09/03/2023 20:18 "Abaixo a lei russa": os protestos massivos na Geórgia que levaram o governo a retirar uma legislação que

ção que para muitos seg…

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"Abaixo a lei russa": os protestos maciços na

Geórgia que levaram o governo a retirar uma
legislação que para muitos foi modelada após
Putin
Elaboração
BBC News World

9 de março de 2023, 04:42 GMT

atualizado 7 horas

REUTERS

Os manifestantes argumentam que o governo está sob a influência da Rússia.

A guerra política e ideológica entre a Rússia e o Ocidente deslocou-se para a Geórgia, na

Europa de Leste.

Após protestos massivos e condenação internacional, o partido governista daquele país anunciou
que retirará o polêmico projeto de lei dos "agentes estrangeiros" que seus críticos compararam
com o aprovado no poderoso país vizinho.

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Milhares de manifestantes foram às ruas da capital Tbilisi esta semana para expressar sua raiva
enquanto o projeto de lei estava sendo considerado no parlamento, que terminou em confrontos
com a polícia naquela cidade.

Isso revelou mais uma vez a grande divisão que existe entre as autoridades e a parcela da
população que deseja uma aproximação com a União Européia (UE).

É uma ruptura política que se tornou aparente antes, quando o governo do país se recusou a
tomar partido em relação à guerra na Ucrânia , enquanto muitos georgianos simpatizavam com
Kiev e alguns até foram lutar contra o exército russo.

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Na noite de quarta-feira, milhares de georgianos voltaram às ruas do centro de Tbilisi para

protestar, depois que o parlamento aprovou em uma de suas câmaras o polêmico projeto de lei
que, segundo os críticos, limitará a liberdade de imprensa e será usado para suprimir ONGs e
outros direitos civis. organizações.

A tropa de choque usou canhões de água e spray de pimenta para dispersar os manifestantes do
lado de fora do prédio do Parlamento, com alguns na multidão gritando "abaixo a lei russa", uma
referência ao fato de que o projeto de lei proposto tem semelhanças com a legislação aprovada
na Rússia há alguns anos . sob o governo de Vladimir Putin.

Mas essa polêmica é apenas o capítulo mais recente de uma disputa mais ampla sobre os rumos
do país entre os que defendem a aproximação com a UE e os que querem estreitar os laços com
Moscou.

O que é a lei dos "agentes estrangeiros"?

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A polêmica proposta exigia que todas as ONGs e meios de comunicação que recebessem mais de
20% de seu financiamento do exterior fossem incluídos em um cadastro especial e
apresentassem uma demonstração financeira anual. O não envio de tal declaração, dizia a lei,
seria punido com uma multa de US$ 9.500.

O Ministério da Justiça da Geórgia disse que essa medida ajudaria a expor "agentes de influência
estrangeira" no país. Os defensores da lei argumentaram que os Estados Unidos têm legislação
semelhante: a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA).

GETTY IMAGES

Manifestantes entraram em confronto com a polícia de choque em Tbilisi esta semana.

Os opositores da lei a veem como uma tentativa de imitar a repressão da Rússia à liberdade de
expressão e um sinal de que a influência de Moscou está crescendo. Fundamentalmente, eles
veem a lei como um grande impedimento para as chances da Geórgia ingressar na UE.

O atual partido governante da Geórgia, o Georgian Dream, detém a maioria no Parlamento há

mais de uma década. Embora em teoria ele apoie a aproximação da Geórgia com a UE e seus
valores , na prática ele também é amigo da Rússia.

Muitos argumentam que é uma escolha nascida do pragmatismo, necessária devido à história
recente do país.

trauma passado
A ex-república soviética da Geórgia tornou-se independente em 1991, mas experimentou um
período de instabilidade interna durante grande parte da década seguinte, durante a qual a região
da Abkhazia declarou sua própria independência.

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Tbilisi disse que a região separatista foi ocupada pela Rússia e permanece ocupada desde então.

Nas décadas de 2000 e 2010, a Geórgia abriu sua economia ao investimento estrangeiro e tentou
acabar com a corrupção e se aproximar da UE e da OTAN.

GETTY IMAGES

A Rússia ocupou a região georgiana da Ossétia do Sul em 2008.

Em 2008, após uma guerra de cinco dias, as tropas russas ocuparam outra região georgiana, a
Ossétia do Sul, uma pequena área montanhosa a noroeste da capital.

