhido para tecido subcutâneo, periósteo da costela e
punção. (Para doentes pediátricos, o 2q espaço pleura. Enquanto o anestésico local entra
APÊNDICE G T 55taCÔeS P.átJCaS 347

em vigor, usar o dreno de tórax para medir PASSO13. Obter uma radiograÍia do tórax.
a profundidade da inserção. Pré-avaliar a
profundidade estimada do dreno torácico, PASSOIIL Reavaliar o doente.
colocando a ponta perto da clavícula com
umâ curya suave do tubo para a incisâo.
Avaliar a marcação no dreno do tórax que USO DA FITA DE
se correlaciona com a incisâo, garantindo
que o orifício sentinela esteja no espaço
REANIMACÀO PEDIÁTRICA
pleural. Muitas vezes, as marcas no dreno
dotórax serão de 10a 14 napele, dependendo PASSOL Desdobre a fita de reanimaçáo pediátrica.
da quantidade de tecido subcutâneo (poÍ
exemplo, doentes obesos). PASSO 2, Coloque a Íita ao Iongo da lateral do instrutor
de tarefa de tubo torácico para estimar o peso
PASSO6. Fazer uma incisão de 2 a 3 cm paralela às e anotar a zona de cor.
costelas no Iocal predeterminado, e dissecar
os tecidos subcutâneos logo acima da costela. PASSO 3. Leia o tamanho do equipamento a ser usado
com o paciente, anotando o tamanho do
PASSOT. Perfurar a pleura parietal com a ponta da dreno torácico.
pinça hemostática enquanto segura-se o
instrumento perto da ponta para evitar a LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO
inserção súbita e profunda do instrumento e
a lesão das estruturas sublacentes. Avançar
a pinça sobre a costela e abra-a para alargar Reavaliar a respiração com frequência durante a
a abertura pleural. Tome cuidado para avaliação primária e a reanimaçáo. Revise o aplicativo
não penetrar demais a pinça na cavidade móvel MyATLS para demonstrações em vídeo de
torácica, pois, o alargamento do orifício procedimentos. Além disso, www-trauma.org fornece
será Íneficaz. Confirmar a saída de ar ou descriçôes do manejo de uma variedade de lesões
fluido. Com um dedo enluvado e esterilizado, torácicas em doentes traumatizados.
faça uma var redura para limpar quaisquer
aderências e coágulos {ou seja, realizar uma Após o ATLS-Pratique usando uma abordagem
toracostomia digital). estruturada para a Ieitura do RX de tórax antes de
observar a interpretação do radiologista para melhorar
PÂSSO& Colocar uma pinça hemostática na sua proficiência. Revise a demonstração em vÍdeo
extremidade distal do dreno e outra pinça na MyATLS da inserção do dreno torácico antes de realizar
extremidade proximal do mesmo usando-a o procedimento para reforçar etapas do processo.
como um guia e avançar a inserção do
dreno no espaço pleural até a profundidade
desejada.

PASSO9. Observar e ouvir o movimento do ar e a


drenagem de sangue;o "embaçamento" do
dreno de tórax à expiração também pode
indicar que o tubo está no espaço pleural.

PASSOlO.Retirar a pinça e conectar o dreno a um


coletor em selo d'água. Uma fita adesiva
pode ser utilizada para assegurar a conexão
entre o dreno e o coletor.

PASSO1L Fixar o dreno à pele com fio de sutura, náo


absorvível.

PA§SO 12 Aplicar um curativo estéril e prendê-lo com


fita adesiva larga.
:StACãO PTá ca
crRcurAçAo

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

l. Diatnosticar a presença de ambos os tlpos de compreendendo suas lndicaçõ€s c coÍtuthdlcaçõGs


choque, compensado e não compensado. para o uso dê disposltivos dê tração para fuuras dê
fêmur.
2. Determlnar o tipo de choque presente.
7. Reconhecer a necessldadê dê rêavatlaÉo do doerÊe
3. Escother a reposição vo[êmlca apropriada. e reánimação adiclonat com basê na rêsposta do
doentê ao tíirtamêrÊo.
,+, Oemonstrar em um model,o a apucação de uma
abordôtem em êtâpas parir contrgl,ar a hêmorrâtla 8. Reconhecer quals doent€s neccssitam dô contro[ê
externa âpticlndo prês.são dirêta, empacotámênto definltivo dâ hêmorrâgiâ (1.ê., opêratórlo e/ou
da ferlda e apl.jcação de um torniquete- catete. based) e/ou transf6rir parâ um nívêl Ínals
e!êvâdo de culdado.
5. Demonstrar o acesgo lntraósseo em um modeto e
dlscutir outras opçôes de acesso vascu[ar o suas 9. Descrever s demonstrâr (opcionâlmênG) as
indlcaçõês. lndlcaçõês e técnlcás de acesso venoso centraL
flsbotomla, tâvado pêritonêâl dle8nósüco (LDP) e
6. Dêmonstrâr a apllcação de um disposltivo pêÍicardlocent€se.
de establl,ização pétvlca para fraturas pétvtca

Punção da Veia Subclávia: Abordagem Infra-


TREINAMENTOS INCLUSOS clavicular- Treinamento Opcional
NESTA ESTACÀO PRÁTICA
Flebotomia- Treinamento Opcional

. Pericardiocentese Guiada por Ultrassom-


Empacotamento da Ferida
Treinamento Opcional
. Aplicação do Torniquete
. Aplicação da Tala de Tração (Demonstração) EMPACOTAMENTO DA FERIDA
. Colocação do Dispositivo Intraósseo, lnserção
Umeral PASSOL Exponha totalmente a ferida e corte a roupa,
. Colocação do Dispositivo Intraósseo, Inserção se não foi feito anteriormente.
Proximal á Tíbia
PASSO2. Use compressas de gaze para parar o
. Aplicação da Cinta Pélvica ou Outro DispositÍvo sangramento e identifique a área geral que
de Estabilização Pélvica está sangrando.
. Lavagem Peritoneal Diagnóstica (LPD)
-
Treinamento Opcional PASSO 3. Coloque uma pilha de compressas de gaze sobre
essaáreaepressione comÍirmeza. Mantenha
. Punção da Veia Femoral: Técnica de por 5-10 minutos se estiver usando gaze ou 3
Seldinger- Treinamento Opcional minutos se estiver usando gaze hemostática.

149
350 APÊNDICE G r Estaçôcs Práticas

PASSOA Se o sangramento for controlado, prenda PASSOT. Bloqueie a haste do torniquete no lugar
as comprêssas de gaze com uma atadura no clipe de corda de vento. O sangramento
elástica ou náo ou uma mecha auto-aderente agora está controlado.
(3M Cobar"). Consulte cirurgião de trauma,
lasculaÍ ou ortopedisê combase no üpo de leúo. PASSOS. Cole a faixa auto-aderente restante sobre
grampo do torniquete e
a haste, através do
PASSO5. Se o sangramento não for controlado continue em volta do braço ou da perna do
e houver uma cavidade, use um dedo doente o máximo possível.
enluvado ou uma pinça para col.ocar a gaze
na ferida, garantindo que a gaze alcance a PASSO9. Prenda a haste e a pulseira com a alça do
base da ferida. Coloque mais gaze até que molinete. Segure a alça, aperte'a e côle-a
a ferida esteja bem embalada. Mantenha no gancho oposto ao clipe do torniquete.
a pressão por mais 3 minutos e reavalie.
Pode ser usada gaze impregnada com um PASSOlO.Anote a hora em que o torniquete foi
agente hemostático tópico, se disponívei. aplicado. Se você tem um marcador, pode
A gaze sem um agente hemostático pode escrevê-lo diretamente no torniquete.
ser tão eÍicaz pâra o empâcotâmento da
ferida quanto a gaze tratada com um PASSOfL Se o sangramento não for interrompido com
agente hemostático. Feridas grandes podem um torniquete e for tão apertado quanto
exigir vários pensos de gaze para embalar possível, coloque um segundo, se disponível,
totalmente a ferida. Embale com o máximo logo acÍma do primeiro. Aperte-o como antes.
de gaze que couber na ferida e empurre
ainda mais, se puder. Se esses passos não
controlarem o sangramento, prossiga com APLICACÀO DA TALA DE
a colocação do torniquete ênquanto aguarda TRACÀO
a consulta cirúrgica.

