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Relação e interface com o setor

produtivo: inspirações da
experiência de Pernambuco
Esta publicação é uma iniciativa realizada pela
Secretaria Estadual de Educação e Esporte de Pernambuco
com apoio e parceria do Itaú Educação e Trabalho.
Expediente
ITAÚ EDUCAÇÃO E TRABALHO RELAÇÃO E INTERFACE COM O
SETOR PRODUTIVO: INSPIRAÇÕES
Superintendente
Ana Inoue DA EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO

Gerente de gestão do conhecimento Concepção


Carla Christine Chiamareli Beto Silva
Carla Christine Chiamareli
Gerente de implementação e Rita Carmona Moreira Leite
desenvolvimento
Cacau Lopes da Silva Coordenação técnica
Beto Silva
Gerente de articulação Carla Christine Chiamareli
Diogo Jamra Tsukumo Daniel Aith
Raquel Sobral Nonato
Rita Carmona Moreira Leite

Texto e edição
Fabiana Pereira

Revisão
Alex Criado

Projeto gráfico e diagramação


Amí Comunicação & Design
Agradecimentos
À Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional de Pernambuco: Ednário Oliveira,
George Bento, Maria Medeiros e Renata Otero.

À Escola Técnica Estadual (ETE) Pedro Muniz Falcão: equipe gestora: Gilda Modesto Coelho
e Ricardo Marques Jacó; e docentes: Adriana Carvalho Novais, Agnaldo José da Silva Júnior,
Alexsandra Rodrigues Barbosa, Ana Carla Souza Costa, Boaventura Ferreira, Bruna Aparecida
O. Silva, Edivan de Moura Gonçalves, Elissandra Sousa Sampaio, Erickson Marconi de Souza
Torquato, Etã de Almeida Ferreira, Ewerton Alysson Rodrigues Viturino, Gerlane Carvalho
de Araújo, Gildásio de Brito Dias, Henrique Laronso M. Cardeal, Hermeson Antunes da Silva,
Janete Alves da Silva, Joana de O. Nascimento, João Paulo da S. Costa, Joelmir de Jesus
Pereira, Joseph Anderson, Kátia Micaelle da Silva Vitor, Kerhle D. S. Coelho, Leila Barreto S.
Modesto, Linda Maria Alves Ernesto, Lívia Maria Alencar Rocha, Lucival Alves de Carvalho,
Manoel Falcão de A. Filho, Marcílio Francisco Vieira Falcão, Marcleide Ribeiro, Maria Jucileide
Lopes de Alencar, Maria Veruz, Mayka Fernanda Andrade, Nilvana Anália Carvalho de Souza,
Sinclair Engell de Alencar Ferreira e Victor Emanuel da Silva Coimbra.

Às empresas participantes desta iniciativa: Aço Nobre, Aencarts, Areca, Art Designer, Auren
Energia, Companhia Têxtil Pé de Serra, Faculdade Paraíso, Madeireira São Francisco, Maná
Alimentos, Panificadora São José, Restaurante Portal da Cidade, Schneider Electric, Sebrae,
Solar do Araripe e Supergesso.
Sumário
APRESENTAÇÃO 3. ETAPAS INSPIRACIONAIS DA 4. CARTA ABERTA DAS REDES
FUNDAÇÃO ITAÚ RELAÇÃO E INTERFACE COM O
GOVERNO DE PERNAMBUCO SETOR PRODUTIVO
LINHA DO TEMPO
I. Diagnóstico do setor produtivo
II. Práticas pedagógicas
1. APRENDIZAGEM BASEADA
a. Atualização de planos de curso e
NO TRABALHO (ABT) E OUTRAS desenvolvimento do currículo
METODOLOGIAS DO APRENDER b. Desafios das empresas lançados à
FAZENDO escola
c. Webinários com o setor produtivo

2. RELAÇÃO COM O MUNDO d. Visitas técnicas

DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO e. Diálogos com profissionais na escola

PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA f. Programas de estágio/Estágio de


férias
g. Doação de equipamentos e materiais
Apresentação
APRESENTAÇÃO | FUNDAÇÃO ITAÚ

SUMÁRIO
É com satisfação e contentamento que o Itaú Educação e Trabalho (IET), uma
superintendência da Fundação Itaú, apresenta às secretarias estaduais de educação e
aos demais interessados esta publicação. Ela apresenta parâmetros e sistematiza práticas
da relação entre a área da educação e instituições do mundo do trabalho na oferta da
Educação Profissional e Tecnológica (EPT) de nível médio.

O objetivo de sistematizar o modelo de relação e interface das redes de ensino e escolas


com o setor produtivo é documentar as práticas pedagógicas resultantes dessa união de
conhecimentos e visões. E, assim, disseminar esse tipo de atuação conjunta para que ela se
multiplique, gerando aprendizados para estudantes, professores, redes de ensino e empresas.
6
Convém lembrar que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família,
conforme prevê o artigo 205 da Constituição Federal de 1988, e deve ser promovida com a
colaboração da sociedade, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

As próprias diretrizes nacionais da EPT preveem a necessidade de diálogo com o mundo do


trabalho. Entre seus princípios norteadores, está a “articulação com o setor produtivo para
a construção coerente de itinerários formativos, com vista ao preparo para o exercício das
profissões operacionais, técnicas e tecnológicas, na perspectiva da inserção laboral dos
estudantes.” (Capítulo 2, artigo 3, da Resolução CNE/CP 1, de 5 de janeiro de 2021).
APRESENTAÇÃO | FUNDAÇÃO ITAÚ

SUMÁRIO
Ao longo deste documento, as páginas com as estratégias de interface com as empresas
estão ordenadas de forma instrucional, com etapas claras e passo a passo para
implementá-las. A fim de ajudar na visualização e no uso deste instrumento, as estratégias
são diagramadas em duas páginas, sendo a primeira delas uma apresentação curta e
direta da estratégia de implantação, e a segunda um exemplo concreto de como ela
aconteceu na prática. Sempre que possível há também indicações de outros documentos
para leituras extras.

Os exemplos aqui selecionados são de Araripina, em Pernambuco, onde o IET iniciou em


2020 um trabalho conjunto com empresas do ramo energético, Secretaria de Educação e 7
Esportes do Estado de Pernambuco e Escola Técnica Estadual (ETE) Pedro Muniz Falcão. É
importante ressaltar, entretanto, que todas as práticas descritas podem ser implementadas
em qualquer rede de ensino de qualquer estado.

Araripina tornou-se exemplar porque todas as práticas pedagógicas sugeridas neste


manual foram realizadas no município com a participação do setor produtivo local e
contaram com acompanhamento e monitoramento durante o processo. Houve interlocução
entre poder público, o IET e empresas para a criação do currículo e a implantação do curso
técnico em sistemas de energia renovável, em uma proposta inovadora para a localidade,
que tem um elevado potencial de geração de energia limpa.
APRESENTAÇÃO | FUNDAÇÃO ITAÚ

SUMÁRIO
A partir da demanda econômica por energia renovável naquela região, o processo de
trabalho da rede educacional com o setor produtivo englobou primeiramente o apoio
técnico para a criação intersetorial do curso em 2020. Depois, em 2021, a implementação
do piloto do curso aprovado. E, por fim, a implantação do currículo final, concluído em 2022,
já com o modelo de atuação contínua da escola com a empresa. Esse modelo é baseado na
metodologia da Aprendizagem Baseada no Trabalho (ABT), que inclui a oferta de práticas
profissionais para os estudantes.

Com base na articulação entre educação e trabalho, todos os esforços visaram proporcionar
aos estudantes formação adequada e inserção qualificada e digna no mundo do trabalho, 8
tomando como premissas o trabalho como princípio educativo e a continuidade nos
estudos. Dito isto, espera-se que esse material possa inspirar e orientar outros gestores das
secretarias e corpos docentes na interlocução com o setor produtivo para que formem e
incluam outros jovens pelo país.

Boa leitura!

Itaú Educação e Trabalho


APRESENTAÇÃO | GOVERNO DE PERNAMBUCO

SUMÁRIO
A parceria entre a Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco, por
meio da Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional de Pernambuco, o
IET e empresas em Araripina para a oferta qualificada da EPT é motivo de alegria e
orgulho porque se trata de uma iniciativa consistente e bem-sucedida da rede estadual
pernambucana e altamente replicável para outras regiões do estado e do país.

