Você está na página 1de 7

GENRO / MADA / SOGRA

CENÁRIO: Apartamento tipo americano, (Vê-se tudo no mesmo ambiente) onde


encontramos casal próximo a uma mesa conversando. Os mesmos comentam sobre a
visita da mãe da moça. Mulher influênte na sociedade, tendo um genro recebendo
apoio politico da mesma

GENRO: Hoje minha sogra sinceramente é bem diferente das demais que muitos até
mesmo procuram saber o que denomina o que venha ser esta alma um tanto quanto
indefesa. Mas para isto é preciso que você pelo menos case para saber o que esta vem
ser. Estas pobrezinhas não dão ponto sem nó. Coisa realmente muito desagradável. A
minha pra mim é um anjo e eu é que sou os pés da besta com ela mesmo diz.

MADA: Já não vejo novidade nisto, eu mesmo que o diga.

GENRO: Mas digo isto com a maior naturalidade. Pois cada um sabe a sogra que tem e
sabe bem aonde esta pode chegar. Eu conheço bem a minha se você não conhece o
problema não é meu. Tanto é que nada tenho a dizer da que tenho, pois ela pra mim
sempre fora uma santa, sem sequer tirar dela um vintem a mais. Enquanto da sua você
nada pode dizer. Vamos ver o que este pelo menos diz da dele. Diga amigo, não fique
calado, chegou a hora de você falar e dizer o que tem realmente passado ao lado
destas beldade. Mas também se não quizer nada basta ficar calado.

MADA: Olha só mesmo quem esta falando. Já não basta sua contribuição? (gesticula)

GENRO: Sim, isto eu não tenho como esconder.

MADA: A pobrezinha é quem manda no pedaço e você fica só olhando o tempo passar
enquanto a peste dá o maior duro em tudo.

GENRO: Também, puderá já mandou o segundo para o outro andar. E decerto para ela
me enviar nada lhe falta. Primeiro mandou aquele que tanto dela exigia, depois
mandou pra cima o pai daquela que teima em dizer que muito me ama, mesmo que
muito reclame. E que pra ela eu sou um dos filhos que ela ganhou como se fora uma
dádiva enviada pelos anjos do céu.

MADA: E assim, minha mãe sempre diz que você é um grande negociador, e que muito
espera que quando um dia você subir pro degrau de cima, se possível faça como
aquele que subiu mostrando suas mãos vazias segundo o seu nome.

GENRO: Nem sempre as coisas são como bem nos parece...

MADA Não precisa ir tão longe para dizer que realmente minha mãe tem realmente
razão. Primeiro, conheço bem suas artimanhãs, e sei bem do que realmente tu és
capaz. Noutro dia minha mãe nem mesmo estava querendo, mas para não passar a
imagem de megera e de quem não vale nada pra você, fez das tripas coração e
aguentou tudo calada sem reclamar sequer do fato que você de algum modo ou de
outro queria.

GENRO: Também, não queria tanto, nem mesmo nada exigia. Mesmo sabendo que de
um jeito ou de outro com ela tudo entra nos eixos do jeito que ela bem quer e pode...

MADA: Deixa disso, você sabe muito bem que nada que você neste momento diga,
procede. Basta dizer que não é a primeira vez. Mesmo que todo candidato tenha
algum respaldo nas eleições. Pois na realidade vocês fazem o que bem da gente quer.
Não ver o Tiririca como fora tão bem votado, Coitado nem mesmo sabe o que poderá
acontecer com ele na câmara dos deputados. E por falar nisto, muito se parece com
você.

GENRO: Com o que me pareço?... Já está me estranhando mulher. Sou pau para toda
obra e você sabe que isto não se pode negar. Tenho e posso dar muitas explicações
antes bem de chegarmos a tal ocasião. Por exemplo, tenho que mostrar que sou
realmente um bom partido.

MADA: Um tanto convencido...

GENRO: Hoje mesmo comprei mais uma daquelas revestinhas, que ela faz questão de
ler, e faz até cruzadas, relembrando sei lá o quê.

MADA Também pudera. Sempre gostou. Escreve alguns contos, e a sua poesia todos
fazem questão de ler. Até mesmo suas crônicas são sempre bem descritas
relembrando as do Bial, que segundo a mesma, este tem um quê de especial.

GENRO: Ela meu amor nem sequer chegou fazer o curso fundamental.