PASSOL Considere a necessidade de analgesia


APLICACÀO DE TORNIOUETE antes de aplÍcar um dispositivo de tração e
DE APLICACÀO OT COMBATE selecione o mais apropriado a ser usado.

PASSO2, Meça a tala na perna não afetada do paciente


PASSO L Insira a extremidade ferida (braço ou perna) quanto ao comprimento.
através do tomiquete de aplicação de combate.
PASSO3, Assegure-se de que o alça almofadada
PASSO2. Coloque o torniquete próximo ao local da seja colocada sob as nádegas e adjacente
hemorragia, o mais distal possível. Náo à tuberosidade isquiática. A extremidade
coloque em uma articulação- distal do dispositivo deve se estender além
do tornozelo em aproximadamente 15 cm.
PASSO 3. Puxe a cinta aderente firmemente e prenda-a
com Íirmeza. Certifique-se de remover toda a PASSO4 Alinhe o fêmur aplicando manualmente a
folga. traçào através do tornozelo.

PASSO4 Cole a faixa ao redor da extremidade. Nâo PASSO5. Depois de obter o realinhamento, levante
adira a faixa após o clipe. suavemente â perna para permitir que o
assist€nte desiize a tala sob a extremidade,
PASSOS. Torça a haste do torniquete até que o de modo que a porção acolchoada da tala
sangramento pâre. fique encostada na tuberosidade isquiática.

PASSO 6. Assegure-se de que o sangramento ârterial PASSO6. Reavalie o estado neurovascular da


esteia controlado. O torniquete deve ser extremidade lesadâ após aplicar tração,
apertado e pode ser doLoroso se o doente
estiver consciente. PASSOT. Assegure-se de que as cintas de imobilização
esLào posicLonadaà pdra apoiar a coxa e a
panturrilha.
APÊNDICE G T ESTACÕES PrátiCâS 35I

PASSOS. Posicione a cinta do tornozelo ao redor do em crianças. {Ao usar uma agulha lisa, sem uma
mesmo e do pé do doente, e enquanto um broca, oriente a agulha perpendicularmente ao
assistente mantém a tração manual napema. A local de entrada e apliquepressão em conjunto
cinta inferior deve ser Iigeiramente mais curta comum movimento de torção até que se sinta
que, ou pelo menos do mesmo comprimento, uma "perda de resistência", e, a agulha entraÍ
e as duas tiras cruzadas superiormente. na caüdade medular.)

PASSO 9. Prenda a cinta do tomozelo ao gancho de tração PASSOô Segure o dispositivo no lugar e aperte o
enquanto o assist€nte mantémaEaçãoe apoio gatilho firmemente. Continue a segurar o
manual. Aplique tração gradativamente, hub da agulha enquanto gira o estilete para
utilizando o manopla da catraca até que a fora do eixo com rotaçôes no sentido ânti-
extremidade pareça estável ou até que a dor horário. A agulha deve estar firmemente
e o espasmo muscular sejam aliviados. assentada no osso (primeira confirmação
da colocação). Coloque o estilete em um
PASSO 10. Verifique novamente o pulso após aplicar a recipiente para objetos cortantes.
tração. Se a perfusão da extremidade distal
à Iesão parecer pior, solte-a gradualmente. PASSOT. Coloque o curativo Ez-Stabilizer sobre o
hub. Conecte um coniunto de extensão EZ-
PASSOIL Prenda as correias restantes Connect" preparado ao hub, Íirmemente
seguro, torcendo-o no sentido horário. Puxe
PASSO12 Reavaliar frequentemente o estado as abas do curativo EZ-Stabilizer para expor
neurovascular da extremidade. Documente o adesivo e aplique-o na pele.
o estado neurovascular do paciente após
cada manipulaçâo da extremidade. PASSO & Aspirar para confirmar a saÍda de sangue
/medula óssea (segunda confirmação da
colocação).
PUNçÃO/TNFUSÀO TNTRAoSSEA
PELO UMERO PASSO9. Prenda o braço no lugar através do abdome

PASSO lO. Conecte uma seringa com soro fisiológico à


PASSOL Flexione o cotovelo do doente e gire agulha e lave, observando se ocorre inchaço
internamente o braço, colocando a mão do local ou dificuldãde de lavagem. Inrete
doente no abdome como cotovelo próximo ao Iidocaína se o doente estiver alerta e sentir
corpo e a mão pronada. OIocal de inserção éo dor com infusáo-
ponto maisproeminente do tubérculo maior.

PASSOZ Use o(s) seu(s) polegar(es)para deslizar para PUNCÀO/tN FUSÀO I NTRAÓSSre
cima o eixo anterior do úmero até sentir vrA rNSERÇÀO PROXTMAL DA
o tubérculo maior, cerca de i cm (i/3 pol)
TíBIA
acima do colo ciúrgico.

PASSO 3. Prepare o Iocal usando uma solução antisséptica. PASSO L Coloque o doente em decúbito dorsal. Selecione
uma extremidâde inferior náo lesionada,
PA§SO4 Remova a tampa da agulha e aponte apontãpara coloque um acolchoamento suÍiciente sob o
baixoemumângulode45 grausemrelaçâoao joelho para efetuar uma flexão aproximada
plano horizontal. O ângulo correto resultará no de 30 graus do joelho e deixe o calcanhar
eixo da agulha perpendicular àpele. Empurre do paciente repousar confortavelmente no
a ponta da agulha através da pele até que a colchonete ou na maca.
ponta alcance o osso. A marca de 5 mm deve
estar úsível acima da pele para confirmação PASSOZ ldentifique o Iocal da punçáo - a superfície ântero-
do comprimento adequado da agulha. medial da tíbia proximal, aproximadamente
um dedo (1a 3 cm) abaixo do tubérculo.
PASSO5. Perfuresuavementeoúmeroa2cm(3/4pol)ou
até que aborda do dispositivo atinja a pele de um PASSO3. Limpe a pele ao redor do local da punção e
adr-rlto. Pare quando você sentir o "pop " ou "give" cubra a área.
352 APÊNDICE G r EsraçÕes Práticâs

PASSO/| Se o doente estiver acordado, use um anestésico ser limitada à ressuscitaçâo de emergência
Iocal no local da punçâo. dopacientee descontinuada assim que outro
acesso venoso tenha sido obtido.
PASSOII Inicialmente, em um ângüo de 90 graus,
introduzir uma agulha de aspiração de medula
óssea curta {roscada ou lisa}, de grande calibre, APLICACAO DA CINTA PELVICA
(ou uma agulha espinhal de ca-Libre 18 curta OU OUTRO DISPOSITIVO DE
com estilete) na pele e no periósteo, com o ESTABILIZACÀO PELVICA
bisel da agulha dirigido para o pé e afastado
da placa epiÍisária.
PÂSSOL Selecionar o dispositivo adequado de
PASSOô Depois de localizar o osso, direcione a agulha estabilizaçáo pélvica.
a uma distância de 45 a 60 graus da placa
epifisária. Usando um movimento suave de PASSOZ [dentificar os pontos de referência para
torção ouperfuração, avance aagulha através aplicação, conc€ntrando-se nos trocânteres
do córtex ósseo e na medula óssea. maiores.