A rede estadual de educação acertou ao encarar o desafio de estreitar os laços entre


universos tradicionalmente distantes, que são o da educação e o do mundo produtivo.
Imprimiu um esforço em prol de um objetivo maior e comum, que é a formação profissional
integral, qualificada e atualizada de jovens para a cidadania e para o mundo do trabalho. 9
Isso por meio de um ensino que articula a teoria e prática, a formação integral e profissional
e prepara os estudantes para empreenderem os seus projetos de vida.

Pelo ineditismo e envergadura da iniciativa, essa caminhada conjunta e intersetorial pela


formação qualificada de novos técnicos no campo das energias renováveis demandou
comprometimento, corresponsabilização, engajamento e organização de todos. Exigiu
considerar os olhares de diferentes profissionais e educadores, integrar diferentes saberes,
realizar acompanhamento minucioso e monitoramento constante das ações. E também
revisar caminhos e alterar rotas, quando necessário, para assegurar o cumprimento de
prazos e entregas com qualidade.
APRESENTAÇÃO | GOVERNO DE PERNAMBUCO

SUMÁRIO
Revisitar cada estratégia de interface com as empresas desta publicação é, sem dúvida,
reconfirmar e comemorar os ganhos dessa parceria para a formação dos jovens da ETE
Pedro Muniz Falcão. Logo de início, a atualização dos planos de curso e o desenvolvimento
do currículo do curso de sistemas de energia renovável foram essenciais. Isso porque
tais ações envolveram a definição clara do perfil do egresso, o futuro profissional que se
pretende formar, bem como o elenco de competências e habilidades que os estudantes
precisam desenvolver, de forma interdisciplinar e transdisciplinar, tornando-se capazes de
lidar com diferentes situações-problema.

Por sua vez, os desafios reais lançados pelas empresas para que os estudantes os 10
solucionassem estimularam a prática de estudos de caso, o trabalho em grupo, o
engajamento e a resolução de problemas. Tudo isso a partir da vivência de metodologias
ativas, incentivando os jovens a criarem soluções viáveis para as questões e aproximando-
os da realidade do mundo do trabalho e de seus desafios atuais.

O intercâmbio entre estudantes e profissionais – fosse nas visitas técnicas às instalações


das empresas, fosse nos webinários periódicos, ou nos diálogos com representantes
das empresas dentro da escola – permitiu aos jovens mais contato com as atividades
laborais da profissão para a qual se formarão. E ainda um aprendizado na prática sobre
o real funcionamento do universo produtivo, contribuindo assim para solidificarem
conhecimentos construídos na unidade escolar.
APRESENTAÇÃO | GOVERNO DE PERNAMBUCO

SUMÁRIO
Foram de extrema importância as parcerias para oferta de estágios pelas empresas, nos
quais os estudantes exercitam seus conhecimentos e dão os primeiros passos na sua vida
produtiva ao se aproximarem do mercado de trabalho.

Um outro importante diferencial do escopo dessa parceria foi a doação de equipamentos e


materiais pelas empresas para os laboratórios da escola. Contar com laboratórios equipados
oportunizando aos professores e estudantes ambiente adequado para realização das aulas
práticas dialoga com o compromisso da oferta de formação profissional de qualidade na
rede estadual de Pernambuco.
11
Por tudo isso, é certo que esse material motivará o leitor a desenvolver iniciativas similares
em seus estados para expandir a oferta da EPT com planejamento, parcerias e qualidade.

Boa leitura!

Maria de Araújo Medeiros Souza


Secretária Executiva de Educação Integral e Profissional de Pernambuco
APRESENTAÇÃO | LINHA DO TEMPO

SUMÁRIO
2020 Doação de equipamentos e materiais
para os laboratórios da escola.

Apoio de voluntários das Encontro com a escola: definição de tipos


empresas na realização de de ações empresa-escola.
Primeiros contatos e apoio
ajustes necessários nos
técnico para a criação do curso
componentes curriculares. Validação dos componentes
de sistemas de energia renovável.
curriculares do curso de sistemas de

2021
Atualização dos planos de curso
energia renovável.
de administração e de
Implantação do piloto:
desenvolvimento de sistemas
formação dos Levantamento de
(definição de perfil de egresso,
participantes; modelagem perfil dos voluntários
objetivos, etc.).
e experimentação de das empresas.
atuação da escola com a 12
empresa.
Realização da Caravana Digital Energizô Planejamento de ações
Eletrizando, série de encontros online empresa-escola.
entre estudantes e profissionais do setor
energético para a troca de informações. Construção e
Webinário sobre o
publicação do trabalho
Discussões com as empresas Implantação do currículo mundo e o mercado
em Araripina, com a
sobre os programas de estágio com a adoção do modelo Realização da Caravana Digital Energizô de trabalho com os
organização dos
para os estudantes. de atuação contínua da Eletrizando, série de encontros online estudantes da ETE
produtos gerados e do
escola com a empresa. entre estudantes e profissionais do setor Pedro Muniz Falcão.
processo metodológico
Monitoramento e energético para a troca de informações.
desenvolvido.
avaliação de toda a

2022
iniciativa. Webinário de lançamento da
publicação do currículo de
sistemas de energia renovável.
1
Aprendizagem
Baseada no Trabalho
(ABT) e outras
metodologias do
aprender fazendo
1 APRENDIZAGEM BASEADA NO TRABALHO (ABT) E OUTRAS METODOLOGIAS DO APRENDER FAZENDO

SUMÁRIO
Toda a modelagem com o setor produtivo apresentada neste manual está fundamentada
na Aprendizagem Baseada no Trabalho (ABT). Esta metodologia consiste em uma
aprendizagem que acontece a partir da participação, interação e/ou da observação do
trabalho. Trata-se de uma situação real, em que o estudante está sob a supervisão de
um empregador.

No local de trabalho, os estudantes ou aprendizes têm acesso a equipamentos atualizados,


ao lado de trabalhadores habituados aos métodos e tecnologias mais recentes e
desenvolvem habilidades essenciais. Em geral, ao se formarem, esses jovens tendem a entrar
mais facilmente no mercado de trabalho e a alcançar melhores resultados em sua atuação no 14
mundo produtivo.

As habilidades essenciais trabalhadas na ABT englobam disciplina de trabalho, cumprimento


de prazos, relações com clientes, trabalho em equipe, comunicação, resolução de problemas,
resiliência e familiarização com o ambiente de trabalho, entre outras. Trata-se das soft skills,
ou competências interpessoais, que vêm sendo cada vez mais valorizadas pelo universo
produtivo (Deming e Kahn1) para além das habilidades técnicas exigidas em cada profissão.

1 . Deming, D. e L. Kahn (2017), “Skill requirements across firms and labor markets: evidence from job postings
for professionals”, NBER Working Paper Series, n 23.328, NBER, https://www.nber.org/papers/w23328
1 APRENDIZAGEM BASEADA NO TRABALHO (ABT) E OUTRAS METODOLOGIAS DO APRENDER FAZENDO

SUMÁRIO
Já os melhores resultados são relativos à duração da busca por emprego, a períodos de
desemprego e à remuneração. Esses índices se mostram mais positivos entre os jovens que
aprendem pela ABT do que entre aqueles que optam por outro tipo de ensino médio (Van der
Klaauw, Van Vuuren e Berkhout2).

A ABT pode se materializar de diferentes formas: em programas de estágio ou de


aprendizagem no local de trabalho, visitas técnicas da comunidade escolar às empresas,
mentorias, oficinas e palestras de trabalhadores para os estudantes, propostas de
desafios atuais das empresas para que os estudantes solucionem problemas reais, entre
outras possibilidades. 15

Países de diversos perfis em todo o mundo adotam a ABT para formar seus jovens para
o universo do trabalho. Entre eles estão Chile, Austrália, França, Alemanha, Holanda,
Noruega, Suécia e Dinamarca. O desafio do Brasil é tornar a ABT algo regular e constante
na oferta de Educação Profissional e Tecnológica. A EPT foi ampliada no país após
a reformulação do ensino médio, que introduziu o itinerário de formação técnica e
profissional nessa etapa de ensino.

2 . Van der Klaauw, B., A. Van Vuuren e P. Berkhout (2004), Labor market prospects, search intensity and the
transition from college to work, https://ideas.repec.org/p/iza/izadps/dp1176.html
1 APRENDIZAGEM BASEADA NO TRABALHO (ABT) E OUTRAS METODOLOGIAS DO APRENDER FAZENDO

SUMÁRIO
Além da ABT, a lógica do learning by doing, ou aprender fazendo, como já apresentada
pelos teóricos da educação John Dewey e Paulo Freire, está presente em outros métodos
de aprendizagem. Um exemplo é a estratégia “ação, reflexão e ação”, em que o educador
pode desenvolver as competências a partir do conhecimento que o estudante já tem. Isso é
feito por meio de práticas, erros e acertos, em ambiente simulado na escola ou na empresa.
Propõe-se um tempo-espaço no qual o jovem possa praticar, interagir e errar, para que, a
seguir, possa acertar e aprender.