MADA: Mas verdade seja dita. Nada melhor que um bom professor para uma antiga
enfermeira que cuidara do poetinha Vinicius. Ela já teve do bom e do melhor se hoje se
encontra esse maracujá não se deve nada a ela negar. Melhor oportunidade mamãe já
teve quando depois de casada com meu pai, dele coitada nada pra si ficou, hoje dele
só existe recordação, e uma coisa que ela guarda que tanto me intriga...

GENRO: Não vá dizer que é o que mais desconfio...

MADA: Não é a primeira nem mesmo será a última vez que ela quando aqui chega se
tranca no quarto e só ouvimos da mesma, coisas que mal podemos compreender o
que mamãe tanto faz. Se realmente for deste jeito é bastante convincente. Já faz
tempo que a mesma deixou de praticar o melhor que a muitos ensinara.

GENRO: Já percebi. Ela entra no quarto se tranca e quando saí do mesmo parece até
que viu passarinho verde que ela soltara da gaiola.

MADA: Realmente, é um fato que bem nos chama a atenção.


GENRO: Será de fato meu amor que a ela não dá asas as suas imaginações... (ele vê a
sogra saindo de um dos quartos e acena rápido para Mada)

SOGRA: Mas sobre o que vocês estão falando, será que é mais uma vez sobre mim? A
notável estrela do teatro do rebolado quando nas horas de folga... (ela devaneia) não
tenho com o que me preocupar. Fiz de tudo neste mundo para bem alegrar estes
que ainda esperam por mim, me aplaudem quando toda charmosa canto a canção
da sereia. (canta a musica)

MADA: ( Aplausos) ... Nada demais mamãe porque tanta desconfiança?...

SOGRA: Será que estavão arquitetando algum golpe nesta pobre mulher tão indefesa?
Nesta dama da noite que só quer alegrar corações que se encontram apaixonados.
(Chantageando o casal)

MADA: (Dessimulando o ato) Que quer isso mamãe não diga isto!...não seja injusta
com nós...

GENRO: Que é isso sogrinha?... Que é isso, assim a senhora nos ofende.

SOGRA: Já nem mesmo se pode ler um bom livro que se torna assunto disto ou
daquilo e que vocês tanto comentam. Faço de tudo para não ser incomodada quando
me tranco no meu quarto. Gosto de ler bons livros e por muitas vezes estes mesmo
interpreto muito bem. Recordo dos meus tempos de mocinha quando por suposto
participava de um grupo e lá mesmo dava minha contribuição para outros atores
dentre coxias. (o Genro e Mada se entreolham) Hoje me entretenho com o que leio e
depois faço como que ensaiasse aquela parte. Gosto bastante de livros com histórias
bem atuais como aquele que mostram lobos urrando como se fossem realmente reais.

GENRO: Eu não disse. Ela gosta de lobos!...(irônico)

MADA: É realmente conheces muito bem a minha mãe. Bem dizer chegou ontem e
defende ela com unhas e dentes. Nunca vi dupla tão igual. Parece gato e rato, mas
quando o caso é fato... (música)

SOGRA: Não existe coisa tão igual quanto meu primeiro casamento que de tudo que
por muito que pedisse ele fazia, dava uma, duas, até mais. Certamente que não eram
todos os dias, nem na mesma ordem. Mas quando este chagava em casa, a casa toda
estremecia e os nossos vizinhos supostamente aplaudiam.

MADA: Só dava ele depois de beber todas que bem perto dele estivesse.

SOGRA: Sim!...Depois, este pediu pra subir, e veio o segundo que foi de fato o seu pai.
Não fazia lá grandes coisas, não teve jamais oportunidade de me dar o que bem eu
quisesse, mas até hoje sinto saudades e guardo recordações dos nossos melhores
momentos, coisa que jamais poderei esquecer o quanto fora bastante bom.
GENRO: Mas pelo visto como toda mulher inteligente e esperta, que é... não deixou de
aplicar em alguma renda fixa, e nem mesmo em grandes fundos de giro de
capital.Mulher esperta tá aí.

SOGRA: Na realidade aproveitei de fato meus melhores dias nesta vida, tive grandes
performances, tudo muito bonito em relação ao amor. Jamais fiz promessas a santos,
tampouco me mostrei para os outros, o que não sou.

MADA: Mãe, não é a primeira vez que acho que algo a senhora está querendo
ensinuar ...

GENRO: Deixa meu amor, deixe sua mãe ensinuar o que quiser ela tem todo este
direito, e falando nisto minha sogra...

MADA: Primeiro fala que tudo que fizermos, devemos fazer bem feito, com muito
zelo e bastante amor, que devemos aplicar tudo, e com certeza aonde preciso for.
Segundo suas próprias palavras: que eu sempre faça. E por assim fazer é que ando com
a caixa em baixa, só imaginando o que possa vir acontecer amanhã se eu continuar
assim, não haverá mais aonde aplicar.