PASSOT. Retire o estilete e coloque na agulha uma PASSO9, Gire internamente e se oponhaaos tornozelos,
seringa de 10 mL com aproximadamente 6 pés ou dedôes usando fita adesiva ou gaze
mL de solução salina estéril. Delicadamente, de rolo.
pegue o êmbolo da seringa. A aspiraçáo da
medula óssea na seringa signiflca a entrada PASSO{ Deslize o dispositivo dos pés para cabeça,
na cavidade medular. centralizando-o sobre os trocânteres maiores.
Duas pessoas em lados opostos seguram o
PASSOS. lnjete a solução sa-Lina na agulha para expelir dispositivo na pârte inferior e superior
qualquer coágulo que possaobstruü a agulha. e o colocam proximalmente na posição.
Se a solução salina passar facilmente pela Alternativamente, ou coloque o dispositivo sob
agulha e não houver eüdência de inchaço, a odoente, restringindo o movimento da coluna
agulha provavelmente está localizada no local vertebral e com o mÍnimo de manipulação
apropriado. Se a medula óssea não foi aspirada, da pelve, girando o doente lateralmente.
conforme descrito no PASSO 7, mas a agulha Coloque o dispositivo dobrado embaüo do
é liberada facilmente ao injetar a solução doente, alcançando amenor distância possível
sünae nãohá evidênciade inchaço, a agulha do doente. Gire em outra direção e puxe a
provavelmente está no local apropriado. Além extremidade do dispositivo completamente.
disso, a colocaçáo correta da agulha é indicada Se estiver usando um lençol, cmze os membros
se a agulha permanecer ereta sem suporte € e prendacom grampos ou grampo de toalha.
a solução intravenosa fluir livremente sem
eüdência de in.filtração subcutânea. PASSO5, Role o doênte de voltapara o supino e prenda
o dispositivo anteriormente. Certifi que-se
PASttO 9. Conecte a agulha ão tubo intravenoso de grande de que o dispositivo esteia adequadamente
calibre e inicie ainfusao flúà. Cüdadosamente preso com tensáo adequada, observando a
aparafuse a agulha na caüdade medular até rotação interna dos membros inferiores, o
que o cento da agulha repouse sobre a pele que indica o fechamento pélvico.
do paciente e o fluxo Liwe continue. Se uma
agulha lisa for usada, ela deve ser estabilizada
em um ângulo de 45 a 60 graus em relação à
L AVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO
superfície ântero medial da pema do doente. (rpo) - PRATTcA oPCToNAL

PA§§O 10, Cubra com gaze estéril. Mantenha a agulha e


o eqüpo no lugar. PASSOL Obtenha o consentimento informado, se o
tempo permitir.
PA§tlO ll. Rotineiramente reavaliar a colocaçâo da agulha
intraóssea, assegurando que ela permaneça PASSOZ. Descomprima o estômago e a bexiga urinária
através do córtex ósseo e no canal medular. inserindo uma sonda gástrica e um sonda
Lembre-se de que a infusão intra-óssea deve vesical.
APÊNDICE G r EstacÕes Práticas 555

PASSO 3. Depois de colocar uma máscara, um avental


estéril e luvas, prepare ciruÍgicamente PUNCÀO DA VEIA FEMORAL
o abdome (margem costal para a - TÉCNICA DE SELDINGER _
região pubiana e flanco para o flanco,
anteriormente).
PRÁTICA OPCIONAL

PASSO4 Injetar anestésico local com epine{iina na linha Noto: A tácnico asséptica deve ser usc daao executar este
média, logo abaixo do umbigo, até o nível da procedimento.
fáscia. Permita que o tempo tenhâ efeito.
PASSOL Colocar o doente em decúbito dorsal.
PASSOS. Fazer uma incisão vertical da pele e tecido
subcutâneo até a fáscia. PÁSSOZ Limpar a pele ao redor do local da punção
venosaecobriraárea.
PASSO6. Afastar as bordas fasciais com afastadores e
elevar e incisar a fáscia até o peritônio. Faça PÂSSO 3, Localizar a veia femoral palpando-se a artéria

um pequeno corte no peritônio, entrando na femoral- Aveia estámedial à artériafemoral


cavidade peritoneal. (lembre-se do mnemônico NAVEL, de lateral
para medial: nervo, artéria, veia, espaço
PASSOT. Inserir um cateter de diálise peritoneal na vazio, linfático). Mantenha um dedo na
cavidade peritoneal. artéria para facilitar a Iocalização anatômica
e evitar a inserção do cateter na artéria. Use
PASSO 8. Avançar o cateter em direçâo à pelve. ultrassom para identificar a artéria femoral
e üsualizar a introdução da agulha na veia.
PASSO9. Conectar o cateter de diálise a uma seringa
e aspirar. PASSO4 Se o doente estiver acordado, use um
anestésico local no local da punçáo venosa.
PASSOIO. Se foraspirado sangue ou matéria orgânica,
o doente deve ser levãdo para laparotomia. PASSOS. Introduzir uma agulha de grosso calibre
Se não, infundir 1 L de solução cristaloide com uma seringa de 10 mL com 0,5 a 1 mL
isotônica aquecida (1O ml/kg em uma de solução salina- Direcione a agulha em
criança) no peritônio através do tubo dlreção à cabeça do doente, inserindo a
endovenoso conectado ao cateter de diálise. agulha diretamente sobre a veia femoral.
Mantenha a agulha e a seringa paralelas ao
PASSO lL Agitar suavemente o abdome para distribuir plano frontal.
o líquido por toda a cavidade peritoneal e
aumentar a mistura com o sangue. PASSOô Dirigindo a agulha em sêntido cranial e
posteriormente, avançá-la lentamente
PÂSSO 12 Se acondição do doente forestável, permita enquanto gentilmente retira-se o êmbolo
que ofluido permaneça alguns minutos antes da seringa.
de colocar o saco de líquido intravenoso no
chão e permitir que o líquido peritoneal seja PASSOT. Quando um fluxo liwe de sangue aparecer na
drenado do abdomê. O retorno adequado do seringa, remover a seringa e ocluir a agulha
fluido é > 20% do volume infundido. com um dedo para evitar embolia gasosa.
Se a veia não for inserida, retirar a agulha e
PASSO 13. Após o retorno do fluido, enüê uma ãmostra redirecioná-la. Se duas tentativas não forem
para o laboratório para coloração de Gram bem sucedidas, um clínico mais experiente
e contagens de eritrócitos e leucócitos. Um deve tentaÍ o procedimento, se disponível.
teste positivo e, portanto, a necessidade de
é indicada por100.000
intervenção cirúrgica PÂSSO& Inserir o fio-guia e remover a agulha.
glóbulos vermelhos {hemáciasl/mm3 ou
mais, mais de 500 glóbulos brancos/mmr, ou PAS|O9. Fazer uma pequena incisão na pele no ponto
uma coloraçáo de Gram positivapara fibras de entrada do fio, passar o dilatador (ou o
ou bactérias alimentares. Uma lavagem introdutor do dilatador combinados) sobre
negativa não exclui lesóes retroperitoDeais, o fio e remova a pressão de r€tençáo do
como lesôes pancreáticas e duodenais. dilatador no local de saída do fio {ou remova
354 APÊNDICEG r EStacÕeS PrátiCaS

o dilatadoÍ se a combinaçãode introdutorfor clavícula em direção ao ângulo superior


usada). da extremidade esternal da clavícula
(em direçào ao dedo colocado na fossa
PASSOÍLInserir o cateter através do fio-guia para supra-estêrnai).
garantir o fluxo sanguíneo livre. Se estiver
usando um introdutor, aspirar. PASSO& Avançar Ientamente a agulha enquanto
retirar suavemente o êmbolo da seringa.
PASSO1L Lave o cateter ou introdutor com soro
fisiológico e tampão ou inicie a infusão fluida. PASSO 9. Quando um fluxo Iivre de sangue aparecer na
seringa, remover a seringa e ocluir a agulha
PASSO1Z Fixar o cateter no lugaÍ (com uma sutura), com um dedo para evitar embolia gasosa.
vista a área de acordo com o protocolo Iocal. Se a veia não for inserida, retirar a agulha e
redirecioná Iâ. Se duas tentativas não forem
PASSO 13. Tape o tubo intravenoso no Iugar bem sucedidas, um clÍnico mais experienre
deve tentar o procedimento, se disponível.
PASSO14 Mudar alocalizaçào do cateter assim que foÍ
possível. PÂSSO lO.lns ira o fio-guia €nquanto monitora-se o
eletrocardiograma quanto a anormâlidâdes
de ritmo.
PUNçÀO DA vErA SUBCLÁV|A:
ACESSO INFRACLAVICULAR _ PASSO1L Retirar a agulha enquanto segura-se o fio-
PRATICA OPCIONAL guia no lugar.