Na aprendizagem baseada em projetos, por exemplo, as aulas tornam-se experiências


envolventes por meio de ações de tipo mão na massa. Estas estimulam um aprendizado de 16
maneira mais autônoma e mais participativa, à medida que o estudante tenta criar algo e
prototipar uma ideia.
2
Relação com o mundo
do trabalho na
Educação Profissional
e Tecnológica
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
A oferta da EPT extrapola a área da educação e requer aproximação e diálogo estreito
entre o campo educacional e o mundo do trabalho. Redes de ensino, outras secretarias
(como as de desenvolvimento econômico, juventude e planejamento), organizações
da sociedade civil e empresas precisam trabalhar em conjunto. Devem desenvolver
ações intersetoriais e intersecretariais, para que os cursos técnicos garantam uma
formação qualificada, atualizada e digna e a efetiva empregabilidade dos jovens. Em
resumo, a tarefa é fazer com que a EPT seja mais reconhecida e apoiada de forma
participativa pelos empregadores e pela sociedade como um todo, em uma dinâmica de
corresponsabilização pela formação dos jovens.
18
Atuando em parceria, secretarias de educação, escolas, organizações sociais,
corporações e associações podem criar ou atualizar currículos e planos de curso. Podem
ainda promover encontros virtuais ou presenciais entre profissionais e estudantes,
ajudar a desenvolver programas de estágio em suas dependências, realizar visitas
técnicas e propor desafios e problemas reais das empresas a serem solucionados pelos
estudantes, sob a orientação dos docentes. E também participar dos processos de
avaliação e de certificação dos estudantes.
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
Na relação com o setor produtivo, é essencial:

a. Fazer com que todos os envolvidos se sintam pertencentes, garantindo sua


participação nas ações desde o início.

b. Estabelecer papéis e atribuições bem definidas de cada participante, evitando,


sempre que possível, a troca de pessoas ao longo das iniciativas.

c. Manter a transparência e a clareza com o setor produtivo durante todo o processo,


incluindo elaboração, implantação, acompanhamento e monitoramento da iniciativa. 19

d. Estabelecer e manter um fluxo de reuniões com encaminhamentos claros.

e. Fazer acompanhamentos após cada etapa.

f. Atentar-se às novidades das empresas do território para firmar novas parcerias


possíveis.
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
É fundamental também que a oferta de EPT leve em conta quais competências e
habilidades são esperadas de um técnico de nível médio; quais destas a escola de nível
médio precisa assegurar para ampliar a inclusão dos técnicos no mundo produtivo; quais
funções nas empresas são ocupadas por jovens provenientes do ensino médio e técnico;
quais os desafios da contratação dos profissionais de nível técnico; e qual a perspectiva
de carreira nos cargos de nível técnico médio.

O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)


intitulado Engajamento de empresas na Educação Profissional e Tecnológica no Brasil:
aprendizados de práticas internacionais aponta desafios e recomendações para que o 20
setor produtivo brasileiro possa participar mais ativamente da formação dos jovens na
EPT. E, dessa forma, colaborar para a entrada desses jovens no mundo produtivo de uma
maneira mais qualificada.

Um dos desafios do Brasil, segundo o documento, é diminuir o descompasso entre a


oferta de EPT e a demanda real do mercado de trabalho por competências e habilidades.
Além disso, é preciso aumentar o treinamento nas empresas ou a aprendizagem baseada
no trabalho (ABT) e as oportunidades de estágio e de aprendizagem. É necessário
também elevar a capacidade de formação dos próprios empregadores, por meio da
capacitação de formadores ou mentores nas empresas.
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
Envolver os empregadores mais diretamente na oferta de treinamentos de jovens em
locais de trabalho requer sensibilizá-los de que isso irá facilitar contratações futuras. Os
empregadores disporão de trabalhadores mais qualificados quando houver necessidade
de recrutá-los.

Utilizando exemplos do mundo todo, o relatório da OCDE sustenta que o setor


produtivo do país deve estar plenamente envolvido na criação de novos currículos,
na atualização de currículos já existentes e nos sistemas de avaliação. Isso porque
as empresas têm o conhecimento e a experiência mais atualizada das competências
necessárias para cada atividade. 21

Outra contribuição para essa discussão vem da pesquisa nacional Inclusão produtiva
de jovens com ensino médio e técnico: experiências de quem contrata. A investigação
foi realizada em 2022 pelo Plano CDE, por solicitação do Itaú Educação e Trabalho, da
Fundação Roberto Marinho e da Fundação Arymax. Nela, foi mapeada a percepção das
empresas que contratam egressos do ensino médio e técnico profissional com relação
ao perfil, às competências e habilidades demandadas, à formação e à carreira de
profissionais em cargos de nível médio.
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
A pesquisa foi estruturada com três metodologias: análise de dados oficiais secundários
(Pnad e RAIS/Caged 2019), aplicação de questionário em 802 empresas de variados
portes, e realização de nove entrevistas em profundidade com líderes de Recursos
Humanos (RH).

O material trouxe constatações importantes, que ajudam a aprimorar a relação da área


educacional com o setor produtivo:

• Jovens formados no técnico têm mais chances de estarem ocupados em empregos


formais, em comparação com jovens com ensino médio regular. Eles também conseguem 22
acessar mais vagas de nível técnico, mais especializadas e que remuneram melhor, em
serviços de maior valor agregado, como comunicação, tecnologia, saúde, etc.

• Gestores de RH apontam que competências socioemocionais e conhecimento técnico


são os dois principais critérios obrigatórios para a contratação em vagas de nível médio
ou técnico.

• Para esses gestores, o diploma de curso técnico é um diferencial e indicativo de


candidatos comprometidos e focados. Enxergam o jovem com diploma técnico como
alguém que tem melhor base de conhecimento, mais comprometimento e melhor
execução de tarefas.
2 RELAÇÃO COM O MUNDO DO TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

SUMÁRIO
• As maiores barreiras encontradas no cotidiano com os profissionais de nível médio e
técnico são a dificuldade de entenderem instruções, o uso de gírias e a dificuldade com
língua portuguesa e matemática.

• A maioria dos gestores aponta a falta de qualificações técnicas como maior


dificuldade para a contratação em cargos de nível médio e técnico. Mesmo assim, as
empresas preferem contratar um jovem mais preparado na dimensão socioemocional
e complementar sua formação nas competências técnicas. Além disso, o principal
motivo para a demissão dos jovens com diploma de nível médio/técnico são questões
comportamentais. 23

• A visão das empresas sobre o ensino técnico é de uma formação com foco
profissionalizante e mais especializada. As grandes referências sobre ensino técnico são
Senai e Senac.

• Mais da metade das empresas acredita que pode contribuir com a educação técnica,
oferecendo formação prática para estudantes do ensino médio e técnico. Podem ofertar
vagas de aprendizagem ou estágio e também participar na definição de critérios de
avaliação de competências.
3
Etapas inspiracionais
da relação e interface
com o setor produtivo
3 ETAPAS INSPIRACIONAIS DA RELAÇÃO E INTERFACE COM O SETOR PRODUTIVO

SUMÁRIO
I) Diagnóstico do setor produtivo
Um diagnóstico local é o primeiro passo para a rede de ensino estabelecer uma relação
com o setor produtivo. Esse diagnóstico deve verificar a demanda por formação técnica,
as especificidades e vocações econômicas regionais, os arranjos produtivos locais e os
empreendimentos que ainda chegarão à localidade, para que haja conhecimento e apropriação
da realidade socioeconômica e ambiental da região. É fundamental também mapear os cursos
técnicos já oferecidos no município ou arredores para evitar sobreposições de oferta.
25
O diagnóstico é algo essencial porque norteia uma oferta de cursos alinhada às reais
demandas do setor produtivo. E eleva as chances de inserção efetiva dos jovens no mundo
do trabalho por conjugar o crescimento econômico ao desenvolvimento social. É a partir do
diagnóstico que se seguirão as outras etapas nas quais o setor produtivo poderá participar
(ver detalhamento nas próximas páginas).

