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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 6 – Esnge de Gizé/Esnge de Khufu, localizada no mesmo complexo das três pirâmides, em Mêns
Essas construções, para nós, não devem simbolizar somente a beleza e despertar
admiração, mas sua grandiosidade deve ser interpretada como o auge da potên-
cia do poder faraônico. Se os faraós tinham poder econômico para custear as
construções gigantescas e bancar a mão de obra para as construções é porque
as cheias do Nilo e as práticas econômicas iam muito bem.
O Reino Antigo é nalizado com o Primeiro Período Intermediário. O poder
faraônico entra em instabilidade, pois há descentralização do poder central, isto
é, diferente da divisão entre o Vale e o Delta, que a época Dinástica Primitiva
enfrentou. Neste momento, os administradores de cada nomo, os vizíres, assumi-
ram o poder local e passaram a agir como reis em cada unidade administrativa,
assim, o reino conhece um curto período de fragmentação política.
Somado ao enfraquecimento da autoridade do faraó e à autonomia dos vizí-
res, no Primeiro Período Intermediário houve insuciência das cheias do Nilo,
o que signicou um período de fome para grande parte da população. Cardoso
(1984a) menciona que houve até mesmo a prática de canibalismo. A instabili-
dade interna, fez com que o Egito casse vulnerável às invasões estrangeiras,
assim, esse período de crise também foi demarcado pela invasão dos povos do
Oriente Próximo no Baixo Egito e a invasão dos núbios, vindos do interior do
continente africano.
UNIDADE II
A primeira fase de crise foi nalizada com a reunicação do Egito, que deu iní-
cio ao Reino Médio. O faraó que reunicou o reino outra vez era originário do sul; as
dinastias que se sucederam durante esse segmento de tempo foram da IX a XIV. A prin-
cipal característica do período foi a divisão administrativa do Egito em quatro regiões,
com o propósito de o faraó ter mais autoridade sob os vizíres e os nomos. A domina-
ção estrangeira, que ocorreu na região do Delta, não foi completamente ndada, pois
a presença dos povos asiáticos, chamados hicsos, também marcou o período.
O tempo de estabilidade mais uma vez foi interrompido e o Segundo Período
Intermediário pode ser datado. O que causou o momento de crise foi a cres-
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cente presença estrangeira instalada no reino egípcio. De acordo com Funari e
Gralha (2010), essa presença de estrangeiros provocou nova fragmentação polí-
tica, visto que três dinastias se instalaram concomitantemente: XV dinastia de
hicsos; XVI dinastia de hicsos menores; e XVII dinastia de egípcios tebanos.
Apesar dos problemas políticos decorridos do momento, não podemos dizer
que esse período intermediário foi completamente negativo. Cardoso (1984a)
arma que, mesmo tomando os devidos cuidados de análise, é possível identi-
car na civilização egípcia um percurso mais lento para avanços tecnológicos
quando comparados aos povos do Oriente Próximo Antigo. Com a instituição
de dinastias de origem estrangeira, o Egito se abriu às inovações que os povos
do Oriente Próximo podiam oferecer.
Mais uma vez, um faraó egípcio vindo do Vale conseguiu retomar o poder e
reunicar politicamente o reino. Temos o início do Reino Novo, que correspondeu
XVIII a XX dinastias – as mais famosas do Egito, visto que Nefertiti, Akhenaton,
Tutancâmon e muitos dos reis com o nome de “Ramsés” governaram nesse período.
Documentalmente, essa fase é uma das mais iluminadas do período faraônico e, con-
sequentemente, é o que mais dispomos de informações. O momento comportou uma
tentativa de imperialismo egípcio, o que demonstra o grande poder militar da região.
De acordo com Hornung (1994), para a realeza, o momento foi marcado pelos
casamentos consanguíneos. Havia a crença de que os faraós eram divinos, lhos
dos deuses ou seus protegidos, e essa característica divina era hereditária, isto é,
não só o pai era responsável por dar continuidade ao sangue sacro, mas a mãe era
a grande responsável por dar vida aos herdeiros divinizados. No entanto, as mulhe-
res não caram com o papel de progenitoras exclusivas, pois muitas delas foram
O EGITO ANTIGO
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UNIDADE II
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Cleópatra VII Philopator, personagem muito explorada pela mídia como uma
gura bela e sedutora, não foi contemporânea ao poder faraônico descrito
nesta unidade. Ela pertenceu à dinastia dos Ptolomeus, que sucederam os ma-
cedônicos, de origem helena e que coexistiram aos romanos. Não há fontes
sucientes que atestem sua beleza e sedução, o que sabemos é que foi a últi-
ma governante egípcia apresentada como uma faraó.
Fonte: a autora.