PASSOIZ Usar uma lâmina 11 para incisar a pele ao


Notci A técnica asséptico deve ser usada ao executar este redor do local de saÍda do Íio-guia. Inserir
pr oced.imento. o dilatador sobre o fio guia para dilatar a
área sob a clavícula. Remover o dilatador,
PASSOL Colocar o doente em decúbito dorsal, com deixando o Íio no lugar. Passaro catetersobre
a cabeça pelo menos 15 graus para baixo, o fio até uma profundidade predeterminada
para distender as veias do pescoço e evitar (apontado cateter deve estar acima do átrio
embolia gasosa. Somente se uma lesão direito para administração de fluidos).
na coluna cervical for excluída, a cabeça
do paciente pode ser afastada do local da PASSo lj|. Conectar o cateter âo tubo intravenoso.
punçâo venosa.
PASSOI4. Fixar o cateter firmemente na pele (com
PASSOZ Limpar bem a pele ao redor do local da uma sutura), cubra a área de acordo com o
punção venosa e cubra a área. protocolo local.

PASSO3. Se o doente estiver acordado, use um PASSO15. Colar a Íita intravenosa no Iugar.
anestésico local no local da punção venosa.
PASSO1ôObter um R-X de tórax para confirmar a
PASSO4 Introduzir uma agulha de grosso calibre, posição da linhâ intravenosa e identÍficar
acoplada a uma seringa de 10 mL com 0,5 um possível pneumotórax.
a 1 mL de soro fisiológico, 1 cm abaixo da
junçào do terço médio e medial da clavícula.
FLEBOTOMIA - PRATICA
PASSOT Após transpor a pele, com o bisel da agulha
para cima, expelir o plugue da pele que pode OPCIONAL
ocluir a agulha.

PASSOô Segure a agulha e a seringa paralelamente PASSO L Limpar a pele ao redor do Iocal escolhido
ao plano frontal. paraa incisão e prepare a área para cirurgia.

PASSOT. Direcionar a agulha medialmente, levemente PASSO2. Se o doente estiver acordado, usar um
cefálica e posteriormente abaixo da anestésico local no local da punçâo venosa.
APÊNDICE G! EStacÕCS PrátiCaS ]55

PASSO3. Fazer uma incisão cutânea transversal de PASSOô Avaliar o doente para verificar se ocorreu
espessura total através da área anestesiada algum deslocamento mediastinal, que pode
até um comprimento de 2,5 cm (l polegada). ter causado um deslocamênto significativo
do coração.
PASSO4 Por dissecação romba, usando uma pinça
hemostática curva, identificar a veia e PASSOT. Puncionar a pele 1a 2 cm abaixo e à esquerda
dissecá-la, isoladamente. dajunção xifocondral, com uma angulação
de 450 em relação à pele.
PASSO5. Elevar e dissecar a veia por uma distância de
aproximadamente 2 cm 13/4 de polegada) PASSOS" Avançar a agulha com cuidado, em sentido
para liberá-la de seu leito. cranial, apontando-a para a ponta inferior
da escápula esquerda. Seguir a agulha com
PASSO6. Ligar aveia distalmente, deixando a sutura o ultrassom-
no lugar para usá-la pàra I ração.
PAS§)9. Avançar o catêter agulhado. Remover a
PASSOT. Passar um Íio ao redor da veia em uma agulha.
direção cefálica.
PASSO 10. Quando a ponta da agulha penetrar no saco
PASSOS. Fazer uma venotomia pequena e transversal pericárdico cheio de sangue, retirar, tanto
e dilatar suavemente a veia com a ponta de sangue incoagulável quanto possível-
uma pinça hemostática fechada.
PASSOIL Após completada a aspiração, remover a
PASSO9. Introduzir uma sonda plástica através da seringa e adaptar uma torneirinha de três
venotomia e prendê-la no lugar amarrando vias, deixando-a fechada. O cateter pode ser
a ligadura superior ao redor da veia e da suturado ou fixado comfita no local e coberto
cânula. Para evitar a saída, inserir a cânula com umpequeno curativo para permitir nova
a uma distância adequada da veia. descompressáo a caminho da cirurgia ou
transferido para um outro hospital.
PASSO 10. Conectar o tubo intravenoso à sonda e fechar
a incisão com suturas separadas. PASSO12 Se persistirem sinais de tamponamento,
a torneirinha deve ser aberta e o saco
PASSOIL Aplicar um curativo estéril. pericárdico aspirado novamente. Este
processo pode ser repetido se os sinais
de tamponamento persistirem, antes do
tratamento definitivo.
PERICARDIOCENTESE COM
ULTRA-SOM - PRÁTICA
O PC IO NAL LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO

PASSOL Monitorar os sinais vitais do doente e o O choque pode se desenvolver ao longo do t€mpo,
eletrocardiograma (ECG) antes, durante e portanto é necessária uma reavaliação frequente-
após o procedimento. Hemorragia é a causa mais comum de choque no doente
tÍaumatizado, mas outras causas podem ocorrer e
PASSOZ Usar ultrassom para identiÍicar o derrame devem ser investigadas. O aplicativo móvel MyATLS
fornece demonstrações em vídeo da maioria dos
PASSO3. Preparar cirurgicamente a região xifoidea procedimentos. Visite também www.bleedingcontrol.
e subxifoidea, se o tempo o permitir- org para mais informaçóes sobre controle de
hemorragia externa. Visite https://www.youtube.
PASSO4 Anestesiar o ponto de punção, se necessário. com/ watch?v=Wu- KVibUGNM para ver um vídeo
demonstrando a abordagem intraóssea do úmero e
PASSOT Adaptar uma seringa vazia de 50 mL com https://www.youtube. com /watch? v = OwLoAHrdpJA
uma torneirinha de três vias, â um catéter para ver o vídeo da abordagem guiada por ultrassom
agulhado de 15 cm ou mais, calibre 16 a 18 G. para pericardiocentese.
EstaÇão Prática D
OÉrIcE NEURotocIco

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

L Fazer um breve exame neurotógico, inctuindo bl,oco do doente, removendo a piancha e revendo as
o cá[cuLo da poôtuação da Escab de Coma de imagens dô colxna cervicât êTC dê crânio.
Gl.asgow (GCS), .eatizando um exame pupi[ar e
examinando o doente para sinais de lrtêralização. 5. ldentificaros sinais, sintomas e tratamento do
choque neurogênico.
2. ldentificar a utitidade e as [imitâções das
ferramentôs de decisão de TC de crânio. 6. Demonstrar técnica adequada de remoçâo de
çapâcete.
3. ldentificar a utitidade e as limitações das
fêrrâmentâs de dêcisão dê imagens da couina 7 ldentificar os sinais e sintomas de lesão medular em
cervica[. um doente simuládo.

4. ReâLizd r uma avatiação adequada da coLuna enquanto 8. Demonstrar a transferência de um doênte com
restrlnge o movimento da cotuna vertebral inct!indo nêurotrauma pal.a outra instituição ou médico.
a avatiação da coluna vertebial a movimentôção em

TREINAMENTOS INCLUSOS PASSO2. Iluminar os olhos com a luz, e observar a


Íesposta pupilar.
NESTA ESTACÀO PRÁTICA
DETERMINAR O NOVO SCORE GCS
Exame Neurológico Breve ou Focalizado
PASSO1 Avaliar a abertura do olho.
Avaliação da Coluna Cervical
Transferência de Comunicaçâo A. Observar os fatores que interferem na
comunicação, capacidade de responder e
Remoção de Capacete
outras lesôes.
Exame Neurológico Detalhado
Remoção da Prancha Longa da Coluna
B. Observar a abertura dos olh"s
Avaliaçào de Exames de TC de Crânio C. Se a resposta não for espontânea, estimule
Avaliação de Imagens da Coluna Cervical o doente, falando ou gritando.

D. Se náo houveÍ resposta, aplique pressão


EXAME NEUROLOGICO na ponta do dedo, trapézio ou entalhe
supra-oÍbital.
BREVE OU FOCALIZADO
E. ClassiÍicar a resposta em uma escala de nâo
EXAME DAS PUPILAS testável (NT), 1 4.