Algumas ferramentas apoiam a produção do documento fundamental de diagnóstico. Um


exemplo é o Mapa de Demandas por Educação Profissional, um painel de dados online e
interativo que identifica as necessidades regionais por qualificação profissional e indica cursos
técnicos a serem oferecidos, reduzindo assim a distância entre a demanda do setor produtivo
e a oferta de cursos.
3 ETAPAS INSPIRACIONAIS DA RELAÇÃO E INTERFACE COM O SETOR PRODUTIVO

SUMÁRIO
O Mapa foi criado por meio da parceria entre a Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG). Tem como função orientar os
gestores na definição de uma oferta coerente com as dinâmicas do mundo do trabalho.

O painel apresenta mapas de demandas atuais por qualificação profissional, sugestões


de cursos técnicos alinhados à dinâmica do mercado de trabalho local, divididos por
estados e suas mesorregiões. Oferece também uma análise das famílias ocupacionais e
suas admissões, além da análise da oferta de cursos técnicos. As indicações são baseadas
nas projeções do mercado produzidas com dados do Cadastro Geral de Empregados e 26
Desempregados (Caged).

Em Araripina, por exemplo, o diagnóstico do território evidenciou o alto potencial do campo


das energias renováveis na região e municípios vizinhos. Apontou a existência de várias
empresas do setor, de diferentes portes e especialidades, com necessidade de profissionais
dessa área para comporem seus quadros, uma vez que essas empresas têm lidado com uma
crescente demanda por geração de energia limpa. Além disso, outros setores detectados
foram o de serviços (alimentação) e da indústria têxtil, madeireira e de gesso. A maioria foi
contatada para estabelecer laços com a unidade de ensino.
3 ETAPAS INSPIRACIONAIS DA RELAÇÃO E INTERFACE COM O SETOR PRODUTIVO

SUMÁRIO
Empresas convidadas

No total, 15 empresas foram convidadas pela ETE Pedro Muniz Falcão de


Araripina para uma aproximação, diálogo e parceria com a escola técnica:

1. Aço Nobre
2. Areca
3. Aencarts
4. Art Designer
5. Auren Energia 27
6. Companhia Têxtil Pé de Serra
7. Faculdade Paraíso
8. Madeireira São Francisco
9. Maná Alimentos
10. Panificadora São José
11. Restaurante Portal da Cidade
12. Schneider Electric
13. Sebrae
14. Solar do Araripe
15. Supergesso
3 ETAPAS INSPIRACIONAIS DA RELAÇÃO E INTERFACE COM O SETOR PRODUTIVO

SUMÁRIO
II) Práticas pedagógicas
A partir daqui, serão descritas sete práticas sistematizadas e implementadas em Araripina (PE)
que podem se tornar inspirações para as demais redes. Na primeira página de cada prática estão
as informações conceituais e gerais e, na segunda, o descritivo do que foi realizado no município
pernambucano. As práticas descritas são as seguintes:

a. Atualização de planos de curso e desenvolvimento do currículo


28
b. Desafios das empresas lançados à escola

c. Webinários com o setor produtivo

d. Visitas técnicas

e. Diálogos com profissionais na escola

f. Programas de estágio/Estágio de férias

g. Doação de equipamentos e materiais


a. Atualização de planos de curso e desenvolvimento do currículo

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Revisão e atualização do currículo do curso técnico Antes (tempo de execução: um mês) Envolver os docentes da formação geral básica, e
ou criação de um currículo integralmente, a partir 1. Alocação de equipe para o desenvolvimento da ação, incluindo não só os de EPT, na construção do currículo e na
das necessidades de atualização e de melhorias. professores da base técnica, docentes da formação geral básica, atualização dos planos de curso; definir em conjunto
Definir, por exemplo, os conteúdos, o perfil representante da equipe de gestão da escola e integrante da a carga horária do estágio supervisionado na matriz
do estudante que se pretende formar, a carga secretaria de educação. do curso; considerar estratégias a partir do órgão
horária, as unidades curriculares e os objetos 2. Reuniões iniciais de alinhamento: estabelecimento de cronograma central para garantir a equidade na oferta.
de conhecimentos, em consonância com a Base e entregas previstas, com registro de ata e encaminhamentos.
Nacional Comum Curricular (BNCC) e a formação 3. Pesquisa e análise de currículos existentes no país.
geral para o trabalho.
Durante (tempo de execução: de três a seis meses)
Objetivo: 1. Realização de oficinas de trabalho coletivo para a reorganização Materiais inspiradores:
dos currículos existentes. 29
Tornar o currículo do curso técnico mais aderente 2. Formulação do plano de curso, incluindo a nova matriz curricular, Currículos por competências e habilidades: caminhos
aos novos perfis profissionais exigidos atualmente o perfil do jovem egresso, os objetivos do curso, as competências para a integração entre a formação básica e a
pelas empresas que contratam profissionais e habilidades a serem desenvolvidas, as ementas e as referências educação profissional e técnica. Coletânea —
técnicos e especializados e formar os estudantes bibliográficas. Articulação curricular e projetos empreendedores:
de forma integral com base nas competências e inovações educacionais na rede pública estadual da
habilidades que eles devem desenvolver de forma Depois (tempo de execução: seis meses) Paraíba - (Acessar Fascículo III).
interdisciplinar e transdisciplinar. 1. Validação das mudanças sugeridas com todos os envolvidos,
incluindo técnicos voluntários das empresas parceiras. Curso de Sistemas de Energia Renovável:
Público envolvido: 2. Aprovação do currículo pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) desenvolvimento para ETE Pedro Muniz Falcão de
da unidade federativa. Araripina-PE
Gestores da rede de ensino; gestores das escolas; 3. Realização de piloto inicial do curso.
professores de todas as áreas do conhecimento; 4. Promoção de ajustes no curso após o piloto.
representantes voluntários das empresas e do
terceiro setor; e profissionais especialistas na
área técnica.
a. Atualização de planos de curso e desenvolvimento do currículo

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Educação, Auren Energia, Schneider Electric e Itaú Educação e Trabalho organizaram Conquistas, resultados e aprendizados:
e criaram, de forma intersetorial e participativa, o currículo do curso técnico em sistemas de energia renovável de nível
médio integrado e subsequente. Um grande diferencial desse plano de curso é que ele apresenta pontos de intercessão e Para o estudante: acesso a um currículo que une
convergência entre componentes curriculares da formação geral básica e da parte técnica. teoria e prática; oportunidade de receber uma
formação atualizada e integral, com matrizes
curriculares alinhadas às práticas e tendências do
Integrado também por alguns professores da base técnica, o grupo analisou currículos de sistemas de energia renovável de
mercado.
outros estados, sistematizou as competências e habilidades de todos os cursos ligados à cadeia produtiva de energia renovável
e realizou oficinas para atualizar os planos de curso de administração e de desenvolvimento de sistemas, ambos já existentes. Para a escola: trabalho conjunto da equipe gestora
e professores e integração das equipes por meio
Na etapa seguinte, o grupo produziu as matrizes curriculares do curso de sistemas de energia renovável, com 16 componentes de um objetivo comum; inovação em suas práticas
curriculares e a lista de infraestrutura necessária (equipamentos e materiais), de acordo com a ementa do curso. As matrizes pedagógicas.
foram validadas depois pelos profissionais participantes. Esse processo fez com que o kit educacional especificado tivesse uma
melhor utilização por professores e estudantes. Para a rede de ensino: envolvimento de docentes e
30
coordenadores de curso de todo o estado, refletindo
O grupo desenvolveu um currículo articulado por competências e habilidades, a partir de situações-problema, para que o nos currículos os olhares de diversos profissionais.
estudante seja capaz de desenvolver tarefas complexas e resolver desafios que os incite a encontrar as soluções viáveis. O
Para a empresa: alto engajamento de seus
processo bem-sucedido desdobrou-se posteriormente na criação de um currículo de referência para cursos de sistemas de
colaboradores nas ações; análise de voluntários
energia renovável do país, que pode ser implantado em diferentes unidades da Federação.
sobre quais equipamentos têm mais aderência
à ementa dos cursos e que permite um kit
As empresas, como a Schneider Electric, participaram do processo por meio de voluntários especialistas de várias áreas. Eles
educacional específico para melhor utilização
também avaliaram quais equipamentos teriam mais aderência à ementa dos cursos, contribuindo para que o kit educacional a
por professores e estudantes; reforço do
ser doado pela companhia tivesse uma melhor utilização por professores e estudantes.
posicionamento da instituição como catalisadora
da transformação social.
Foram mobilizadas 62 pessoas em Araripina. Só na Auren Energia, 32 funcionários de diversas áreas ajudaram a construir o
currículo do ensino médio integral e do subsequente. Cada um desses cursos englobou 90 estudantes já no início de 2021. Ao
todo, a ETE Pedro Muniz Falcão tem 457 estudantes no ensino integral, 139 no subsequente e 29 professores.
SUMÁRIO
“A construção do currículo de energia renovável e a atualização
dos planos de curso foram de fundamental importância para
o processo de ensino-aprendizagem na nossa instituição, pois
definiram o perfil dos estudantes que se pretende formar, por
31
meio da seleção das unidades curriculares e dos objetos de
conhecimentos, em consonância com a BNCC e com a formação
geral para o trabalho, com base nas competências e habilidades
que os estudantes devem desenvolver de forma interdisciplinar
e transdisciplinar”.
Gilda Modesto, assistente de gestão da ETE Pedro Muniz Falcão, em Araripina.
b. Desafios das empresas lançados à escola