Mais tarde, a região também proclamou sua independência, que é reconhecida por um punhado
de países, incluindo a própria Rússia, assim como a Síria e a Venezuela. A Ossétia do Sul ainda
está efetivamente sob ocupação russa.

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GETTY IMAGES

A relação da Geórgia com a União Europeia é um ponto chave de divisão entre o governo e os
manifestantes.

A maioria dos georgianos não quer mais conflitos e, de acordo com as pesquisas de opinião, a
maioria também gostaria de ver o problema da Ossétia do Sul e da Abkházia resolvido
pacificamente.

Guerra na Ucrânia e divisões internas

A recusa do governo em apoiar abertamente a Ucrânia ou impor sanções a Moscou após a

invasão em grande escala de fevereiro de 2022 irritou muitos georgianos , que veem esse
conflito como uma agressão russa.

Esta neutralidade é realçada por um gigantesco ecrã iluminado onde se lê "Tbilisi: A Cidade da
Paz" instalado pelas autoridades, mas contrasta com o facto de muitos georgianos se terem
oferecido para lutar numa legião estrangeira ao lado das forças ucranianas contra o exército
russo.

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David Ratiani, cujo retrato está exposto ao lado de sua casa, foi morto lutando contra as forças russas
na Ucrânia.

Um desses combatentes foi David Ratiani, um ex-oficial militar que lutou na Abkházia e mais
tarde serviu com o contingente georgiano da missão liderada pela OTAN no Afeganistão.

Quando a invasão russa em grande escala da Ucrânia começou, o pai de três filhos de 52 anos foi
lutar na Ucrânia. Lá ele morreu em combate.

O número exato de georgianos lutando na Ucrânia é desconhecido, mas acredita-se que sejam
várias centenas. Dezenas morreram no campo de batalha.

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David Ratiani queria que sua filha, Mariam, vivesse em "um país melhor".

A viúva de David Ratiani, Iya, diz que seu marido estava convencido de que se juntar à causa
ucraniana era a coisa certa a fazer.

"Ele me disse que estava fazendo isso por nossos filhos, para que não tenham que pegar em
armas quando crescerem e para que possam viver em um país melhor. Ele disse que nosso país
ficará melhor se a Ucrânia vencer. esta guerra e que ele tinha que ajudar a Ucrânia".

As autoridades de Tbilisi tentaram impedir que os voluntários georgianos partissem para a

Ucrânia, dizendo que isso levaria o país diretamente ao conflito. No final, muitos chegaram à
Ucrânia, mas Tbilisi havia se distanciado desses combatentes.

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IYA SHASHVIASHVILI

A viúva de David Ratiani, Iya, diz que seu marido viu a luta na Ucrânia como uma repetição da história
georgiana.

Iya conta que sua última conversa com o marido foi no dia 16 de março do ano passado. Eles
conseguiram se falar por videochamada. Ela até experimentou um vestido novo, e seu marido a
elogiou por como a cor vermelha ficava bem nela.

Eu podia ver que ele estava preocupado e estressado. Ele contou a ela como ficou surpreso ao
entrar em uma casa ucraniana, recentemente abandonada por seus moradores que tiveram que
deixar tudo para trás para fugir dos combates.

"Ele me disse: 'Esta é a história da Geórgia se repetindo na Ucrânia ', referindo-se aos georgianos
que lutaram contra as forças russas na Abkházia na década de 1990", lembra Iya.

Guerra e Paz

No primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, o governo georgiano pediu calma, insistindo
que sua posição era motivada pelo desejo de "preservar a paz". Ele também expressou
preocupação de que haja quem queira estender o conflito à Geórgia.

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O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili, diz que prioriza a paz e "cuidar de seu próprio país".

"Somos o governo que impediu a Geórgia de se tornar outro teatro de guerra e evitou
provocações. Se houvesse uma força mais destrutiva no poder, agora grande parte da Geórgia,
como a Ucrânia, teria se tornado uma zona Vamos viver em paz e cada um de nós cuidamos de
nosso próprio país", disse o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili.

Mas a oposição, junto com muitos de seus apoiadores, ainda saiu às ruas para marcar o
aniversário, em apoio à Ucrânia e para lembrar os que morreram, incluindo combatentes
georgianos.

*Este artigo é baseado em um relatório do Serviço Mundial da BBC de Nina Akhmeteli em Tbilisi e
Kateryna Khinkulova em Londres.

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