PÂSSOL Observar o tamanho ea forma da pupila. PASSO/L Avaliar â rêsposta verbal

357
358 APÊNDICE G . EstaÇÕes Práticas

A. Observar os fatores que interferem na restringe o movimento da coluna cervical


comunicação, capacidade de responder e do doente.
outras lesóes.
PASSOZ Informar ao doente que você irá examiná-lo.
B. Observar o conteúdo da fala. O doente deve responder verbalmente em
vez de acenar com a cabeça.
C. Se nãofor espontâneo, estimular falando
ou gritando. PASSO1 PaLpar a coluna cervical posterior em busca
de deformidade, inchaço e sensibilidade.
D. Se não houver respost4 aplicar pressão na ponta Observar o nível de qualquer anormalidade.
do dedo, trapézio ou entalhe supra-orbital. Proorrar por feridas penetrantes ou contusões.
Se a coluna cervical for um problema e o doente
E. Classificar a respostaemumâescala de NT,1-5. náo tiver déÍicits neurológicos, prossiga para
o PASSO 4. Se não, pare, substitua o colar
PASSOI Avaliar a resposta motora cervical e obter imagens-

A. Observar os fatores que interferem na PASSOtL Pedir ao doente para virar cuidadosamente a
comunicação, capacidade de responder e cabeça de um lado para o outro. Observar se
outras Iesóes. há dor ou se ocorre qualquer parestesia. Se
não, vá paraPASSO 5. Se sim, pare, reaplicar
B. Observar os movimentos dos lados direito e o colar cervical e obter imagens.
esquerdo do corpo.
PÂSSOA Pedir ao doente para estender e flexionar
C. Se aresposta nâo for espontânea, estimular o pescoço (por exemplo, "olhe para trás e
o doente falando ou gritando. depois encoste o queixo no peito"). Obsewar
se há dorou se ocone qualquer parestesia. Se
D. Se nãohouver resposta, aplique pressão na não, e o doente não estiver comprometido,
ponta do dedo, trapézio ou entalhe supra- cabeça lesionada ou em outra categoria de
orbitai (se não for contraindicado pela lesão). alto risco, conforme deÍinido pelo NEXUS
Criteria ou pela Canadian C-Spine Rule (CCR),
E. Classificar a resposta em uma esca-la de NT, 1-6. interromper o uso do colar cervical. Se sim,
reaplicar o colar cervical e obter imagens.
PASSO6. Calcular a pontuaçáo total do GCS e registre
seus component€s individuais.
COMUNICACÀO DE TRANSFERÊNCIA
AVALIAR PARA OUALOUER EVIDÊNCIA DE
srNArs DE LATERALTZAçÃO PASSOL Usar o método ABC SBAR para garan-tir a
comunicação completa.
PASSOT. Avaliar o movimento das extremidades
superiores. A. Via Aérea

PASSO 8. Determinar a força da extremidade superior B. Respiração/Ventilação


bilateralmente e compare lado a lado.
C. Circulação
PASSO9. Avaliar o movimento das extremidades
infeúores. D. Situãção

PASSO 10. Determinar a força das extremidades inferiores . Nome do doente


bilateraknente e comparar lado a lado. . Idade
. Hospital de referência
AVALIACAO DA COLUNA CERVICAL
. Nome do médico de referência
. Nome da enfermeira relatora
PASSOL Remover a frente do colar cervical, se
presente, enquanto uma segunda pessoa . Indicação para transferência
APÊNDICE G r Estacões Práticas 559

. Local do acesso IV dispositivo primeiro. Se o capacete fornecer


. Velocidade e fluido IV cobertura facial completa, o nariz do doente
impedirá a remoção do capacete. Para
. Outras intervenções concluÍdas limpar o nariz, incline o capacete para trás
e levante-o sobre o nariz do doente.
E. Antecedentes
PASSO5. Durante este processo, asegunda pessoa deve
. Eventos restringir o movimento dâ coluna cervical
. Avaliação AMPLE a partir de baixo para evitar a inclinação da
cabeça.
. Produtos sanguineos
. Medicações dadas (data e hora) PASSO6. Depois de remover o capacete, continue a
. restrição do moümento da coluna cervical,
Imagens realizadas
aplique um colar cervical.
. ImobilizaÇões
PASSOT. Se as tentativas de remoção do capacete
F. Avaliação resultarem em dor e parestesia, remover
o capacete com um cortador fundido.
. Sinais ütais Usar também um cortador para remover
. o capacete se houver evidência de lesão
Achados pertinentes do exame físico
na coluna cervical no R-X ou por exame.
. Resposta do doente ao tratamento Estabilizar a cabeça e o pescoço durante
este procedimento; isto é conseguido
G. Recomendação dividindo o capacete no plano coronal
através das orelhas. A camada externa ígida
. Modo de transporte é removida facilmente e a camada interna é

. então incisada e removida anteriormente.


Nível de cuidado de transporte
Mantendo o alinhamento neutro da cabeça
. Intervenção médicas no transporte e do pescoço, remova as partes post€riores
. Avaliações e intervenções necessárias do capâcete.

RETIRADA DE CAPACETE EXAT'1E NEUROTOGICO DETALHADO

PASSOL Uma pessoa estabiliza a cabeça e o pescoço


do doente colocando uma das mãos em PASSOL Examinar as pupilas quanto ao tamanho,
cada lado do capacete com os dedos na forma e reatividade da luz.
mandíbula do doente. Esta posição impede
o deslizamento se a correia estiver solta. PÂSSO2. Reavaliar a nova pontuaçáo do GCS.

PASSOZ A segunda pessoa corta ou aftouxa a alça do PASSO3, Realizar um exame de nervo craniano com
capacete nos anéis-D. os olhos do doente abertos e fechados; mova
os olhos para a direita, para a esquerda,
PASSO3. A segunda pessoa coloca uma mão na para cima e para baixo; sorria largamente;
mandíbula no ângulo, posicionando o estenda a lingua; e encolha os ombros.
polegar de um lado e os dedos do outro. A
outra mão apLica pressão debaüo da cabeça PASS)4 Examinar os dermátomos para sensação
na região occipital- Essa manobra transfere a de toque leve, observando áreas onde há
responsabilidade de restringir o moümento perda sensorial. Examinar essas áreas para
cervical à segunda pessoa. sensibilidade apicada, obsersaro nível mais
baixo onde há sensibilidade-
PASSO4 A primeira pessoa então expande o capacete
lateralment€ para limpar as orelhas e remove PASSO5. Examinar os miótomos para o movimento
cuidadosamente o capacete. Se o capacete ativo e avalie a força (0-5) do movimento,
tiver uma cobertura de rosto, remova este observando se limitado pela dor.
360 APÊNDICE Gt EStacÕeS PrátJCaS

Levanta o cotovelo ao nÍvel do ombro - verbalmente se sentir dor durante o exame


deltóide, C5 das costas.

Flexiona o antebraço - bíceps, C6 PASSO3. Remover todos os blocos, Íitas e tiras que
Estende o antebraço - tríceps, C7 prendem o doente à prancha, se ainda náo o
tiverem feito. Os membros inferiores podem
Flexiona o pulso e os dedos, C8 ser temporariâmente protegidos iuntamente
Espalha os dedos, T1 com gaze ou fita para facilitar o movimento.

Flexiona o quadril - iliopsoas, L2 PASSO4 Todo o pessoal assume seus papéis: O gerente
Estende o joelho - quadríceps, L3 a L4 de cabeça e pescoço coloca as mãos sob os
ombros do doente, com as palmas para cima,
Flexiona ojoelho - isquiotibiais, L4 - L5 a 51
os cotovelos e os antebraços paralelos ao
Dedão do Dorsiflexo - extensor longo do pescoço para impedir o movimento da coluna
hálux, L5 vertebral cervical. O cuidador do tronco coloca
as mãos no ombro e na parte superior da
Plantar flexiona o tornozelo -
pélvis do doente, atravessando o doente. A
gastrocnêmio, S1 terceira pessoacruza a mão da segunda pessoa,
colocando uma das mâos na pélvis e a outra
PASSOô Idealmente, teste os reflexos do doente nos nas extremidades inferiores. {Nota: Se o doente
cotovelos, joelhos e tornozelos (este passo é tiver fraturas, talvez seja necessário atribuir
menos informativo no cenário de emergência). uma quinta pessoa a esse membro.)