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Prática pedagógica por meio da qual Antes (tempo de execução: um mês para preparo, visita à empresa, definição e apresentação do desafio). Alinhar as expectativas
os estudantes, com a supervisão 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base técnica, docentes da formação geral da empresa e da
dos professores, descobrem, criam básica, integrante da equipe gestora da escola e representante da secretaria de educação. escola sobre o que se
e apresentam uma solução para um 2. Levantamento das empresas do setor produtivo local. espera de resultado
desafio ou problema real lançado pelo 3. Escolha da empresa e visita técnica às suas instalações, em conformidade com os objetos de conhecimento que final; envolver desde
empresariado local. O desafio deve ser o professor está trabalhando. o início da prospecção
compatível com a formação técnica de 4. Convite para participar de evento a ser realizado na escola, onde serão apresentados os desafios aos estudantes. das empresas o corpo
nível médio. Por essa prática, coloca-se a 5. Definição do desafio pela empresa e envio/apresentação à equipe escolar. docente da escola, a
realidade da empresa dentro da escola. 6. Planejamento do evento de apresentação dos desafios para estudantes e educadores (organizar tempos e fim de que todos se
movimentos do evento, verificar se há apresentações culturais da escola para compor a programação, criar painel sintam participantes
Objetivo: com temática que garanta a participação do setor produtivo, definir papéis e responsáveis, organizar e distribuir e pertencentes ao
materiais com informações sobre a escola e criar o cerimonial do evento). desafio; assegurar a 32
Colaborar para a formação dos 7. Realização do evento de apresentação dos desafios para estudantes e educadores. participação efetiva
estudantes a partir da identificação dos diferentes
e resolução de desafios, de forma Durante (tempo de execução: dois meses para criar soluções para o desafio e planejar o evento de exposição docentes em todo o
colaborativa e participativa, com a da solução). processo; garantir
comunidade escolar. Visa desenvolver 1. Incubação do desafio pela escola com a participação de outras áreas de conhecimento e de outros professores. os meios físicos
competências intra e interpessoais e 2. Prototipagem da solução por meio do design thinking ou da aprendizagem baseada em projetos, entre outros necessários para
técnicas, além de aproximar e aprofundar métodos. A prototipagem envolve entendimento e interpretação do desafio, ideação, implementação e avaliação. que os estudantes
a relação da escola com as empresas na 3. Preparação prévia da apresentação das soluções da comunidade escolar e organização do evento (definição de possam fazer a melhor
qualificação dos estudantes. participantes, criação de programação e convite, elaboração de roteiro, cerimonial, fichas de avaliação e lista de apresentação possível;
presença). considerar a realização
Público envolvido: 4. Apresentação das soluções à empresa em um evento organizado com a participação dos jovens. de visita posterior à
5. Avaliação das soluções com a participação de integrantes da empresa nas bancas avaliadoras. empresa para mapear
Representantes voluntários de 6. Entrega de carta de agradecimento ou certificado às empresas pela participação na atividade. melhor os desafios
empresas locais; representantes apresentados, criando-
da secretaria; gestores da escola; Depois (tempo de execução: um dia para avaliação interna posterior na escola).
se novas parcerias e
professores; consultores; e estudantes. 1. Encontro interno entre educadores e estudantes para avaliar a atividade.
protótipos.
2. Possível visita posterior à empresa para dar continuidade ao processo.
b. Desafios das empresas lançados à escola
Aconteceu na prática

SUMÁRIO
Estudantes do segundo ano do ensino médio da ETE Pedro Muniz Falcão foram provocados com problemas reais pelas Conquistas, resultados e aprendizados:
seguintes empresas: Schneider Electric, Solar do Araripe, Maná Alimentos, Panificadora São José, Auren Energia,
Supergesso e Sebrae. Elas haviam sido identificadas no mapeamento do empresariado local, feito anteriormente. Para o estudante: desenvolvimento de competências e habilidades
técnicas, científicas e comportamentais na resolução de problemas
No segundo semestre de 2022, a resolução dos desafios propostos pelas empresas envolveu toda a comunidade escolar reais; desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico;
da ETE. Juntos, professores e estudantes construíram um encontro, no mês de outubro, para apresentar às empresas as aprendizado do trabalho em grupo; exercício da resolução
soluções encontradas. de problemas reais, que tendem a elevar o engajamento dos
estudantes; vivências de metodologias ativas e prototipagem;
ampliação de conhecimento e contato com o setor produtivo local.
O evento foi batizado de Ideathon, termo alusivo às maratonas de programação coletivas em que programadores
(hackers) solucionam vários desafios (hackathon) em grupo. O Ideathon simula a fase de criação de uma ideia em uma
empresa. Durante o evento na escola, cada grupo teve cinco minutos para apresentar sua solução e os representantes Para a escola: oportunidade de mostrar às empresas locais a
das empresas contaram com o mesmo tempo para comentá-la. formação oferecida aos estudantes; integração entre professores
da formação geral básica e da formação técnica na resolução
dos desafios; aumento dos vínculos de pertencimento entre os 33
Dentre os sete desafios apresentados pelas empresas, o da Schneider Electric ilustra bem essa prática em Araripina.
diferentes professores por meio da participação na resolução do
Consistiu no seguinte problema: muitos dos profissionais formados nos cursos técnicos acessam o mercado de trabalho
desafio.
convencional com carteira de trabalho assinada. Entretanto, alguns, pelas características ou pela localidade, não terão
acesso a esse tipo de oportunidade.
Para a rede de ensino: estreitamento de laços com o setor
produtivo; possibilidade de replicar a prática dos desafios em
A primeira pergunta consistiu em: vocês já cogitaram o empreendedorismo como uma das carreiras possíveis? E
outras unidades de ensino do estado; estímulo à prática de estudo
a segunda foi: como empresas como a Schneider podem apoiar estudantes que se formarão a criarem negócios
de casos e de resolução de problemas reais pelos estudantes.
sustentáveis que impactem o acesso à energia e que utilizem o conhecimento de energias renováveis para criar
oportunidades de trabalho?
Para a empresa: clareza do perfil de egresso que a escola
Modelos de documentos: está formando e do nível de suas competências e habilidades;
possibilidade de recrutar no futuro os técnicos formados na escola
Carta convite local; novos olhares de fora da comunidade escolar, ajudando a
Modelo de programação do encontro resolver um problema interno; oportunidade de engajamento
Desafios propostos pelo setor produtivo em Araripina-PE e de participação de seus colaboradores em iniciativas de
Resolução dos desafios propostos pelo setor produtivo em Araripina-PE desenvolvimento social.
Carta de agradecimento
SUMÁRIO
“O desafio da empresa significou uma oportunidade de
viabilizar a participação dos colaboradores em iniciativas
de desenvolvimento social, fomentando uma cultura
de protagonismo em favor de iniciativas estruturantes
34
e complexas, gerando colaboradores mais empáticos e
mobilizados por causas sociais, além de um curso técnico
com um currículo alinhado ao demandado pelo mercado”
Raquel Leite, gerente de desenvolvimento social e planejamento da Auren Energia.
c. Webinários com o setor produtivo