Dinastias egípcias
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Semerkehet
Ka
Miquerinos Teti
Shepseskaf Usirkaré
Mariré-Pepi I
Meriré-Antiemsaf
Neferkaré-Pepi II
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Antef III (2070-2065 a.C.)
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UNIDADE II
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Período Inferior Taklot I (893-870 a.C.)
(1085-332 a.C.) Osorkon II (870-847 a.C.) *As XXII, XXIII, XXIV e XV dinastias são
Chechanq II (847-823 a.C.) parcialmente paralelas. As datas da XXIII
são bem próximas.
Chechanq III (823-722 a.C.)
Pamy (772-767 a.C.)
XXVI DINASTIA (Saíta: 663-525 a.C.)
Chechanq IV (767-730 a.C.)
Psammetik I (663-609 a.C.)
Necau (609-594 a.C.)
XIII DINASTIA (817?-730 a.C.)
Psammetik II (594-588 a.C.)
Pedubast (817?-763 a.C.)
Ápries (588-568 a.C.)
Cheqchanq IV (763-757 a.C.)
Amásis (568-526 a.C.)
Osorkon III (757-748 a.C.)
Psammetik III (526-525 a.C.)
Takelot III/Amonrud/Osorkon IV (748-730 a.C.)
XXVII DINASTIA (525-404 a.C.) XXIX DINASTIA (398-378 a.C.)
Cambises (525-522 a.C.) Neférites I (398-392 a.C.)
Dário I (522-485 a.C.) Ácoris I (398-380 a.C.)
Xerxes (485-464 a.C.) Psamuthis (380-379 a.C.)
Primeira Dominação
Artaxerxes (464-424 a.C.) Neférites II (379-378 a.C.)
Persa
Dário II (424-404 a.C.)
XXX DINASTIA (378-341 a.C.)
XXVIII DINASTIA Nectânabe I (378-360 a.C.)
Amirteu (404-398 a.C.) Teôs (361-359 a.C.)
Nectânabe II (359-341 a.C.)
Conquista de Ale- _
xandre (332 a.C.)
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Caro(a) aluno(a), apesar de o Egito Antigo ser um dos reinos unicados mais
longínquos de nosso tempo que se há conhecimento, as luzes sobre seu funcio-
namento são muito recentes, visto que datam de 1822, quando Jean François
Champollion conseguiu nalizar a tradução dos hieróglifos. Até a decifração da
escrita egípcia, todo o conhecimento que tínhamos sobre este reino era prove-
niente de fontes indiretas, ou seja, de autores gregos e romanos.
A Egiptologia, isto é, a ciência que estuda o Egito Antigo, foi fundada em 22 de setembro
de 1822, visto que esta data foi marcada pela divulgação da decifração dos hieróglifos.
Esta escrita se encontrava adormecida desde o período da Antiguidade Tardia, mas sua
utilização se iniciou com a unicação dos dois reinos egípcios em, aproximadamente,
3500 a.C.
Foi Jean François Champollion quem encabeçou o empreendimento da tradução dos
hieróglifos. Sua fonte de trabalho foi a Pedra de Rosetta, encontrada pela missão
cientíca que Napoleão Bonaparte levou ao Egito; tal estela continha a mesma inscri-
ção em três formas distintas: grego, demótico e hieróglifo, e foi a partir da compara-
ção dos ideogramas hieroglícos com o grego que foi possível a decifração desse tip
o de escrita egípcia. O demótico é a forma mais simples dos hieroglícos e foi usada mais
cotidianamente no Egito; sua tradução se deu por Thomas Young, em 1829.
Fonte: adaptado de Bakos (2008).
UNIDADE II
Outra questão importante a ser apresentada é que, apesar de o Egito estar locali-
zado no continente africano, não temos fontes que nos permitem denir qual a
etnia da população. Cardoso (1984a) aponta que alguns pesquisadores dizem que
a população era de brancos vindos dos desertos; outros que foram negros vindos
do interior da África; e outros, ainda, que possuíam etnia semelhante à popu-
lação do Oriente Próximo. No entanto, é provável que dicilmente consigamos
ndar essa discussão, o que signica que devemos focar no fato de a sociedade
egípcia ter sido muito complexa, independentemente da etnia de sua população.
Podemos armar, então, que tanto a fontes de origem egípcia quanto as
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estrangeiras nos legaram muitas informações sobre a sociedade egípcia, dentre
as quais que o Egito era “um formigueiro humano”. No período de dominação
romana, estima-se que a população atingia sete milhões de habitantes. Todavia,
é preciso deixar claro que os números para a antiguidade não são possíveis de
serem provados nem ao menos são conáveis, e apresento esta estatística para
iluminar seu conhecimento a respeito dos dados da população.
De acordo com Funari e Gralha (2010), o que sabemos com clareza é que a
sociedade egípcia pode ser representada de forma piramidal:
O EGITO ANTIGO