PÂSSO5. O gerente de cabeça e pescoço garânte que a


REMOCÀO DE PRANCHA RÍGIDA equipe esteja pronta para se movimentar e,
em seguida, a equipe move o doente como
Noto: hender adequadamente o doente a umo proncha longa é uma unidade individual para o seu lado.
a técnica básica para imobílizor a coluna. Em geral, isso é feito
no ambiente pré-hospítalar; o domte chega oo hospitol com o PASSO6, Examinar as costas
movimento da coluno vertebral iá restrito por estar preso a umo
proncha longa, com o colo certticol no lugar e a cabeça presa oo PASSOT. Realizar o toque retal, se indicado
longo da prancha. A proncha longa fomece uma imobilízaçõo
eficoz e permite transferênrios seguros do doente comumnúmüo PASSOS, Na direção do cuidador de cabeça e pescoço,
mínimo de ossistentes. No entonto, pronchas de coluno dorsalndo retornàr o doenLe para a posiçào supina.
ac olcho ada s p o d e m lo g o t omar - s e d e sc onforÍáv e i s p ar a do e nt e s Se as extremidades foram amarradas ou
conscientes e representcm um risco significatívo de úlceros de coladas, remova as amarras.
pressôo nos proeminências ósseos postenores (occipitoi,escápulo,
socro e calccnhoresJ. Portanto, o doente deve ser transferido da
padiola para umo maca ftrme, bem acolchoada ou superfkie
AVALIACÀO DA TC DE CRÂNIO
equivolente, assim qu e puder ser feita com seguronço. Conünuar
a res tring ir o moümento da colünavertebral até que o imagem Noto: Os possos descritos oqui para ovo liar :umo tomogrofia
e o exame opropriados excluam alesõ,omedular. computad.orizada de crônio fornecem uma abordagem
para ayoliar potologios significattvos com risco de yida.
PASSOL Reunir quatro pessoas e atribua funções:
uma para estabilizar a cabeça e o pescoço PASSOL Confirmar se as imagens são do doente
do doente e liderar o movimento; um para correto e se a varredura foi realizada sem
cuidar o tronco; e um para cuidar os quadris contraste intravenôso-
e pernas. A quarta pessoa examinará a
coluna, realizará o exame retal, se indicado, PASSOZ Avaliar o componente do couro cabeludo
e removerá a prancha. para contusão ou inchaço que pode indicar
um Iocal de trauma externo.
PASSOZ lnformar ao doente que ele ou ela será
virado para o lado para remover a prancha e PASSO3. Avaliar para fraturas do crânio. Lembrar-
examinar as costas. Instrua o doente a colocar se de que as linhas de sutura podem ser
as máos no peito, se for capaz, e a responder confundidas com fraturas- Os trechos de
APÊNDICE G r EstaçÕes Práticas 361

mísseis podem aparecer como áreas lineaÍes C. Examinar processos espinhosos


de baixa atenuação.
PASSOS Avaliar a cartilagem, incluindo o exame
PASSOA Avaliar os giros e sulcos quanto à simetria. dos espaços de disco cartilaginosos para
Procurar por hematomas subdurais e estreitamento ou alargamento.
hemâtomâs epiduÍais.
PASSOTI Avaliar o odontoide.
PASSOS. Avaliar os hemisférios cerebrais e
cerebelares. Comparar lado a lado para A. Examinar o contorno do odontoide.
densidade e simetria. Procurar por áreas
de alta atenuaçáo que possam representar B. Examinar o espaço predental (3 mm).
contusâo ou lesão por cisalhâmento.
C. Examinar o clivus; deve apontar para o
PASSO6. Avaliarosventrículos. Procurarporsimetria odontoide
ou distorção. O aumento da densidade
representa hemorragia intraventricular. PASSO5. Avaliar as partes moles extra-axiais.

PASSOT. Determinas as mudanças. Hematoma ou A. Examinar o espaço exüa-axial e as paÍes moles


inchaçopode causar dewio da linha média. Um
deslocamento de maisde 5 mm é considerado . TmmemC3
indicativo da necessidade de cirurgia. .3cmemc7
PASSO8. Avaliar as estruturas maxilofaciais. Procurar
por fraturas e fluidos nos seios. Lembrar-se LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO
dâs quatro coisas que causam o aumento dâ
densidade: contraste, coágulo, celularidade
(tumor) e calcificação. "New'' Glasgow Coma Scale; www. glasgowcomascale.org

Brain Trauma Foundation Guidelines: Carney M,


AVALTAÇAO DAS il"1 AGENS DA Totten AM, Reilly C, Ullman )S et al. "Guidelines for
COLU NA CERVICAL the Management of Severe Traumatic Brain Injury,
4th Edition" 2016: Brain Trauma Foundation. v!.v,.w.
brãintrauma.org
Noto; Antes d,e interpretor o roio-x, confirme o nome do
doente e a data do exame . "New Orleans Criteria" for CT scanning in minor
head injury: Haydel MJ, Preston CA, Mills Tl, Luber S,
PASSO L Avaliar a adequação e o alinhamento Blaudeau E, DeBlieux PMC. Indications for computed
tomography in patients with minor head injury. N Engl
A. ldentificar a presença de todas as 7 vértebras I Med. 20 0 0;343:100-105
cervicais e o aspecto superior de T1
"Canadian Head CT rules"
B. Identificar
Stiell IG, Lesiuk H, Wells GA, etâ1. The
. Linha anterior da vértebra Canadian CT Head Rule Study for patients
. Linha espinal anterior with minor head injury: rationale, objectives,
. and methodology for phase I {derivation).
Linha espinal posterior
Ann Emerg Med.2001;38:160'169. 25. Stiell
. Processos espinhosos
lG, Lesiuk H, Wells GA, et al. Canadian CT
Head Rule Study for patients with minor head
PA§§O2. Avaliar o osso.
injury: methodology for phase II (validation
A. Examinar todas as vértebras para preservar and economic analysis). Ann Emerg Med.
a altura ea integridade do córtex ósseo. 2007:38377 -322.

B. Examinar as facetas
362 APÊNDICE G I Estacôes Práticas

. NEXUS criteria: Hoffman JR, Woifson AB, Todd C Spine Rule by triage nurses in the emergency
K, Mower WR (1998). "Selective cervical spine department. CMA,I. 2010 Aug 10. 182(11):1173-9.
radiography in blunt trauma: methodology of
the Nationai Emergency X-RadiogÍaphy Utilization Após o ATLS - Avaliar quais procedimentos existem
Study (NEXUS).". Ann EmergMed.32 \4):467-9. em seu ambi€nte de prática para avaliar rapidamente
os do€ntes com trauma craniencefálico (TCE). Sua
Canadian C spine rules: cônfiguraçáo de prática tem um protocolo parâ
prevenção de lesão cerebral secundária quando o TCE
Stiell lG, Wells GA, Vandemheen KL, Clement é diagnosticado?Avaliartambém quaisprocedimentos
CM, Lesiuk H, De Maio VJ, et al. The Canadian existem em seu ambiente de práticaparaa imobilização
C-spine rule for radiography in alert and da coluna. Todos os membros da equipe que lidam com
stable trauma patients..IAMA. 2001 Oct 17. doentes traumatizados são educados adequadamente
nesses procedimentos? Avaliar seu ambiente de prática
286(15):1841-8.
sobre como a coluna cervical é avaliada e depurada (se
Stiell IG, Clement CM, O'Connor A, Davies apropriado). Todos os membros da equipe que avaliam
B, Leclair C, Sheehan P. et al. Multicentre do€ntes traumatizados são adequadamente educados
prospective validation ofuse ofthe Canadian
EXAMES AUXITIARES

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

l. ldentiflcar o poslcionamento apropriado dê um 5. Explicar o vator da radlografia da pelvê ântero-


probe de uLtrâ-som parâ os examês FAST e eFAST. posterior (AP) parâ identificar o potencial de perda
2. ldentificar o fluido em imagens fixas ou vídeo do macica de sanSue e descrever as manobras que
exame FAST. podem ser usadas parô reduzir o vourme pélvlco ê
controlâr o sangramento.
3. ldentificaa evidêncía de pneumotóràx ao uttra-som
em imagens de vÍdeo de um exame eFAST. 6- Usar uma ãbordatem estruturada para lnterpretar
um raio-x da col,una ou TC (com base na preferência
4. Usar uma abordaSem estruturada para interpretar
do diretor do curso).
umã radiotrafia do tó.ax e identificar as lesões
presentes (veja a Estação Prática B Ventltação). 7 Usar uma abordâgêm êstruturadâ para arraliar uma
radiogrôfia pétvica.