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Encontros virtuais formativos entre Antes (tempo de execução: uma quinzena de preparo e organização) Conciliar agendas de
profissionais das empresas e estudantes 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base técnica, docentes da todos os participantes;
de cursos técnicos de nível médio para formação geral básica, integrante da equipe gestora da escola e representante da secretaria de educação. elaborar questionário
troca de informações e experiências sobre 2. Escolha de ferramenta online a ser utilizada para a transmissão. ou criar espaços de
a área técnica e o mundo do trabalho. Têm 3. Definição de responsável da secretaria para acompanhar as ações. diálogo, como rodas de
o potencial de inspirar estudantes por 4. Preparo conjunto do conteúdo a ser abordado em cada encontro virtual. conversa, para que os
meio das trajetórias dos profissionais, criar 5. Elaboração de questionário para os estudantes, a fim de medir seu nível de conhecimento sobre o estudantes levantem as
conexões entre eles e os integrantes das assunto a ser tratado e levantar as dúvidas dos jovens que serão respondidas pelos profissionais durante dúvidas que têm sobre o
empresas (uso do Linkedin) e mobilizar de a interação online. tema, as quais nortearão
uma só vez diferentes escolas. 6. Aplicação do questionário e compilação das respostas. toda a exposição dos
7. Escolha, pelas empresas, dos voluntários que participarão dos encontros. voluntários; cuidar da
Objetivo: 8. Alinhamento prévio com os voluntários a partir das perguntas enviadas pelos estudantes, com criação mobilização prévia dos 35
de perguntas iniciais que estimulem a conversa. estudantes para alcançar
Contribuir para a formação técnica e 9. Distribuição de falas e papéis durante o evento (definição de mediador). maior participação.
para o mundo do trabalho dos jovens por 10. Produção, pelos voluntários, de material de apoio à condução da atividade.
meio de um contato em grande escala 11. Produção, por consultores ou equipe da escola, de material de comunicação e mobilização de
de estudantes da rede de ensino com estudantes e comunidade escolar para participação no evento.
profissionais atuantes em empresas ligadas 12. Estruturação de lista de frequência e formulário de reação.
aos cursos técnicos.
Durante (tempo de execução: uma hora e trinta minutos cada sessão)
1. Testagem das condições de infraestrutura para transmissão.
Público envolvido: 2. Disponibilização de lista de frequência e formulário de reação. Material
necessário:
Público direto: estudantes das escolas Depois (tempo de execução: uma quinzena para confecção dos relatórios dos estudantes e para leitura
técnicas da rede de ensino; funcionários pelo professor responsável) Acesso à internet,
voluntários de empresas; professores/ 1. Verificação da possibilidade de certificação das atividades. projetor e plataforma
coordenadores pedagógicos; e consultores 2. Elaboração, pelos estudantes, de relatório da atividade a ser enviado ao professor responsável. para transmissão de
pedagógicos. Público indireto: profissionais 3. Emissão de certificado para os participantes do evento. webinário.
ou pessoas interessadas no tema.
c. Webinários com o setor produtivo

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

Em Pernambuco os webinários com o setor produtivo receberam o nome de Caravana Digital Energizô Eletrizando e Conquistas, resultados e aprendizados:
contaram com transmissão e armazenamento no canal do YouTube Educa-PE. Quatro encontros temáticos foram realizados
em maio, junho, agosto e outubro de 2022. Cada encontro dividiu-se em dois dias seguidos, com sessões de uma hora e trinta Para o estudante: protagonismo dos estudantes na
minutos cada uma. O pano de fundo dos encontros foi o conteúdo da Agenda 2030 das Organizações das Nações Unidas definição dos temas e conteúdos a serem abordados;
(ONU) para o desenvolvimento sustentável global. contato e interação com vários profissionais
atuantes no mundo do trabalho; ampliação
O primeiro dia tratou sempre de conteúdo técnico específico sobre energias renováveis e foi voltado aos estudantes da ETE dos horizontes de oportunidades profissionais;
Pedro Muniz Falcão, de Araripina. O segundo dia focou sempre no mundo do trabalho e nas tendências de mercado e foi inspiração pelas trajetórias de sucesso; acesso a
dirigido aos estudantes de todas as escolas técnicas da rede estadual. conhecimentos e práticas de criatividade, inovação e
empreendedorismo.
Foram mobilizadas três empresas do ramo energético (Auren Energia, Schneider Electric e Aeroespacial) e cerca de 20
funcionários no total. Acompanharam cada sessão da caravana 140 estudantes da escola técnica de Araripina e 2 mil Para a escola: estreitamento de laços com o setor
estudantes de cursos técnicos da rede pernambucana. No total, a transmissão online alcançou 2.813 visualizações. produtivo, que poderá empregar no futuro os jovens
por ela formados; contato com subsídios úteis à 36
formulação das aulas práticas, especialmente no setor
Durante as sessões os jovens interagiram pelo chat, enviando suas dúvidas sobre a temática e o conteúdo apresentados.
de energia limpa.

Caravana Digital Para a rede de ensino: promoção de troca de


Energizô Eletrizando conhecimento entre empresas e diversas escolas ao
Agosto:
mesmo tempo, aprimorando seu papel de articuladora
Dia 1: Novas possibilidades e tendências no campo de
e mobilizadora.
Maio: energias renováveis no estado de Pernambuco.
Dia 1: Setor elétrico brasileiro e acesso à energia. Dia 2: Protagonismo e ascensão da mulher nas áreas
técnicas. Para a empresa: entendimento sobre as expectativas
Dia 2: Competências socioemocionais: trabalho em
dos jovens quanto ao mundo do trabalho e ao que
equipe.
planejam para suas carreiras; desenvolvimento de
Outubro:
pessoas na área da energia, contribuindo para criar
Junho: Dia 1: Inovação em energias renováveis no Brasil e no
uma cadeia de valor e reforçar seus compromissos
Dia 1: Panorama das energias renováveis no Brasil. mundo.
e responsabilidades com a sociedade; aderência e
Dia 2: Sustentabilidade e contribuição das energias Dia 2: Preparação e apresentação para vagas de
participação espontânea de colaboradores voluntários
renováveis. processos seletivos.
que se sentem parte do impacto positivo da empresa.
SUMÁRIO
“As caravanas proporcionam a
aproximação do jovem com
o setor produtivo, com uma
interação e uma troca de informações
37
relevantes para a preparação e
a atuação desses futuros técnicos
no mundo do trabalho”
Renata Otero, gestora de educação a distância da
Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.
d. Visitas técnicas

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Ida de estudantes, acompanhados dos professores, Antes (tempo de execução: duas semanas para escolher e contatar a empresa a ser Checar quem é o ponto focal
ao espaço das empresas. Assim, poderão ter uma visitada, duas ou três aulas para criar e apresentar o roteiro de observação, preparar da empresa que receberá e
vivência real e prática e uma apropriação teórica. A os estudantes para a visita e obter as autorizações assinadas pelos responsáveis) dialogará com o grupo na data
visita também poderá fomentar a discussão sobre 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base da visita; certificar-se de quais
determinados conteúdos, processos técnicos e objetos técnica, docentes da formação geral básica, integrante da equipe gestora da escola e são os tipos de vestimentas e
de conhecimento que o docente esteja trabalhando representante da secretaria de educação. os equipamentos exigidos para
em sala de aula no período. 2. Levantamento e escolha de empresas ou lugares que o professor deseja visitar, a a visita, conforme as regras da
partir dos objetivos pedagógicos. empresa; obter com os pais e
3. Contato com o ponto focal da empresa para combinar a visita. responsáveis dos estudantes as
Objetivo:
4. Preparo e apresentação aos estudantes do roteiro de observação da visita. assinaturas das autorizações
Oferecer aos estudantes vivências em ambiente 5. Conversa com os estudantes sobre os combinados. para a atividade; atentar para a
de trabalho não simulado, além de permitir que 6. Reserva e organização prévia do transporte dos estudantes para o dia da visita. produção prévia da visita, que 38
profissionais apresentem suas trajetórias no 7. Elaboração de autorização de pais ou responsáveis e obtenção das assinaturas. exige a construção de um roteiro
trabalho e carreira para contribuir com a formação de observação, e trabalhar
Durante (tempo de execução: duas horas de visita presencial) pedagogicamente o retorno na
dos estudantes, colaborando para que construam
1. Realização da visita, sob a supervisão do ponto focal da empresa, respeitando-se as escola; trabalhar de forma isolada
aprendizagens mais significativas.
regras de vestimenta e equipamentos de segurança. ou com demais professores, numa
2. Após o percurso nas instalações, proporcionar momento de conversa entre o perspectiva mais multidisciplinar
Público envolvido: profissional da empresa e estudantes para esclarecer dúvidas e aprofundar temas ou interdisciplinar.
específicos.
Estudantes das escolas técnicas da rede de ensino;
representantes das empresas; coordenadores Depois (tempo de execução: de uma aula até uma semana de trabalho posterior em
pedagógicos/professores; pais ou responsáveis. sala pelo professor)
1. Aproveitamento posterior da vivência da visita na sala de aula, criando espaços de
conversa e de diálogo com os estudantes.
d. Visitas técnicas