SOGRA: Tenho percebido que o bicho é um jumento, e que sendo assim, me pergunto
aonde por acaso amarrei minha burrinha...

GENRO: Calma a nossa história não é sempre assim. Tenho um nome a zelar, e zelando
este de alguma forma indico outro.

SOGRA: Tudo bem! Deixemos ir como manda o figurino.

GENRO: Mada, eu vou dar uma volta pelas praças e jardins, enquanto não colocamos
outros assuntos em pauta. Não se preocupe comigo, logo terei novas histórias para
contar.

SOGRA: Nem se esqueça de comprar algumas revistinhas...

MADA: Eitá vida boa, quem derá isto já não me pertence mais.

GENRO: Enquanto tantos precisam Mada...

MADA: Muitos gastam seus dinheiros com Iisto e aquilo, e depois reclamam que o
pobre do assalariado não tem nenhuma diversão.

GENRO: Mas se continua assim, assim piora...

SOGRA: Não discutamos! Não discutamos politicas contrarias. Fique de olho na


campanha e deixe de acabrunhar seus pensamentos. Já vi outros irem à luta bem mais
cedo. Veja o exemplo da Dilma...
GENRO: Pois, se eu ganhar um dos principais projetos que lançarei na câmara em favor
do cidadão será a implantação do cartão único, aonde o mesmo for mostrado, este
que apresentar terá todo o direito, sem a necessidade de emitir nenhum cheque, nem
sequer outro cartão. É só mesmo dar o “C” “U”.

MADA: Então terei o prazer de ser a primeira a entregar este cartão aonde quer que
eu vá à frente do meu querido maridinho sem passar vergonha nem humilhação.

SOGRA: É fria Mada! Fique quieta minha filha.

GENRO: Vá pela sombra minha sogra. Vá pela sombra ela demonstra não ser a
primeira. Antes que o bicho não venha, se o mesmo aqui aparecer não ficará nada pra
contar nossa história.

(Mada depois de levar a sua mãe até a porta volta, e se dirigindo pro marido mostra
uma folha de papel contendo um poema, e declama pra ele).

MADA: Você não brinque assim com minha mãe. Olhe bem o que estou lhe dizendo
Naquele livro muitas coisas à mesma anota, e muitos até pagam pra ver o que ela
ainda muito tem para nos dizer. Veja bem. O que eu pude tirar dela num momento
que nem sequer ela percebeui. (Música) Vejo luzes sobre o palco do passado
Sorrisos espalhados pelos cantos Imagem de um poeta apaixonado Choro ouvindo
a platéia vibrando. De pé todos gritam pedindo bis Levemente uma menina acena e
sai Lembrando do amor que tanto quis Luzes se apagam, o público se vai. Amante
dos sonhos e da paixão O silêncio e a ilusão são sua sina A tristeza e a dor lhe ferem
o coração Ao roubarem seus sonhos de menina. Por que Poeta amei-te tanto? Não
és o mesmo, estás tão diferente! A saudade será o nosso encontro E o desejo de
querer-te sempre. Até Quando? Meu corpo entre o céu e a terra Mergulhado no mar
da desilusão É história de uma estranha guerra Entre o amor e uma grande paixão
Talvez eu morra antes do horizonte Minha visão não mais te encontrará E se a
memória voar da minha fronte Teu coração dentro do meu ficará Partirei em
pedaços, mesmo inteira Sem palavras, sem poema, sem adeus A saudade será
minha companheira Recordando o sabor dos beijos teus Fui tua? Foste meu?
Amamos tanto! De repente, tudo mudou se fez lento. Meus sonhos ficaram em
algum canto E teus carinhos foram folhas ao vento.
GENRO: Mediante este momento e tantas palavras profundas, sentidas o que mais
tenho a dizer senão aplaudir o que ela aqui registra. Sentimentos soltos e revirados
em páginas marcadas num livro, num tempo em que somente a ela se referiu.
Descreve tanto uma saudade, um amor que um dia bem de repente partiu e nem
sequer dela se despediu. Sua mãe merece aplausos! Nem todas as Marias Josés são
tão iguais.
MADA: Talvez assim compreendamos bem o livro que ela escreveu!Não é de hoje,
que ela vaí passear e volta parecendo que viu o amor fluir. Oh, minha mãe que
sapeca que ela é.

Alexandre Oliveira – 27 / 09 / 2010

Você também pode gostar