TREINAMENTOS INCLUSOS
NESTA ESTACÀO PRÁTICA
I
J
Realizar um Exame FAST e Posicionar
Adequadamente os Probes \r-
Realizar um Exame eFAST e Posicionar
Adequadamente os Probes
ldentiÍicar um eFAST Anormal em Imagens
Estáticas ou de Vídeo

IdentiÍicar Fluido no Vídeo de FAST ou Imagens


Fixas de FAST

Aval.iar as Imagens da ColunaTorácica e Lombar


t FIGURA G.1
Interpretar um Raio X da Pelve
o marcador do probe para a direita (r rtcuna
REALIZAR UM EXAME FAST E G-1).0 ângulo daprobe é superficial e o fígado
é usado como uma janela acústica.
POSICIONAR ADEOUADAM ENTE
OS PROBES PASSO 2. Deslocar'se para avista do quadrantê superior
direito. Colocar o marcador do probe em
PASSOL Usar um probe de baixa frequência (3,5 direçáo à cabeça no plano coronal na linha
mHz). Começar com o coração para garantir axilar anterior (t FTGURA G-2). Girâr o probe
que o ganho se)a definido adequadamente. obliquamente e deslize em direçáo cefálica
Fluido dentro do coração aparecerá preto. para caudal para visualizar o diafragma,
Colocar o probe no espaço sub-xifoídeo, com fígado e rim.

365
166 APÊNDICEG ! EstaçÕes Práticas

;t
L

I
fr )
u---- I
I ÍIGUÂA 6.2 I FIGURA G.3

A
t \

r- l)

fl ll ]
I TIGURA G.4 . FIGURA G.5

PASSO3. Examinar o quadrânte superior esquerdo. deslizar o probe caudalmente (. ttGURA 6-7).
Posicionar o marcador do probe em direção Examinar 2 ou 3 espaços. Incluindo mais
à cabeça no plano coronal (r TIGURA G-3). espaços aumenta a sensibilidade.
Começar a deslizar em direção mais cefálica
do que à direita e mais posterior. Começar PASSOZ Avaliar os diaftagmas direito e esquerdo
nalinha axilar média. Giraro probe obliqua- usando a mesma posição do probe para
mente e visualizar o diafragma, baço e rim. a avaliação do espaço peri-hepático e
periesplênico (. FrcuRÂ H), deslizando o probe
PASSO4 (Idealmente, a bexiga está cheia.)Colocar em um espaço costal cefálico {. Fl6URA G-9).
o probe acima da pube com o marcador do
probe apontando para a direita (. rtcual IDENTIFICAR E-FAST ANORMAL
e+). Procurar fluido, que aparece como uma OU EM IMAGENS DE VIDEO
faixa escura. Girar o probe 90 graus paraque
o marcador aponte para a cabeça (. rtcuaa
G-s). Procurar por fluido. PASSOL Procurar por um deslizamento do pulmão.
Se você não encontrar nenhum, procurar
REALIZAR UM EXAME EFAST E por pulso de pulmáo.
DEMONSTRAR O POSICIONAMENTO
PASSO1 Procurar por caudas de cometa.
ADEOUADO DA SONDA
PASSO3, Procurar por sinal de beira-mar, código de
PASSOL Colocar o probe no segundo ou terceiro barras ou estratosfera no modo M. Código
espaço intercostal na linhaclavicular média de barras e sinais da estratosfera indicam
em uma orientaçáo sagital (. Fl6uRA c-6), e pneumotórax.
APÊNDICE Gr EStaCÕeS PrátiCaS 367

r FIGURA G.6 I FI6URA G.7

r
r
çt \
(
2A
h

I
T FIGURA G.8 r FIGURA G.9

PASSO4 Procurar áreas pretas ou anecoides acima AVALIAR AS IMAGENS DA


do diafragma.
COLUNA TORÁCICA E
LOMBAR (OpCrOrunrS)
IDENTIFICAR O FLUIDO NO
Nota: Antes de interpretar o raio-x, confirmar o nome do
VíDEO FAST OU EM IMAGENS doente e a data do exame,
ESTÁTICAS DO FAST
PASSO L Avaliar o alinhamento dos corpos vertebrais/
PASSOL Na janela pericárdica, procurar uma faixa angulação da coluna vertebral.
preta de fluido que separa o pericárdio
hiperecoico do miocárdio cinzento. Esta PASSOZ Avaliar o contorno dos corpos vertebrais.
faixa representa fl uido.
PASSO3. Avaliar os espaços discais.
PASSOZ Olhar para o espaço hepato-renal. O
líquido intraperitoneal tem uma aparência PASSOIL Avaliar a invasão do corpo vertebral no canal.
hipoecoica ou anecoica preta.

PASSO3. Olharpara o espaço espleno-renal. O sangue INTERPRETAR UM RX DA PELVE


aparecerá como uma tira hipo-ecoica ou
an€coica nesta área. Nota: Antes d.e interpretor o raio x, confirme o nome do
d,oente e a data do exame.
PASSO4 Olhar ao redor da bexiga para uma área de
hipoecogenicidade. PÂSSO L Verificar a intemrpção das linhas arqueadas
e íleo-isquiais, incluindo a sínflse púbica.
PASSO5, Cenificar-se de ter visualizado completa- A sÍnfise púbica deve ser inferior a 1 cm na
mente todos os espaços antes de declarar gravidez e inferior a 0,5 cm em adultos não
um negat ivo de exame. grávidas.
168 APÊND|CE Gr E. -, oô. D- 'c(

PASSO2. Verificarse há alargamento ou deslocamento LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO


das articulações sacroilíacas. VeriÍicar os
processos transversos de L-5 porque eles
podem se romper com a ruptura sacroilíaca. Após o ATLS - Reveja o vídeo de realizaçào do FAST no
aplicativo móvel MyATLS. Após este curso, aproveite a
PASSO3, Verificar o sacro em busca de evidência oportunidade para realizar o FAST e o eFAST em seus
de fratura. Os arcos do forame podem ser doentes para melhorar seu conforto com o uso desta
interrompidos por fraturas sacrais. tecnologia. AIém disso, faça um esforço pâra interpretar
as radiografias da pelve, sozinho, antes do radiologista.
PASSO4 Verificar o acetábulo bilateralmente quanto
a interrupçáo e luxação femoral. Verificar
a cabeça do fêmur e pescoço para ruptura
bilateralmente.
I
a-

AVATIACAO SECUNDARIA

OBJETIVOS DE APRENDIZADO

Avaliar um doente simuLado com múLtiplas 4. Dêmonstrar imobitização de uma frâtura em um


Lesôes usando a sequência correta de prioridades cenário de doente de trauma simu[ado.
e técnicâs dê gerenciâmento pâra a avatiação
secundária do doente. 5. Avâliar um doente de trauma simuLado quanto a
evidências de síndrome compartimenta[.
2- Reavaliar um doente que nào esteiâ respondendo
adequadamente à reanimacão e ao tratamento. 6. Reconhecer o doente que precisará de transferência
para cuidados definitivos.
3. Demonstrar rediçào de fraturâ em um cenário de
doente de trauma simul-ado. Z Apticar um cotar cervical

TREINAMENTOS INCLUSOS L-líquidos e última r€feição


NESTA ESTACÀO PRÁTICA E-exposiçào e ambiente

Realizar uma Avaliação Secundária em um PASSO2. Obter a história do evento de produção de


Doente Traumatizado Simulado lesões e identiÍique os mecanismos de lesão.

Reduzir e ImobilizaÍ uma Fratura em um


CABEçA E MAXTLOFACTAL
Doente Traumatizado Simulado
Aplicar um Colar Cervical em um Doente PASSO3. Ayaliar as áreas da cabeça e maxilofacial
Traumatizado Simulado
A. Inspecionar e palpar a cabeça e o rosto
Avaliar a Presença de Síndrome inteiramente em busca de laceraçôes,
Compartimental conrusões, fraturas e Iesóes térmicas.