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

Duas visitas técnicas de estudantes e docentes marcaram as ações em Araripina. Elas permitiram que os Conquistas, resultados e aprendizados:
estudantes do curso técnico de sistema de energia renovável da ETE Pedro Muniz Falcão tivessem acesso a
espaços reais do mundo do trabalho. Para o estudante: vivência prática em locais reais de trabalho;
conhecimento do dia a dia de empreendimentos nos quais ele pode vir
Cerca de 180 estudantes ao todo (do médio integrado e do subsequente) visitaram a empresa Auren a trabalhar no futuro; estabelecimento de conexões com profissionais
Energia e conheceram a Solar do Araripe. Em suas instalações, aprenderam sobre infraestrutura e como se do setor produtivo e sua realidade de trabalho.
organizam as empresas desse ramo de atuação.
Para a escola: ampliação e diversificação das formas de ensinar; aulas
As visitas exigiram preparo dos docentes e escolha de empresas. A equipe da ETE visitou previamente o setor mais dinâmicas e estudantes mais engajados a partir da observação in
produtivo local para verificar como ele poderia apoiar na prática o aprendizado dos estudantes. loco das atividades laborais.

Foram envolvidas nesse mapeamento para possíveis visitas as seguintes empresas: Auren Energia, Para a rede de ensino: possibilidade de replicar essa boa prática em
outras escolas da rede.
Supergesso, Maná Alimentos, Panificadora São José e Solar do Araripe, além do Sebrae. 39
Para a empresa: contato e conhecimento sobre estudantes que
futuramente poderão ser contratados; aproximação da instituição com
a comunidade escolar local.
SUMÁRIO
“As visitas técnicas foram uma oportunidade
de os estudantes vivenciarem seus estudos
na prática, consolidarem seus conhecimentos
e conhecerem profissionais do setor produtivo,
40
ao passo que a empresa se aproximou mais
da comunidade escolar”.
Raquel Leite, gerente de desenvolvimento social e planejamento da Auren Energia.
e. Diálogos com profissionais na escola

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Profissionais do setor produtivo, convidados pela Antes (tempo de execução: de duas semanas a um mês para escolher o Combinar previamente com o
unidade de ensino, vão à escola conversar com os profissional e preparar a atividade) profissional o formato da conversa,
estudantes sobre sua trajetória no trabalho e carreira. Os 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base oficina ou palestra; informar aos
profissionais levarão sua experiência em um bate-papo, técnica, docentes da formação geral básica, integrante da equipe gestora da estudantes antecipadamente do
ou oficina, ou palestra, fazendo o caminho inverso das escola e representante da secretaria de educação. que se trata a atividade e estimulá-
visitas técnicas, nas quais os jovens vão à empresa. 2. Mapeamento de empresas aptas a fornecer profissionais para visitarem a los a participarem; considerar que o
escola, de acordo com os objetivos pedagógicos. desenho dos diálogos é bem variável,
3. Escolha do profissional. podendo ter diferentes formatos e
Objetivo:
4. Preparo da pauta e do formato da visita (elaboração de roteiro de entrevista, composições; engajar os profissionais
Permitir aos jovens o contato, na escola, com levantamento de dúvidas e temáticas a serem abordadas). da escola em diálogos contínuos com
profissionais do território que possam compartilhar seu os parceiros das empresas.
relato e inspirá-los em sua inserção produtiva futura,
Durante (tempo de execução: entre uma e duas horas) 41
1. Realização do encontro presencial com uma ou mais turmas.
expandindo suas formas de aprender sobre o mundo do
trabalho. Depois (tempo de execução: uma aula para avaliar o diálogo em sala)
1. Análise da equipe da escola posterior ao diálogo.
Público envolvido:

Profissionais voluntários do setor produtivo; professores;


estudantes.
e. Diálogos com profissionais na escola

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

A ETE Pedro Muniz Falcão já promoveu dentro da escola uma conversa com um profissional Conquistas, resultados e aprendizados:
sobre inovação em energias renováveis, especificamente para os jovens do curso de sistemas
de energia renovável. Para o estudante: contato com relatos de profissionais do mundo do trabalho
que podem inspirá-lo, a partir de sua experiência; possibilidade de tirar dúvidas e
Realizou ainda outro bate-papo com um profissional da área de administração e outro com aprender mais sobre a prática da área técnica, com um trabalhador já inserido no
um de desenvolvimento de sistemas para os respectivos cursos. Os convidados contaram aos mercado.
estudantes sobre sua área e formação.
Para a escola: desenvolvimento de outras formas de ensinar que englobam a
Em outra ocasião, uma nutricionista ofereceu uma oficina para todas as turmas da escola, presença e o diálogo com profissionais do mercado na escola; enriquecimento dos
independentemente do curso técnico que os estudantes frequentavam, pois o tema abrangia diálogos e aumento da sinergia entre profissionais das empresas e das unidades de
todas as turmas da unidade de ensino. ensino, colaborando com a construção de uma escola mais próxima das demandas do
século 21.
Foi criada pela escola uma lista de profissionais de Araripina, de diferentes empresas, que
Para a rede de ensino: possibilidade de replicar a prática dos diálogos com
42
vão sendo periodicamente convidados para os diálogos na unidade de ensino, conforme o
propósito dos docentes para a formação dos estudantes. profissionais na escola em outras unidades de ensino do estado.

Para a empresa: estímulo e incentivo a funcionários para que realizem trabalho


voluntário e conheçam o dia a dia de formação dos futuros técnicos da região;
promoção de uma cultura de corresponsabilização pelo processo formativo do novo
profissional.
SUMÁRIO
“Um executivo da Auren Energia nos contou a história
dele, muito bonita. Até me emocionei na hora.
Ele começou do zero, com curiosidade, e me identifiquei
bastante com isso. Vou levar para mim uma frase dele:
43
‘Não sou mais inteligente que ninguém, apenas esforçado’.
É isso o que quero: ser esforçada o suficiente para
alcançar meus objetivos”.
Maria Eduarda de Souza Lopes, 17 anos, estudante do ensino médio integrado
ao técnico de sistemas de energia renovável na ETE Pedro Muniz Falcão.
f. Programas de estágio

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Prática educativa supervisionada, realizada Antes (tempo de execução: até seis meses para criação de programa de estágio) Adequar a oferta do estágio às
fora do ambiente escolar, que resulta no 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base técnica, leis vigentes, sobretudo à Lei do
desenvolvimento de competências e habilidades docentes da formação geral básica, integrante da equipe gestora da escola e representante Estágio (Lei 11.788/08); explicar
próprias da atividade profissional relacionadas da secretaria de educação. à comunidade escolar, incluindo
ao currículo escolar. Pode ser desenvolvida pelos 2. Levantamento sobre programas de estágio presentes na rede de educação. as famílias dos estudantes,
estudantes nas empresas parceiras ou em outras 3. Definição do programa de estágio da escola (objetivo). os benefícios do estágio na
instituições do mundo do trabalho. Faz parte do 4. Especificação da carga horária do estágio, conforme a matriz do curso. formação do estudante; definir
projeto pedagógico do curso, integra o itinerário 5. Contato com o setor produtivo local e instituições do mundo do trabalho para estabelecer claramente a carga horária
formativo do educando e pode ser uma prática convênios ou parcerias para a oferta do estágio e alinhamento inicial de expectativas. do estágio supervisionado
obrigatória ou não obrigatória. 6. Assinatura dos convênios ou parcerias de estágio com as empresas ou instituições que na matriz do ensino médio
oferecerão o estágio. integrado; equacionar as vagas
Objetivo: 7. Escolha do profissional da escola que orientará, acompanhará e avaliará as atividades do disponíveis nas empresas com 44
estágio do estudante, bem como o relatório enviado pela empresa. a quantidade de estudantes
Preparar o estudante para sua inserção produtiva, 8. Celebração de termo de compromisso entre educandos (ou com os responsáveis, no caso elegíveis ao estágio; aproveitar
permitindo-lhe experimentar a rotina no trabalho dos menores de 18 anos), empresas e unidade de ensino. para criar situações multi ou
de forma tutorada, durante a qual ele exercitará interdisciplinar na escola, nas
os conhecimentos adquiridos no curso técnico, Durante (tempo de execução: variável, conforme a definição da escola e da empresa) quais as atividades de estágio
resultando no seu desenvolvimento para a vida 1. Acompanhamento dos estudantes pelo profissional da escola e pelo supervisor da empresa podem contribuir com as
cidadã e para o trabalho. para verificar como está sendo seu processo de aprendizagem no estágio. práticas pedagógicas.
2. Realização de reuniões de acompanhamento com as empresas e de eventuais ajustes no
Público envolvido: processo, se necessário.
3. Criação de espaços, dentro e fora da escola, de partilha e de aprofundamento de temáticas
Representantes das empresas parceiras; gestores a partir da prática profissional.
da escola; professor orientador (profissional da
escola); estudantes; famílias dos jovens. Depois (tempo de execução: até um mês para avaliação)
1. Avaliação dos estágios já realizados, verificação do cumprimento de seus objetivos e
apontamento de eventuais ajustes necessários.
f. Programas de estágio