B. Reavaliar as pupilas
REALTZAR AVALTAÇÀO
SECUNDÁRIA EM UM DOENTE C. Reavaliaroníveldeconsciênciaeapontuação
TRAU MATIZADO SIM U LADO da Escala de Coma de Glasgow (GCS).

D. Avaliar os olhos em busca de hemorragia,


PASSOL Obter o histórico AMPLE do doente, da lesão penetrante, acuidade visual, luxação
famÍlia ou do pessoal pré-hospitalar. do cristâlino e presença de lentes de contato.

A-alergias E. Avaliar a função do nervo craniano.

M-medicamentos F. Inspecionar os condutos auditivos e as


narinas em busca de débito de Iíquido
P-passado histórico, doenças e gestações cefalorraquidiano.

371
372 APÊNDICE G r EStaCÔeS PrátiCaS

G. Inspecionar a boca em busca de evidências C. PercutÍr o abdome para pesquisar


de sangramento e líquido cefalorraquidiano, descompressão brusca.
lacerações de partes moles e dentes soltos.
D. Palpar o abdome por sensibilidade, proteção
muscular involuntária, dor à descompressão
COLUNA CERVICAL E PESCOCO e útero gravídico.

PASSO4 Avaliar a coluna cervical e o pescoço.


PERÍNEO/RErO/VAGTNA
A. Verificar se há sinais de lesão contusa
e penetrante, dêsvio traqueal e uso de PASSOT. Avaliar o períneo. Olhar para:
músculos respir atórios acessórios. . Contusões e hematomas

B. Palpar para sensibilidade, deformidade, . Lacerações


inchaço, enfisema subcutâneo, desvio . Sangramento uretral
traqueal e simetria de pulsos.
PASSO& Realizar uma avaliação retal em doentes
C. Auscultar as artérias carótidas, se sopros. selecionados para identificar a presença de
sangue retal. Isso inclui a verificação de:
D. Restringir o movimento da colunavertebral . Tônus do esfíncter anal
cervical quando a lesão é possÍvel.
. Integridade da parede intestinal
. Fragmentos ósseos
TóRAX
PASSO9. Realizar uma avaliação vaginal em doentes
PASSOS. Avaliar o tórax selecionados. Olhar para:

A. Inspecionar a parede torácica anterior, . Presença de sangue na cúpula vaginal


lateral e posterior em busca de sinais de . Lacerações vaginais
lesão contusae penetrante, uso de músculos
respiratórios acessórios e excursôes
respiratórias bilaterais.
MUSCULOESOUELÉTICO
B. Auscultar a parede torácica anterior e as
bãses posteriores quanto ao murmúrio PASSOI0. Fazer uma avaliação musculoesquelética.
vesicular bilateralmente e sons cardÍacôs. A. Inspecionar as êxtÍemidades superior
e inferior quanto a evidências de
C. Palpar a parede torácica inteira em busca lesão contusa e penetrante, incluindo
de evidência de lesão contusa e penetrante,
contusões, laceraçôes e deformidades.
enfisema subcutâneo, sensibilidade e
crêpitâção. B. Pàlpar as extremidades superior e inferior
para sensibilidade, crepitaçáo, movimento
D. Percutir para pesquisar hipertimpanismo anormal e sensação
ou macicez. C. Palpar todos os pulsos periféricos quanto a
presença, ausência e igualdade.
D. Avaliar a pelve em busca de evidências de
ABDOME
fratura e hemorragia associada.
PASSO6. Avaliar o abdome E. Inspecionar e palpar as espinhas torácicas
e lombares em busca de evidências de
A. Inspecionar o abdome anterior e posterior lesôes contusas e penetrantes, incluindo
em busca de sinais de lesão contusa e contusóes, lacerações, sensibilidade,
penetrante e sangramento interno. deformidade e sensação (enquanto
restringe o movimento da coluna vertebral
B. Auscultar a presença de ruÍdos hidroaéreos em doentes com possível lesão medular).
APÊNDICE G r EStaCÔeS Prát]cas 373

APLICAR UM COLAR CERVICAL


NEUROLóGICO
EM UM DOENTE TRAUMATIZADO
PASSOIL Realizar uma avaliação neurológica. SIMULADO
A. Reavüar as pupilas eo nível de consciência
PASSO f. Colocar o doente em decúbito dorsal
B. Determinar a pontuação do escore GCS.
C. Avaliar as extremidades superior e PASSO 2, Colocar os dedos estendidos contra o pescoço
inferior quanto às funçóes motoras e do doente. Seu dedo mindinho deve quase
sensoriais, estar tocando o ombro do doent€. Contâr
quantos dedos você leva para alcançar o
D. Observar para sinais de Iateralização. queixo. Lembrar-se de dimensionar um
colar cervical não é uma ciênciã exata; os
tamanhos disponiveis são limitados, então
REDUZIR E IMOBIBILZAR UMA fazer sua melhor estimativa.
FRATURA EM UM DOENTE DE
TRAUMA SIMULADO PASSOX Encontrar o colar de tamanho apropriado
ou use um colar ajustável, se disponÍvel.

PASSOL Assegurar-se de que os ABCDEs foram PASSOIL Pedir a outro médico para restringir o
avaliados e os problemas com risco de vida movimento da coluna cervical do doente,
foram resolvidos. ficando de pé na cabeceira da cama e
segurando cada lado da cabeça.
PASSO 2. Expor completamente a extremidade e retirar
toda a roupa. PASSOS. Deslizar a parte posterior do colar atrás do
pescoço do doente, tomando cuidado para
PASSO 3, Limpar e cobrir as feridas abertas não mover o pescoço.

P/qSSO4. Realizar um exame neurovascular da PASSOô Colocar a porção anterior do colarinho,


extremidade. ce iÍicando-se de colocar o queixo do doente
no suporte de queixo.
PASSO5, Providenciar analgesia
PASSOT. Prender o colar com os ganchos e presilhas,
PASSiO ô Selecionar o tamanho e o tipo apropriados de tornando-a confortável o suficiente para
splint. Incluir a articulação acima e abaixo impedir a flêxão, mas permitindo que o
da lesão. doente abra a boca.

PASSOT. Acolchoaras proeminências ósseas que serão


cobertas pela tala. AVALIAR POR PRESENCA DE
SÍNDROME COMPARTIM ENTAL
PÂSSO& Apoiar manualmente a área fraturada e
aplicaratala de tração naporção distalabaüo
da fratura e uma contra-tração logo acima da PASSO L Avaliar o grau de dor -é maior que o esperado
articulãção. e desproporcional ao estímulo ou lesâo?

PASSOC Reavaliar o estado neurovascular da PASSOZ Determinar se há dor no alongamento


extremidade. passivo do músculo afetado.

PAS§OlO,Colocar a extremidade na tala e seguráJa PASSO3. Determinar se há alteraçâo da sensação ou


paÍestesia distal ao compartimento afetado.
PASSOIL Obter consulta ortopédica.
PASSOII Determinar se há inchaço tenso do
compartimento afetado.
374 APÊNDICE G r EstacÕes Dráticas

PASSOs, Palpar os compartimentos musculares LINKS PARA APRENDIZADO FUTURO


da extremidade e comparar a tensão nâ
extremidade lesionada com a tensão na
extremidade não lesadâ. A assimetria pode Revisar o vídeo da avaliação secundária no aplicativo
ser um achado importante. móvel MyATLS.

PASSOô As pressôes dos compartimentos podem Após o ATLS - Reconhecer que a avaliação secundária
ser medidas, mas o diagnóstico é clínico. é semelhante ao exame íísico abrangente aprendido na
Medições de pressão podem ser úteis em faculdade de medicina. Incorpora a história AMPLE e
doentes inconscientes ou com problemas leva em conta o mecanismo do trauma. É fácil. portanto,
neurológicos. encontrar oportunidades no ambiente de prática pâra
continuar a praticar as habilidades aprendidas nesta
PASSOT. Reavaliar frequentemente o doente, estação pÍática de avaliação secundária.
porquê a sÍndrome compartimental pode
se desenvolver com o tempo.

PASSOS. Obter consulta cirúrgica ou ortopédica


precoce.

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