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

A ETE Pedro Muniz Falcão, de Araripina, adota o estágio não obrigatório, desenvolvido Conquistas, resultados e aprendizados:
como atividade opcional, conforme determinação das diretrizes curriculares dos eixos
tecnológicos para a habilitação e do plano de curso da escola. Para o estudante: experiência de rotina de trabalho que consolida seu repertório de
competências técnicas e interpessoais desenvolvidas na escola; aumento das chances de
Os estágios, em suas diversas modalidades, ocorrem em locais com condições de contratação futura por um empregador.
proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, cultural e profissional.
Para a viabilização, são firmados convênios com instituições do mundo do trabalho ou Para a escola: possibilidade de exercício, por parte dos estudantes, de seus
empresas locais. conhecimentos e aprendizagem na prática em ambiente real de trabalho; diminuição
de evasão, aumento de matrículas, integração curricular entre diferentes áreas e
Após a parceria da ETE com o setor produtivo, uma parcela expressiva de estudantes já fortalecimento da relação com instituições do mundo do trabalho.
se encontra estagiando no mercado de trabalho. A Auren Energia, por exemplo, oferece
vagas exclusivas de estágio para vários estudantes do curso técnico subsequente de Para a rede de ensino: diminuição de evasão, aumento de matrículas, integração
sistemas de energia renovável, alguns deles com possibilidade futura de contratação. curricular entre diferentes áreas e fortalecimento da relação com instituições do mundo
do trabalho.
45

Para a empresa: reforço da confiança na qualidade dos profissionais que vêm sendo
formados; facilitação da contratação posterior dos estudantes formados previamente,
no estágio; ganhos na contratação de profissionais locais especializados, evitando a
migração em busca de oportunidades de emprego.
SUMÁRIO
“A realização de estágios, principalmente na
Auren Energia e em outras empresas parceiras,
vem nos favorecendo muito. É um importante avanço
para o nosso curso. Hoje, já temos uma grande
46
quantidade de estudantes no mercado de trabalho
e queremos ampliar essas oportunidades”.
Gilda Modesto Coelho, assistente de gestão da ETE Pedro Muniz Falcão.
g. Doação de equipamentos e materiais

SUMÁRIO
Descritivo geral

O que é: Passo a passo para implementação: Se liga:

Envio às escolas de equipamentos Antes (tempo de execução: até dois meses para listagem e aquisição dos materiais necessários) Listar equipamentos atualizados e
necessários à formação técnica 1. Alocação de equipe para desenvolver a ação, incluindo professores da base técnica, docentes realmente essenciais para o curso
dos estudantes, auxiliando na da formação geral básica, integrante da equipe gestora da escola e representante da secretaria técnico em questão; envolver os
composição de laboratórios de educação. docentes do curso na listagem dos
atualizados nas unidades de ensino. 2. Verificação da rede de ensino junto à empresa ou a instituições do mundo do trabalho sobre a materiais necessários; acompanhar
existência de área de responsabilidade social (ou outra área, como a de recursos humanos) para a entrega e assegurar o pleno
efetivar doações de equipamentos ou materiais. funcionamento dos itens após sua
Objetivo:
3. Reunião com representantes da escola e das empresas ou instituições do mundo do trabalho instalação.
Equipar os laboratórios para definir os materiais de laboratório necessários aos cursos.
adequadamente para permitir 4. Escrita de termo formal de doação e assinatura de todas as partes envolvidas.
a prática dos estudantes, 5. Organização e preparo do espaço de uso dos materiais e equipamentos.
enriquecendo o processo de 6. Aquisição dos materiais pelas empresas ou instituições do mundo do trabalho. 47
aprendizagem conduzido pelos
Durante (tempo de execução: quinze dias para a entrega e os testes dos materiais)
docentes.
1. Envio, instalação e testagem dos equipamentos para assegurar seu funcionamento.
2. Formação dos profissionais da escola para o uso adequado dos materiais e equipamentos
Público envolvido:
recebidos.
Representantes das empresas;
Depois (tempo de execução: uma semana para o reparo)
gestores da escola; professores dos
1. Eventuais reparos ou ajustes dos materiais, quando necessário.
cursos técnicos.
f. Programas de estágio

SUMÁRIO
Aconteceu na prática

Em Araripina, a Auren Energia e a Schneider Electric doaram equipamentos e materiais para Conquistas, resultados e aprendizados:
compor os dois laboratórios do curso técnico de sistemas de energia renovável da ETE Pedro
Muniz Falcão. Para o estudante: chance de exercitar atividades práticas em laboratórios atualizados;
acesso a equipamentos utilizados pelo mercado; vivência prática nos laboratórios
O desenvolvimento dos componentes curriculares do curso de sistemas de energia renovável específicos do curso e realização de experiências pedagógicas, simulações,
foi a base para se elaborar a lista de equipamentos e de materiais – doados pelas empresas – desenvolvimento de projetos e soluções de problemas reais ou simulados.
necessários à sua implantação.
Para a escola: melhor oferta de infraestrutura para seus estudantes; oportunidade de
A revisão da lista ocorreu de forma participativa com os voluntários das empresas parceiras. gerar mais aderência e engajamento dos alunos nos cursos técnicos por meio de aulas
O intuito foi elaborar uma lista de equipamentos de qualidade e que promovessem o máximo mais dinâmicas e significativas.
de aprendizagem dos estudantes.
Para a rede de ensino: possibilidade de replicar a prática para outras unidades de
ensino do estado, em outros cursos técnicos, e de permitir o uso do laboratório
A Auren Energia engajou seus voluntários para analisarem e proporem alterações na lista
equipado por outras escolas.
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de materiais, de acordo com as práticas do mundo do trabalho, e doou duas remessas de
itens. A Schneider Electric doou um kit de bancadas para treinamento, voltadas à prática de
montagem de circuitos elétricos básicos. Para a empresa: formação de seus futuros colaboradores em potencial em laboratórios
modernos e atualizados, com uma melhor qualificação técnica e melhor experiência
Com as doações das duas empresas, os estudantes do curso técnico estavam bem equipados de aprendizagem; ganho de imagem da instituição perante a comunidade escolar e a
para iniciar seu aprendizado prático a partir do início de 2022, nos dois laboratórios de sociedade.
energias renováveis na ETE.
SUMÁRIO
“Conhecendo as limitações do setor público para a aquisição
e equipagem de laboratórios que acompanhem as mudanças
e necessidades do mercado na mesma velocidade com que
acontecem, é de grande relevância a doação de materiais por
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parte de empresas parceiras. Esses materiais proporcionam a
prática nos laboratórios específicos dos cursos, colaborando
para o melhor preparo escolar e profissional dos estudantes”.
Maria Medeiros, secretária-executiva de educação integral e
profissional da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.
4

Carta aberta
das redes
4 CARTA ABERTA DAS REDES

SUMÁRIO
Esse material está em permanente construção e pode contar com a experiência de
diferentes redes de ensino na relação e interface com o setor produtivo. Cada rede tem a
possibilidade de compartilhar suas experiências já realizadas. Se a sua rede tem alguma
prática importante a relatar, insira-a neste link, mediante login e senha. Você encontrará
um formulário para preencher e enviar ao Observatório da EPT.

Formulário no Observatório da EPT para preenchimento e envio:

Nome da prática: 51
O que é:
Objetivo:
Passo a passo para a implantação
e tempo necessário de cada etapa:
Se liga (pontos de atenção ou alerta):
Público envolvido:
Material necessário:

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